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quarta-feira, setembro 17, 2025

Presunção e água benta cada um toma a que quer - o Montenegro que o diga Caixa de entrada
-- A palavra ao meu marido --

 

Antes de ir para o governo, a rapaziada do PSD, com o Montenegro à cabeça, resolvia os problemas do País num abrir e fechar de olhos. 

Após um longuíssimo abrir e fechar de olhos -- que demorou um ano e meio -- não resolveu nada e, pelo contrário, os problemas mais críticos pioraram. 

  • O que aconteceu na saúde é uma tragédia, com novas notícias desgraçadas a saírem todos os dias (bebés a nascerem em ambulâncias ou no passeio, helicópteros com menos disponibilidade que a exigida, urgências obstétricas fechadas, etc) e hoje a ministra anuncia que vai estudar mais um plano para resolver o problema das urgências fechadas. É preciso ter uma lata do caraças para não se ter ainda demitido. 
  • O que aconteceu com as duas MAI também não dá para acreditar. A falta de coordenação no combate aos incêndios e o desconhecimento total que ambas demonstraram das diferentes valências da administração interna é paradigmático. 
  • Na educação, o governo torrou e voltou a torrar dinheiro com os professores e nada foi resolvido. Veja-se que os alunos continuam sem professores e também não há pessoal auxiliar suficiente nas escolas. 
  • A questão da habitação só piorou com as medidas do governo que fizeram subir bastante os custos da aquisição e do aluguer (parece que a malta jovem que tem isenção do IMT pode comercializar a casa que comprou quando quiser, sem ter que pagar o imposto de que esteve isento, o que pode dar ideias assaz lucrativas a mentes mais criativas). 

Boa! É fartar vilanagem. 

A célebre questão ética que os moços laranja tanto levantavam tornou-se uma desgraça com o caso Spinunviva, com as investigações a que são sujeitos atuais e antigos secretários de estado. 

E hoje mais uma cerejinha para pôr em cima do bolo. Os pseudo atrasos nos PRR, que motivaram tantas críticas do Montenegro & sus muchachos e originaram vários momentos de incontinência verbal por parte do Marcelo, tornaram-se reais e vi hoje na TVI que, por exemplo, existem financiamentos previstos para obras na área da saúde que ainda nem sequer estão em fase de projeto. 

  • Solução do governo: tentar renegociar as datas de conclusão das obras. 
  • Solução do Marcelo: calado que nem um rato. 

Não duvido que a rapaziada do PSD tem jeito para festas e coboiadas, o Pontal, então, foi cá uma arraial de animação, mas o jeito para governar é zero.

terça-feira, setembro 16, 2025

Governo Montenegro: uma cambada de mentirosos ou de incompetentes profundos?
-- A palavra ao meu marido --

 

É difícil compreender que o ministro da educação tenha afirmado e reafirmado um ou dois dias antes do início das aulas que este ano praticamente não haveria alunos sem professores. Azar do costume, afinal haverá pelo menos mais de 90.000 alunos sem professores (o PS fala em mais de 100.000) e as escolas também se queixam de falta de pessoal auxiliar. Só vejo duas hipóteses o ministro da educação é mentiroso ou é profundamente incompetente. 

A ministra da saúde anunciou com pompa e circunstância que tinham contratado 7 ginecologistas para o hospital de Almada e que a partir de agora haveria sempre urgência de obstetrícia e ginecologia abertas na margem sul (alguém deveria investigar quais as condições em que estes médicos foram contratados. Será que vão trabalhar também como tarefeiros para "comporem" o vencimento?). Azar do costume, afinal todas as urgências da margem sul destas especialidades têm estado fechadas. Só vejo duas hipóteses: a ministra da saúde é mentirosa ou é profundamente incompetente.

Hoje foi noticiado que o secretário de estado da agricultura estava a ser investigado por contas "pouco transparentes" de empresas do setor imobiliário em que participou. A história do costume, o Montenegro, a exemplo do que fez no caso Spinunviva, veio dizer que o homem deve continuar no governo. O Montenegro está-se sempre nas tintas para a decência em política.

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Adenda: Hoje vi uma parte do debate das autárquicas de Lisboa. Na parte que vi, o Carlitos Moedinhas virou um "fofinho" embora não pareça ter perdido o gosto de mentir. O costume, qualquer populista que se preze diz o que convém dizer numa determinada altura, tenta portar-se melhorzinho se julga que isso lhe dará votos, mas tem sempre uma péssima relação com a verdade. Carlitos, por esse andar ainda te tornas um Ventura de segunda categoria.

domingo, agosto 31, 2025

Activos destes & daqueles
-- A palavra ao meu marido --

 

O Marcelo, que corre o risco de ficar para a história como o hipócrita-desbocado -- já que seria  muito pouco sexy ficar com o extenso cognome de hipócrita-dissolvente-"marselfie"-o pior PR-desbocado -- disse, no meio de uma aula da universidade laranja, do alto da sua verve incontinente, que o Trump é um activo russo (por acaso até se enganou e primeiro chamou-lhe ativo soviético). 

Desta vez, concordo com o Marcelo. O Marcelo tem razão: pelas suas ações e omissões o Trump é, de facto, um activo russo. Não sei se não será mesmo um activo soviético porque, com a forma como actua, dá força ao objetivo do Putin de voltar às fronteiras do estado soviético. 

Tenho uma enorme repugnância em falar do Trump. É inqualificável o que ele está a fazer, tanto a nível interno como ao Mundo. Mas, neste caso, como em outros ao longo da história, o que é verdadeiramente insuportável e aterrador é que o Trump tenha sido eleito de forma democrática e continue a ser suportado pelos MAGA cuja acefalia demonstra até onde pode ir a manipulação, o populismo, o poder das redes sociais e a falta de educação. 

[Sofre da mesma acefalia dos MAGA quem recentemente comentou um post aqui do blog dizendo que o problema com o SNS, com os bombeiros, com isto e aquilo resulta do nosso apoio à guerra da Ucrânia. É absolutamente inconcebível que alguém possa pensar e escrever este tipo de coisas. Nada justifica este tipo de mentiras. A  manipulação dos factos e uma mentira muitas vezes repetida não alteram a realidade.]

Voltando aos activos, não me espantará nada se o Marcelo numa próxima universidade de Verão ou, quem sabe, numa tertúlia, disser que o Montenegro é um activo do Ventura, que a Mariana Leitão é um activo do Montenegro, que o Nuno Melo nem chega a activo, e que ele próprio é um hiperactivo. Vale uma aposta?

Nota: já aqui tinha referido o "êxito" que o governo tem tido no combate à inflação. Ontem soubemos que o valor da inflação subiu para 2,8% e que os produtos frescos aumentaram mais de 7%. Sendo conjuntural, como defendem os analistas inclinados para a direita, ou, sendo estrutural, o que é verdade é que esta enorme subida dos preços não é um activo para a bolsa dos portugueses.

sexta-feira, agosto 29, 2025

De "coordenação espetacular" a "nem tudo correu bem" ... para irmos acabar no "colapso"
-- A palavra ao meu marido --

 

O Marcelo armou-se em bombeiro e saiu chamuscado. Quis ajudar o Montenegro e foi dizer ao jantar que estava tudo a correr bem, até a "coordenação era espetacular". Perante a evidência dos factos lá vieram, a muito custo, o Montenegro e a ministra afirmar que afinal "nem tudo tinha corrido bem". De facto, depois das catástrofes que aconteceram (entre outras coisas, fico pasmado com um dos incêndios ter durado 12 dias, parece-me quase inverosímil!), era impossível manter a tese de que tudo tinha corrido bem. Vamos ver se depois de uma análise independente da forma como actuaram os vários agentes não se chega à conclusão que, de facto, de facto, vendo bem as coisas, houve um colapso do sistema. 

Para se resolver a crise a ministra anunciou a "chapa um" do governo quando há problemas: analisar os factos para "empurrar com a barriga" e deixar passar o tempo, e, entretanto, atirar dinheiro para cima. Parece-me até um pouco vexatório para os bombeiros, que todos temos por pessoas abnegadas e não venais, vir anunciar um aumento de 25% do salários aos que combateram na linha da frente. Para além de refletir a versão mercantilista do governo, põe a nu as vistas curtas da ministra e provavelmente do PM que não percebem que, em situações de crise, a retaguarda é tão ou mais importante que a linha da frente. 

Mas nada de razoável se pode esperar destes governantes. Lá perdeu o Marcelo outra vez uma boa oportunidade de estar calado.

Hoje ouvi o Paulo Raimundo, que estava inspirado. Diz ele que há hoje uma "conjugação" das forças de direita em Portugal, e concretizou: a AD executa a política, a IL é a lebre ideológica e o Chega é o arrebanha. Ora apontem aí que esta é boa!

terça-feira, agosto 26, 2025

Os sucessos do Montenegro
-- A palavra ao meu marido --

 

Depois das tragédias na saúde, da catástrofe dos incêndios, do pavor da habitação -- e fico-me por aqui que só estes três enormes problemas são bem reveladores da incapacidade e incompetência do governo -- soube de duas notícias que me causaram causaram preocupação. 

A primeira é o valor da inflação. As medidas do governo não funcionam, a inflação vai aumentando e o nosso posicionamento na Europa não é nada confortável. De facto, julgo que até os laranjas empedernidos devem achar que o valor que deixam no supermercado, no mercado ou na mercearia é cada vez maior, e parece injustificável. Vai mal a tal história da inflação, muito mal.

Uma outra notícia deveras preocupante é ter diminuído significativamente o número de alunos candidatos ao ensino superior, tendo esta diminuição impacto significativo nos jovens com menos recursos. Um País nunca crescerá de forma integrada e coerente se não tiver gente educada e com boa formação pelo que estas notícias são muito preocupantes e consequência seguramente de problemas no ensino e na falta de recursos das famílias. Podemos dizer que temos aqui mais um "enorme sucesso" do governo.

domingo, agosto 24, 2025

A graça dos inocentes

 

Não quero parecer tonta e insensível como o Montenegro, a banhos ou todo contente no Pontal enquanto o país arde e as populações gritam, entregues à sua sorte com o fogo a lamber-lhes e a devorar-lhes as terras. Mas, em minha defesa tenho o facto de que, ao contrário de Montenegro, eu não sou responsável por tomar medidas que previnam estas desgraças ou que, na presença delas, as ataquem. Ele é. E parece que anda às aranhas, sem saber o que fazer. Depois de tanto ter pregado contra António Costa e ter prometido resolver tudo e mais alguma coisa em três tempos, agora não apenas está tudo pior como não conseguimos ter confiança nos artolas que nos aparecem da parte do Governo. Maria Lúcia Amaral pode ser uma boa pessoa, uma boa professora e ter algumas coisas razoáveis no cv mas, caraças, não salta a olho nu que jamais poderia ser pessoa capaz para este ministério? Que experiência tem a senhora para lidar com catástrofes, que experiência tem em coordenar equipas distintas, para lidar com problemas complexos, no terreno? Não sei mas presumo que zero. Estamos entregues a isto. 

Por isso, enquanto as televisões mostram Pedrógão de novo debaixo de fogo e outros céus rubros das labaredas e do fumo ardente, eu aqui estou a pensar nos meus amores e amorzinhos, tão queridos, tão alegres, todos boas pessoas. Cá estiveram e, como sempre, é aquela animação e aquele bom apetite que dá gosto. Os caranguejos gostam de alimentar os outros. Eu sou assim, o meu filho é assim, o meu pai era assim. 

Entre parêntesis, confesso uma coisa de que não me orgulho, uma coisa que talvez indicie que a minha cabeça começa a desandar... Fiz uma empada de galinha, uma empada grande, familiar. Deu-me algum trabalho, claro. Quando pronta, não a retirei do forno para se manter quentinha. Depois preparei o resto, o meu filho veio para a cozinha e assumiu o comando, cozinhou escalopes e febras, preparou bifanas, e pitas, tudo saborosíssimo, juntei a isso, na mesa, o cheese naan, chamuças, etc, e é sempre aquele reboliço de se ajeitarem na mesa, de se servirem, de conversarem e rirem. E depois veio a fruta e o bolo e tudo certo, cantoria, fotografias. De repente lembrei-me: a empada! Ainda morninha, no forno... caraças... 

No fim, quando saíram, lá a dividimos entre famílias, sempre a provam em casa, mas, bolas, como fui esquecer-me de uma coisa destas? Que absurdo... Enfim. Cabeça de alho cada vez mais chocho...

Mas, enfim, todos os males fossem esses. O que importa é que a convivência é sempre leve, bem disposta. E eu fico feliz por eles, por serem amigos, por gostarem uns dos outros, e por gostarem de estar cá em casa.

Ainda não contei mas no outro dia, estávamos in heaven, pergunta o mais novo, e já nem me lembro bem das exatas palavras mas foi qualquer coisa do género: 'Para quem fica isto quando vocês já não puderem tomar conta?' e depois, mais palavra menos palavra, disse que podia ficar para ele. Achei um piadão. Disse-lhe que já era o terceiro a candidatar-se. O mano dele depois dissertou dizendo que se calhar daqui por uns vinte anos eu e o avô já não poderíamos tomar conta, que ele poderia ocupar-se disso. São inteligentes, percebem que uma coisa assim tem que ter quem se ocupe dela, dá muito trabalho, e, de facto, eu e o avô já não vamos para novos, chegará a altura em que não daremos conta do recado. Fico contente por sentir neles este amor a este bocado de terra, enche-me de felicidade, talvez continue a ser um lugar no coração deles e de vindouros que nem conhecerei mas que, de alguma forma, ainda transportarão algum do meu sangue, um lugar de paz que os animais também procuram, em que nasce tudo em todo o lado, em que o ar transporta a liberdade dos grandes espaços. 

Felizmente não somos eternos e, quando chegar a minha vez de sair da passadeira rolante que é a vida, já cá não estarei no day after para lamentar isto ou aquilo. Mas, apesar disso, alegra-me pensar que talvez entre eles se organizem para continuarem a usufruir de um espaço tão rural, tão selvagem mas, ao mesmo tempo, tão acolhedor.

E estava eu aqui a ver as fotografias de hoje, a pensar nisto, a pensar nos meus cinco pimentinhas, agora já tão grandes e sempre tão queridos, resolvi espreitar o youtube.

E pimbas, apareceu-me este vídeo que aqui partilho. Uma delícia, uma fofura, a graça da descoberta, a graça da inocência.

O elefante bebé Chaba pela primeira vez numa banheira


Desejo-vos um feliz dia de domingo!

sábado, agosto 23, 2025

Montenegro & Companhia
-- Uma vez mais, a palavra ao meu marido --

 

Depois do desastre que está a ser a atuação do governo nos incêndios (a manchete do Expresso é demolidora não só para o governo como também para a "coordenação espetacular" do Marcelo), o Montenegro vem com a única solução que conhece que é atirar dinheiro para cima dos problemas. E assim tem "torrado" e vai continuar a "torrar" dinheiro que devia ser gerido de forma diferente , equilibrada e conducente a desenvolver o País. 

Mas o Luís e a rapaziada do governo não sabem nem aspiram a tanto. Quando perceberam que a 'malta" estava irritada com as festejos laranja no Pontal, com a permanência a banhos do Luís e com a ligeireza, o distanciamento e a falta de discernimento com que o Luís & Companhia (entende-se por Companhia os membros do governo e a malta do PSD de onde se destaca o dono deles todos, o Hugo Soares) encaram o problema dos incêndios, reuniram um conselho de ministros e anunciaram 45 medidas obviamente escritas em cima do joelho. 

Até conseguiram inserir no pacote (sem segundo sentido, obviamente), que se saiba até agora, uma medida já em vigor desde 2022 (serão mais?). É obra! 

Basicamente as medidas são dar dinheiro a rodos sem justificativos e não se percebendo quais os critérios. Assim, se  tentam acalmar os ânimos, fazendo chegar dinheiro à população através das câmaras (vamos ter autárquicas, certo?) na esperança de que a coisa funcione e o voto vá parar ao laranjinha lá do sítio. 

Hoje também ouvi que o governo vai adiantar às associações humanitárias até cinquenta mil euros sem qualquer justificativo. O argumento é que têm tido muitos gastos. As perguntas são: então não fazem orçamentos? Não preveem os gastos? Também fazem tudo em cima do joelho? O dinheiro público deve ser gerido com parcimónia e parece-me muito duvidoso que o mesmo seja gasto sem justificativos. Veremos a quantos processos judiciais vai dar este forrobodó.

Outro tema. Tenho aqui criticado ferozmente o Luís e a Ana Paula (parece um duo de malabaristas) pela política de saúde que têm praticado. Gastos e mais gastos, serviços de saúde cada vez piores com o objetivo de aumentarem o mais possível a participação (e faturação) dos privados. Hoje venho apoiar a medida que vão tentar por em prática para pôr cobro ao que aqui já referi várias vezes: os médicos abandonarem o SNS para trabalharem como tarefeiros ou acumularam o contrato com o SNS com a prestação de serviços como tarefeiros. Pode ser uma medida que garanta alguma transparência na contratação dos médicos. No entanto, ninguém se deve esquecer que o enorme aumento dos custos com os tarefeiros (com este caminho ainda temos o Gaspar de volta) resultou do enorme aumento no valor do pagamento das horas aos tarefeiros que a ministra decidiu para tentar tapar o sol com uma peneira, isto é, não ter urgências fechadas. Mais um dinheirão "torrado"!

Tenho dúvidas e vou deixar algumas sobre o objetivo da ministra e do Luís. Depois de aumentar tanto os valores pagos aos tarefeiros (tanto que puseram os cabelos em pé aos privados, a quem os ditos tarefeiros pressionam para que os privados também subam a parada), agora de repente quer tirar o tapete aos doutores? Será que os médicos vão acatar esta medida, tipo cordeirinhos, ou vão para a "luta"? Será que os amigos da ministra que foram colocados em lugares de chefia (e que, se calhar, alegadamente, também complementam os salários com o serviço de tarefeiros -- assunto que deveria ser averiguado) vão achar piada a esta história? Será que mais uma vez o objetivo da ministra e do Luís é dar mais uma machadada no SNS, "correndo" com os médicos para os privados?

Bom seria esclarecer e moralizar estas "cenas".

quarta-feira, agosto 20, 2025

Maria Lúcia Amaral, a ministra da administração interna, é uma trainee
-- A palavra ao meu marido --

 

Muitas empresas incorporam anualmente nas suas hostes os denominados "trainees". É rapaziada recém formada, ou em vias de o ser, na qual a empresa encontra potencial para, se as coisas correrem bem, virem a fazer parte dos quadros. 

Hoje o Marcelo comentou os recentes disparates da ministra da administração interna (mai) que, como a anterior, tem demonstrado que não tem competência para desempenhar o cargo. Disse o PR que a ministra não conhecia os problemas e que tinha ainda muito que aprender, que ainda anda a descobrir os cantos à casa, etc., Resumindo, que é uma trainee. 

Percebe-se a subtileza do PR: não quis dizer que a ministra é uma trainee, era chato para a ministra, para ele e para o Luís, pelo que preferiu elaborar um pouco e não dizer a 'coisa" de chofre. 

Como é possível que o  Montenegro tenha escolhido e o Marcelo tenha aceitado para o cargo de MAI alguém completamente inexperiente e sem conhecimentos técnicos nos domínios de atuação do ministério? Será que admitiam que a senhora iria ter tempo para aprender? Esqueceram-se que com as previsões das vagas de calor para o verão e com o tipo de tempo que tivemos no inverno e na primavera a situação no verão ia ser muito difícil e era preciso alguém experiente e conhecedor para o cargo? O desastre que tem sido o desempenho do cargo pala ministra resulta naturalmente de  incapacidade da própria, de falta de discernimento do PM e da incoerência e hipocrisia do PR. A demissão da MAI e da ministra da saúde são urgentes. Não aconteceram é falta de respeito para com os Portugueses.

Nota: muitos dos comentários que nos são dirigidos pelo pessoal da direita são generalidades sem substância de quem não tem argumentos e só sabe atirar as habituais bolas "para o pinhal". Também é hábito referirem o José Sócrates, o que é uma história com barbas. Em vez de virem sempre com as mesmas requentadas alusões, sugiro que defendam as políticas do governo e refiram os sucessos que o "querido" Luís conseguiu. O problema é que isso é difícil, muito difícil, nada haveria para dizer, pois não?

segunda-feira, agosto 18, 2025

Um heaven a precisar de alguma lei e ordem
(e um país a precisar de ser decentemente governado)

 

Depois de um dia belamente preenchido, quando ficámos sozinhos, à noite, ainda fomos fazer a nossa caminhada. E depois estive a tratar de uns assuntos e só agora me despachei. Como ainda por cima não posso levantar-me tarde, agora tenho que abreviar.

Caso tenham a possibilidade de me seguir também no Instagram (ao que eu cheguei... eu sempre tão contra as redes sociais...), poderão saber que tenho andado aos figos, barrigadas deles. Passo por perto de uma figueira e, mostrando que a minha vocação para o sacrifício é muito limitada, atiro-me aos figos com uma gula que não tem perdão. Vivo in heaven mas o meu heaven não é o paraíso das beatas elegantes, o meu heaven é um lugar em que se pode pecar à vontade e comer até não poder mais. 

Poderão também saber que parece que os coelhos estão de volta. Uma felicidade. 

E ainda não vos contei mas no outro dia tive uma ideia que o meu marido abraçou com todas as mãos de que dispõe: pedirmos um parecer a um paisagista. Com a queda de cedros quando foi o vendaval Martinho, consultámos uns experts que nos disseram que os cedros são frágeis perante situações adversas como as ventanias pois as suas raízes são superficiais e, ao crescerem muito em altura, ficam com uma fraca base de sustentação. Então o que fazer? Deixara que caiam? Ou agir antecipadamente? E substituir por que outras árvores? Também há o caso das laranjeiras que querem mais água do que a que lhes podemos dar. Arrancamos? Colocamos lá o quê? Suculentas gigantes? E há o mato que não sabemos se é bom e útil para manter o solo fértil e faz sentido ou se deve ser arrancado sistematicamente (rosmaninho, alecrim, sálvia, tomilho, etc) pois, ao secar, pode tornar-se perigoso. Em suma, que ordenamento do nosso pequeno território deve ser feito para que aquilo seja auto-sustentável, seja equilibrado, requeira pouca ou quase nenhuma manutenção, fique esteticamente agradável. É que, ainda por cima, tudo rebenta por todo o lado. Folhados, por exemplo, aparecem por todo o lado. Na serra da Arrábida, por exemplo, crescem espontaneamente, são verdinhos, são bonitos. Mas aquilo é serra, é suposto estar florestado 'selvaticamente'. Será que devemos deixar que também ali, no nosso terreno, a natureza se imponha?

Ou seja, acho que está na altura de obtermos aconselhamento especializado. 

Poderia agora fazer a ponte para falar da desgraça dos incêndios, da aflição das pessoas que se veem cercadas pelo fogo, impotentes, assustadas. E poderia referir que têm razão para estar assustadas (aliás, temos todos razão para termos medo: medo de precisarmos de uma ambulância e não aparecer nenhuma, medo de irmos parar às urgências e não haver médicos, medo de nos vermos rodeados por fogo e não aparecerem bombeiros -- pois nem as ministras das respectivas áreas dão uma para a caixa, só fazem porcaria, nem o primeiro-ministro tem a humildade de pedir desculpa aos portugueses que enganou ao prometer resolver tudo em meia dúzia de dias ou de meses e, agora, contatarmos que não apenas não resolveu nada como estragou ainda mais o que encontrou). Mas não vou dizer nada pois são quase três da manhã e eu já deveria estar a dormir.

quarta-feira, agosto 13, 2025

Se não demitem a Ministra Ana Paula Martins, pelo menos transfiram-na para a Secretaria de Estado dos Inquéritos (a criar)
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

O que aconteceu ontem é mais uma vez inacreditável e põe Portugal no mesmo patamar que os países mais pobres que não se preocupam ou não têm condições para se preocupar com a saúde dos cidadãos. Uma mãe ter um bebe à porta do supermercado no centro de uma cidade, sendo o parto assistido pelo avô, porque ninguém atendeu no SNS24, é motivo mais do que suficiente para a ministra se demitir e o primeiro-ministro, no mínimo, pedir desculpa pelo estado a que deixou chegar a saúde em Portugal e deixar de tratar os portugueses com a arrogância habitual. 

Mas o ridículo é tão grande que hoje ouvi na SIC a secretária geral da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia referir, à laia de desculpa, que a parturiente teria tido um parto muito rápido e isso também tinha contribuído para que o nascimento tivesse sido na rua. Fiquei a ouvir expectante, julgando que teria sido uma coisa de minutos. Não, segundo esta senhora foi um parto que terá demorado duas horas! Então, em duas horas não conseguiram fazer chegar uma ambulância ao local...? E agora alguém desvaloriza o problema com um parto rápido...! Haja dó que não há pachorra para tanta falta de honestidade intelectual. 

Ontem o presidente do sindicato do INEM referiu que 20 por cento das chamadas são perdidas. Como é possível isto acontecer? A saúde tem piorado de dia para dia. Os resultados dramáticos da greve no INEM, os problemas com os helicópteros, o aumento dos custos sem quaisquer melhorias no sistema, as urgências fechadas, as parturientes a terem os bebés nas ambulâncias (e agora até no meio da rua!), a falta de controlo dos gastos, os valores milionários que os médicos recebem quando trabalharam como tarefeiros ou fazem cirurgias fora do horário de trabalho, o regabofe das nomeações para as administrações das ULS... são o estado a que isto chegou como resultado da política deste governo. Já passou o período dos 60 dias que prometiam, já passaram os seis meses que , a seguir, prometiam -- só o que não passa é a ministra nem a falta de vergonha do PM.

De cada vez que acontece um escândalo e já se está a perder a conta aos que já aconteceram (e, por muito, muito, menos que isto já uma ministra da Saúde se demitiu), o que faz a incompetente ministra? Um inquérito. Não sei quantos inquéritos já ela mandou instaurar. Uma acumulação de inquéritos. Depois, ou não se sabe quais as conclusões desses inquéritos ou, quando se sabem, são desvalorizadas. De uma maneira ou de outra, a ministra chuta para canto. E o Luís, como sempre, assobia para o lado.

E hoje veio o Marcelo dizer que não se pronuncia porque a ministra prometeu que tudo ia fazer para resolver os problemas. Vá gozar com a prima. Então quando se pronunciava sobre tudo e todos em questões de muito menos gravidade era porque os ministros prometiam que não iam resolver os problemas...? Vá mas é dar uma volta ao bilhar grande porque já não se consegue tolerar tanta hipocrisia.

Mudando de assunto, a questão dos incêndios também revela a incapacidade do governo para planear e resolver os problemas. Os incêndios este ano têm sido uma calamidade, a área ardida aumentou 8 vezes,  e agora soubemos que os Canadair estão inoperacionais, o que tornará o combate aos fogos mais difícil. O PM partiu a banhos para o Algarve e demonstra estar-se nas tintas para o assunto (será que vai haver um clamor de indignação semelhante ao que aconteceu com o Antonio Costa quando alguém, maldosamente, lançou a notícia falsa de que ele estava de férias quando ocorreram os incêndios?). Curiosamente os bombeiros têm estado pouco reinvindicativos e o próprio presidente da liga, tão crítico em anos anteriores, agora anda manso como um cordeirinho. Será porque o governo fez com os bombeiros o que fez com outras corporações, isto é, atirou dinheiro para cima dos problemas...? 

O que aconteceu com os professores e os colocou num patamar de privilégio relativamente ao resto da populaça, o que parece estar a acontecer nas FA, o que se passou com as polícias, os aumentos na saúde e etc... são bem exemplo do que é torrar dinheiro sem qualquer efeito positivo para a maioria da população e tendo apenas como objetivo garantir votos. 

Quando não houver dinheiro para distribuir o que irá fazer a rapaziada do governo?

segunda-feira, agosto 11, 2025

Amamentação e outras alarvidades do governo
-- A palavra ao meu marido --

 

O governo, para agradar aos patrões e sem ter noção da realidade, incluiu na proposta de lei da legislação laboral limitações ao direito das mulheres amamentarem os seus filhos. A ministra defendeu convictamente que havia muitos abusos. Azar do costume, vi hoje na SIC que não existem autos dos inspetores sobre incumprimentos das mulheres que estão a amamentar. Já o contrário é verdade. Existem dezenas de autos levantados a empresas que não respeitam os direitos dos seus trabalhadores. Se todos os ministros que mentem fossem corridos, haveria remodelações dia sim, dia sim, e o Montenegro há muito tempo que tinha sido remodelado.

Outra alarvidade do governo é que para se limpar da manifesta incompetência que tem demonstrado na questão dos incêndios -- já ardeu este anos 8 (oito!) vezes mais área que o ano passado --, veio, através do ministro, anunciar que daria dinheiro a quem tinha tido prejuízos e que até dez mil euros não era necessário comprovativo porque as burocracias são uma chatice. Não sei quem vai validar o pagamento mas, se forem as câmaras municipais em ano de autárquicas, muita água pode correr debaixo da respectiva ponte. De qualquer forma, o dinheiro dos nossos impostos não é para ser desbaratado: é para ser bem empregue, e tenho muitas dúvidas que este processo vá ser exemplar. Parece-me mais uma medida populista do governo em ano de autárquicas e, provavelmente, os municípios onde tem havido mais fogos têm uma cor alaranjada. 

Outro assunto: o TC chumbou a lei dos estrangeiros. Afinal não vale tudo para agradar à extrema direita, como o Montenegro imagina. Ainda há uma ou outra instituição que existe para fazer cumprir a lei. Vamos lá ver como é que a rapaziada do governo vai tentar dar a volta ao texto. Não se esperam novidades, a coisa vai continuar a cheirar a bafio.

Para terminar, um aparte: o Paulo Núncio é provavelmente o tipo mais execrável que aparece regularmente na televisão. Qual a razão para termos de levar com tal beata de sacristia com tanta frequência? Eu, por mim, mudo logo de canal.

terça-feira, agosto 05, 2025

Dar de mamar até as crianças terem 6 anos? Mas está tudo doido ou quê? Poupem-me.

 

Não vi, até agora, nenhuma concretização de jeito por parte do Governo Montenegro. Antes das eleições, já por duas vezes, era vê-lo, fanfarrão: que fazia e que acontecia, era só chegar ao governo, e todos os problemas se resolveriam em 2 ou 3 meses -- e, afinal, como é público e notório, tudo em que tocou ficou ainda mais estragado.

Por isso, não pode haver dúvidas sobre a minha opinião geral sobre a falácia Montenegro. Mas isso não me tolda o raciocínio. Sou, e creio que enquanto tiver a mente a funcionar normalmente, assim serei isenta. Pelo menos, esforço-me por isso. E é assim que hoje vou sair em defesa de Madame Palma Ramalho.

Enfim... mais ou menos...

No que se refere ao tema da legislação laboral, continuo sem perceber qual a necessidade de tanto fuzuê. Trabalhei durante anos e anos e nunca vi que a legislação fosse um problema. Saídas por negociação, saídas por extinção de posto de trabalho, saídas por despedimento com justa causa ou mesmo despedimento colectivo são o pão nosso de cada dia. Sem espinhas.

Claro que não se consegue despedir, unilateralmente falando, alguém só porque sim. Pode não se gostar nem um bocadinho de uma pessoa, pode saber-se que é um traste de primeira, que é uma pessoa tóxica ou psicopata, e, ainda assim, não conseguirmos livrar-nos dela. Sei do que falo. Passei por situações em que toda a gente queria ver uma doida varrida pelas costas: má profissional, má colega, perigosa mesmo. Em relação a mim, por diversas vezes, usou tácticas intimidatórias. E, ainda assim, o mais que conseguimos foi mudá-la de funções. Poderíamos, claro, ter avançado para um despedimento individual coercivo. Mas teríamos que carrear provas, teríamos que nos preparar para que um advogado nos fizesse a vida negra, teríamos que arcar com o risco de que fosse para as redes sociais deturpar tudo e causar danos reputacionais à empresa. Engolimos em seco e engendrámos uma solução em que fizesse o mínimo de estragos. Mas, ainda assim, continuo a defender que é preferível arcar com as consequências de ter gente pestilenta e imprestável nas empresas do que correr-se o risco de que patrões desonestos ajam discricionariamente contra trabalhadores indefesos que não lhes caiam nas boas graças.

Por isso, de cada vez que vejo que a bandeira da legislação laboral anda outra vez de mão em mão, dou um passo atrás e fico, cepticamente, à espera de ver o que vai sair dali. Felizmente, de forma geral, as montanhas parem ratos. Haja paciência.

Não quero com isto dizer que não haja aspectos a burilar. Há. Pormenores, aspectos específicos, pontuais. E, nesses casos, mais inteligente seria se partidos, sindicatos e associações patronais pensassem no País e não nas corporações em que se entrincheiram.

Mas, aqui chegados, eis que salta para a arena o tema da amamentação. O Governo quer limitar a redução de horário (duas horas) aos primeiros dois anos. Quando ouvi, pareceu-me normal, inócuo. 

Contudo, de repente, levantou-se um banzé do caraças, toda a gente a defender que as mulheres devem ter duas horas a menos de trabalho para amamentar crianças até aos 6 anos. De loucos. Pela cabeça de quem é que passa que é normal uma mulher dar de mamar a crianças com mais de 2 anos? Em especial, que o faz em horário diurno? Está tudo maluco ou quê?

Falo com conhecimento de causa. Foi há muito tempo mas a realidade é a mesma: uma mãe a amamentar os filhos.

Amamentei a minha filha até ela ter 13 meses. Já o contei: já falava e andava e ainda mamava. Mamava de uma mama, depois levantava-se, dizia, 'agora a outa', sentava-se na minha outra perna, encostava-se a mim, e mamava. Claro que o fazia depois de ter comido a papa da manhã, antes de sairmos, e, à noite, antes de ir para a cama. Por fim, só à noite. E eu confesso: fui eu que acabei com aquilo, já estava fisicamente saturada, já me custava. E foi um processo natural que ela também aceitou bem. Disse-lhe: 'A mãe já não tem mais leitinho nas maminhas. Sabes como vamos fazer? Já és grande, agora vais passar a beber um copinho de leite como os meninos crescidos'. E assim aconteceu, naturalmente.

De todas as minhas amigas, colegas e conhecidas eu fui a única que amamentei até tão tarde. Toda a gente achava um disparate, quase como se fosse uma cedência ao mimo de uma criança. Não quis saber. A minha intuição dizia-me que era benéfico para ela e assim foi.

Na altura, só havia licença de amamentação no primeiro ano da criança.

Com o meu filho, foi diferente. Sempre speedado, com um ritmo sempre difícil de acompanhar. Mamou até aos 4 meses, mas sempre foi um desatino. Quando a minha filha mamava, era um momento tranquilo: aninhava-se em mim e mamava pausadamente. O leite do meu peito sempre foi proporcional às suas necessidades. Com ele sempre foi o oposto: mamava sofregamente, mamava, mamava, com uma força e uma velocidade que não dava para acreditar, parecia que estava sempre esgalgado de fome. Claro que depois engasgava-se. Eu assustava-me imenso, ficava sem conseguir respirar e eu levantava-o, abanava-o. Enquanto isso, o meu peito ficava a esguichar leite enquanto ele tossia, engasgado, o leite a atingi-lo na cara, a entrar-lhe para os olhos e, quando se desengasgava, chorava, incomodado. O meu peito, face a tal sofreguidão, produzia leite até mais não poder, transbordava, encaroçava. Quando chegou aos 4 meses, deixou de querer mamar. Tive um desgosto grande, uma grande preocupação. Custou-me muito que esse elixir, essa garantia de saúde, não pudesse ser-lhe proporcionada. Tentei de tudo, mas ele foi taxativo. Fechava a boca, torcia-se, rabiava, esperneava. O leite acabou por ir secando. Por essa altura, já tinha introduzido a comida sólida no seu regime, e era só disso que ele queria. Não papas, que isso o agoniava, queria era sopa, comida com sabor. Devorava comida normal. Mas, bebé que era, como tinha que beber leite, dava-lhe no biberão. Mas só de eu lhe pôr a tetina na boca, começava com vómitos. Tinha que apanhá-lo a dormir, para lhe dar leite à socapa. Mas criou-se, cresceu, fez-se grande e forte. E mantém-se um bom garfo.

A tendência agora é que a amamentação seja exclusiva até aos seis meses. Acompanhei o processo pelos meus netos.

Mas o facto de haver mais um ou dois meses de amamentação em exclusivo ou de ser claro que o leite materno é uma mais valia e que prolongar-se até aos dois anos pode não ser o disparate que antes parecia, não significa que seja natural, saudável (lato sensu), amamentar uma criança para além dos dois anos, em especial durante o dia. Diria que é um absurdo sem pés na cabeça e duvido que haja mais do que meia dúzia de mulheres que o faça. Duvido muito.  

Dito isto não quero dizer que não faça sentido que as mães (ou os pais, à vez) não devam ter redução de duas horas de horário de trabalho até as crianças terem 6 anos. Chamemos-lhe 'licença de acompanhamento parental'. Isso, sim, faz sentido.

Relembro os meus tempos de jovem mãe, com horário rígido, sem redução após eles terem 1 ano. Eu com uma menina quase bebé, depois grávida e com ela ao colo ou pela mão, depois com um bebé de colo e ela, pequenina, pela mão. Não usava carro nessa altura. Nessa altura o meu marido estava na Marinha, sem flexibilidade para me apoiar mais, e, depois, quando saiu de lá, entrou para uma multinacional que o tirava frequentemente de Lisboa e do País. Não foram tempos fáceis. Mas era o que era e, apesar dos sacrifícios, sobrevivemos. Na boa. 

Mas poderia ter sido melhor. Não tive mais uns quantos filhos por me ser tão difícil (e por não ter suporte ou apoio logístico para as dificuldades do dia a dia). Tivesse eu tido uma vida mais facilitada e não teriam sido dois, teriam sido uns três ou quatro filhos. Se bem que o que eu gostava mesmo era de ter tido uns seis. Mas era impensável, ingerível.

Mas agora que o mundo mudou e que a flexibilização de horários é uma coisa normal, que o regime de trabalho pode ser híbrido, pode -- e deve -- ir-se mais longe.

A demografia em Portugal é uma lástima. Mesmo que os imigrantes nos venham dar uma ajuda no rejuvenescimento populacional, não chega. 

Tudo deve ser feito para incentivar a natalidade e o mínimo que se pode fazer é garantir que os pais possam acompanhar minimamente os seus filhos pequenos, trabalhando menos 2 horas por dia até que atinjam os 6 anos.

Isso e mais medidas: todas são poucas para incentivar os pais a terem mais filhos. Creches gratuitas, horários flexíveis e reduzidos sem redução de ordenado, abono de família generoso e crescente consoante venham mais filhos para a família. E o mais que, razoável e inteligentemente, se saiba pôr em prática.

domingo, agosto 03, 2025

Vários
-- A palavra ao meu marido --

 

Escrever um texto sobre o que se passa em Portugal depois da publicação do post escrito pelo meu filho sobre o genocídio dos Palestinianos por parte de Israel parece ridículo. 

Sobre isso, em minha opinião, essas atrocidades resultam sobretudo da política e dos interesses do Bibi Netanyahu e da extrema direita israelita, apoiado pelo Trump, mas não estou seguro de que um grande número de israelitas não apoie, de forma mais ou menos fervorosa, estas ações.

É uma vergonha para todos os europeus que a Europa não tenha ainda tido uma posição frontal e sancionadora deste genocídio. 

Não sei se existe uma solução viável para este problema mas é absolutamente necessário que, com urgência, se acabe com aquela chacina. 

Mas, ainda que correndo o risco de que o tema pareça menor (e sem dúvida alguma que o é quando comparado com um drama como o que o meu filho tão bem referiu no texto que escreveu), vou voltar ao que se passa cá pelo burgo.

Foquemo-nos primeiro no tema da Habitação e depois nos Impostos. 

  • Os presidentes dos bancos portugueses vieram a público alertar que a crise da habitação vai agravar-se e que as medidas do governo contribuíram para o aumento  dos preços. Era tão óbvio que era o que ia acontecer que nem vale a pena comentar. Espero, com curiosidade, a reacção do governo. Só espero é que os comentadores habituais não venham dizer que os presidentes dos bancos são perigosos comunistas. 
  • A fuga aos impostos através das empresas unipessoais é bem conhecida e já várias vezes aqui comentada. Parece que a AT ficou surpreendida ao ter conhecimento de que remunerações variáveis e/ou prémios estão a ser pagos a alguns trabalhadores através das empresas de que são proprietários. Assim, fogem aos impostos e tornam complexo o cruzamento de informação pois, quando recebem através da empresa de que são donos, o que aparece é o NIF e o nome da empresa e não o seu próprio nome e NIF. Com o recurso ao subterfúgio destas pseudo-empresas, pagam menos IRS, deduzem IVA e não pagam IRC porque carregam as empresas com custos que nada têm a ver com a atividade profissional (férias da família, refeições, combustível, leasing de viaturas, ... ), o que lhes permite, no final do dia, pagar menos ou nenhuns impostos. O curioso é a AT ficar surpreendida com a descoberta que fez. Será que não tem conhecimento do que se passa no setor da saúde, por exemplo? Haverá médicos que não recebam simultaneamente por dois carrinhos, o do ordenado propriamente dito e o de tarefeiros (enquanto trabalhadores e sócios das ditas empresas)? Se calhar, os senhores da AT andam ocupados a ver se um tipo que trabalha por conta de outrem e ganha mil euros paga o IRS devido. 

Aliás, como já aqui foi questionado quer por mim quer pela minha mulher, será que a Spinunviva não serviria também para este tipo de 'optimizações'? Por exemplo, tenho ideia que o Montenegro chegou a admitir que a mulher teria recebido um ordenado como gestora. Não parecendo que a senhora tivesse conhecimentos para desenvolver atividades no seio daquela empresa, a ser verdade que o recebia, essa remuneração não seria uma forma de aumentar os custos da empresa e simultaneamente ter um proveito adicional indevido? 

Se a AT atuasse, auditando à lupa todo este tipo de situações, seriam cobrados muito mais impostos e a carga fiscal de quem não foge ao fisco seria menor. Mas para que isto aconteça tem que haver vontade política. E onde é que ela está...?

quinta-feira, julho 31, 2025

Este Governo é uma treta -- A palavra ao meu marido --

 

Quando refiro a enorme incapacidade do governo para resolver os problemas do País e a falta de ética com que governa logo vêm os comentadores encartados da direita, seguindo as passadas do chefe-máximo da falta de seriedade democrática (também conhecido por PM), dizer que o pessoal de esquerda "não tem humildade" e que não respeita o voto dos portugueses. 

É claro que os portugueses votaram à direita, mas não será por causa disso que não se devem apontar os erros do governo. O governo não resolveu -- e tinha prometido resoluções milagrosas num curtíssimo prazo --, os problemas da habitação, da saúde, da educação, da justiça e do combate aos incêndios que tanto criticaram no tempo do governo PS. 

Pelo contrário, nestas áreas, os problemas agravaram-se, como já foi aqui várias vezes referido. 

Hoje, por exemplo, com o drama dos incêndios ocorridos nos últimos dias, vi uma notícia na televisão onde o "pintas" do presidente da liga dos bombeiros se reunia com o secretário de estado para falarem sobre a estrutura e os meios de combate aos incêndios. É absolutamente de loucos. Agora que os incêndios alastram no País é que têm estas discussões. Inacreditável -- mas na linha da atuação do governo. Finge que está a resolver os problemas mas, notoriamente, não tem capacidade para antecipar os problemas e para apontar as soluções atempadamente.

A falta de ética do governo, que compara com falta de ética do PM no caso Spinunviva, voltou a atingir o inexplicável patamar já o ano passado alcançado, com a devolução dos valores correspondentes ao 'acerto' de IRS resultante da descida das taxas. O mesmo aconteceu o ano passado. Não se percebe qual o racional que justifica as diminutas taxas dos meses de Agosto e de Setembro, sem relação com as novas taxas a aplicar a partir de Outubro. Mais parece um adiantamento por conta do acerto de IRS a declarar para o ano. Parece-me que só existe um racional possível que se chama comprar votos. 

Pode o governo dizer, olhando-nos olhos, que esta 'benesse' não tem nada a ver com as eleições do início de Outubro? 

Pode dizer que é diferente, no essencial, do que foi feito pelo Musk na campanha do Trump? Como uma pequena mas significativa diferença: o Musk assumiu publicamente que estava a dar dinheiro para esse fim, enquanto o governo finge que está a devolver dinheiro, "esquecendo-se" de referir que o vai recuperar no próximo anos. 

Assim como assim, talvez o descaramento do Musk seja mais transparente. 

Em democracia não deve valer tudo. É por isso que devemos apontar os erros do governo e não ficar manietados porque a malta votou â direita. No tempo da ditadura houve sempre "alguém que disse não" e vimos depois do 25 de Abril que, na generalidade dos casos, eram e são pessoas de grande valor. São um exemplo.

terça-feira, julho 29, 2025

Pagar menos impostos --- mas, calma, tudo dentro da lei

 

Li uma notícia que até me fez rir. Na minha santa ingenuidade, pensava que o truque da empresa unipessoal (ou afim) apenas era usado por médicos, advogados, consultores e demais profissões que poderiam passar por liberais ou, também, por senhorios -- malta que, não querendo pagar muito IRS e, para além disso, metendo nessas pseudo-empresas tudo o que é custo (combustíveis, limpezas, estacionamentos, almoços, hotéis, etc.), também conseguem não pagar IRC ou pagar meras alcagoitas. Pensava eu.

Mas eis que fico a saber que estava muito enganada. Transcrevo um pouco:

O Fisco está a investigar indícios da prática de fraude fiscal no pagamento de indemnizações, por despedimento, e outros complementos salariais a trabalhadores. As suspeitas incidem sobre esquemas em que os beneficiários utilizaram empresas pessoais para receberem as indemnizações, os prémios e bónus salariais, com vista a pagarem menos impostos ao Estado.

Através destes esquemas de utilização de empresas no recebimento dessas verbas, os beneficiários visam alcançar dois objetivos: por um lado, reduzir o montante do imposto a pagar em sede de IRS; por outro, deduzir despesas em sede de IRC e diminuir o imposto a pagar pela empresa ao Estado.

No relatório do combate à fraude e evasão fiscais, a Autoridade Tributária descreve a situação: “As situações identificadas revelaram indícios da existência de esquemas de planeamento fiscal que têm como objetivo principal a diminuição da tributação, que seria devida na esfera pessoal dos sujeitos passivos beneficiários de indemnizações, complementos salariais e/ou rendimentos de trabalho independente em sede de IRS, e a dedução de gastos, em sede de IRC (por via da fatura emitida pela empresa interposta) sem a devida tributação autónoma por parte da empresa pagadora”.

Pois bem. Há que tempos que aqui ando a falar disto.

É através deste mesmíssimo esquema que os hospitais contratam médicos (muitos deles também funcionários do hospital, ou seja a médicos que recebem em dois carrinhos: o ordenado, enquanto funcionários, e a facturação à hora, enquanto tarefeiros das suas próprias empresas que funcionam como fornecedoras dos hospitais; e quem diz hospitais, diz clínicas, diz o que quiserem). É através deste esquema que muitos senhorios (os que são 'honestos', pois passam recibo fiscal já que, como é sabido, grande parte dos contratos movimentam-se por debaixo da mesa) em que os recibos são passados pelas empresas de 'gestão imobiliária' de que são sócios. É também através deste esquema que, então, fico agora a saber, algumas empresas pagam bónus ou indemnizações ou, se calhar, parte do ordenado a alguns funcionários. 

Tudo legal, tudo nas barbas do fisco. O mesmo Fisco que não acha estranho que haja tão poucos contribuintes a pagar as taxas máximas de IRS (os que não conseguem fugir e os totós que acham que devem agir by the book), mesmo vendo que há muito, muito, muito mais gente a fazer vidas milionaríssimas, enquanto pagam pouco IRS.

E, no entanto, esta rebaldaria seria muito fácil de ser interditada. Bastaria que qualquer empresa (hospital, escritório de advogados, empresa de consultoria, empresa de qualquer espécie) estivesse interditada de 'contratar serviços' a empresas unipessoais ou em que os sócios fossem os funcionários que prestam o serviço. Interditado pura e simplesmente. Nos casos mais benignos em que precisam efectivamente dos serviços das pessoas, contratem-nas. Se só precisam delas provisoriamente, contratem-nas como trabalhadores temporários. Se precisam que trabalhem para além das horas extraordinárias admissíveis face à legislação e recorrem a este esquema fraudulento (mas legal) também para isso, pois que tal seja denunciado. Ou o limite das horas extraordinárias em vigor é baixo demais e, então, aumente-se ou, se é o aconselhável, então contratem mais pessoas. E se for necessário ajustar a lei do trabalho temporário para acomodar algumas situações pois que se ajuste, com pragmatismo e bom senso.

A nível dos senhorios, tem que ser a AT a cruzar informação, vendo se os sócios das empresas registadas como senhorias são os proprietários. Nesse caso, deve ser interditado o registo. Devem registar-se directamente como contribuintes individuais e não como empresas.

Não será fácil cruzar a informação...? Talvez não seja. Mas havendo uma lei a proibir esta pouca vergonha, que se audite por amostragem e se caia em cima dos infractores a pés juntos.

Mas a Inteligência Artificial trata disto na maior. A AT que arranje algoritmos que façam o varrimento dos sócios das empresas, que valide o que é contabilizado nessas 'empresas. Não é difícil. A mim fervilham-me os dedos para os conceber. 

Se houver alguém que queira, mas queira mesmo, enfrentar esta maltosa que se habituou a fugir aos impostos, acomodando-se dentro de uma legislação que acolhe carinhosamente os relapsos e os chico-espertos, em três tempos opera uma verdadeira transformação no País.

Agora há uma coisa, e aqui entra o lado moral da coisa: quantos ministros, secretários de estado e deputados não detêm empresas destas? Quem, detendo o poder e estando instalado em cima deste pântano, se dispõe a pisar uma estrada aberta, limpa, com boa visibilidade? 

Mais: não é a Spinumviva uma empresa que, de certa forma, também se encosta a estes esquemas? Pergunto.

Tenho para mim muito claro -- e quanto mais me informo sobre outras realidades mais me convenço que é o caminho -- que, para o País evoluir, para se desenvolver, para atrair e reter capital humano capaz de fazer progredir o País a ritmo decente, há duas medidas que deveriam ser tomadas pelo Governo e levadas muito a sério:

- Baixar drasticamente os impostos sobre rendimentos, sejam eles de que natureza forem. Não é baixar meio ponto percentual, isso é apenas caricato. É baixar a sério. Por exemplo, no caso do IRS, reduzir os escalões a metade e reduzir fortemente as taxas. Não estou bem ao corrente de qual a última ideia da IL mas, no capítulo dos poucos escalões e das baixas taxas, devo aproximar-me deles. Por exemplo, no caso dos senhorios em que a fuga aos impostos é generalizada, reduzir a metade as taxas.

- E, ao mesmo tempo, impedir e punir fortemente a fuga ao fisco. E, quando digo fortemente, digo mesmo fortemente, à bruta. Antes de alguém ter uma ideia esperta para fugir ao fisco, deverá pensar muito bem pois os riscos devem ser tantos que deverá concluir que não valerá a pena.

Não pagar impostos tem que deixar de fazer parte da cultura portuguesa. Optimização fiscal tem que passar à história pois o sistema fiscal deveria ser tão fácil e os valores a pagar tão razoáveis, tão aceitáveis, que deveria ser ridículo e socialmente condenável fugir às obrigações. 

sábado, julho 12, 2025

Qual a razão para a Ministra da Saúde não ser demitida?
-- A palavra ao meu marido --

 

O que está a acontecer na Saúde é uma tragédia e existem dois responsáveis políticos pelo que está a acontecer, a saber, a ministra da Saúde e o Primeiro Ministro. 

Existe também um corresponsável: o Presidente. 

Em qualquer outro país em que os governantes tivessem um mínimo de decência, a ministra já se tinha demitido -- o Primeiro Ministro já tinha corrido com ela ou o Presidente já lhe tinha tirado o tapete. 

Em Portugal não. 

Não nos esqueçamos que o Montenegro, para ir para o Governo, prometeu que resolvia os problemas na Saúde em sessenta dias. 

A verdade é que escolheu uma ministra que todos os dias consegue agravar, e muito, a situação que herdou, que é responsável por situações que não se admitiriam como possíveis e que não resolveu nada, mesmo deitando dinheiro a rodos para cima dos problemas (já  alguém analisou o aumento dos valores pagos aos médicos?), aumentando os custos sem qualquer proveito para os Portugueses, antes pelo contrário.  

É uma ministra que diz que não se demite porque todos os dias trabalha para resolver os problemas. Admito que todos os dias vá ao ministério mas o único resultado é agravar os problemas.

Mas, então, qual será a razão para não ser demitida? E qual a razão para o Presidente respaldar situações inadmissíveis, como aconteceu com a adjudicação dos helicópteros para transporte de doentes? 

Posso estar enganado mas arrisco duas razões que me parecem prováveis. 

  • Uma tem a ver com o objetivo de passar a prestação de serviços de Saúde para os privados, nomeadamente, os serviços lucrativos. 
  • Mas existe, na minha opinião, uma outra razão, talvez a razão com mais peso. A ministra nomeou gentinha do PSD para tudo quanto era lugar, independentemente das capacidades. Assim, esta maltinha tudo fará para manter a ministra que sabem que os nomeia para as posições que ambicionam. 
Conclusão: a saúde dos portugueses que se lixe, o que é preciso é dar mais dinheiro aos privados e garantir que os boys têm jobs

Entretanto, o Governo atira para a comunicação social uns assuntos que fazem notícia na esperança que os verdadeiros problemas não sejam abordados. As questões da imigração, nacionalidade e (a urgência em despachar o assunto) TAP são bem um exemplo desta estratégia do governo. 

No entanto, foi nesta gente que muitos portugueses votaram. Pelos vistos é disto que gostam. 

sábado, julho 05, 2025

Um mau governo
-- A palavra ao meu marido --

 

O Montenegro foi a primeira vez para o governo porque prometeu resolver os principais problemas do país e saiu reforçado na segunda eleição porque os portugueses terão ficado minimamente contentes com o que fez, muito provavelmente porque não eram fãs do Pedro Nuno Santos e porque a acefalia ainda não era um mal generalizado que pudesse dar o primeiro lugar ao Ventura. 

Os principais problemas do país apontados pelo Montenegro, bandeiras da campanha eleitoral e sobre os quais zurzia o PS, eram a saúde, a habitação, a educação, os incêndios. Para seguir a agenda do Ventura também levantou os pseudo problemas nacionais da segurança e da imigração. 

Ao fim de um ano e tal de governo, conseguiu o governo Montenegro resolver minimamente estes problemas? 

Não, não conseguiram! 

Senão, vejamos. 

O que está a passar-se na saúde -- cujos problemas Montenegro anunciou, antes de formar o seu primeiro governo, que seriam resolvidos em 60 dias --, é uma tragédia, a situação piora todos os dias e os resultados da política deste governo são assustadores em todos os aspectos. Com as tragédias que tem acontecido, como é possível que a ministra e o Montenegro não tenham um pingo de vergonha e a ministra não se demita ou não seja demitida? 

E, para variar, o Marcelo, sempre tão interventivo noutras ocasiões, agora mantem-se de bico calado. Que vergonha. A incapacidade do ministério chega ao ridículo de contratarem para o INEM uma empresa para fazer o transporte de doentes de helicóptero que não tem helicópteros nem pilotos. Inimaginável. Ninguém se demite nem é demitido? Pior é impossível. 

Depois de tudo o que aconteceu na saúde no último ano, a ministra continua. Diz que não se demite porque quer resolver os problemas, mas de facto só os agravou. Não se demite porque, como parece e muita gente o afirma, o objetivo não é resolver os problemas da saúde: é privatizar a saúde e o resto é paisagem. Como é  possível que os interesses dos lobbies da saúde se oponham aos interesses dos portugueses?

Relativamente à habitação, o governo conseguiu, com as medidas que tomou, aumentar de forma absolutamente insuportável o preço das casas. É certo que os jovens ricos, ou os pais por eles, compraram mais casas à conta das medidas do governo. Mas resolver o problema da habitação não é ajudar os que têm mais dinheiro. É exatamente o contrário. É criar condições para que quem tem menos rendimentos consiga ter uma habitação condigna. Exatamente o contrário do que foi feito pelo governo. 

Na educação iam resolver o problema de haver alunos que não tinham professores pelo menos a uma disciplina. O brilhante resultado foi haver 1,4 milhões de estudantes que não tiveram professores pelo menos a uma disciplina. Mais um "sucesso" do governo. 

Relativamente aos fogos, a área ardida triplicou. Obviamente mais um problema que não foi resolvido.

Relativamente à segurança, como era um pseudoproblema, nada foi feito e daí não veio mal ao país. 

A política do Governo não tem nada a ver com os reais problemas da imigração (a sua integração, terem habitação, educação para os filhos, saúde, etc). O objetivo é ultrapassar o Chega, se possível pela direita, e ganhar votos. Lamentável. 

Para atirar poeira para os olhos da malta e os jornais não falarem naquilo que não interessa ao governo lembraram-se de propor uma nova lei da nacionalidade que ainda por cima parece que é inconstitucional e que não era sequer tema. Aprenderam com o Trump. 

Em resumo, não resolveram nenhum dos problemas importantes que se propunham resolver. Mandaram a ética e os valores para as urtigas e criaram novos problemas e clivagens na sociedade. Infelizmente, parece ser disto que a maltinha gosta. A esperança em melhores dias já não é grande. O populismo através das redes sociais está a criar uma massa amorfa que não questiona e que não pensa, apostando no perceptível e esquecendo o essencial. 

É o que temos.

domingo, junho 22, 2025

O MP, a PJ e os perigos para a democracia
-- A palavra ao meu marido --

 

A semana passada a PJ fez uma operação com o objetivo de desmantelar um grupo neonazi que atuava em Portugal. Curiosamente, só o fez depois de vermos reportagens jornalísticas sobre o grupo e de elementos do grupo terem agredido pacatos cidadãos que apenas faziam aquilo que conscientemente entendiam fazer sem qualquer prejuízo para a sociedade. 

Tenho sempre alguma dificuldade em entender a razão de as polícias não investigarem o que realmente é perigoso para a sociedade e para a democracia e andarem a reboque da comunicação social nestes assuntos. 

Soube-se, entretanto, que o grupo neonazi tinha militantes que pertenciam à polícia, à GNR e às Forças Armadas e que planeava acabar com o governo socialista por meio de uma ação violenta no parlamento. 

Enquanto se desenvolviam estas ações organizativas, criminosas e verdadeiramente perigosas para a democracia, o MP estava preocupado com os jantares do Galamba e com mais uma série de putativas parvoíces. É de " louvar" a perspicácia dos  magistrados que, por manifesta falta de qualidade ou por, porventura, terem agendas escondidas, em vez de investigarem assuntos verdadeiramente importantes, se ocupavam de menoridades inconsequentes. 

Não consta que durante quatro anos tenham feito oitenta e tal mil escutas telefónicas ao polícia que chefiava o grupo. Esqueceram-se ou não era prioritário? 

Também é curioso que a polícia e as forças armadas não consigam garantir que o respetivo pessoal cumpre os mínimos democráticos. 

Já agora não quero deixar de referir que a votação no Chega deu, em minha opinião, um forte contributo para estes grupos saírem do covil e aparecerem em público a defender ideologias intoleráveis, contra os mais elementares direitos dos cidadãos. Também se deve agradecer ao José Pedro Aguiar Branco o trabalhinho que fez como presidente da AR ao permitir que o Chega denegrisse o Parlamento durante toda a legislatura. Assim, se criam percepções que tornam as instituições alvos fáceis para quem quer destruir a democracia e se potencia o voto nas forças anti sistema. 

"Parabéns" José Pedro. Ou será que ainda é possível emendar a mão? Aguarda-se para ver o seu comportamento nesta legislatura.

Caminhamos numa direção muito perigosa e corremos o risco de em pouco tempo desbaratarmos o que levou muitos anos a conquistar. Os EUA, com o Trump, são um exemplo acabado deste retrocesso. Se não tivermos pessoas preocupadas e pressionantes e políticos à altura, isto não vai acabar bem. 

Infelizmente, do que se tem visto parece que a malta que agora governa está mais preocupada em seguir a agenda do Chega do que seguir um caminho escorreito. Tempos desafiantes.

quinta-feira, junho 05, 2025

Marcelo a agarrar uma jovem pelo pescoço e a sujeitar-se a uma tremenda humilhação -- um fim patético para um Presidente que, de tanto querer ser amado e de tanto falar e de tanto fazer e desfazer, vai acabar desprezado.
Mas, se me permitem, vou antes falar de javalis in heaven -- o que, não sendo surpreendente, é a confirmação que faltava

 

Hoje o dia começou com o meu marido a dizer que tinha visto um javali. Contei-o numa story no Instagram. 

Há um sítio em que a vegetação é um pouco mais fechada, um lugar sempre à sombra, sempre fresco. Há um grande cedro, uma azinheira, diversas aroeiras, erva diversa. A terra aí é fofa, negra. E frequentemente está remexida. 

O nosso cão anda sempre intrigado por ali. Põe o nariz no chão e anda de um lado para o outro. É frequente ver ali pegadas de bicho grande, terra levantada. Sempre me admirei: que bichos por ali andam e o que procuram? Dá ideia que desenterram coisas. Já pensei muitas vezes: trufas? Não faço ideia.

Esse lugar é numa extrema do terreno vedado (há uma outra parte, separada por uma estrada, que não está vedada). Ali, naquele sítio em concreto, a vedação não está danificada. Ou seja, não é por ali que os bichos entram. O javali que o meu marido viu estava ali, ao lado da vedação e ficou a olhar para ele. O meu marido diz que, pelo tamanho, não era adulto. 

O nosso vizinho que mora na entrada da rua, uma vez que falámos da nossa desconfiança, disse que de vez em quando acordavam com um grande barulho na estrada, animais a trote. Então, passaram a estar atentos e uma noite fizeram uma espera e conseguiram ver uma grande vara de javalis a correr na estrada, na direcção do vale, passando pela nossa casa.

Um conhecido já avisou algumas vezes: é preciso o máximo cuidado com as mães javalis ou com bichos que se sentem ameaçados. Por isso, hoje, ao andar por ali sozinha com o cão sempre por perto, pensei que se me aparecesse um bicho pela frente haveria de ser um festival, o cão aos saltos e a ladrar furioso e o bicho, assustado...

Bem. Não foi surpresa a constatação de que, na verdade, há javalis in heaven mas foi surpresa estarem à vista, de dia, tão perto.

Não tenho falado mas, em contrapartida, dos gatos nem sinal. Desapareceram todos. E dos esquilos agora não tenho visto vestígios, nomeadamente aquela fartura de pinhas roídas em baixo. Estive a informar-me e, nesta altura, as pinhas não estão boas para roer. Por isso, podem continuar residentes mas andarem a alimentar-se com outros acepipes.

Tirando isso e o expediente comum (o meu marido a roçar mato, eu em arrumações e varridelas e etc.), continuo, como sempre, fascinada com o efeito da luz através das flores. 

Que cores, que perfeição, que harmonia. 

Quanta beleza.

Nestes dias não se vê televisão, não se procuram notícias. Ao fim do dia, no carro, por acaso apanhámos o fim do noticiário, qualquer coisa sobre os novos ministros. Desejamos que, a bem do País, corra bem. Contudo, algumas escolhas parecem estranhas.

Quando chegámos a casa, já jantados, ainda demos, bem de noite, um passeio com o cão. Confesso que senti algum receio. O meu marido disse que não havia razão para isso e, por isso, confiei.

Com isto, a verdade é que não consigo ter disposição para falar de política. 

Só quero dizer uma coisa: quando a minha nora enviou para o grupo da família um vídeo com a cena do Marcelo a fazer um tristíssimo papel com uma jovem na Feira do Livro, ao ver tive dúvidas de que fosse real. Depois vi que é. E fiquei perplexa. Mau, muito mau, mau de mais. Começou por parecer um totó de roda da jovem, a querer rebater, a querer interromper, a não saber pôr-se no seu lugar. Depois, no fim, a forma como a agarrou pelo pescoço, com força, foi de uma agressividade inqualificável. Todo aquele comportamento foi de uma inconveniência inusitada, uma menorização da função presidencial como nunca antes se tinha visto. A jovem, de que não sei o nome, pelo contrário, manteve um sangue frio, uma atitude fantástica. Deixou-o nitidamente aos bonés. Se Cavaco acabou mal e retratado com a boca cheia de bolo-rei, Marcelo acabará ainda pior e retratado a agarrar uma rapariga pelo pescoço, acabando com ela a instá-lo a largá-la e a virar-lhe as costas. Cena mais macaca. Marcelo não se enxerga. Que fim mais triste.

A ver se amanhã me regressa a vontade para falar de política para me pronunciar sobre os membros do Governo e o que é que as escolhas podem significar. Preferia, contudo, esperar pelos Secretários de Estado, para ver se são melhores dos que os anteriores. Logo vejo.

E agora vou descansar, é tardíssimo. 

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Dias felizes

quarta-feira, abril 30, 2025

Ainda sobre o Apagão -- resposta a um Comentador e outras breves considerações
-- A palavra, claro, ao meu marido --

 

Em continuação do que tenho escrito e relativamente aos comentários que um Leitor fez, quero esclarecer que uma coisa são as questões técnicas relacionadas com o apagão, outra coisa é a forma como o governo atuou -- e é isso que eu critico. 

E a coisa piora de hora para hora. As declarações do ministro Castro Almeida a dizer que o PM andou a gerir o gasóleo dos carros dos ministros para garantir o fornecimento de gasóleo à MAC é assustador a todos os níveis. Fica claro que o PM não sabe o que tem que fazer e como deve atuar e que não há planos de emergência para situações críticas. 

Relativamente ao que chama politiquices sugiro que ouça as declarações do  Moedas, do Pinto Luz, do Leitão e do Montenegro: isso, sim, é verdadeira politiquice. 

E não será também politiquice terem ido 11 ministros ontem às televisões para tentarem limpar o que lhes correu mal?

Já agora, uma outra pergunta: a eletricidade ainda não chegou a Belém? Ou o Marcelo está afónico?