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terça-feira, julho 14, 2020

Objectos sexuais para todos os gostos.
Post com bolona encarnadona


Espero bem que, a esta altura do campeonato, já não exista vivalma que não saiba que este não é lugar que se recomende. E, se há dias em que ainda tento disfarçar, outros há em que simplesmente deixo correr. E hoje é um desses dias. Quem tiver juízo, estrelinhas de bom comportamento na caderneta, comenda ou título académico emoldurado, anel de curso com a pedra a condizer e outras boas qualidades, deve retirar-se o quanto antes. É que, vou já avisando, hoje baixou em mim o espírito do serviço público, educação gratuita para toda a gente. E, junto, desceu também o espírito da suprema curiosidade. O que há por aí? Para que serve? Como se usa? Porque, sabeis bem, quanto mais avanço na idade mais inguinorante me vou fazendo. Parece que o mundo roda numa direcção e eu, ao lado, rodo noutra. Mas, volta e meia, cá para mim quando os eixos se alinham, ocorre-me que, se não me instruo, chegará o dia em que me sentirei totalmente estrangeira. Temo não saber falar a mesma língua, não ter as skills, quiçá as soft skills, para me enturmar. E, então, faço por me educar. E, como gosto de partilhar tudo o que sei, aqui estou.

E, quando me refiro às soft skills,  não me refiro a saber fazer aquele indispensável small talk que, esse, eu, em querendo, já domino na perfeição. O tempo, se fizemos ou não boa viagem, se já ali tínhamos estado, se conhecemos o conferencista. Banalidades dessas tiro de letra. Não. Refiro-me a temáticas mais especializadas. Por exemplo, sobre futebol não arrisco uma dica. Fico caladinha ou, se quero dar ar da minha graça, ainda arrisco: 'Eu sobre isso só tenho a dizer que acho uma obscenidade o que essa gente ganha'. Geralmente faz-se algum silêncio porque não vem nada a propósito. Acrescento, então: 'Será que o fisco lhes segue os movimentos bancários, as compras, o património?' Talvez porque algum dos presentes, nessa matéria, poderá ter algum little rabito levemente preso, fazem que sim-sim com a cabeça, na base do: 'Faz-se de conta que tá bem mas bora lá mas é desviar-lhe a atenção' e continuam na deles. E eu, esgotadas as minhas fracas munições de diversão, volto a ficar calada. Mas também pode um deles, o espertalhaço de serviço, desatar a falar dos milhares de livros que tem, quer em papel, quer no iCoiso, e querer fazer de conta que já leu tudo e que sabe tudo. Só que, a cada coisa que refere, eu faço uma cara sorridente e digo que nunca ouvi falar. Como sou tida por também ter bué, fica estranho para toda a gente: qual dos dois não diz a verdade? ou qual dos dois só lê porcaria? E eu curto essa dúvida, alimento até. 

Mas há ainda outro small talk que tem a ver com as viagens. Tudo o que é cão e gato conhece todo o mundo. 
Dantes diziam à boca cheia que tinham posto o pé em cada rincão do planeta a convite de tudo o que era grande fornecedor. Sentiam-se importantes por terem sido convidados para andarem de rabo alçado a conhecerem países e bons hotéis. Toda a gente queria ver referências no estrangeiro ou queria ver laboratório de pesquisa, ou feira ou treta. Tudo de cu tremido a fazer papel de grã-fino papa milhas. Agora, tá bem abelha, já não se fala nessas borlas. Agora que as empresas desataram a fazer manuais de ética e o escambau toda a gente meteu a viola no saco e fala de outras coisas, coisas mais na base na cultura, teatro em Londres, Museu em Florença. Aí gosto de destemperar: 'Ah, boa. E, olhem, os passadiços do Paiva?'. Zero. Ninguém conhece. 'E Vila do Conde? Tão linda..'. Bola. Não sabem bem onde é que pára a Princesa mas também não querem dar parte de fracos. E vou perguntando por outros lugares abençoados. Nada. E concluo com ar saudoso-bucólico: 'Tão lindo o nosso país... não acham?'. Sorrisinho amarelo. Não diziam mas pensavam: 'Praiazinha fluvial, serrazinha de meia-altura...? Esta tem a mania que é eco-outsider e gosta de se armar em pobrezinha... coisa mais patética, na volta é daquela mania de dizer que o coração lhe bate à  esquerda'. Isto, claro, antes do corona. Aposto que, agora, se voltar a haver cenas destas, presencialmente falando, a converseta já vai ser outra. Resta saber é quando é que isso vai ser. 
Mas hoje o meu amigo algoritmo resolveu presentear-me com dois vídeos que despertaram aquele meu lado erótico-soft que, segundo o APS, apimenta os meus dias. E gostosamente o faz, tem razão. 

E eu, que gosto de ser desafiada, que gosto de me instruir e, sobretudo, que gosto de me divertir, não me fiz rogada. Confesso que não fiquei entusiasmada em, a seguir, ir em busca de aulas práticas mas que a teoria adquirida pode vir a ser-me útil como ice breaker ou para compor algum small talk mais árido, ah, lá isso parece-me que vai. Por exemplo: 'E, mudando para um assunto mais interessante, qual dos colegas e amigos já usou bolas chinesas?. Já estou a vê-los ruborizados: 'Ups... falou em bolas chinesas...? Mas usá-las...? Como...? O que quer dizer... desculpe...?' E eu. maliciosa: 'Mas quê...? Pensavam que era coisa só para mulheres... Olhem que não, olhem que não...' e faria de conta que estava a disfarçar e que não tinha olhado para um deles... e logo para o suposto macho alfa do grupo. Depois diria baixinho, para o lado: 'Mi engana qui eu gosto...'

Bem. Agora muito a sério. Num registo confessional posso ainda acrescentar que, de alguns apetrechos, até fiquei com medo (por exemplo, se me aparecia um parceiro armado em cão ou a enfiar uma espécie de lâminas pelo énis acima, acho que desatava a fugir a sete pés). E reparem como consigo fazer um post destes sem uma palavrinha sexual que seja; até porque, que eu saiba, énis sem p não encaixa na categoria dos objectos sexuais. Mas achei graça ao rabo de raposa. Ah, sim, lindo, macio... Acho que me ficaria bem. Teria era que arranjar outra forma de encaixe. Mas não digo mais senão ainda dizem que, para além de não sei o quê ainda sou uma spoiler do caraças.

E, finalmente, aqui vai disto: objectos sexuais para todos os gostos. É escolher, minha gente.




E saúde, sorte na escolha, e um bom dia com alegria.

sexta-feira, julho 10, 2020

O tamanho importa? E a cor?
[E, já agora, um x em vez de um ch importam?]


Bem. Tenho estado para aqui a tratar de outras cenas, a fazer medições, comparações. De fita métrica em punho, meço, anoto, faço cálculos a ver se cabe, penso onde arranjarei mais pequeno, equaciono alternativas. 

E, de repente, dou por mim a pensar que há casos em que o tamanho importa -- e este, sem dúvida, é um deles. Não deve ficar muito de fora, estorva, mas também não pode ficar a boiar, fica até caricato. Também estou na dúvida: negro? branco? Já preferi o escuro. Anos a preferir o escuro. Grande e escuro. Agora virei. Estou mais inclinada para branco, mais pequeno. 

Mas faço o quê? Deito fora? Custa-me. Afeiçoo-me.

Como estou cansada, francamente a precisar de parar de pensar, fui em busca de ideias. Quais as tendências? E não é que eu seja maria vai com as outras mas, quando uma pessoa chega ao fim do dia cheia de dilemas e incapaz de se debruçar sobre eles, é mais fácil ver em que param as modas.

Contudo, não afunilei a pesquisa como devia e o meu amigo algoritmo, mais próximo de mim e mais conhecedor da minha essência que o meu amigo bicha que também me topa em alguns dos meus encobrimentos, nem parou para pensar: pensou que era mais uma das minhas. E, vai daí, sugeriu-me o vídeo abaixo. E eu, por boa educação, para não melindrar, deixei-me ficar a ver. Se quererm que eu também não me melindre, façam, se faz favor, a gentileza de também ver. E, no final, formem a vossa própria opinião.


Mas não, desta vez o algoritmo enganou-se. Não era nisso que eu estava a pensar. Provavelmente ainda estava para aqui a pensar se poderia relevar o x num comentário e induzi o algoritmo em erro. What's in a name? É certo que o x puxa para o lado malandro, para o sexo puro e duro (again: no pun intended)  mas, carago, não era em nada disso que eu estava a pensar.

Voltei-me para a barra de pesquisas mas, lá está, a fama precede-me -- e, desta vez, com uma piadinha implícita: os segredos sexuais dos séniores. Eu, que tenho a idade mental de uma adolescente e a inocência de uma criança, a aprender os segredos de senhores e senhoras todos empolgados com a sua actividade sexual.... Dá-lhe.



E, não contente com a gracinha, afinfou-me com uma cena de amor entre duas catatuas. Fiquei curiosa. Vi até ao fim a ver se o mistério se desvendava. Mas juro que não percebi. Nestas matérias, sou inguinorante em toda a linha. Quando eu era pequena e via o galo a saltar para cima da galinha e a dar-lhe bicadas no pescoço também não percebia: como é que dali vinha que a galinha ficava choca? Nunca descobri e, com o apelo que sinto pela santidade, foi tema que nunca despertou a minha atenção. 

Pois agora que o algoritmo achou que seria tema do meu interesse e que também não dei por nenhuma incursão (incursão no sentido que Clinton lhe dá) acho que vou ter que aprofundar o assunto.


De qualquer maneira, hoje o tema não tinha a ver com sexo, tinha a ver com decoração: para arrumar os livros, continuo com os meus móveis grandalhões de madeira escura? Ou ponho o coração ao largo e opto pelos branquinhos, lisos, baixos, simples, do ikea?

Ora aqui está o meu complexo dilema. 

(Frescuras de uma dondoca encalorada, bem sei).

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E advirtam-se, ok? 
E, já agora, divirtam-se tamém. E, já agora, também

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terça-feira, novembro 05, 2019

Cenas domésticas, a humanidade, a loura e o Tesla e etc.





Tenho que explicar. No domingo à noite, quando me despachei das minhas lides domésticas e aqui acostei, já era tarde. Como tinha passado o fim de semana a dormir ou a caminho disso, cheguei à noite e estava sem sono. Contudo, tinha que me levantar cedo pelo que acabei o post e forcei-me a ir para a cama. Claro: disparate. Sem sono, a cama para mim é horrível. Gosto de chegar à cama e, ao fim de dois minutos, estar a dormir. Mas, ali, ontem, só ao fim de mais de duas horas fiz aquilo que sei que se deve fazer ao fim de vinte minutos: levantei-me e vim para a sala ler. Ao fim de algum tempo, percebi que o sono estava a vir e apaguei a luz. Mas pensei que não faltariam já nem umas três horas até receber a mensagem que espero nestes dias em que há voo para outro país. Só que antes disso, bem antes, eu a dormir na sala, ouço o telemóvel. Assusto-me imenso com telefonemas a meio da noite. Não era meio da noite mas madrugada. Tinha sido engano: sem querer, sem dar por isso, o viajante tinha feito a chamada. 

Sobressaltada, custei a pegar no sono. Mas, pronto, lá voltei a adormecer. Estava a dormir quando a mensagem chegou: tinha aterrado. Por mil voos, sempre me inquieto se não souber que chegou bem. Respirei fundo, de alívio. E adormeci profundamente sabendo que tinha que me levantar logo a seguir. Quando o despertador tocou, escassos instantes depois, quase nem me consegui mexer tão profundo era o sono.


Entretanto, hoje calhou chegar aqui ao sofá um bocado mais tarde do que o habitual. E foi directo, tiro e queda. A dormir.

Tinha pensado que a primeira coisa que ia fazer quando aqui chegasse era responder a quatro mails que carecem de resposta rápida por serem tão simpáticos, tão generosos, e, a seguir, responder aos comentários. E foi o que se viu. É quase meia noite, estou a tentar acordar mas, claramente, meio a dormir. E não apenas não tenho energia para cumprir os meus bons propósitos como vinha a pensar escrever sobre o bem que faz estar perto da água (seja mar, rio, cascata, fonte) ou divagar sobre um tema que ao longo do dia me acompanhou e agora estou para aqui a bocejar, a tentar não cabecear.


Posso apenas contar que, por impedimento dos pais, fomos buscar os três manos à escola e trouxemo-los aqui para casa. Foi por pouco tempo mas o suficiente para, a seguir a um lanche que nem deveria ter existido (mas, enfim, eles gostam do interdito e eu gosto de dar de comer), ela, num abrir e fechar de olhos, pintar as unhas de encarnado. Quando vi, disse-lhe que não podia ser. Teimou que era encarnado claro e que encarnado claro pode ser. Nem pensar. Rouge, qual encarnado claro...? Depois, contrariada, lá as limpou. Mas nestes processos negociais caio sempre que nem uma pata. Acabei eu feita manicure a pintar-lhas de nude brilhante. 

Entretanto, o mano do meio, em menos de um foguete, tinha revirado várias pilhas de livros e, quando me insurgi, mas que bagunça vem a ser esta?, os livros todos espalhados..., disfarçou, que estava a contá-los, que estava a ver que livros eu e o avô gostamos de ler. Acreditei. Duas vezes pata. Só quando o vi, com ar suspeito, a espiolhar a estante grande, é que se me fez luz: ah malandro, andas à procura do outro livro...! Fez um sorriso confessional, quis saber onde o escondi. Para quem não leu o que aqui escrevi, há algum tempo viu um livro de fotografias no qual vários fotógrafos captam mulheres, fotografias muito bonitas mas em que algumas estão nuas ou em poses mais eróticas. Como sai ao pai que, na idade dele, se pelava por ver maminhas, aquilo deu-lhe volta ao miolo e... não se esqueceu.


Entretanto, o bebé herdou uma outra faceta do seu papá: pela-se por fazer ligações, tomadas, fichas, etc. Um terror. Mas, então, andou com um computador velho e uns fios a ver se conseguia fazer um match.
E esta do match está-se bem a ver que é influência daquele fantástico programa dos casamentos à primeira vista onde uns especialistas escolhem pessoas para fazer match mas que, para desabono da sabedoria dos ditos experts, os ditos ou não querem mais do que uma sã amizade ou, ao fim de uma semana, já se odeiam visceralmente. 
Adiante. Claro que tive logo que desactivar algumas tomadas. Olhando a alegria do menino a fazer ligações, ocorreu-me dizer-lhe aquilo que dizia ao pai dele: vais ser engenhocas. E parece que o tempo mal passou entre um e outro.

Ainda no outro dia andaram os três à descoberta no quarto que era do pai. Não há vez em que não descubram coisas engraçadas. E o mais curioso é que são coisas que eu desconhecia. Quando foi viver com a então namorada não quis levar quase nada. E eu não quis ser eu a deitar fora coisas dele. Por isso, a secretária e as estantes estão como ele as deixou. Nunca fui de andar a remexer nas coisas deles, a bisbilhotar gavetas e coisas assim, pelo que não faço ideia do que por ali anda. Agora, aos poucos, os miúdos vão descobrindo coisas fantásticas. E ele gosta de rever aquelas coisas. E, uma vez mais, parece que o tempo não passou, que é um contínuo.


É como eu, lá in heaven, no fim de semana, que vesti um casaco de malha que era da minha filha. Também não o quis, ficou. E eu, como aproveito tudo, ando com o casaco que parece que não há muito era dela. E digo não há muito mas, se tentar fazer as contas, acho que já deve ter sido para aí há uns doze ou mais anos. E, uma vez mais, não dei pelo passar do tempo pois sempre por ali e por aqui andaram, circularam, e vieram crianças, umas atrás de outras e, portanto, parece que não houve interregno entre nada.

E agora já é a minha menininha, qualquer dia uma mulherzinha, que mal me distraio já está de roda dos meus anéis, pulseiras, colares, travessões. Ainda hoje. Enquanto o bebé andava naquela faena com fios e cabos e eu a tentar que não fizesse nada de mal, saíu da sala. Vi logo para onde é que tinha ido. Uma tentação para ela. E como eu a percebo. Tomara eu, quando tinha a idade dela, ter tido tanto por onde escolher como tenho agora e que, para ela, é uma arca dos mil tesouros. E, de novo, era eu a enfeitar-me com o que encontrava e agora é ela a fazer o mesmo. Mas, pelo meio, tanta vida que já passou.

Estou para aqui a escrever sem pensar e nem sei bem de que é que estou a falar. Vou parar. Deve ser difícil de ler uma coisa assim, desconexa.


Mostro apenas dois vídeos que Leitor a quem muito agradeço me enviou por mail. Nada têm a ver um com o outro mas são ambos interessantes, um na base da dramatização face à vida que temos vindo a levar e um outro que, enfim, mais vale eu não dizer nada até porque.

Até porque, no outro dia, não foi isto mas voltou a ser uma que já não é a primeira vez que me acontece. Fui almoçar a um sítio e pus o carro no estacionamento público. Quando estava a estacionar, reparei que havia muito mais lugares livres que o habitual. Pensei: fugiram todos. Estacionei-o sem necessidade de manobras, de frente, nas calmas.
Quando, no regresso, vinha a entrar no parque, reparei no Sérgio Godinho que vinha um pouco atrás de mim. Vinha com uma senhora talvez da idade dele. Eu já a descer a escada, ouvi a voz dela: '... a sua vida. A sua vida profissional, bem entendido...'. Pensei, não é companhia, é admiradora.  

Continuei a descer até chegar ao meu piso, o -2. Mas... e o carro? Entretanto, estava eu especada a olhar para o sítio onde o tinha deixado, chega o Sérgio. Vai direito ao carro, que estava no lugar do meu. Entra. Vinha sozinho. A senhora sempre era uma admiradora. E eu ali: 'será possível que me tenham levado o carro?'. Dei o benefício: 'será que saí por outra porta e o carro ficou do outro lado?' Dei a volta ao parque. Nada. Pensei: calma, vou ser sistemática. Nova volta a olhar, um a um, cada carro. Entretanto, já o Sérgio se tinha ido embora. Pensei: só pode ser coisa de paralaxe, deve estar mesmo à minha frente e não o vejo. Então, nova volta, mente aberta, e a carregar no botão do comando a ver se algum carro dava sinal. Nada. Pensei: vou ligar ao meu marido a dizer que o carro se evaporou. Nessa altura, lembrei-me de uma outra vez, no Ikea. Ele ao telefone: 'Não terás deixado noutro piso?'. Pensei. Caneco. Será possível que o tenha deixado outra vez noutro piso sem dar por isso? E aí fez-se luz. Estava quase vazio, não era? Uma ova, se calhar desci, sem dar por isso, mais um piso. Incrédula, fui até ao -3. Ao contrário do -1 e do -2, à pinha, o -3 quase vazio. E lá estava ele. À larga. O filho da mãe do carro. 
Portanto, tudo o que meta carros, comigo, não é para rir. Podia bem fazer igual. Conheço as minhas limitações. Não são pequenas, não são poucas.


Mas, então, o primeiro vídeo é sobre o homem. O segundo é sobre a mulher. E claro que estou a confundir o género humano com o Manuel Germano. Ou, caso prefiram, a estrada da Beira com a beira da Estrada. Deveria dizer: uma mulher. Whatever. Estar a escrever a dormir já é, em si, a modos que um feito. Acho eu. De que.

Man



A loura e o Tesla


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E lá em cima, com o meu agradecimento a Mestre Plúvio por me ter dado a conhecer o talentoso Jacob Collier, uma música que é um bálsamo. 

E como gosto de misturadas, de cores e de barafundas, como se o post, em si, já não estivesse uma confusão, deu-me para pôr aqui mais algumas das fotografias que fiz no fim-de-semana in heaven. Não vêm a propósito mas soube-me bem voltar a ver as belas cores de outono e dispô-las aqui por entre o meu texto ensonado.

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E uma boa terça-feira a todos

terça-feira, julho 23, 2019

Strip numa noite quente


Esta minha sala é quente. Toda envidraçada, bate-lhe o sol desde a nascença até que, a meio do dia, se vira para o outro lado. Estive como habitualmente: à espera de aqui ficar sozinha para poder ligar o vento frio. Sabe-me bem o vento frio a soprar-me a pele.

Tanto que lutei contra isto. Anos. Nem queria pensar no que um aparelho destes desfearia esta minha sala tão cheia de coisas especiais. Anos. Toda a família a querer vergar-me, a apelar ao bom senso que, em mim, tantas vezes vagabundeia. 

Até que baixei a guarda. 

Seguiu-se a escolha do lugar menos intrusivo. Eu queria-o escondido. Mas escondido não atiraria o ar com toda a pujança. O técnico elegeu o melhor sítio. Zanguei-me: nem pensar. A estética deve sobrepor-se ao conforto. Absurdo, disseram. Teimei: nada feito, só escondido. Absurdo, repetiram. 

Até que cedi. 

Ali está. Já nem dou por ele. Acho que ninguém dá por ele.

E o que sei é que, desde há algum tempo, mudei muito. A sala é ampla e consegui que, apesar de todas as muitas estantes a circundar todo espaço, permanecesse com este ar espaçoso e amplo. Mas os móveis, na maioria, são móveis escuros, de bela madeira maciça, ou de raiz de nogueira ou de mogno. Mesmo as últimas estantes, do IKEA, são escuras. E tenho peças muito bonitas, especiais mesmo. Mas, dizia eu, mudei. Hoje não escolheria nada disto. Aliás, assalta-me a vontade de simplificação, de móveis brancos, de zero objectos especiais. Zero vidros de murano, zero clepsidras -- e que lindas são, umas de pó dourado que, devagarinho, se vai esvaindo, todas de formas elegantes, umas de um belo líquido azul, o mar a escoar-se em silêncio vagaroso, e caixinhas de música ou outras, lindas, com bonequinhos em biscuit. Para quê tudo isto? Só quereria algum objecto caído do céu como aquele leque de finas lâminas de madeira com desenhos à mão, dedicatórias de amor e poemas manuscritos, coisa de mil oitocentos e tal que um dia descobri. Ou não: como os tais livros que me descobrem (assim mo dizem), também este leque me descobriu numa tarde longínqua.

De resto, zero.

Digo-o apesar de tanto gostar de tudo.

Na realidade, não consigo desfazer-me destas minhas coisas. A sala, apesar de tudo, não está escura. Pintei uma parede de sanguínea. Faz a sala vibrar. Tenho nessa parede um quadro grande que pintei e do qual jorra a cor. E os tapetes são coloridos e os sofás também têm cor e as almofadas também. Mas seria diferente se todas as estantes fossem absolutamente simples, brancas, se os sofás fossem larguíssimos e todos brancos, se as paredes fossem brancas, quase sem nada. E eu, numa noite assim tão quente, nua, numa chaise bem longue, corbusier por exemplo, minimalista -- eu e a cadeira.

E nem conto aqui sobre o striptease que faria antes porque este blog não é dado a intimidades desnecessárias.

Em contrapartida, para ilustrar a desnecessidade de roupa em cima, aqui vos deixo uma série de strips de toda a espécie e feitio. Inspiração para whatever.


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Não sei em que filme é que a Sofia Loren deu cabo do juízo do pobre do Marcello Mastroianni mas, quem tenha curiosidade, talvez descubra.

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quinta-feira, julho 04, 2019

Coisas de que me arrependo





Vi o vídeo abaixo e pus-me a pensar. De que é que me arrependo? Assim de repente não me lembrei de nada. Só de insignificâncias. Fiquei até a pensar que a minha vida deve ser toda ela insignificante para não ser capaz de me lembrar de uma única coisa significante de que me arrependa. Depois de pensar um bocado, lembrei-me de uma coisa que me pareceu digna de registo, estava mesmo convicta e até arreliada por, antes, não me ter lembrado. Mas recebi uma mensagem pelo meio, depois deixei-me estar por uns minutos a olhar para a televisão e agora já não faço ideia do que seria. Passo-me comigo por ser assim, tão aérea para coisas a sério.

Estou para aqui a puxar pela cabeça e, para quase tudo o que me ocorre, tenho uma boa justificação. Por isso, o arrependimento fica frouxo. 

E há outros: o arrependimento de ainda não ter feito algumas coisas que gostava de fazer. Mas ainda tenho esperança de vir a fazer e, nestas coisas, tenho uma coisa que se calhar é superstição: não gosto de falar não vá o falar atrair forças contrárias. 


Ah, parem tudo antes que me esqueça outra vez. Arrependo-me de não me ter informado capazmente na altura de escolher um curso. Na altura certa não me ocorreu ser arquitecta e se calhar poderia ter tido uma vida diametralmente oposta e, cá para mim, empolgante. Gostava tanto de desenhar cidades, jardins, casas improváveis, formas surreais, jogos de luz, jogos de água. Mas foi coisa que nunca me passou pela cabeça quando andava a estudar. E, se calhar arrependo-me. Mas não sei se arrependimento é a expressão certa.


Também havia aquilo de querer ser psiquiatra e pelo medo de ter que ver mortos ou doentes que me afligissem muito desisti da ideia, não podia passar pela provação do curso de medicina. Psicologia na altura não tinha um ensino muito a sério. Ou, pelo menos, pareceu-me. Mas também não sei se é sério dizer que me arrependo.

Ah, já sei o que era, já sei, já me lembro.

Já aqui falei daquele jovem casal que morava ao nosso lado. Tinham dois filhos, crianças. Ainda a minha filha não era nascida. Eu era uma miúda. Eles eram ambos drogados. As crianças deviam ficar com os avós mas, para aí uma vez por semana, eles levavam o casalinho para casa, um menino e uma menina um pouco mais velhinha, talvez o menino tivesse uns quatro e a menina uns seis anos. E, à noite, eles deixavam as crianças em casa e saíam, só regressando, pedradíssimos, noite alta. E as crianças ali ficavam sozinhas e choravam, choravam, chamavam pelos pais, um sofrimento. E eu passava horas debruçada na varanda, a tentar consolá-los, a dizer 'não chorem, os pais vêm já, não chorem'. E nunca me ocorreu chamar a polícia. E se calhar fiz mal. A jovem de então é agora uma mulher que deve ser pouco mais velha que eu. Trabalha numa loja que era do pai e que agora é dela. Tem um ar sempre triste e as unhas muito roídas. Não sei se ela, na altura, tinha consciência do que fazia e se os filhos a perdoaram. Sei que, quando olho para ela, tenho pena do que ela fez sofrer os filhos e, se calhar, do que ainda sofre caso tenha presente aqueles tempos terríveis. E disso eu guardo um pensamento que me incomoda por pensar que não defendi os miúdos como, mais do que certo, deveria ter feito. Eram outros tempos, a consciência era outra. Mas se calhar fiz muito mal. É um arrependimento misturado com tristeza. Deve haver tantas crianças que passam por isto. 

Agora, à medida que escrevo, vou-me lembrando. Mais outra. Por exemplo, lembro-me de um certo dia em que fui avaliada por um superior hierárquico. Toda a gente ali era avaliada. Há objectivos, há competências, há comportamentos. E, para cada função, há um target (tal e qual assim: um target, para ser uma coisa mais business). Ora bem. Num dado ano apanhei um que me avaliou pela primeira vez. E acontecia com ele aquilo que já me aconteceu noutras vezes. Vou dizer uma coisa que alguns dos que me lêem vão pensar que é imodéstia ou armação ao pingarelho. Nada a fazer se pensarem isso porque é a verdade: quando andava a estudar, alguns professores ficavam um bocado nervosos, em especial se tinham que me fazer avaliação oral, a dita 'chamada', ou se lhes pediam para resolver problemas complexos e se atrapalhavam, sabendo que algum engraçadinho lhe iria dizer para ele me pedir explicação. E uma vez, porque todos os meus amigos e, em especial, o meu amor, andavam na explicação e eu quis ir para lá, o explicador não queria receber-me, achava que eu não precisava de explicações dele, que, sendo aluna de notas muito altas, se calhar eu é que lhe podia dar explicações a ele. E este meu chefe também padecia da mesma psicose. Dizia a torto e a direito, como se fosse defeito meu: 'você é muito inteligente' ou 'as pessoas têm medo de discutir consigo porque já sabem que você lhes dá sempre a volta'. E, neste clima, a avaliação foi o maior tormento. Eu não tenho paciência para avaliações levadas a sério. Tudo muito pueril e desnecessário. E, então, eu a querer despachar e ele, tudo muito by the book, a querer dissecar tudo, os meus comportamentos, as minhas competências, tudo naquilo de querer encontrar defeito para provar que não posso ser tão inteligente quanto ele próprio estava sempre a dizer. Comecei a ficar uma pilha, uma pilha pronta a explodir, com vontade de dizer que preenchesse a ficha como lhe apetecesse, que para mim era igual ao litro, e ele que não, que tínhamos que levar a sério e avaliar step by step e, a cada coisa que dizia de mim, queria a minha opinião e eu com vontade de dizer 'nas tintas' e ele a querer saber se eu concordava e eu já furiosa, enervada, a pensar que me ia mas era levantar e dizer 'bardamerda para a avaliação' e sair porta fora. Mas pensei que se fizesse isso ia ser uma barraca das antigas e fui-me aguentando mas a ficar cada vez mais arrasada, a paciência esgotada. Horas. Uma saturação. E hoje sei claramente que me arrependo de não me ter levantado e dito que já chegava e sobrava e que não estava para aturar aquilo. Foi uma violência, daquelas violências que eu poderia perfeitamente ter interrompido.


E, agora que desemburrei, parece que me ocorrem mil coisas de que me arrependo. Não sei se de alguma alguém poderia fazer um filme. Tenho para mim que, lidos, os meus arrependimentos são uma seca. Mas são o que são. Acho que, a menos que amanhã já me tenha outra vez esquecido de tudo, tinha pano para muitos posts.

Mas agora tenho que ir pregar para outra freguesia porque, para variar, vou ter que madrugar para mais umas sessões non stop de reuniões e compromissos e afazeres. Uma vidinha de cão (dos rafeiros) que, a bem dizer, quando a vir pelas costas sou bem capaz de me vir a arrepender de mais umas quantas coisas. Mas, arrependimento a posteriori é como aquilo do leite derramado ou lá o que é.

Mas, pronto, esta conversa toda por causa deste vídeo:

100 People Tell Us Their Biggest Regret



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As pinturas que enfeitam o texto (ou vice-versa) são de Andy Newman

E queiram descer caso queiram ver umas casas muita fake.

domingo, junho 30, 2019

Crónica de uma noite e de um dia em grande





Passa bem da uma da manhã e só agora começo a escrever. Cheguei com uma tal camada de sono em cima de mim que nem vos digo nem vos conto.

A semana de trabalho foi o que foi e na sexta ao fim da tarde, por felizes circunstâncias, calhou que parte da família teve que ir a um sítio perto da minha casa. Portanto, naturalmente, perguntei se queriam lá ir jantar. E sim. E, assim sendo, naturalmente, perguntei à outra parte se também. E sim. O meu marido, nestas coisas, assim, em dia de semana, sem nada preparado, acha preferível irmos a um restaurante. Eu não. Um restaurante é impessoal. E depois os miúdos são ruidosos e é aborrecido não os deixarmos mexerem-se à vontade. É uma coisa limitada. Não aprecio. Prefiro em casa, para convivermos como deve ser. Encomendámos daquelas pizas gigantes em forno de lenha que têm salmão, queijo de búfala, alcachofras, nozes e outras coisinhas boas e o meu marido foi buscar frangos assados e arroz e eu fiz salada e lavei fruta e pus a mesa. E logo a seguir a casa encheu-se de conversas e crianças a correr e a rir e logo o bebé foi buscar um banco para ver as pizas e depois já um dos mais crescidinhos me avisava que o bebé estava a comer azeitonas e ele, ouvindo, riu e abriu a boca para me mostrar a boca cheia de azeitonas pretas. Como estavam descaroçadas, não me importei. E todos de prato na mão a servirem-se, um apetite de dar gosto, e todos a repetirem uma e outra vez. E conversa e animação. No fim, já sabem que há gelados mas só para quem comer fruta. E, portanto, ao contrário da sequência certa, na minha casa é primeiro a fruta e depois a sobremesa. Depois, claro, quem quiser pode voltar à fruta.

A seguir foram para a sala e, quando estão juntos, é corrida, luta -- uns andam no judo, outros no jujitzu e o mais maluco de todos, ou seja, o meu filho, em tempos andou no judo e no karaté -- e, portanto, inevitavelmente, aquilo descamba sempre em artes marciais. Apesar da barriga a deitar por fora. E isto com o bebé a circular pelo meio, mexendo em tudo. A menina, sem outras meninas para brincar, arranja outras brincadeiras como, por exemplo, com a mãe ou com a tia, a fazer aqueles jogos com um fio preso entre os dedos, muitas vezes com lenga-lenga associada. E então, para ver se acalmavam e sempre com medo que um dia ainda se magoem, pedi que os quatro se sentassem no chão e eu ia dizendo a cada um que respondesse a uma pergunta minha. Um país começado por P sem ser Portugal, um insecto começado por P, uma flor começada por D, uma capital começada por O, um frto começado por N, um rio começado por S, uma serra começada por A. Cada um vibrava a tentar recordar-se o mais depressa possível. Se não soubesse passava a outro mas, lutadores como são, não passavam e desatavam a inventar palavras. Uma risota. Mas adoraram. Não tarda, o quinto pimentinha já ali estará também a fazer o jogo das palavras.

Até que um deles, o mano do meio, resolveu vestir um blusão escuro do primo mais velho, com o capuz todo enfiado na cabeça, e depois foi buscar umas canadianas que estão lá de outros tempos e começou a circular naqueles preparos, os braços enfiados nas canadianas, por vezes empunhando-as como espadas ou lá o que era aquilo. E eu disse: 'Não gosto nada de te ver assim, credo'. Ficava com um aspecto sinistro. E ele disse 'Sou o Darth Vader'. E, de facto, dava ares. Pensei que o pai já o deve ter contagiado: gostava imenso de ver a Guerra das Estrelas e, na volta, ainda gosta.

E depois lá se foram mas já era tarde e ainda houve que dar uma arrumadela ao que ficou. E o meu marido disse: 'Isto tudo é muito bonito mas um gajo não descansa' e eu disse que dizer aquilo é até heresia face à alegria que é estarmos todos juntos. E ele não comentou o que eu disse mas, depois, começou a contar coisas deles. Por exemplo que deu com a menina a comer o gelado, na sala, sozinha. E que lhe perguntou se ela gostava de estar sozinha e que ela respondeu com aquela segurança muito dela, 'Gosto'. E eu pensei que a percebo pois, quando a barafunda é muita, às vezes também me dá vontade de ir durante dois minutos para um lugar mais sossegado. 

Este sábado de manhã resolvemos ir passear para a praia. Estava-se bem. Caminhámos à beirinha da água.

E depois fui ao supermercado e mandei escalar uns robalos e etc. E o meu marido, quando cheguei, disse: 'Fica a casa a cheirar a peixe' e eu disse que se era peixe assado não poderia cheirar a flores. Mas abri as janelas e não ficou a cheirar a nada e estava bem bom. Mas, moída e não sei se com o alentejano branco e fresquinho a cair-me na fraqueza, resolvi deitar-me no sofá a seguir.

Mas é escusado. Logo a seguir chegou uma sms a pedir para anteciparmos o encontro para as quatro. Portanto, deu para fechar os olhos e, logo a seguir, já estava o meu marido chamar-me, que estava na hora. 

E lá fui. E lá voltámos a encontrar-nos com parte do bando.

Fomos para a Decathlon para o menino mais crescido, como teve boas notas, provar bicicletas para ver qual o tamanho e eu aproveitei para lhes escolher uns calções e uns polos e depois foram escolher uma bola para, a seguir, irem jogar à bola no parque e andaram pelos corredores a jogar à bola e é impossível tentar mantê-los sossegados porque não conseguem. Depois foram escolher caneleiras e um escolheu o tamanho M e o outro o L e eu queria que experimentassem e eles que não, que estavam boas, e eu ainda assim, perguntei a uma empregada e ela disse que, para eles seria o S ou, no máximo, o M. E o mais velho veio ter comigo e disse-me: 'Levo o L porque aquilo é tudo negócio'. E eu sem perceber: 'Negócio..?' e ele 'Sim, quer que eu leve o M para daqui por algum tempo já não me estarem boas e ter que vir comprar outras.' A vontade de rir que me deu, quase da minha altura e já a dar-me conselhos destes. Mas lá o fiz mudar de tamanho, também para M, apesar de o ter deixado contrariado por achar que eu tinha ido na conversa da empregada.

Quem conhece as grandes Decathlons sabe que tem sítio para se experimentarem bolas, com balizas e tudo, para se experimentarem bicicletas e triciclos, aparelhos de ginástica e luvas de box, etc. Passado um bocado vi-os virem perdidos de riso, sem conseguirem falar de tanto rirem, dobrados de riso. Só no carro é que consegui, e a muito custo, que explicassem. Riam e eu ouvi 'capacete' e logo os dois se partiam a rir e depois 'menina' e logo se partiam a rir. E depois 'bolada' e riam. E eu: 'Não estou a perceber. Deram uma bolada numa menina? Ou num capacete?'. Nova risota. Olhavam um para o outro e desatavam a rir à gargalhada. Finalmente, quase sem se perceber o que diziam: 'As duas coisas'. Risota. Por fim: 'Uma menina com um capacete' e risota, risota, risota redobrada. Mais: 'A menina nem percebeu o que aconteceu' e quase choravam a rir. E o meu marido 'Ah, então deve ter sido por isso que vi um gajo todo furioso. Devia ser o pai.'. Acabei também eu a rir. Fazer o quê: zangar-me a posteriori...? Já não surtiria qualquer efeito. O meu marido abana a cabeça, encolhe os ombros.

Enfim.

De lá fomos para o parque e foi mais uma futebolada. Jogam bem. 

Depois fomos comer caracóis e eles também pregos. Às oito fomos levá-los a casa. O meu marido disse: 'Os gajos não se cansam'. Depois ele ainda foi à empresa e só depois é que viemos para cá. Noite avançada. O que sei é que, depois de me instalar, adormeci. Ainda tentei que não mas não resisti.

Fiz várias fotografias, algumas delas na praia, e até estou curiosa para ver como ficaram aqueles caranguejos que estavam na areia mas, muito sinceramente, agora não tenho pingo de energia para ir buscar a máquina. Nem energia, outra vez, para responder a comentários. Pingo.

A ver se este domingo recarrego baterias. E se consigo escrever sem ser como nestes últimos dias, às milhentas da noite. 


E agora, com vossa licença, vou pregar para outra freguesia, esperando ter sonhos espirituosos, virtuosos e jubilosos. Mas, para que o vosso tempo por aqui não seja dado por completamente perdido, deixo-vos um vídeo que não tem pitada a ver com nada.

E as imagens com que tentei alindar o texto mostram pinturas de Antônio Henrique Amaral e o que é as bananas ou o que seja têm a ver com o que estive a descrever também é coisa que não estou preparada para explicar. E a música (as bem dispostas Salut Salon com "Wettstreit zu viert") também é muito bem capaz de estar aqui deslocada. Mas tudo bem alinhadinho também é coisa que, neste contexto, me pareceria abusivo. Portanto adiante e passemos ao vídeo: numa escala de 1 a 10, quão sexy você é?

[Antes de ver o vídeo responda por si. Se não souber bem, ponha-se o espelho, olhe-se de través e avalie o seu nível de quentura]

100 People Tell Us How Hot They Are



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E a todos um bom dia de domingo