Com os parabéns aos acertadores -- atribuindo o segundo lugar ao Francisco (e não o 1º porque não respondeu a uma e aqui quer-se rigor) e o terceiro com menção honrosa à JV (que só acertou em duas mas acrescentou graça às respostas) aqui ficam as soluções.
Faço notar que a minha filha diz que eu achar um piadão a isto é preocupante, diz mesmo que acha que é uma ganda nóia. Mas eu também acho graça a isto que ela diz. Portanto, nada a fazer pelo que, assim sendo, passo às soluções:
1. Porque é que colocaram uma cama elástica no Polo Norte?
E vá, para não ficarem stressados, a refilar que um post destes não está com nada, sugiro que aprendam a descontrair com os monges tibetanos, reproduzindo estes exercícios em casa.
Recebi da minha filha, por sms, as adivinhas que aqui partilho convosco. Quando vinha no carro liguei-lhe e atendeu o menino mais crescido. Tinha uma adivinha para me contar. Fartei-me de rir. E, para que vejam o estado em que está a minha memória recente, já me esqueci. Só me lembro que era sobre uma Maria que caíu do balouço, e porquê? Porque não tinha braços. Só que isso era o intróito para o resto da piada e é disso que não me lembro. A sorte é que as da minha filha estão por escrito senão também já eram.
O meu marido quando assiste aos meus constantes despistanços com coisas deste género -- parece que incapaz de fixar ou entender-me com estas pequenas coisas do dia-a-dia -- diz que se calhar só tenho cabeça para coisas complicadas ou altos problemas do trabalho. Já o meu sogro uma vez em que eu não atinava com uma qualquer banalidade do carro e incapaz de perceber as explicações técnicas que me davam, disse: tão inteligente para as coisas difíceis e com esta dificuldade para as coisas simples.
E é capaz de ser verdade: ver-me por minha conta, sem alguém que me guie por entre sítios banais, a ter que tomar decisões de nada sobre temas da treta, é qualquer coisa que me enche de insegurança. Por exemplo: ir sozinha apanhar um avião. Detesto. Tenho medo de não dar com a porta de embarque, tenho medo de apanhar o avião errado. Tudo coisas improváveis ou impossíveis mas, na hora, confesso, pinta esse medo. Pior: sozinha a fazer escala num aeroporto dos grandes, Bruxelas, por exemplo. Vontade de ir fazer compras, receio de me distrair e não dar pelas horas, depois de não dar com a porta, depois, já no destino, medo de não aparecer a mala e de não saber, ali, o que fazer para tratar do seu resgate.
Está certo que isto pode não ser do mais banal que há mas foi o exemplo que me ocorreu. Mas aconteceu-me uma coisa também terrível quando fui sozinha ao ikea. Não havia lugar no parque de estacionamento do costume, fui pô-lo no parque em frente. No regresso, já tinha anoitecido, não dava com o carro. Corri tudo e não o encontrava. Fiquei desnorteada, incapaz de saber o que fazer. Ali, naquele fim de mundo, apeada, sem perceber como poderiam ter-me roubado o carro dum lugar daqueles. Então fiz o de sempre: liguei ao meu marido, assarapantada. Já corri tudo, ando aqui às voltas e nem sombra do carro. Faço o quê? E o meu marido: E tens a certeza que foi aí que o deixaste? Quando ia afirmar, peremptória, que sim, vacilei: 'Acho que sim... Acho que só há este sítio...' E ele: 'Não, isso tem andares. Pensa lá bem. Vê lá por onde é que entraste.'. Vacilei de novo. Olhei para a entrada e percebi que não estava no mesmo piso por onde tinha entrado. Procurei as escadas. Fui para o outro piso. Procurei. Lá estava ele. Como sempre, senti-me a mais esparvoada das criaturas.
Mas pronto, isto para dizer que tinha mais uma adivinha mas que me esqueci. Mas as que tenho já são em bom número e são boas.
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Já vos contei daquela vez que fomos ver o Baryshnikov ao CCB e tenho ideia que estavamos num camarote, eu, a minha filha, uma amiga, provavelmente também a filha dela. Não me lembro se também a cunhada dela e, se calhar, também a minha. Não me recordo bem de toda a gente que tinha ido nesse dia, não me lembro senão dos barulhos que, de repente, a barriga dessa minha amiga começou a fazer. Ela, em surdina, atrapalhada, só dizia: 'Mas já viram isto...?' e eu só me lembro de ter uma vontade danada de rir. Lá em baixo, Mikhail voava, elegante, gracioso, pássaro alado -- e nós perdidas de riso, com a barriga dela às voltas. Acontece.
Quanto às adivinhas não sou eu que vou dedurar. Quem quiser que adivinhe que eu estou que não posso. Só adormeço enquanto escrevo e, ao contrário do que tinha pensado, vou ter que madrugar porque os afazeres prévios são tantos que, se não me levanto quando o galo canta, já se me ensarilha toda a jornada.
Tinha avisado: alvorei. Ainda era madrugada quando desarvorei. Foi, pois, ainda de noite, parte da viagem. Ninguém merece. Tive um dia do esbeleleu. Estou incapaz de pegar num gato pelo rabo -- coisa a que, mesmo que estivesse transbordante de energia, não me arriscaria. E, como moral da história, apenas consigo concluir que é uma pena não haver feriados tão cedo.
Mas, às tantas, no meio de coisas sérias, arranjei maneira de espreitar -- e, juro, não consegui deixar de rir de gosto com a pergunta da erudita JV:
Será um pato que sofre de antipatia?? Já que se está a tornar expert em adivinhas e coisas do género, pedia-lhe então que me elucidasse quanto à seguinte questão, que me está a dar a volta à cabeça: se um pato gostar de patos, mas não de patas, poderá ser um pato antipática?
Claro que logo, logo, tive que fechar o semblante e fazer de conta que tinha acabado de ler um mail muito importante mas, por dentro, tenho andado divertida com esta do pato bicha, antipática.
E agora, com muita pena por não conseguir contrapor um outro trocadilho, limito-me a perguntar à JV: a menina dança?
É que, se dança, tem aqui um par à altura.
Thanks, JV, pelo bom humor que enxertou no meu dia.
Serrei tanto, podei tanto, fiz voar lá para baixo tanto tronco e ramo que, se esta segunda-feira me conseguir mexer, será milagre. Às tantas já estava tão cheia de calor que despi a camisola e fiquei apenas com o top de alcinhas. O que me valeu foi que o meu marido andava noutra empreitada e não me viu; senão teria dito o que sempre me diz quando me vê assim: que pareço de leste. E hoje ainda mais o terei parecido, a atirar bem mais do que um simples martelo.
Só no fim, quando me viu, é que se aborreceu, diz que estarei cheia de arranhões, que não aprendo. Nos braços e costas ainda não dei por eles. Agora nas mãos é que é uma desgraça. Não encontrei as luvas. Ele diz que estão lá, no sítio do costume. Não vi mas, se calhar, não me esforcei. Não gosto de trabalhar de luvas.
Não interessa.
Chegámos de noite mas ainda fui comer um gelado. Tinha gasto tantas calorias que achei que me poderia desforrar: duas bolas, frutos vermelhos e gianduja. Ele não quis, estava mal disposto com o resultado do jogo. Além disso, tenho ideia que acha que comer gelado numa noite gelada é coisa de gente maluca. Na volta é mas não quero saber. Parte do prazer de ser domingo é o gelado bom que como ao fim do dia. Nem sempre posso mas como fomos aos meus pais no sábado de manhã, no domingo pudemos vir direitos a casa.
E depois foi a azáfama dos domingos à noite: arrumar roupas, fazer uma máquina de roupa, fazer sopa, arrumar a valise e escolher a toiletteporque a abalada é pela madrugada e não haverá um segundo a perder, fazer pagamentos, etc.
É, pois, bem tarde e ainda tenho coisas para fazer mas, aqui num little break, deixem que vos pergunte aquela dos patos que não gostam de outros patos. Só posso dizer que, depois de se saber a resposta, é mais uma daquelas que parece óbvia.
Depois a ver se ainda cá volto para vos mostrar uma coisa e para responder a comentários. Os mails terão que esperar porque, quando a manta do tempo é curta, ou os pés ou os mails ou os comentários têm que ficar de fora.
Bem podem vir dizer-me que estas adivinhas têm barbas. Que é como quem diz: são velhas, são do tempo em que as galinhas tinham dentes. Só que, não tenho culpa, eu não sou desse tempo, não conheci. Sou deste tempo. Jovem. Pelo menos, de cabeça. Nem me ensinaram na escola. Nem foi coisa que me tivesse sido transmitida pela tradição oral. Acresce que não sou boa de anedotas ou adivinhas. Não registo. Até admito que sejam tão universais como 'branco é, galinha o pôs' ou 'qual é a coisa, qual é ela que entra em casa e se põe à janela'. Pode ser. Pode até ser prova de desmiolice ou ignorância aguda. Pois que seja. Que hei-de eu fazer?
Por isso, por via das dúvidas, agora que a menininha me contou a dos patos e a das omeletas de chocolate e que as meninas mais crescidas não quiseram ficar-se atrás e contaram outras, registo-as aqui para ficarem pro memória.
Mas como sou mesmo despassarada, confesso, ontem à noite só registei a dos tubarões. Mas a minha filha já me relembrou outras duas. Uma é esta, a do ponto verde. Desatei-me a rir. Ela até se admirou. Mas é isto. Que hei-de eu fazer se estas coisas me fazem rir? É isto e a perspectiva de uma nêspera em cima da cama -- uma nêspera estava na cama, deitada, muito calada, a ver o que acontecia. Dá-me vontade de rir e, claro, apesar de não me auto-ver como uma velha, não me faria rogada a, zás, comê-la.
E, agora, por nêspera. Há um quadro, agora não me lembro de qual (este aqui ao lado é outro), com um macaco vestido. Tínhamos ido ver uma exposição e o meu filho, que teria uns quatro ou cinco anos, olhou e disse: 'Olha! Uma nêspera.' Ficámos muito admirados. 'Uma nêspera? Onde é que está a nêspera?' e ele apontou para o macaco e disse, com toda a naturalidade: 'Ali'. Eu e a minha filha rebentámos a rir. A partir daí, quando víamos um macaco dizíamos que era uma nêspera. E é a coisas malucas assim que eu não resisto: farto-me de rir.
Mas, portanto, voltando à cold cow:
O que vem, então, a ser um ponto verde no canto de uma sala?
E uma sugestão a quem achar que este meu pobre ponto verde também tem umas longas, brancas e provectas barbas, sugiro que faça o favor de deixar na caixinha dos comentários algumas adivinhas novinhas em folha. Agradecida.
Eu não digo. Têm que ser vocês a adivinhar. Pronto.
Vá, sou boazinha. Ajudo. Uma ajudinha. Uma dicazinha:
O tubarão diz à tubaroa: tu b....
PS: Tive a casa cheia, cheiinha. Toda a gente gostou do buffet. Pizzas de forno de lenha entregues em casa (salmão, manjericão, frango, chèvre e noz, presunto e alcachofras, espinhafres e bacon), caixas de sushi levantadas no restaurante, camarão comprado já cozido, e, feito por mim: rosbife, bifinhos de porco grelhados, arroz de forno. Uvas sem grainha. Tarte de framboesas. Areias. Gomas variadas cobertas de chocolate. Toda a gente comeu que se fartou que é o que eu gosto de ver. E cantou-se. Até o bebé já canta. Brilha, brilha, céu, brilha, brilha, céu. Acho que foi a tia que lhe ensinou a da estrelinha. Penso porque também a ouvi a cantar. A menos que estivesse simplesmente a acompanhar o sobrinho.
E as meninas grandes não quiseram ficar atrás da menininha linda e puseram-se também a contar adivinhas. Como sou cabeça de alho chocho, só fixei a do tubarão. Só que hoje não facilito, hoje não dou a resposta.
E depois de se irem, andámos a limpar e a arrumar e depois, mal chegámos aos nossos sofás, adormecemos. Um dia mais do que muito preenchido e muito bom. Não tenho nunca de que me queixar, apenas tenho a agradecer. Gosto tanto de ter a casa assim a transbordar, gente feliz, brincalhona, descontraída.
E o que vale é que estamos a entrar no fim de semana. Tão bom. Um dos meninos estava a brincar, todo feliz da vida, a atirar o beyblade (penso que se chama assim a um brinquedo que parece um pião) e, às tantas, disse: 'quem me dera que já fosse segunda-feira'. As meninas crescidas que o ouviram protestaram logo e eu também, 'vira essa boca para lá!', mas ele manteve-se na dele. Fico contente. Revela que gosta da escola. Parece não ligar patavina ao que aprende nas aulas, dá ideia que não há lá nada para aprender, é super desprendido, adora é o desporto, é enérgico, mas, até ver e um pouco para surpresa geral, tem sempre muito boas notas a tudo.
O dia, como ontem avisei, foi mais repleto que um ovo. Mas não foi ovinho de codorniz ou ovito da franganita. Não senhor. Foi um big ovo. Ovo de avestruz. Talvez até de dinossauro. De dinossaura new age. E mais que ser big, foi intenso. O chamado ovo intenso.
No fim, alguém me veio perguntar como tinham corrido as coisas. Não quis dar conversa. Encolhi os ombros e disse que achava que sim. Disse-me ele: Está nas suas mãos.
Não lhe disse mas pensei que nunca tanto na minha vida como hoje tinha sentido que, de facto, está nas minhas mãos. Totalmente nas minhas mãos. Uma sensação um bocado estranha. Não posso contar com mais ninguém do que comigo nas decisões, nas orientações. No fim haverá decisão colegial mas sobre o caminho que eu, de minha lavra, tiver traçado. Mas sei lá eu qual o melhor caminho? Posso até saber qual o melhor caminho em geral, mas sei lá qual o melhor caminho para mim? Não sei pensar quando faço parte da equação. Só sei ir em frente, desbravando, fazendo o caminho, sem saber se tenho pernas e braços para a empreitada.
Seja como for, a verdade é que acho que o carro foi posto em marcha e agora para a frente é que é caminho.
Mas como parece que na minha vida nada é em pequena dose, ao mesmo tempo aparece-me mais um caminho, um segundo, num outro contexto, num outro lugar, e pedem-me que o desbrave. E dizem-me: damos-lhe os melhores para a ajudarem na caminhada. E eu sinto-me pequena face à dimensão do que me pedem por um lado e do que, por outro, eu quero fazer.
E talvez porque seja muita intensidade e muito ovo, uma verdadeira omeleta de cenas, a verdade é que hoje, pouco depois de aqui estar, adormeci.
Esta sexta-feira é outro dia especial mas por outras razões e vai começar cedo e, palpita-me, vai ser outro dia dos bem preenchidos. Aqui no meio das sonecas, vou tentando organizar a logística do dia mas porque, enquanto acordo e adormeço, tenho a Clara Ferreira Alves, catastrofista e superior, a falar alto demais -- o que perturba o meu fim do dia -- não estou a conseguir concluir se devo ir ao supermercado à abertura e depois vir a casa depositar os víveres ou se devo tentar vir mais cedo à tarde. E agora que escrevo isto reparo que o Eixo do Mal fez um step in e ocupou o espaço da Quadratura do Círculo que se desbaldou para a TVI e que vai ter o ubíquo Marcelo a abrilhantar a vernissage. Na próxima, para equilibrar, tê-lo-emos ao colo dos paineleiros do Mal. Baralhar e dar de novo.
O vídeo que mostraram no fim do Eixo a ilustrar a cavalice dos juízes que julgam os casos de violação suspeitando da conduta das vítimas é que vi com atenção e foi bom. De resto, tenho para mim que não perdi grande coisa. Para ser bom, tinham que dar banho à Clara a ver se ela larga aquela peneirice aguda que a torna intragável. E isto ela, porque os outros não me assistem.
Antes de começar a escrever isto, e nos intervalos de cair morta de sono, tinha estado a ver mais uma exorbitante e extraordinária intervenção de Bercow, o meu Speaker preferido. Fala bem, ele. No meio do histrionismo e da graça, ele fala bem, frases inteligentes e boas de ouvir. Aqueles ingleses estão marados, perdidos da cabeça, autênticos bifes a andarem à volta do rabo. Aquele parlamento é um carnaval gerido por um Bercow que dá um baile de dar gosto.
Quando aqui me sentei, pus a box para trás para ver aquela maluqueira da Rede no final do noticiário das oito na SIC, aquela cena doida de uma varrida que se desmultiplicou em perfis falsos, enredando meio mundo em histórias inventadas. No fim, viu-se o vulto da criatura a falar com a Conceição Lino: quarenta e tal anos, divorciada, com filhos, professora do ensino básico. Era, então, a tal que se fazia de Sofia (e de irmã e mãe de Sofia e de amiga e de sei lá quem mais) -- Sofia essa que, afinal, era Cláudia que não sabia de nada do que se passava. A dita criatura gastava centenas de euros em telefonemas para simular que era várias, telefones distintos, fingindo vozes diferentes. Coisa assustadora. Gente doida dá com os outros em doidos. Nem sei o que pensar de uma coisa destas. O que move gente assim? O prazer de enganar os outros? São doentes a precisar de internamento?
Pelos vistos o juíz resolveu a coisa condenando-a a indemnizar os queixosos numas centenas de euros.
E agora vou dar três pontos no arraiolos antes de cair de vez para ver se consigo ir para a cama a pé.
E, na despedida, duas adivinhas que a minha menininha mais linda me contou no outro dia:
1. O que é que um pato diz a outro pato?
2. Como é que se faz uma omeleta de chocolate?
E, antes de ir, mais um cheirinho de Bercow, o actor principal da comédia que dá pelo nome de Brexit
[Respostas: 1 - Estamos empatados 2 - Com ovos da Páscoa]