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sábado, março 29, 2025

Outra confissão: ando a consumir canábis

 

Com o sol, o caracol põe os pauzinhos ao sol. E eu, que não tenho pauzinhos (pelo menos que saiba), faço outra coisa: tiro a roupa. Fui buscar o fato de banho, o chapéu de palha e dois livros. E acomodei-me na espreguiçadeira. E pensei: a felicidade pode ser isto.

Os livros são 'Os níveis da vida' de Julian Barnes, um escritor muito do meu agrado e 'Conversas com escritores' de Isabel Lucas. Interessantes. Fotografei-os e alimentei o feed do Instagram (entre outros feeds e outras stories que produzi... Ah o maravilhoso mundo do Insta, tudo tão instantâneo, tão easy...)

Não obstante o interesse dos livros, por momentos deixei descair o chapéu para cobrir parte da cara e deixei que o sono me tomasse nos braços. Estou em crer que coisa na base da rapidinha. Mas soube-me lindamente. Depois retomei a leitura, e com mais gosto.

Ao meu lado, o cão, também feliz. Depois de chuva e frio e vento, eis que a benfazeja primavera nos visita e nos puxa para fora de casa.

Devo ainda acrescentar uma outra informação. Agora que tenho Instagram, informo-me e desinformo-me a uma velocidade estonteante, quase como se ingerisse bebidas alcoólicas sob a forma de shots, naturalmente bebidos de penalti. E uma das coisas que me aparece recorrentemente é como é bom o óleo de rosa mosqueta. Já antes tinha sabido disso em vídeos brasileiros. Como no outro dia fui ao supermercado, fui à procura. E encontrei. Ao lado, vi outros óleos, entre os quais o de canábis. Apesar de desconhecer as respectivas virtudes, resolvi trazer também. Pensei: deve acalmar a pele. Não que andasse com a pele enervada... mas aumentar a calma é bom, até para a pele -- pensei.

E, claro está, mal chegou a altura de aplicar um creme no rosto, misturei-lhe umas quantas gotas de óleo de canábis e lá vai disto. Não gostei especialmente do cheiro. Mas, misturado com o creme, deixou de se sentir.

E no dia seguinte voltei a pôr. E gostei. Mas, às tantas, pensei: 'Mas será que aquilo se pode misturar com um creme qualquer? E será que não se destina a outro fim que não o que lhe estou a dar? E será que a dose é à balda?'. Ocorreu-me: imagine-se que é para pôr diluído em qualquer coisa num ambientador... Então resolvi ir investigar no ChatGPT.

Começou por me dizer que não contém THC (a substância psicoativa da maconha). Fiquei um bocado espantada. É que não me tinha ocorrido que pudesse ter. Havia de ter graça pôr aquilo na cara e ficar in the sky with diamonds. Mas não. Tranquilo. E afinal é coisa mesmo com virtudes.

✅ Hidratação intensa, sem deixar a pele oleosa.

✅ Rico em antioxidantes (vitamina E, ômega 3 e 6), ajudando a combater rugas e flacidez.

✅ Estimula a produção de colágeno, melhorando a firmeza da pele.

✅ Ação anti-inflamatória, ideal para peles sensíveis ou com rosácea.

✅ Equilibra a oleosidade da pele, ótimo para quem tem tendência a acne mesmo na maturidade.

Claro que recomenda que se aplique antes no pulso para testar eventuais alergias. Nunca o faço pelo que desta vez ainda menos pois já andava a aplicá-lo, sem quaisquer complicações. E estava a aplicar correctamente. Ainda não vi efeitos nenhuns mas, na volta, é como em tudo o que se refere à beleza: o que interessa é o interior.

Mas, portanto, agora já não posso dizer que nunca tive qualquer contacto com o canábis. Nesse particular, perdi a virgindade.

Isto já para não falar do que inalo -- e não é pouco -- quando passeio na Costa, em especial ao fim do dia, em especial ao fim de semana, em especial em frente de algumas esplanadas. Não há maresia que lhe faça frente, tanta a concentração...

Mas, pronto, é isto. Viva a primavera. E vai mudar a hora que é outra mais-valia. Portanto, vendo bem, viva mas é a vida.

sábado, janeiro 25, 2025

Fujo do resto para coisas mais assim.
Por exemplo: Fernanda Torres - faz muita coisa e, pelos vistos, tudo bem.
E, com sorte, ainda vem um Oscar a caminho
- E, para além disso, segundo aqui se diz, também uma boa pele

 

Continuo ocupadíssima. É assim que gosto de estar. Gosto de fazer coisas que nunca fiz antes, gosto de aprender a fazer. De forma geral, gosto de aprender por mim e, espero que percebam que o que vou dizer é fruto da minha sinceridade e não da minha imodéstia: é que acho que aprendo depressa e não tenho muita paciência para as formações ministradas por outros, step by step, demoradas e repetitivas. E, quando estou neste processo, entusiasmo-me e, imoderada como sou, ponho o pé na tábua, acelero e é de sol a sol. 

Claro que não será totalmente assim pois há as caminhadas, as lidas da casa, as conversas, seja por telefone seja por mensagem, há tudo o resto que faz parte da vida. Mas, no resto do tempo, estou atirada ao que agora me mobiliza e de que, um dia destes, vos contarei.

Claro que, sendo isto tudo novo para mim, de vez em quando tropeço. Mas como tenho impresso nas minhas células aquela velha máxima de que para a frente é que é caminho, reajusto-me, corrijo, refaço, e bola para a frente.

Claro que, com isto, não tenho grande disponibilidade e, sobretudo, disposição para me pôr a falar da delirante pinderiquice de um deputado larápio ou, sobretudo, muito, muito, muito menos, da desordem mundial  a que provavelmente estamos a assistir. Ainda por cima faltam-me bases para poder perceber se é normal, de vez em quando, o mundo desatar aos soluços ou aos coices e mandar a ordem às malvas, colocando tudo num caldeirão em que a insensatez, a ganância, a malvadez, a arrogância, o medo, o ódio, o disparate, tudo, tudo se mistura sem se saber o que, no fim, se aproveitará. Mas, na minha ignorância e com o meu optimismo, custa-me muito ficar assustada e pessimista a achar que nos aproximamos a passos largos do fim dos tempos. Quero acreditar que desta caldeirada meio infecta a que assistimos haverá de nascer uma nova ordem, mais harmoniosa, mais generosa, mais inclusiva, bondosa, mais influenciada pela ciência e para verdade.

Mas, portanto, chego a esta hora e, antes de voltar à minha vida, passo os olhos pelas notícias ou espreito a televisão. Por exemplo, neste momento vejo e ouço um programa (Em Casa d'Amália) conduzido por um tipo muito castiço, o José Gonçalez, que pode não ter um jeito por aí além para apresentar programas de televisão (ou para se vestir) mas que leva gente incrível para cantar. Tenho conhecido ou revisto cantores fantásticos, tenho visto malta nova a cantar maravilhosamente, muitas vezes ali meio à desgarrada. Por exemplo, neste mesmo momento está o Luís Trigacheiro, maravilhoso Trigacheiro, a cantar a Chamateia em conjunto com o que creio que se chama Tiago Nogueira dos Quatro e Meia. Que momento lindo.

Mas, ao mesmo tempo vou espreitando vídeos e hoje vou partilhar um que não tem nada a ver com nada disto mas que sabe bem, aligeira, põe as ralações para lá.

Fernanda Torres conta os segredos de sua pele | Superbonita

Os cuidados com a pele ganharam um novo nome nestas duas décadas: é a rotina de skincare, alavancada pelas influencers do mundo digital. Os tutoriais de maquiagem também criaram uma nova cultura no universo da beleza e a pele negra foi valorizada. Isso sem falar em todos os modismos e cores de make! Todos estes assuntos são abordados por Taís Araújo, que revisita os arquivos do SuperBonita ao lado de Fernanda Torres.

Um bom fim de semana

terça-feira, novembro 05, 2024

Terra maravilhosa
- E receita de arroz de feijão com picadinho e quiche de frango e espinafres --

 


Choveu que deus a deu. Mal deu para sair de casa. Ao fim do dia, então, foi torrencial. O maluco do cão andava sabe-se lá por onde. O meu marido chamou por ele e nada. Mas com o barulho da chuva, estando ele longe, dificilmente ouviria. Passado um bocado apareceu. Escorria. Um pinto.

De tarde, estávamos na sala, sentados no sofá que dá para a rua. O meu marido, então, exclamou: 'Olha ali, um esquilo.' Mas, com a chuva e sem saber exactamente onde, não vi. Passado um bocado o meu marido viu outra vez. Andava nos cedros. O meu marido acha que eram dois.

Pouco depois, vi um vulto a dar um grande salto na pedra grande aqui ao pé da porta. Levantei-me para tentar confirmar mas já não o vi. 

Por debaixo dos pinheiros há pinhas roídas como nunca vi. Tantas, tantas. Ou andam esfomeados ou são vários. 

Mas talvez ainda mais extraordinário são os novos cogumelos. 

Nascem todos os dias. O meu marido levanta-se cedo e vai apanhá-los. Com a Lens do Google temos visto que vários são venenosos e, por isso, não vá o cão algum dia sentir algum interesse, é melhor não os ter por aí. Claro que o meu marido já anda saturado pois apanha baldes e baldes deles. A curiosidade é que, embora ainda haja dos marrons e brancos, agora aparecem amarelos, cor de laranja, cor de coral. 

E são vibrantes, brilhantes, aparatosos. Lindos. Estes aqui acima bem como o último, lá mais abaixo, já tinham sido arrancados pelo meu marido. Fotografei-os antes de serem levados.

Como é que da terra brota tal quantidade e variedade de seres extraordinários? O que há no subsolo para estas maravilhosas criaturas lá serem geradas desta maneira, tão perfeitas, tão coloridas?





Ando à chuva, a ver tudo isto, a fotografar, encantada com os pequenos filamentos de musgo, as inocentes folhinhas verdes, os líquenes, os pauzinhos, tudo. 

Tirando isso, fiz um arroz de feijão com picadinho para o almoço.

Fiz assim. No outro dia tinha comprado igual quantidade de carne limpa de vaca e outro tanto de porco, tendo pedido no talho para picar 1 vez. Foi para fazer hambúrgueres recheados de queijo para os meninos. Mas era carne a mais e, por isso, não usei toda e congelei o que não usei.

Hoje, numa frigideira coloquei um pouco de azeite, uma cebola picada, uns 3 ou 4 dentes de alho, salsa picada, 1 folha de louro. Quando alourou um pouco, juntei um tomate aos bocados, uma mini, e a carne, entretanto descongelada. Temperei com um pouco de sal e um pouco, mesmo pouco, de açafrão-das-índias. 

Entretanto, para outro fim, tinha a cozer, 2 peitos de frango do campo.

Quando o frango estava cosido, deitei o caldo no tacho do arroz. No conjunto, a olho, calculei que o caldo que estava no tacho deveria ser o equivalente a 2 copos. Juntei, então, 1 copo de arroz. Já sabem que uso geralmente o basmati. Acho mais saboroso e mais fiável.

Quando o arroz estava quase, juntei 1 frasco inteiro de feijão encarnado cozido com caldo e tudo (mas quase não tem caldo). Este foi do Lidl. É bom. Misturei.

Quando o arroz estava cozinhado, desliguei. Coloquei um fio de azeite e deitei umas esguinchadelas de vinagre. E, com um garfo, misturei ao de leve. Ficou a apurar. Ficou bom (modéstia à parte).

Claro que sobrou mas é da maneira que esta terça-feira não preciso de cozinhar. Até porque, para o jantar, fiz quiche de frango e espinafres e sobrou bastante.

Esta fiz assim.

Liguei o forno no máximo. Tinha comprado uma embalagem de massa quebrada já estendida. Untei uma forma com azeite e orégãos. Forrei-a com a massa. Piquei e levei ao forno, colocando o formo em 180º.

Entretanto, desfiei os peitos de frango. Numa frigideira, coloquei um pouco de azeite, uma cebola grande às rodelas e fritei-a ao de leve. Juntei, então, uma embalagem inteira de espinafres folha baby e volteei-os com um pouco de sal. Com o lume baixo, coloquei uma tampa, apenas para não irem inteiramente crus ara a tarde. Mas tive-os lá coisa de uns cinco minutos, se calhar nem tanto.

Num copo misturador, juntei 4 ovos inteiros, um pacote de natas light, umas pedrinhas de sal e também uns pós de perlimpimpim de curcuma (coisa que dizem que é super saudável). Bati, mas não é preciso muito, 1 minuto chega.

Tirei então do forno a forma com a massa já um pouco cozinhada. Coloquei o conteúdo da frigideira, depois o frango desfiado e, a seguir, os ovos com as natas. Tapei com queijo ralado, 1 embalagem. Polvilhei com orégãos e coloquei um fio de azeite.

Foi ao forno a 180º. Cerca de 30 minutos.

Boa. Comemo-la ainda quentinha e acompanhámos com salada.

Sobrou, claro. Com sorte, entre a quiche e o picadinho, com salada à mistura, ainda sobra alguma coisa para quarta-feira...

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Lá em cima Dinah Washington interpreta What Difference A Day Makes

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Desejo-vos uma bela terça-feira

Boa sorte para todos

[E, claro, que ganhe a Kamala Harris]

quinta-feira, agosto 22, 2024

Bom demais para ser verdade.
Correcção: bons demais para serem de verdade

 

Podia estar a falar do Barack Obama. E estaria correcto. Bom demais para ser verdade. Ou da dupla Barack e Michelle Obama. Também estaria certo. São bons demais para serem de verdade. 

Do que vi e ouvi das suas intervenções naquela magnífica arena só posso dizer que tudo aquilo foi extraordinário. Na verdade, naquelas pessoas, independentemente do alto gabarito, do dom de palavra, da visão, da fantástica capacidade de análise e de síntese, há a intuição para o momento certo, para o gesto certo, para a pausa certa, para o olhar certo. São aquilo a que na gíria se chama 'animais de palco' mas animais de palco com conteúdo (e um bom conteúdo). Magnífico. Em cima (ou ao serviço) do génio dos oradores há uma vertente de grande espectáculo, de grande escala, de grande profissionalismo em tudo aquilo. Há pouco, o Luís Paixão Martins falava na preparação milimétrica, na cuidada realização, nada deixado ao acaso. 

Mas este post não é sobre os Obama. Ando cansada, sem tempo e com muito sono. Não dá para temas que requerem alguma reflexão. Por isso, indo à boleia da silly season, confesso: quando digo que são todos bons refiro-me ao Brad Pitt (claro, tinha que ser, é o melhor dos melhores) e ao George Clooney. Fazem uma dupla que é qualquer coisa. Nem imagino como é que uma mulher normal fica se der de caras com estes dois. Mas, lá está, até bastaria um. Brad Pitt. Se eu me visse frente a frente com ele, como reagiria? Acho que ficava bloqueada. Com receio de fazer uma figurinha miserável, haveria de ficar congelada. Mas, mesmo assim, não me importava nada.

Naquelas perguntas parvas: se fosse para uma ilha deserta, o que levaria consigo? acham que eu ia levar o Ulisses? Ia, ia... Só se fosse parva... Partindo do princípio que não poderia levar um deles em pessoa, levava era este vídeo. 

Brad Pitt & George Clooney's GQ Cover Shoot | Behind The Scenes

Brad Pitt and George Clooney are GQ's September cover stars. The iconic Ocean's duo are back, this time roaming through the rolling hills of the South of France.


E tenham um belo dia

segunda-feira, agosto 19, 2024

Pelos seus olhos, muitas mulheres se derretiam. Mas não eram apenas os olhos, era o olhar. E não era apenas o olhar, era tudo.
. Muitas caíram-lhe nos braços e só a custo conseguiram libertar-se.
Depois veio o AVC e perdeu a vontade de viver. Os filhos dividiram-se. Queria morrer, o mundo já não lhe interessava, a vida que tinha já não lhe era querida.
Aqui dizendo tudo: Je n'aime que toi

 

Há um livro extraordinário. O Leopardo. Tem personagens fabulosos. Não sei se Alain Delon é o mais carismático. Mas é o mais bonito. 

Foi ele que disse aquela frase de que tantas vezes me lembro, com vontade de contrariá-la. É preciso que tudo mude para que tudo permaneça na mesma.

Muitas vezes parece que há quem faça de tudo para que nada se altere atirando poeira para os olhos dos saloios (e não somos todos uns saloios?) para que pensemos que estão a ser desenvolvidos esforços para mudar as coisas. 


Lembro-me do Alain Delon em vários filmes. Uns olhos lindos. Aqui, um tour d'horizon sobre a sua careira.

Alain Delon: a look back at the actor's prolific career

Alain Delon, the celebrated actor who starred in a string of classics such as Plein Soleil, Le Samouraï and Rocco and His Brothers, has died aged 88. Identified with French cinema’s resurgence in the 1960s, Delon lent his beautifully chiselled features to parts that included cops, hitmen and romantic leads, working for some of the country’s greatest directors 
 
 French screen star Alain Delon dies aged 88 
 Mesmeric and beautiful, Alain Delon was one of cinema’s most mysterious stars

Em 2029 teve um AVC e tudo mudou. Quando uma vez o vi, lembrei-me do meu pai que, quando percebeu que não voltaria à vida que tinha antes, dizia que queria morrer. Alain Delon também o dizia. 

Antes do AVC fez este trabalho onde lê um poema.

Alain Delon - Je n'aime que toi 


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Uma boa semana a todos

quarta-feira, agosto 07, 2024

JO 2024 -- the very best

 

Não tenho seguido com atenção tudo o que tem dado. Ando sempre noutra. Mas, porque às vezes parece que há um qualquer ser oculto que me bafeja e me coloca no trilho do mau caminho, vi a prova em que um homem do outro mundo ganhou, um deus a atravessar as águas e, no fim, a sair delas, vitorioso, glorioso, e vi-o a subir ao pódio, emocionado, lindinho de fazer qualquer uma (ou um) cair para o lado.

Mede quase dois metros e tem uns olhos verdes que, uma vez mais, são para tirar qualquer uma (ou um) do sério.

Fui conferir a idade só para garantir que o rapaz não tem idade para ser meu neto. Ufff... Não. Já tem 23. Portanto, já tem boa idade para aqui figurar como o melhor dos melhores destes JO que se têm destacado em muitas coisas. 

Deviam fazer dele uma estátua. É lindo, lindo.

Thomas Ceccon








Queria aqui colocar um vídeo com a sua prova de costas ou com a sua conferência de imprensa (ao falar, obviamente em italiano, consegue a proeza de ficar ainda mais sexy) mas não estou a conseguir inserir vídeos. Portanto, aqui fica estático, bom para ser contemplado.

[Claro que este post, se fosse escrito por um homem sobre uma atleta, seria machista. Assim, se calhar é feminista. E ser feminista é bom por várias razões e também por mais esta.]

quarta-feira, junho 26, 2024

Borboletas, flores, pedrinhas, brilhozinhos

 

Sempre fui muito dada a trabalhos manuais como bordados, tricots, crochets. Escrever é apenas uma outra forma de ter as mãos ocupadas enquanto a cabeça vagueia. Quando vejo algumas artes que impliquem trabalho de mãos (se calhar todas implicam...) tenho sempre vontade de experimentar. O problema é que fico viciada, desato a produzir em larga escala e depois não tenho o que fazer às coisas.

Já pensei algumas vezes em meter-me nessas coisas dos instagrams e pôr as coisas que faço à venda, nem que seja só para perceber a adesão. Mas como não quero vender à candonga e não me estou a ver a meter-me em trapalhadas de registar actividade nas Finanças, a passar facturas, etc (senão, às tantas, ainda teria que ter contabilidade organizada), não faço nada. E, não querendo continuar a encher a cave de coisas, fico-me pela contemplação e pela imaginação.

Isto que hoje partilho é o tipo de coisa que me daria um gozo brutal a fazer, desde a procura de materiais à concepção, à execução. Mas, já viram, onde é que eu ia depois colocar quadros, caixas, jarrões? 

Uma pena.

Mas vejam. Eu acho uma maravilha, uma graça. 

Creating Masterpieces for Steve Jobs, Bill Gates and The Pope

South Korea, Yangpyeong-gun. Mother-of-pearl art with Kim Young-Jun and Gabe Sin - embark on a journey as they revive the ancient Korean art of Najeonchilgi. Kim, a former financier turned master craftsman, has created intricate mother-of-pearl masterpieces for icons like Steve Jobs, Bill Gates, and even designed a chair for the Pope. Alongside him is Gabe Sin, a visionary hairstylist who draws inspiration from these timeless designs, integrating them into elaborate creations showcased on the cover of Vogue. Discover how Kim and Gabe are redefining Korean art for the modern world, blending heritage with innovation in mesmerizing ways.


Dias felizes

quarta-feira, abril 03, 2024

E que tal se portou o Rangel na tomada de posse, agora que o puseram em ministro?
(A bem dizer é a única coisa sore a qual tenho verdadeira curiosidade)

 


Sei que o Montenegro tomou posse mas não acompanhei. Também não tive curiosidade de repescar. A única coisa que tenho pena de não ter visto é a carinha do Rangel. Ainda assim não é pena que me leve a ir pesquisar.

Quanto ao Marcelo também já desaderi. Depois de tudo o que ele fez, comecei por descurtir e acabei nisto: desaderida. Já não consigo levar a sério ou sequer dar o benefício da dúvida e, note-se, culpa dele que se deu ao luxo de queimar, um a um, todos os cartuxos que eu -- e creio que a maioria dos portugueses -- esperavam que ele cuidasse para usar criteriosa e responsavelmente quando necessário. Afinal, pelo mero gosto de se ver sempre na crista da onda do foguetório, dinamitou tudo. E reincidentemente.

Comigo já não conta. Já sei demais para o seu (seu, dele) peditório. Não é que isso lhe interesse mas aqui fica dito. 

Portanto, o que ele disse ou deixou de dizer ao menino que levou ao colo até torná-lo primeiro-ministro a mim não me interessa.

Gostava que o Governo fizesse coisas boas e capazes, com propósito, inteligentes, com visão e a bem de Portugal (e, tenho que repetir, a bem também dos Portugueses). Tenho algumas dúvidas dados os little craniozinhos de alguns dos artistas de que se rodeou. Mas, para já, como antes aqui o disse, a bem da Nação, umas vezes sim, outras vezes não, cá estarei para me pronunciar.

De resto, embora o tempo não tenha estado famoso, a beleza do lugar que aqui vos trago faz com que tudo o resto sejam irrelevantes alcagoitas.

Agora estou um pouco fatigada pelo que não me alongo. Até porque estou out das novidades. 

Quando, no telemóvel, acciono o google aparecem-me notícias que me levam a crer que o algoritmo acha que sou débil mental. E não digo que, de alguma forma, não seja. Em vez de vir para aqui falar de cenas, ponho-me para a desfiar contracenas ou lá o que é. Se calhar por isso, o dito algoritmo acha que deve informar-me que alguém prevê, à base de astros, que a Cristina Ferreira ainda pode casar-se e voltar a ser mãe. Vá lá que é isto e não que vai voltar a fazer a primeira-comunhão ou que se vai armar em princesinha da Disney com o Goucha a levá-la ao colo, todo cheio de epifanias e outras alegorias. Já não digo nada. Ou isso, ou que a Inês Aires Pereira já mora numa casa nova e tem um amigo especial. Claro que o tipo (o tipo, leia-se 'o algoritmo') deveria perceber que isso não é exactamente a minha praia mas, na volta, fui eu que num dia de alucinação carreguei numa qualquer cruz escondida ou que, em vez de desaderir, como fiz com o Marcelo, ainda ali mantenho tal literatura.

Agora, para ver se me informava sobre temas que me parecem interessantes, estive a ler um artigo. Mas não é tema para aqui, iam logo dizer que estou mas é depré - sem quererem perceber que gosto de me inteirar dos avanços da ciência. Paciência, curto os meus estudos à socapa. Portanto, segue o baile. 

E se, entretanto, o Sarmento -- que deveria ser o mauzão da fita e o fiel da balança --, mostrar que eu tive razão ao notar que falta ali aquele je ne sais quoi sem o qual o menino vai patinar à força toda ou que o artista das privatizações mal feitas está outra vez armado em bom a fazer porcaria, só vos peço que me avisem, ok?

E agora mostro alguns postalitos ilustrados que fiz hoje para, sobre eles, vos escrever esta simples cartinha.


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Uma boa quarta-feira

Saúde. Boa disposição. Paz.

terça-feira, março 05, 2024

Em dia de ida a dois médicos, algumas conclusões
(e, a despropósito, pessoas que não existem e outras cenas de AI que são de um outro mundo)

 


Devido àquela bizarra situação que fez com que activassem o protocolo dos enfartes, chamassem o INEM, me enfiassem numa ambulância que me levou para as Urgências, lá chegada me tivessem levado, de cadeira de rodas, para a Reanimação e me tivessem feito lá estar até ao princípio da tarde do dia seguinte, agora uma vez por ano tenho que ir ao Cardiologista.

Era para ser no fim do ano passado. No fim do verão liguei para marcar a consulta (num hospital privado). Como afinal a escassez de médicos parece ser geral e não apenas no SNS, só consegui consulta para hoje. 

Entretanto, estando reformados e querendo começar a ir ao médico de família, depois de uma primeira consulta creio que no fim do verão e tendo ele mandado fazer alguns exames, tentámos marcar consulta para o fim do ano. Debalde. Fomos tentando. Debalde. Até que, finalmente, lá nos ligaram a propr uma data. Ora bem. Qual data? Pois. Justamente, também hoje. Com duas horas de intervalo e vários quilómetros e muito trânsito de permeio. 

Ou seja, cheguei a uma das consultas à tangente. Aliás, um pouco atrasada.

Primeira conclusão

Na sala de espera do Centro de Saúde, no espaço da Saúde Infantil, todas as crianças que vi, todas, eram filhas de imigrantes. Várias. 

Uma alegria. Já que os portugueses de gema não se reproduzem, ainda bem que os imigrantes o fazem. Só desejo que sejam felizes por cá, que por cá fiquem, que por cá trabalhem, que por cá efectuem os seus descontos. 

Portugal só tem a ganhar com esta situação.

Segunda conclusão

O carro tinha ficado estacionado no parque de uma superfície comercial. Quando lá fomos buscá-lo assistimos a uma grande confusão, muitos gritos, muito barulho, grande correria. Um rapaz tinha sido agarrado pelos Seguranças, gritava como um capado, e, ao correr tinha derrubado várias pessoas e várias coisas. O rapaz era português. Ou seja, se houve aqui um episódio que deixa as pessoas inseguras, ele não causado por nenhum migrante.

Terceira conclusão

O trânsito das cidades continua intenso e para quem, como eu, vive geralmente afastada da confusão, isto já fere, e muito, a minha qualidade de vida. A sociedade, no seu conjunto, deveria zelar por retirar stress ao movimento nas cidades. Mais transportes públicos, muito mais teletrabalho, horários mais desencontrados, quiçá horários mais leves... Muito deve ser feito para retirar trânsito e confusão das ruas. Ainda por cima, apanhei um grande acidente, muitos carros completamente espatifados, polícias. E, noutro ponto, muito trânsito resultante de um outro acidente. É o resultado do stress, tantos acidentes. 

E não continuo com as conclusões porque ou paro já ou continuo até amanhã de manhã

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E, para além disso, continuo às voltas com os temas burocráticos em torno de cenas que deveriam ser simples mas que, para mim, são chinês em estado puro. Volta e meia concedo-me uma pausa nestas coisas pois parece que fico bloqueada. Mas vou ter que voltar a tratar disto. 

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E aqui chegada acho que devo partilhar um vídeo do Guardian que me põe doida, que me faz apetecer hibernar, que me dá volta ao miolo.

How AI creators cement outdated beauty standards

Images created by AI are getting exponentially better, to the point where many people are unable to separate them from the real thing.

As this technology continues to develop, challenges to our perception of what is real are immense, and our trust in what we are seeing is eroded. These fake people are already changing industries such as modelling and marketing, but can they offer a more diverse reflection of humanity than has historically been available - or are they destined to reflect the narrow standards of beauty these industries have long been drawn to?


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Sobre a fotografia lá acima, em minha opinião, muitto linda, retirada do GuardianA photograph by Melbourne artist Atong Atem, ‘Adut and Bigoa, 2015’ which will show at the NGV as part of a local component of Africa Fashion, an exhibit travelling to Australia from London’s V&A. Photograph: Courtesy Mars Gallery, Melbourne

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Um dia feliz

Saúde. Leveza. Paz.

segunda-feira, fevereiro 19, 2024

Envelhecer

 

Quando vou ao google no telemóvel, aparece-me uma série de notícias. Não sei qual o critério de selecção e temo que o facto de eu carregar em algumas para as ler leve a inteligência artificial que rege o funcionamento de tudo isto a pensar que é disto que gosto.

E, no entanto, não é bem gostar, é mais cusquice. Por exemplo, apareceu-me que a Lili Caneças explicou a sua ausência de um qualquer programa pois sujeitou-se a uma cirurgia estética ao pescoço, intervenção essa mais complexa do que esperava pois obrigou a uma recuperação de um mês. Já fez várias e diz que, quando reaparecer, as pessoas verão o produto da transformação. E eu interrogo-me: o que leva uma mulher à beira de fazer 80 anos a sujeitar-se a processos destes, não isentos de riscos, certamente com dor e incómodo associados? Para quê? Para não parecer ter a idade que tem? Mas porquê? Não é bom ter quase 80 anos? 

Também a Cinha Jardim, de vez em quando, é intervencionada. E o resultado está à vista: a pele está esticada, a boca perdeu a lógica e quase apenas a reconhecemos pelo cabelo e pela voz. Ela deve achar que está melhor. Eu acho que está estranha, artificializada.

Falei de dois casos mas é frequente ouvirmos as pessoas, em especial as que andam pela televisão, a dizerem que já se sujeitaram a liftings, a injecção do próprio sangue, a esfoliações e tratamentos locais com vitaminas, que o botox é normal e recorrente e outras coisas que tais.

Há casos dramáticos em que as pessoas ficam disformes, patéticas. Para não falar de outros casos da nossa televisão, posso referir a Madonna. Uma coisa é ter o corpo ginasticado pois os seus espectáculos vivem muito da performance física mas o que ela tem feito ao rosto é quase inexplicável: para contrariar a força da gravidade, ela sobe e insufla as maçãs do rosto. Mas tantas vezes o deve fazer que os olhos já subjazem ao fundo de uns promontórios desprovidos de sentido. Depois insufla os lábios e, para retirar vestígios do código de barras, preenche-se com botox para além da conta. O resultado a mim parece-me para além de duvidoso mas, como isto é muito subjectivo, tenho que admitir que, se ela o faz, é porque gosta de se ver e que posso ser eu que não estou a captar a essência dos novos conceitos de beleza. 

Tenho lido que eliminar os vestígios da idade acaba, com alguma frequência, por tornar-se viciante e, às tantas, é isso que acontece, acabando por ficarem apagado tudo o que era distintivo da fisionomia inicial.

E isto, note-se, nem tem a ver apenas com mulheres pois parece que é prática igualmente comum entre homens.

A mim nunca me deu vontade de fazer nada. Não é apenas o medo de que a recuperação seja longa e dolorosa ou o medo de que, ao ver-me, me assustasse: é também a sensação de que eu, eu, de verdade, poderia desaparecer tornando-me uma desconhecida para mim própria.

Quando me vejo ao espelho e verifico como a erosão vai fazendo os seus estragos não me ocorre que poderia corrigi-los, ocorre-me, isso sim, que o melhor é não me deter muito espelho e, sobretudo, não me ver nem de perto nem com excesso de luz.

Os dois vídeos abaixo mostram duas mulheres muito belas. 

A Juliette Binoche 'ainda' vai pelos 59 e o vídeo que aqui partilho já tem 9 anos. Ou seja, tinha 50. Mas a idade já era tema.

Já a Carole Bouquet tem 66 e no vídeo teria uns 64. Do que aqui ouço, tem uma abordagem semelhante à minha: olhar de longe ou sem óculos ou só de vez em quando.

Somos o que somos, como somos. E tomara que, por dentro, tudo esteja tão bem e tão funcional como está por fora. E não me refiro à alma: refiro-me, mesmo, às vísceras e a toda a traquitana que temos dentro de nós. E quem não gosta que não coma (salvo seja, claro).




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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira

Saúde. Alegria. Paz.

sexta-feira, outubro 06, 2023

Tostas saborosas em família e um belo, belíssimo, Animaris Rex
Never gonna be alone

 


O dia foi dos bons. Um dia feriado é dia de férias e é bom ter o pessoal todo cá em casa. Almoçaram, descansaram, foram jogar padel, foram dar um mergulho. Depois, de volta a casa, todos os homens fecharam-se na sala de televisão para verem o futebol sem interrupções do sector feminino ou do cão. Mesmo os benfiquistas se solidarizaram com os sportinguistas e permaneceram na sala.

Portanto, o lanche foi dividido entre o que levei para os que estavam fechados e para as meninas que aproveitaram o sol e o ar livre.

Tinha trazido dois pães de forma de Rio Maior que fatiei, um de chia e mais qualquer coisa e um pão rústico, tudo fatiado no supermercado. Não aproveitei as fatias que se partiram ou enrolaram umas nas outras. 

As duas grelhas do forno já não são suficientes para as tostas. Enquanto o pão está no forno, vou tostando mais fatias na torradeira.

Fiz de três tipos. Como todos gostam muito, partilho convosco pois podem querer aproveitar a ideia.

1 - Levo umas fatias ao forno. Quando já estão a alourar, tiro-as e pincelo-as com um pouco de azeite com alecrim. Vão de novo para o forno. Depois de lourinhas, retiro-as. Tiro o alecrim pois já lá deixou o sabor (e não vão eles embirrar com as folhitas secas; se fosse para mim, deixava ficar). Ponho uma fatia de queijo em cada tosta (no caso, era Terra Nostra). Vai ao forno outra vez, para amolecer. Quando está praticamente derretido, tiro do forno, ponho uma fatia finíssima de presunto em cima. Antes de servir, passo por cima, muito ao de leve, uma brisa invisível de azeite e uns quantos subtis orégãos.

Dios pratos, dos grandes, destas.

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2 - Já contei mas, para ficar aqui, repito. Num copo misturador ponho dois tomates de rama, grandes e bem maduros. Ponho um pouco de sal e um pouco de orégãos. Com a varinha mágica, moo muito bem. Depois de moído, junto um fio de azeite enquanto continuo a bater com a varinha, o que faz engrossar. Esta emulsão é muito boa e saudável.

Tiro mais um tabuleiro de tostas do forno e, com uma colher, ponho uma boa quantidade desta emulsão em cada tosta. Por cima de cada, ponho uma fatia de salmão fumado. Em algumas ponho, ainda, um apontamento de queijo mozarella de búfala. Noutras, polvilho um pequeno nada de alface ou de cenoura ralada. Por cima, o mesmo sopro invisível de azeite e uns salpicos de orégãos.

2 pratos destas

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3 - Os restantes 2 pratos são parecidos mas apenas com a emulsão de tomate, umas fatias bem generosas de mozarella de búfala. Em algumas salpico, por graça, com uns discretos toppings de salmão fumado.

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Desaparece tudo, num ápice.

Uns acompanham com bongos, outros com iogurtes líquidos magros, outros com minis.

A seguir, uvas.

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Um pormenor relativo ao almoço. A pedido de várias famílias, tudo o que é doce ou engordativo deve ser banido. Portanto, para sobremesa, fiz assim: para uma taça grande de vidro, cortei aos bocadinhos dióspiros bem maduros, pêssegos maduros e doces, maçãs, muitas uvas inteiras e sem grainha. Depois deitei lá para dentro um iogurte magro de frutos vermelhos e seis embalagens de gelatina sem açúcar acrescentado, de pêssego e manga. Envolvi tudo e coloquei no frigorífico até ser servido. Ficou muito agradável. Gostaram. As crianças assim comem bastante fruta, sem protestarem

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E, para terminar, um momento maravilhoso. A perícia de Theo Jansen é surpreendente pois alia a inteligência da técnica à leveza da poesia.

Animaris Rex

Since the beginning of this summer I have been trying to connect several running units (Ordissen) in succession. Animaris Rex is a herd of beach animals whose specimens hold each other as defense against storms. As individuals they would simply blow over, but as a group the chance of surviving a storm would be greater. It is 18 meters long (5 meters longer than the largest Tyrannosaurus Rex found.)

Theo Jansen


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Lá em cima, obra de Oliver Marinkoski

Jacob Collier - Never Gonna Be Alone (feat. Lizzy McAlpine & John Mayer)

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Desejo-vos uma feliz sexta-feira
Saúde. Harmonia. Paz.

terça-feira, julho 18, 2023

Cuecas de reserva e cebolas no saco de mão, entre outros apetrechos extraordinários, só para se perceber a pinta de Miriam Margolyes, capa da Vogue Britânica.
Mas quando ela se senta a ler, por exemplo uma troca de cartas entre Henry Miller e Anaïs Nin, a gente faz silêncio para não perder pitada

 

Aos poucos, os conceitos de beleza vão-se abrindo à normalidade. É que o normal, nas pessoas, não é a perfeição. Mulheres extremamente belas, extremamente elegantes, eternamente jovens, é daquelas coisas que, já toda a gente sabe, só se consegue com muita artificialidade e sacrifício à mistura.

A Vogue, que desde sempre, promoveu a elegância, o requinte, a perfeição, a harmonia inequívoca, aos poucos vai abrindo as portas ao mundo. Há algum tempo não passava pela cabeça de ninguém ver um vídeo Vogue com uma mulher de 82 anos, gorda, lésbica, desbocada.

E, no entanto, hoje, ao abrir o youtube, cá estava Miriam Margolyes. 

Não apenas foi capa da Vogue Britânica como agora nos mostra o que tem dentro da sua carteira. Tudo um pouco inusitado mas, talvez por isso, bem divertido. Na sessão fotográfica mostrou-se como não passava pela cabeça de ninguém e, no vídeo da bolsa, saca de lá de tudo um pouco, desde umas cuecas de tipo gola alta, uma cebola crua para dar umas dentadas de vez em quando, e outras bizarrias.

E que não se pense que Miriam é apenas uma gorda excêntrica, sem papas na língua. Pode ser tudo isso mas é também uma maravilhosa diseur. Ou melhor, diseuse. A sua dicção, os seus compassos de silêncio, o ambiente que a voz traz às palavras que lê, tudo a torna especial. 

Lá mais abaixo um vídeo delicioso em que ela e Clarke Peters lêem uma troca de cartas entre Henry Miller e Anaïs Nin. Cartas de amor são cartas de amor, é certo. Mas quando ao amor se junta o desejo e quando ao amor e desejo se junta o descaramento e quando a tudo isso se junta o gosto pelas palavras aí a mistura fica maravilhosamente explosiva. E a malícia que transpira não apenas das palavras mas também das expressões de ambos tornam o vídeo um momento de rara suculência.

Longa vida a Miriam Margolyes e a todos os que têm prazer na vida.





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Um dia bom

Saúde. Boa disposição. Paz. 

terça-feira, junho 20, 2023

Uma casa extraordinária. Parece um ser vivo. Parece um fóssil. É pura beleza.

 

Por aqui há casas bonitas, umas de arquitectura tradicional e, cada vez mais, casas de traça moderna, linear, grandes planos de vidro.

Sempre gostei muito de casas e, como tenho dito sobejamente, sou muito sensível a uma boa arquitectura. 

Era jovem e já comprava revistas de arquitectura e de decoração. Há quem veja a decoração como uma arte menor. E pode ser. Mas quando a arquitectura e a decoração andam de mãos juntas e se compreendem e complementam é arte e da boa.

Esta é a quarta casa em que vivo (em ambiente urbano) e nunca tivemos vontade de construir uma casa de raiz. Não será opção fácil de explicar mas sempre foi uma decisão muito clara. Não sei bem qual a motivação do meu marido, em especial ele, mas a minha deve ter a ver com a humildade que sinto de que poderíamos falhar. Assim, só tivémos que escolher o produto acabado. 

Mas sempre procurámos casas especiais. Tinham que ter luz, ser amplas (ou dar essa ideia), tinham que estar bem situadas, num lugar agradável. 

A primeira casa era no cimo de uma torre, com janelas para vários lados, permitindo uma visão extraordinária sobre as cidades, sobre as serras, sobre o rio.

A segunda era normal. Tinha apenas a característica de ser central, ao lado de um jardim, no meio de todas as comodidades, incluindo as escolas dos miúdos.

A terceira era fantástica. O construtor chorou no dia da escritura. Era a sua casa. Mas divorciou-se e a nova mulher não quis lá ficar. Tinha uma vista maravilhosa, era central, tinha jardins ao pé, tinha uma luz que entrava por todas as janelas, era ampla.

E depois, quando nada nem ninguém (muito menos nós) julgaria que voltaríamos a mudar de casa, mudámos. 

Se fossem as pessoas da família ligadas ao sector ou se fossem ideias minhas, leiga, ou se fossem materiais escolhidos por mim não seria melhor que esta casa. Não estou a dizer que é majestosa, extraordinária, espectacular. Não, nada disso. É simples, maneira, equilibrada. Tem recantos. Tem espaços. Tem muita luz. Não é grande de mais. É tudo o que eu sempre quis. 

No entanto, quando por aqui caminhamos, vou vendo estas casas novas que são recticulares, grandes, com tanto vidro (ou mais) que betão. 

Vê-se muitas vezes o interior a partir do exterior. 

Por vezes, vejo os sites das imobiliárias só para ver as casas. Não para comprar. Apenas para ver. Há decorações elegantes, arejadas, inteligentes. E depois há outras meio atravancadas, móveis escuros, sofás de pele escura, tapetes escuros, muita tralha, candeeiros muito arrebicados. Só de ver as fotografias penso que as pessoas devem sentir-se deprimidas lá dentro. 

isto da internet tem coisas. Dantes comprava revistas. Agora vejo vídeos. E o meu amigo algoritmo do YouTube tem sempre coisa especial para mostrar.

A casa de hoje é qualquer coisa do além. Nunca tinha visto coisa assim. Creio que eu não queria viver numa casa assim. parece-me imponente demais para uma alma simples como eu. Mas é extraordinária, extraordinária.

Não deixem de ver pois uma casa assim acontece poucas vezes na vida de uma pessoa.

Inside a Breathtaking Desert Mansion That Looks Like A Fossil 

| Unique Spaces | Architectural Digest

Hoje, no Architectural Digest, visitamos Joshua Tree, na Califórnia, para conhecer a imponente Kellogg Doolittle Residence. A sensacional construção foi projetada pelo arquiteto orgânico Kendrick Bangs Kellogg e pelo seu protegido John Vugrin na década de 1980, levando mais de 20 anos para ser concluída. À primeira vista, você seria perdoado por pensar que esta propriedade era uma criatura viva; a magnífica estrutura parece esquelética com 26 peças de betão fundido espalhadas em forma de vértebras. Uma obra de arte por si só, não é de admirar que este espaço único seja considerado uma das maiores obras-primas da Kellogg.


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Um dia feliz
Saúde. Elegância. Beleza. Paz.

sexta-feira, junho 16, 2023

Para terminar um dia quente, quente... o mar azul, os peixes, os pássaros... uma lufada de ar fresco

 

Os meus últimos tempos têm sido de trabalho intenso. Já aqui contei que tenho uma característica: dou-me mal com o tédio. Se tenho pouco que fazer, parece que não consigo fazer nada. Se tenho muito que fazer em muito pouco tempo aí, sim, fico com a pica toda.

Trabalhar horas a fio, até às tantas da noite, trabalhar até ficar cansada, isso, sim, é a minha praia. É uma coisa estúpida? Ah pois é, então não é? Claro que é. Mas é o que é.

Com isto trabalhei ontem até depois das três da manhã. E estava com vontade de continuar. Fui para a cama com uma espertina danada, só adormeci de manhã.

Depois tive um dia ocupado e, quando finalmente, tive oportunidade de recomeçar a função, adormeci pesadamente.

Uma vida sem ordem. Mas, caraças, muito motivada. 

Agora estou aqui a dar contas à minha vida e a pensar que, para tentar recuperar, deveria agarrar-me ao trabalho e, em vez disso, estou aqui a ver se acordo.

E esteve tanto calor... padeço imenso com o calor. 

Fomos passear à praia ao fim da tarde mas ainda estava muito calor.

E, falando em calor, anuncia-se para daqui a dias um calor tórrido.

Ora é isto que, infelizmente, nos espera. Um inferno.

O deserto e as chamas a avançarem, a água a escassear, as populações a migrarem. Um inferno.

Preocupa-me imenso isto das alterações climáticas. Gostava de ver o país a ser florestado, gostava de ver o tema da água muito bem agarrado. Sei que muito se está a fazer mas penso que deveria vir para a ribalta, ser falado, mostrado, discutido. Em vez de se andar a ocupar o espaço e o tempo com chachadas era importante que se debatessem os temas relevantes.

Quando estou em espaços públicos a presenciar conversas, ouço disparates atrás de disparates. Mesmo pessoas que se julgaria estarem minimamente preparadas dizem com cada disparate que é de uma pessoa se atirar para debaixo da mesa. Tanta rede social, tanta comunicação social da treta que dá nisto: as pessoas mal informadas e desfocadas do que é essencial.

Ontem, do que vi da entrevista com o Ministro da Economia, Costa Silva, fiquei espantada com a quantidade de projectos relevantíssimos em curso. De nada disto se ouve falar. Mas, é verdade, Filo, a seguir não se organizam debates para comentar o que foi dito. E seria importante e interessantíssimo que se juntassem empresários, investigadores, professores, gestores, e em conjunto debatessem os avanços científicos e tecnológicos, os investimentos. Seria relevantíssimo que a população estivesse ao corrente do que se faz, se sentisse motivada a fazer mais e melhor.

Mas não. 

Aposta-se é na estupidificação massiva. 

Claro que, a propósito de coisas estúpidas, há bocado, apanhámos o fim da audição do Pedro Nuno Santos. 

Uma paródia, uma chachada, uma barracada. O que é aquilo? Perguntas parvas, atrás de perguntas parvas. Sete ou oito horas de perguntas e perguntas e perguntas. Não sei como é que os inquiridos se aguentam. Tenho ideia de que, se fosse comigo, às tantas me levantava e dizia: "Tenho mais que fazer. Vão dar banho ao cão. E, entretanto cresçam e apareçam. Chiça."

Já não faço ideia do que é que se quer apurar ali mas, seja o que for, se durasse uma semana, devia ser mais do que suficiente para fazer perguntas aos que teriam alguma coisa a dizer. Mas não. Cada um arvora-se em pide de aviário e pergunta, interroga, contra-interroga, volta a interrogar. E depois vem outro e faz o mesmo. Mil vezes a mesma irrelevante pergunta. Mil vezes o mesmo ar de suspeição, de censura, de prepotência. Uma tortura. Não se aguenta. Cerca de oito horas de interrogatório a cada desgraçado. Ontem tinha sido outro, já demitido, e ainda sim, interrogado, esmifrado, seviciado até à exaustão.

Anda aquela gente, aqueles que teoricamente deveriam ser os nossos representantes na Assembleia da República, a ganhar um ordenado pago com dinheiros públicos para ali andarem a dar aquele triste espectáculo. 

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Mas não são horas para perder mais tempo com o que não interessa. 

Prefiro mergulhar no azul. 

Mar. Peixes. Peixões. Pássaros. Passarões. Passarinhos lindos.

Muita beleza

Fish Vs Bird | 4KUHD | Blue Planet II | BBC Earth


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As fotografias, lindas de tão minimalistas, são respectivamente de Jose Marques Lopes, Pete Chapman, Elisabeth Brecher e AKittinan Googlegog. Podem ser vistas aqui.

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Dias felizes
Saúde. Boa sorte. Paz.

sábado, junho 10, 2023

Uma estrela

 

Não é Chanel quem quer. Tem que se merecer, merecer muito. A lista de nomes que têm sido escolhido ao longo dos anos ilustra bem o que é ser 'Chanel'.

E se, este ano, Timothée Chalamet saltou para rosto Bleu de Chanel, aqui percebe-se bem porquê. 

Shadow & Light interview 

— BLEU DE CHANEL

terça-feira, junho 06, 2023

Mulher Vida Liberdade
A beleza e a coragem de Mahlagha Jaberi

 


Na passadeira vermelha de Cannes, Mahlagha Jaberi chamou a atenção com o seu modelo que fala por si. 

Desta forma elegante, Mahlagha Jaberi não deixou ninguém indiferente não apenas pela sua beleza como pelo sugestivo vestido que alude à violência sobre as mulheres iranianas que têm pago com a vida as manifestações da sua liberdade. O decote profundo em corda amarrada no pescoço como as condenadas à morte não pode deixar ninguém indiferente.

[Artigo completo: La robe «pendue» du top Mahlagha Jaberi sur le tapis rouge de Cannes, pour protester contre le sort des femmes en Iran]

sexta-feira, março 03, 2023

A beleza e a serenidade que se respira no Palazzo Doria Pamphilj, um palácio italiano do Sec XVI, e a tranquila modernidade de Isabella Ducrot



 

As belas cores italianas feitas de sol, de terra, de mar, de sinais do tempo nas coisas estão ali muito  presentes. Há uma harmonia antiga que nos cativa.

Muitas pessoas associam as coisas antigas a mausoléus, a móveis 'de estilo', escuros, sofás de pele escura ou veludos soturnos, tapetes em tons bordeaux escuros, pinturas sombrias com molduras de madeira escura, casas mal iluminadas em que o sol, se entrar, não tem onde se reflectir. 

Há ainda quem preencha todo o espaço com móveis, sofás e traquitanas de toda a espécie não deixando espaço de circulação. Ou quem, em contrapartida, deixe espaços vazios, não como um espaço de luz e respiração mas como prova acabada de abandono ou de falta de inspiração.

Em qualquer dos casos, os espaços serão inóspitos, pouco acolhedores, pouco felizes.

Claro que, falando assim, tenho que pensar nas pessoas que têm casas pequenas porque não conseguem pagar maiores e que, portanto, não têm como pensar em decoração quando as primeiras necessidades são as que falam mais alto. Ou nas que mobilaram a casa de uma maneira e agora não têm meios para a renovar. Ou, ainda mais, claro, as pessoas que não têm casa.

Mas sempre haverá quem passe por situações que não lhes permita fazer aquilo que tanto gostaria de fazer. 

E, aliás, estou em crer que mesmo para pessoas que gostavam mas não têm como viver em casas organizadas e decoradas de outra maneira, ver casas bonitas pode ser um bálsamo, uma escape, uma porta para o sonho, um pretexto para imaginar outros voos.

O que Isabella Ducrot (nascida em 1931 em Nápoles e agora a viver e trabalhar em Roma) aqui nos mostra é, a meus olhos, extraordinário. Há conforto, há luz, há modernidade, há antiguidade, há uma sã convivência entre tudo, talvez favorecida pela luz clara e serena que a envolve.

E a maneira como ela trabalha, o despojamento, a leveza e harmonia das formas e das cores, o prazer das texturas, do toque, a dimensão arrojada, tudo nela é surpreendente e, ao mesmo tempo, reconfortante (digamos assim). 

E já nem falo nos seus 92 anos. Noventa e dois. Senhores, como é bela e jovem e serena esta mulher.

De novo, lamento que o vídeo não tenha legendas em português. Mas o italiano de Isabella é pausado e aberto, percebe-se bem e é muito saboroso. E, para quem não perceba, lá estão a legendas em inglês.

Touring A 16th-Century Italian Palace: Isabella Ducrot’s Private Art Collection | Visitors’ Book

The World of Interiors presents Visitors’ Book with Isabella Ducrot at Palazzo Doria Pamphilj in Rome, Italy. Step inside Isabella’s beautiful 16th-century apartment situated above the prestigious Doria-Pamphilj gallery, as we explore her private art collection.

Together with her late husband, Vittorio Ducrot, Isabella has collected an array of art that reflects their intimate travels — from Giaquinto’s Madonna to a number of Indian miniature paintings. “Our collection of Indian miniatures is the fruit of our travels to India, where we went every year for sixty years.” Watch the full episode of Visitors’ Book as we explore Isabella Ducrot’s slice of the Palazzo Doria Pamphilj in Rome. 


Um dia bom
Saúde. Serenidade. Paz.

segunda-feira, fevereiro 27, 2023

Do êxtase ao wifi

Hedy Lamarr

 

Ao desafio abaixo lançado -- Qual a cientista mais bela e mais improvável de sempre? -- apenas o João respondeu e, honra lhe seja feita, foi uma entrada directa para bingo.

Temos todos em nós vários preconceitos. Ninguém lhes escapa.

Um deles é que uma mulher bonita dificilmente é muito inteligente. Dá ideia que a malta pensa que, no momento da criação, há um número limitado de atributos positivos para distribuir. Ou bem que vão para a beleza física ou bem que vão para os neurónios.

Simetricamente, há o preconceito de que as inteligentes pouco devem à beleza. 

Claro que isto se aplica a ambos os sexos mas, reconheçamos, maioritariamente às mulheres.

Inclusivamente a coisa refina a nível de vocações. Não sou de ciúmes mas devo referir que, quando andei tomada de amores por um candidato a engenheiro, não me preocupava nem um bocadinho com os retiros em trabalhos de grupo com as colegas de quem ele era muito amigo pois tinha a ideia que as engenheiras eram, por definição, feias, mal jeitosas, pouco femininas. 

Mesmo a nível profissional voltei a encontrar esse absurdo preconceito: para os meus colegas homens as engenheiras eram o que se sabia. Giras, giras, para eles, eram as advogadas. 

Disparates.

Nem beleza nem inteligência são cartão de identidade ou cartão de visita nem esses ou quaisquer outros atributos são exclusivos de grupos pois são características individuais não passíveis de generalizações.

Mas se estes preconceitos subsistem até aos dias de hoje, imagine-se há quase um século.

Se era bela, voluptuosa, sensual, então jamais poderia ser cientista, inventora.

De Hedy Lamarr disse o realizador Max Reinhardt, em 1930, que era a mais bela mulher do mundo. 

Diz-se que as suas feições perfeitas, a tez de veludo, os olhos grandes e claros e os lábios bem definidos serviram de inspiração para a Branca de Neve e para a Cat Woman. 

Não cantava nem dançava mas isso não a impediu de deslumbrar no cinema, claro. 

Hedy Lamarr no primeiro nu integral do cinema 


Hedy Lamarr na primeira cena de orgasmo em cinema, também no filme Êxtase

Presos à sua beleza, à sua desinibição e ao erotismo que se desprendia dos seus movimentos e expressões,  ninguém prestou muita atenção à sua invulgar inteligência, um QI próximo do de Einstein.

Quando chegava a casa, a sua mente, que fervilhava, dedicava-se a encontrar soluções tecnológicas para alguns dos maiores problemas da altura: os que se relacionavam com a guerra que atormentava o mundo.

Traduzo (às três pancadas, com o google translator como acelerador): 

Dos estúdios de Hollywood à invenção do wifi, o destino incomum da estrela Hedy Lamarr

Quando os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial após o ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, a atriz resolveu que haveria de inventar uma arma capaz de fazer vencer a guerra ao seu país adotivo. Ela lembrava-se das conversas do ex-marido. Sabe que os mísseis da Marinha dos EUA são facilmente rastreados pelos U-Booote alemães porque eles comunicam-se com o expedidor por meio de uma onda de rádio. Com a ajuda de seu amigo, o compositor vanguardista George Antheil, Hedy imaginou mísseis equipados com outro sistema de transmissão de dados, onde apenas o míssil e seu remetente saberiam a série de frequências utilizadas. Para os U-boote, essas mudanças pareceriam aleatórias, tornando-se-lhes impossível acompanharem o progresso das máquinas americanas. Hedy Lamarr e George Antheil conceptualizam assim um princípio de transmissão fundamental em telecomunicações: a dispersão de espectro por salto de frequência.

O exército aceita receber a dupla de acrobatas, mas não os leva a sério... Bem, pelo menos não antes da crise dos mísseis cubanos em 1962! A partir da década de 1980, a sua invenção permitiu o desenvolvimento do GPS, Wi-Fi e Bluetooth. Quando Antheil morreu em 1959, Hedy Lamarr permaneceu sozinha, cercada pelo prestígio de sua criação. Em 1997, aos 83 anos, recebeu o prémio Electronic Frontier Foundation. Hoje, a encarnação da venenosa Dalila no inesquecível filme de Cecil B. DeMille tornou-se a madona fatal dos geeks. E a santa mãe do wi-fi.

Em vídeo em francês 


Em vídeo, em língua inglesa:


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