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domingo, fevereiro 26, 2017

Paulo Núncio assume responsabilidade política naquilo de esconder as transferências para milhares de milhões de euros para offshores e demite-se não faço ideia de que cargos.
Ora responsabilidade política não sei bem o que é isso: implica o CDS? Implica a ministra de quem dependia, a sonsésima de rabo peladésimo Marilu? Implica o chefe do Governo onde se inseria, o desgraçador-mor do reino, o mal afamado láparo? E serve de quê demitir-se de alguma treta qualquer num partido que não vale um caracol e cuja líder, a madame Cristas da coxa grossa, foi armar-se em queixinhas-totó junto do Presidente da República?

Pergunto. Pergunto porque não sei mesmo o exacto significado de tão sonso acto.


Do Núncio nunca ninguém com dois dedos de testa pensou que valesse uma casca de caracol ao serviço do País. Do seu passado e liaisons só nos vinham indícios que mandava a prudência que andássemos de olho nele.

E os indícios continuaram enquanto Secretário de Estado no desGoverno PSD&CDS. Com a escola toda aprendida enquanto serviu clientes que o procuravam para que ele os ajudasse a fazer optimização fiscal,  a depender, no Governo, de uma outra que também nunca mostrou ser de fiar e, no partido, a depender de um outro que cuidado com ele, este Núncio era peça que se prestava a ser o peão de brega da tourada que foi a gestão financeira do Governo de Passos Coelho.


Leia-se o que José Simões, o certeiro autor do Der Terrorist, escreve em 'Só estou a ler jornais' ou em 'Por falar em "Claustrofobia democrática"' para melhor perceber de que bela peça se trata, este Paulo Núncio.


Leia-se também o que 'O Jumento' tem publicado sobre Núncio para melhor se conhecer o figurão -- um cagãozinho de meia tigela sempre a sacudir a água do capote para cima dos funcionários dos serviços que tutelava (felizmente agora, em boa hora, entalado pelo valente Azevedo Pereira).


Sem grande escapatória, Núncio, agora, assume a responsabilidade política pela barracada que veio a lume. 

Mas eu pergunto-me: que raio significa isso? Que vai pintar a cara de preto? Pôr orelhas de burro? O quê, em concreto?
Facilitou a vida a uns quantos a troco de quê? Isso é que era bom que explicasse.

Enquanto carregavam sem dó nem piedade sobre os fracos, fechou os olhos aos milhares de milhões que saíam do país -- e agora espera que com este heróico acto de fds consiga sair de fininho?


Ou isto é para servir de pára-raios e fazer com que ninguém chame à barra nem o especialista em passar por entre as pingas da chuva sem se molhar, o ex-irrevogável vice primeiro-ministro e agora ilustre mestre entrepeneur Paulo Portas, ou a sua chefe Marilú, também conhecida por Miss Swaps, ou lambe-botas do Schäuble?


E espera o barítono frustrado Pedro Passos Coelho, também conhecido por Pedro-Abre-Portas, que o País esqueça que o controlo do seu desGoverno sobre as transferências para offshores, pelo que se vai conhecendo, foi uma verdadeira bandalheira


Está bem, está. Podemos ser ingénuos mas completamente parvos acho que não somos. Sabemos bem quem é que tem que assumir a responsabilidade (para já a política -- e veremos se apenas essa).

E faz muito bem o Der Terrorist ao trazer-nos à memória o que, em tempos, os jornais revelaram sobre os milhões das comissões dos submarinos, os célebres submarinos de que Portas não conseguirá nunca que a gente se esqueça. 


Agora só espero bem é que a comunicação social também não largue estes assuntos. Depois de terem andado aí a salivar sobre sms que não interessam nem ao menino jesus, a ver como é que agora se comportam. Se forem jornalistas a sério e não uns fracos avençados, farão trabalho a sério sobre isto. A ver. (A ver -- como diz o ceguinho, devo confessar)

E uma perguntinha a pensar no escritor Cavaco: com tanto apontamento que tomou, com tanta perspicácia e sapiência, o Prestador-de-Fracas-Contas também nunca deu por falta de nada? Nunca se lembrou de pedir informação sobre o controlo da transferência dos milhões para offshores?

Esperta, esperta esta rainha suburbana que, enquanto reinou, mais pareceu ao País uma santa protectora de láparos e de banqueiros de índole algo duvidosa.

E Lobo Xavier, o Conselheiro-Alcoviteiro, o que vai agora fazer perante esta bronca que envolve correligionários centristas e, em particular, um colega muito chegado (não só do partido mas, sobretudo, lá da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados)? Vai contar a Marcelo o quê? Não tem sms alheias ou gravações de telefonemas para andar por aí a alcoviteirar? Ou desta vez não tem interesses envolvidos?


Pergunto. Só pergunto. 


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Toas as imagens, excepto a primeira, provêm do saudoso We Have Kaos in the Garden

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quinta-feira, fevereiro 16, 2017

Lobo Xavier, os SMS entre Centeno e Domingues
-- e Monica Lewinsky e as manchas brancas no vestido azul


Quando rebentou o escândalo Monica Lewinsky, algumas coisas me chocaram.

Não me chocou o que aconteceu entre Bill e Monica, dois adultos maiores e vacinados -- ela rendida ao efeito afrodisíaco do poder que transpirava de todos os poros dele e ele, adrenalina em alta, rendido às formas radiosas de uma jovem mulher disponível. Cada um sabe de si e, tratando-se de práticas consentidas, é coisa que não me diz respeito. Que ele fosse casado, que ela soubesse que ele era casado, que isto, aquilo e o outro, a mim nada me convence ou desconvence. A intimidade entre dois adultos, sejam quais forem os laços entre eles, é assunto privado sobre o qual não opino.

Mas chocou-me saber que a jovem Monica chegou a casa depois de ter estado na brincadeira com Bill e não apenas foi relatar à mãe o que se tinha passado como foi mostrar à mãe as manchas de sémen que caíram no seu vestido, o célebre vestido azul. 

E chocou-me ainda mais a reacção da mamã que, se queria agir para bem da filha, em vez de lhe recomendar que, para a próxima, usasse avental ou, no mínimo, babete ou, então, que fosse bem educada (e aqui peço desculpa mas, dado este ser um blog de família, não vou explicar-me) --  não senhor. Resolveu que não lavariam o vestido e o guardariam para um just in case. E o just in case aconteceu e a senhora e a senhorita mandaram analisar as manchas brancas do vestido azul para Monica poder vir a público pôr a boca (desta vez) no trombone e entalar o Bill.

Por essa altura, fiquei igualmente chocada pela atarandadice de Clinton que, vendo-se acusado, em vez de dizer simplesmente que não tinha nada que comentar actos da sua vida privada, resolveu ensarilhar-se nas palavras, começando por assegurar que não tinha tido relações sexuais com aquela pessoa para depois, perante as evidências, vir explicar que não tinha havido penetração e, na sua cabeça, isso era sinónimo de não haver relações sexuais. Mal. Mais valia ter ficado calado.

A partir daí a acusação passou a ser que tinha mentido, perjúrio, um caso sério.

E, no meio da confusão que se armou, Bill Clinton ainda conseguiu apanhar um estalo de Hillary -- o menor dos males no meio do furacão que se formou à sua volta.

Contudo, para os destinos do país tudo ficou igual pois aquilo não tinha passado de um banal fait divers empolado por gente coscuvilheira e ociosa.

António Lobo Xavier, nesta história que envolve um personagem que já passou à história e um ministro das Finanças que tem conseguido feitos notáveis mas que provou ser politicamente desasado, é a mãe da menina Lewinsky.


António Domingues, no affaire CGD, rendimentos e o escambau, tentou dar a volta ao Centeno e, de certa forma, até o fez cair na esparrela. E, vendo que tinha nos sms matéria que poderia servir para sacanear o ministro, foi mostrar ao amiguinho de alcova lá no BPI o que deveria ser matéria privada, não transmissível.

E Lobo Xavier, macaco de rabo pelado, mestre da concupiscência que deita na mesma cama política, leis e negócios, parecendo querer evidenciar uma certa vocação para a prostituição ou para a alcoviteirice, começou por dar a entender, na Quadratura do Círculo, que estava sabedor de matéria quente e, de seguida, quando instado a esclarecer a insinuação, pegou nas mensagens e foi mostrá-las a Marcelo.


E eu, esperando que lhe tenha feito bom proveito, devo dizer que estes actos estão, a meu ver, ao nível do vómito. Penso nisto de um banqueiro guardar mensagens trocadas com um ministro, por sinal um verdinho na arte da manha, e ir mostrar a um sabido de primeira água, por sinal conselheiro de Estado, e de este se prestar ao acto vergonhoso de ir mostrar mensagens alheias ao Presidente e fico agoniada. Asco. A palavra que reflecte o que sinto á a palavra asco.

E que Marcelo se tenha prestado a isto de ir ler mensagens alheias, privadas, choca-me.
Bem, não sei se o fez. Tomara que não. Pelo que leio nos jornais, diria que sim. 
Mas, a tê-lo feito, sinto vontade de fazer write off sobre o capital de confiança que tem vindo a conquistar.

Marcelo, se fosse o homem que eu gostava que ele fosse, ao aparecer-lhe Lobo Xavier, qual vizinha coscuvilheira, com as mensagens alheias, ter-lhe-ia dado uma corrida em osso, 

'Rato! Rato de esgoto! Por quem me toma para me aparecer aqui com fofocas e relatos de conversas privadas? Desapareça-me da vista e não volte a aparecer-me à frente. Vou destituí-lo de conselheiro e é já, que não quero cá tipos que, ainda sem ter chegado o Carnaval, já por aqui andam disfarçados de ratos de esgoto, muito menos sentados à mesa do Conselho de Estado. Xô!'
E agora andam os mesmos de sempre, cada vez mais a aparecerem aos olhos do país como vermes, os mesmos que ao longo de anos viveram sobre a podridão governativa de Passos Coelho e Paulo Portas, armados em virgens ofendidas, em ratas de sacristia, exigir a publicação dos sms, a demissão do ministro e sei lá mais o quê. Gente sem memória, sem respeito pelos outros, sem vergonha na cara. E as televisões a darem palco a estes parasitas.

Domingues, a Monica Lewinsky portuguesa, não apenas quase fornicou o Centeno (que é como quem diz, claro) como guardou os sms -- como a outra guardou as marcas de sémen sobre o vestido. 


Mas Domingues já foi à vida. Já acabou. A Caixa já está com outra gestão e há muito trabalho a fazer. Já chega de tricas. Já enjoa tanta chachada que tem como único intuito lançar confusão, denegrir os bons resultados alcançados pelo governo, chatear, chatear, chatear. Já não se aguenta tanta má fé, tanta calhandrice.


Aqueles tristes pàfs, armados em destituídos mentais, não percebem a triste figurinha que andam a fazer alimentando, até à náusea, a polémica em volta deste assunto que fede a sonsice, a traição, a dominguice? 

E Marcelo não é capaz de vir a público dizer que já é tempo de aqueles -- que deveriam estar numa CERCI e não na Assembleia da República -- arranjarem algum programa ocupacional e deixarem de brincar aos políticos de meia tigela já que não fazem outra coisa senão conspurcar o espaço público? A bem do interesse nacional (que é o oposto do interesse dos PàFs e dos balcões onde se serve comentário a copo), Marcelo não é capaz de lhes pôr um par de patins? De lhes dar um valente pontapé no cu? Ou, se quer fazer uma pose presidencial, um murro na mesa, vá? Ou acha bem o que se está a passar? Agora já gosta de ler sms alheios? Já deu em andar a espreitar pelos buracos das fechaduras?

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sexta-feira, setembro 18, 2015

Pacheco Pereira é que o topa: está a explicar, preto no branco, na Quadratura do Círculo, que Passos Coelho é um mentiroso, um mentiroso assertivo, não hesita um segundo, mente com a convicção de quem fala verdade


No post abaixo já falei do Portas e das suas 4.000 vacas a ser gozado pelo Ricardo Araújo Pereira na TVI, já falei do Jorge Jesus a tirar o meu marido do sério ao vê-lo numa conferência de imprensa depois de uma clamorosa remota. E etc.

Finalmente acabaram os resumos futebolísticos e os comentários cabalísticos e virámos para a política.

Agora estamos na SICN a ver a Quadratura e o Pacheco Pereira está a despir, uma a uma, todas as mentiras e deturpações da verdade com que Passos Coelho reveste as suas aparições. Está a interrogar-se é como é que é possível uma pessoa assim, pouco séria, não ser confrontada a sério por ninguém. De facto. E está a dizer outra coisa: que os debates giram em torno do programa do PS - dado que o programa dos PaFs é, na prática, inexistente.


E está a demonstrar como, se os PàFs ganhassem, a situação no país não iria ser igual: iria ser pior.

E, referindo-se a António Costa, concluíu dizendo que se revê mais num homem que diz que não quer fazer promessas vãs porque não quer falhar a palavra nem sabe mentir do que num que mente constantemente como é o caso de Passos Coelho.


Grande Pacheco. Coragem é com ele.

Jorge Coelho também está a dar com força no Láparo, chamando-lhe irresponsável e, na prática, um vulgar trauliteiro (e agora está a falar na trapalhice e da falta de seriedade do Láparo a falar dos terrenos da ANA a propósito da dívida da Câmara).


Lobo Xavier, no meio do grupo, faz um risinho à pig, é o único defensor do indefensável mas, como lhe deve doer fazer aquela figurinha, disfarça com aquele sorrisinho entre o apalermado e o gozãozinho. Agora diz que também acha que António Costa é sensato e que não ia gastar mal o dinheiro e que não mente - mas que o Passos não é tanto mentir, é mais falta de rigor. Olha, olha. 


(Querem ver que este Xavier - que se diz e desdiz, e troca tintas e mais tintas, e que agora diz que as mentiras não são mentiras são mistificações - ainda me obriga a dizer também um daqueles palavrões que hoje estou farta de ouvir aqui na sala. Ai!)

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E desçam até ao post seguinte - se estiverem para aí virados, claro.

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terça-feira, agosto 04, 2015

Pornografia?... Ná, hoje não... Fico-me pelos inocentes jogos de amor.


Depois do tema do amor e do vídeo do post abaixo, para me fazer passar por inteligente e superior às petites choses du coeur, fiz mais uma tentativa, a sério que fiz: percorri os jornais económicos, vi as aselhices fiscais do governo, todas as outras que são de todas as espécies e feitios, li sobre o pagode que são os cartazes do PS (e digo pagode porque aquilo mais me parece coisa chinesa, do tempo do Mao, para aí, uma coisa pirosa todos os dias), e percorri os jornais generalistas -- e nada -- e as revistinhas pink, tudo -- e nada -- tentando descobrir temas onde pudesse vir para aqui dar-me ares. Mas a verdade é que ou sou eu que estou desinspirada ou é o mundo que anda meio sem graça. 
Claro que há temas sérios, horrendos, mas desses eu só falo quando tenho sossego para rodear as palavras de silêncio. Por isso, espero sentir-me com a gravidade certa na ponta dos dedos para falar nisso e, não sendo hoje, passo à frente. 

Ainda pensei falar de obscenidades. Pornografia. Hardcore, coisa da pesada mesmo: cerca de meio milhão de euros o casório do Jorge Mendes e da sua bem amada Sandra, a ilha grega oferecida pelo Ronaldo, Serralves transformada em sala de baile para futebolistas, treinadores e suas bem arraçadas esposas, advogados e suas coloridas madames, as ruas do Porto cortadas para o grande desfile do dinheiro. Por exemplo. 


O rico casalinho: Jorge e Sandra

O Jorginho e a generosa Sandrinha, aqui à civil

Cristiano Ronaldo entre altas cilindradas e seguranças

Lobo Xavi€r e S€nhora - of cours€, as usual


Tanto que haveria a dizer se hoje estivesse numa de porno... Mas hoje estou mais para o romântico do que para a pornochanchada e, portanto, passo por cima desse happening jorge-e-sandra-mendista regado a milhões e volto-me de novo para o amor.

Mas, dissertar sobre o amor, hoje não, não estou muito fluente. Para falar a sério teria que ser científica, sistemática, e não estou a sentir-me com paciência para me manter no trilho do rigor e do bom comportamento.

Por exemplo, deveria compartimentar os diferentes tipos de amor ou as diversas formas de se manifestar: o amor das mulheres mais novas por homens com patine, ou de mulheres velhas por inexperientes pupilos ou de mulheres introvertidas por homens histriónicos ou vice-versa, ou de mulheres feias por mulheres bonitas ou de intelectuais de esquerda por beatos conservadores ou de homens machões por homens machões. Podia, claro. Até podia falar sobre o amor no ambiente de trabalho sobre o qual acabei de ler que é frequente e que até faz bem à conjugalidade (Flasher sur un collègue peut booster votre couple!). Mas não me está a dar para isso, estou preguiçosa.

Por isso, com vossa licença, abrevio razões e avanço para as fitas.


Jogos proibidos 

(cenas do Paciente Inglês)



Though it's forbidden for my arms to hold you
And though it's forbidden, my tears must have told you
That I hold you secretly each time we meet
In these forbidden games that I play


A liberdade sonhada

(cenas de Lady Chatterley)




O amor à solta

(cenas de A insustentável leveza do ser)




'Não beijo estranhos'

(uma cena de Closer)



Ora bem. Sim, senhor.

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Relembro que, no post abaixo, continua o climinha: amor.
Para que serve o amor? 

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira. 
De preferência com muito amor, muitos beijos, muito romance. 
(Mesmo que não saibam para que é que isso serve).

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sexta-feira, janeiro 23, 2015

Salvé Mario Draghi! Venha daí essa injecção de liquidez que já devia ter vindo há uns anos e que, por não ter vindo, tanta miséria causou a tantas famílias. Resta ainda saber se vai ser bem aproveitada mas isso são outros quinhentos. Entretanto, divertido vai ser ver os vira-casacas, os que só queriam austeridade e que agora já aí andam a deitar foguetes como se sempre tivessem defendido a compra de dívida por parte do BCE. Lobo Xavier já mostrou como vai ser. Aos mais sensíveis recomendo que nem ouçam nem vejam porque é pouco recomendável e muito pouco higiénico.


Quem por aqui me acompanha deste o deflagrar da crise financeira sabe que tenho defendido a solução que Mario Draghi hoje, finalmente!, desbloqueou.

Há cerca de cinco anos que os EUA estão a fazer isto, a colocar o dinheiro em circulação. Só gente muito burra (ou forças contrárias anulando-se entre si, ou moscas mortas, ou vendidos) poderia acreditar que o problema português era só português e resultava de esbanjamento, e que a solução para o problema era secar a economia.

Passos Coelho, tal como os que o apoiaram, não sabe - porque, do que tenho percebido, não tem cabeça para mais - que a coisa pior que se pode fazer a um país é secar a liquidez.

Reduzindo o rendimento disponível das pessoas (ou por corte de ordenados, ou por brutal aumento de impostos ou por fomentar desemprego ou emigração), o edifício económico desmorona ainda mais rapidamente.

As absurdas medidas de austeridade acéfala ainda poderiam ter algum efeito benéfico se aplicadas a um país fortemente industrializado e/ou fortemente exportador que aguentasse uma redução abrupta da procura interna. Acontece que, fruto de políticas nefastas - muitas delas do tempo de Cavaco primeiro-ministro - a indústria, as pescas e a agricultura foram reduzidas à sua ínfima expressão e, portanto, embora alguns governos, entre os quais o de Sócrates, tenham tentado (e em alguns casos mais ou menos conseguido) relançar a industrialização, o que acontece é que o tecido económico é muito frágil e, portanto, nunca poderia resistir a uma drenagem como aquela a que se assistiu de há quase quatro anos para cá.

Claro que não foi só Passos Coelho, Paulo Portas, e os que apoiam a actual coligação no poder: não, esta foi a linha Merkel, que alguns cães de fila seguiram.


No entanto, se há país que, em parte, contribuíu para o estado fragilizado das finanças dos países que mais sofreram, esse país é justamente a Alemanha (tal como os outros países que assentam a sua estratégia na exportação pura e dura). A esses países nada convém mais do que países frágeis que importam tudo o que eles para lá querem enviar. Os países frágeis importam os produtos e endividam-se juntos dos seus bancos (vide o caso do Deutsch Bank), e portanto pagam, quer os produtos quer os juros - e os alemães e os seus amigos esfregam as mãos de contentes porque estão sempre a facturar.

Portanto, fomos vítimas da ganância de todos os que gostam de ganhar muito à custa dos mais carentes. 

A vinda da troika serviu apenas para que se pagasse aos bancos alemães e a todos quantos temeram não reaver a dívida. Que, para isso, os portugueses, gregos e outros pobres, tenham ficado ainda mais pobres, que o desemprego aumentasse, que os apoios aos desempregados e pobres tenham diminuido, que os direitos dos trabalhadores tenham ficado quase reduzidos a nada, que o Serviço Nacional de Saúde esteja na miséria que está, que o Ensino Público caminhe para o descrédito, etc, ... isso foram efeitos secundários para os quais Passos Coelho, Paulo Portas e a sargenta Merkel se estão bem nas tintas.

Por isso, só posso ficar contente com a compra de dívida que o BCE anunciou. Comprando dívida, injecta dinheiro.

Mas atenção, ainda não sei bem como é que isto vai funcionar.

O BCE vai comprar dívida aos bancos. E, portanto, quem vai ficar com as contas mais arejadas é, numa primeira análise, o sistema bancário.


Se bem estou a ver, o benefício vai ser indirecto: os bancos vão ter dinheiro livre para emprestar. Estando os juros baixos, as empresas vão poder beneficiar de crédito para se relançarem. Por outro lado, o Estado, tendo menos juros para pagar por via da compra também de dívida pública, poderá reduzir impostos pois a despesa relativa ao serviço da dívida deve ser reduzido.

Isto, sem ter podido ainda ler o que quer que seja sobre o assunto, é o que me parece.

Ora, para que tudo isto reverta favoravelmente para o comum dos cidadãos é necessário que o Governo retome uma política de apoio à economia, quer lançando investimentos reprodutivos, quer apoiando o relançamento da indústria.

[E não é apenas Portugal que deve sofrer um rápido mudar de agulha na sua condução: é também a UE como um todo. Ou a Europa quer afirmar-se como uma potência forte, desenvolvida, coesa, ou nada disto surtirá efeito, será dinheiro que os fundos abutres e outras almas iluminadas não tardarão a farejar, descobrindo a forma de o surripiarem airosa e rapidamente.]

Em Portugal, obviamente que um governo decente (não este desgraçado que ainda está em funções) fará mais do que o que acima referi: relançará em força o apoio ao ensino e à investigação, reconstruirá os serviços públicos vitais ao funcionamento de qualquer país desenvolvido tais como a saúde, a justiça, os apoios sociais. 

Estou a ser minimalista pois não estou em campanha nem quero aqui fazer um programa de governo às três pancadas, mas há uma coisa que eu sei: este miserável governo, constituído por gente que maltratou e humilhou o povo português, não poderá continuar em funções já que durante quase quatro anos defendeu com unhas e dentes as sinistras medidas que quase destruíram o país.

Contudo, há coisas que já se perderam e isso não se resolverá com tudo aquilo de que tenho estado a falar: refiro-me à venda das empresas mais estratégicas a outros Estados ou a empresas estrangeiras de mérito duvidoso. Grande parte do valor criado em Portugal se perdeu ou virá a perder por via da venda da EDP, da REN, da ANA, de bancos, seguradoras, correios, cimenteiras, algumas águas e sei lá que mais.

No meio desta hecatombe, o governo assistiu ainda passivamente à desregulação, queda e desmantelamento de grandes grupos nacionais como o GES/BES e PT.

Tudo isto é uma irreversível perda para o País que lamento tanto, tanto. E, por tanto lamentar quero, com todas as minhas forças, que se abram rapidamente caminhos de esperança.

Não sei quantos anos vão ser precisos e qual a dimensão do apoio de que Portugal vai necessitar para se levantar e poder recuperar alguma da sua soberania e dignidade, e para os portugueses voltarem a acreditar no seu futuro. Mas acredito que a medida de Draghi abre caminho para que um governo decente possa vir a trabalhar nesse sentido e para que a Europa volte a poder ter esperança de ser um lugar de progresso, inclusão e liberdade.

Entretanto, enquanto escrevo estou a ouvir a Quadratura do Círculo e estou espantada, chocada, siderada, com a súbita viragem de casaca de António Lobo Xavier que aplaude a medida do BCE, critica a austeridade, lamenta os anos perdidos em que se andou a destruir valor. Há gente sem vergonha na cara. Já há bocado, ao vir para casa, tinha ouvido um qualquer do PSD a regozijar-se com esta medida com a cara de pau da gente sem vergonha, gente que parece que pensa que os portugueses são mentecaptos e amnésicos, como se toda a gente não soubesse que fizeram de tudo para secar a economia sob o argumento beato de que os portugueses tinham que empobrecer para expiar os pecados anteriores. E li que Pires de Lima é outro que já para aí anda a saracotear-se como se há muito tempo defendesse isto. Que cara de pau, senhores! Gente assim faz mal a um país, caraças!


Mas os portugueses não são parvos e saberão mostrar que estão fartos de ser molestados para nada. Para nada! Anos perdidos para nada. 

Se Passos Coelho e Paulo Portas fossem homens de verdade, se tivessem um pingo de sentido de Estado, demitiam-se já. Já. Já! com ponto de exclamação e tudo. E pudesse eu encher o texto de pontos de exclamação sem, com isso, dificultar a vossa leitura, palavra que o fazia (já que não posso correr com esta laparada e companhia a pontapé)

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sexta-feira, outubro 17, 2014

O tijolo e a bolinha, segundo Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo. O tijolo é o peso da realidade. A bolinha ou o berlinde (que vem do CDS e sobre a qual todos os papagaios para aí andam a discutir) e que nem é bem bolinha mas sim uma molécula, é a novidade que, de tão insignificante, praticamente não existe. Isto é o Orçamento de Estado para 2015 sobre o qual os três intervenientes concordam que traz um agravamento fiscal e que, quem disser o contrário, mente e não tem vergonha


Abaixo descrevi o ataque implacável ao OE por parte de Manuela Ferreira Leite no seu comentário semanal da TVI 24. Encarecidamente vos peço que não percam pois é importante que se veja o que uma pessoa que já foi ministra das Finanças e líder do PSD diz do Orçamento apresentado por um Governo da sua cor política. Ela é certamente uma voz esclarecida e isenta. Dela nenhum cão com pulgas poderá dizer que é uma radical de esquerda. 

Mas isso é no post a seguir. Aqui, agora, falo do que estou agora a ver: a Quadratura do Círculo.


Pacheco Pereira apresentou-se com um tijolo e com um berlinde. Por baixo do tijolo escreveu realidade, por baixo do berlinde escreveu novidade.


Diz ele que o CDS apareceu com uma novidade, novidade essa sobre a qual toda a gente fala, bolinha que não passa de um pequeno berlinde quando comparado com o peso do tijolo que é a carga terrível da realidade. 


Lobo Xavier corrigiu-o: nem será bem um berlinde, é ainda menos que isso. Ficaram, então, os três de acordo que, a bem dizer, deve ser apenas uma molécula, qualquer coisa que, a existir, apenas será detectada com microscópio.





Pacheco Pereira não se está a ficar atrás de Manuela Ferreira Leite. Do OE 2015 apresentado pelo Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, diz que se trata de uma ficção propagandística, que introduz complicação nas deduções fiscais, que não passa de conjunto de fantasias.  Um OE cheio de truques. E, com mal disfarçado nojo, refere as brincadeiras verbais como aquela do fanatismo orçamental na boca de Passos Coelho.


[Num aparte e quanto ao processo da Tecnoforma contra Pacheco Pereira, Lobo Xavier ofereceu-se para o defender pro bono pois diz que ainda se vão divertir à brava. Contudo, diz que os juízes não costumam dar seguimento a coisas destas pelo que acha que essa brincadeira não irá dar em nada.
Pacheco Pereira já tinha dito que se tinha limitado a comentar afirmações proferidas por administradores ou ex-administradores da Tecnoforma; e que, nesse caso, não se percebe porque é que não os processam em vez de o processarem a ele. E que dorme bem em qualquer lado pelo que, a propósito disto, é para o lado que se vai deitar melhor]

Lobo Xavier, de seguida, confirma que este OE tem um agravamento fiscal (que há agravamento em alguns dos impostos já existentes e vários novos impostos) e que ninguém, a não ser que fosse algum cómico, por exemplo o Herman a gozar com os políticos, poderá dizer que, com o que ali está, vai haver algum alívio fiscal. Só se tiver falta de vergonha, diz ele.


Pacheco Pereira chama a atenção para a mistificação que é chamar poupanças a cortes e mais uma vez está a ter uma grande intervenção. Fala contra o gueto em que este governo enfiou a pobreza, diz que é essencial que um futuro Governo reponha os elevadores sociais, restaure a classe média que é o verdadeiro motor do desenvolvimento de um país. Diz que esta gente do governo chumbaria em qualquer exame (a começar em Economia), que tudo o que fazem revela uma profunda ignorância. E di-lo quase com repugnância - e como eu o compreendo.

E estão os três de acordo que é indispensável recompor a sociedade, restaurar o equilíbrio entre desenvolvimento e rigor nas contas públicas, mudar o paradigma, voltar a manifestar respeito pela dignidade das pessoas.

Pacheco Pereira diz também que este Governo está bloqueado e que institucionalizaram o funcionamento de facção (PSD/CDS) e que, se continuarem a governar, será uma perda de milhões e milhões para o País. 



António Costa fez uma intervenção também muito clara, reforçando a necessidade de fazer a agulha, de focar a acção governativa no desenvolvimento económico; e diz que este Orçamento é a pedra tumular sobre este governo que, para cúmulo, paralisou o funcionamento de instituições essenciais - e, como exemplo, diz que hoje, no concelho de Lisboa, ainda estão por colocar 300 professores! 


E todos concordam que este Governo está em gestão corrente, não governa e que é, em si mesmo, uma fonte de instabilidade para o País.


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Nota: Agora que estou a acabar de escrever isto, começou o noticiário da meia-noite na SIC onde estão a passar o dito Paulo Núncio e, seguindo a sugestão que acabo de ouvir na Quadratura do Círculo, acho que isto deve ser uma rábula, uma cena cómica, pois, apesar de estar com cara de governante, só o ouço a dizer manipulações esparvalhadas, piadolas, fantasias e a dar grande relevo a berlindes, ou melhor, a moléculas que, à vista desarmada, ninguém conseguirá ver. 

No entanto, a jornalista, revelando como é actualmente o trabalho de investigação ou análise jornalística, papagueia tudo o que o Núncio apregoa, falam à vez, ora o põem a ele a vender banha da cobra, ora complementa ela o que ele disse. Ele omite o tijolo e assim faz a jornalista, toda embeiçada com o berlinde.

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Nota: tal como o post que se segue, também este foi escrito enquanto ia vendo e ouvindo a Quadratura, tirando fotografias, passando-as para o computador, etc. Por isso, a escrita não terá sido a mais escorreita. Isto de estar com um olho no burro e outro no cigano, nunca deu bordado fino.

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Relembro: permitam que vos peça que desçam até ao post já a seguir pois a opinião de Manuela Ferreira Leite é digna de também ser conhecida.

Aliás, daqui lanço um repto ao PCP e ao BE (quiçá até ao PS ou, pelo menos, a franjas do PS): contratem Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira para aprenderem com eles a analisar os documentos, a serem objectivos, lúcidos, a não serem míopes, a não se prenderem com minudências, para se focarem no que é relevante. Coaching, meus Caros, coaching, que bem precisados andam.


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