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© Erin M. Riley and P.P.W. , New York |
Nas minhas deambulações blogosféricas de vez em quando acontecem-me surpresas.
E, note-se, nisto como em regra, distingo a 'obra' do seu autor. O facto de achar piada a um blog não quer dizer que me identifique com o seu autor (ou autora, bem entendido) em tudo o que faz ou diz.
Gosto sobretudo do que me parece novo. Não me atraem os reciclados especialmente quando não trazem nada de novo ou não são elegantes, inteligentes ou esteticamente suportáveis.
Entendo um blog como um espaço de liberdade em que o seu autor deve poder fazer o que lhe dá na bolha. E quem não gostar, em vez de lá ir despejar fel, tem melhor opção: virar-lhe as costas. Ao fim de algum tempo nisto da blogosfera, continuo sem perceber as pessoas que andam pelas caixas de comentários dos blogs a espalhar ressabiamentos, visões acanhadas, insinuações descabidas e, mesmo, maldade. Já recebi visitas e comentários de gente assim e, muito sinceramente, não percebo o que as move. Uma vez li um artigo, que continha um vídeo igualmente interessante, sobre este tipo de pessoas: são geralmente pessoas solitárias, doentiamente frustadas.
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de Harley Weir |
Pela parte que me toca, quando percebo que está ali alguém que é geneticamente um (ou uma) hater, desisto de querer percebê-lo/a e, quando acho que o fel é incomodativo de mais, não o quero a conspurcar este espaço que é meu.
Mas, voltando a blogs que, sempre que posso, gosto de visitar posso dizer que talvez tenham em comum a genuinidade, a forma franca e, por vezes, espontânea como usam o seu espaço. Podem ser fotografias, músicas, desabafos, confissões, furtivas lágrimas, impropérios, recomendação de trabalhos alheios, declarações apaixonadas, umas vezes de guerra, outras de amor. Mas usam, muitas vezes, formas invulgares, sobressaltos ditos com irreverência, provocações, e, em geral, são esteticamente impactantes, mesmo que, em alguns casos, sóbrios e minimalistas.
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Marta Bevacqua |
O Imprecisões da Alexandra G é um desses casos. Mesmo quando à sua autora lhe chega a mostarda ao nariz e deixa que se soltem raios e coriscos, disparando um linguajar vernacular e sem rebuço, eu acho piada. É genuína. Pode ser destravada mas até a isso acho graça. Não é politicamente correcta mas quem é que tem paciência para os apertadinhos/as que, nos blogs, não partem prato que se veja nem despertam um ah de surpresa?
Um dia destes, a Alexandra, numa fotografia esteticamente interessante, mostrou uma mama -- que, por sinal, parece bonita -- e desafiou os restantes hóspedes a mostrarem também algo de seu. E, do que vi, muitos (ou todos?) corresponderam. Gostei especialmente da série do Luís que não apenas tem uma mão muito bonita como soube fotografá-la de uma forma quase emocionante. Não coloco o link para os posts que refiro pois acho que apenas percorrendo-os a todos se consegue captar a vitalidade daquele blog.
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© Foto © Alexandra Von Fuerst/Odiseo, gennaio 2017. |
Hoje fui surpreendida de novo ao ler um post em que a brava hospedeira soltava os cachorros para cima de alguém que, supostamente, a tinha incomodado. Fiquei intrigada, Não sabia quem teria sido até ver depois a troca de comentários. Uma pessoa, pelos vistos sua leitora habitual, maçava-a sobre o seu tom de voz, tom esse que acho bonito, a um tempo com um certo toque de inocência e outro de sensualidade. Mas, mesmo que não gostasse, que sentido teria ir maçar a pessoa que, em sua casa, generosamente lê uma coisa para partilhar? Não consigo perceber.
E, percorrendo os comentários, vi que uma outra pessoa quase a insultava, achando que uma mulher fotografar um seio é fazer de si um objecto. Fiquei perplexa. Perplexa e incomodada pois custa a perceber este tipo de pensamento não apenas em tempos como os nossos como desde o início dos tempos. Fico a pensar no que levará alguém a tal distorção no pensamento e não chego a nenhuma conclusão. Parece-me tão estranho.
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© “Hermaphrodite”, di Alexey Sovertkov (@le_heretic) |
Obviamente a Alexandra G. não precisa do meu apoio para nada pelo que me limito a deixar aqui o meu chega para lá a todos quantos andam de blog em blog a verem com quem podem embirrar, que verrina podem destilar em casa alheia. E um conselho a essas almas penadas: entretenham-se, antes, a ver-se ao espelho e a criticar o que eles vos devolve.
Era bom que toda a gente percebesse que a vida pode ser bem melhor se cada um respeitar a liberdade e os gostos dos outros, especialmente quando não ferem nem a integridade física nem a emocional nem a inteligência dos outros.
De qualquer maneira: força, Alexandra G.
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Seguem-se, abaixo, os considerandos do Pardal e uns breves apontamentos sobre o desnorteado PSD e o revivalista BE -- mas, muito francamente, não sei se ainda há pachorra para tal.