Tenho estado a fazer o meu tapete. Finalmente vejo-o a avançar. Enquanto andei a encher a barra, como a lã era em amarelo quase da cor da base, mal se percebiam os avanços. E eu gosto de ver o fruto do meu trabalho. Quando me vou deitar, estendo o tapete e aprecio o avanço que lhe dei. O problema é só lhe pegar muito tarde, entre posts, entre textos, entre leituras nos onlines. No outro dia, no fim de semana, íamos sair e eu perguntei ao meu marido daí a quanto tempo estava pronto. Disse: dez minutos. E eu vim a correr fazer um bocadinho.
Uma vez mais, a minha vida fugiu da normalidade. Mais uma proposta que, de certa forma, me coloca numa posição difícil. Já fui avisando que acho que estão a ser irrealistas e que o desafio que me foi lançado faria muito sentido num outro contexto, não no actual. Mas isto é complexo pois há o sentido da responsabilidade perante quem lá trabalha e virar costas pode ser um balde água fria mal compreendido. Vou dizer: antes do que me estão a pedir, há que fazer isto, aquilo e aqueloutro. Mas é escusado, sei que é mais do que alcançam. É passada grande demais para a sua perna curta. Tenho que pensar como apresentar os meus argumentos sem que se sintam ofendidos.
A minha vida não é nada de especial, é uma vidinha. Mas é a minha vida. Cheia de imprevisibilidades, de desafios, de reviravoltas. Penso que um dia que adquira a minha liberdade, assim lá chegue de boa saúde, irei mudar de vida. Tenho muitas coisas para fazer que nada têm que fazer com a minha profissão.
Por agora, na minha vida actual, com tudo o que me absorve -- frequentemente para lá da conta -- não consigo nem sequer assomar à porta do que gostaria que fossem as minhas actividades no futuro. O tempo vai passando e não sei o que é isto que tenho, parece que atraio o trabalho. Por muito que, no meu íntimo, pense que já mereço uma vida menos pesada, a verdade é que me chovem coisas em cima, como se não houvesse amanhã.
Por agora, na minha vida actual, com tudo o que me absorve -- frequentemente para lá da conta -- não consigo nem sequer assomar à porta do que gostaria que fossem as minhas actividades no futuro. O tempo vai passando e não sei o que é isto que tenho, parece que atraio o trabalho. Por muito que, no meu íntimo, pense que já mereço uma vida menos pesada, a verdade é que me chovem coisas em cima, como se não houvesse amanhã.
Comprei um livro no outro dia, um livro atípico e interessante. Ando com vontade de transcrever uns bocadinhos pois tem alguns aforismos que dão que pensar; mas, quando aqui chego, sinto que, se me puser a fazer transcrições, adormeço.
Também tenho vontade de fazer um post sobre o melhor post anual da blogosfera e, não sei o que é isto, em vez de fazer a justiça de lhe prestar a devida homenagem, o mais que consigo é deixar que os dedos por aqui andem na vadiagem, inconsequentes, desviados do que deviam.
Mas o meu dia foi muito complicado, muito mesmo. E antecipo que o de amanhã não vai ser muito melhor, deve ser, sobretudo, maçador. E eu quero tranquilidade.
No outro dia, estava num sofisticado gabinete a falar de coisas do futuro e o meu interlocutor respondeu-me que, por tudo isso, é que gosta tanto de conhecer as aldeias mais rurais do país. E eu fiquei estupefacta, quase sem saber o que dizer.
Talvez isso seja bom sinal, talvez o apelo da natureza comece a impor-se.
No outro dia, estava num sofisticado gabinete a falar de coisas do futuro e o meu interlocutor respondeu-me que, por tudo isso, é que gosta tanto de conhecer as aldeias mais rurais do país. E eu fiquei estupefacta, quase sem saber o que dizer.
Talvez isso seja bom sinal, talvez o apelo da natureza comece a impor-se.
Não há muito, a conversa andaria exclusivamente em torno de ebitdas, cash flows, roi's, gestão de activos, gestão de porfolio, assessments -- cenas dessas. E agora aparece um, chama-me, pergunta-me se conheço a obra de um certo escritor, vem este e fala-me em aldeias de pedra e vales e montanhas. É a minha vida que dá reviravoltas. Até os actores mudam de guião.
Procuro a paz, a serenidade, a beleza. Gostava que a minha vida fosse sempre a fazer coisas boas, sem intranquilidades, podendo ver coisas bonitas, falar palavras boas.
Talvez seja pedir de mais. Mas tento. Não desisto.
E, entretanto, vou ouvindo música que me agrada, vendo fotografias e pinturas, bailados, lendo palavras boas. Nada de mais, afinal.
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Procuro a paz, a serenidade, a beleza. Gostava que a minha vida fosse sempre a fazer coisas boas, sem intranquilidades, podendo ver coisas bonitas, falar palavras boas.
Talvez seja pedir de mais. Mas tento. Não desisto.
E, entretanto, vou ouvindo música que me agrada, vendo fotografias e pinturas, bailados, lendo palavras boas. Nada de mais, afinal.
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Fotografias de Otto Stupakoff