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terça-feira, março 24, 2015

O PS de António Costa está a ir no bom caminho?


No post abaixo falo de quatro artistas portugueses que estão entre os melhores do mundo na sua área. Chame-se graffiti, street art ou o que for, eles trazem a arte para a rua e eu gosto deles. E, para aqui lhes fazer boa companhia, mostro um vídeo com obras de Banksy.

Mais abaixo falo e mostro um povoador (para não dizer cobridor) como não há igual: 43 mulheres e 152 filhos. Parece mentira mas é verdade e tudo na maior leveza, na desportiva, na boazinha, tudo na maior alegria.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Hesitei, mas lá vai disto. Com flores e música da boa - para custar menos.






Um estimado Leitor chamou-me a atenção para uma entrevista concedida por Porfírio Silva, do PS, ao Público. Não a tinha lido, fui ler.


Há ali uma limpeza argumentativa que se lê de gosto. Sendo influente no PS, sendo (entre outras coisas) filósofo e poeta, e, já agora, também blogger, uma pessoa sente algum alívio por saber António Costa bem acompanhado.

Contudo.

Contudo, e sendo eu geralmente votante no PS (pelo menos a nível das Legislativas), e tendo eu andado esperançada de que António Costa trouxesse ao País um suplemento de ânimo de que tanto se estava necessitando, tenho que admitir que é com um certo desalento que tenho visto o desempenho deste novo PS. Tenho evitado falar nisso pois acho que esta maralha que se aboletou no governo e arredores é tão, mas tão, má que é até disparate desperdiçar energias a criticar o PS.

Mas o mail desse Leitor deu-me vontade de aqui dizer qualquer coisa. E, assim sendo, vamos lá.

Se bem interpreto o sentimento geral das pessoas (ou, talvez seja mais humilde da minha parte dizer: ‘falando por mim’) o sentimento que há no ar é que a classe política, por incompetência, estupidez ou oportunismo tem vindo a trair aqueles que deveriam representar e que isso gera nas pessoas um sentimento de se ter sido enganado por aqueles que nos deveriam ser leais.

Aprendemos em crianças que somos um país, uma nação, aprendemos que devemos fazer o bem, olhar pelos outros, que não deveremos mentir, e todos esses preceitos e mandamentos e, afinal, quando olhamos o comportamento dos governantes e de muitos deputados o que vemos é que agem de forma contrária a isto.

O que eu quero, enquanto eleitora ou enquanto cidadã, é que nas estruturas de poder do meu país ou de instâncias internacionais em representação do meu país, estejam pessoas que honrem o bom nome de Portugal e que tudo façam por ele - e, note-se, quando falo de Portugal não falo como falam as vãs criaturas que acham que Portugal é uma entidade abstracta que nada tem a ver com os Portugueses. Não quero nesses lugares cobardolas, aldrabões, moscas-mortas, fala-baratos, vendidos, avençados, papagaios, relapsos a representarem-me nem a mim nem ao meu Pais, em geral.

E o que, de modo geral, temos vindo a assistir é que, por todo o lado, o que tem vindo a pulular e a ocupar cargos aqui e ali é gente que geralmente encaixa nessas categorias. E não é só cá.

Parece que a Europa, depois de umas décadas em que se assistiu a um sopro de modernidade e dignidade, esmoreceu, os bons ficaram bons de mais para fazer concessões e os medíocres, quais larvas, ganharam terreno e desataram a reproduzir-se.

Face a este estertor da democracia tal como se idealizava, pura e justa, face ao desencanto perante o desajuste entre os ideais do modelo europeu e a confusão organizativa que o emprenhou, o tecido partidário esboroa-se. 

Os partidos tradicionais, presas de ideais antiquados, de jogos de interesse, sofrendo de cansaço ou desmotivação, não se tendo conseguido renovar convenientemente, parecem não ser capazes de perceber o devir dos tempos.

E nascem novos movimentos ou partidos, muitos germinando no caldo do descontentamento orgânico, do ressabiamento, do infortúnio, da revolta.

O que começou por ser um fenómeno de franjas, alarga-se e é já um fenómeno central que engloba descontentes e revoltados de todas as classes sociais, de todas as idades, de todos os credos e ideologias.

Li a entrevista concedida por Marine Le Pen ao Expresso. Percebo porque é que há tanta gente a apoiá-la. Mais depressa o comum dos mortais se revê naquela linguagem directa, sem meias palavras, em que se percebe uma defesa da soberania e dos interesses franceses, do que na conversa oca da maior parte dos políticos de hoje (políticos de hoje que mais parecem de antanho).

Claro que, por crescerem de forma orgânica e congregando inúmeras motivações controversas ou mesmo contraditórias, estes partidos albergam toda a espécie de correlegionários, muitos dos quais de susto, perigosos.

Mas não vale a pena combater os ultras ou radicas, sem que haja uma alternativa de facto. A solução, em meu entender, passa por os partidos mais estruturados e com princípios de base mais sólidos serem capazes de verdadeiramente se renovar. Mas renovar mesmo. Renovar não é ir buscar pessoas de tendências antes desaproveitadas mas, ainda assim, presas a lógicas do passado.

Penso que o actual PS não está a ver isto. Está a rodear-se de pessoas do tempo pré-Seguro. Serão pessoas honorabilíssimas mas, ainda assim, pessoas que me parecem estar demasiado presas às décadas anteriores, querendo projectar num futuro que se antevê caótico uma lógica estruturada em moldes antigos.  Não dá.

Lamento dizer mas não é com Ferro Rodrigues, pessoa decente e honrada mas carregando um pesado lastro - ainda por cima, com aquele seu ar permanentemente cansado - que o PS deveria aparecer numa primeira linha na bancada parlamentar. Nem deveria ter António Vitorino, símbolo da livre circulação entre administrações e escritórios de advogados, no grupo de reflexão ou de apoio ao desenho do programa do futuro governo ou lá o que é.


António Costa está, maioritariamente, rodeado de rostos que o país associa demasiado ao passado. A alguns eu vejo grandes mais valias na sua presença pois são áreas em que a experiência é vital e que, além do mais, têm mostrado ser pessoas de cabeça aberta e refiro, por exemplo, Seixas da Costa. Mas, na maioria, o que eu vejo em volta de António Costa são rostos com anos e anos de lastro, que congregam sobre si, como pára-raios, as culpas por todas as ineficiências de anteriores governações socialistas.

Não conheço o suficiente dos meandros socialistas para me pôr para aqui a dar palpites de nomes mas acho que o PS terá que fazer um esforço sério para se revitalizar, para incorporar gente que veja com outros olhos os novos tempos, gente de verbo fluido, de cabeça erguida, gente capaz de rupturas, gente que avance destemidamente contra interesses e ideias feitas, que quebre tabus e teias.

Não vão buscar novos que falem com as cautelas dos velhos, não vão buscar gente com a preocupação do politicamente correcto, gente que mais parece nascida nos corredores dos aparelhos partidários do que no meio do país real. Têm que aparecer mais mulheres, têm que aparecer mais pessoas fora da caixa, gente disruptiva, gente que não tenha medo de dar o corpo às balas. Realizem eventos criativos, organizem iniciativas de rua, façam o que quiserem mas mostrem que estão vivos e atentos ao mundo.

E não pode ser um ou dois senão imediatamente serão sacrificados pelo sempiterno coro de virgens e beatas: terão que ser muitos, uma carga de cavalaria a fazer um fogo cerrado de modernidade e ruptura. 

O que interessa é mobilizar o país, é devolver a cidadania aos cidadãos, dar-lhes esperança, dar vontade de construir um país melhor, com futuro, um país que respeite todos, que integre as diferenças, um país que seja um pólo de modernidade e que atraia a modernidade de outros países, para captar investimento especialmente na área da indústria, para fazer renascer a cultura que, em si, também atrai turismo de qualidade. É necessário que o PS apareça com energia, com alegria, capaz de integrar o destempero, um PS que levante o País da indignidade e do marasmo em que se encontra mergulhado, um PS que transporte um desejo de mudança, de futuro e, porque não dizê-lo?, de felicidade.



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A música é A Máquina Triste de Rodrigo Leão (e, uma vez mais, os meus agradecimentos ao Leitor que ma deu a conhecer).

As flores foram fotografadas por Phoney Traveller

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Muito gostaria que me visitassem também no meu Ginjal e Lisboa onde hoje tenho Fernando Guimarães e uma bachiana brasileira para envolverem segredos escondidos numa mão que se fecha dentro de outra. Rêveries, portanto.
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Relembro que já a seguir há mais dois posts, um com arte de rua e da boa e, outro, com um rival do Futre.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.