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domingo, outubro 26, 2014

Passos Coelho acha que os jornalistas e comentadores são preguiçosos, marias vão com os outros, não estudam as matérias, dizem coisas patéticas e deviam pedir desculpa ao País. Ora bem, temos, portanto, Passos Coelho em versão Dominatrix. Ui. ///// E que dirá ele da versão de Carlos Mendes sobre "O Crato"?... Será que vai também exigir ao Carlos Mendes que peça desculpa ao País...? Ui... que o Carlos Mendes já deve estar aflitinho da vida.




Vinha eu no carro e, às horas certas, pusemos o rádio na TSF. Pois não é que lá estava Passos Coelho, voz empolgada, a perorar contra os mandriões que invadem a comunicação social a dizer que a sua governação tem sido um fracasso? Que nada, tudo melhor, a dívida um miminho, o desemprego ainda melhor, o PIB ora, ora, de vento em popa, a confiança dos empresários também do melhor, a situação do ensino, da justiça e de tudo o resto boa, boazona como nunca antes... e esses calões a papaguearem a conversa uns dos outros. Patético. Deviam ter a humildade de pedir desculpa.


Transcrevo uma parte do que o Público descreve:

O momento mais inflamado do discurso – que encerrou as jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS – aconteceu quando o primeiro-ministro atacou comentadores, depois de se ter referido a jornalistas também. “Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou, para logo lamentar: “Pena que para neste exercício de coerência muitos sejam preguiçosos e às vezes orgulhosos. Têm-se dito no debate público inverdades como punhos”.

(...)

“Chega a ser patético verificar a dificuldade de gente que se diz independente tem de assumir que errou, que foi preguiçosa, que não leu, que não estudou, não comparou, que não se interessou, a não ser em causar uma boa impressão de dizer ‘Maria vai com as outras’, o que toda gente diz porque fica bem”, afirmou, arrancando uma forte salva de palmas.


Passos Coelho no seu melhor, portanto. 

Ora eu já estou como o Der Terrorist: também acho que grande parte dos jornalistas e comentadores são preguiçosos, papagueiam o que os funcionários e assessores dos gabinetes comunicação dos ministérios dizem. Mas não era a esses que ele se referia. Cá para mim referia-se, isso sim, a Manuela Ferreira Leite, a Pacheco Pereira, a Pedro Marques Lopes, ou a Nicolau Santos, a Pedro Santos Guerreiro e a todos quantos ousam desdizer o discurso oficial.

Já no Expresso tinha lido que a chefe dele, a Pinókia, se tinha apresentado no outro dia no Parlamento toda mandona, castigadora, dominadora, dando ralhetes aos deputados e tudo.

Depois das cenas de Perdoa-me que mandou o C-Rato e a Cruzes-Canhoto fazerem, eis o Láparo de volta ao seu número preferido: ele e a sua Mestra como um grupo de castigadores, cada um armado em dominatrix. Cuidado com eles.


Estão danadinhos para distribuirem tau-taus a torto e a direito. 

Ui....




E nada de serem piegas, senhores jornalistas e comentadores. Apanhem e mostrem que gostam.


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Recebi agora por mail um vídeo com Carlos Mendes a dedicar uma canção a Nuno Crato e a outras adjacências. Vou já divulgá-lo embora receie que o Láparo Dominatrix ainda um dia destes dê uma desanda no Carlos Mendes, umas chibatadas verbais, e o obrigue a ajoelhar e pedir perdão.


Por isso, en garde, Carlos Mendes.





....

Volto de novo a este mail para lhe juntar o início do artigo de Nicolau Santos no Expresso online de segunda-feira a que ele deu o título de : O dr. Passos nunca errou. Só ele é que vai com o passo certo.




Ao dr. Passos não lhe bastam a cumplicidade entusiástica do dr. Marques Mendes, porta-voz oficioso do Governo. Ou o criticismo benevolente do Prof. Marcelo e do dr. Morais Sarmento. Ou os elogios firmes do dr. João Carlos Espada. Ou a cobertura científica dos professores João Cantigas Esteves e João Duque. Não. O dr. Passos é ambicioso. Queria mais.


...

domingo, fevereiro 26, 2012

Digo: "Lisboa" quando atravesso - vinda do sul - o rio; e a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse; enquanto o largo mar a ocidente se dilata, Lisboa oscila como uma grande barca; Lisboa ; digo o nome da cidade - digo para ver


Poesia, por favor

'Chamo-te' de Sohia de Mello Breyner Andresen lido por Hugo Moura Vieira


Passámos rente ao rio e lembrámo-nos de subir as ruas íngremes por detrás do belo edifício cor de céu de Santa Apolónia. Apetecia-me rever a Graça, aí onde Lisboa é mais feminina. 

Muita gente, muitos turistas, muitos casais, namorados beijando-se indiferentes a quem se senta ao lado, duas raparigas de mãos dadas, felizes, muitos jovens ruidosos, uma mulher que gritava pelo cão, crianças brincando, uma mulher jovem num banco de jardim lendo um livro, um homem de mãos nos bolsos passeando, outros sossegados ao sol, pessoas de idade conversando, e esta tranquilidade das belas tardes de um inverno que parece verão.

Miradouro da Graça, um sítio onde o tempo se detém

Entrei na Igreja, linda, aquela frescura dos ambientes tranquilos, os tectos pintados, as figuras religiosas em poses piedosas, aquela luz coada que nos transmite uma religiosidade natural e digna, e eu por ali andando, olhando e sentindo a paz que vem daquelas pedras, e, então, um coro suave - vozes que se elevam e enchem aquele espaço tão tranquilo - parece nascer dos recantos habitados pela Virgem, por Cristo. A música do órgão, as vozes que ensaiam os cânticos, a luz das velas, as pessoas recolhidas em oração, o silêncio -  aqui é Lisboa, cheia de graça.

Uma das pequenas capelinhas, recantos de pura devoção,
na bela Igreja da Graça

É verão e o branco de Lisboa não se cansa
da brancura, o céu de um azul
pálido e constante, na sombra da esplanada.
(...)

'Lisboa com suas casas de várias cores' (Álvaro de Campos),
e o Tejo sempre presente

(...)
Os pedreiros falam alto, num português bruto,
os estrangeiros, que nunca leram Cesário,
louvam o encanto da lota, as raparigas passam,
melhores que qualquer cidade.
enquanto o vento tempera o calor

lembrando que existe um rio.
Mas a sombra é um parêntesis, a brancura
um parêntesis, o próprio vento e as raparigas
uma suspensão no quotidiano
que teima em desintegrar-se,
em resistir à superfície da escrita.
Nessa cidade que tranquilamente
se deixa ficar nas colinas, quem sabe
se à espera, quem pode saber.


['Lisboa, Cerca Moura', de Pedro Mexia in 'Menos por menos']

Ler um livro ao sol, num banco de jardim,
junto a um chafariz, com pombos em volta

Dai-me um dia branco, um mar de beladona
um movimento
inteiro, unido, adormecido
como um só momento.

Eu quero caminhar como quem dorme
entre países sem nome flutuam
(...)


E, neste local mágico, encontrei Sophia,
Sophia de frente para Lisboa que se estende rendida,  bela e luminosa

(...)

Imagens tão mudas
que ao olhá-las me pareça
que fechei os olhos.

Um dia em que se possa não saber


['Um dia branco' de Sophia de Mello Breyner]

Sophia, bela, orgulhosa, inteira, guardada pela Igreja da Lapa

Os troncos das árvores doem-me como se fossem os meus ombros
Doem-me as ondas do mar como gargantas de cristal
Dói-me o luar como um pano branco que se rasga


['Os troncos das árvores' de Sophia]

Sophia, de perfil, bela como o belo tronco da árvore, bela como as pedras
 intemporais da parede na qual se grava um seu poema a Lisboa

Poema gravado na pedra sobre as pedras da parede junto à Igreja no Miradouro da Graça

E a este belo, belo, mágico, íntimo lugar, chamaram Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, porque na imensa beleza e na paz sossegada deste espaço se acolhe com ternura e graça o espírito de Sophia, Mulher Poeta.

Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, Poeta, 1919-2004
A mais bela homenagem que se poderia ter feito

Mais poesia, por favor

'Pirata' de Sophia de Mello Breyner Andresen lido por Jacinto Correia


Lisboa, meu amor

Joaquim Pessoa e Carlos Mendes


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E tenham, meus Caros, um belo domingo.
Cherchez la beauté.