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quarta-feira, janeiro 13, 2021

Uma pétala de rosa caindo no abismo

 



Continuam os dias de trabalho pesado, apesar de pouco sair de casa. O meu marido, à tarde, disse: 'Hoje a coisa não correu bem'. Perguntei: 'Como assim?'. Esclareceu: 'Estavas com a assertividade nos máximos'. Não percebi. Explicou: 'A malta levou pela medida grossa'. Perguntei a que se referia em concreto. Respondeu, com sorrisinho irónico: 'Acho que não escapou nenhum. Parece-me que foi a manhã toda. Levaram todos'. Ainda quis que me dissesse qual o tema, para perceber com quem estaria eu a falar. Disse que não percebia as palavras, mas que o tom de voz falava por si.  Acabei por confirmar que, pensando bem, tirando numa breve reunião de meia-hora, em todas as outras expressei a minha contrariedade. Por exemplo, uma faz telefonemas que são de meia-hora se a agente a interromper, senão são de uma hora no mínimo, para dizer que tem muito que fazer e que não tem tempo para fazer tudo o que é preciso. E passa o dia a fazer telefonemas destes. Se não os fizer, é tempo que lhe sobra para trabalhar. Como não mostrar arrelia com uma pessoa que não percebe isto? Ou um que tem mil coisas para fazer e que, em vez de se concentrar a fazê-las, se põe a fazer outras? Ou um que mal tem uma ideia vai a correr dizê-la a toda a gente, criando expectativas infundadas, lançando confusão e, quando lhe pergunto se já falou com alguém, bem sabendo eu que sim, me diz com cara de pau, mentindo à descarada, que com certeza que não. Claro que se eu tivesse estudado diplomacia ou tivesse aprendido a ser beata e paciente, passava por tudo isto sem me torcer nem me amolgar. Assim, é o que é. 

Tinha pensado que teria tempo para redigir um documento que amanhã queria partilhar para colher opiniões mas, com tanta reunião e tantos telefonemas, não consegui. Ainda pensei que talvez agora. Mas não me apetece. 

Só intervalei para fazer o jantar. Fiz assim:

Num tacho coloquei azeite e cortei duas cebolas aos bocados. Frigi ao de leve com duas folhas de louro fresco. Juntei um pequeno morceau de bacon aos bocadinhos e deixei que alourasse. Depois juntei quatro lindos tomates maduros. Por cima, três pernas grandes de frango do campo. Por cima, um pouco de sal, um alho francês às rodelas largas e mais um tomate maduro. Reguei com um pouco de vinho tinto e juntei salsa em quantidade generosa. Cozinhou nos próprios sucos até que vi a carne a querer despegar dos ossos. Juntei ervilhas congeladas. Cozinharam um pouco. Verti, então, o caldo que se tinha formado para uma chávena de pequeno almoço. Completei com água até encher. Juntei mais três chávenas de água. Quando ferveu, juntei duas chávenas de basmati. Quando estava seco, desliguei. O meu marido andava de roda da cozinha a dizer que cheirava bem, querendo saber o que era. Soube-nos bem ao jantar, acompanhado de salada de alface e canónigos. Depois comi uma tangerina. Rematei com um quadrado de chocolate bem preto (82% de cacau)

Tirando estas minhas coisas, tenho ainda a reportar uma coisa: não sei que é feito dos meus óculos brancos que me dão muito jeito para conduzir à noite. Já corri tudo -- e nada. O meu marido diz que se espantava é se eu soubesse deles. Não comento. Andavam sempre no carro, aqueles óculos. Mas mudei de carro ao mesmo tempo que mudei de casa e agora não faço ideia. O meu marido disse: na volta ainda estão no saco com as coisas que tiraste do outro carro. Não digo que não. Mas qual saco? À hora de almoço fui à cave ver se, nos sacos que estão pendurados no cabide de pé, encontrava alguma coisa. Nada. Sacos vazios, sacos de desporto, sacos de praia. Às tantas, um estava fofo, com coisas lá dentro. Abri: duas toalhas de praia, uma delas parece que ainda um pouco húmida. Nem queria acreditar. Não devia estar húmida senão cheirava a bolor e não, cheirava bem. Deve ser do frio que parecia húmida. Qualquer dia haveria de querer saber das toalhas e não fazer ideia delas. Calhou bem achá-las. Já as coloquei dentro da máquina. Num outro encontrei duas pens e um espelhinho de carteira que andava perdido há anos. Acabei por subir para almoçar. Dos óculos nem sinal.

Não vi o debate entre todos. Não me apeteceu. Não consigo ver a Ana Gomes a imitar o Herman José a fazer de Ana Gomes e, ao mesmo tempo, prestar atenção ao que diz. Não consigo, acho que a imitação dela não é credível. Não tenho paciência para a Marisa a fazer de conta que está a candidatar-se para o parlamento ou para o governo. Não tenho paciência para as tiradas simpáticas e nulas do Tino. Não tenho paciência para o tal senhor Mayan que parece ser gigante e deslocado. Não tenho paciência para o João Ferreira porque tenho pena que ele não tenha uma votação fantástica pois tem boa cabeça e uma dignidade tocante e era bom que evitasse o achincalhante declínio do PCP. Não tenho paciência para ouvir o porco imundo que, ao merecer a preferência de tanta gente, demonstra a mais triste de todas as realidades: há muito português mais estúpido e burro que uma porta. E não tenho paciência para ouvir o Marcelo porque já o conheço de ginjeira e sei que, se for como no primeiro mandato, apesar de todas as patetices que fazem parte do seu lado mais catavento, saberá interpretar o querer dos portugueses e saberá manter o equilíbrio interno ao mesmo tempo que não nos envergonhará quando representa o país perante o exterior, e porque o meu sentido de voto já está mais do que decidido. Portanto, não poderei comentar o debate. Terei perdido alguma coisa?

E agora vou espreitar vídeos. Qualquer dia ainda me torno seguidora de influencers. Mas não de uns influencers quaisquer. Hoje o algoritmo trouxe-me nova entrevista com Bethânia, desta vez a cargo de uma tal Naná, bem simpática por sinal. Já me arregimentei ao canal da Naná.

E o que Bethânia diz, senhores, que mulher, que carisma...!

Gostei de tudo mas não posso deixar de destacar o que ela diz do que é a poesia: não apenas o que respiguei para o título como também o que o seu mano Caetano diz: poesia não serve para dormir, poesia acorda.

Naná se derrete, olhando com devoção a grande diva, beijando as mãos da deusa da imensa cabeleira. Uma vez mais é um vídeo um pouco longo mas em que cada minutinho vale ouro.

Mas, antes, um curtinho em que Bethânia pergunta a Naná porquê esta série de entrevistas. E eu, que não fazia ideia de quem era Naná, vejo-a aqui toda vulnerável, toda dengosa, também seduzindo, fazendo amor com as palavras. Bonito de ver. Cá para mim, Naná é que nem eu que do amor gosto é dele carregadinho de expoente. 


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Pinturas de Joan Mitchell na companhia de Yo-Yo Ma - Bach: Cello Suite No. 1 in G Major, Prélude

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E dias felizes apesar dos confinamentos e de tudo o resto.
Saúde.

segunda-feira, setembro 07, 2020

Rui Pinto: um vulgar assaltante ou um arauto da liberdade?


(Daqui)
Já em tempos aqui falei e, se não me engano, mais do que uma vez, sobre Rui Pinto. E a minha opinião é a mesma desde que tive conhecimento das actividades do gaiato.
Faz-me muita impressão que pessoas que deveriam ser sensatas tentem passar a imagem de que Rui Pinto não se trata de um vulgar assaltante mas de um salvador da moral e dos bons costumes. Nunca votaria em Ana Gomes para Presidente da República. Teria eu que estar com uma grande bebedeira coisa que, até hoje, nunca aconteceu. Mas, se me tivesse dado alguma travadinha e admitisse a hipótese de querer vê-la em Belém, bastaria esta macacada de ela andar com o Rui Pinto nas palminhas para lhe sugerir que esqueça a Presidência e vá, antes, dar banho ao cão.
Rui Pinto é um hacker confesso. Acredito que, como tantas vezes acontece com os hackers, a principal motivação dele fosse a de ver se conseguia entrar onde não devia. Os hackers apuram técnicas, trocam informações com outros que, igualmente, se escondem no anonimato, fazem tentativas... até que entram. E, tendo arrombado as seguranças das redes (ou entrando como cão por vinha vindimada quando a segurança é quase nula), começam a copiar tudo o que encontram.

(Daqui)
Quando é gente dada ao gamanço mais profissionalizado, fazem gracinha maior: copiam tudo o que podem, encriptam tudo o que podem e pedem dinheiro para desencriptar. Parece que a indústria dos resgates é uma das que está a dar. Aparentemente não foi isto que Rui Pinto fez. Aparentemente limitou-se a varrer tudo o que apanhou e, tendo em sua posse documentos de sociedades desportivas, sociedades de advogados e etc, começou a ver o que podia fazer daquilo. Do que se sabe, assaltou inicialmente apenas numa de curiosidade, há quem diga que fez mais que isso, que roubou mesmo dinheiro, há até quem diga que também chantageou, pedindo dinheiro -- mas disso eu não sei, só sei do que é público e inequívoco --, e, quando se apercebeu que, no arrastão, tinha apanhado caça grossa, começou a perceber que estava a tornar-se poderoso. Divulgou, causou bru-a-á, tornou-se um alvo a apanhar. Mas um poder destes é uma fonte de grande risco, risco para os que foram devassados, risco para ele. Ao ser apanhado, começou a divulgar algumas das 'cenas' que tinha apanhado e a estratégia de defesa passou por desviar o foco da questão (de assalto e roubo de informação a coisa derivou para denunciante). Isabel dos Santos foi apenas mais uma que, aparentemente, caíu nas suas malhas.

Ou seja, como seria relativamente expectável, tendo andado a jardinar em sociedades desportivas, sociedades financeiras e sociedades de advogados, o fruto do seu roubo veio a revelar-se assaz diversificado e interessante, permitindo denunciar o que parece ser a prática de vários crimes.

(Daqui)
Mas isso em nada muda o que é relevante à luz do Estado de Direito em que vivemos, ou seja, o facto de Rui Pinto, ao violar redes e sistemas informáticos, ser um assaltante, um hacker

Não vivemos no Far West, não vivemos num regime de milícias populares ou do vale tudo e salve-se quem puder. 

Se Rui Pinto em vez de roubar informação de computadores, roubasse casas também poderia descobrir armas não autorizadas numa casa, doses de cocaína para venda noutra ou barras de ouro ou coisa do género num insuspeito colchão. Mas isso não faria deles menos ladrão de casas do que qualquer outro.

Que eu saiba vivemos num Estado de Direito e não pode ser qualquer um que ande por aí a piratear e a roubar a informação de pessoas e empresas. E tudo o que mais possa ser dito em relação a isto com o intuito de defender Rui Pinto é treta.

E uma coisa não percebo: Marcelo que comenta tudo e todos, que telefona a este e àquele, que dá palpites sobre o cão, o gato, o periquito e a festa disto, daquilo e do outro, não arranja maneira de falar sobre isto? É que há uma diferença grande, profunda entre, por um lado, a liberdade legítima e a democracia e, por outro, o populismo. Há linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas e não vale a pena colar na testa do ladrão o rótulo de whistleblower ou enroupar a coisa para a engalanar e disfarçar o que são e sempre serão actos ilegítimos. 


quinta-feira, julho 10, 2014

Só uma perguntinha: o que têm o José Gomes Ferreira e outras virgens (que antes rasgaram as vestes contra qualquer tipo de reestruturação de dívida) a dizer agora da reestruturação da dívida no GES, mais propriamente na ESI? Gostava de saber. Nos antípodas da papagaiada que abunda nos media, está Ana Gomes, essa intrépida criatura. Ouçamo-la aos microfones da Antena 1: 'Se o BES é demasiado grande para falir, ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso'


No post abaixo já vos desafiei a virem comigo surfar o canhão da Nazaré. Para aqueles que estão danadinhos para saber como sou eu ao vivo, é a oportunidade de ouro. Lá estarei à vossa espera. É certo que coisa assim não é para meninas mas, alguém duvida?, tenho barba rija mesmo. Em tempos um administrador relatou a outro que, numa certa reunião quente em que ele tinha estado e o outro não, a única pessoa com tomates tinha sido eu. Pois bem. Se os tenho, e tenho, então vamos lá a ver até que ponto sou valentona. Mas, claro, não tem graça ir sozinha pelo que lá estarei à vossas espera, antes de me fazer à fera.


Adiante. Falemos agora de papagaios. Também podia falar de catatuas - e estou agora a lembrar-me de uma bem conhecida. Mas vou ficar-me pelos papagaios.

Quando meio mundo (com dois dedos de testa, bem entendido) já reconhece que, nas presentes condições, não há como pagar a dívida portuguesa (a pública e a privada) e os seus pesados juros, e que a única forma de evitar um desastre de grande proporções é avançar-se para a sua reestruturação, é altura de lembrar aquela criatura que encarna o mais descarado populismo ao serviço do jornalismo e que dá pelo nome de José Gomes Ferreira. Não há muito tempo, o self-apregoado especialista em assuntos económicos escreveu para aí uma carta aberta, em que se esfarrapou todo para provar que reestruturar qualquer dívida é do mais absurdo e anti-patriótico que existe e que quem quer reestruturar uma dívida é um caloteiro sem vergonha - e sei lá que mais. Não sei se são estas as palavras que usou mas a ideia que fica depois de o ouvir a repetir o argumentário dos representantes do poder financeiro, em especial, dos especuladores, é esta.

Imagem que obtive na internet
e da qual não sei a proveniência original.
Será daqui?

Pois bem, pergunto: este mesmo José Gomes Ferreira e outros e outras que tais que tanto ouviram, em êxtase, as palavras do santíssimo Ricardo Salgado e as suas homilias cheias de culpas e castigos, e tanto as papaguearam (que outra coisa não têm feito ao longo destes 3 anos), que dirão agora da reestruturação da dívida a que o GES, em desespero, está a recorrer? 


Tendo já entrado em incumprimento, o GES (em particular a ESI) está agora a pedir a todos os 'pobrezinhos' que lá, na Suiça, aplicaram as suas fortunas que troquem as aplicações que fizeram por papel porque dinheirinho, agora, é coisa que viste-lo.


Estou a perguntar-me o que dirão agora essas beatas - que tanto gostam de varrer o chão dos banqueiros - perante a solução a que os Espíritos estão agora a deitar mão... Mas sei a resposta. Não dirão nada. Assobiarão para o lado, como se não tivesse nada a ver. Papaguearão outra coisa qualquer. Incapazes de formularem, por eles, um raciocínio mais elaborado, limitam-se a papaguear o que lhes parece ser a voz do dono (seja lá qual for o dono).

A fraude, a má gestão e tudo o que está a vir à superfície do GES já contagiou a PT. A bolsa está com os alarmes todos a tocar e os juros já estão a subir por tudo o que é canto e esquina, inclusivamente na dívida pública. A isto se chama risco sistémico.

A situação não está nada animadora e só espero que Carlos Costa, essa criatura de passado um pouco intrigante e intervenções também um pouco dúbias mas que é venerado como se de uma sumidade se tratasse, saiba o que anda a fazer. Se não souber, o rombo global poderá ser pior do que levar com o canhão da Nazaré em cima.

Para que não digam que a minha língua é perigosamente venenosa, deixo-vos um parágrafo do seu CV que a mim, que sou simples de espírito, me intriga à beça.
Entre 1993 e o final de 1999, foi Chefe de Gabinete do Comissário Europeu Prof. João de Deus Pinheiro com as responsabilidades das políticas de “Comunicação, Cultura e Audiovisual” (1993-1994) e da Política de Cooperação da União Europeia com os países de África, Caraíbas e Pacífico (1995-1999).
Chefe de Gabinete de João de Deus Pinheiro quando ele andou a fazer turismo...? Ui. E com a responsabilidade das políticas da comunicação, cultura e audiovisual...? É lá! Que Governador ecléctico nos saíu na rifa. Puxa. (Um dia destes, ainda o Relvas nos aparece também a governar o Banco de Portugal, querem ver?)
E não falo dos 4 anos em que Carlos Costa foi director da área internacional do BCP e durante o qual afirma que nunca soube quem eram os beneficiários das sociedades offshore a quem o banco concedia crédito para a compra de títulos. Ceguinho e surdo como convém a quem vai para o Banco de Portugal.

Mas eu sou uma alma caridosa e o que lá vai, lá vai. É preciso é que agora saiba o que anda a fazer. O País agradece.


Mas se eu sou boazinha, já o mesmo não se poderá dizer de Ana Gomes, essa mulher que parece que traz submarinos na cabeça e que anda sempre com a faca na liga e a mão no gatilho das múltiplas armas com que se atavia. Uma verdadeira mulher de armas.

Pois justamente a propósito do que se está a passar no GES, muito gostaria de vos convidar a ouvir a guerrilheira Ana Gomes na Antena 1: "Ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso" e “o banco foi e é instrumento da atividade criminosa do grupo”. “Se o BES é demasiado grande para falir, ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso”.



Esta Ana Gomes quando se atira é logo à jugular. Não é como eu que é mais coceguinhas.

E adiante que eu hoje estou uma santinha, não estou para grandes touradas.

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Estou mais para me fartar de rir com os papagaios de serviço. Ora vejam bem este aqui a cantar o 'atirei o pau ao gato'. Que artista. O que o Gomes Ferreira tem ainda a aprender...



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E bora mas é surfar o canhão aqui em baixo, ok?

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sexta-feira, junho 20, 2014

Cai Ricardo Salgado, o homem forte do BES, o banqueiro do regime, e, com a sua demissão, fica à vista de toda a gente os pés de barro do conhecido paladino da moral e dos bons costumes, a 'mão por detrás do arbusto' de toda a privatização, negociata e derrube de governo que aconteceu em Portugal nos últimos vinte e tal anos. E aqui deixo uma perguntinha: tanta auditoria, tantos testes de stress e tanta treta... e nunca tinham dado por tanta tramóia...? Ah, que brandos são os costumes dos amigos e capachos desta gente.


No post a seguir a este lanço uma pergunta ao verdinho de serviço, à poiazita que por aí anda: não quererá ter um acto de higiene e livrar-nos da sua inteligência invertida?

Mas isso é mais abaixo.

Aqui, agora, a minha conversa é outra. Não é que cheire melhor mas, enfim, é o que os tempos presentes nos andam a reservar.


Ricardo Salgado, o ex-homem forte do Grupo Espírito Santo.


A queda de um mito 

(um mito de pés de barro, de mãos ao que parece pouco limpas, de consciência, ao que parece, bastante pesada)



Há quanto tempo Carlos Costa está à frente do Banco de Portugal? E quantos testes de stress foram feitos aos bancos? E, quando o BES recusou receber apoio como os outros bancos, alegando que os seus rácios estavam tão belos, que não precisava de nenhuma injecção?


Auditorias de toda a espécie e feitio e ninguém percebeu que havia dívida não declarada, contas manipuladas, trapalhada da grossa? Tanta gente inteligente e sabichona e ninguém deu por nada...? A sério...?

Como poderemos nós confiar em toda esta gente? Como poderemos saber que o que vemos como limpo não é, afinal, um monte de lama? Que auditores e reguladores são estes...?

Carlos Costa que, ao que parece, foi o homem dos negócios internacionais do BCP alegando, contudo, desconhecer as trapalhadas dos offshores, parece que continua a deixar passar-lhe, por baixo dos olhos, muita coisinha esquisita. Precisará de óculos? De tratamento de outra espécie?

Mas agora está a actuar. Certo, está. Mas, ao que parece, tarde e más horas, quando a coisa já sujou e demais, e a reboque de notícias que já não cabiam no segredo dos gabinetes e no seguimento de bombas a rebentarem na capa dos jornais.



Carlos Costa reuniu-se no final desta tarde como os membros do Conselho Superior (CS)  do GES. Esta reunião foi convocada de urgência depois de o Expresso ter revelado que Ricardo Salgado pretende renunciar à  administração, mas que alguns administradores não iriam aceitar sair, como era o caso de José Maria Ricciardi, Pedro Mosqueira do Amaral e Ricardo Abecassis Espírito Santo.


O governador quer que este três membros do CS, que estavam na reunião no Banco de Portugal, também renunciem aos seus mandatos de administradores. Na prática, o BdP não só obrigou Ricardo Salgado a renunciar, como não deixa que os outros administradores lá fiquem.  E significa também que os supostos candidatos à sucessão que estão dentro do conselho superior deverão deixar a administração do BES.


Segundo Pedro Santos Guerreiro, um dos jornalistas que mais de perto tem acompanhado este escândalo, a guerra está ao rubro e o desfecho disto, à data de hoje e a esta hora, ainda não é conhecido. Acabo de ouvir que agora, aproximadamente à meia-noite, Ricardo Salgado ainda estará dentro do BdP, apesar do primo Ricciardi já ter saído.

Mas se Carlos Costa andou a marcar passo, já Ana Gomes não brinca em serviço. 

Transcrevo:

Ricardo Salgado, noutros tempos.

O homem que, há cerca de 3 anos derrubou um Governo
para, segundo se diz, lá ter um mais a seu gosto,
acaba por ter, afinal, um fim triste.

A deputada socialista no Parlamento Europeu, Ana Gomes, escreveu esta quinta-feira duas cartas dirigidas a Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), e a Andrea Enria, presidente da Autoridade Bancária Europeia, onde denuncia "irregularidades" no Espírito Santo Financial Group (ESFG).


Nas cartas, divulgadas no seu site de eurodeputada, Ana Gomes recorda que "recentemente foram reportadas 'sérias irregularidades' em contas" da Espírito Santo Internacional, que passaram por "omissões na contabilidade de passivos" ("segundo a imprensa", no valor de 1,2 mil milhões de euros, explica a eurodeputada) e "sobrevalorização de ativos".


A barraquinha toda armada e à vista de toda a gente. Sujou, como dizem os brasileiros.


Ricardo Salgado
No Grupo escondeu milhares de milhões em falta,
no IRS pessoal escondeu 8 milhões,
e em vez de pintar a cara de preto e se enfiar num buraco,
por aí continuou a andar, armado em gente fina.


Segundo se diz, o BES estará a salvo, o que estará em frangalhos é o GES. Não sei. A ver vamos.

Mas, para além da minha perplexidade perante a bagunçada que se passa em lugares supostamente sujeitos ao maior escrutínio, o que me espanta é a lata desta gente. 

A lata!

Por aí andam a impor condições, a dar entrevistas sempre naquela pose de superioridade, a pregar lições de moral, a falar no que se gastou a mais, como se os velhos, os funcionários públicos e os desempregados tivessem agora que pagar os excessos que antes cometeram, pregando que a austeridade é vital e toda essa conversa fiada, a derrubar governos na maior descontração, e afinal são essas mesmas pessoas que fogem ao fisco, que engatam as contas deliberadamente, que fazem toda a espécie de negociatas e jogadas... 

Um asco, é o que isto é. Baaahh.



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Relembro: sobre a desautorização que os do Governo, certamente acagaçados com o abrir de olhos do Constitucional e talvez levando em consideração a recomendação do ministro das finanças da Merkel que diz que nunca se mete com o Constitucional, perguntei: em que posição fica o coisinho maduro? Andou armado em forcado a querer tourear os juízes do Ratton e a ver se virava os funcionários públicos contra eles e agora tiram-lhe o tapete desta maneira... Não se demite?

Mas, sobre isso, desçam até ao post a seguir, por favor.

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quinta-feira, maio 29, 2014

Ana Gomes é uma das muitas pessoas que defende que Seguro convoque um Congresso Extraordinário. Tomara que ele, não apenas registe o que ouve, como aja em conformidade. Quanto mais tempo prolongar isto, mais a imagem do PS se degrada, mais os socialistas se desunirão (quando deveriam estar unidos e coesos). A bem do País, Seguro deve ser rápido e submeter-se ao voto dentro do Partido (por muito que lhe doa, por muito duro que isto seja para ele, por muito ingrato e injusto que isto lhe pareça)


Um River of Sorrow, para nos acompanhar





Chegada de um dia de trabalho longe da capital, longe da realidade política e mediática, com dores no ombro e cansada, ligo a televisão, a SIC N, e vejo Ana Gomes de um lado, esgrimindo argumentos contra João Galamba, que se apresenta como estando do lado oposto. Tanto eles falam que a Ana Lourenço nem precisa de atirar achas para a fogueira.


Que a Ana Gomes critique a entrada em cena de António Costa eu percebo. Se ela foi escolhida por Seguro para a lista do PS para o Parlamento Europeu, não ia agora bandear-se para o lado de quem desafia o dito Tozé.


Da mesma forma que também percebo que Alberto Martins critique a entrada em cena de António Costa. Se é o líder da bancada parlamentar, não ia bandear-se para o lado de quem desafia quem acabou de o nomear para aquele lugar.

Há coisas que se percebem.

Mas registo que Ana Gomes, embora claramente a contragosto, diga que acha que, perante o avanço de António Costa, então, pois que remédio, deve mesmo ser convocado o Congresso. Claro. É inteligente. Fala por uma dúzia de peixeiras mas, vá lá, é inteligente.

António José Seguro é o homem do aparelho, o que fez toda uma carreira partidária, a pulso, decorando os nomes dos que manobram os cordelinhos por esse país fora, sendo simpático, apertando mãos, distribuindo os seus sorrisinhos. Depois de tanta braçada nem deve conseguir conceber que agora o queiram ver morrer na praia. 

O lado humano desta crise no PS não pode deixar de me tocar. Anos e anos de esforço, anos e anos de trabalho de sapa, agora uma campanha eleitoral em que se envolveu até à rouquidão, percorrendo estradas, locais, distribuindo beijinhos, vendo que, pela segunda vez, ganha as eleições, vendo que está quase lá... e, eis que o seu concorrente de sempre, o líder do coração dos socialistas, em vez de o vir aplaudir, aparece a desafiá-lo em público... deve ser emocionalmente desgastante.

Quando ele gostaria de ver o partido inteiro a testemunhar gratidão, vê o partido partir-se ao meio, contestando a sua presença. Deve sentir-se injustiçado. Percebo-o. Sinto até alguma pena por ele e estou a ser sincera.
Mas a vida na política é isto mesmo. Há momentos em que as pessoas toleram outras porque sim, porque depois de um líder forte (como foi Sócrates) é normal que as pessoas precisem de alguma descompressão, que depois de um animal feroz prefiram um bichinho de peluche, um fofinho. Mas isso dura o tempo estritamente necessário. Um peluche não vai à luta, não ganha guerras. Pode vencer uma ou outra batalha mas não vence guerras.

E quem é que quer fazer parte de um exército em que o líder notoriamente não é capaz de ganhar uma guerra...? 

Mas que ninguém pense que o ponho no mesmo cesto que os da actual coligação. Nem pensar. Francamente acho que o Tozé até deve ser boa pessoa. Entre António José Seguro e Passos Coelho há uma diferença abissal. O primeiro tem mostrado ser uma pessoa séria. O segundo não. E isso faz muita diferença.

Mas, sejamos muito francos: António José Seguro é naturalmente um líder fraco. Ora um líder fraco é uma contradição de termos: se é líder não pode ser fraco; se é fraco não pode ser líder. 

Por exemplo, quando Seguro, para se armar em galaroz, anuncia que o PS vai votar favoravelmente a moção de censura do PCP, revela uma fragilidade ou inexperiência ou falta de inteligência que assusta. Com medo de ser atacado pelos comunistas, foi-se-lhes colar. Agora, ou aprova uma censura que arrasa o PS ou desdiz-se. Em qualquer dos casos, fica mal na fotografia, ridículo mesmo.

Foi como quando traçou como fasquia para o desempenho do governo uma saída limpa. Só um pateta poderia meter-se num beco destes. Passos Coelho que, como é sabido, não se ensaia nada de dar cabo do país, avançou sem programa cautelar (a conjuntura internacional estava-lhe favorável e a Europa está deserta por se ver livre destes malfadados programas de apoio que só a metem em sarilhos, tanta a incompetência geral de quem os aplica). Face a isso, o que poderia Seguro fazer? Nada. Meteu a viola no saco.
E isto tem sido uma constante. Mete-se em becos sem saída, ou hesita na resposta, ou enrola, ou diz que vai dizer, ou diz que já disse, ou arma-se em valentão sem ter cara para isso. Ou seja: um desastre.

Ou seja, voltando à vaca fria: entre Passos Coelho e Seguro, escolho o Seguro. Mas escolho o Seguro, contrariada porque não acredito na capacidade de Seguro conduzir os destinos do meu País.

Face ao resultado das eleições, em que o PSD e o CDS levaram um tareão sem paralelo e o PS não conseguiu atrair os descontentes, só há 1 (uma!) coisa a fazer: Seguro pôr o lugar à disposição.


Agarrar-se ao lugar, contabilizar vitórias (mesmo que tangenciais, mesmo que miseráveis) revela pequenez de princípios e, sobretudo, falta de amor ao País. 

Se ele acha que é o melhor líder para o PS depois destes resultados, então que ouça a confirmação por parte dos militantes socialistas.

Arrastar isto vai provocar cisões, vai fazer com que o País assista a divisões na praça pública, vai enfraquecer a oposição a este inescrupuloso governo, vai reforçar a imagem de que a esquerda é dada a tricas, vai reforçar a empáfia das gentes do PSD e até do inexistente CDS.

Seguro deveria querer sair em beleza, mostrar-se um líder sem medo, não se agarrar a subterfúgios. Devia comunicar ao País: Os resultados não foram tão bons quanto se desejaria e, uma vez que há mais quem queira provar o que vale, então aqui estou eu para ir a votos. Vou convocar o Congresso Extraordinário quem quiser que se chegue à frente e vamos medir forças.



Os nomes mais sonantes e respeitados no PS nitidamente preferem António Costa. 

Neste momento estou a ver Vieira da Silva com Judite de Sousa na TVI 24 a explicar por a mais b, que não há dúvida que António Costa tem muito mais perfil que Seguro - pelas provas dadas, pela capacidade de formar equipas com pessoas de outros quadrantes políticos, pela visão, pela determinação. E se ele está com vontade de trabalhar pelo País num momento como aquele que atravessamos, com Portugal a ser aniquilado, destratado, roubado, então há que deixar o Partido pronunciar-se.



E depois há Mário Soares (por acaso ainda este domingo o vi). O velho leão, o animal político por excelência, o que sabe ler nas partículas elementares o pulsar do País, o que é intuitivo, frontal, enérgico, há muito que sentiu que a margem de manobra de Seguro é ínfima, que não seria com ele que a direita ignorante, incompetente e imoral seria derrotada.


Dizem os mentideros que foi ele que pressionou António Costa para que avançasse, que lhe mostrou que teria a confiança dos verdadeiros e nobres socialistas, que não temesse os pequenos entraves do aparelho.

E ele lá sabe. 

Tomara que Seguro saiba desprender-se da sua ambição pessoal - na prática, que saiba desprender-se da sua natureza humana. É duro mas é o que deve fazer para não sofrer ainda mais. E, sobretudo, para permitir que o País sofra menos no futuro.

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PS: Acabo de ouvir Luís Filipe Menezes a atacar António Costa com todas as munições que arranjou: que António Costa gere uma Câmara com muita gente, que gere uma Câmara com uma dívida brutal, etc, etc, como se tudo isso pudesse ser assacado a António Costa e descontextualizando as coisas. Demagogia barata é isto. 


Não tenho para mim que António Costa seja um santo, um nobel das finanças, um D. Sebastião. Se fosse algumas destas coisas, não estaria aqui metido em trabalhos. Nem conheço as contas da Câmara de Lisboa. Sei apenas o que é público: que é inteligente, competente, sério, determinado, lutador. Agora uma coisa é certa: assusta os do actual PSD e CDS. O nervosismo demonstrado pelo Menezes (que foi presidente de uma Câmara endividada até à raiz dos cabelos e que levou uma corrida em osso nas últimas autárquicas) revela bem os amargos de boca que se avizinharão caso António Costa vá para a frente do PS.

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  • A música é River of Sorrow numa interpretação de Antony & The Johnsons
  • As imagens provêm do blogue We Have Kaos in the Garden com excepção da selfie da lista do PS que, cá para mim, foi uma brincadeira sugerida pelo Kaos e que eles levaram a sério.
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PS: Já me fartei de rir com um comentário da Leitora Lídia. Grande mulher! Não deixem de lê-lo aqui e, se houver, de entre os meus Leitores, alguém que esteja à altura do desafio, pode aqui apresentar a sua candidatura.

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sexta-feira, maio 23, 2014

Atenção desempregados do meu País! Está prestes a ser adoptado em Portugal um novo formato de entrevistas! Preparem-se. Vai ser ao estilo de A Voz de Portugal e vai chamar-se 'A VOZ LABORAL'. Arranja trabalho aquele que se rebaixe tanto que faça algum dos quatro patrões carregar no botão. /// E quase a propósito: o fantástico projecto SOM DA RUA //// E alguns desabafos.


Depois de, no post abaixo, ter partilhado convosco um momento alto no panorama intelectual português, Jorge Jesus a comparar-se a Paula Rêgo (e tudo porque não viu uma tal Maria a chorar), igualando-se em criatividade aos pintores e, às tantas, embalado na prosa, já a achar-se também um cientista, aqui, agora, parto para outra.

Outro momento de paródia...?

Pois. À primeira vista quase parece. Mas não. Triste. Muito triste.


A vida está uma droga para quem não conseguiu ainda entrar no mundo do trabalho de uma forma estável e bem remunerada.

Ou que dele foi posto fora.

Há tanta gente capaz, tanta gente formada, com mestrados, com doutoramentos, a trabalhar por tuta e meia em Call Centers, em Mcdonalds, ou em estágios mal remunerados... - e isso é um horror.  Um horror. Quem governa permitindo que isto aconteça mais valia que estivesse quieto.


O conhecimento e o trabalho deveriam ser respeitados, dignificados, e não - como estão a ser - desprezados como bens sem valor. Pior: esquece-se que o trabalho é exercido por pessoas que, como pessoas, devem ser respeitadas,  e cujas aspirações e motivações devem ser ouvidas, levadas em conta.

Que país é este que maltrata as pessoas? Pagar a pessoas qualificadas ordenados de mil euros...? Ou de 500? Ou deixá-las estar em casa, angustiadas, sem trabalho, inutilizadas?

Quantas se têm visto obrigadas a emigrar? Tantas. Nem sei quantos maridos de colegas minhas, ou ex-colegas, ou amigos dos meus filhos estão no Dubai, em Angola, sei lá onde?

Quantas pessoas qualificadas vão para fora, deixando de pagar cá os seus impostos, desertificando ainda mais um país envelhecido, levando os seus sonhos para longe?

Isto preocupa-me e entristece-me.

Mas não é só em Portugal (e também por isso é tão importante que todos votemos nas eleições europeias). Em toda a Europa varrida pela austeridade e pelos valores pseudo-liberais (de facto anti-humanistas, estúpidos, perigosos) acontece mais ou menos o mesmo, especialmente quando à frente dos países estão líderes fracos.


Ao aceitarmos ser governados por mentirosos, por nódoas, estamos a compactuar com políticas que anulam a dignidade humana, que achincalham as pessoas, que as impedem de programar uma vida normal, próspera, feliz, que as impedem de ajudar o seu País a crescer.

Até Jean-Claude Juncker, de quem eu não tinha muito má ideia (apenas que era uma pessoa neutra, que não aquecia, nem arrefecia),  se saíu com uma que revela bem o que vai na cabeça desta gente: "Para mim, as pessoas são tão importantes como mercadorias e o capital". Para ele e para os que o apoiam, para os que se regem pelos mesmos princípios, uma pessoa vale, pois, tanto como um saco de batatas, como uma conta no banco. 


Estaremos a caminhar para o fim dos tempos? Para aqueles tempos em que os porcos governarão sobre os homens?



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Vaya Semanita - 'La Voz Laboral' nuevo formato de entrevistas


Sketch del especial 'Vaya Semanita': el programa 'La Voz Laboral', donde aspirantes a un puesto de trabajo se venden ante sus posibles futuros jefes.





Uma vez mais agradeço ao Leitor Vítor que me enviou este vídeo que me impressionou tanto.

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Vinha com ideia de falar no relatório trimestral do Banco de Portugal, dos dados do INE, da dívida cada vez mais escandalosamente impagável (já ultrapassou os 132%!), no desequilíbrio das contas com o exterior, no esbulho fiscal, na almofada financeira que nos está a custar os olhos da cara - ou seja, na prova provada do falhanço em toda a linha que foi a governação da dupla de incompetentes Passos & Portas, na prova provada de que todo o sacrifício infligido à população apenas tem agravado a situação económico/financeira/social do País. 


Vinha também com vontade de vos falar na indigência absoluta que foi a cena macaca com aqueles dois tristes, o Rangélio e o Mélio,  aos saltos na Rua do Carmo (e salta! e salta! - e eles, feitos parvos, a saltarem) ou metidos num autocarro no meio do Tejo, um grupo de indigentes isolados dentro de um anfíbio no meio do rio, uma cena ainda mais macaca. 

E vinha também com vontade de falar da invulgar entrevista de Judite de Sousa a Jorge Coelho na TVI 24, ela no fim com lágrimas nos olhos, ele num incrível exercício de contenção emocional. 


Ou falar da lista do PS que, apesar do Seguro ser o que é, é uma boa lista, com gente muito competente (Elisa Ferreira, Ana Gomes, Maria João Rodrigues, Pedro Silva Pereira, por exemplo), francamente a melhor lista nestas eleições.

Vinha, até, com a ideia de vos transcrever um excerto de um livro, juntando-lhe fotografias, música.

Mas a verdade é que, escrever isto sobre o desemprego e sobre a humilhação a que as pessoas, por vezes, se têm que sujeitar, deixou-me tão angustiada que não me apetece escrever sobre mais nada.  Há dias em que consigo dar a volta, parto para o disparate, gozo, parodio - ou seja, disfarço, distraio-me. Mas há outros em que fico um bocado arrasada. Governar deveria ser sinónimo de tudo fazer para que a população vivesse com dignidade, motivada, feliz. Mas esta tropa fandanga que nos tem desgovernado põe os mercados antes das pessoas, põe a chicana e a mentira antes do respeito, da dignidade, da moral.

E ainda há cerca de 30% de eleitores que aparentemente se predispõe a votar nestes incompetentes ignorantes. Como é isto possível? Que gente é esta que não percebeu a destruição que está a ser levada a cabo? Zombies? Não percebo, juro. Não percebo mesmo.

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Não quero despedir-me assim, meio jururu. Por isso, peço aos que tiverem tempo que vejam este vídeo que aqui vos deixo. É extenso mas vale muito a pena. Não deixem de conhecer.

 Som da Rua: Uma Orquestra, Todas as Vidas



Em cada artéria da cidade do Porto, um músico da orquestra "Som da Rua". Dezenas de sem-abrigo juntaram-se ao longo de vários meses em nome de um sonho: cantar contra a solidão no palco da Casa da Música. 


De porta aberta ao que a alma de cada um dos protagonistas ditava, vários rostos, muitas histórias contadas na primeira pessoa: a droga, a violência, a discriminação, a fome e a solidão acabaram silenciadas pela música dos que acreditaram até ao último dia. As lágrimas e os aplausos inundaram a casa de todas as músicas.




Um documentário com guião e realização de Ivo Costa e Sérgio Morgado. Produção: Farol de Ideias.


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Relembro: Desçam, por favor, um pouco mais. Humor é necessário.

Não deixem de ver o momento confessional, durante o qual o grande pintor-cientista Jorge Jesus se assume em toda a sua essência.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa sexta feira!


quinta-feira, junho 16, 2011

O futuro ministro Paulo Portas desenvolveu hoje de tarde conversações relativas ao futuro governo no Altis Belém?

Deck da esplanada do Altis Belém, local pelos vistos muito apreciado por Paulo Portas. Tem bom gosto.

Alô, alô, futuro senhor ministro quiçá dos Negócios Estrangeiros, ex-ministro da Defesa, Sr. Dr. Paulo Portas!

Daqui lhe envio uma sugestão: da próxima vez que quiser atender telefonemas sigilosos, relativos a matérias que requerem alguma reserva, lembre-se que não basta afastar-se das pessoas com quem está reunido... não, é preciso mais algum cuidado...

É que veio pôr-se ao pé de mim, a dois palmos se tanto, de calcinha escura, perna dobrada com o pézinho em cima de uma cadeira, camisinha branca de manga arregaçada, caderninho na mão e, 'Ok, tudo bem, está combinado [...]' e o mais que eu, por questões de ética social e sentido de estado, não vou aqui reproduzir.

Como é que quer ocupar-se de assuntos diplomáticos e confidenciais se depois comete lapsos destes, ó meu Caro! Olhe se a sua amiga Ana Gomes estava por ali. Acha que ela ia deixar escapar esta?

E só não coloco a fotografia a comprovar o que estou a dizer porque estava noutra, não andava em reportagem...

Bom...! Vamos lá a ver se ganha tento.

domingo, abril 10, 2011

Cavaco Silva diz que as instituições europeias deverão ter alguma imaginação para nos conseguirem aturar. De lá respondem que estão fartos da verborreia incontinente e da inconsciência dos responsáveis políticos porugueses e que, em vez de imaginação, é preciso é responsabilidade. Se não acredita, confira no video abaixo. Uma vergonha.

Oh Senhor Presidente...o que é isso de programa interino?... não sei, quererá dizer programa uterino? Pois... também não fazia sentido.

E então agora os outros, em Bruxelas, que já têm que nos ajudar, ainda têm que ter imaginação, Senhor Presidente Cavaco?

Só se for para aturar tanta saloice! Ou para o ouvirem a falar com esse ar de marioneta empertigada, com esse sotaque inglês do além, boca escancarada, a dizer coisas que soam como puro nonsense.

Deprimente.

Não é possível isto. Mas as desgraças não ficam por aqui.

O Congresso do PS, mesas e mesas de gente, o Ferro Rodrigues repescado depois da travessia no deserto, todos emocionados e em delírio - depois do que se passou neste País - faz-me lembrar aqueles eventos da IURD de outros tempos, só falta mesmo vermos a Ana Gomes a espernear no chão, convertida ao socratismo, 'I saw the light, I saw the light!'.

(Até não antipatizo com a gémea vitelina da Júlia Pinheiro mas fala muito alto, fala muito, não se cala, não se cansa).

Claro que a seguir à intervenção surreal e descabida de Cavaco Silva e depois dos recados em inglês do Doce Jota PPC (até parece o nome artístico de um disk jockey: DJ PPC) e outros artistas do género, aparecem os senhores das finanças europeias, que levam as coisas mais a sério, a passarem secos, ríspidos, agastados raspanetes a esta tropa fandanga que por aqui anda a fazer palhaçadas.

Jyrki Katainen, ministro das Finanças da Finlândia, tal como vários outros - com ar arreliado de quem já nem sabe como lidar com tanta incompetência - já fizeram saber que os rapazolas do PSD, CDS, PCP e BE agora vão ter que engolir o PEC 4 e medidas ainda mais restritivas. A ver se aprendem.

A maçada disto é que quem vai sofrer com esta desconchavada actuação não são eles: somos todos nós.

Por isso, uma vez mais: !Watson ao poder, já (confira aqui) devidamente assessorado por macaquinhos (veja porquê)!!!! (mas recomendo que não sejam bonobos (outro dia explico porquê) pois senão também não vamos lá...)


Imagination? Shame on you, Mr. President.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Ana Gomes e Júlia Pinheiro, separadas à nascença....?!

Iguais em tudo, no físico, no histrionismo, no riso, em tudo.

Ana Gomes, a gémea univitelina de Júlia Pinheiro, aqui em pose bem comportada


Júlia Pinheiro, a gémea univitelina de Ana Gomes, aqui também bem comportada para ficar parecida com a mana deputada


Estridentes, big mouth, partindo as porcelanas por onde passam, duas irreverentes gémeas verdadeiras.

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