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quinta-feira, outubro 30, 2014

Estamos a ser invadidos pelos russos? A Cruz Citiada descobriu dois bugs humanos a darem-lhe cabo do projecto informático que estava tão bem planeado? Pois não sei de nada. Tenho aqui a casa invadida, não por russos nem por agentes da judiciária, mas por dois pimentinhas e respectiva mãe e, por isso não sei de nada do que por aí se anda a passar. Face a isso, deixo-me aqui estar a ouvir o Agostinho da Silva e o Manuel António Pina a falarem de gatos sem dono e de outras conversas vadias e a ver as pinturas da menina Aelita Andre


Esta noite, fruto de movimentações profissionais que obrigam a um breve reajustamento doméstico, para não ficar em casa, parte da trupe veio para cá em regime de meia pensão. A minha filha fica no quarto que era o dela mas os mais pequenos não quiserem ir dormir para o quarto que era do tio e que é mais distante dos outros e, por isso, estão aqui no sofá cama da sala.

O pior é que uma cena destas a meio da semana é para eles como se o fim de semana tivesse sido antecipado. A seguir ao jantar (durante a recta final do qual, para os manter quietos, contei a história de um barco maluco que pregou um tal susto a um golfinho que este desmaiou e teve que ser içado para bordo a fim de ser acalmado), estiveram sossegados a desenhar, a fazer construções, o mais crescido a fazer um ditado (e só deu um erro: às tantas a frase que inventei dizia que ele tinha dado um pontapé na bola e ele escreveu potapé, esqueceu-se do n. Mas pôs os acentos e tudo). Enquanto estavam entretidos, estive a fazer penteados com tranças à minha filha. Herdou a fartura da minha juba embora a cor do cabelo seja a do pai. O cabelo dá para fazer umas 20 tranças e todas de boa grossura, seria perfeito para fazer penteados românticos como os da era dos vestidos compridos, com rendas e folhos, daqueles penteados cheios de puxos, apanhados e tranças. 

Depois de estarem tranquilos e bem comportados, desataram a brincar e a partir daí foi uma coisa jeitosa: saltaram, picaram-se, perseguiram-se, esconderam-se, riram; conseguir pô-los calados e sossegados foi o bom e o bonito.

Depois de terem finalmente adormecido, estive com a minha filha a ver a telenovela Lado a Lado e só agora, bem depois da meia noite, consegui ligar o computador e não vou aqui ficar por muito tempo pois, depois disto tudo, está a dar-me um sono que não é brincadeira nenhuma. E amanhã tenho que me levantar cedo pois esta logística de se levantarem, vestirem-se, tomarem o pequeno almoço vai ser outra tourada. Para começar, devem estar cheios de sono pois estão habituados a deitar-se a horas decentes e hoje foi dia de borga, E depois devem querer pequenos almoços demorados como se fosse fim de semana, já para não falar que haverão de se lembrar de fazer mil coisas à última hora, de ir à procura do pião que trouxeram, do livro dos aviões e sei lá que mais. Eu devia era ter metido dois dias de férias. O que me valeu foi que, de véspera, já tinha deixado o jantar adiantado. Fiz logo uma quantidade grande e, por isso, até vão poder levar farnel. A minha filha tem é que ainda ir deixar as caixas de comida a casa antes de ir trabalhar.

Há bocado, depois de jantar, o meu marido ainda esteve a tentar ver as notícias mas o mais crescido não o largava com montagens de aviões. Bem que ele os tentou mandar calar, a eles e a mim também, pois queria ouvir o Nuno Rogeiro. Tenho ideia que os russos nos quiseram atacar, que mandaram uns aviões e tudo. Não sei se estivemos à beira de ser invadidos, se quê. Teria graça. Logo esta noite em que estive neste forró é que os russos nos vinham invadir. Às tantas, amanhã quando for trabalhar tenho a rua aqui de casa ocupada por pára-quedistas russos, um russo pára-quedista dentro de cada pára-quedas, uma coisa de tipo matrioska. 


Aviões russos...? Isto não é normal.

Fui agora espreitar o Diário Digital para ver o que era aquilo de que o Rogeiro estava a falar e, pelo menos nos destaques, não vejo nada.

Pelo contrário, vejo que aquela que tenta fazer-se passar por adolescente retardada anda a ver mosquitos na outra banda, isto é, infiltrados no Citius, dois bugs humanos, e que, loura em excesso, já os acusa sabe-se lá de quê e que, autenticamente possuída, até já os esconjurou e correu (ou se prepara para correr) com eles à vassourada, uma tresloucadice que até dói. Vejo também que o láparo, provavelmente em mais um surto la-feriano, desafia os parceiros a apresentarem propostas com clareza, como se aos outros e não a ele competisse governar o país. Claro que a esta hora já não vou abrir notícia nenhuma, bastam-me os disparates que se adivinham através dos títulos.

E parece que não descubro notícias sobre a invasão russa. Às tantas aquilo dos aviões no espaço aéreo português foi um delírio do Rogeiro. Será...? Ou eu que ouvi mal? Não sei.

Espreitei o Expresso e vi que o Pedro Santos Guerreiro fala na aldrabice pegada que foi o passa-culpas relativo à machadada sem paralelo que aplicaram ao BES. Não vou ler o artigo todo. Mas quase adivinho. Logo na altura eu aqui escrevi que aquilo não tinha sido imposição de Bruxelas coisa nenhuma e que coisa tão mal pensada só podia dar em disparate. Sabe-se agora que foram os espertos do governo (o láparo e a sua chefe) que pariram tal aborto. Mas poderia esperar-se outra coisa daqueles progenitores? 


E, uma vez mais, acho que não vale a pena especular muito sobre as intenções subjacentes a tanto disparate. A minha opinião é que, uma vez mais, foi burrice pura e dura. Claro que, tenrinhos como no fundo são todos os burros, houve muita gente que se aproveitou deles mas, de resto, tudo aquilo, decisões em cima do joelho, soluções não testadas nem pensadas, é coisa daquelas cabeças ocas.

E depois Carlos Costa que, em minha opinião, não é menos destituído e que, para além do mais, tem uma grande dificuldade em tomar decisões, prestou-se ao papelinho que os outros lhe encomendaram.

Mas adiante que eu a esta hora não posso dar cabo da minha beleza, tenho é que me despachar para me ir deitar.

Custa-me, no entanto, deixar-vos assim sem nada aqui que se aproveite e, por isso, partilho convosco o que tenho estado a ouvir enquanto escrevo. Duas mentes brilhantes à conversa, Manuel António Pina com Agostinho da Silva em mais uma conversa vadia: muito bom. Com pessoas assim a gente aprende sempre. São o oposto da papagaiada que agora pulula pelas televisões e com quem a gente nunca aprende coisa alguma.



Conversas Vadias




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As pinturas que usei para sarapintar o texto são da autoria de Aelita Andre, uma menina australiana que agora já tem sete anos mas que começou a pintar antes de fazer 1 ano, que teve a sua primeira exposição com quatro e que está no centro da polémica: pode considerar-se uma criança desta tenra idade já uma artista? 


Aelita: Secret Universe






Isto também não é normal... Esta Aelita é do além.


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Bem, vou dormir que estou que não me aguento. 
(Relevem gralhas que acredito que as haja de toda a espécie e feitio, está bem?)

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira.


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quarta-feira, agosto 27, 2014

Noites Quentes - 'A arte é uma mentira que nos faz ver a verdade'


Dia de praia, noite quente e eu aqui com um problema. A revolver os livros em cima da mesa para escolher mais algumas leituras, eis que o provável aconteceu: uma pilha desmoronou-se, contagiou outra, na queda roçaram na pilha que estava em cima duma cadeira e agora tenho o chão, debaixo dos pés, pejado de livros. Claro que poderia restabelecer a ordem mas eu, mesmo nas pilhas provisórias, gosto de alguma lógica e não é à uma da manhã que me vou pôr com isso. Caraças. 

Ainda continuo entrincheirada porque ainda subsistem de pé em cima da mesa oito pilhas e meia. O que vale é que o meu marido acabou de sair da sala, senão bem o podia ouvir. Bolas para isto.

Banksy


E está calor e eu tenho preguiça. Deve ser preguiça isto, deve ser. Chego aqui, vou à procura de algum tema da actualidade que desperte a minha atenção e não encontro. Um tédio.

A política nacional e os seus agentes são maioritariamente medíocres, excrescências espúrias de uma sociedade que rejeita a diferença e a qualidade. Percorro os jornais e o que vejo é uma miséria.

Não são só os políticos. Os jornalistas e comentadores, salvo raras excepções, são medíocres, pouco inovadores, pouco rigorosos, em grande parte contribuem para o embrutecimento colectivo. Insuportáveis.

Gente pequenina. Gente de palha.


Rothko
Li há pouco referência à crónica de João Miguel Tavares no Público. Fui ver. 
Não ia a esperar nada de bom, dali parece que só vem cocó na fralda, conversetas para entreter adultos retardados. 
E não me enganei: atira-se a António Costa por nada, apenas porque gosta de dar que falar. 
Não podendo competir com a Fany ou com o Tony Carreira que à mínima saltam para a capa das revistas (e não o faz porque esse não é o seu ramo de negócios, não que não seja essa a sua vocação), arma zaragata escrita com o que lhe parece que está a dar. 
É a irrelevância em forma de comentador. É ele, o Henrique Raposo e tantos outros que por aí andam a poluir a opinião pública.



Há pouco, antes do desmoronamento, na minha demanda por leituras que me motivem, fui folheando um conjunto de revistas literárias e livros de autores portugueses que ainda não li e tudo me parecia mais do mesmo.

Tenho a televisão ligada e também tenho dificuldade em escolher, só treta, banalidade, repetição, mediania.

Momentos de fractura - em que a luz entra límpida, em que a arte assoma despudorada, em que a música é única, melhor que o silêncio ou os sons inocentes da natureza, em que a opinião é despretensiosa e visionária, em que as palavras são genuínas, únicas - parecem raros.


Richard Krush e Sylvie Guillem


As pessoas parecem ter receio de se destacar, temer a crítica das cassandras ou ficar isoladas perante um coro de agoniados e, então, não se arriscam, limitam-se a repetir o que os outros disseram ou fizeram, ou a fazer bonitinho, ou pretensamente alternativo. Uma seca.

Mas talvez seja este calor que me está a cercear a tolerância. Vou beber um sumo gelado e, depois, em vez de estar aqui a destilar impaciência, vou, antes, partir em busca de qualquer coisa que me estremeça, que me leve.

E, antes, vou voltar atrás no que escrevi e vou incluir imagens, ar puro, rasgos. Podem as imagens não ter nada a ver mas ajudar-me-ão a respirar melhor.


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Banksy's "Artist in Residence" Video para o 18th Annual Webby Awards





To accept his Webby for Person of the Year, Banksy made this video about his Residency in New York City.


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Morton Feldman : The Rothko Chapel




La fin de "Rothko Chapel" pour alto, choeur, célesta et percussions, avec sa mélodie d'inspiration hébraïque, composée par Morton Feldman à l'âge de 15 ans.



Sons brancos 
Como que nascidos
De uma fonte exausta.
Coerência baça
Construção exacta
De um quase nada.
Estranha cor
Que risca o silêncio
Antes de se esfumar
Num sensível
E belo
Arrastar do tempo.


(Joaquim Castilho, num comentário aqui abaixo) 

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Suheir Hammad's Gaza Suite | 4: Jabalya




The fourth poem in Suheir Hammad's Gaza series


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Se eu fosse eu - Clarice Lispector por Aracy Balabanian




"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. 


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Agostinho da Silva - Salazar, Capitalismo e CEE




"Conversas Vadias" - Entrevista com Baptista Bastos


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PICO

(Performance Indeterminate Cage Opera)




If you took the musical revolution of John Cage, the radical thinking of Marcel Duchamp, and the media anarchy of Nam June Paik, and put them in a blender... the result would be PICO (Performance Indeterminate Cage Opera).



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Já me sinto um bocado melhor: um ar fresco e limpo já passou por aqui.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira, e desculpem lá esta impaciência.
Deve ser porque o calor da noite não abrandava.

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