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sábado, abril 30, 2016

Não são 20 anos, são alguns mais, mas até podiam ser só dois -
Palavras na praia ao fim do dia e divagações nocturnas




Podia pôr-me para aqui a descrever o meu dia mas, se fosse fiel aos factos, achariam que estou a ficcionar. Uma vez descrevi quase ipsis verbis um cena decorrida numa guest house fantástica onde tinha passado o dia. No meio encaixei um príncipe árabe só para introduzir uma pitada de ficção. Pois parece que ninguém estranhou o príncipe árabe mas acharam que o resto era invenção, tenho ideia que até falaram em mania das grandezas, ou nova-rica, uma coisa nessa base, que me punha a inventar situações que jamais em tempo algum poderia viver. 

Desde essa altura, em certas situações, passei a ter cuidado com a minha sinceridade: não vale a pena que pensem que sou uma deslumbrada que se põe para aqui a inventar que frequenta alguns ambientes. Não tenho necessidade de inventar, tal como não tenho necessidade de ouvir remoques ou dúvidas sobre a minha sinceridade. Pode ser que um dia, esperemos que ainda com a memória em bom estado, me dê para contar algumas memórias. Acho que são de tal calibre, que a coisa é muito bem capaz de ter público.

Já pensei até em inventar histórias decorridas em alguns dos lugares que, volta e meia, frequento, e misturá-las com situações reais. E, se me permitem a sinceridade, penso até que poderia escrever histórias eróticas e depois filmá-las nesses lugares que são geralmente inacessíveis ao público e que são lindos para além da conta. Se a história ou os artistas não fossem grande coisa, salvar-se-ia o décor.

Adiante. Já estou a delirar.

Assim sendo, passo por cima do que vivi hoje desde que me levantei, bem cedo, até que cheguei a casa ao entardecer, calcei uns ténis e, com o meu namorado, zarpámos para a praia ainda a tempo de ver o sol a pôr-se e os pescadores da arte xávega a venderem, no areal, o produto da sua pescaria.


Por lá andámos até há pouco, jantámos, passeámos. Há mil anos atrás também andámos pela praia, não nesta mas numa outra igualmente bonita.

Tirei fotografias ao mar, aos pescadores, aos passeantes solitários e ao meu namorado. Ele também me fotografou a mim. Agora, ao ver as fotografias, ainda pensei fazer um corte vertical, meio corpo de alto abaixo, a começar no pescoço, e, desta forma, mostrar-vos um pouco de mim. Mas depois achei que ideia mais estúpida não podia haver e, portanto, rapidamente me esqueci. Mas tive uma outra ideia parva, quando estava por lá. Pedi para o meu marido se pôr ao meu lado, que eu ia fazer uma selfie. Não queria, claro, diz que não é maluco. Mas dada a data especial, resolveu fazer a gentileza. No entanto, fazer uma selfie com uma máquina fotográfica, grandona, às cegas, só podia dar uma xaropada. Apanhei-nos aos dois, vá lá, mas perto demais, a cara meio distorcida, um desastre. A nossa primeira selfie e isto, parece que nos pusemos em frente de um espelho deformador. Estive vai não vai para apagar mas depois achei que não, afinal é um documento histórico.

Reparem nas nuvens densas, compactas, que se tinham depositado sobre Lisboa que, na fotografia mal se vê


Agora que estou em casa -- a milhas mentais do meu dia tão incrivelmente preenchido, vivido naquele ambiente lindo, lindo, lindo, tão lindo que amorteceu os momentos complicados que aconteceram -- mas ainda com as imagens da praia ao anoitecer (tão linda a praia nestes momentos) bem presentes, já passei as fotografias para o computador; mas estou tão verdadeiramente cheia de sono que acho que hoje não consigo mesmo dizer muito mais do que este nada que para aqui estou a escrever.

Não sei se há novidades no país, não ouvi notícias e tenho preguiça de as ir procurar, não consigo ir ler os jornais online, imagino que seja treta sobre treta, nem quero saber da pancada dos jornalistas que parece que andam e enfiar a cara em sacos de plástico para cheirarem cola e que, por isso, alucinados, em vez de quererem saber das medidas concretas que estão a ser equacionadas no plano A, preferem navegar na maionese e andam, de lanterna em punho, a ver se descobrem gambozinos para os irem plantar num qualquer plano B. Não há pachorra para tanta palermice. Por estas e por outras é que, apesar de a política ser coisa que me interessa, não consigo imaginar-me a exercer cargos públicos: é que não teria paciência para aturar tanta parvoíce, ou da parte de deputados que parecem atrasados mentais ou vulgares trauliteiros ou da parte de jornalistas que parece que padecem de qualquer coisinha má que não os deixa pensar normalmente.


Pronto. Para não ir para a cama sem ter passado os olhos pelas novidades, fui à Marie Claire. Ao menos, por ali, nunca dou com nada que me faça afinar. Como estamos a entrar num mês novo, têm o horóscopo. Não sendo eu lá muito boa da cabeça, volta e meia gosto de ler os horóscopos.

Portanto, reza assim para o meu signo, para este mês de Maio:

Sentimentos

Filosofia, espiritualidade: Vénus reserva-lhe contactos ricos e reencontros inesperados. Eles criarão amizades... ou mais, consoante a sua vontade.



Vida social

Vão discutir-se projectos nos quais você vai aplicar força e fantasia. Com sucesso, na condição de evitar o psicodrama. Mantenha-se confiante.


Parece-me credível pelo menos na parte que reconheço. No que se refere a reencontros inesperados, ligou-me no outro dia um grande amigo meu, de quem já falei aqui várias vezes e com quem não estou há algum tempo. Como para a semana que passou já tínhamos ambos a semana muito carregada, combinámos que vai ligar-me esta semana para combinarmos irmos almoçar e pormos a conversa em dia.

No que se refere a projectos, ando no meio deles, enfiada até ao pescoço, e imprimo-lhes criatividade e vontade de ir além do que os que trabalham comigo esperariam. E, esta semana, uma pessoa que trabalha comigo e que está com uma depressão tramada, sobretudo por grandes problemas pessoais, entrou-me no gabinete, num pranto compulsivo, a pedir-me que a ajudasse, e durante um tempão chorou, desabafou, desabou, e, fez-me, ao longo de todo esse tempo, desarrincar argumentos para a convencer a que visse a vida com esperança, que relativizasse, etc. No fim já sorria e dizia que se sentia melhor. Em contrapartida, eu fiquei extenuada (mas, claro, não lhe disse que tinha ficado, eu, de língua de fora).

Bem, já chega de conversa. Já devem estar fartos. Credo que, mesmo com sono, desato a escrever e pareço uma tagarela, senhores.

Tenho ainda que agradecer os comentários e os mails. Não tomem por falta de educação eu não agradecer a cada um de vós mas estou a dormir enquanto escrevo, dou por mim a escrever de olhos fechados. Mas, a sério: muito obrigada a todos.

Amanhã logo respondo ao comentário do notário ou do conservador. Eu explico (se é que há explicação) mas, primeiro, quero perguntar uma coisa à minha mãe.

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Para terminar em beleza:

Lunge da lei - De' miei bollenti spiriti

La Traviata - Verdi; Anna Netrebko, Rolando Villazon

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Na praia, enquanto jantávamos, lembrei-me dos 20 anos do Patxi Andión e pedi que ele me dissesse. Disse. Gosto tanto que me digam palavras assim. E, nesta sexta-feira, soube-me bem ouvi-lo a dizer :

20 años de estar juntos
Esta tarde se han cumplido
Para ti flores, perfumes
Para mi, algunos libros
(...)
______

Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.
Desejo-vos as maiores felicidades.

...

segunda-feira, março 28, 2016

Um imenso mar de gente que gosta de partilhar




Agora que já partilhei convosco as receitas dos acepipes deste meu domingo pascal e depois de ter estado a escolher fotografias e a enviá-las para os meninos, e que também já dei uma circulada pela net (fechando os olhos aos atentados e às corrupções), venho aqui dizer-vos que gostava mesmo que, como por magia, isto da Páscoa fosse um tempo de mudança, tudo do melhor para toda a gente, uma espécie de euromilhões a todos os níveis. Toda a gente apaixonada, toda a gente motivada, com projectos novos, toda a gente com vontade de ir para a rua passear e conversar, de estar na esplanada ao sol, a olhar quem passa, toda a gente com vontade de ler e de contar aos outros sobre os livros bons que leu, e toda a gente a gostar de ir trabalhar ou, não gostando, a ser capaz de encontrar outro trabalho, ou não o tendo, a encontrar um mesmo bom, e toda a gente a ter com quem falar, e toda a gente a ter a quem abraçar. E toda a gente com vontade de sorrir, de rir, de ir ter com aqueles que se afastaram e recomeçar a conversa como se não se tivesse passado tempo nenhum, ou, se alguém disse alguma coisa que magoou outra pessoa, a ser capaz de pedir desculpa e dizer, vamos recomeçar, vamos ver se desta vez a gente se entende.

Dito assim parece desejo infantil, uma utopia ingénua, completamente desligada da realidade e injustificável numa pessoa da minha idade. Mas é o que eu desejo e acho que, se o disser, pode ser que aconteça.


Ponho-me aqui, sem ter qualquer objectivo, apenas pelo gosto de escrever, mesmo que escreva não mais do palavras soltas, palavras que irão perder-se no infinito espaço. Mas, mesmo sabendo que as minhas tocarão outras e se trocarão entre si, uma e outra vez, e que, um dia nem eu as reconhecerei ou saberei explicar porque as escrevi, mesmo assim escrevo.

E, enquanto escrevo, aqui na minha sala quase às escuras, apenas um pequeno candeeiro sobre o computador, gosto de escolher músicas, poemas, toadas, embalos luminosos que, depois, gosto de partilhar convosco. Alguém as colocou no mundo para que outros, como eu, as ouvíssemos. É um imenso mar de gente que, por exemplo, partilha pensamentos, opiniões, sorrisos, gostos musicais e mundos encantados, emoções, silêncios e divinas toadas, perplexidades, memórias e reflexões, disparos certeiros, patadas e bacoradas, que nos leva pelos seus caminhos da floresta, que nos traz leituras dos caminhos do mar, da terra e do céu, que nos convida para o lado caliente do mundo, que nos mostra o que os seus olhos vêem em lugares onde dificilmente iremos. Um mar de gente, um imenso e maravilhoso mar de gente que gosta de palavras. É como se todos nós deixássemos oferendas nas portas uns dos outros, todos nós, pessoas generosas, espalhando dádivas, sorrisos. Como se estendêssemos as nossas mãos para que outros as tocassem.

Por vezes pasmo com os milhares de blogues de toda a espécie que há. É verdade, há tantas pessoas que escrevem, tantas, tantas que ao longe, invisíveis, se unem pelo gosto das palavras. É verdade: poderia ser um diário, um caderno de notas, bilhetes postais, epístolas em papel perfumado, bilhetinhos em garrafas deitadas ao mar. Mas é assim, as mãos deslizando pelo teclado, as palavras nascendo na tela branca, quase a perderem-se de nós, quase mais vossas do que de nossas, desprendendo-se de nós.

Estas agora voando de dentro de mim. Já não minhas. Entrando pelas vossas janelas, chegando-se aos vossos corações.

__________
(...)
The warm bodies
shine together
in the darkness,
the hand moves
to the center
of the flesh,
the skin trembles
in happiness
and the soul comes
joyful to the eye
(...)
Song de Allen Ginsberg (lido por Tom O'Bedlam)

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As fotografias foram feitas neste domingo, ao fim da tarde. 
Lá em cima Anna Netrebko interpreta Casta Diva de Bellini.
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Relembro: caso queiram saber o que foi o meu menu de Páscoa e conhecer as receitas, é fazerem o favor de descer até ao post seguinte.

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segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Longos dias têm cem anos




"Longos dias têm cem anos". assim me diziam quando se tratava de protelar um assunto, de o fazer amadurecer na lânguida separação do inadiável. E os longos dias passavam, carregados de justo sentimento pelas coisas que devíamos fazer de maneira lesta e durável. às vezes, não se faziam nunca. Outros planos, mudanças, resistências, vazios súbitos do coração, que é quem nos comenda o trabalho e a fantasia. "Longos dias têm cem anos". Era uma admoestação e uma ironia para o preguiçoso inveterado que num século acha tempo adequado para os seus projectos e a combinação laboriosa que os acabe. Só que eu, como o frade no seu horto, acordo sempre a horas, e retomo a palavra que tinha começado muitos anos antes. 

Foi assim com Maria Helena e Arpad. Disse um dia: "Vou escrever um retrato de ambos.". Não sei quando disse isto. Ontem, parece-me; acontece que podia ter sido nos anos sessenta -- os anos sessenta foram importantes para mim. Mas não foi, com certeza, no dia em que os conheci. Porquê? as primeiras impressões não são decisivas. Às vezes são fatais, mas não decisivas.

Lembro-me que chegaram a casa de Sophia de Mello Breyner, à noite, e era como no teatro quando entramos tarde e se passa um bocado sem que se compreenda nada da peça. Entendi que se tratava de pessoas vindas de longe. Falavam do Brasil. Eu sabia pouco de tudo. Ainda hoje sei muito pouco de tudo, o que me causa embaraço quando vejo a tremenda bagagem de conhecimentos que têm as pessoas. Se ouvirmos tudo o que se diz nos autocarros, nas praias, nas repartições, ao fim do dia podíamos escrever uma enciclopédia em vinte volumes e até ter êxito com ela. Não há nada de mais aceitável do que a pequena sabedoria, os amores confessáveis e as histórias de doenças.

Maria Helena falava pouco. Olhava, sobretudo. Olhava com uma intensidade fria, como se estivesse a atravessar um rio e se dividisse entre o perigo e o prazer. O fundo arenoso onde se recortavam peixes prateados dava-lhe aquela expressão suspensa e maravilhada; mas, de repente, o remoinho da água trazia a noção da forte corrente, e, um pouco mais, era a dúvida, um temor concentrado, a razão alertada. O rosto exprimia angústia, os olhos abriam-se mais e ganhavam uma cor cristalina. 

Entretanto, Arpad falava muito. Como todos os homens belos, conhecia bem o descontentamento que é merecer o amor. Disse: "A Maria Helena (bicho) estudou em Itália. A mãe dela mandou-a para lá quando ela tinha vinte anos, e passou lá bastante tempo. Uma mulher sustenta-se com pouco, e assim pode aguentar melhor do que um homem. Um homem tem que comer um bom bife.". pensei que Arpad observava bem, mas não me convenceu. Madame Curie sustentava-se de rabanetes no seu tempo de estudante de Paris, o que não a impedia de desmaiar de fome. 

Imaginei Maria Helena em Florença, bastante acautelada de necessidades, recebendo as mensagens da mãe e da avó com quem se criara em Lisboa. Uma avó e mãe como as do jovem Proust, extremamente corajosas para a surpresa do génio. Olhei para ela e, nesse momento, pude localizá-la em Florença; com um vestido azul e os cabelos espessos presos com uma fita verde. Verde e azul eram as cores combinadas em certos trajos-alfaiate dos anos imediatos ao cubismo. O azul era uma cor da juventude; a cor da cólera, por mal que pareça dizê-lo. Não é o vermelho que é a cor do arrebatamento, mas o azul. A época mais deslumbrante de Picasso foi chamada "azul"; a de Vieira da Silva também. Esse azul traduz um vigor concordante com o melhor das aptidões humanas.

(...)

Íamos nisso do meu primeiro encontro com o Arpad e a Maria Helena. Arpad disse que estavam ali as três mulheres de mais talento em Portugal, e, por sorte, ninguém mais o ouviu senão nós três. Ele sabia que não ia acender rivalidades porque tínhamos diferentes artes. Modalidades, como se diz no Porto. (...) Pois nós não nos acotovelávamos na modalidade. Maria Helena pintava, eu escrevia romances, a Sophia fazia poesia -- e assim continuamos dentro do território demarcado, sorrindo, aplaudindo e permitindo ao génio a cumplicidade em que a emulação não mete o dente. A Sophia era um caso -- uma mulher que tem a cortesia de parecer vulnerável. Eu era um caso -- incerteza apaixonada. Vieira era um caso -- uma mulher justa, o que é extraordinário e incalculável. Por exemplo: eu não sou justa, ajuízo as coisas. Eu e a justiça somos pura coincidência; o facto de isto se repetir faz talvez o prodígio, mas não a certeza.

(...)

[Excerto de 'Longos dias têm cem anos' - presença de Vieira da Silva, de Agustina Bessa-Luís, mais uma bela edição da Guimarães editores]

____


Devo confessar que é com esforço que me detenho. Ler as palavras de Agustina é, para mim, um prazer inesgotável. Transcrevê-las também. Há na escrita desta mulher um vigor exuberante, uma alegria sem preocupações, que me prende, que me prende como se fosse a primeira vez, uma sedução virginal. Posso lê-la muitas vezes e, a cada vez, é sempre esta surpresa.. Por vezes até me abstraio do que ali se diz para me render à forma como o diz. Contudo, quando Agustina fala de alguém que admiro, então, o fascínio é redobrado. Este livro, em que fala de Maria Helena Vieira da Silva e também de Arpad é maravilhoso.

Agustina Bessa-Luís, 93 anos
Longos dias têm cem anos


E, procurando imagens de Agustina, encontrei um vídeo interessante que aqui partilho convosco, no qual o marido, Alberto Luís, companheiro e suporte de toda a vida, e a filha, Mónica Baldaque, falam dela para a Rádio Renascença.

O mundo de Agustina


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Já agora, sugiro também a leitura da entrevista que Anabela Mota Ribeiro fez a Mónica Baldaque sobre a mãe, Agustina Bessa-Luís

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A primeira imagem, da autoria de Arpad Szenes, é Marie-Hélène X, 1942, óleo s/ tela, Col. Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva. A última de Maria helena Vieira da Silva é Estuaire Bleu.

Lá em cima, Anna Netrebko interpreta A Canção da lua da ópera Rusalka da autoria de Antonín Dvořák sobre imagens de obras de Maria Helena Vieira da Silva.

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E sobre o vestido mais bonito da cerimónia Oscar 2016 (e outros, também bonitos), queiram, por favor, deslizar até ao post seguinte.



quarta-feira, dezembro 30, 2015

Homens versus Mulheres
- descubra algumas diferenças e veja como juntos ganham outra graça
[E uns pós sobre mais esta agora dos investidores institucionais do BES poderem perder para cima de 2 mil milhões de euros]






Não sou grande frequentadora de blogs mas tenho a impressão que esta coisa das diferenças entre mulheres e homens deve ser, nesse fértil terreno, explorada à exaustão. Por isso, originalidade sobre o tema é missão impossível. Tenho também a ideia de que, se a coisa é escrita por homens, o objectivo é depreciar as mulheres. E vice-versa. Pois aí talvez eu consiga ser vagamente diferente porque não consigo alinhar nessa dicotomia e, sobretudo, por deformação formativa ou profissional, não consigo (nem em registo de conversa parvinha) fazer generalizações abusivas. 

Já muitas vezes aqui o disse: vivo, em grande parte, num mundo de homens -- e dou-me bem. 

Mesmo quando andei no liceu as turmas em que andei tinham para aí 10 raparigas e vinte rapazes. Mas nem é apenas dessa altura eu ter, como melhores amigos, os rapazes: isso acontece desde sempre. A minha grande amizade de infância não foi com outra menina: foi com um rapaz que era um ano mais velho que eu. Não é que eu fosse ou seja de tipo maria-rapaz. Não sou, antes pelo contrário. Sou muito feminina em tudo. Contudo, prefiro conversar com homens. Ainda hoje estive para aí uma hora ao telefone com um amigo. Falamos com uma proximidade enorme e não existe reserva no que dizemos.

O meu marido vai adorar esta!
Quando andei a estudar na faculdade, havia uma infestação de alunas, quase tudo umas marronas maçadoras. Claro que, por isso, tirando talvez aquela alentejana desempoeirada e extrovertida de que no outro dia falei, não conseguia manter uma conversa com aquelas chatas. Eu queria combinar ir ao cinema ou ver uma exposição ou passear e elas só falavam de dúvidas, de trabalhos, daquela matéria que eu via como poética e que elas viam como um calvário que era preciso percorrer. Por isso, nesse período eu enturmava-me sobretudo com um colega de outro curso, com o meu namorado da altura e com o que veio a seguir ou com os estudantes africanos. Havia um grupinho de colegas raparigas com quem ainda havia alguma afinidade mas nada por aí além: trocava instintivamente a companhia delas pela dos rapazes. Quando dei aulas, as professoras também, em geral, eram conflituosas ou desinteressantes. Uma ou outra mais divertida (e lá encontrei de novo essa tal outra colega) mas, uma vez mais, era com um colega que eu mais me enturmava, um bem apessoado sindicalista. 

Segundo um estudo da
Universidade de Wayne State é isto
mesmo que acontece: ao fim de pouco tempo
de separação os
homens sentem-se tristes e as mulheres libertas

A seguir, quando comecei a trabalhar em ambiente empresarial, quase tudo homens. Íamos num transporte dedicado, uma carrinha, e era eu e uns vinte homens. No local de trabalho, quase só homens, no refeitório idem. Nas reuniões,  eu a única mulher. E sempre na maior. Nunca tive que me masculinizar nem eles nunca me trataram com menos respeito.

Até me faz lembrar os meus filhos:
ele vai de vez em quando a um sítio barato,
dá uma rapada quase total:
ela faz um filme, gasta uma nota,
e vem igual

Uma das coisas maçadoras do convívio social com os meus colegas é que, quando levam as mulheres, eu levo o meu marido. E ele, naturalmente, enturma-se com os meus colegas e falam de política, de geo-estratégia, de história ou, na pior das hipóteses, de futebol. E eu, por uma espécie de sentimento de dever, fico no grupo das mulheres. E elas, regra geral, falam de empregadas, de assuntos domésticos, e, como parte são professoras, falam da falta de educação dos miúdos e da falta de educação dos pais dos miúdos. Tem graça mas, de forma geral, a conversa gira muito em volta disso. Salva-me uma que é médica (em S.José!) e que é maliciosa até dizer chega, quase fazendo corar o marido que, sendo um malandreco, ao pé dela parece um menino do coro. E vale-me também uma outra, pessoa conhecida, misto de cientista, de empreendedora e de crazy girl, que dá conta da cabeça do marido (e da cabeça do meu marido também, que a acha doida varrida). Mas, se essas não estão, dou por mim a fazer um esforço para não me raspar para o pé deles na primeira oportunidade. No entanto, quando me vejo na conversa, no meio de um bando de homens, penso que as mulheres deles podem achar isso estranho. 

Outra que confirmo:
apesar de ter um cabelo farto e forte,
vejo sempre se há algum shampoo milagroso
(nem sei para fazer que milagre);
o meu marido usa o gel de banho.

Enfim.

Portanto, resumindo: conheço razoavelmente quer a mentalidade quer o comportamento dos homens. E acho-lhes graça. E acho que a maneira de ser masculina e feminina se complementam, que os contrastes dão, por vezes, à vida sal e pimenta e, por outras, açúcar, mel e suaves licores. Ou luz e exaltação, por vezes, ou sombra e recato, por outras.

Quando às vezes penso que, para descansar o corpo e o espírito, não me importava nada de viver durante algum tempo num convento, ocorre-me logo que ou era em silêncio (coisa que não sei se suportaria durante muito tempo) ou, então, não descansaria enquanto não me visse livre de tanta mulher. Em contrapartida, não me importava nada de viver durante uns tempos num convento masculino. Se tivessem lá um coro gregoriano, então, havia de ser como viver às portas do céu. Não sei é se admitem mulheres-turistas num convento só de padres. Conventos mistos acho que ainda não há. (Ora aí está um belo nicho de mercado).

Adiante (que quero ver se chego ao fim do post sem pisar o risco).

Vem isto a propósito de, no outro dia, por mail, um Leitor , a quem agradeço, me ter enviado dois desenhos que ilustram o comportamento típico masculino ao comprar sapatos, que é racional e minimalista, ao passo que o das mulheres é caótico, quase delirante.


O meu marido é deste género:
o objectivo parece ser comprar
sapatos sempre iguais e só compra uns quando os anteriores estão velhos

Isto parece a conversa entre mim e o meu marido quando compro sapatos:

se deitasses fora os que não precisas, talvez tivesses onde arrumar esses;
ou:
não tens uns quase iguais a esses?
ou:
se em vez de comprares tanta porcaria, comprasses sapatos de jeito, bastava-te um par.

(Tenho que fazer um grande esforço de abstração para não ir na conversa dele)


Entretanto, vi uma coisa do género e fartei-me de rir: refiro-me aos desenhos com que fui enfeitando o texto provêm do Bright Side. Tudo verdade o que ali se descreve. Mas sou incapaz de, colocando os comportamentos lado a lado, dizer que um é melhor que o outro: são diferentes, e é na diferença que reside a graça. Eu, pelo menos, assim o acho.
...   ...

CASOS PRÁTICOS

1.

Um homem que sabe amar uma mulher

Até que tu vieste provisoriamente 
encher da tua ausência um coração 
que só a fome alimenta 
Até que tu poisaste tão serenamente 
como a tardia folha que tem 
insaciável vocação de chão


.....

2.

Um homem e uma mulher aprendendo-se e desaprendendo-se -- num telhado de zinco quente


 .....

3.

Um homem e uma mulher aprendendo-se num espaço e num tempo só deles

...   ...
  • Lá em cima Anna Netrebko e Rolando Villazon são o par que se diverte, interpretando A Traviata de Verdi. Um prazer a dois, um prazer total.
  • Eunice Muñoz e Pedro Lamares dizem Ruy Belo. Mais um prazer a dois, desta vez temperado com palavras.
  • Elizabeth Taylor e Paul Newman vivem os altos e baixos de uma paixão encalorada em Cat on a Hot Tin Roof. Um tempestuoso prazer a dois.
  • Por último os bailarinos do English National Ballet, Erina Takahashi e James Forbat, numa coreografia de James Streeter, dançam um delicioso mano a mano: Bohemian Rhapsody dos Queen. Um prazer a dois, um prazer em que os corpos se entregam um ao outro outro, sem peso, sem sombras.
....

Esta nova tranche de resgate do Novo Banco, agora à custa dos credores obrigacionistas institucionais, mereceria aqui uma referência. É assunto que, apesar de ser, porventura, uma opção mais equilibrada face à alternativa de ir fustigar, de novo, os contribuintes, também não é isenta de dor para quem perde o dinheiro, nomeadamente para as empresas que tinham investido em obrigações do tipo das que agora, quais sardinhas de volta ao prato, regressam ao BES para se transformarem em nada.

Claro que, no meio da desgraça, há sempre uns quantos que, mal ouvem isto, esfregam logo as manápulas de contentamento: os grandes escritórios de advogados. A esta hora já deve reinar a efervescência. Processamos os gajos!
Contudo, hoje vinha com esta encasquetada e preferi converseta simples, música, dança, cinema e poesia a pôr-me com uma prosa enfadonha metendo números, bail-ins, regulações que são umas ceguinhas do caraças, gente que mente com quantos dentes tem na boca e etc. Talvez amanhã se estiver para aí virada.

Só de me lembrar que caíu o Carmo e a Trindade quando António Costa falou numas quantas surpresas que Passos Coelho e Maria Luís andavam a esconder: que não senhor, que com eles era tudo transparência. Está bem, abelha. Só trapalhices, lixo debaixo do tapete. 

O que eu, no meio da desgraça pegada em que estava parte do sistema financeiro português, só espero é que -- com este incompreensível mega-desastre do Banif e com, agora, mais esta bola a sair do saco, a capitalização necessária do Novo Banco -- se limpe de vez tudo o que há para limpar. É que já não há pachorra. Cambada. Espatifaram dinheiro como manteiga em focinho de cão. É que se há mais alguma bronca para rebentar que António Costa trate já de apagar o fogo, a ver se, depois, se deixa a economia funcionar como deve ser, sem ter que andar a alimentar o sorvedouro que são estes bancos privados tão maravilhosamente geridos. Caraças.
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Para os que ontem não repararam, sempre publiquei à hora de almoço, um post com dois stripteases para que as Leitoras possam avaliar qual se adapta melhor a si e para que os Leitores possam escolher qual o tipo de strippers que mais apreciam.
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Bem, por agora por aqui me fico.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira. 

domingo, dezembro 21, 2014

A beleza das curvas no feminino. 'Curves' por Victoria Janashvili: duas gordas, Denise Bidot e Marina Bulatkina, puseram-se nuas e uma fotógrafa captou a beleza e sensualidade delas. Chegou a hora das gordas saírem do armário?


A minha mãe contava que, uma vez, uma conhecida sua, falando de uma outra, lamentava que essa tal tivesse emagrecido pois, dizia, estava muito 'lisa' e 'uma barriguinha dá tanta graça'. A minha mãe achou piada a isso numa altura em que todas as mulheres lutam para se verem livres da incómoda 'barriguinha'. Barriga, pneu, bundona, coxa grossa, mamonas - tudo um desconforto quando a gente se quer enfiar dentro de calça justa, blusinha cintada ou camisa com alguma transparência.

Contudo, se pensarmos em Marilyn, essa mulher revestida a erotismo de alto quilate, vemos como tinha formas generosas, curvas acentuadas. E, se formos de marcha atrás por esses tempos fora, esse é o padrão de mulher apetecível. Por exemplo, se recuarmos umas centenas de anos, podemos ver as mulheres saudáveis de Rubens, bem nutridas, refegos lustrosos, faces coradas.

Outros tempos.

O meu marido diz que a moda das mulheres magérrimas - bem visíveis nos desfiles em que as modelos parecem anorécticas e em que só as muito altas e muito escanzeladas parecem ter roupa que lhes assente bem - acontece porque os estilistas e demais fauna que circula no mundo da moda são todos umas bichas. Claro que ele não dia bicha mas não reproduzo a palavra que ele usa não vá parecer que ele é homofóbico, e não é. Diz aquilo como uma constatação. Em tempos lidou profissionalmente com um colega que tinha trabalhado na gestão de empresas ligadas à moda e ele confirmava o que se sabe do que se vê, e contava episódios divertidos desses seus tempos. Mas, portanto, diz o meu marido que só tipos que não gostam de mulheres (no sentido em que homens heterossexuais gostam) é que não gostam de mulheres com curvas generosas e boa carnadura.

Contudo, felizmente, aos poucos vêm surgindo modelos L ou XL, aos poucos os fotógrafos começam a captar a sua graça e sensualidade e a carga cómica que as gordas transportavam começa a cair em desuso.

Desta fez foi a fotógrafa de moda Victoria Janashvili que, depois de anos a fotografar top models altas, esguias, sem ancas, sem peito, resolveu pôr de lado os actuais estereótipos de beleza feminina e fotografar mulheres normais, fortes, como, por exemplo, Denise Bidot e Marina Bulatkina, duas mulheres que são o oposto de tudo aquilo.

Para que a nudez não se tornasse demasiado explícita, as mulheres foram pinceladas a branco, aparecendo quase imaculadas na generosidade das suas formas.






Victoria ainda anda a tentar reunir fundos que lhe permitam lançar-se na produção do livro Curves mas, se tudo correr bem, o livro sairá em 2015 e será, certamente, um sucesso.


Curves - o making of pela fotógrafa Victoria Janashvili




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Já agora, duas das gordas acima referidas e uma outra.


Venus ao espelho (1615) - Rubens


Marilyn Monroe (1926-1962)


Já para não falar nas famosas e simpáticas gordas do Botero (nascido em 1932)
...

E há as que brincam, riem de si próprias e se divertem à brava. Gordura é formosura e a leveza do corpo advém da leveza da mente, como abaixo se comprova.


Russian Dance troupe the Big Ballet



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Termino com uma outra ilustre formosa, uma que resplandece segurança e graça na sua carne perfeita, toda ela sentimento e talento: 


Anna Netrebko: O mio babbino caro (Puccini - Gianni Schicchi )




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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo
(e nada de virar a cara aos petiscos natalícios...).

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sexta-feira, abril 04, 2014

Rainha Isabel visita o Papa Francisco no Vaticano e leva-lhe ovos, cerveja, chutney, whisky, sabonete e outros produtos regionais. Um cabaz de Natal em Abril.


No post a seguir a este falo de Manuela Ferreira Leite a dar uma bela bofetada no cherne. Claro que estava de luvas (brancas, por sinal) senão ficaria com as mãos a cheirar a pexum (pexum ou pechum?, não sei - procurei nos dicionários e não encontrei; na minha terra é peixe pouco fresco que já cheira mal).

Mais abaixo ainda, tenho uma coisa que todos vós gostarieis que vos acontecesse quando andardes às compras no supermercado [espero que os tempos verbais estejam correctamente usados e a conjugar-se como deve ser; quando usei vós em vez de vocês meti-me por um caminho demais estreito para a minha perícia gramatical; mas, se estiver mal, por favor corrijam-me].





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Mas aqui, agora, a conversa é outra. Falo da Rainha de Inglaterra e do Papa Francisco no Vaticano. A Rainha foi conhecer mais um Papa. Salvo erro é o quinto ou sexto que conhece.


A Rainha Isabel e o Papa Francisco no Vaticano
(Philip, o Príncipe, discretamente afastado)

Notou-se a simpatia mútua, aquela simpatia amena tão característica das pessoas de alguma idade que se conhecem de longe, se admiram e que, finalmente, se conhecem pessoalmente.

A rainha, com 87 anos, estava elegante, com aquela toilette que lhe é tão típica, um casaco comprido sem gola, um belo chapéu de abas com flores, tudo nuns tons azul alfazema e lilás, cores claras e luminosas que a valorizam.

O Papa olhava-a com carinho, talvez com condescendência.

Mas não é por nada disso que estou aqui a falar. A questão é fiquei admirada com o presente que ela lhe levou, dizendo que era especialmente para ele (it is for you personally): uma espécie de cabaz de Natal, com ovos, cerveja, compota, e até um sabonete. 18 produtos ao todo. Tudo coisas regionais, explicou a família real a Jorge Bergoglio. 

Isto sim são presentes
[Repare-se no ar apreensivo da Rainha.
São habituais as boutades de Philip
e ela deveria temer que o marido se saísse com algum disparate]

Achei graça. Achei graça ver o Príncipe Filipe, 92 vigorosos anos, a pegar numa garrafa, a gabar o produto. Quanta simplicidade nisto.

Ocorreu-me que Isabel e o marido e os secretários pessoais devem  ter tido aquela dúvida que uma pessoa tem quando tem que oferecer um presente a alguém que não tem falta de nada.

E, muito justamente, optaram pela simplicidade.

Nada de ostentações, coisas de prata, artefactos sem utilidade que seriam enfiados num armazém ou num expositor, e que seriam para o Vaticano e não para o Papa.

Pensando na frugalidade de Francisco, devem ter pensado que ele iria apreciar isto e, pela expressão do Papa, acho que acertaram.

Na minha família também temos muito este hábito: oferecer coisas deste tipo, cestos com produtos alimentares artesanais ou gourmet ou com alguma característica mais ou menos especial.

Por exemplo, os meus filhos volta e meia, não sabendo o que nos oferecer e não sendo nós capazes de os ajudar, oferecem-nos coisas boas de comida, tostas com sementes, massas italianas boas, patés saborosos, compotas apuradinhas, chocolates suculentos, coisas assim.

E aos meus pais também: oferecem-lhes bolachinhas diferentes, doces, bolinhos, bombons.

E eu aos meus filhos também. Chego a dar-lhes, a par de roupa e livros e coisas assim, garrafas de azeite.

Eu própria e o meu marido cada vez parece que estamos mais gulosos. Acho que são os meus filhos, com as coisas que nos dão, que nos habituam mal. Agora, quando vamos os dois ao supermercado, vamos escolher mel de zonas de rosmaninho, tostinhas gourmet, compota de mirtilo e arando, queijos diferentes, bons, coisas do género. Já me tenho lembrado que isto, se calhar, significa que estamos a ficar velhos. Sempre ouvi dizer que os velhos se tornam gulosos. Lembro-me da minha avó dizer, ternurenta, para o meu avô que adorava doces: é doce, é bom, não é? E ele ria-se, passando a língua pelos lábios, dando-se ares de lambão.

Portanto, às tantas a esta hora está Jorge Bergoglio, depois da oração da noite, a barrar tostinhas com o chutney - e isto se não estiver a dar um golinho de whisky, o pecador.





April 3, 2014 Queen Elizabeth met Pope Francis for first time and gave the bemused pontiff culinary delights from the royal estates, including a dozen eggs and a bottle of whisky.



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A música lá em cima era Flower duet - C & Elina Garanca (Lakmé de Delibes)


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Próximo Futuro/Next Future
Exposição no edifício da fundação Gulbenkian

E assim, uma vez mais, chego a esta hora já incapaz de avançar para a reportagem sobre a ida às exposições da Gulbenkian no fim de semana passado.

Já nem sei o que vos diga, já parece mal andar a prometer e não cumprir.

Digo apenas que uma ida à Gulbenkian é sempre tempo bem empregue. Seja pelas exposições, seja pelos jardins, seja pelo restaurante/cafetaria do CAM, vale sempre a pena.

Há sempre matéria que fará as delícias de cada um (e, ao falar em delícias, não me refiro, especificamente, ao cavalheiro aqui ao lado)

Desta vez não almoçámos lá mas, claro, lanchámos.

Ainda parte da tripulação estava a abastecer-se na livraria, já os miúdos estavam ao balcão a pedir queques de chocolate. Ainda fui à pressa a ver se comiam primeiro iogurtes mas já não cheguei a tempo, o avô já lhes tinha feito a vontade: queques de chocolate e bongos.


E há os lagos, as esculturas, os patos e, agora, até o grande  rinoceronte.

E esplanadas e namorados e crianças e aviões no céu a caminho do aeroporto. E há as recordações gravadas em cada recanto e há as sombras e o sol e os reflexos e a vida que se vai desdobrando de geração em geração.

O tempo passando e a Gulbenkian permanecendo. Um marco na cidade. Um marco na minha vida. 




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Relembro. Descendo um pouco mais encontrarão a Drª Manuela Ferreira Leite, provavelmente a desfazer-se da luva branca que usou para dar um valente bofetão no cherne. Um pouco mais abaixo encontrarão uma cena imprevista passada num supermercado inglês.


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Resta-me, por agora, desejar-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira! 
Estamos quase lá, no fim de semana, tão bom.

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