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segunda-feira, junho 23, 2025

Varrer, regar, ver esquilos, fazer conteúdos digitais

 

Quem se dá ao trabalho de ver os meus inconcebíveis vídeos no Instagram, para além de constatar um indiscutível amadorismo e uma total ausência de propósito, já deve estar farto do chinfrim que faço ao andar, pisando caruma, folhas secas de azinheira ou de eucalipto, bolotas ressequidas e tudo o mais que por aqui se junta. 

É certo que eu poderia -- e, se calhar, deveria -- aprender a editar os vídeos, retirar-lhes o ruído ambiente, cortar e colar bocados disparatados, etc. Mas, sinceramente, não ando com paciência para gastar tempo com isso. E, ao escrever isto, receio que achem falta de respeito da minha parte apresentar produtos de tão insólita falta de qualidade alegando falta de paciência para aprender e para editar. Porém acreditem: não é falta de respeito, é mesmo uma quase incapacitante falta de paciência. Pode ser que me passe... Um dia que leve mais a sério isto de fazer 'conteúdos digitais' (como agora sói dizer-se) talvez me leve a mim mesma mais a sério (e agora devia aqui inserir um emoji a piscar o olho e a deitar a língua de fora para que percebam que estou a pensar que está bem, está). 

Em contrapartida, tenho passado os dias a varrer em volta da casa. Só que a casa, ainda assim, tem um perímetro que vai lá, vai, e os calores dos últimos tempos têm feito o chão encher-se de folhagem seca. Por isso, é um trabalho insano, uma never ending story, uma cena à moda do sísifo. Até não há muito, com as chuvas, era musgo por todo o lado e até nascia erva das pedras. Agora está tudo seco e é o que se vê.

Lá por baixo, na extensão grande do terreno, não há como varrer ou impedir que os meus passos façam barulho ao pisar isso, mas, em volta da casa, até por razões estéticas ou de segurança, obviamente tem que ser tudo limpo.

Em tempos, tínhamos contratado um senhor da aldeia para tratar das limpezas e das regas. Vinha duas tardes (completas) por semana. Queixava-se, dizia que não chegava, dizia que era trabalho a tempo inteiro. Mas também não queríamos que isto fosse o palácio de versalhes, não era nossa ideia ter um jardim imaculado em volta da casa. Sobretudo, o que queríamos era que, ao fim de semana, não tivéssemos que nos preocupar com isso. Mas o senhor, para nos demonstrar que duas tardes (inteiras) por semana não chegavam, pespegava-se cá ao sábado. Nós a querermos estar descansados e à vontade e ele a cirandar por aqui, a chamar-nos para nos mostrar isto, a chamar-nos para nos perguntar sobre aquilo, uma seca de que não havia memória. Mesmo quando lhe dizíamos que íamos cá ter pessoas, ele não despegava. Aliás, parece que fazia questão em estar, em ver e ser visto. Ficávamos passados. Com muita dificuldade e cuidado para não o melindrarmos, acabámos por dispensá-lo.

Mas isto não se dá conta. Precisa mesmo de manutenção. O ano passado o meu marido contratou outro senhor da aldeia. Veio recomendado pelo vizinho do início da rua. Avisou-nos que ele bebia um copito a mais mas que era trabalhador e sério.

Chegávamos cá e estava tudo na mesma, com excepção de beatas por todo o lado. E não era das puritanas que rezam, eram mesmo das que podem pegar fogo. Queixava-se que era um trabalho ingrato, que vinha limpar e varrer e apanhar ervas todos os dias e que chegava ao fim de semana e o que tinha sido cuidado na segunda-feira já estava outra vez a precisar de ser limpo. O vizinho confirmava que o via andar por cá a trabalhar, que não era tanga. No fim, pagávamos horas que nunca mais acabavam e não se via nada de jeito, só beatas. Dizia que tinha cuidado, que as apagava bem. Mas eu não podia ver beatas por todo o lado, é coisa que me me complicava com o sistema nervoso. No conceito dele, os cigarros são para se deitar para o chão e parecia não perceber que não o deveria fazer. Acabámos por agradecer e, uma vez tudo pago, nunca mais lhe dissemos para vir.

Resultado, somos nós que tratamos do assunto. O meu marido reclama, diz que é trabalho a mais.

A mim não me custa. Gosto imenso de varrer. Aposto que para a minha cabeça é como se estivesse a meditar: não penso em mais nada. Ando completamente focada a varrer e fazer montes. O pior é que, depois, encher os sacos ou os carrinhos custa um bocado. Uso uma pá grande mas, às tantas, o meu marido pega ele naquilo e anda ele a recolher os montes, a transportá-los para a terra. E queixa-se. Diz que, antes de eu acordar, já ele andou a cortar mato ou a fazer outras tarefas e que, depois, eu não sei parar e varro este mundo e o outro e que não está para isso. Mas esta nossa dinâmica, de reclamarmos um com o outro, já tem barbas, ou seja, já não ligamos muito aos protestos um do outro.

Outra coisa que fica para mim é a rega. Gosto imenso de regar. Quem me acompanha aqui há muito tempo, recordar-se-á que já contei que, de início, investimos fortunas (salvo seja) em sistemas de rega mas que, quando cá chegávamos ao fim de semana, estava tudo roído. Os coelhos (ou outra bicharada) roíam tudo. O meu marido substituía e eles comiam. Desistimos. O meu marido decretou que o que sobrevivesse sem rega seria bem vindo, o que carecesse de cuidados, podia desaparecer à vontade. E assim foi.

Mas o que está mesmo em volta da casa, do lado da frente, tem que ser regado. Agora do lado de trás e dos lados (se bem que a casa, pela sua arquitectura, na prática não tem frente, nem lados, nem trás) nunca é regado.

E, no entanto, está tudo gigante. Só as laranjeiras, e estão à frente, é que estão raquíticas e vão acabar por morrer. Não deveriam ter sido plantadas, não se dão aqui, é impossível. Quando comprámos o terreno já cá estavam, e já eram infelizes. Trinta anos depois ainda sobrevivem... mas coitadas.

E hoje já andei a apanhar orégãos, amanhã já vou montar o estaminé do costume: lençol em cima da mesa da casa de jantar e eles espalhados em cima, a secar. 

Adoro. São perfumados, frescos. Bouquets graciosos, delicados e com a graça adicional de serem comestíveis.

O campo, para mim é uma mistura de mil sensações boas: os sons, os cheiros, a luz, a paz, o vagar, o contacto directo com a terra, com o trabalho simples. Maravilha maior. Não há cá férias em resorts, em turismos de habitação cinco estrelas, o que for: aqui é que a minha alma rural se sente bem.

E, ao fim do dia, enquanto estava ao telefone com a minha filha, ia ela a caminho de casa depois de umas belas férias abroad, e eu por ali andava de um lado para o outro, uma surpresa daquelas que me deixam a sorrir, com vontade de agradecer, com vontade de trepar às árvores a ver se me aceitam como uma deles: um esquilo a andar por cima de um banco, a trepar a um muro e depois a subir pelo tronco da azinheira sob a qual eu estava. Que bênção, que alegria. Eu com receio que eles tivessem desaparecido e, afinal, ainda por aqui andam. Este é mais escurinho do que os que eu tinha visto antes. Este era mesmo castanhinho escuro. Lindo, fofo, um rabo enorme, ao alto.

Estava a falar ao telefone, não consegui fotografá-lo. Mas acreditem, ainda por aqui andam. Provavelmente, enquanto ando a varrer, estão eles lá em cima a tentar compreender que animal é este que, cá em baixo, se entretém a fazer montes de folhinhas e bolotas (e pinhas que eles deitam para o chão depois de as roer). Esse animal sou eu que, tal como eles, vim de outras paragens para usufruir do privilégio de respirar este ar tão puro, para viver nesta paz tão mágica.

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Desejo-vos uma boa semana

Be happy

quarta-feira, novembro 20, 2024

Quando as influencers não existem na realidade e, ainda assim, têm carradas de seguidores e ganham milhares de euros todos os meses

 

Ah, que bom é este admirável mundo novo... Todo ele cheio de absurdos, de desnecessidades, de futilidades, de mil perigos, uns à vista, outros nem tanto...

Se esta nova profissão, ser influencer, já me deixa de pé atrás -- uma actividade sem regulação, sem código de ética, sem qualquer controlo -- (e cheia de dúvidas: cá em Portugal descontam para a Segurança Social? pagam IRS?), imagine-se como fico quando a dita é virtual, toda ela concebida através de Inteligência Artificial...

Imaginaram-na, deram-lhe nome, criaram uma personalidade que lhe assentasse bem... criaram-lhe uma conta de Instagram... e a partir de aí é começar a criar 'conteúdos' e facturar. A jovem de 25 anos, Aitana Lopez de seu nome, apresenta-se geralmente com o cabelo pintado de cor de rosa, viaja, documenta as viagens, dá conselhos... recebe patrocínios... e, afinal, não existe. É, toda ela, uma criação da Inteligência Artificial...

É o admirável e estúpido... e aterrador mundo novo em que já vivemos.

Por mim, fujo de tudo isso a sete pés. Mas é uma fuga aparente pois esta é uma realidade que nos cerca em permanência.

Mas o meu mundo, o meu pequeno mundo real, também tem o seu quê de irreal. 

Hoje de manhã, quando estava a caminhar aqui, por entre as árvores, senti-me observada. Arrepiei-me, senti aquele susto que resulta de não saber o que se passa... e, um pouco a medo, olhei para lá. Ao princípio nem percebi. No meio da folhagem, uns olhos. Fiquei parada a tentar perceber. Depois a 'coisa' mexeu-se, levantou-se. Um gato lindíssimo. Fundo branco, manchas em amarelo torrado e outras em preto. Ficou parado a olhar para mim. Nestas ocasiões, com a atrapalhação, não atino com o telemóvel. Quando consegui pôr na posição de câmara para disparar e fotografar, e me aproximei um pouco, ele virou-me costas e voltou a entrar pelos arbustos.

De tarde, um esquilo aqui mesmo em frente. Sobre o muro, depois a subir por um pinheiro, depois a saltar, no ar, em voo, para um cedro. Uma graça. O rabo peludo ao alto. Alguma vez, em toda a minha vida e até há um par de anos, eu poderia imaginar que aqui, no meu espaço, vivendo nas árvores que nós mesmos plantámos, teríamos esquilos? Nunca, nunca. Uma aparição mágica, fantástica. Uma bênção.

E agora o meu marido foi à rua com o cão. Diz que há um sítio na parte de trás, onde há um conjunto de grandes aloés vera, em que o cão anda em volta, fica a cheirar, a cheirar, como se por ali andasse bicho. Pois hoje foi mesmo aqui, no canteiro que está junto à porta de entrada, que ele ficou parado a cheirar. Eis senão quando salta de lá um grande sapo. Diz que era um sapo mesmo muito grande. 

De onde vem toda esta bicharada é um mistério. Admitindo que não são seres que nasçam de geração espontânea, de algum lado eles vêm. Mas de onde? Alguém me diz?

E, à tardinha, por entre o musgo, várias pequenas redes de orvalho que sobrou das neblinas matinais. Tão bonito. Parecia pequenos recortes de tule branco. Só falta mesmo aparecerem por aqui fadinhas, ninfas, duendes...

Ou seja, e voltando à cold cow, satisfaço-me e encanto-me com coisas assim, não sinto necessidade de ser influencida por influencers reais ou virtuais. Zero. O que tenham para me dizer não me interessa. O meu mundo não é o del@s.

Mas aqui está a Aitana Lopez e como é que isto funciona:

The AI models making huge money on Instagram - BBC World Service

Aitana Lopez is the most popular of the new wave of realistic-looking AI influencers and the agency that created her say they are making thousands a months from her. We visit the Barcelona-based creators of Aitana - the most popular and highest earning AI Instagram model to find out how they curate and create her life which is followed closely by 330,000 followers. 


terça-feira, novembro 05, 2024

Terra maravilhosa
- E receita de arroz de feijão com picadinho e quiche de frango e espinafres --

 


Choveu que deus a deu. Mal deu para sair de casa. Ao fim do dia, então, foi torrencial. O maluco do cão andava sabe-se lá por onde. O meu marido chamou por ele e nada. Mas com o barulho da chuva, estando ele longe, dificilmente ouviria. Passado um bocado apareceu. Escorria. Um pinto.

De tarde, estávamos na sala, sentados no sofá que dá para a rua. O meu marido, então, exclamou: 'Olha ali, um esquilo.' Mas, com a chuva e sem saber exactamente onde, não vi. Passado um bocado o meu marido viu outra vez. Andava nos cedros. O meu marido acha que eram dois.

Pouco depois, vi um vulto a dar um grande salto na pedra grande aqui ao pé da porta. Levantei-me para tentar confirmar mas já não o vi. 

Por debaixo dos pinheiros há pinhas roídas como nunca vi. Tantas, tantas. Ou andam esfomeados ou são vários. 

Mas talvez ainda mais extraordinário são os novos cogumelos. 

Nascem todos os dias. O meu marido levanta-se cedo e vai apanhá-los. Com a Lens do Google temos visto que vários são venenosos e, por isso, não vá o cão algum dia sentir algum interesse, é melhor não os ter por aí. Claro que o meu marido já anda saturado pois apanha baldes e baldes deles. A curiosidade é que, embora ainda haja dos marrons e brancos, agora aparecem amarelos, cor de laranja, cor de coral. 

E são vibrantes, brilhantes, aparatosos. Lindos. Estes aqui acima bem como o último, lá mais abaixo, já tinham sido arrancados pelo meu marido. Fotografei-os antes de serem levados.

Como é que da terra brota tal quantidade e variedade de seres extraordinários? O que há no subsolo para estas maravilhosas criaturas lá serem geradas desta maneira, tão perfeitas, tão coloridas?





Ando à chuva, a ver tudo isto, a fotografar, encantada com os pequenos filamentos de musgo, as inocentes folhinhas verdes, os líquenes, os pauzinhos, tudo. 

Tirando isso, fiz um arroz de feijão com picadinho para o almoço.

Fiz assim. No outro dia tinha comprado igual quantidade de carne limpa de vaca e outro tanto de porco, tendo pedido no talho para picar 1 vez. Foi para fazer hambúrgueres recheados de queijo para os meninos. Mas era carne a mais e, por isso, não usei toda e congelei o que não usei.

Hoje, numa frigideira coloquei um pouco de azeite, uma cebola picada, uns 3 ou 4 dentes de alho, salsa picada, 1 folha de louro. Quando alourou um pouco, juntei um tomate aos bocados, uma mini, e a carne, entretanto descongelada. Temperei com um pouco de sal e um pouco, mesmo pouco, de açafrão-das-índias. 

Entretanto, para outro fim, tinha a cozer, 2 peitos de frango do campo.

Quando o frango estava cosido, deitei o caldo no tacho do arroz. No conjunto, a olho, calculei que o caldo que estava no tacho deveria ser o equivalente a 2 copos. Juntei, então, 1 copo de arroz. Já sabem que uso geralmente o basmati. Acho mais saboroso e mais fiável.

Quando o arroz estava quase, juntei 1 frasco inteiro de feijão encarnado cozido com caldo e tudo (mas quase não tem caldo). Este foi do Lidl. É bom. Misturei.

Quando o arroz estava cozinhado, desliguei. Coloquei um fio de azeite e deitei umas esguinchadelas de vinagre. E, com um garfo, misturei ao de leve. Ficou a apurar. Ficou bom (modéstia à parte).

Claro que sobrou mas é da maneira que esta terça-feira não preciso de cozinhar. Até porque, para o jantar, fiz quiche de frango e espinafres e sobrou bastante.

Esta fiz assim.

Liguei o forno no máximo. Tinha comprado uma embalagem de massa quebrada já estendida. Untei uma forma com azeite e orégãos. Forrei-a com a massa. Piquei e levei ao forno, colocando o formo em 180º.

Entretanto, desfiei os peitos de frango. Numa frigideira, coloquei um pouco de azeite, uma cebola grande às rodelas e fritei-a ao de leve. Juntei, então, uma embalagem inteira de espinafres folha baby e volteei-os com um pouco de sal. Com o lume baixo, coloquei uma tampa, apenas para não irem inteiramente crus ara a tarde. Mas tive-os lá coisa de uns cinco minutos, se calhar nem tanto.

Num copo misturador, juntei 4 ovos inteiros, um pacote de natas light, umas pedrinhas de sal e também uns pós de perlimpimpim de curcuma (coisa que dizem que é super saudável). Bati, mas não é preciso muito, 1 minuto chega.

Tirei então do forno a forma com a massa já um pouco cozinhada. Coloquei o conteúdo da frigideira, depois o frango desfiado e, a seguir, os ovos com as natas. Tapei com queijo ralado, 1 embalagem. Polvilhei com orégãos e coloquei um fio de azeite.

Foi ao forno a 180º. Cerca de 30 minutos.

Boa. Comemo-la ainda quentinha e acompanhámos com salada.

Sobrou, claro. Com sorte, entre a quiche e o picadinho, com salada à mistura, ainda sobra alguma coisa para quarta-feira...

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Lá em cima Dinah Washington interpreta What Difference A Day Makes

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Desejo-vos uma bela terça-feira

Boa sorte para todos

[E, claro, que ganhe a Kamala Harris]

terça-feira, junho 25, 2024

As muitas Meryls
-- com orégãos e com um animal-mistério a despropósito

 

Não me lembro se a primeira vez que a vi foi no Kramer vs Kramer ou se foi em A amante do tenente francês. Sei que, desde sempre, fiquei fascinada com a sua capacidade de encarnar personagens, sempre com uma intensidade tal que parece que ela é os personagens que representa. Mas, ao mesmo tempo, parece haver nela uma leveza extraordinária, uma graça, uma espontaneidade. Podem ser exigências díspares, pode ser necessário ser o oposto do que foi na última vez mas, em todos os seus papéis, ela está inteira, de corpo e alma.

E agora que estou a escrever, lembrei-me do The deer hunter (que em Portugal acho que era 'O caçador') que creio que também foi dos primeiros. Ou em Manhattan?

Lembrar-me-ei sempre dela no pungente A escolha de Sofia ou no terno e romântico As pontes de Madison County ou no maravilhoso Africa minha ou no divertido O Diabo veste Prada. Ou a fazer a incrível Margaret Thatcher na Dama de Ferro.

E noutros.

Além disso, Meryl Streep, 75 anos feitos esta semana, não é apenas um nome grande do cinema (e também canta...): ela tem sabido usar o seu prestígio para divulgar causas como a da democracia e da cidadania informada ou a dos direitos das mulheres no cinema e não só.

O vídeo abaixo mostra-a em diversas actuações e numa gostosa entrevista.

(Dá para pôr legendas, claro, mas, neste caso apenas daquelas geradas automaticamente o que, já se sabe que, por vezes, são sai lá muito bem)

Meryl Streep: "The Many Meryls" | 60 Minutes Archive


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Enquanto ando, não resisto a ir apanhando mais uns pezinhos de orégãos. Tão bonitos. Hoje até me lembrei de que se um dia voltar a casar-me poderei levar, como bouquet, um molho de orégãos (e, no copo de água, servia caracóis, claro).


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Já agora um mistério. O meu marido, quando andou a caminhar de manhã, encontrou outra vez um esquilo. Estava a andar. Por aí, começa a ser normal. Mas diz que, quando ia a passar ao pé de uma casinha de arrumos que temos cá em cima, não muito longe da casa, ouviu um barulho e, quando se virou, viu o vulto de um bicho grande que se enfiou no meio dos arbustos. Diz que lhe pareceu maior que esquilo ou gato mas não conseguiu perceber o que era.

Foi numa altura em que o nosso cãobeludo de guarda estava em casa pelo que não houve perseguições. 

Resta saber, pois, que bicharada por aqui anda. 

Hoje, por exemplo, estava a cozinhar e no tronco da figueira que está à frente da janela passeava-se um animal que parecia vindo dos Galápagos, nem sei se seria lagarto, se big lagartixa esbranquiçada e escamosa com umas patas de impor respeito. Ou, quando ia lá em baixo, senti o que me faz arrepiar, uma bicha a rabiar no chão, ondulando: uma cobra.

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Dias felizes

domingo, junho 16, 2024

Filho de Betty Grafstein ainda não pagou conta hospitalar de cerca de 50 mil euros e está a tentar negociar a dívida
Diz o bem informado Correio da Manhã. E a turma da Noite das Estrelas comenta

 

Ao pesquisar uma coisa no google no meu telemóvel, aparecem-me notícias. Desta vez, a primeira, nem que de propósito, era que a Teresa Guilherme estava muito admirada por Lady Betty ter deixado uma dívida de 60.000€ na CUF

Nem de propósito. Quando entrou, certamente, Lady Betty, ou alguém por ela, teve que pagar uma caução. Provavelmente qualquer coisa na ordem dos 2.500€. Portanto, dos 50.000€, na volta, a CUF apenas viu esses 2.500. Isto, a propósito do Caro Comentador Ccastanho ter dito, e eu percebi que estava escandalizado com isso, que, quando foi internado, solvo erro para uma cirurgia, teve logo que pagar uma caução. Pois.

Agora, segundo li, o filho da Senhora Dona Lady está a tentar negociar... Não sei o que é que há para negociar numa conta de hospital. Na volta quer pagar a prestações ou está a pedir desconto. E este é um dos problemas com que os hospitais (tais como muitas outras empresas) se debatem: os calotes.

Abri o vídeo que me aparecia mas, salvo erro, só consegui ouvir até um comentador, de nome Rui Figueiredo, falar pois não consegui ouvir mais. Tirando a Teresa Guilherme que conheço e a apresentadora Maya, não sei que dois são aqueles que ali estão. Qualquer gato-sapato é chamado à televisão para opinar. Assim se (de)forma a opinião pública. Mas, então, dizia o rapaz que não compreendia porque é que a CUF não tinha cobrado logo à saída ou a tinha deixado sair sem pagar. Falava como se quem fosse de censurar não fosse quem se prepara para deixar uma dívida mas, sim, quem vai ficar a arder.

Ora bem.

Em termos práticos. Verbas desta ordem (esteve internada mais de um mês, deve ter feito inúmeros exames, deve ter feito fisioterapia, foi acompanhada até aos Estados Unidos por um médico e por um enfermeiro, etc,, pelo que os gastos devem mesmo ter sido exorbitantes) frequentemente não se conseguem pagar via multibanco. Pode também acontecer que não se tenha toda essa verba à ordem e tenham que mobilizar depósitos a prazo ou outras aplicações. Claro que quem tem um familiar internado num hospital privado deve tratar de tudo isso antes que a pessoa tenha alta. Mas sabemos que este caso é atípico. De qualquer forma, com gente séria, é normal que mandem a factura para casa e que as pessoas as paguem. Mas há gente que não é séria.

Mas, voltando ao espanto, de terem deixado a senhora sair sem ela pagar... O que sugeriria o dito Rui Figueiredo? Que a CUF não lhe desse alta? Que a forçassem, se fosse preciso sob ameaça, a dar o código do multibanco... ? Que a forçassem a ficar internada? A fazer mais despesa...? 

Claro que não. Quando a pessoa tem alta tem que se deixar sair até porque as camas fazem falta para outros doentes e, de resto, nestes casos, ficar mais tempo é incrementar a dívida.

Acho que desliguei quando ouvi alguém a interrogar-se porque é que a senhora não tinha um seguro. Mais uma vez, uns pseudo-comentadores demonstrando que não têm vida, mundo, conhecimentos do que quer que seja. Não sei se a Dona Betty tinha seguro, se não tinha. Mas um seguro de saúde tem um tecto para cada tipo de despesa. Para algumas, nem sequer há cobertura. Se ela tivesse seguro, poderia, por exemplo, não cobrir internamento. Ou poderia ter e o limite já ter sido excedido com internamentos anteriores. Ou poderia excluir internamentos por certas condições como, por exemplo, por violência doméstica. Além disso, os seguros são caríssimos para pessoas de idade e algumas seguradoras nem têm sequer seguros para pessoas com mas de 60 anos. Podem ter planos de saúde, que dão descontos em algumas coisas mas não cobrem internamentos.

Ou seja, sabendo que uma pessoa de idade tem algumas probabilidades de ter internamentos e cirurgias o que pode vir a traduzir-se em muita despesa, as seguradoras, que também são empresas que não querem ir à falência, também se cortam.

Ou seja, só o SNS não se previne contra calotes, contra despesas desmedidas. Na prática, é sempre a abrir. De cada vez que há pessoas a fazer cirurgias caras, a fazer tratamentos muito caros, a ter que estar internadas nos cuidados intensivos durante muito tempo, etc, etc, aparece sempre dinheiro para fazer face a qualquer despesa, aparece sempre dinheiro para aumentar médicos, para pagar horas extraordinárias, para pagar fortunas pelos contratos de manutenção dos equipamentos médicos em especial os mais caros como os de imagiologia, para pagar medicamentos, alguns dos quais caríssimos. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o dinheiro não sai de um saco sem fundo.  Os montantes de que o SNS dispõe para fazer face a todos os imponderáveis não são ilimitados. Parecem... mas não são. 

Não será por acaso que uma das maiores fatias dos impostos cobrados vai para a Saúde: 22% 


Com uma população envelhecida e felizmente a viver muitos anos (mas com pluri-patologias e a requerer frequentes cuidados médicos), se a área da Saúde não for criteriosamente gerida não apenas vai ter falhas permanentes e cada vez potencialmente mais graves como vai ser um incrível sorvedouro de dinheiro.

[A componente da Protecção Social também é preocupantemente alta. Aqui a demografia é também um desastre: com uma natalidade continuadamente muito baixa, com muita gente nova a emigrar e com uma população muito envelhecida, é imprescindível que haja mais gente a fazer descontos (TSU), mais imigrantes a trabalhar e a fazer descontos em Portugal, é preciso que a economia se aguente e dinamize para haver poucos subsídios de desemprego, é preciso que se auditem bem as actividades que não descontam para a Segurança Social (ou que descontam pelos mínimos dos mínimos) e que se traduzirão em pensões e subsídios para os quais não existiu a contrapartida dos descontos]

Enfim. Um tema inesgotável.

Mas é fim de semana e não vos maço mais. Conto apenas mais duas coisas:

1 - A andar por aqui, sempre encantada (embora levemente apreensiva pois a natureza, quando pujante, tem uma força difícil de controlar), encontrei uma flor inacreditável. 


Nunca tal tinha visto. Já coloquei o pé que veem numa jarra aqui na sala. Recorri à app que permite a identificação de espécies e aqui está: lomelosia stellata

A perfeição, a delicadeza, a beleza desta flor parece-me uma coisa do outro mundo

2 - E andava nisto quando vejo, a meu lado, um esquilo a descer do pinheiro ao lado do qual eu ia, depois a andar à minha frente e, logo, a subir o tronco de um cedro mais à frente. A meio do tronco parou, ao alto, e ficou a olhar para mim. Com a atrapalhação, levei tempo demais a desbloquear o ecrã do telemóvel e a encontrar o botão da  câmara. Quando estava a postos para disparar já ele tinha subido. Estava lá em cima a olhar para mim. Fofo. Ainda o chamei, bsch-bsch-bsch, como se fosse um gatinho. Mas não o convenci. Não desceu.


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Enquanto escrevo, vejo Marcelo na Suiça e, como sempre, está a dizer coisas. Atrás dele, um a imitar o emplastro. Não sei se viram. Se viram, digam-me se não parecia mesmo.

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Desejo-vos um belo dia de domingo
 

sábado, março 02, 2024

Serenidade

 

Dia de descanso. Nem monda por gavetas repletas de infindáveis pastas, dossiers, envelopes com mil coisas dentro, nem transporte de sacos e caixotes, nem arrumação do que se trouxe. 

Nada. Intervalo.

Estava muito precisada de desligar. 

Tem sido pesado.

Depois de já muito ter sido escolhido, perguntam-me os meus filhos porque, agora, o que sobra, não vai tudo direito ao lixo. Não posso. Tenho descoberto coisas extraordinárias onde menos se espera.

Ontem descobri um caderninho feito manualmente pela minha mãe, muito à semelhança do outro feito pela minha bisavó, sua avó materna, em que ela escreve o nome completo de todas as pessoas da família, data de e local de nascimento e, no caso dos falecidos, data em que foram para o hospital, data da morte, com quem se casaram e em que data, ou, no caso dos mais novos, nome completo, data de nascimento, nome dos pais. 

Fiquei a saber que um dos filhos de um dos meus primos tem o mesmo nome próprio (nome duplo) que um dos meus netos. Conhecemo-los apenas pelo primeiro nome e foi preciso a minha mãe ter morrido para eu descobrir que estes jovens primos são homónimos. 

Vi também duas cartas que me foram dirigidas e que juraria que nunca antes as tinha visto. Aliás estavam num lugar muito improvável, uma de um prévio namorado e outra de um que, tempos antes, tinha sido forte candidato a sê-lo. Provavelmente, a minha mãe temeu que fossem perturbar o meu namoro da altura. Mas isto, claro, são conjecturas minhas.

Descobri também umas folhas assinadas por muita gente, creio que terá sido quando o meu pai se reformou. Tenho que ver com atenção. 

E muitas medalhas dele, muitas dos seus feitos desportivos.

E descobri uma coisa que muitas vezes tinha desejado ter: umas folhinhas escritas por mim com o nome completo e a morada de muitos dos meus amigos. Há uns dias, ao ver muitas cartas que me tinham sido dirigidas, via apenas o nome abreviado (Mané, Noémia, etc) e não conseguia recordar-me do nome todo e de quase todas não sabia a morada pois no envelope, na parte de trás, escreviam apenas esse nome abreviado. Quanto muito, e raramente, por baixo, o nome da cidade. Ou a minha grande amiga e correspondente de que apenas sabia ser São Tavares. Agora tenho o nome completo e a morada.

É verdade: fica para a posteridade o que está escrito em papel. Ainda ontem, quanto contei isto ao meu filho, ele o disse. Na verdade, só isso fica. Computadores que se desactualizam, de que não sabemos as passwords, acabam por ser uma caixa preta em que o mais certo é irem para o lixo. Quantos dos meus computadores já foram para o lixo... Sei lá qual a password que usava na altura. E, caso se liguem, estão horas a fazer actualizações e muitas já nem podem ser feitas. Em contrapartida, o papel sobrevive a gerações.

Be., portanto, não quis salvar coisas com que o meu marido não concorda, não tentei trazer coisas que o meu marido se recusa a transportar, não tive que andar a ver infinitos papéis. Hoje nada disso, zero, hoje dia de descanso. 

Campo, ar puríssimo, tudo verdinho, tudo a florescer, as árvores com as folhinhas e os frutinhos a despontar, preciosidades, milagres da beleza espontânea, os passarinhos numa alegria e, certamente, a julgar pela quantidade de pinhas roídas, os esquilos também.

Pena foram dois pequenos percalços. 

Quando estávamos a chegar, lembrei-me de que me tinha esquecido das chaves. Ainda por cima, trazíamos o carro cheio. Felizmente, no molho de chaves com que ando sempre, tenho uma chave da casa. Mas não do portão... Então o meu marido teve que saltar a vedação. Receei que se espetasse todo nos espigões ou que se espetasse no chão ao saltar... mas vá lá que não. Sobreviveu. Claro que o cão estava maluco com esta dinâmica, saltava, ladrava. Não percebia. Eu, do lado de fora, a agarrá-lo e o dono a saltar o muro. 

Conseguiu entrar em casa mas agora -- desde que, há uns anos, assaltaram o quintal e levaram mesa e cadeiras e bancos grandes e artesanais de Monchique -- temos um cabo e cadeado no portão... e em casa não encontrámos nenhum duplicado da chave do cadeado.

Então o meu marido foi abrir o portão lá de baixo, ao fundo, longe da casa, e entrámos por lá. Mas como o carro não consegue chegar ao pé de casa quando se vem lá de baixo, passei as coisas pela vedação, cá em cima, ao meu marido. Um contratempo.

E este foi o primeiro percalço. 

O segundo foi um pouco pior. Fui abrir as janelas da parte mais antiga da casa. Tem uns degraus em pedra muito altos. Quando vinha a chegar cá a baixo, voltei-me para cima para me certificar de que tinha apagado a luz do quarto lá de cima. E, acto contínuo, julgando que estava no último degrau e que descendo-o ficaria no piso térreo, desci de 'marcha atrás'. Só que não, ainda havia outro e coloquei o pé na sua beira. Como estava de meias e com chinelos, o próprio pé escorregou no chinelo. Conclusão, nesse mesmo segundo levantei voo e caí para trás, desamparada, no piso de pedra. Segunda conclusão: bati com as costas na porta e caí, com toda a força, de rabo e apoiada numa mão. Felizmente, graças à porta, a queda foi amortecida e não bati com a cabeça no chão. Mas agora mal posso estar. Vou ficar com a nádega negra, verde. Receei pela mão mas parece que daí menos mal. Ao cair, acho que bati os maxilares um no outro e, num primeiro momento, doeu-me tanto que receei que daí também viesse algum problema. Felizmente parece que não. Mas ao longo do dia tenho vindo a ficar progressivamente mais dorida. 


Contudo, o importante não são os percalços, o importante é que dei descanso à cabeça e ao corpo. Um dia bom, sereno. Estivemos tranquilos, felizes, em comunhão com a natureza. E, ao usar o plural, incluo o nosso inseparável e querido amigo que, no campo, revive as suas raízes ancestrais, encontra a total liberdade de movimentos.

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Desejo-vos um bom sábado
Saúde. Tranquilidade. Paz.

domingo, outubro 22, 2023

Olha, o Paddy Cosgrave demitiu-se de CEO da Web Summit... Que pena...
Sendo assim, vou virar-me para a decoração... Fazer o quê...?

 

A má notícia é que os esquilos foram-se mesmo embora. Não sei o que posso fazer para voltarem. Custa-me muito isso. Sinto-me uma megera, uma desnaturada, uma mal agradecida. Indesculpável.

Bolas para isso, que chatice. Até a mim aquela semana doeu. Só homens a desbastarem árvores e arbustos e a cortar mato. Barulho e mais barulho. Uma violência. Os ramos a caírem por terra. Imagino o susto que eles, coitadinhos, apanharam.

O musgo, entretanto, desponta pela terra, dando ao capo um belo tom de patine. E isso é muito bonito.

A chuva torna tudo verdinho. Como o terreno é do caraças, pouca terra e muita pedra, depois de chover, passado um bocado, já não se dá por ela. Só em alguns bocados, cá em cima, mais junto em casa, certamente onde o piso faz uma pequena barriga mas ao contrário, barriga encolhida, é que se formam pequenas poças. Isso ou nas reentrâncias das pedras. Claro que o urso peludo, quando as vê, bebe daí que é um mimo. Para ele água em pocinha de água é piteuzinho do bom.

Entretanto, agora estive divertidíssima a ver o Task Master. Que coisa mais engraçada. Programa mais bom.

Aliás, o TM foi quase tão engraçado quanto aquilo do Cosgrave ter dado uma de coiso e tal e depois vir pedir desculpa e dizer que sim mas também. Quando as feras da coisa vieram dizer que não vinham à web summit, oh que pena, veio ele e demitiu-se de ceo. Uma cena quase tão marada como aquela da Alexandra Tomba Todos q que, ao pintar a manta lá na Tap, a seguir fez cair uma data deles. No fim, vai-se a ver e nada.

A esta hora deve estar o fofo do Moedas, moço tão esperto quanto diligente, a mover mundos e fundos para ver se alicia os big ones ou uns unicórnios quase tão bons como os bigs a virem dar um ar da sua graça. E o nosso ubíquo Marcelo, que tinha no Cosgrave uma contracena ideal, também deve estar a pensar como vai fazer o seu número espectacular sem aquele lá. 

Mas pronto, fazer o quê?

Portanto, não tendo eu mais do que falar, como não sou dada a bolos viro-me para a decoração. Não sei porquê mas dá-me ideia que quase todos os homens que aqui me aparecem a mostrar objectos bonitos da sua casa são casados com outros homens. Nada de mais mas é curioso. Se calhar é porque o gosto refinado está mais com os gays do que com os outros. Já cá me queria parecer isso.

Inside Designer Erdem's London Townhouse Filled with Antique Objects 

| Vogue

In the latest of Vogue’s “Objects of Affection” series, London-based fashion designer Erdem Moralıoğlu's home proves to be just as romantic as the gowns he creates. The home was previously owned by artist Duffy Ayers, and Erdem keeps her memory alive with a still life she once possessed that now sits above the fireplace of what was her studio space. Erdem also talks about his fascination with busts and how Cecil Beaton inspired an entire fashion collection. 


Desejo-vos um bom dia de domingo

Saúde. Esperança. Paz.

Paz. Paz. Paz. Paz. Paz. Paz. Paz. Paz. Paz. Paz. 

sábado, agosto 19, 2023

As mamas das mulheres são assustadoras?
Os seios desnudos de Eva Amaral incomodam alguém...?

 

Já não faço topless em público. De resto, apenas o fazia em praias com muito pouca gente. Gostava, isso sim, era de, nessas praias, nadar nua. Mas isso, acho eu, ninguém via.

No campo, no verão, quando estamos só os dois, ando frequentemente nua. Tenho um lado muito naturista e um outro muito reservado. Ou seja, acho que, na verdade, tenho alma de bicho do mato. Deveria poder viver num recanto do mundo onde essencialmente só houvesse bicho para não correr o risco de ser olhada. Os bichos não olham, só aceitam.

Ainda não contei: no outro dia o meu marido viu um esquilo grande e um esquilo mais pequeno. Não sabe se seria macho e fêmea ou mamãe e seu filhote. Diz que subiram pelo tronco de um cedro, perto dele, na maior descontração. Acho isto extraordinário. 

Roem pinhas como se não houvesse amanhã. Deve ser um exército deles pois é impossível que só dois fossem capazes de tamanho estrago. 

Continuo a deixar, à sombra, uma banheira de bebé cheia de água para poderem refrescar-se. Espero que apreciem.

No outro dia, quando lá chegámos já havia pequenos seres a nadar dentro dessa água. A natureza, a vida, tudo isto são acasos extraordinários. Milagres, propriamente ditos.

Despejei a água para pôr água fresca mas fiquei a pensar no que sairia dali se deixasse aqueles seres desenvolverem-se à vontade. Na volta, um dia chegava lá e dava com carpas gigantes. Ou com rãs.

Mas estou a falar como se estivesse in heaven e não estou. Estivemos fora mas hoje, depois de almoço, regressámos à civilização. O pessoal já cá estava. Tivemos uma festa de anos atrasada pois a aniversariante, no dia dos anos, estava fora.  

Estivemos juntos, festejámos. Tão bom. 

Por aqui não há esquilos. Mas há gatos. Agora, de vez em quando, aparece um gato completamente branco. Até no parapeito, do lado de fora, já se pôs com os meninos todos do lado de dentro. Ficaram um bocado intrigados.

Hoje de noite, depois de termos jantado (lá fora, no terraço) e, creio, já depois dos parabéns a você, a fera pôs-se acocorada a olhar fixamente para algo que estaria atrás de um vaso grande. Quando isso acontece é bicho. O bicho fica paralisado e ele, porque os bichos se põem onde ele não os alcança facilmente, fica à espera de um movimento em falso para lhes saltar em cima.

Mas a coisa levantou voo. Todos atrás. A coisa entrou em casa. Todos atrás, pessoas e cão. Um alarido, palpites, que se abrissem todas as janelas, que se acendessem todas as luzes, que se afastassem alguns móveis. Uns saltavam, outros corriam. Para as crianças, é o delírio. 

Quem viu achou que era um morcego pequeno.

Tudo à procura, o meu filho de chinelo na mão e eu não queria que ele matasse o morcego e cada um a dizer sua coisa, as opiniões divididas.

Até que um quadro se mexeu. Concluíram que a coisa estava lá atrás. O meu marido tirou o quadro, a coisa tombou e o meu filhou deu-lhe uma sapatada.

Era um grande insecto, não sei qual. Bonito. Tamanho gigante. Não era gafanhoto, era bem maior. Um tom entre o platinado e o leve esverdeado, brilhante. Foi apanhado com um papel.

Se fosse um morcego seria estranho. Imagino que não se soubesse bem o que fazer com ele.

Bem. Isto para dizer que os animais estão bem é a viver em liberdade na natureza.

E depois há isto: parece que isso faz sentido para todos os animais mas, vá lá saber-se porquê, parece que se acha subversivo as mulheres andarem de mamas ao léu. 

Cresci com essa condicionante. Logicamente não me daria jeito andar por aí em tronco nu. Uso é cada vez menos soutien. Não há pachorra para andar condicionada. Só quando não quero que se perceba e receie que fique uma situação constrangedora é que o ponho.

Mas acho uma burrice, uma ignorância, uma estupidez os movimentos moralistas, as plataformas moralistas armadas em censoras de coisas inócuas e tudo o que tresanda a atraso de vida que impede as mulheres, que o desejem, de, em determinados contextos, terem o peito à vista.

Num espectáculo em Espanha, a cantora desnudou-se e actuou assim. E eu, para dizer verdade, acho que, se ela o quis fazer 8e ela explicou as suas razões) e se sentiu bem, pois não fez ela senão bem.

‘I don’t know why our boobs are so frightening’: why musicians in Spain are going topless as a radical gesture


Eva Amaral se desnuda en Sonorama por la libertad de las mujeres: "Nadie puede arrebatarnos la dignidad"

"Somos demasiados, y no podrán pasar...", entonaba la noche del sábado Eva Amaral sobre el escenario y a pecho descubierto. Un gesto que revolucionó al festival Sonorama Ribera, donde el duo aragonés Amaral echó mano de su carácter más reivindicativo. El concierto que debía conmemorar sus bodas de plata con la música, 25 años transcurridos desde que vio la luz su primer disco, con el que compartían nombre, se transformó en un clamor por la dignidad y la fortaleza de las mujeres.

In the middle of her performance at the Sonorama festival in the northern Spanish town of Aranda de Duero on Saturday, Eva Amaral was about to lead her band Amaral into her song Revolución when she took off her red sequin top and threw it on the floor.

“This is for Rocío, for Rigoberta, for Zahara, for Miren, for Bebe, for all of us,” she said, listing the names of fellow artists before uncovering her breasts. “Because no one can take away the dignity of our nakedness. The dignity of our fragility, of our strength. Because there are too many of us.” In a concert marking the Spanish band’s 25-year career, going topless was a way of defending women’s dignity and freedom to go nude, and “a very important moment”, Amaral later told El País. 
But it was also a show of solidarity with a growing number of Spanish artists who are resorting to nudity to defend women’s rights, and have been censored or attacked as a result.
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Desejo-vos um bom sábado

Saúde. Alegria, Paz.  

domingo, julho 16, 2023

Sobre notícias, jornalistas, esquilos, pinhas -- e jardins como almas

 

Continuo a eremitar e não me peçam para me deixar disto. Estou bem demais. 

Vi, de raspão, algumas notícias mas, logo à primeira que vi, a Ana Lourenço, ao dar a notícia, fez um esgar de desprezo pelo que dizia, como se não acreditasse no que dizia. Quando a Informação chega a este ponto, eu não aguento a agonia e fujo a sete pés. 

Noutro canal, tinham noticiado qualquer coisa pois estavam a dar entrada aos comentadores. Os pseudo jornalistas torpedeiam ou deturpam as notícias que dão e, de seguida, como se fossemos incapazes de processar o que eles ajavardadamente noticiaram, aparece uma chusma de gente que vem mastigar para que os espectadores comam a comida já mastigada por aquela gente.

Claro que não são todos os comentadores que são uns zés-ninguéns, uns palermas encartados ou uns chico-espertos. No meio da avalancha, um ou outro são credíveis. O problema é o que é preciso gramar muita porcaria para chegar aos que interessam. E eu não tenho essa paciência.

Estivemos, isso sim, a ver e ouvir na RTP 2, os concertos Ao Largo. Tirando isso, nada.

Em contrapartida, de tarde, nova aparição. Descia o muro, na maior, até que se deteve sobre um murinho. Não se pôs sobre a azinheira mas sob, mas isso, em minha opinião, não desmerece o sagrado da aparição.

Não percebi o que estava a comer mas, sendo ali, presumo que fosse uma bolota. Aliás, vendo a fotografia, concluo que devia mesmo ser uma bolota pois parece que estava a tirar-lhe o chapelinho. Coisa mais fofa.

O que tinha à mão era o telemóvel. Aproximei-me, fotografei-o.

Olhou para mim e rapidamente abalou azinheira acima e já não consegui vê-lo mais.

Voltei a pôr bocadinhos de amêndoa na pedra que está aqui junto à porta da sala. Fiquei de tocaia. Nada. 

Fui caminhar. Depois de uma ou duas voltas fui espreitar a pedra. As amêndoas tinham desaparecido. Mais esperto que eu.

E já vos contei: há pinhas roídas por todo o lado. Ficam como as espinhas de peixe que eu como, roídas até ao tutano.

Presumo que graças a eles e aos pinhões que devem sobrar das pinhas que roem, agora rebentam pinheiros por todo o lado. Não se dá conta. 

Não sei o que pensarão, vocês que me lêem, talvez pensem que exagero, mas eu, perante estas aparições sinto-me verdadeiramente abençoada. Não se admirem, pois, se me acharem cada vez mais beatificada.

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Não tenho alma de jardineira, falta-me a persistência e a minúcia. O ambiente de floresta, ver como crescem as árvores, ver os musgos e os líquenes, os cogumelos, as florzinhas selvagens, tudo isso atrai-me muito mais. E os cheiros, a aragem fresca e perfumada, os caminhos, os rumores, tudo me enche de alegria.

Talvez por isso, me apeteça hoje partilhar o vídeo seguinte que tem a vantagem de ter legendagem em português.

The Constant Gardener

Os humanos são óptimos a fugir da verdade, mas no jardim ninguém não pode esconder-se. Vida e morte, vitalidade e decadência – tudo acontece diante dos nossos olhos.

O jardim é um espaço definido não pela sua fisicalidade, mas pelas emoções que evoca e pelas ligações que provoca. E o acto de jardinagem pode mudar para melhor a maneira como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor, dando-nos perspectiva e ensinando-nos lições sobre a vida.

Escolhemos plantar sementes de medo ou amor? Nós fertilizamos a raiva ou a harmonia? Regamos as conexões que temos ou deixamos que morram de sede?

As nossas almas são jardins. Os nossos corações são flores. Eles precisam de ser regados, cuidados, fertilizados e amados. 

Jardinagem feliz!

Filmado em Riebeek West, África do Sul.

Com Corné Pretorius. 


Desejo-vos um belo dia de domingo
Saúde. Alegrias e boa disposição. Paz.

domingo, julho 09, 2023

Paz, amor e boa comida

 

A questão é que onde estou não há televisão por cabo. E pouco vemos o que há. Por exemplo, temos estado a ver a maravilhosa Symphony of sorrows / Cantata no Festival ao Largo. Hoje ainda não vimos notícias. Só ligámos a televisão para ver isto.

Por isso, pode o Marcelo andar por aí a beber Moscatel quente ou fortimel frio ou a fazer o pino de olhos fechados no meio dos Arctic Monkeys ou pode o Prigozhin estar acampado no jardim do Kremlin ou a animar a festa de anos da prima do Putin ou a de despedida de solteiro do Agostinho Costa que eu não sei de nada. A milhas de tudo.

Cingimo-nos ao que importa.

Por exemplo, hoje conhecemos um novo habitante. Um esquilo fofo com a barriguinha e a parte de baixo da pomposa cauda em branquinho felpudo. Trepou a azinheira e ficou a olhar para mim, com um olhar consciente. A observar-me. Depois subiu ainda mais e espreitou-me. A seguir saltou para o cipreste. E deixei de vê-lo.

Coloquei amêndoas num murinho lá ao pé. Passado um bocado, quando fui espreitar, já lá não estavam. Esperto, ele.

De resto, limpezas por dentro e por fora da casa, cozinhados, telefonemas, conversas com o mais animado grupo à superfície da terra, caminhadas e etc. 

Tenho aqui ao meu lado O Anjo Pornográfico à minha espera mas, por mais estranho que a mim própria me possa parecer, ainda não consegui. De cada vez que pego nele, folheio-o e sinto-lhe tamanha suculência que penso que tenho que me reservar toda para a sua leitura, não pode ser coisa que me empreste apenas de quando em vez. Ocorreu-me escrever a biografia de uma amiga e era bom que aprendesse a técnica. Depois de me sentir confortável com o ritmo a imprimir à coisa, tinha que lhe pedir, a ela, que me contasse a sua vida toda, incluindo aquilo que ela não quer que se saiba. Ideias malucas que me ocorrem. 

Mas, ocupações à parte, hoje ainda consegui estar lá fora (e cá dentro também) durante uns bocados, a descansar, a curtir o dolce far niente. E adorei.

Tenho que aprender a não fazer nada sem sentir que estou a ser preguiçosa ou a baldar-me às minhas obrigações. Pode parecer coisa com que se nasce ensinado, não sei, não digo que não, mas desaprendi a vida toda e agora está a custar-me a voltar a isso.

Tirando isso, tenho aqui um vídeo daqueles bem tranquilões de alguém que diz uma coisa na qual me revejo. Não é preciso andar na redundância, a dizer que amo e adoro, basta cozinhar, dar de comer, sentir o prazer de ver os outros à nossa mesa, a comerem o que a gente preparou. Diz ela e eu concordo. Também tem amor de coração pelos bichos, neste caso por gatos, e sofre quando se vão. E gosta de estar entretida com coisas simples, no caso com a pequena olaria. E sorri. Está de bem com a vida. E, portanto, deve ser uma boa companhia.

E, assim sendo, aqui está. O vídeo tem legendas em português.

Peace, Love and Good Food

Quando falamos de gestos de amor, os mais comuns em que pensamos são abraços, beijos ou simplesmente as palavras “amo-te”. Mas nem todos expressam o amor da mesma maneira. E, muitas vezes, preparar uma boa refeição para alguém é um importante gesto de amor.

Cozinhamos com o coração tanto quanto com as mãos, porque quando cozinhamos para outras pessoas, é para deixá-las felizes e satisfeitas. E possivelmente o maior pagamento que você pode receber por seus esforços é ver as pessoas à mesa, saboreando o que você preparou para elas.

Então, da próxima vez que se sentar à mesa, agradeça não apenas por tudo o que foi preparado para si com tempo e cuidado, mas também por aquela pessoa que te ama, que pensou em você a cada mexida da colher, a cada pitada. de sal, com cada colher de chá de óleo. Devemos dedicar um momento para apreciar tudo o que eles fizeram por nós. Eles merecem isso. E gratidão é uma forma de amor também!

Filmado em Singapura.

Apresentando Ruqxana Vasanwala


Um bom dia de domingo

Saúde. Amor e boa comida. Paz.

sábado, maio 13, 2023

Como são bons os banhos de floresta

 



Não sei se no outro dia contei que estava na cozinha, a tratar do almoço ou a lavar a louça, não me lembro, e, ao olhar para o pinheiro lá mais ao fundo, vi um esquilo, com o seu mega cauda felpuda, a salta de um ramo para outro. Senti uma onda de felicidade. Se alguma vez, quando a terra à volta da casa era só pedras e mato rasteiro e eu sonhava com um pequeno bosque, eu podia sonhar que os pinheirinhos que o meu pai trouxe, ainda pequeninos, agora estariam tão altos e que neles eu haveria de ver um esquilo a brincar...

Não quis desviar o olhar pelo que não fui buscar o telemóvel para fotografar. Ao ver o bichinho verifiquei que apenas o vi porque ele estava a salta de um ramo para outro. Se não o tivesse seguido com o olhar não o detectaria. 

Quando estou a caminhar, tento descobri-los mas não consigo. Mas penso que, se calhar, são eles, lá em cima que estão a ver-me a mim.

A vida é uma breve passagem e mesmo que gostemos muito de cá estar chegará o dia em que chegamos ao fim da passadeira rolante em que calhou que viéssemos parar. Mas, enquanto cá estamos, é bom que aproveitemos, que gostemos de cá estar, que façamos aquilo de que gostamos e, se possível, que deixemos, à nossa passagem, coisas boas de que os que vêm a seguir possam desfrutar.

Hoje, nos intervalos dos meus trabalhos, por aqui andei a caminhar, a respirar este ar tão puro, a banhar-me nestes verdes tão límpidos, a fazer corridinhas ao despique com o ursinho cabeludo. 

Por diversas vezes pensei que era sábado ou domingo. Ainda não assimilei que posso ter uma vida boa durante a semana. Outras vezes, quando acordo mais tarde, sobressalto-me como se estivesse a baldar-me, a abusar da minha sorte dormindo quando devia estar a trabalhar. parece que o meu corpo (ou a minha mente?) ainda não se habituou completamente à liberdade.

Trouxe para ler um livro que a minha filha me deu sobre os banhos de floresta, o bem que fazem ao corpo e à mente, o bem que sabem, as maravilhas que se escondem numa floresta ou como essas maravilhas se mostram para quem está disponível para as ver, ouvir, tocar, cheirar, sentir, respirar.

Acredito muito nos benefícios de andar na natureza, de andar ao sol, de andar à sombra sob o fresco saudável da copa das árvores, de andar em silêncio, de escutar os sons das árvores e aspirar o perfume das flores, da aragem, de sentir a macieza da terra, dos musgos, da caruma, de ver os mil tons de verde.

Para além das fotografias que fiz ao fim da tarde, partilho convosco um conjunto de vídeos que têm a ver com isso. Espero que tenham tempo e vontade de os ver e ouvir e gostava que também gostassem deles.





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Um bom sábado
Saúde. Serenidade. Paz.

segunda-feira, maio 16, 2022

Искать там! Но хочешь ли ты увидеть...?
- e outras little coisinhas, incluindo o Zelelinkas in heaven e uma casa deliciosamente colorida

 


A meio da semana fomos até ao campo. Saímos de cá ao fim do dia, dormimos lá e nesse dia trabalhámos a partir de lá. Como tive uma reunião gigante nesse dia, mais de metade do dia foi à vida. 

Claro que a primeira coisa que fiz quando lá cheguei foi ir à procura do esquilo. Como é bom de ver já não o vi na árvore em que estava no dia em que foi descoberto.

Contudo, não apenas debaixo dos outros pinheiros onde já tinha visto as pinhas escaroladas, já lá estava mais uma porção delas em igual estado como, debaixo de um outro, a cena era a mesma. Lots and lots of pinhas roídas. Portanto, mantenho que não deve ser um único esquilo mas uma comunidade de fofinhos. 

Aqui dá para ver como é uma pinha normal e como fica depois de roída


Isso deixa-me feliz. Feliz mas desconsolada porque não consigo descobri-los. Tenho que ir para lá com mais tempo para tentar tirar a dúvida a limpo. É que viemos ao fim do dia e, a bem dizer, ando sempre com os minutos contados. Ora isso não é compaginável com a disponibilidade necessária para que os bichinhos se acheguem.

O fim de semana foi tranquilo. Passeámos, descansámos. O meu marido esteve na horta a desmanchar lá umas coisas enquanto eu fiquei a ler. 

Entretanto, quando estávamos a caminhar à beira da praia vi uns cadeirões feitos com paletes pintadas. Como na horta há umas três ou quatro paletes, fiquei com ideia de fazer um desses cadeirões, pintar, arranjar umas almofadas, ter ali uma zona de chill out. Não sei se pinte uma ripa de cada cor, azul claro, verde claro, branco, ou se tudo de branco ou se tudo de azul escuro, por exemplo, ou verde-relva. Inclino-me para uma mescla de verde-água clarinho e um verde-azulado também clarinho. Tenho que fechar os olhos e tentar imaginar.

Também ando com ideia de levantar o jasmim amarelo e pô-lo a passar por cima de uma pérgula. Não sei é como fazer isso. Há lá atrás uns barrotes e umas ripas e umas redes. Não sei é se têm a dimensão suficiente. Por mim, atirava-me já a isso. O meu marido teme estas minhas ideias pois diz que sobram sempre para ele. Mas claro que sim. Obviamente não tenho força para barrotes ou para pregar ripas em barrotes. Já para não falar que não sei como pregar os barrotes ao muro e aos pilares. Ou seja, estou em crer que, com estas minhas ideias, abri nova frente de batalha.

Já agora: por falar em frente de batalha. 


Quando o meu ursinho peludo é valente e brincalhão e fofo eu às vezes chamo-lhe Zelelinskyy ou Zelelinkas. Mas agora, quando se porta mal, chamo-lhe Putin. E bem podem os PCP's ou os pró-Kremlin vir protestar que eu chamo e chamo e chamo mesmo. Mesmo que me perguntem porque é que não chamo isso ao gato assanhado que vi no outro dia na rua ou ao pastor-alemão que aqui ao lado ladra com voz de poucos amigos, não quero saber. Quanto muito, porque apesar de tudo não tem nada a ver com o outro, o pêro-saloio que invadiu a Ucrânia, adoço a coisa e chamo-lhe Putini. 'Ai! Seu feio! Isso faz-se? Ai, ai, ai! Putini mais feio! Zango-me contigo! Pára! Mas tu queres ver...?'. Só quando ele ouve esta de 'Mas tu queres ver...?' é que ele pára e fica sossegado, a olhar.

Na volta é isto que têm que dizer ao outro:' Olha lá! Mas tu queres ver?', que é como quem diz: 'Искать там! Но хочешь ли ты увидеть...?'. Na volta assustava-se e ficava parado à espera do que viria por aí.

Bem. Daqui a nada começa o meu dia de trabalho pelo que. com vossa licença, vou à deita. 

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Mas, antes, deixem que partilhe convosco um vídeo com uma bacana, muito bacana, muito boa onda, a mostrar a sua casa colorida e feliz.

Most Colorful Home in America

You've never seen anything like this Washington, D.C. house...I promise. Imagine an old home from the 1700s right in the middle of a bustling city filled with things like a Disney crown that's been to Buckingham Palace, a goat statue wearing false eyelashes, and collections of curiosities like pink gnomes and plastic bunnies. It's truly a magical home. 

The home belongs to former Vogue editor Deb Waterman Johns, her husband, Ben, and their four kids. Deb is the co-founder of SCOUT, a brand known for stylish, functional, and affordable bags. She has more than four decades of experience in the fashion industry and her love of pattern, color and design is on full display at her whimsical Georgetown home. 

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Fotos feitas in heaven

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Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda-feira

Tudo a andar bem. Saúde. Boa sorte. Paz.