Ao domingo, se calha estarmos em casa e disponíveis, gostamos de ouvir o Paulo Portas no seu Global. Independentemente da sua orientação política, tem-se revelado um comentador bastante abrangente e bastante claro. Consegue, de forma geral, fugir das tricas e das mesquinhices do dia a dia e isso, já de si, merece um louvor. Ele aponta à big picture e fá-lo de forma fluente e interessante. Os slides que acompanham o que diz são claros, visualmente apelativos, e sabem cingir-se aos pontos fundamentais. Depois há um tour d'horizon sobre a actualidade, sem fronteiras e, mais interessante, relacionando o que é de relacionar por forma a estabelecer elos de ligação e a transmitir diferentes perspectivas sobre o mesmo facto. Acresce que põe a inteligência ao serviço do que diz e quase consegue ser isento. As suas sugestões culturais também se têm mostrado interessantes.
Portanto, ao domingo, era o noticiário da TVI que costumávamos ver, à espera que Paulo Portas aparecesse para o seu espaço de comentário global.
Até que alguém resolveu lá pespegar a Sandra Felgueiras. Com aquele seu ar justicialista, sensacionalista, populista, antes poluía a RTP. Depois perdi-a de vista. Não sei por onde andou. Apenas sabia que em boa hora a RTP se tinha visto livre dela. Até que há pouco, não sei por que raio de carga de água, apareceu em prime time nos domingos da TVI. Um desastre.
Ora cá em casa somos ambos alérgicos ao estilo. Desgraças, caça às bruxas, presumíveis escândalos e barracadas de toda a espécie e feitio não é coisa que faça propriamente o nosso género. Fugimos a sete pés. Portanto, ao domingo à noite, o meu marido anda entre a RTP e a SIC e, de vez em quando assoma, de raspão, a ver se ainda é ela que está no ecrã. Uma maçada. Enquanto ela lá está, com aquele seu sorrisinho insuportável a dar-se ares de quem está ali para descobrir a pólvora e para dar cabo de uns quantos, nós não nos aguentamos mais do que os escassos segundos necessários para ver se já podemos ficar na TVI ou se temos que nos raspar a toda a brida.
Por isso, agora muitas vezes não apanhamos o Paulo Portas de início, isto quando não o perdemos de todo.
Não sei se quem tomou a decisão de levar a Sandra Felgueiras para a TVI tem aferido as audiências mas, se ainda não o fez, talvez seja bom que o fizesse.
Contudo, não é só o desastre de Sandra Felgueiras a preceder o Paulo Portas: é também o despropósito de, frequentemente, não o deixarem levar a sua intervenção até ao fim, sacrificando com alguma frequência as recomendações culturais. E, vai-se a ver, e qual a pressa? Pois, nem mais: é a Cristina Ferreira, essa bimba histriónica que não faz uma que se aproveite, às voltas com o submundo que levou para o Big Brother.
E o Paulo Portas ali no meio daquilo.
A TVI não vai por bom caminho, não vai, não. Pelo menos, é o que penso.
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Desejo-vos uma boa semana a começar já esta segunda-feira
Saúde. Boa disposição. Paz.