Depois do desfile de chapéus que mostro abaixo, uma festa de mulheres, apetece-me ter aqui uma outra festa: uma em que as mulheres mostram, sem rebuço, o seu tremendo poder. Quando as mulheres põem de parte as suas vergonhas, os seus receios pela censura alheia e seus os medos ancestrais e percebem a força que têm e a poderosa arma que é o seu corpo, não há quem as detenha. Aleluia!
Megan Thee Stallion é um mulherão com apenas 26 anos. E é um mulherão não apenas por ser grande mas porque é destemida, guerreira e porque avança sem medo onde outras apenas fingem que o não têm mas não conseguem senão fingir bravatas que logo se vêm que são artificiais. Poder-se-á dizer que é showbiz. E é. E é do bom. Mas é muito mais que isso: é descaramento, é desafio, é desmando e força.
O conservadorismo arvorado em puritano cai pela base, exposto ao ridículo, no meio de mulheres que exibem, gloriosas, as suas curvas e o seu corpo que usam como muito bem lhes apetece, um corpo que não é instrumento passivo do gozo alheio mas, pelo contrário, bandeira de libertação e afirmação de uma vontade forte e festiva.
Uma alegria de ver, um gozo. Um tremendo gozo. Oh yé.
No post abaixo mostrei-vos imagens de um momento belíssimo a que assisti esta tarde depois de um animado picnic em família. Mas estou um bocado arreliada porque o céu se encobriu e as fotografias ficaram pouco luminosas -- e logo estando eu a retratar Lisboa e o Tejo que são sempre tão cheios de cor e luz. Mas, enfim, a beleza esteve lá na mesma e os veleiros da Volvo Ocean Race são imponentes e de uma elegância que só vista, eu é que não os soube captar convenientemente.
Seja como for, isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. E, com vossa licença, vai ser conversa com mão pesada.
Com a ajuda da Capicua, se estiverem de acordo
Por diversas razões, durante este fim de semana, quase não vi televisão nem li jornais. O tempo não chega para tudo e há que fazer opções. Por isso, o pouco que sei resulta da leitura corrida e apressada do Expresso, de um ou outro noticiário apanhado de forma fragmentada, uma ou outra notícia que li com desinteresse nos jornais online, um ou outro comentário desgarrado.
Por exemplo, lembro-me que vi o Paulo Portas, histriónico como sempre (embora a fazer de conta que está a fazer um esforço para ser comedido), a invocar balelas para justificar que é neles que se deve votar. E, à falta de melhor argumentação, dizia que qualquer coisa estava a bombar. Não faço ideia do que possa ser. Talvez a falta de vergonha na cara, dele e dos outros PaFs.
Dado o adiantado da hora, a leitura que fiz foi em diagonal e, portanto, reservo a minha opinião para quando tiver feito uma análise mais circunstanciada. Mas, assim de súbito, o que acho é que comparar um e outro é como comparar o Género Humano com o Manuel Germano (Mário de Carvalho dixit a propósito de outros carnavais).
Também ouvi um excerto do comentário que o Marques Mendes teceu na SIC -- trocas e baldrocas, como de costume: que o Nóvoa fez mal em ter ido àquilo do PS, que o Nóvoa para aqui e para acolá. Tretas.
Era o que faltava que o homem, se quer ser presidente de todos os portugueses, agora se armasse em esquisito e não aceitasse o convite para assistir de perto ao que o PS se propõe fazer se ganhar as eleições. Aquele pequeno Nóia, com aquelas conversetas de puto charila, fez-me lembrar um catraio a brincar aos quatro cantinhos ou às pedrinhas.
Nada daquilo é para ser levado a sério e não percebo porque é que as televisões gastam dinheiro a pagar a estas criaturas que para ali estão a baralhar e dar de novo, conjecturando sobre as infantilidades que lhes ocorrem.
Também vi um bocado do Marcelo na TVI com a imaculada, de tão branca a vestimenta, Judite Sousa.
Cada vez mais ridículo aquele homem. Agora aparece carregado de sacos com presentes, parece daquela turma do Preço Certo em que aparecem todos carregados de presentes para o Carlos Mendes. Assim está o Marcelo, com queijos e sei lá que mais que não sei quem envia para a Judite. Depois há a secção da propaganda de livros, em que vale tudo, toda a treta que lhe enviam ele ali publicita, misturando livros bons, com outros assim-assim ou com alguns que não lembram ao careca. E os comentários políticos estão ao mesmo nível, faz previsões como se fosse a taróloga Maria Helena, dá conselhos, avança com palpites e, se for necessário, no fim, faz propaganda a telenovelas ou programas de televisão.
Não se aproveita nada.
Tirando isso, o tema continua a ser a cena do Jorge Jesus e do doido do Bruno de Carvalho -- e meio mundo invade as televisões para 'mandar bocas' sobre tão relevante tema.
Até o Daniel Oliveira, no Eixo do Mal, estava quase a desvalorizar a forma aparentemente ignóbil como Bruno de Carvalho está a querer ver-se livre do treinador Marco Silva sem lhe pagar o que lhe é devido, com desculpas esfarrapadas e identicamente pueris.
Dizia ele que o dito Marco ganhava bem, teria advogados para o defender, escusava ele, Daniel, de o defender. Aberrante esta posição: então a lei não tem que ser igual para todos? As pessoas parece que perdem o tino quando o assunto é a pestilência futebolística.
Resumindo e baralhando: não tenho nada a dizer sobre a actualidade quer, nuns assuntos, porque ainda não me sinto devidamente informada, quer, noutros, porque não encontro ponta por onde se pegue na maior parte dos temas que alastram pela comunicação social.
E, assim sendo, permitam que sacuda a poeira e que, a seguir, vá pregar para outra freguesia. Há mais marés que marinheiros e amanhã é outro dia e rebéubéu pardais ao ninho.
Fotografia de Alexander Yakovlev
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Usei algumas imagens do We Have Kaos in the Garden para ilustrar alguns dos artistas que proliferam na vida política portuguesa.
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Relembro que, já a seguir, poderão ver imagens da regata em frente a Lisboa da Volvo Ocean Race
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.
Façam de tudo para serem felizes, está bem?
Riam, cantem, andem ao ar livre, namorem, sejam carinhosos, generosos, tolerantes, pacientes, etc, (excepto com a tropa fandanga dos PaFs que esses não merecem paciência e tolerância nenhuma, claro está)
No post abaixo já dirigi uma pergunta a Nicolau Santos e, se ele não quiser que eu o remeta ao index - tal como para lá já despachei os seus colegas Henrique Monteiro que diz-o-que-calha, o putativo primeiro-ministro de uma qualquer república-dos-marmanjos José Gomes Ferreira, o pseudo-não-sei-quê Henrique Raposo, o espertinho-de-serviço Martim Avillez Figueiredo e mais uma data deles que por lá andam - e me zangue de vez com o Expresso, é bom que se retrate: que raio de escolhas de bons ministros foi aquela que ele fez à laia de balanço do desgraçado 2014? Como pode ele achar que Paulo Macedo está a ser um bom ministro? Apenas porque não se espalha ao comprido quando fala e não é tão bronco ao exprimir-se como a maioria dos colegas é caso para o achar um bom ministro? Mesmo depois da miséria a que se tem vindo a assistir nos hospitais públicos, mantém a sua classificação? É que se mantiver então vou ali e já volto. Por exemplo, o Nicolau Santos, se estiver doente (noc noc noc, três vezes na madeira), arrisca ir enfiar-se num desses hospitais em que as pessoas ficam pelos corredores para cima de uma eternidade, em que os médicos só não se mostram como autênticos zombies porque disfarçam bem e em que os doentes podem morrer sem sequer serem vistos por um médico? Duvido.
Mas, enfim, isso é mais abaixo, no post a seguir a este. Aqui, agora, a conversa é outra.
Por razões que agora não vêm ao caso, não ando especialmente descontraída. A coisa não é propriamente comigo mas é quase como se fosse. Mas, enfim, esta terça feira uma prova foi superada e, no registo de um dia de cada vez, espero que amanhã a coisa esteja melhor que ontem e assim sucessivamente. Quando estiver tudo bem eu logo conto, que eu não gosto de falar de preocupações em cima do acontecimento, só depois delas passarem. Portanto, adiante que eu não gosto de carpir nem de capinar sentada.
E que comece o desfile!
Para começar, nada como partir para a beijoquice. Nove beijos, nove. Os artistas do momento foram desafiados a formar um par e a beijar-se e há beijos para todos os gostos, o selinho, a beijoca, o beijinho safado, o beijo a escaldar, o beijo hetero, o beijo homo. São só nove mas cobrem parte do espectro beijoqueiro. Julianne Moore, Benedict Cumberbatch, Kristen Stewart, Reese Witherspoon e mais uns quantos dão a boca ao manifesto. Uma selecção de qualidade produzida de propósito para o The New York Times. Uma graça até porque beijar ou ver beijar é sempre uma festa.
Great Performers: 9 Kisses | FULL VERSION | The New York Times
E agora o making of que também tem graça:
This year’s New York Times Magazine Great Performers issue paired 18 actors in nine films — each ending in a kiss. Here, we go behind the scenes with the director Elaine Constantine.
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E, depois dos lábios, que se libertem os corpos. Há bailados espectaculares que me emocionam de tão belos, de tão livres que são os corpos que se movimentam.
Estes que hoje vos mostro são vídeos muito recentes e vejo que, até agora, poucas visitas tiveram - e eu não percebo como. Se fosse um cão a ver-se ao espelho, um palerma a estatelar-se ou um assistente de atirador de facas a levar com uma, acabando o número a sangrar, a coisa tornar-se-ia viral num ápice. Como é beleza em estado puro, as marabuntas passam ao lado. E, no entanto, ver vídeos destes é como assistir a uma missa.
Alvin Ailey: Suspended Women por Jacqulyn Buglisi
"Suspended Women" was choreographed in 2000 by Jacqulyn Buglisi, the celebrated former Martha Graham Dance Company dancer, prolific choreographer, and master teacher. Set to music by Maurice Ravel, with interpolations composed by Daniel Bernard Roumain, it has since been recognized as one of her signature works.
The mesmerizing ballet casts 13 ghost-like female dancers who, dressed in tattered period costumes, seem to express various states of frenzy and despair through off-balance and collapsing movements. Throughout the 18-minute piece, four male dancers intermittently enter and exit the stage, weaving through the women’s ever-shifting patterns.
E nisto, para quem faz, tal como no amor ou na escrita, o importante não é tanto onde se chega mas o caminho que se percorre até lá chegar - o processo, as hesitações, as tentativas, os desânimos, os recomeços, a vontade, as vitórias não individuais, o prazer da descoberta.
Aqui vos deixo, pois, parte do making of.
In this visit to the rehearsal room with Ms. Buglisi at the end of the rehearsal process, she discusses the ideas behind the piece and how she approached working with the Ailey dancers to prepare for this Company premiere.
Suspended Woman - behind the scenes
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E agora para uma coisa diferente, diferente - e o que eu gosto de coisas mesmo diferentes! - vejam, por favor o vídeo abaixo. Mas com mente aberta, se faz favor. E reparem na sonoridade, nas palavras, nos movimentos, nas cores, na diferença.
É rap? É rap, sim. Mas há em toda a interpretação e encenação uma estética de grande modernidade. É o inglês Georg Mpangathe, ou, como é conhecido, Georg the Poet, um jovem de 23 anos.
George the Poet, a spoken word performer and rapper who wants to use his voice as a force for change in society, has come fifth on the BBC Sound Of 2015 list, which showcases emerging artists for the coming 12 months.
George Mpanga is inspired by the injustice he saw growing up on the Stonebridge Park estate in north west London.
After studying politics, psychology and sociology at Cambridge University and running poetry workshops for children in London, he is now preparing to release his debut album on Island Records and publish his first poetry collection.
George The Poet - 1,2,1,2
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E, depois dos beijos, da dança e da palavras cantadas, este post não ficaria completo sem uma coisa do além.
E se é do além, ó caraças. De tirar o fôlego, de êxtase: o infinitamente grande que me deixa louca desde que, em pequena, quando tinha anginas e febrões descontrolados, entrava em delírio e sonhava acordada com espaços infinitos, com sítios povoados por milhões de milhões de coisas no meio das quais, ínfimo grão de pó, eu me perdia. Assustava-me no meio daquela imensidão, chorava, assustava os meus pais que não conseguiam baixar-me a febre para que eu os deixasse ter sossego.
Hubble Telescope Captures Spectacular New Views of 'Pillars of Creation'
With its sights set some 7,000 light-years into the darkness, the Hubble Space Telescope has captured an illuminating, yet ominous, new look at a cosmic classic. “The Pillars of Creation,” an awe-inspiring trio of gas columns coated by bright newborn stars, was first photographed by the telescope in 1995.
Now, NASA has released a new infrared look that reveals what may remain of its iconic dust columns following a supernova blast some 6,000 years ago.
Uma beleza assombrosa, verdadeiramente de cortar a respiração.
Ajoelhemos perante os 'pilares da criação'.
Quanta beleza na vastidão do espaço que nos rodeia, anos e anos de luz de beleza antes interdita e agora aqui, junto a nós, intangível e distante mas disponível. Que maravilha, que deslumbramento.
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E com isto me fico que - porque sou afortunada e ainda tenho trabalho - daqui a nada tenho que estar a pé para mais um dia de labuta. Não vou reler porque já mal me aguento acordada pelo que vos peço que relevem as gralhas (ou, então, que me alertem, está bem?)
Permitam ainda que relembre que no post já a seguir lanço uma questão ao Nicolau Santos: por que raio de carga de água acha ele que Paulo Macedo é um bom ministro? Se ele conseguir provar-me e me disser qual a bitola virei eu aqui retratar-me. Caso contrário acho que temos o caldo entornado.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira
(e a mim e, em especial, a uma pessoa que me é muito próxima também).
Saúde e sorte é o que desejo a todos porque sem elas tudo perde um bocado a graça.