Mostrar mensagens com a etiqueta Pedro Pardal Henriques. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pedro Pardal Henriques. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, agosto 22, 2019

Pardal pela mão do Marinho a caminho de ser deputado?
Continuem a dar-lhe palco... continuem...


Do que se lhe conhece, acabou o curso há pouco tempo, está há pouquíssimo tempo inscrito na Ordem, há processos a correr contra ele por burla e mais não sei o quê.

A seguir abriu um escritório, fez-se fotografar ao lado do Marcelo e emoldurou a fotografia, fez um vídeo a divulgar o escritório, o maior do país, onde mostra a fotografia e onde não se põe com modéstias. E, vai daí, arranjou um cliente: um sindicato. Arranjou, não: criou. Criou um cliente. Criou o  sindicato. Criou o sindicato cuja morada é a do escritório, fez-se vice-presidente, porta-voz e assessor jurídico. E, a partir daí, tem sido uma festa.

Armou banzé, fez uma greve que lançou a confusão no país, fez tocar todos os sinos, as televisões sempre em cima, os coletes amarelos a apoiarem, as televisões em cima, os sindicatos existentes a sentirem-se a ficar com os pés no ar, e, de então para cá, não tem parado, sempre nos media, as televisões sempre a acompanhar, aceita uma coisa para logo vir dizer o contrário e querer mais mas sempre sob ameaça de greve, as televisões sempre em cima, o PSD e o Bloco de Esquerda ao lado dele contra o Governo -- como se, numa cena de sindicatos contra patrões, em que o Governo se preocupa em manter a normalidade no País, o culpado fosse o Governo e o herói fosse o dito Pardal -- e as televisões em cima, e, quando parece que as coisas vão entrar nos eixos, eis que o Pardal quer mais baderna e mais palco e marca nova greve e as televisões sempre em cima, sempre, sempre em cima. 

E assim, com a ajuda das televisões e o apoio dos totós e dos distraídos, eis que o Pardal vira astro.

E eis que, num novo golpe de ilusionismo, sai à cena outro populista, um demagogo-encartado, o Marinho -- que fala muito, muito alto, e tem a particularidade de não dizer nada -- e resolve fazer aquilo que se anunciava: mais palco ao Pardal. Desta vez, upa-lá-lá, um upgrade para o Pardal, um colinho para o fazer saltar para a política. Efe-erre-á. Á.

E eis que, de repente, num ápice, com aquele ar blasé de quem não tem nada a ganhar, o Pardal aparece nas televisões e, mostrando à saciedade que para ele vale tudo, eis que já é o verdadeiro arauto da liberdade e da democracia, a verdadeira voz do 25 de Abril, aquele que irá restituir ao povo os valores de Abril, que irá acabar com a corrupção no Parlamento, que irá devolver Abril aos portugueses. Alé-cui-alé-cuá. Xiripitá-tá-tá-tá.

E o que, em boa hora, vos digo é que se as televisões continuarem a andar sempre, sempre, em cima, o Pardal vai morder a mão que o Bloco lhe estendeu e, por muito que o Bloco, uma vez acordado, perceba o que se está a passar e queira denunciar o perigo da serpente que se esconde debaixo daquele corpo de ouriço bronzeado, poderá ser tarde demais.

E mesmo o PCP, que tem andado entretido a atacar o PS e a marcar posição junto de um eleitorado cada vez mais envelhecido, irá perceber que o linguajar populista do Pardal -- que irá prometer todos e mais alguns amanhãs que cantam -- terá mais efeito junto dos que se deixam encantar por qualquer serpente do que a sua forma de falar já muito datada.

Portanto, um alerta aos jornalistas, em especial aos da televisão: parem de entrevistar o Pardal, deixam de o chamar para as televisões, deixem de falar sobre ele, ignorem-no, tirem-no, o quanto antes, do palco, apaguem os holofotes, esqueçam-no.

Percebam que, a bem do País, há um mantra a ter sempre a bailar nas vossas cabeças: 

Cortemos o pio ao Pardal.


Eu, pela parte que me toca, só o trago aqui para o denunciar e tudo o que diga será pouco. Read my lips. Cuidado com o Pardal.

segunda-feira, agosto 19, 2019

Os considerandos do Pardal.
E as conclusões possíveis dos absurdos considerantos que levaram a que tivessem desconvocado a greve.
[E uns breves apontamentos sobre a posição do PSD e do BE em toda esta 'palhaçada' *]


Vinha no carro quando ouvi as conclusões do plenário do Sindicato do Pardal. Depois de uma série de considerandos, considerando que, considerando que, em que matavam e esfolavam a Antram e mais os malvados dos patrões e quando a conversa só podia ter como conclusão a continuação da greve, eis que num impensável flic-flac, a conclusão foi, justamente o fim da greve.

Ficámos a olhar um para o outro. Só me lembrei da expressão que o mesmo Pardal usou, dias antes, para classificar o que se estava a passar: uma palhaçada (*).

Claro que não foi preciso chegar ao 7º dia para se perceber que os motoristas:
  • já estavam cansados por verem a greve estéril em que se tinham metido, 
  • já não havia dúvida que a baderna que pretendiam armar (vide o mail de Fernando Frazão, referido pelo Expresso, Fernando Frazão que já antes tinha escrito a Marcelo], causando o caos no País, tinha sido neutralizada pela actuação atempada e inteligente do Governo, 
  • já deveriam estar apreensivos vendo os outros sindicatos a chegar a acordo e eles longe disso,
  • já deviam estar baralhados com os argumentos do Pardal já que a Antram se tem mostrado disponível para negociar desde que não com o cutelo da greve sobre as cabeças e com os sucessivos apelos do Governo a que se sentassem para negociar, se necessário com a sua mediação,
  • já deveriam estar a temer terem sido instrumentalizados por uma criatura cujos actos parecem ter contornos algo duvidosos e cuja assessoria começa a parecer-lhes muito cara
e, segundo se foi sabendo, as vozes a pedir o fim da greve aumentavam de dia para dia.

Aliás, há alguns dias, já alguns se manifestavam publicamente, chegando ao extremo de querer que o Governo decretasse a requisição civil total -- o que revela bem o desnorte de grande parte deles.

Portanto, a decisão não poderia ser outra que não esta -- e ainda bem. O ridículo de tudo é a forma como o recuo foi concretizado, o total absurdo das razões invocadas, aquela ridícula sucessão de considerandos.

Portanto, conclui-se que para o Pardal as palavras não valem uma casca de caracol: diz uma coisa como se quisessse dizer o contrário para chegar onde lhe convém mesmo que isso nada tenha a ver com o que acabou de dizer. Penso que pode também concluir-se que têm razão os que dizem que o Pardal é perigoso, manipulador, populista e o instrumento fácil para quem procure um agente de desestabilização (em especial em período eleitoral ou pré-eleitoral).

....    &   ....

Fantástica ilustração de Rui Rio a correr atrás do prejuízo no Expresso
(Não sei quem é o autor do 'boneco' mas é, certamente, alguém talentoso)

Claro que nisto podem também tirar-se outras conclusões. Por exemplo, o PSD voltou a dar mais um tiro no pé: entraram em cena quando o espectáculo estava a acabar, apareceram com falas trocadas, puseram-se a jeito para receber pateadas e olhares de estupefacção. É um partido que se resume hoje a um irrelevante bando de totós, gente que, na primeira oportunidade, mostra ser de má índole (veja-se este triste episódio das férias), com um mau feitio que custa a aturar. Em suma, estão reduzidos a um grupelho de gente inoportuna e desagradável. As hostes laranjas estão ao rubro e compreende-se. Só não o esfolam vivo porque isso era se ele fosse coelho.

Imagem que vem da infinita arca do
We Have Kaos in the Garden
Uma palavra também para o Bloco de Esquerda que tarde demais percebeu o que estava a passar-se.

Agora já se mostram mais reservados e já se limitam a banalidades para tentarem salvar a face. Mas a forma tonta e empolgada como apoiaram o Pardal, vendo nele um arauto da democracia, é muito preocupante.

O que vale é que estamos na silly season e provavelmente ninguém lhes prestou muita atenção. Senão, as consequências poderiam ser devastadoras para um partido que tanto tem feito para ser visto como um partido responsável, bom para estar no Governo. Se alguém lhes prestou atenção, terá visto que ainda estão bem longe disso -- confiáveis, com discernimento e sentido de Estado é coisa de que ainda não são.

E outra coisa que se pode concluir: a presença tutelar do Louçã não ajuda nada. Com aquele sorriso melífluo a temperar a pose catedrática, sempre com assento mediático, continua a pôr e dispôr junto da opinião pública, condicionando a intervenção do BE. A Catarina Martins deveria pensar nisto se quer que os seus meninos cresçam.

domingo, agosto 18, 2019

Nisto da greve do Pardal, Rui Rio e Francisco Louçã e mais uns quantos distraídos mostraram-se unidos na irresponsabilidade e na tremenda falta de sentido de Estado.
O mail de Fernando Frazão, um motorista (que escreve muito bem), explica o que estavam eles a preparar-se para fazer ao País.
Claro que a PGR e as Secretas não andam a dormir e que o Governo, felizmente, também não.
Recomendo ainda a leitura de "A seriedade e o prestígio da greve" de Helena Araújo.


O insuspeito David Dinis escreve no Expresso um artigo onde dá conta de uma coisa que, muito sinceramente, não me espanta mas que deixa a nu a irresponsabilidade dos que criticam a actuação do Governo ao garantir que o País não mergulhasse no caos que os motoristas pretendiam.

Transcrevo alguns pontos:

Motorista que transportou Marcelo avisou para “revolução civil”


Motorista que, em janeiro, transportou Marcelo escreveu um e-mail a ameaçar com uma greve que provocaria uma “revolução civil”. 

Governo mandou para PGR e secretas. email foi enviado há uma semana para uma estrutura do topo do Estado, na sexta-feira, horas antes dos plenários dos sindicatos. E fez soar os sinais de alarme. Não só por confirmar que os motoristas estariam dispostos a seguir uma estratégia de terra queimada, mas...

Em sete parágrafos, que o Expresso pode consultar, o email lembra o exemplo do Chile ou do Brasil 
26 dias foi quanto durou a greve no Chile, o governo caiu.(...)
A população vai revoltar-se e (...) está muito iminente uma revolução civil que pode não ser tão civilizada como o 25 de abril de 1974 (...)
O primeiro dia da greve talvez não tenha grande impacto, mas ao avançar-se para uma paralisação prolongada com a atenção dos media, poderá ser o caos total”, avisava Fernando Frazão, destacando à cabeça que o Algarve seria alvo preferencial “não só pela invasão de turistas, mas pela falta de gásoduto (...)
Nos primeiros dias, o Algarve foi, de facto, a região mais prejudicada pela falta de combustível. Só que o autor não contava com a eficácia da resposta do Governo ao apontar as consequências da paralisação. (...)
No segundo dia as prateleiras dos supermercados irão estar a 20/30% sem produtos de primeira necessidade; os postos de combustível estarão já a acusar rutura de stock, a agricultura começará a abrandar as colheitas para não perder os produtos da época. No terceiro dia as fábricas terão que parar pela falta da matéria-prima como pelo não escoamento do produto acabado; centrais termo-elétricas reduzirão a potncia e dar-se-à uma crise energética instalando-se o caos. (...)
Olhando para nós, uma greve dessas dimensões seria o desastre nacional
(...) A verdade é que a requisição civil travou os efeitos imediatos da greve. Mas durante a semana foram vários os avisos de responsáveis dos vários setores económicos a avisar: se a greve se prolongar por muito mais tempo, será inevitável haver problemas mais sérios.

O Expresso tentou contactar Fernando Frazão, mas sem sucesso.


---------------------------------------


Gostei muito de ler o post a seriedade e o prestígio da greve de Helena Araújo no seu blog 2 Dedos de Conversa. A sua escrita é sempre estruturada apesar de espontânea e há uma franqueza inteligente nas suas palavras que dá gosto ler.

Começa assim este post:
in South African History Online
Ultimamente tenho pensado muito numa história que ouvi a um antigo prisioneiro de Robben Island. Fora levado para a ilha já numa fase final do apartheid, e participou nas últimas greves da fome que alguns prisioneiros jovens fizeram nessa época, para exigir a melhoria das condições de vida na prisão. Se bem me lembro, exigiam água quente no duche e outros confortos semelhantes. Os prisioneiros mais antigos discordavam dessas iniciativas, e criticavam-nos imenso por estarem a desprestigiar algo tão sério como uma greve da fome por motivos que lhes pareciam ridículos. Os mais velhos - que tinham lutado para ter água doce em vez de água do mar nos duches, para ter uma cama em vez da esteira de sisal no chão, para acabar com a lista de alimentos e calorias do menu prisional conforme a cor da pele - afirmavam que a greve é a última medida à qual se deve recorrer, e apenas por motivos realmente fortes. Caso contrário, diziam, retira-se seriedade e prestígio a esse instrumento de luta.  (...)
Recomendo a integral leitura pois se há matérias sobre as quais alguma reflexão é necessária.

.................................

(A Helena Araújo está inocente quanto à escolha da imagem da chegada de prisioneiros a Robben Island que, de minha lavra, resolvi colocar junto às suas palavras)

sexta-feira, agosto 16, 2019

Quem é o palhaço na palhaçada do Pardal?
Sei mas não digo.
Por isso, avanço para as deepfake e para o morphing -- mais duas bolas a saírem da caixinha de Pandora


O meu dia feriado foi passado in heaven. A família reunida, as crianças felizes, todos bem dispostos em volta da mesa. Todos na conversa, todos contentes por estarmos juntos. De manhã à noite. Cheguei tarde a casa. E ainda me fui pôr a ver o Alone. Portanto, passa da uma da manhã quando abro o computador. 

Parece que a tal grande cruzada do Pardal que tanto entusiasma os adeptos do Bloco de Esquerda vendo naquela palhaçada (Pardal dixit) uma nova alvorada nestes tenebrosos tempos de ditadura, vai acabar no ridículo. 

Os outros sindicatos estão a percorrer o caminho das pedras, avançando na negociação, estabelecendo acordos enquanto o Sindicato que o Pardal engendrou (para lhes sacar umas massas a redigir estatutos? a assessorá-los? a apresentar queixas e o escambau? para conseguir mediatismo? para lançar a confusão no país? -- you name it) vai sendo exposto ao ridículo, isolado, reduzidos a um grupo de ingénuos manipulados por um artista como há tempo não tínhamos sob os holofotes.

E, no fim, veremos quem sairá chamuscado de toda esta pífia história a que o próprio Pardal chamou palhaçada
E não me refiro ao Pardal que a esse, cá para mim, um dia destes acontecerá algo mais do que um simples chamuscamento -- mas isso o tempo o confirmará. 

Por isso, não é ao Pardal que me refiro. É que, cá para mim, para além do PSD, o BE também não vai ficar nada bem na fotografia. Como se a maturidade que vinham começando a demonstrar fosse fingida, logo a deixaram cair, mostrando que o espírito de grupelho que se péla por encenar o reviralho ainda não saíu de dentro deles. É pena. E revelaram falta de presciência e, também uma forte apetência pelo populismo. Viram o filme desta greve selvagem todo ao contrário, colocando-se ao lado de alguém a quem ninguém de bom senso alguma vez comprará um carro em 2ª mão.

Mas isto foi o que fui ouvindo durante o noticiário da TSF. Tirando isso, nada mais sei e, provavelmente também não perdi grande coisa.

Face-morphing of assorted celebrities

O que sei é que esta outra coisa que dá pelo nome de deepfake tal como essa outra coisa que dá pelo nome do morphing são duas bolas que saíram do saco quando dentro dele deveriam ter ficado para todo o sempre. A caixa de Pandora foi aberta e de lá só saem monstros.

A inteligência artificial ao serviço de tudo o que der na bolha de quem domina a tecnologia é um perigo quando não existem linhas vermelhas de qualquer espécie.

Jornais como The EconomistThe GuardianThe New York Times ou outros vão alertando para os riscos de andarem monstros à solta que jamais poderão voltar para dentro da caixa. Mas quem é que quer saber de temas destes? Está bem, está.

AI brings Mona Lisa to life

Claro que nisto do morphing ou das deepfake pode haver muita utilização inócua: no marketing, na publicidade, em vídeos cómicos, por exemplo. O pior é quando a coisa é usada com maus intuitos, para enganar o maralhal, para que ninguém já saiba o que verdadeiro ou falso, para que os falsários neguem evidências dizendo que é tudo mentira, que não eram eles, que o que se vê é morphing, ou que não foram eles que disseram aquilo, que foi tudo deepfake. Ou, o contrário: imagine-se que começam a aparecer vídeos do nosso ubíquo Marcelo a falar com a voz arrastada, a dizer inconveniências, como se tivesse tido um almoço bem regado e tivesse perdido a noção... e que a coisa vira viral e que, às tantas, toda a gente comenta e... -- e às tantas já ninguém vota nele nas próximas eleições porque ninguém quer um presidente que envergonha a família e o país. E tudo baseado em vídeos forjados com recurso a estas tretas. E por muito que muito boa gente desmentisse, dos desmentidos já ninguém quereria saber porque o que tem graça são vídeos que arrasam 'os poderosos' e 'os políticos' e não desementidos que são uma seca.

E o que me preocupa nisto é que todas estas coisas vão fazendo o seu caminho num mundo apático, em que nada disto é regulamentado. Os humanos são bons a descobrir 'cenas' e a adoptar e adaptar tecnologias que atentam contra a sua boa existência.

Mas não vos maço mais. Peço apenas que vejam os vídeos abaixo e que, por favor, pensem.



Deepfakes: Is This Video Even Real? | NYT Opinion


---------------------------

E uma boa sexta-feira.

quinta-feira, agosto 15, 2019

O segredo por detrás dos dons divinatórios de Dave, o mago.
[Ou como os mágicos, cartomantes ou espiões têm agora a vida facilitada]
Ora vejam, por favor.
Ah, e já dei nome ao meu folhetim: 'A Agente Secreta'.




Andava sem saber que nome dar à minha história. E chamo-lhe história sabendo que história não será bem o termo. Folhetim. Talvez folhetim como nas vezes anteriores em que me deu para ficcionar. Não sabia que nome dar a este folhetim. Ao escrever cada episódio nunca sei onde vai dar e, por isso, não sabia se ia contar a história do Manel, a da Clara, a do roubo de informação sensível, ou a de viver uma vida de segredos ou o quê. 

Mas hoje acordei com um nome. Como tantas vezes, é no escurinho de uma noite de sono que se me faz luz. E foi, de novo, o caso: acordei a pensar que lhe ia dar o nome de 'A agente secreta'. Simples. Sem rodeios. Claro que o título, em si, encerra uma subtileza mas isso é coisa que, cá para mim, é muito bem capaz de ficar só para mim. Neste momento ainda não sei se conte mais uma ou outra coisa ou se já chega. A bem dizer nem sei se, de facto, até já não disse demais. Mas já disse, está dito. 


E conto-vos mais: já me chamaram a atenção para que me estava a esticar, que tivesse cuidado, que há coisas que não são para ser reveladas. Não acho. E sou assim: se sinto que tentam constranger-me, esperneio. Esperneio às claras, dou um chega para lá. Preciso de espaço e sei o que faço. Podendo parecer que digo demais, na realidade só digo o que considero que faz sentido ser dito. E o que contei no meu humilde folhetinzinho é coisa pouca, nada, só efabulações. Nada daquilo aconteceu. Pelo menos não a pessoas com aqueles nomes.

Enfim. Agruras cá minhas.

É como eu saber, quase antes de se saber, que o Pardal não é flor que se cheire e que é bom que quem tem o caso em mãos se despache para que quem ainda não percebeu o que ali está fique rapidamente a saber quem é o 'artista' que está a armar toda esta baderna. E não é que tenha pena do Bloco de Esquerda ou do PSD ou de todos quantos ingénua ou oportunisticamente apoiam o Pardal e as suas 'habilidades': tenho, isso sim, pena dos motoristas, dos trabalhadores honestos que não sabem com quem se meteram e a quem esta brincadeira vai sair cara.


Mas o tema deste post é outro. Tem a ver com a forma como nos movemos, como agimos. Tem a ver com a forma como nos colocamos a jeito. Como nos tornamos vulneráveis. E aqui uso o nós  -- que não é majestático mas, apenas, humilde -- apenas para que não pareça que me sinto acima das armadilhas que aí estão a cada passo. 

Vejam, por favor, este vídeo. Vejam com atenção. E aceitem, por favor, a minha sugestão: pensem.


Facebook, Instagram, até o WhatsApp: a vida toda exposta, tudo registado, partilhado -- conversas, fotos. Mesmo o LinkedIn. Tudo. O que se faz, por onde se anda, por onde se andou, aquilo de que se gosta,  as pessoas com que se dá. Dir-se-á: há coisas que são privadas, apenas para quem faz parte do grupo. Pois, pois. Poderia explicar como um amigo passa a outro que passa a outro... até que vai parar onde não se faz ideia. Mas acho que não são precisas muitas explicações.

Poderia ainda referir a vida facilitada que agora têm todos os que, por um motivo ou por outro, pretendem obter informação sobre alguém. Mas também acho que não são precisas grandes explicações. Dá para perceber.

-------------------------------------


------------------------------------------

E agora vou pensar se acrescento mais algum bocadinho de prosa à 'Agente Secreta'. Mas não é fácil: como dizer o que não pode ser dito sem que me desnude?

E espero que gostem das pinturas de Jason Anderson tal como espero que gostem de ouvir Leonard Cohen com Hey, That's No Way To Say Goodbye. É que, por vezes, não há maneira de dizer adeus.  E eu detesto dizer adeus. Por isso, não vou dizer. Nem agora nem amanhã, ao acordar. Se calhar, nem nunca.

-----------------------------------------------------------

quarta-feira, agosto 14, 2019

Santana Lopes está a disputar o lugar a Pedro Pardal Henriques?
Cinco motoristas no piquete e os dois candidatos a estrelas populistas a tentarem brilhar para as câmaras...
Se o ridículo desse asas talvez ainda pudessem servir para drones. Assim servem para quê?
Ah, é verdade: o Pardal e o Ouriço serão gémeos separados à nascença?
Pergunto.


Acabei de ver na televisão o recibo de um motorista. Mil setecentos e não sei quantos euros por mês. Desses, mil cento e não sei quantos são sujeitos a descontos para impostos e segurança social. Acresce ao que recebem, mais seiscentos e tal 'limpos' que se referem a ajudas de custo para fazerem face a despesas com deslocações e estadias o que, a referir-se mesmo a este tipo de despesas, obviamente não é sujeito a descontos. Do que percebo, a luta resulta de quererem que os descontos e contribuições incidam também sobre estes seiscentos e tal limpos pois, segundo o Pardal, não tem a ver com ajudas de custo mas com outras verbas pagas 'debaixo da mesa'. Como sempre, o Pardal nunca mostra provas. Tudo na base das bocas. Mas, portanto, para receberem mais dinheiro no final do mês apesar de descontarem mais, os sindicalistas reivindicam aumentos completamente acima das percentagens normais (cerca de 1% ao ano são os aumentos que se costumam agora praticar -- e é quando é). E querem aumentos valentes sobre o salário base já que os subsídios decorrentes aumentariam também. E as reivindicações não são à leão só a esse nível: são reivindicações a la longue, para os próximos anos. Coisa nunca vista. Uma greve para reivindicar aumentos para os próximos anos? Nunca vi tal coisa.

E repare-se: não questiono que o que é tributável deve ser tributado. A lei é para cumprir por todos. Nem questiono o valor do ordenado em si. Não sei se o ordenado global mensal deve passar dos (1.100 + 600)/mês para os 2.200 ou, até, para ordenados à juiz, acima do ordenado do primeiro-ministro. Não questiono porque não tenho informação que me permita proferir uma opinião. Há que pensar bem no que se diz, ter uma noção da equidade, pensar no equilíbrio geral das partes envolvidas num sistema económico. Quem me diz que um trabalhador de recolha do lixo não é igualmente crítico e não deveria ganhar tanto como um destes motoristas ou que um trabalhador que faz a manutenção das condutas de água de abastecimento público não deveria ganhar tanto quanto um deputado? Eu gostaria de ganhar três vezes o que ganho e acho que toda a gente gostaria de uma coisa assim. E quem diz três vezes, diz quatro ou cinco ou dez. Só que ou os preços de venda das coisas teriam que ser incrementados à grande ou grande parte das empresas iria à falência. E, se os preços fossem incrementados à grande, ou toda a gente era aumentada na mesma proporção ou quem o não fosse ficaria na maior penúria, sem acesso a grande parte dos bens.

Por isso, esta matéria não é para conversa de café: é para ser estudada a sério, para elaborar estudos comparativos, estudos económicos. E tem que haver um grande sentido de justiça e de humildade. Se toda a gente desata a achar-se a maior e a querer aumentos principescos sem querer saber dos outros, está bem, está.

Alinhar em conversas de coitadinhos, em que todos se acham injustiçados sem querer saber dos que estão ao lado é assassino para uma sociedade. Leva a extremos como o da sanguinária greve selvagem às cirurgias em que a bastonária dizia, com naturalidade, que sim, que a greve iria aumentar o número de mortes. E é como aquele argumento bacoco de que se devem dar todos os aumentos que qualquer um se lembre de reivindicar em vez de se acudirem a um banco com problemas. E falam como se os bancos fossem antros de corrupção e quem lá trabalha todos uns malandros e corruptos. Então deveria fazer-se o quê? Deixar o banco ir à falência? As milhares de pessoas que lá trabalham tudo para o desemprego? Os depositantes ficarem a arder, perdendo tudo o que são poupanças acima da linha de garantia? Poupanças de uma vida? 
Claro que, se sempre que se suspeite de gestão deliberadamente danosa e/ou criminosa, deverá haver investigação e, se for caso disso, julgamento e, se tal assim determinado, condenação. Mas isso é investigar actos individuais. Outra é falar em geral e quase clamar que se deve deixar os bancos ir à falência, deixando, assim, cavar um fosso no sistema económico e financeiro do país. Só gente mal informada ou mal formada pode clamar assim. E, ainda por cima, misturar isso com reivindicações de motoristas... Só pode ser verdadeiros demagogos os que assim falam.
E como os patrões não cederam às exigências dos motoristas, vai daí uma greve por tempo indeterminado e o país que se lixe. E é isso que questiono: o formato egoísta desta luta e desta greve por tempo indeterminado e a desproporcionalidade das suas consequências. O sindicalismo deve ser um movimento solidário entre trabalhadores e não uma agremiação de corporações auto-centradas, auto-exclusivas, egoístas e brutais.

Um sindicalismo como este é assassino para os trabalhadores.

E isto tudo com os motoristas a toque de caixa do Pardal que, nitidamente, está nas sete quintas. Com as televisões sempre em cima, todo ele rejubila. Tem todo o palco para espalhar a confusão à vontade. 

Mas há quem lhe dê ouvidos
(Foto daqui)
Desta vez não apareceu no Maserati. Não senhor, gozão, provocador, desta vez o Pardal apareceu de trotineta. Do que se percebe e do que se vê nas televisões, a sua ocupação a tempo inteiro é esta, andar a cavalgar e a incentivar as reivindicações dos motoristas, armando toda a baderna possível. Não vou aqui especular de onde lhe vêm os rendimentos que não tenho nada a ver com isso e, de resto, para essas investigações há gente competente que, certamente, andará a tentar perceber o que, visto de fora, não se percebe.

Dois artistas: Pardal e Flopes
(Creio que a foto é do Observador)
Agora o que é extraordinário é ver o Bloco de Esquerda a apoiar este Pardal e, ao mesmo tempo, o Santana Lopes a aparecer no piquete a apoiar aquela meia dúzia que por ali ainda tenta salvar a cara. Dando uma no cravo e outra na ferradura, sem se perceber bem qual a dele a não ser querer aparecer, Santana fez mais um dos seus papelinhos ridículos. A oferecer-se para mediador? Estará mesmo a pensar que consegue roubar o mediatismo ao Pardal? Ná. Menino do coro ao pé do Pardal. Teria que fazer flic flacs à retaguarda em cima da trotineta, teria que perder a pouca vergonha que lhe resta, teria que perder aquele ar blasé de velha rata do laranjismo, teria que andar por todos os caminhos onde o Pardal se meteu e que, ao que se lê por aí, lhe valeram processos de burla e mais não sei o quê. Portanto, Caro Santana, caia na real. Escolha causas que sejam mais a sua praia. Por exemplo, ajude a formar um sindicato independente de cabeleireiras e manicuras, apresente um caderno reivindicativo e vá para a rua rodeado de profissionais das extensões e das nails. Isso, sim, seria mesmo a sua cara.

-----------------------------------------------

Tirando isso, uma questão de fundo: o Ouriço e o Pardal serão gémeos separados à nascença?

[Se não estão bem a ver, ponham uns óculos ao ouriço que logo vêem se não é a cara chapada do mano pardal]







terça-feira, agosto 13, 2019

O que pretende Pedro Pardal Henriques?
Lançar a confusão no País? Abrir espaço à limitação dos direitos dos trabalhadores?
Ou isto não passa de rampa de lançamento para ir armar confusão na campanha eleitoral? E, a seguir, na Assembleia da República?
Corremos o risco de, um dia destes, o termos a desgraçar e a envergonhar Portugal?
Pergunto.


O mal de gente assim é que não tem limites. O normal pudor e o respeito pela verdade com pessoas assim não existem. 

Trump todo contente e galhofeiro
enquanto a mulher pega ao colo um bebé orfão,
cujos pais foram assassinados no tiroteio de El Paso

Veja-se o Trump. Não têm conta as insensibilidades que pratica ou as mentiras que já disse desde que é Presidente. Diz mentiras absurdas. Logo a seguir a comunicação social prova que mentiu, o mundo inteiro troça. Mas ele, descarado, diz que as denúncias das suas mentiras são fake news. E as pessoas que o apoiam, apesar de ele ser racista, misógino, xenófofo e sobejamente ignorante, continuam a apoiá-lo, diga ele as barbaridades que disser.

É como o Bolsonaro. É tão básico, tão ignorante, diz coisas tão ridiculamente absurdas que quem o ouve e tem dois dedos de testa pasma. E, no entanto, em vez de perder 100% de apoio no dia seguinte, continua a ser apoiado. Quem votou nele perceberá agora em quem é que votou?


Apoiam esta gente as seitas que odeiam a democracia, a liberdade, a inteligência, a cultura, o direito à igualdade de oportunidades, seitas estas que assentam em interesses escusos, que sobrevivem à custa da corrupção e da exploração dos ignorantes, dos indefesos e dos medrosos que, regra geral, também os apoiam. Numa fase incipiente apoiam-nos ainda os partidos ditos de esquerda popular, pequenos partidos que alavacam o seu crescimento em conversa simpática, igualmente próxima do populismo, partidos sem um verdadeiro programa de governação e que são abstractamente do contra, em especial contra esse vago cadavre exquis composto por ricos e poderosos que serve para adubar qualquer discurso demagogo.

Toda esta gente sinistra chega onde chega com base num linguajar que toda a gente percebe, palavras simples, conversas básicas, com base em aldrabices ditas num mamar doce, como se defendessem os trabalhadores, como se fosse contra os políticos em geral, contra os ricos e poderosos, contra os bancos, como se estivessem ali para defender os pobres, ao lado dos explorados contra os corruptos e os compadrios. E a malta, cansada e de cabeça feita pela comunicação social, acredita e vai na conversa deles. A malta não vê que aquilo é conversa de tipo música para ouvidos ingénuos, não percebe que aquilo é pura demagogia, não vê que aquilo espremido vale zero. E não vê que, uma vez instalados, começam a nomear os filhos e os genros para toda a espécie de cargos mesmo que não tenham as competências mínimas e façam o mundo sofrer de vergonha alheia.

Ivanka, a filha de Trump, feita emplastro, a meter-se na conversa de gente que nem quer acreditar naquilo


Abaixo, Caetano Veloso perdido de riso com a entrevista, na Fox, ao filho de Bolsonaro (possível embaixador dos Estados Unidos que apresenta como credenciais o ter experiência de mundo e o ter fritado hamburgueres nos States)


E nem falo do Salvini, esse falso bon vivant que vai fazer comícios na praia, que (literalmente) dá música e que, com a mesma cara de pau, manda prender quem tenta ajudar os que estão à beira de naufragar. Matteo Salvini não descansará enquanto não estiver à frente de um governo de ultra-direita. E que, claro, está a contar com o apoio de Bannon.


---------------------------------------------------------------------------------------

Vamos ver onde estará Pedro Pardal Henriques daqui por uns anos
(isto se estiver em liberdade, claro)