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quarta-feira, setembro 10, 2025

Ro Ro, ou a graça das mulheres-meninas

 

Confesso a minha ignorância: nunca tinha ouvido falar em Angela Ro Ro. Mas devota do Bial como sou, se ele a leva às suas gostosas conversas, eu estou lá. Portanto, pus-me a ouvir.

E, à medida que a ouvia, risonha, provocadora e engraçada como uma adolescente, mostrando continuar sequiosa de vida e diversão, pronta para os amores, ia-me lembrando de uma amiga que é assim. Muito, muito assim (apenas com a diferença de que Angela Ro Ro é gay e a minha amiga é hetero).

Tal como vejo, pela entrevista, que Angela Ro Ro tinha a fama de ser uma malandreca, também a minha amiga, quando entrou a sério na adolescência, virou uma bela safadinha. Tinha fama de alta namoradeira ou mais que isso, fazia coisas que, por vezes, me deixavam um bocado perplexa, sobretudo por achar que ela caía com demasiada facilidade nos braços errados. Mas ela não me ouvia. Não ouvia ninguém. Parecia tomada por uma urgência de experimentar tudo, de quebrar todos os tabus.

Mas, à posteriori, vim a verificar que, afinal, era muita parra e pouca uva. Muitas aventuras, muitos empolgamentos, e, depois, muitas decepções, muitos desgostos. Conta que foi várias vezes traída. No fundo acreditava demais em quem, se via à légua, que não merecia qualquer crédito. Mas ela não via o mesmo que os outros. Olhares racionais e objectivos não eram com ela, toda emoção, toda inocência.

Talvez por isso ou talvez porque a vida, por vezes, prega partidas a quem não o merece, amores verdadeiros, grandes, intensos, duradouros, que não a fizessem sofrer, não os teve.  

Mas não ficou ressentida nem desanimada. De facto, ainda agora continua a ser tal como se descobriu quando, adolescente, resolveu abraçar a vida sem reservas: alegre, brincalhona, sedutora, irreverente, com uma tremenda vontade de amar e de ser amada, a mesma adorável adolescente. E... continua a dar com os burrinhos na água pois continua a atirar-se, sem reservas, para os braços de quem não tem condições de retribuir a paixão. No entanto, continua, sorridentemente a acreditar que o melhor ainda está para vir, a correr atrás da sorte, do amor, da paixão. E eu, do mais fundo do meu coração, desejo que um dia encontre alguém que a ame como ela, desde sempre, desejou ser amada.

A voz INESQUECÍVEL de Angela Ro Ro | Conversa com Bial | GNT

No #ConversaComBial , uma homenagem especial à icônica Angela Ro Ro, cantora e compositora que marcou a MPB com sua voz potente e canções inesquecíveis.

Com uma carreira iniciada nos anos 70, Angela deixou clássicos como Amor, Meu Grande Amor e Compasso, tornando-se referência de autenticidade e emoção na música brasileira.



domingo, janeiro 05, 2025

Como escolhemos 'aquele' ou 'aquela' que nos vai dar volta ao miolo? Como é que, no meio de mil opções, escolhemos quem vai ser o nosso crush? Qual o algoritmo que o nosso cérebro usa?

 

É uma questão de química? Ou é mais uma questão física? Uma questão psicológica? É aquele je ne sais quoi?

As borboletas no estômago são desencadeadas por quê?

É aquilo das almas gémeas? (Um aparte: por mim, posso acreditar em tudo menos nessa fantochada das almas gémeas... Quem é que quer ter uma paixão por uma alma gémea? Não percebo. Não é que seja por até soar a incestuoso, é mesmo por ser uma seca)

O vídeo abaixo explica tudo bem explicado. E, afinal, como é mais que sabido, é mesmo uma cosa mentale... 

How Your Brain Picks Your Crush!

Ever wondered why you’re irresistibly drawn to certain people? In this video, we uncover the fascinating science of attraction and reveal how your brain secretly picks your crush! From the chemicals that fuel those butterflies to the subconscious patterns that guide your preferences, this deep dive will leave you amazed at what’s really happening in your mind.

We’ll explore the roles of dopamine, oxytocin, and serotonin, the psychology of familiarity and the “X factor,” and even how evolutionary biology influences your love life. Plus, find out why it’s not just about looks but also personality, emotions, and unique connections.


sábado, junho 29, 2024

Jogos de sedução

 

Nada de muito novo. É sabido que, nisto, é sempre a fêmea que escolhe e que resolve quando dar o ok. Da mesma forma, é sabido que o macho tem que saber seduzir, tem que ter calma, tem que ter arte e, sobretudo, humildade. E tem que saber perceber o momento de avançar para a conquista. Tudo, sempre, sabendo que nada é definitivo pois a fêmea pode sempre mudar de ideias.

Mas, quando ambos compreendem sempre o seu papel e sabem interpretar o momento com graça e mestria, é uma maravilha digna de ser festejada.

Ostrich Gives the Performance of His Life | The Mating Game | BBC Earth

The end result might not be as smooth and slick, but this ostrich does have some moves… 


domingo, maio 12, 2024

Pode uma octogenária seduzir um jovem?
E essa coisa do beijo técnico... existe mesmo ou é cascata?

 

Dias tranquilos, bons. Podei árvores, reguei, dispus umas suculentas num canteiros onde nada medra, apanhei nêsperas, arrumei coisas, cozinhei (inclusivamente entrecosto guisado com favas e temperado com coentros), andei a caminhar de biquini para apanhar sol, li, escrevi.

Podia abrir um parêntesis para dizer como faço o entrecosto com favas, de que gostamos bastante, mas vou antes dizer que estou a livro a que resisti mas de que estou a gozar muito. Muito. Por muitos motivos e até pelos emotivos. Mas também porque já aprendi várias palavras que desconhecia. E fico na dúvida: terá sido o Gabo, quando a mente já começava a dar sinais de que estava a ir para um caminho sem retorno, a rebuscar palavras pouco usuais ou terá sido o tradutor que resolveu caprichar? Por acaso gostava mesmo de saber. Gosto de livros assim. Vemo-nos em Agosto. Um livro belo, povoado por garças azuis.

E agora ao ir espreitar o youtube dei com o fantástico Bial a entrevistar a fantástica Susana Vieira. Só a forma como se cumprimentam já é uma graça. Mas tudo o que ela diz é uma graça. Olho para ela e não consigo acreditar que já tem 81 anos. De facto, os tempos já não são o que eram. Pensava-se numa mulher com mais de oitenta anos e imaginava-se uma velhinha. Pois, no caso dela e de cada vez mais mulheres acima dos oitenta, velhinha uma ova. 

Susana Vieira fala sobre sua parceria com José Wilker e mais | Conversa com Bial | GNT


sábado, junho 10, 2023

Uma estrela

 

Não é Chanel quem quer. Tem que se merecer, merecer muito. A lista de nomes que têm sido escolhido ao longo dos anos ilustra bem o que é ser 'Chanel'.

E se, este ano, Timothée Chalamet saltou para rosto Bleu de Chanel, aqui percebe-se bem porquê. 

Shadow & Light interview 

— BLEU DE CHANEL

quinta-feira, outubro 20, 2022

Calendário 2023 para quem gosta de animais
(racionais ou irracionais, de 2 ou 4 patas)

 

Não é lá por sentir que o tempo galopa a uma velocidade estonteante que, para mim, é como se o ano passasse a ter apenas cinco meses. Ná-na-ni-na-não. Tem doze que eu bem sei.

No entanto, agora que falo nisso também não seria disparate simplificar o calendário. A bem dizer bastaria que o ano contivesse apenas o mês do Carnaval, o mês da Páscoa, dois meses de Férias e o mês do Natal. Mais que suficiente. Poderia até alguns meses terem maior tamanho que os de hoje, poderia até funcionar em geometria variável. Quando estivesse a correr de feição a gente dava-lhe gás, meses de oitenta ou noventa dias. Quando estivesse fastidioso, atalhava-se e passava-se ao seguinte. 

Mas não é isso. Só aqui tenho cinco páginas de calendário por uma simples razão: para não maçar os leitores que preferem calendários no feminino, ie, calendárias. Para esses, quando a Pirelli se sair completamente à cena em toda a sua elegante sofisticação, está prometido que não deixarei passar a ocasião em claro. Aliás, hoje, já aqui, lá mais abaixo, levanto um pouco do véu.

Mas, enquanto não acontece a pirelliana revelação em todo o seu esplendor, fico-me por este. E, para quem estranhe a escolha, informo desde já que sou toda pela ecologia, pela natureza como toda a sua naturalidade. Calendário que é calendário deve retratar as nossas preferências estéticas. Claro que poderia ficar-me por céus e marés, lagos e cúmulos, montanhas que revelassem a solidão da alma dos montanheiros ou por multicoloridas e femininas borboletas, sempre tão efémeras e inocentes. Ou por belos e sinuosos rios ou por aprisionados vulcões prestes a soltar a franga. Mas não. A minha ecologia, no caso, verte-se em animais. E animais declinados em belos exemplares, masculinos e bípedes, afeiçoadamente próximos de igualmente belos quadrúpedes.

Não sei bem que mês cada um deles representa mas isso também não interessa para nada. Têm competência para representar condignamente qualquer mês.

Não sei se sabem tocar piano ou falar francês nem sei se sabem descer às profundidades do grego antigo ou se sabem desbravar o segredo das partículas elementares. Mas aposto que agarram a mangueira com viril convicção e apagam os fogos, de qualquer espécie, com uma perna às costas. E isso é virtude que merece ser enaltecida.










Um grupinho que a gente nem sabe dizer qual deles é que prefere. É como aquela coisa de alguém perguntar a outra se prefere um copo de tinto ou de branco e a outra responder: Cheio. É a mesma lógica. Qual deles preferes? Todos.

Mas, pronto, se tiver mesmo, mesmo, mesmo que escolher, então, vá, escolho o do cavalo. Mas vou já alertando que deixei cair o 'do' não porque prefira animais que andam em quatro patas mas, apenas, para não dizerem que sou uma velha assanhada. Ora. Tenho que zelar pela minha reputação.

Escuso de dizer que tudo isto para informar que o Calendário 2023 dos Bombeiros Australianos já está à venda e as receitas se destinam a ajudar causas meritórias. Por cá também tínhamos os garbosos bombeiros sadinos mas não sei se a causa se mantém de pé. Ou melhor, se a chama se mantém viva. (Puns obviously intended)
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Quando ao tema que me tem vindo a mobilizar nos últimos dias, acrescento apenas que a monda hoje não foi má de todo e, se é para dizer toda a verdade, então tenho que confessar que é viciante. Mal apanho uma aberta atiro-me a eles. Custa a parar. Há sempre mais e mais para apagar. É como nos gabinetes: fui virando minimalista até atingir o minimalismo perfeito. Armários quase vazios. Nas gavetas só lápis, canetas, creme para as mãos, um espelhinho, um perfuminho portátil, coisas simples. Nas prateleiras só coisas estimativas: revistas antigas do tempo em que as newsletters eram em papel e algumas coisas sem nada a ver. 

Ao todo creio que já apaguei à volta de uns catorze mil mails. Hoje estou já cansada dos olhos de ver tanta coisa, já não vou falar de duas coisas que a ver se conto amanhã: os blackberry que numa altura eram tão importantes, tão gadget, e dos quais já nem me lembrava e o mistério do roubo da carpete. Escrevo já aqui pois posso amanhã ver outras coisas e esquecer-me outra vez destas.

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Quanto ao Pirelli, aqui vos deixo um amuse-bouche

Models step up for the 2023 Pirelli Calendar

Fourteen of the world’s most high-profile and dynamic models including Karlie Kloss, Bella Hadid, Cara Delevingne and Emily Ratajkowski will feature in the 49th Pirelli Calendar shot by Australian photographer Emma Summerton


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Um dia bom
Saúde. Bom humor. Força aí. Paz.

quarta-feira, setembro 21, 2022

Todo bom

 


Olha-se e uma pessoa não pode deixar de pensar que aquilo ali, de alto a baixo, é tudo bom. É a forma como anda, é a forma como ri, a forma malandra como olha, é a voz, é aquele jeito nonchalant, são as dimensões e a respectiva proporção (embora, claro, eu só possa jurar sobre aquilo que me se tem dado a ver), é a harmonia do conjunto, é tudo. Tudo bom.

Agora anda todo fashionable, todo fora da caixa, todo a deixar toda a gente de olhos postos a ver se percebe. Eu só vejo por fotografia e, para dizer a verdade, tentar perceber é trabalho a que não me dou pois compro de qualquer maneira. Vestido de cor de rosa, vestido de verde. vestido de saia, de chapéu ou sem chapéu, é sempre o máximo. Despido também deve ser.

E depois tem aquela coisa: os homens interessantes melhoram com a idade. Tudo neles ganha um carisma e uma graça que parecem íman. Não dá para explicar. Os homens-meninas com a idade ficam flosôs, totós, umas gatinhas, mas os homens-homens, pelo contrário, encorpam, ganham patine, ficam com gostinho vintage, apetitosos de dar gosto. 

Ele, então... 

Tem 58 anos e nem imagino como estará quando tiver 70 ou 80. Um néctar, coisa premium, lindo de morrer. Só pode.

Acontece que o belo do Brad Pitt agora se saiu à cena com uma que ainda mais deixou toda a gente à nora: toma que também é escultor. E diz que é dos bons. Shockingly, Brad Pitt turns out to be a very fine sculptor. -- diz Jonathan Jones. E depois ainda tem o descaramento de pedir que o belisquem (Pinch me – I must be dreaming, diz ele). Na volta, quer é que o Brad o belisque. Como se não houvesse mais ninguém na fila. Julga que é chegar e pedir um beliscãozinho. É idoso? Está lesionado? Está grávido? Não...? Então que espere pela vez. Com cada um.

Mas só os críticos sem sabedoria podiam ser apanhados desprevenidos. Quem tem olhos de ver está fartinho de saber que o Brad é bom de mãos... Basta olhar e ver. Bom de mãos, mão de pegada. Bom de tudo. Parece que só não de dança. É pena mas, pronto, perdoa-se.

E eu, que não tenho vocação nem conhecimentos para ser crítica de arte, vejo-o na galeria, sorridente ao pé do Nick Cave ou todo gingão e a gozar o pratinho com a surpresa que está a causar, e só penso que deveria era haver um video com o making of daquelas peças, ele todo informal em casa, com sorte até todo à vista, podia ser até com uns shorts, condescendo -- uma sorte para quem visse.


Parece que fez estas peças para excomungar os fantasmas que tinha dentro dele. Não quero saber. Isso é lá com ele. O que sei é que se me sair o euromilhões vou à Finlândia buscar uma obra só para fazer uma selfie com ele. Sou realista quanto às expectativas, já me contento com uma selfie. Posso ser a única portuguesa, quiçá palop, a não ter uma selfie com o Marcelo mas, tomem e embrulhem, teria uma com o Brad, esse coisa mais fofa.

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E, para quem está para aí já de nariz torcido -- os homens, todos prosa, a acharem-se melhores que ele e as mulheres a roerem-se de ciúmes e a acusarem-me de ser toda oferecida -- aqui vai um atestado que posso mostrar a quem achar que estou a exagerar. Ah estou...?

Top 10 Movie moments that made us love Brad Pitt




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Um dia bom
Saúde. Sedução. Paz.

terça-feira, setembro 13, 2022

Dating - como transformar uma centelha numa chama

 

Conforme confessei há uns tempos, quando conseguia ter algum bocadinho livre, em especial ao fim de semana, ia ver o Indian Matcmaking na Netflix. Não saberei explicar porque é que tinha tanto interesse em conhecer o desenlace daqueles casamentos 'arranjados'. O que sei é que a minha filha se deixou embarcar no meu entusiasmo e, quando deu por ela, também já estava a querer saber o que acontecia a esta, àquele e ao outro. Talvez seja aquele nosso ancestral gosto em ver que as célebres histórias de boy meets a girl (ou girl meets a boy) têm um happy end.

Um Tinder personalizado, dizia um dos participantes na série a propósito de se recorrer a uma casamenteira. Para dizer a verdade, podendo parecer uma coisa antiquada ou contranatura, parece-me um processo interessante. 

Se uma pessoa não anda por aí com um letreiro nas costas ou na testa a dizer: 'Estou à procura de parceiro/a', como é que descobre outros que também andem? É que, se espera que ele/a lhe caia no colo, pode esperar a vida inteira.

Se um dia o acaso não me tivesse bafejado com a sorte de o meu olhar se ter cruzado com o de um desconhecido, a esta hora poderia estar casada com outra pessoa ou, o mais certo, já me teria divorciado (e, na volta, já teria tido mais uma dúzia de relações falhadas). A vida é isto mesmo: acasos que nos levam por caminhos que se encontram e desencontram. Às vezes corre bem, outras não.

Assim, no processo retratado naquela série real, os interessados dizem o que gostavam de encontrar e a casamenteira vai à sua base de dados e vê quem lá há que cruze com esses requisitos. No fundo, o mesmo que o Tinder ou qualquer outra aplicação de dating. Uma coisa inteligente e útil. Por isso, totalmente a favor.

E, até aí, tudo bem. Onde a coisa se estraga é quando as pessoas não prosseguem o processo com abertura mental (e realismo) para um romance e, pelo contrário, vão para os encontros como se fossem avaliar candidatos e emprego, interrogando-se mutuamente à cara podre e, por vezes, não conseguindo disfarçar expressões de tédio que desmoralizam o 'concorrente'. Noutros casos, é o oposto: estão num tal estado de carência que, de cada vez que conhecem alguém, atiram-se completamente de cabeça, acreditam que daquela vez é que é, que encontraram  o amor da vida delas, e aceleram de tal maneira que a pessoa do outro lado se assusta e bate em retirada.

Por isso achei tanta piada e concordei tanto com Esther Perel no vídeo que abaixo partilho.

Esther Perel é uma psicoterapeuta que tem explorado a tensão entre a necessidade de segurança (amor, pertença e proximidade) e a necessidade de liberdade (desejo erótico, aventura e distância) nas relações humanas.

Os conselhos que ela dá -- 

  • que não se disseque a seco (passe a redundância) a outra pessoa, que não se encoste a outra pessoa à parede bombardeando-a com perguntas de tipo curricular, que não se anule a sedução e o mistério e o tempo de namoro que é essencial para que as pessoas se revelem 
e que, pelo contrário, 
  • se interaja com a outra pessoa em ambiente descontraído, em situações normais, entre amigos, em família, dando tempo ao tempo, deixando que a descoberta mútua aconteça ao ritmo certo - 

parecem-me acertadíssimos. 

Dating Advice: How To Turn a Spark into a Flame

Os primeiros encontros podem ser emocionantes, exaustivos, misteriosos, chatos, fáceis ou trabalhosos. O que determina o sucesso ou a decepção de um primeiro encontro tem menos a ver com uma faísca imediata e mais com a criação das condições certas para transformar essa faísca numa chama persistente que nos deixa com vontade de experimentar mais. Quando estamos apenas a começar a conectar-nos com uma nova pessoa, é tudo uma questão de contexto, educação, sedução e conexão. Quando o namoro é difícil, pode parecer um jogo que não sabemos jogar. Mas, concentrando-se nessas quatro áreas, podemos deleitar-nos com brincadeiras não gamificadas - essa qualidade de romance, humor e facilidade que, quando combinada com uma conexão autêntica, inspira ambas as partes a ir mais fundo.  
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Caso vos apeteça, podem continuar a ler sobre o tema e afins em O amor e o desejo são inconciliáveis? do qual consta um outro interessante vídeo de Esther Perel

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Um dia feliz
Saúde. Graça. Paz.

sexta-feira, agosto 19, 2022

6 hábitos sedutores que deixam os outros doidos

 


Quando fiz 17 anos e fui para a universidade, meti na cabeça que não podia continuar em casa. Ao contrário de todos os meus colegas, a mim pareceu-me imprescindível emancipar-me. A rua onde morávamos, em que toda a gente se conhecia, era ambiente claustrofóbico demais para mim. As regras que os meus pais me impunham eram um sacrifício que eu também já não conseguia suportar.

Os meus pais não entendiam que eu, de repente, precisasse de estar ao lado da faculdade e que quase fizesse depender disso o meu sucesso escolar. Não lhes parecia razoável isso. Sobretudo, conhecendo a peça, temiam que eu andasse demasiado à solta, em especial tendo eu um namorado que era perdido por mim. Provavelmente, temiam que eu me perdesse. Foi uma luta, árdua, cheia de cenas gagas, mas consegui. Depois de ir conversar com uma das minhas professoras e de ficar convencida de que o lugar para onde ia era uma casa de estudo e respeito a minha mãe conferenciou com o meu pai e lá fui.

Detestei. Ao contrário do que eu imaginava e precisava, aquilo tinha muitas regras. Pior: as minhas companheiras eram obedientes. Ninguém protestava ou subvertia. Felizmente durou pouco. Mas, enquanto lá estive, tive que me submeter a alguns rituais. Um deles era o julgamento das caloiras. Toda a gente estava sentada no chão e, num dos cantos da sala, uma secretária em que estavam duas veteranas e a directora da residência.

Depois de um interrogatório duro e intimidante, havia as penas. Umas tinham que cantar, outras tinham que fazer habilidades que lhes fossem conhecidas, coisas assim.

A mim o que calhou foi dar uma aula de sedução pois fui acusada de ter demasiados pretendentes. 

Não sei porquê pois, se fosse um ou dois anos depois, poderiam apontar-me o namorar dois ao mesmo tempo ou ter alguns outros em volta de mim. Mas naquela altura eu queixava-me era da penúria de homens interessantes. No meu curso era tudo gente marrona e esquisita. Para passeatas, idas ao cinema ou tertúlias, via-me aflita para arranjar companhia. Por isso, não sei onde foram buscar aquilo. Não me lembro bem do que disse, só me lembro de ter sido apanhada de surpresa e de ter tido que falar de improviso sobre matéria que, para mim, era mais de intuição do que se razão. Mas lembro-me de estar de pé a falar para uma sala cheia de raparigas sentadas no chão que me ouviam com muita atenção.

Na altura, também tinha pouca experiência nessas coisas mas lembro-me de que, por vezes, constatava a tremenda falta de jeito que algumas das minhas amigas tinham. Dava-me muito com uma que era uma simpatia, éramos muito amigas. Nunca tinha namorado, ela. Tinha muitos amigos, volta e meia apaixonava-se perdidamente mas nunca conseguia que a coisa se desse. Eu fazia de tudo para ajudar, armava-me em casamenteira. Ela esforçava-se mas havia alguma coisa na sua forma de actuar que não funcionava. Depois, quando ela desconsoladamente se lamuriava, eu enumerava as coisas que ela fazia que não eram cativantes. Sobretudo lembro-me de achar que ela era pouco subtil, penso que a excessiva simpatia e a franqueza bem como a forma algo primária como se expunha eliminavam o charme que, creio, são fundamentais nestes negócios da sedução. E era desprovida de malícia. E, quando eu lhe falava nisso e ela queria corrigir, colocando alguma malícia na conversa, a coisa saía-lhe desprovida de graça, sem aquele toque de subentendido que apimenta a imaginação. 

Havia uma outra que andava caidinha por um colega e que se arranjava para lhe agradar. Achava que era por aí. Quando sabia que dava para almoçarem juntos na cantina, caprichava na toilette. Mas arranjava-se de uma forma cafona, quase parecia uma matrona presumida, uma coisa forçada que não tinha a ver com ela nem com nada. Tentava despenteá-la, desabotoá-la, mas as minhas tentativas não resultavam, era velha antes de tempo. Uma vez consegui arrastá-la até aos Porfírios para ver se lhe dava um banho de ligeireza e de novos tempos. Debalde. Não quis nada, tudo aquilo lhe parecia de má qualidade. Tanta coisa que lá comprei e nunca me ocorreu analisar a qualidade do tecido ou a perfeição da confecção. Pois ela, queixando-se da luz e da música, pôs-se a dissecar as roupas, desdenhando de tudo. 

Há coisas que nascem com a gente. Mas há outras que se aprendem, há outras que se experimentam, outras que se praticam. 

O tema interessa-me. A sedução é das coisas boas desta vida. É desafio, é conquista, é chamego, é doçura, é coisa boa.

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6 Sexy Habits To Drive Someone Wild

Have you ever wondered which little habits or behaviors you could implement to attract people your way? There are some subtle behaviors that are often seen as sexy, some of which, you can make a habit of. You may be wondering what these are. Well, here are a few sexy habits that drive others wild with attraction.


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Pinturas respectivamente de Alexander Roslin, Palma Vecchio, Pedro Américo, Guido Reni e Antonio Xavier Trindate na companhia de Chris Isaak que, como não podia deixar de ser, interpreta Can´t Help Falling In Love
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Desejo-vos um dia à maneira
Saúde. Sedução. Brincadeiras a condizer. Paz.

quarta-feira, agosto 17, 2022

7 sinais de que a outra pessoa afinal não é a tal.
6 tipos de pessoas que deve evitar a todo o custo.
10 técnicas infalíveis para flirtar.
Fotografias photoshpadas que não têm nada a ver.
E, para começar bem, uma introdução completamente deslocada.

 


Depois do fim de semana prolongado que me soube a férias, retomei o trabalho e as suas reuniões e afazeres correntes. 

Há empresas  que convencionam fechar completamente em Agosto. Pode parecer uma coisa demasiado intrusiva na vida das pessoas, especialmente quando antes estavam habituadas a escolher livremente, mas, na verdade, é muito mais prático para o funcionamento das organizações, sejam empresas, escolas ou outras. 

No entanto, pelo próprio tipo de actividade da empresa isso pode não ser possível. Contudo, nestes casos, se a vertente mais operacional pode funcionar regularmente, já nas restantes, quase inevitavelmente, anda-se a meio gás. Quer andar-se com algum assunto e está sempre alguém de férias. Nessas ocasiões penso que era o melhor que eu também fazia, ir de férias.

No entanto, não gosto especialmente de férias em Agosto. Há muita gente, os restaurantes estão cheios, estacionar é um castigo e os hotéis custam um balúrdio. Sempre preferi mais o fim de Agosto, princípios e meados de Setembro. É certo que os dias estarão mais pequenos e muitas vezes já entardece com a temperatura mais baixa mas, ainda assim, as férias são sempre mais tranquilas. Mas o pior mesmo é aguentar até lá se chegar.

Ao fim da tarde, não fomos para a beira da praia, limitámo-nos a passear por aqui mesmo. Sou distraída, vou andando e conversando, olhando desatentamente para os jardins e para as casas por onde vamos passando. Ou seja, vou flanando, numa boa.

Às tantas o meu marido parou, disse-me que era melhor voltarmos para trás. Não percebi. Não tinha visto nada estranho. Então ele disse: 'Aquele cão grande está solto na rua'. Sou míope e, além disso, não fixo os cães em função das casas ou das ruas. O facto de ser míope contribui para ser distraída, uma pessoa como não vê bem ao longe até se esquece de prestar atenção. Mas, focando-me, vi o que ele dizia. Há uma casa que tem um cão gigante, mas ponham gigante nisto, todo peludo como o nosso mas em pelo castanho. O meu marido, que eu pensava que conhecia todas as raças, não identifica esta. O cão deve fazer uns dois ou três, senão quatro, do nosso e tem uma cabeçorra imponente. Quando passamos por lá, ele ladra com uma voz que mais parece um rugido ameaçador, num vozeirão encorpado, capaz de matar intrusos só com o medo que inspira. Portanto, foi com convicção que arrepiei caminho. Entretanto, saiu de casa um senhor com porte também de impor respeito, chamou-o e agarrou-o pela coleira, levando-o à força para casa. Estou convencida que o cão deve pesar tanto como o dono. E que o dono é capaz de ser tão possante como o cão. Les beaux esprits se rencontrent, so they say. 

Fiquei a pensar que corro riscos quando saio sozinha com o minha fera felpuda. Hoje, certamente, a coisa poderia dar para o torto pois não sei como seria o desfecho de um encontro de primeiro grau entre aqueles dois.  Quiçá sobraria para mim pois não poderia ficar impávida a ver o grandão a tentar desgraçar a vida do meu ursinho cabeludo.

Quando regressámos, uma vez que tinha o jantar feito, sentei-me à mesa de trabalho mas com o alívio de não ter que trabalhar. 

Notícias: a Serra da Estrela continua desgraçadamente a ser devastada pelos incêndios. Uma miséria. Entretanto, na Crimeia alguém anda a pôr a cabeça dos russos em água e isso são boas notícias. Tudo o que se faça para que aquele regime de corruptos, psicopatas, aldrabões e facínoras se ir abaixo das canetas é boa ideia. Pode demorar mas mais tarde ou mais cedo, a justiça será feita e os russos poderão ter esperança em viver num regime aberto, democrático e saudável. 

{E bem pode o comentador que aqui deixa comentários quilométricos, parte dos quais em maiúsculas, ou os leitores ordinarões que andam sempre com pénis na boca ou as eternas namoradinhas do pcp virem aqui ver se me maçam que eu não estou nem aí.}

De seguida, fui ver o que o YouTube tinha para me oferecer. Tem sempre alguma coisa. Por vezes não são coisas muito óbvias e eu precipitadamente penso que em todo o pano cai a nódoa. Mas o tipo é fino. Hoje, por exemplo, resolveu apanhar-me de cernelha, pelo lado da psicologia. 

Um conjunto de vídeos com uma animação apelativa, uma voz simpática e umas afirmações que me parecem acertadas. Uma vez mais, lamento que não haja legendagem em português. Mas a dicção é boa. E os conselhos parecem-me bastante úteis. A sério. 

7 sinais de que o outro/a não é o/a tal

Quando se começa a duvidar que o outro talvez não seja a pessoa com quem se quer partilhar o futuro, está na altura de apelar ao pragmatismo e equacionar um rápido fim para a relação


6 Tipos de pessoas que deve evitar a todo o custo

Is someone in your life draining your energy? Perhaps you’re always leaving feeling exhausted or in a worse mood than before. How do we know whether someone is a lifelong friend or someone we need to avoid at all cost? Well to help you out,  here are a few types of people you should avoid at all costs.

10 Estratégias psicologicamente provadas para Flirtar

Having trouble flirting? Here are some 10 tips you could use when it comes to getting the person you want! Each of these tips are backed by science! 

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O autor do photoshop a pedido é James Fridman, conhecido por gostar de fazer das dele

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Uma boa quarta-feira
Saúde. Vontade de rir. Paz.

sexta-feira, agosto 12, 2022

Só há uma pergunta a fazer quando se pensa em casar

 



A pergunta refere-se a casar mas quem diz casar diz juntar os trapinhos ou namorar. Para o efeito, vai tudo dar ao mesmo.

E a pergunta quem vai dizer qual é não sou eu, é o Rubem Alves aqui abaixo, que, através dele, a coisa soará mais inquestionável do que se for eu a botar prosa.

O que posso dizer, e digo com os ensinamentos que um casamento de mil anos já me proporcionou, é que, a meu ver, as questões críticas são as seguintes: 

    • entendemo-nos? 
    • estamos bem um para o outro? 
    • vivemos no mesmo mundo? 
    • orgulhamo-nos um do outro? 
    • estaremos sempre cá um para o outro? 

É que é tudo muito bonito mas se um fala de alhos e outro de bugalhos, se um gosta de natureza e outro de estar fechado em casa, se um vive na terra e outro (pensa que) vive na lua, se um até treme com os disparates que o outro a qualquer momento pode dizer ou se um está sempre disponível para o que for preciso e o outro nunca está nem aí, então... então, adeus minhas encomendas.

Pode a gente achar que o outro até é lindinho ou que, volta e meia, faz umas flores ou, quem sabe, pode iludir-se e sonhar que o outro pode vir a modificar-se e melhorar... mas se, lá no fundo, aquilo que acima referi é uma sombra que a gente pressente que existe (embora querendo fazer de conta que não tem importância), então, é para esquecer. Pode a coisa aguentar-se algum tempo, podem agarrar-se à probabilidade de a coisa vir a melhorar... mas é tempo perdido, oh lá se é.

Claro que há mais factores relevantes para a coisa dar certo. Por exemplo, há o lado físico. Fundamental. Do mais fundamental que há. A gente pode armar-se em platónica, em lírica, em anjinha, mas, vamos ser claros, se a gente não sente uma atração, uma afinidade de pele, um prazer em estar junto, em olhar de perto, em olhar de longe, em olhar para dentro, em sentir o cheiro, o toque, o calor, se a gente não gosta do tom de voz, se a gente acha que aquelas mãozinhas não sabem agarrar, que aquela boca não sabe causar um arrepiozinho bom.. então é a mesma coisa: para esquecer. Não vai dar. Mais vale saltar fora.

E outra: se são almas gémeas, iguaizinhas, se o que um pensa é tal e qual o que o outro pensa, se gostam exactamente ds mesmas coisas, se estão sempre de acordo... então, bye bye maria ivone. Não dá. Uma seca. Ao fim de algum tempo, se ainda não tiverem morrido de tédio, já estarão a pular a cerca cada um para seu lado. 

Hoje, ao fim da tarde, antes de resolvermos ir passear para a praia, espreitei a netflix. Apareceu-me a casamenteira indiana. Deixei-me ficar durante um bocado. Há mundos paralelos. Uma pessoa nem sonha que, aos dias de hoje, ainda existem casamenteiras. Os que querem arranjar noivo enumeram os requisitos para que a casamenteira saiba o que procurar. As mulheres que salteadamente vi, querem homens da mesma idade ou um pouco mais velhos, mais altos, bem sucedidos, pessoas de família. Coisas assim. A casamenteira acha que, se houver um mínimo de afinidades, com o convívio e a vontade de dar certo, a coisa acabará mesmo por vingar. Não sei. Se calhar, quando não dá certo, toleram-se, resignam-se. Mas isso não é a minha cena. Se é para ser, tem que ser mesmo, de verdade, amor a sério.

Amor que é amor e que perdura como amor tem que ser coisa de boa cepa, sentimento forte, elástico, flexível, resiliente, auto-regenerativo.

Mas, enfim, isto sou eu a falar e, na volta, sou exigente para lá da conta. No entanto, a sensação com que estou é que, apesar do que já disse, devo ter-me esquecido de mais um montão de coisas importantes. 

Ah, sim, agora lembrei-me de uma que é fundamental: tem que ter sentido de humor. Humor é oxigénio. Eu morreria à míngua se tivesse que viver com alguém que não soubesse fazer-me rir.

E tem que ser generoso. Gente má, mesquinha, invejosa, complicada, implicante, tem que estar longe. Gente assim infecta. Não pode. Distância. Xô!

Ah, sim, outra que é fundamental. Podem crer: fundamental. A gente tem que olhar e ter a certeza que o outro vai ter sempre a capacidade de nos tirar o tapete, de nos tirar o chão, de nos tirar a respiração. E de nos tirar do sério

E há mais. De certeza que há.

Mas agora passo a palavra a um mestre que acha que nada disso, que tudo se resume a uma questão:

Rubem Alves • Só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar


Transcrevo o texto que acompanha o vídeo no Youtube:
Depois de muito meditar sobre o assunto, concluí que os casamentos são de dois tipos: tênis e frescobol. Casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e costumam ter vida longa. Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente: “Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a velhice?’. Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar”.

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme “O império dos sentidos”. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar “mil e uma noites”. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre depois de morrer.

Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: “Eu te amo, eu te amo…”. Barthes advertia: “Passada a primeira confissão, ‘eu te amo’ não quer dizer mais nada”. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: “Erótica é a alma”.

O tênis é um jogo feroz. Seu objetivo é derrotar o adversário. E a derrota se revela no erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo.

A bola são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá… Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem, cresce o amor… Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim.
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As fotografias são de Man Ray e Melody Gardot interpreta If you love me

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Desejo-vos uma boa sexta-feira
Saúde. Boas descobertas. Bons amores. Paz.

sábado, julho 23, 2022

Uma traição ao meu gigolo preferido...?
É que nem pensar...

 

Não sou de tentar uma segunda vez. Para o bem ou para o mal, para mim história vivida é história passada. Tenha sido uma história boa com final tranquilo, tenha sido uma história agitada com final atribulado, passou, está passado. Página virada.

As coisas são as coisas e as suas circunstâncias e, se havia uma cola que unia uma pessoa a outra pessoa ou a um livro ou a um filme, tenho sérias dúvidas de que, num outro contexto, a cola se mantenha. Tinha que ter sido uma cola muito intensa que se tivesse dissolvido por um equívoco, por uma acção externa ou por um qualquer acto de deus ou force majeure para que a 'pegação' voltasse a existir em toda a sua pujança.

A excepção em que me parece que a coisa pode funcionar é na música. Muitas vezes, há versões fantásticas que ressuscitam ainda melhores.

Já nas telenovelas ou no cinema a coisa parece-me arriscada. Gosto do Pantanal porque não vi o original. Mas, no cinema, não tenho ideia de ir ver uma reprise de filme de que tenha gostado. E tenho ideia, quando vejo os trailers, que a segunda versão é sempre uma coisa aguada, deslavada.

Há cinquenta mil anos vi com devoção o sexíssimo Richard Gere a encantar -- com cuidados, ternura e uma perícia tentadora -- mulheres de todas as idades. As toilettes Armani assentavam-lhe tão perfeitamente como uma segunda pele e era tão compensador vê-lo com elas vestidas como despidas.

Hoje, vá lá eu saber porquê, o algoritmo do YouTube veio desafiar-me com um outro American Gigolo

Não faço ideia de se a história é a mesma ou se apenas o título é o mesmo. Seja como for, o trailer quase ofende a minha sensibilidade. Obviamente não o verei. Podendo parecer que nem por isso, a verdade é que sou mulher de alguma lealdades.

American gigolo 

A imitação


American gigolo

O original


Há lá comparação possível...? Nem pó!
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Desejo-vos um sábado feliz
Uma vida longa e feliz

quinta-feira, julho 07, 2022

Cão é melhor que Tinder

 



Volto ao tema do cão. Mas não mudem já de canal porque, desta vez, o tema não tem a ver com afecto e com o paraíso e todas essas músicas celestiais. Hoje a conversa é outra.

Ao fim do dia fomos passear a uma cidade perto. Já lá não íamos há algum tempo. Muito diferente. O que foi, em tempos, uma cidadezinha periférica e algo provinciana é agora um lugar modernizado, com vida de rua, com edifícios bem recuperados, sem ferirem a traça de origem e o ambiente intrínseco. Gostámos bastante.

Quando vi o nome da rua em que estávamos lembrei-me de em longínquos tempos, quase numa outra encarnação, lá ter tido uma reunião numa delegação da empresa na qual trabalhava na altura. Era um edifício com cachet, muito bonito. Anos mais tarde, fechou-se a delegação, pôs-se à venda o belo edifício. E, algum tempo depois disto, soube que uma prima tentou comprá-lo. Não conseguiu e tive pena. Com  a veia artística que tem teria feito daquele fantástico prédio uma casa maravilhosa.

Mas o tema hoje não tem a ver com arquitectura ou com turismo, tem a ver com o cão. É que, mais uma vez, constatei que um cão é um date enabler. Melhor que plataforma de encontros. Qual Tinder? É andar na rua com um cão pela trela que a coisa acontece. Mas funciona melhor para homens porque as mulheres são mais atrevidas. Quando ando a passear o cão não há homem que venha meter conversa comigo. Também não dou abertura. Mas é verdade: os homens são tímidos, têm medo de meter conversa não vá a mulher reagir à bruta. As mulheres não, as mulheres chegam-se à frente e lá vai disto. Até disse ao meu marido que, se um dia ficar divorciado ou viúvo, arranja candidatas a namoradas na própria semana. E ele confirmou.

Pois bem. Apenas para exemplificar. Estava eu a fotografar um arco que dava passagem para uma travessa com um candeeiro bonito na parede e vasinhos com sardinheiras bem floridas, quando vejo um carro parado, no meio da rua, ao pé do meu marido que trazia o urso cabeludo pela trela. Eram duas flausinas, por sinal duas benzocas. A que estava no lugar do pendura, estava meio de fora e a que conduzia debruçava-se toda para melhor ver o felpudo (ou para melhor ser vista pelo dono do felpudo, não sei). Perguntavam qual a raça dele (do cão, leia-se), diziam que bem lhes tinha parecido, davam-lhe os parabéns por ter um cão de raça portuguesa, diziam que gostavam muito de cães, uma dizia que tinha vários, dizia as raças. Em suma, derretiam-se com ele (e aqui não sei se o ele era o cão, se o dono do cão). Quando me aproximei e perceberam que eu fazia parte do agregado, uma delas, a do lugar do pendura, olhou para mim, ficou assim a modos que calada, diria que levemente atrapalhada, e vai daí saiu-se com uma muito bizarra: 'É francesa?'. Por aquela, saída do nada, é que eu não estava à espera. Presumo que devo ter feito daquelas caras que transmitem que, em situações assim, empatia não é coisa que me assista. Esclareci a minha nacionalidade, ela ficou a olhar para mim não sei com que ideia em mente, depois voltaram a dar os parabéns pelo cão tão lindo. E seguiram viagem.

Na altura que fomos buscar esta fera a um monte no alto alentejo e queríamos algumas informações, o meu marido ligou para uma associação. Queria saber como ter a certeza que o bicho era puro. Não que, em termos práticos, isso interessasse mas mais por curiosidade. Não sei se foi logo uma tal que o atendeu ou se quem o atendeu deu o contacto dessa tal. O que sei é que a dita lhe ligou umas duas vezes, super atenciosa, super conversadora, super simpática, conversava sobre a raça, contava episódios, já dizia para ele lá ir ter com ela, que lhe dava um outro cão. Sei lá, uma amizade em crescendo.

Quando vamos passear para a beira da praia, então, é um ver se te avias: meio mundo acha graça ao franjudo e, mal me distraio, já há alguma desminliguïda a mostrar-se enternecida com uma coisa tão fofa (referem-se, creio, ao cão). Ele não dá trela (e agora refiro-me ao dono do cão), que eu vejo, mas fica calado, talvez faça um meio sorriso, responde de forma minimalista às perguntas mas, bem sei, as mulheres gostam do género (e aqui, ao falar em gostar do género, não sei se gostam mais do cão ou do dono do cão).

O meu marido, já não sei se em resposta a estas situações, desculpou-se: 'Quem quis ter um cão foste tu'. Emendei: 'Fomos nós'. Ele insistiu: 'Tu mais que eu'. Não disse que não e precisei: 'O que eu quis foi um Serra de Aires. Aliás, sem saber porquê. Sem fazer a mínima ideia das características. Foi mais uma coisa de me apaixonar pelo aspecto exterior, à primeira vista'. E acrescentei: 'Tal como contigo. Gostei, só de te ver. Não sabia quem eras, nem como eras, nem nada'. E foi. E, apesar de nada saber, não descansei enquanto não o tive. Com este cabeludo a mesma coisa. Na volta, gosto de cabeludos. Quando me apaixonei à primeira vista pelo meu marido também era cabeludo: tinha muito cabelo, cabelo pelos ombros, e uma farta barba'. A ver é se ao cão não acontece o mesmo que ao dono, que agora está careca. 

(Careca mas, ok, ok, charmoso -- concedo)

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Pinturas de Quincy Verdun, Miguel Macaya,  Giacomo Cerutit e Teresa Tanner. Grace Jones interpreta I've Seen That Face Before

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Desejo um dia bom

Saúde. Boa disposição. Paz.

quinta-feira, junho 30, 2022

4 programas de televisão. 4 vídeos. 5 pinturas. 1 canção.

 


American Master Chef Junior -- fico espantada, intrigada, comovida. Não percebo como é possível aquelas crianças saberem tantas técnicas, conhecerem tantos ingredientes, instantaneamente terem tantas boas ideias, terem tanta perícia, tanta força, tanta perseverança, tanta rapidez, tanta confiança, tanta generosidade. Pasmo, pasmo, pasmo. E, quando a Eva saiu, chorei. E quando vi o Grayson atrapalhado, atrapalhei-me também. E, quando ele ficou choroso, eu fiquei chorosa também. Outra coisa: depois das minhas barrigas gigantes não tinha visto coisa semelhante até ver a da Daphne. Não sei como não lhe cai a criança aos pés. Tento não perder.

Pantanal -- a vida na natureza. Os grandes espaços. As águas correndo com mansidão. As verdejantes margens do rio. O encantamento mágico. As histórias populares. A música. Os preconceitos postos a nu. A graça da forma como falam, a língua portuguesa adoçada com o tempero das terras perdidas nas lonjuras. As personagens tão cheias de evolução nas suas histórias. A valentia vulnerável dos homens-macho. A sabedoria das mulheres. A irresistível paixão entre Juma, filha de Maria Marruá, e Jove, filho de José Leôncio, o jovem desengonçado de quem a peãozada diz ser flosô, uma paixão que é tão real que fez com que os seus protagonistas, bissexuais assumidos, virassem um apaixonado par amoroso. 


10 anos mais jovem, Reino Unido -- as pessoas chegam derrotadas, a vida passou por cima delas e elas chegam com o rosto amassado, os dentes estragados, a pele gasta, o cabelo velho, o corpo cansado, a vontade esgotada, o sorriso escondido, os gestos envergonhados. E, então, pegam nelas, e refazem tudo o que podem, tatuam os rebordos dos lábios, alisam a pele, florescem as sobrancelhas, cortam, pintam, amaciam e penteiam os cabelos, descobrem a roupa que melhor se adequa, disfarçam e maquilham... e, no fim, as pessoas estão mais novas, mais bonitas, mais confiantes. E sorriem, felizes da vida. 

Original é a Cultura - pessoas que falam com tempo, outros que escutam calados e atentos, observações interessantes, temas vistos sob perspectivas diferentes, apontamentos que se escutam com curiosidade. Carlos Fiolhais, Dulce Maria Cardoso, Rui Vieira Nery sob moderação de Cristina Ovídio. Do melhor a nível de conversas em televisão. Devia passar em horário nobre.

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Dermot Mulroney, além de ser um actor conhecido, é um violoncelista talentoso. Sentou-se para ser pintado por pintores no Paul Schulenburg Studio em Cape Cod Massachusetts, e tocou para eles num intervalo.

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No deserto do Arizona, pode visitar-se uma das casas do famoso arquiteto Frank Lloyd Wright. Mas nos últimos meses, o local também abriga uma instalação do artista de vidro Dale Chihuly. O correspondente especial Mike Cerre analisa como o trabalho desses dois artistas se uniu na paisagem acidentada.

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Um retiro familiar tranquilo numa vila no Vietname


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Pinturas de Alberto Burri na companhia de Maro com We've been loving in silence (com o Salvador para despistar)

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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Motivação. Alegria. Paz.