sábado, novembro 30, 2013

Acções dos CTT - parece que a procura dos pequenos investidores já supera em 10 vezes a oferta. Pois eu, para que conste, não me cheguei à frente. Não concordo com a privatização dos CTT pelo que, por muito aliciante que o investimento possa parecer, não serei accionista dos Correios de Portugal. O País a ser vendido a retalho (e de forma descontrolada) e nós a pormo-nos a jeito. Até parece uma cena bondage. Credo.


Um dia, quando dermos por ela, estaremos completamente nas mãos de quem se está marimbando para nós.

A EDP e a REN na mão da República Popular Chinesa, a ANA nas mãos de franceses que desde que lá deitaram a mão já aumentaram duas vezes as taxas do aeroporto, a TSF e outros órgãos de comunicação social nas mãos de angolanos, a PT nas mãos de Angola, Brasil e incertos, os bancos nas mãos nem se sabe de quem, grande parte das empresas industriais nas mãos de brasileiros, alemães ou outros, os CTT também nas mãos de incertos... e por aí fora.


Uns retirarão de Portugal os centros de decisão com o que isso significa em termos de desemprego do mais qualificado que há e em desinvestimento generalizado, outros retirarão as sedes sociais para não pagar cá os seus impostos, outros anularão direitos dos trabalhadores.

Isto é a verdadeira perda de soberania. O que Passos Coelho e Paulo Portas têm estado a fazer a Portugal é isto - danos irreparáveis que se farão sentir por gerações. A eles devem ser atribuídas as responsabilidades por esta situação dramática que está a acontecer debaixo do nosso olhar passivo e submisso.

Uma coisa quase na base do que se vê aqui abaixo: um bando de malfeitores manipulou a opinião pública de forma a acharmos que estávamos doentes, que precisávamos de tratamento de choque. Só que, em vez de médicos honestos, saíu-nos uma gente que gosta de cenas bondage. Tiram-nos o couro, o cabelo e a roupa, deixam-nos de mãos atadas (o irrevogável vice-Portas dixit), põem parte da população de gatas e inflingem sevícias de toda a espécie. 


O drama é que, ao contrário do que acontece no vídeo abaixo, no nosso caso não é para os apanhados: é mesmo a doer.


Cenas sado-masoquistas com uma putativa médica.


*

sexta-feira, novembro 29, 2013

Leonor, a mulher


Depois de uma tarde cheia de maçadas, telefonemas desagradáveis, gente a queixar-se, gente desmotivada e até desentendimentos entre colaboradores que acabaram em lágrimas, Leonor foi refugiar-se junto do seu amigo de sempre.

Sô Tôr...
- Qual Doutor... Antes enfermeiro.
Senhor Engenheiro, então…
- Senhora Engenheira…! Muito suspira a minha amiga…
Antes fosse engenheira.
- Está como eu. Engenheiros financeiros era o que devíamos ser.
Pois é… Mas, se não quer que o trate por doutor e também não por engenheiro, trato-o como? Por lampião?
- Lampião no bom sentido: sempre! Sou fiel aos meus amores.
Seja. Senhor Lampião… conte-me coisas boas. Estou precisada.
- Ah, está a pedir-me muito. Gosto muito de a ver feliz mas, desgraçadamente, boas notícias é coisa que não abunda por aí. Mas vejo-a com ar cansado, doutorinha. O que se passa?
Nada de especial. Estou cansada. Mas nada de mais. É o costume, muita coisa. E aí umas coisas com o Duarte. 
- Com o Duarte? Então?
Nada de especial. Se calhar não é nada. Mas estou cá com um feeling. Não sei. Mas tomara que não, senão não saberia o que fazer. Mas deixe lá, não é nada.
- Já hoje me apareceu por aqui o Manel também preocupado e também me deu a entender que era qualquer coisa com o Duarte. Será é a mesma coisa?
Não, acho que não, mas não sei o que é isso que preocupa o Manel.
- Já no outro dia a minha mulher encontrou a mulher do Duarte na Bertrand e ela fez um comentário que deixou a minha mulher muito admirada. Atribuí a que tivesse ouvido mal. Tomara que não haja problema nenhum com ele. É um bom tipo, gosto dele.
Então e eu? Claro que gosto imenso dele. Temos os nossos desaguisados mas é tudo da boca para fora. Mas olhe, deixe para lá. Rica vida é mas é a sua que já está reformado e só cá vem por desporto.
- Qual desporto? Venho porque não sei fazer mais nada e, ao menos aqui, a minha mulher não me atenta o juízo. Assim, aqui, posso olhar pela janela, pensar na vida, fazer umas pesquisas, dar uns palpites a quem mos pede, organizar aí umas coisas. Sou amigo do Manel e agora, que as coisas estão bravas, não quero virar-lhe as costas. E daqui vejo o mar, não se está mal. Além disso, enquanto aqui estou a minha mulher  faz a vida dela, também sem ter que me aturar. Quando nos encontramos ao fim do dia, já estamos cheios de saudades e é uma festa. 
Boa. Deve ser esse o segredo para ter tão bom ar e para ter um espírito tão jovem. 

- Ná. Isto foi das cachimbadas. Um verdadeiro elixir da juventude.

Está bem, mas ainda bem que deixou de fumar. Mas e agora outra coisa. Conte-me lá. Que livro anda a ler? E que músicas me recomenda? Sigo os seus gostos com devoção, já sabe. Nunca falha. Não quer enviar-me uma listinha com algumas dicas?
- Mando, sim senhora. Mando já amanhã porque no fim de semana vou até à Dinamarca e fico lá até ao fim do ano.
Sortudo. Quem me dera… Mas então amanhã venho cá despedir-me, está bem?
- Fico à espera. E descanse, descontraia, divirta-se. Não gosto de a ver com esse ar arreliado. Prefiro vê-la sorridente e combativa. Acha que há alguma coisa que justifique que ande a cansar a sua beleza...? Nada!
Acho que tem razão. Vou pensar nisso. Beijinhos à sua mulher.
- Serão entregues. Mas, como de costume, para mim nada...?
Leonor levantou-se, Sempre reivindicativo..., deu-lhe um beijo na face e saíu.

Ia mais confortada. Dali nunca saía aborrecida. Se há pessoa com bom coração, bom senso, inteligência e elegância é aquele seu colega. Junto dele procura apoio sempre que precisa.

Quando chegou ao estacionamento, mudou de sapatos, tirou o casaco grosso do porta bagagens e conduziu até à beira do rio.

Pelo caminho ligou o Afonso e, como de costume, deixou que o telemóvel tocasse duas vezes antes de desligar.

Noite cerrada. Um frio antárctico. Fechou o casaco até acima, enfiou as mãos nos bolsos e fez-se ao caminho. A meio caminho sentiu um braço por cima dos ombros e alguém a querer enfiar-lhe uma coisa na cabeça.



*



*

- Se não fosse eu o que seria de si?
Ai! Assustou-me! Um gorro? Ai que bom… e que quentinho que é. Estou melhor assim, sim senhor.
- Sou ou não sou aquilo que lhe faz falta? Confesse.
Então não? Um amiguinho que me apareça a meio da noite para me enfiar um gorro… Toda a gente precisa disso. Mas olhe lá: não tem frio? Todo esgargalado...
- Estava aqui à sua espera para não a deixar andar por aí sozinha. Mas espere um bocado para eu ir ao carro buscar roupa para a neve.
Quando regressou, já agasalhado, Leonor voltou à conversa, Mas, então, dizia você que me faz muita falta porque me põe gorros na cabeça... 
- E faço outras coisas.
Sim...? Diga lá a ver se há alguma de que eu precise. 

O passo ia acelerado, Leonor gosta de caminhar durante uma hora ao fim do dia e se está frio tanto melhor. A proximidade do rio, o silêncio da noite, as sombras furtivas, tudo aquilo lhe tira toneladas de cima dos ombros. E a companhia de Afonso também não é má de todo. Geralmente não falam de trabalho, vão na brincadeira. 
Afonso sorria, Leonor... Leonor... Está a pedir que eu lhe diga uma ou duas, não está?
Diga. Pode ser que acerte.
Afonso hesitou, Eu digo mas depois não se queixe, é você que está a pedi-las. Vou dizer. Dar-lhe um banhinho quente… pode ser?
Banhinho...? Banhinho, inho, inho… ah como está todo mariquinhas… um banhinho... E depois mais alguma coisinha, inha, inha…?
- Está a pedi-las, ah está, está.
Pois, bem que eu as peço mas você não se chega à frente…
- Essa é boa. Não me chego à frente? Está sempre a dar-me para trás e agora diz que não me chego à frente…?
E não chega mesmo. O que é que hoje já fez por mim para além de me enfiar um gorro pela cabeça abaixo?
- Leonor…Leonor… Não me desafie…
Desafio, desafio…
- Veja lá não se arrependa…
Mas eu sou lá pessoa de me arrepender? Mas está bem, já vi que consigo é só conversa.
Afonso parou. Mau.
Mau, mau Maria, disse Leonor a rir e parou também. Depois puxou-o para si e beijou-o. Ele abraçou-a com força enquanto se beijavam.
Quando pararam, ele disse, Que você é mazinha, ó Leonor…
Mazinha, eu? Mas porquê?

- Gosta de fazer sofrer, não gosta?

Eu? Nãããoo... Mas pronto, vá lá, eu agora sou boazinha. Vamos acabar o passeio e depois aceito o banhinho. E mais qualquer coisinha. Inha, inha. 


Afonso tirou-lhe o gorro, fez-lhe uma festa nos cabelos e disse, Deixe-me olhar para si Leonor. Que bonita que está, tão calma. 
Olhe bem que não é certo que depois de amanhã me volte a ver de tão perto, respondeu Leonor.

Afonso, abraçou-a, Cale-se, não diga disparates, limite-se a beijar-me.


E beijaram-se de novo, um beijo que parecia não acabar.


***

Este episódio é a continuação do de ontem intitulado Leonor, Duarte e Afonso, o qual, por sua vez, já era continuação de outros. Caso vos ocorra ler de seguida a história até ao ponto em que vai, poderão procurar aí de lado, lá mais para baixo, a etiqueta 'Leonor e Afonso'.

A música lá mais acima é Our love is easy de Melody Gardot (que, como não consegui incluir aqui na versão cantada por ela, coloquei uma versão interpretada por Clementine Noordzij (La Clé de Soul)).

**

Não quero estragar o climinha mas, se me permitem, deixem que vos informe que, a seguir, poderão saber (se é que ainda têm dúvidas) o que penso do Paulo Portas, Pires de Lima, Aguiar Branco e outros que hoje me apareceram na televisão todos contentes quando, se tivessem um pingo de vergonha na cara, pintavam-na de preto, enfiavam-se debaixo de uma mesa, fugiam para Espanha, uma coisa qualquer. é só descer um pouco mais.

***

E, por hoje, é tudo. Resta-me desejar-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta feira.


quinta-feira, novembro 28, 2013

Pires de Lima na TVI diz que é pai de família mas que não tem medo de Mário Soares e das suas palavras violentas. Mas achará ele que o Papa Francisco também diz palavras que assustam os pais de família menos valentões que ele? Achará que o Papa também anda a incitar à violência? Ou o Papa já não é o emissário de Deus na Terra? Mas Pires de Lima, Paulo Portas, Aguiar Branco, Morais Sarmento e toda essa gente que vi hoje na televisão a dizer baboseiras não sente vergonha ao saber o que o Primeiro Ministro Belga disse sobre os salários de miséria pagos aos portugueses, verdadeiro 'dumping social'?


E o Paulo Portas? Sinceramente já não o consigo suportar, mas não consigo mesmo. 

Já me dá ânsias. Ainda agora o vi todo ufano, a fazer carinhas larocas, armado em vitorioso. Mas esta gente não tem noção?

Sem um pingo de vergonha, continua a fazer trocadilhos, pausas vocais, a fazer sorrisinhos, a jogar com as palavras, a desrespeitar a inteligência e a dignidade dos portugueses.

Isto no dia em que está claro que o negócio de Aguiar Branco conduz ao despedimento de 620 pessoas dos Estaleiros de Viana de Castelo (que são informados pela comunicação social desta perigosa situação). 


E ouço estupefacta e felizmente longe dele (porque penso que teria dificuldade em manter a compostura se estivesse perto), Aguiar Branco a dizer que a Martifer, se tiver encomendas, irá nos próximos anos criar talvez uns 400 novos postos de trabalho.


Criar novos postos de trabalho? Mas ninguém o confronta com a enormidade do que está a dizer? Então as pessoas recebem guia de marcha para o desemprego e talvez, se tiverem sorte, algumas venham a ser reempregadas - e o ministro vem dizer que a Martifer vai criar novos postos de trabalho? E os pobres coitados que não forem readmitidos? E os que forem e, até lá, vão estar uns anos no desemprego? E em que condições serão readmitidos? E o sofrimento a que as famílias são submetidas? Isso não conta?

Como é que é possível termos um governo de pretensos chicos espertos, manipuladores, desrespeitadores, gente que ofende o povo que os elegeu? Como é isto possível, senhores?

E isto num dia em que qualquer português com um mínimo de honorabilidade sente uma vergonha sem remissão ao saber que o Primeiro Ministro belga dá como exemplo do que a Europa deve evitar o que se paga com o pagamento a trabalhadores portugueses.


O Governo belga aprovou hoje um plano de ação contra a utilização abusiva do mecanismo europeu de destacamento de trabalhadores estrangeiros, tendo o primeiro-ministro dado como exemplo «totalmente inaceitável» portugueses pagos a 2,06 euros à hora.

«Na semana passada, um empregador foi alvo de um processo verbal, já que fazia trabalhar 60 não belgas, no caso portugueses, por um salário de 2,06 euros à hora. Isso é totalmente, totalmente, totalmente inaceitável», comentou hoje o primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, citado pela agência AFP, por ocasião da apresentação do plano de ação contra o «dumping social».



Que vergonha, senhores, que vergonha! Que humilhação. 

Ao que chegámos... Em dois anos e meio a devastação que este gente já levou a cabo, senhores. Parece impossível. Tanta pobreza, tanta miséria, tanta desesperança...

E como é possível que, perante a desagregação social a que se assiste, Cavaco Silva não faça nada?! Como é possível?


*

As imagens provêm do fantástico blogue We Have Kaos in the Garden

Leonor, Duarte e Afonso.





Duarte, que é Duarte Maria, transborda de energia. Onde chega espalha charme, alegria, distribui piropos às mulheres, dá palmadas nas costas dos homens, diz piadas, senta-se à secretária e roda-se na cadeira, pede café, pede telefonemas, chama colaboradores ao gabinete, responde a mails e, pelo meio, ainda consegue enviar sms picantes à namorada.

Escusado será dizer que as mulheres se derretem com ele. A idade nele é um luxo que veste com a mesma elegância com que veste fatos feitos por medida, camisas com monograma, sobretudos que lhe caem como a um modelo Armani.

A manhã foi passada no frenesim habitual, a Secretária numa azáfama. As outras invejam-na. Não há por ali quem tenha melhor chefe que ela. Ele repara no que ela traz vestido (e o que ela se produz…), repara no corte de cabelo, repara se a pintura ficou um tom acima ou abaixo (Olhe que o cabelo mais claro a torna parecida com aquela daquela série, e toda ela se enleva; ou, Sim senhor, mais morena… e nem sei se não lhe fica melhor…, e ela sente-se aliviada porque aquela cor não deveria ter ficado tão acentuada), elogia-lhe os sapatos, detendo-se a olhar para as pernas e ela até acha graça a tanto descaramento, desfaz-se em mesuras de cada vez que lhe pede mais um café, pergunta-lhe pelo filho, pergunta-lhe pela mãe e tudo no meio de telefonemas e outras conversas.

De cada vez que ele, apressado, passada longa, atravessa o open space o mulherio estremece. E à sua passagem fica um rasto de perfume e sedução.

As picardias entre Duarte e Leonor são conhecidas. Dir-se-ia que há ali uma relação de amor-ódio que os anos não resolvem. Profissionalmente têm desentendimentos e discussões que ficam para a história da empresa. Ela acha-o superficial, gabarolas, gosta de armar show off, diz-lhe a ele próprio que ele se acha melhor do que aquilo que é. Ele diz-lhe que ela é intolerante, germânica, militarista, insuportável. Ela gosta de tudo bem explicado, gosta de avaliar planos antes de avançar, gosta de cumprir ao milímetro os planos e não tem paciência para as ligeirezas e imaturidades dele - isso é um facto.

No entanto, é reconhecido que se admiram mutuamente e que, até, se estimam. Mas, vá lá saber-se porquê, de vez em quando fazem faísca de uma maneira que os outros até se afastam. Deixá-los, dizem os outros, que se entendam.

De tarde, Leonor avançou para o gabinete dele. A Secretária apareceu para saber se queria um chá, Leonor disse que sim, de camomila. A Secretária disse, O doutor foi só ali, não deve demorar. 

Leonor percebeu que teria ido à casa de banho. Tinha-o visto a chegar de almoço.

Pouco tempo depois chegou ele, todo gingão, todo na animação do costume. Desatou-se a rir. Ela riu também, Qual a piada?

Mandaram-me uma coisa por mail e estava a lembrar-me: como noticiariam hoje os nossos media a história do Capuchinho. 
- Como era?
Não me lembro de tudo. Mas, ao dizer isto, já se ria como um perdido. Leonor também já se ria.
- Vá, diga lá…
Por exemplo: o Correio da Manhã diria ‘Governo envolvido no escândalo do Lobo’ e, ao dizer isto, ria-se à gargalhada. 

A revista Maria diria ‘Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama’ e já chorava a rir, e só de o ver a rir assim, também já ela se ria de gosto. Com muito esforço, ele continuou, Ou a Bola, ‘Lobo Mau será reforço de inverno na Luz’

Entretanto a Secretária chegou com o chá para Leonor e um café para Duarte e interrompeu a galhofa.

Duarte, entretanto assoava-se. A Secretária disse, O doutor continua com alergia…’. Duarte explicou, Não, estou bem, é de me ter estado a rir.

Quando a Secretária saíu e ele se voltou a sentar à mesa, Leonor disse-lhe, E sobre aquilo de ontem?

Duarte, de repente entre o nervoso e o agitado, Já disse que é um mal entendido qualquer. Não me lembro bem o que terá sido mas dê-me tempo que eu explico tudo. Não vale a pena dramatizar uma coisa que é uma porcaria sem importância nenhuma. Não sabe como tem sido a minha vida? Road shows, reuniões e mais reuniões, um dia cá, outro noutro sítio… 

Leonor mostrou boa cara, Não estou a dramatizar. Se alguém dramatizou a coisa, não fui eu, pois não? Um ataque de histeria ou o que foi aquilo e eu é que dramatizo? Ora, poupe-me. Resumindo: vai explicar ou resolver ou o que for, certo? Até quando? Até amanhã?

Duarte, ar aborrecido, Até amanhã? Está a brincar comigo ou o quê? Até amanhã? E fica você agora aqui a aturar os chatos que aí vêm? Ou vai você com eles à noite ao Eleven? Poupe-me você. Para a semana a coisa está esclarecida e até lá deixe-me trabalhar em paz que é aquilo de que preciso.

Leonor levantou-se e com uma voz muito calma respondeu. Na segunda feira venho aqui ter consigo e fechamos o assunto.

Passado um bocado, depois de ter feito um breve ponto de situação com os colaboradores mais directos, Leonor voltou para o gabinete.

Pouco tempo depois entrou Afonso. Esteve com o Duarte, não esteve?

Leonor respondeu, Bolas. Temos controlo operário, ou quê? 
- É, não operário mas da NSA, e dizendo isto, riu-se e fez adeus para o tecto como se por ali estivessem a ser filmados, espiados.  Mas, depois, continuou. Olhe, ele falou-lhe em alguma coisa do que se passou?
De que é que está a falar?, perguntou Leonor e via-se que tentava disfarçar a curiosidade.
- Hoje de manhã, estava eu no gabinete do Manel, ligou-lhe aquele japonês que cá esteve a semana passada e parece que disse qualquer coisa do Duarte que deixou o Manel em polvorosa. 
Sim? O que foi?
- Não sei, não me contou, mas ficou para morrer. O Duarte a si não tocou no assunto?
Não. Estava na maior das boas disposições.
- Ah, isso anda ele sempre. Aliás demais para o meu gosto.
Não seja implicativo. Olhe, mais logo vem comigo?
- Mas vai? Mesmo? Tem a certeza disso?
Claro!
- Claro...!? Não sei se é assim tão claro. Com um frio destes, ir andar para a beira do rio à noite não sei se é boa ideia.
Eu vou. Você se quiser venha, se não, tudo bem. E agora vá-se embora que tenho que trabalhar.


*

> Para os new comers: este episódio vem no seguimento do de ontem, intitulado, 'Leonor em toda a sua nudez' que, por sua vez, já era seguimento de outro.

> A música é Another Brick in the Wall dos Pink Floyd (vejam vocês bem do que eu me fui lembrar)

> Informo também que, fresquinhos, fornada do dia, há mais 3 posts por aí abaixo e são para todos os gostos (digo eu).

> Muito gostaria ainda de vos convidar a visitarem-me no meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje Benjamin Schmid tem uma nova excelente interpretação no violino e José Agostinho Baptista me leva a percorrer corredores vazios cujo chão está repleto de pétalas secas de uma certa rosa.


Nota: Estou perdida, completamente perdida de sono, não vou rever o que escrevi mas aviso já que pode muito bem estar carregadinho de gralhas de toda a espécie. Relevem, está bem? Amanhã ao fim da tarde logo tentarei rever.

*

E pronto, c'est ça. Desejo-vos, meus Caros leitores, uma bela quinta feira.

Paulo Portas diz: "Ouça! Uns dedicam-se às exportações e outros a manifestarem-se". E eu pergunto ao irrevogável Portas: 'Ouça! Quando V. deixar de ser vice e quiçá, até, chefe do CDS, vai exportar? Sim...? O quê...? Conte lá. Make my day...!'. Ou, perguntando de outra maneira: 'Ouça! Os funcionários públicos administrativos ou os professores contratados, em vez de protestarem, deveriam estar a exportar?. Sim? O quê?'. Ai minha mãezinha... Perante tanta nulidade, onde pára a oposição...?! Razão tem Mário Soares quando diz que, se o PS fosse mais activo, em vez dos actuais 30%, teria era 90%...! É que é mesmo...


No post a seguir a este mostro-vos as fotografias inéditas feitas por Helmut Newton que vão aparecer no Calendário Pirelli 2014 e, de bónus, deixo-vos um vídeo com a evolução deste calendário de culto desde o seu nascimento até aos dias de hoje.

Para os mais acalorados deixo, no final, uma fotografia com umas bombeiras que deixarão qualquer homem de cabeça perdida. A bombeira do meio, que se antecipa que seja a comandante, então, deve ter um efeito imediato sobre os cavalheiros mais sensíveis.

E, a seguir a esse, porque este blogue não apenas é para o menino como para o menina, mostro o calendário 2014 dos bombeiros do aeroporto de Barajas. Coisa para deixar qualquer mulher on fire, diga-se.

Mas agora aqui, para apagar bem o fogo, tenho um baldinho de água fria.

Paulo Portas e as suas tiradas ridículas capazes de levar qualquer um às lágrimas ou o enxovalho pelo qual o Tozé Seguro passa todos os dias ao constatar como ninguém o leva a sério como alternativa - era disso que eu deveria falar.

Mas, pensando melhor, com a falta de tempo que tenho e a quantidade de coisas que quero fazer, por que raio de carga de água hei-de gastar o meu precioso tempo com tão absolutas nulidades?

Ora abóbora! Não vou mesmo!

Vou mas é continuar a minha história da Leonor (antes que adormeça).

quarta-feira, novembro 27, 2013

Calendário Pirelli 2014 com fotografias inéditas de Helmut Newton e, para o baú das memórias, o vídeo com a evolução de 1964 até 2013. Fotografia, sedução, feminilidade: arte. (E, no fim, caso haja por aí alguns cavalheiros on fire, tenho também uma fotografia de bombeiras, cada uma mais sexy que a outra)


Depois de abaixo vos ter mostrado o calendário com os bombeiros do aeroporto de Madrid - Barajas que certamente deixará muita girl in fire (girl seja de que sexo for), é chegada a vez do reverso mas em ponto fino. 

Falo do Calendário Pirelli, esse verdadeiro objecto de culto.






A sensualidade das garotas do Calendário Pirelli atravessa os tempos na sua edição 2014. Para comemorar os 50 anos da publicação, a folhinha terá fotos retiradas do trabalho de Helmut Newton feito em 1986 mas até então guardadas no arquivo histórico da empresa, nunca reveladas. O trabalho foi apresentado nesta quinta-feira (21) em Milão.


Newton abandonou o projeto por problemas familiares, e o calendário lançado em 1986 foi o realizado pelo americano Bert Stern, que havia clicado celebridades como Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor e Audrey Hepburn.

No entanto, o trabalho de Newton foi preservado, e agora a Fundação Pirelli resolveu restaurá-lo, aproveitando o aniversário da publicação e a coincidência de os dias da semana coincidirem nos dois anos, em 1986 e em 2014.


O Calendário 2014 respeita o projeto original também do ponto de vista do layout, e é composto de 12 fotos autorais em branco e preto, acompanhadas de 29 imagens de backstage.

A edição comemorativa traz ainda uma sessão especial de fotos com Alessandra Ambrosio e Isabeli Fontana, que foram clicadas em Nova York no último mês de junho. O ensaio, assinado pelos fotógrafos Peter Lindbergh e Patrick Demarchelier, conta também com Helena Christensen, Miranda Kerr, Karolina Kurkova e Alek Wek.


*


*

Bom, está na hora de chamar as bombeiras. Que toquem as sirenes.




Sorry, gentlemen, queriam o quê?

This girl in on fire - por isso, por favor, que entrem os bombeiros




Eu, cá para mim, fico já com o de Fevereiro. 

So, hands off, ladies and queers!


*

Leonor em toda a sua nudez






Os dias estão pequenos. Era já noite quando saíram do palacete. Com excepção do dono da casa, os restantes dirigiram-se aos seus carros. Afonso, como de costume tinha ido de moto. Tem aquele lado de rebelde que se manifesta de variadas maneiras, entre as quais esta: de vez em quando deixa em casa o carro e, com blusão de cabedal sobre o casaco e com capacete, rasga a estrada como um fugitivo.

Leonor não. Leonor é uma executiva a tempo inteiro. Dela diz quem a conhece que não brinca em serviço e, sempre que a vêem nestas circunstâncias, mostra o seu espírito analítico e implacável.

Envolta num casacão preto comprido e macio, Leonor desloca-se, pois, até à sua viatura de serviço, um topo de gama também preto.

Uns quantos ainda ficam ao portão, na conversa, mãos nos bolsos, ar enregelado, mas parece que ainda têm assuntos a resolver. Depois de um dia de conversa descontraída, parece terem guardado as preocupações para o cair da noite.

Leonor não. Afasta-se a passo decidido, senta-se ao volante e arranca. O carro está frio, aquela zona é sempre fria e húmida. No entanto, o ar condicionado rapidamente restabelece os níveis de conforto. Sem pensar muito escolhe June Tabor, a voz sem disfarces. E a música depressa a transporta para outro território.
This is a strange, this is a strange affair. Won't you give me an answer? Why is your heart so hard towards the one who loves you best?
As noites trazem-lhe, desde há algum tempo, uma desconhecida melancolia. 
My youth has all been wasted and I'm bent and gray with years
And all my companions are taken away
And who will provide for me against my dying day?
Mal chega a casa, Leonor começa a largar sapatos e roupa como um animal largando a pele. Está cansada. Ser outra cansa-a cada vez mais. Depois coloca-se em frente ao espelho, tira os brincos, o colar, os anéis, começa a desmaquilhar-se. Olha-se com indiferença. Sente uma nostalgia sem solução, talvez alguma solidão. A música continua a entoar dentro dela.
Oh, where are my companions? My mother, father, lover, friend and enemy? Where are my companions?
A seguir, uma a uma, liberta-se de todas as peças de roupa. Fica então nua ao espelho. Nua, ela apenas.
And where are the dreams I dreamed in the days of my youth?

Depois de tomar um longo banho com água bem quente, veste uma camisa qualquer e deixa-se ficar na sala, junto ao aquecimento, absorta, incapaz de pensar no que quer que seja. De vez em quando ocorre-lhe um lamento surdo, um lamento que não interrompe o silêncio que a rodeia.

Tantos idiotas, meus Deus, tantos idiotas. O que eu tenho que aturar. Até quando vou ter paciência para isto, até quando? 

Cada vez mais sente que não conseguirá aguentar por muito mais tempo tanto jogo, tanta nulidade, tanta mediocridade e hipocrisia.

Sabe que por vezes surpreende os outros com a sua violência, com as suas tiradas a raiar a inconveniência.

Adquiriu um estatuto em que tudo lhe é perdoado mas ela é que já não consegue perdoar a si própria os anos de vida perdidos a ser quem não é. E agora ainda, por cima, aquela situação. Tenta geri-la com firmeza, mas irá aguentar? Tem medo de não conseguir. E está cansada. Vale a pena isto tudo? Vale...?
Wake up from your sleep that builds like clouds upon your eyes. And win back the life you had that's now a dream of lies 
Sente uma angústia no peito a que não está habituada. Era quase meia noite quando pegou no telefone e lhe ligou,

Não lhe apetece vir até aqui dar um abraço quente a uma executiva cansada e infeliz?
- A esta hora? mas já viu que horas são...?! 
É a esta hora que costumo estar no meu melhor. Está a fazer o quê?
- A dormir.
A dormir? A esta hora? Ora. Deixe de se portar como um velhinho atrofiado e venha.
- Mas então porque não vem cá você, se está com essa pica toda?
Pois é, o drama é esse, é que não estou com pica nenhuma. Preciso é de um abraço quente mas se lhe custa assim tanto, deixe-se estar, não se incomode. 
- Ihhhh... chantagem emocional a esta hora...?
A sério, deixe. Também estou com sono. Adeus. Durma bem.


Quando desligou o telefone, Leonor deixou-se cair para trás. 

Estava já a dormir quando a campainha da porta tocou.


*   *   *

A quem chegou aqui de novo, informo que este meu texto vem na sequência do que escrevi ontem intitulado 'Leonor e Afonso'.

Informo ainda que, se descerem até ao post seguinte, poderão ler a minha opinião sobre uma notícia que li no Público sobre a exortação do Papa Francisco intitulada Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho) e que me deixou, uma vez mais, emocionada.


*   *   *

Gostaria ainda de vos convidar a visitarem o meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde Benjamin Schmid tem uma outra grande interpretação e onde um poema de Soledade Santos fez ter com que eu tivesse vontade de me levantar e levar comigo muitos mais, todos os que queiram ocupar a cidade (porque nossos são todos os caminhos).

*   *   *

E, por agora, nada mais. 
Resta-me desejar-vos, meus Caros Leitores, uma quarta feira cheia de coisas boas.

terça-feira, novembro 26, 2013

O Papa Francisco atacou o capitalismo sem limites como “uma nova tirania” e advertiu que a desigualdade e a exclusão social "geram violência" no mundo e podem provocar "uma explosão". Comove-me este Jorge Bergoglio. Face a isto, pergunto às Maria-Amélias do regime passista (a saber: Paulo Portas, Nuno Melo, Marques Mendes, João Miguel Tavares, Henrique Raposo, e tantas outras): também acham que o Papa Francisco está a apelar à violência? Vá, venham a terreiro e ataquem-no como, cobardemente, têm atacado Mário Soares!


Alheada das coisas da Igreja Católica - que sempre achei que era um clube de portas fechadas, exclusivo, uma entidade castigadora, castradora, que tendia a tornar os seus praticantes falsos, hipócritas ou punitivos ou, ao contrário, ovelhas submissas - a mim todos os Papas me deixavam indiferente. Ao último antes deste, Bento XVI, então, achava um homem de sacristia, um intelectual inútil (para que servem os intelectuais de sacristia quando o mundo se desagrega e se querem é soldados e casas de portas abertas?).

Mas eis que Jorge Bergoglio é escolhido e assoma à varanda e, como um entre iguais, cumprimenta a multidão que o aguarda, diz boa noite, agradece a presença dos outros, pede-lhes que rezem por ele. Humilde e próximo.

E depois vai a Lampedusa e pede que chorem por aqueles por quem ninguém chora, e lava os pés a jovens delinquentes, e abraça gente deformada e pega crianças ao colo e diz aquilo que eu acho que deve ser dito.

E, inesperadamente, vejo-me comovida com este homem.

Assim é a Igreja que faz sentido: abrangente, inclusiva, humana, defensora das pessoas, pretendendo evitar o mal (e não ficar cobardemente calada perante ele para se limitar a dar consolo às vítimas). 

De que interessa a piedade e a caridade quando se fica tibiamente calado perante a injustiça e o Mal?

A verdadeira generosidade e justiça está em lutar contra o Mal, a favor das pessoas, a favor do bem das pessoas. Se não for pelo bem das pessoas, então que sentido tem o poder?

Hoje voltei a ficar emocionada ao ler a mensagem de Francisco. Emocionada mesmo. Não sou de me confessar, de comungar, de dobrar o joelho, de pedir a bênção. E, no entanto, depois de ler aquilo, se Francisco me aparecesse pela frente acho que me dobraria a seus pés para lhe agradecer.

Faço parte da classe privilegiada. O que tenho devo-o sobretudo ao meu trabalho mas, pelo fruto do meu trabalho e apesar de violentamente roubada por Passos Coelho, continuo a fazer parte do grupo que ainda vive sem dificuldades. No entanto, a minha natureza leva-me a defender a igualdade de oportunidades para todos, a defender a educação e a saúde incondicionais para todos, a defender o desenvolvimento do País e a defender, sobretudo, que se faça tudo para que as pessoas se sintam confiantes e felizes no seu País. Essa é a minha forma de lutar contra a pobreza, a exploração, a indignidade de que sofrem os desempregados, os velhos, os que se vêem forçados a emigrar.

Por isso me sinto tão revoltada pela classe parasita, egoísta e estúpida que se instalou nos órgãos da UE, nomeadamente na Comissão Europeia, e me sinto tão revoltada pela gente ignorante e incompetente que se instalou no poder em Portugal.

Não me cansarei de denunciar a estupidez e a maldade das medidas que tomam (ainda hoje: o OE 2014, para além dos problemas de constitucionalidade, é, sobretudo, um aborto pois não será exequível como nenhum dos anteriores o foi mas é, também, criminoso pois inflige dificuldades aos portugueses para nada), não me cansarei de dizer o que penso das medidas absurdas e antipatriotas do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas.


Ora, pensando e sentindo o que sinto, e vendo como o Mal, a mediocridade, a impunidade, a ignorância, a ignomínia grassam por aí fora, é com emoção e agrado que leio as palavras de Francisco, o Papa que me comove.

Transcrevo parte da notícia do Público para que que aqui fique impressa nas páginas do Um Jeito Manso.

O Papa Francisco atacou o capitalismo sem limites como “uma nova tirania” e advertiu que a desigualdade e a exclusão social "geram violência" no mundo e podem provocar "uma explosão", na sua primeira exortação apostólica, divulgada esta terça-feira, na qual traça o caminho para reformar a Igreja Católica, de forma a torná-la mais misericordiosa nestes tempos em que se ampliam as desigualdades e a secularização e a indiferença ganham terreno.


Este documento é como que o programa oficial do seu papado. Contém as posições que ele tem vindo a expressar nos seus sermões, discursos e entrevistas desde Março, quando o cardeal argentino Jorge Bergoglio se tornou o primeiro sumo pontífice não-europeu dos últimos 1300 anos. Nele fala também da urgência da “conversão do papado”, para além da reforma da Igreja que dirige.

Por isso, nesta exortação, de título Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), o Papa diz estar “aberto a sugestões” para reformar o papado. “Como bispo de Roma, cabe-me estar aberto às sugestões para que o exercício do meu ministério se torne mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis dar-lhe e às necessidades actuais da evangelização”, escreveu.



Bem ao seu jeito, Francisco traça o rumo que prefere ver a sua Igreja seguir: não um caminho de ostentação e de preocupação com o que sempre foi, mas antes uma igreja missionária e que vá ter com quem dela necessite: “Prefiro uma Igreja ferida e suja por andar na rua a uma Igreja interessada em ser o centro e que acabe enclausurada num emaranhado de obsessões e rituais”.


A luta contra a pobreza e o actual sistema económico é uma prioridade absoluta para o Papa Francisco, que atravessa todo o seu plano de acção. “Esta economia mata”. Faz prevalecer “a lei do mais forte, o mais poderoso come o mais fraco.” Esta cultura “do desperdício” criou “algo de novo: os excluídos não são explorados, são desperdícios, lixo”, critica o sumo pontífice. “É a nova tirania invisível”, de “mercado divinizado, onde reinam a “especulação financeira”, a corrupção ramificada” e a “evasão fiscal egoísta”.


Bergoglio quer que a sua igreja mude, mas reza também por políticos capazes de mudar esta situação. 

“Peço a Deus que aumente o número de políticos capazes de entrarem num autêntico diálogo orientado para sanar eficazmente as raízes profundas e não a aparência dos males do nosso mundo”. 


Os planos assistenciais, que se tornaram moda para disfarçar a miséria, apenas “fazem frente a algumas urgências, mas devem apenas considerar-se como respostas provisórias.”


Apelou aos políticos para que garantam a todos os cidadãos “trabalho digno, educação e cuidados de saúde”, e aos ricos para que partilhem a sua fortuna: “Tal como o mandamento ‘Não matarás’ impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje também temos de dizer ‘Tu não’ a uma economia de exclusão e desigualdade. Esta economia mata”, afirma Francisco na exortação apostólica.




*

Abençoado Jorge Bergoglio.
Que o mundo o ouça, que o mundo o siga.
Que o mundo ainda possa ser um dia um lugar maravilhoso.



What A Wonderful World interpretado por Grandpa Elliott e crianças 
Playing for Change

*

Leonor e Afonso





Uma casa com história, grande, escondida do exterior por um grande muro, paredes cobertas de hera, pátio interior, escadaria de pedra com fetos tombando dos vasos, lá dentro grandes pinturas a óleo, tapeçarias, mesas com toalhas de linho, copos de cristal, uma grande lareira acesa.

As vozes são civilizadamente alegres, fala-se baixo, há cumplicidades antigas no ar, uns sentam-se nos grandes sofás, outros olham as estantes enquanto conversam, encadernações antigas, e os tapetes são de lã, e são macios os pesados cortinados, e tudo parece abafar o ruído e o ambiente fica íntimo, e há jarrões brasonados e janelas por onde se espreita o frio húmido do exterior. Tudo transmite a ideia de conforto com muita patine.

Não tarda, duas empregadas servirão os amuse-bouche, depois, então, o consommé, as excelentes iguarias, a perdiz é sempre uma delícia, o vinho apropriado, e as conversas evoluirão entre sorrisos, palavras soltas, gestos discretos. 

A mulher não merece mais atenções que qualquer dos homens, está habituada a ser uma entre iguais.

Se alguém olhasse de fora perceberia, contudo, que há amizades desiguais, jogos disfarçados, interesses a serem negociados entre sorrisos, e talvez algo mais.

Quem será esta mulher que parece estar em casa, sorridente e afável, distribuindo palavras distendidas, no meio de um grupo de homens?, talvez se perguntasse esse alguém.

Contudo, minutos antes, quando circulava pela casa procurando um telefone fixo, Afonso viu numa outra divisão, num relance que não soube interpretar, alguém que parecia querer alcançar o braço desta mulher. Mas logo a porta se fechou e ele não conseguiu ver nada mais. Depois, à medida que se afastava, pareceu-lhe ouvir vozes quase em surdina, como que querendo abafar uma discussão.

Distraído que ficou, perdeu-se pelo casarão e, quando regressou, já ela estava sentada na sala, calma, bem disposta, petiscando e sorrindo enquanto conversava.

Afonso tentou reconhecer o braço que a queria agarrar mas todos os braços lhe pareceram iguais e em nenhum dos presentes percebeu qualquer inquietação.

À mesa, uma grande mesa redonda com um grande e alto castiçal de prata aceso a meio, a conversa fluíu com naturalidade, um ou outro toque de jocosidade: a recente reunião em Zurique, depois a conversa com o ministro que pouco acrescentou (é melhor que o outro?, e risos), as parcerias em análise, o parecer que, afinal, é tudo menos conclusivo pelo que será melhor pedir outro, e os financiamentos, e o recurso a fundos: isso anda ou não anda?, e a fiscalidade que é de gente doida, e ainda algum futebol (o Ronaldo, o Mourinho, o Blatter, mas também o João Moutinho, quem diria?), e sempre o frio e a humidade que aqui sempre se sente, e umas intrigas de salão sobre o orador que dentro em pouco se lhes juntaria, e também o jantar de Natal que se avizinhava. O costume, portanto.

Enquanto isso, as empregadas deslizavam em silêncio servindo, retirando, repondo. No final, cumprindo o ritual, a cozinheira veio à mesa perguntar se estava tudo bem e todos disseram que, como sempre, estava tudo óptimo, que não se come melhor em lado nenhum do mundo. E ela retirou-se feliz, faces coradas, a sensação de reconhecimento perante um dever mil vezes cumprido.

Durante todo o almoço, Afonso tentou descobrir em Leonor alguma alteração, alguma troca de olhares suspeita com qualquer dos presentes. Mas nada. Ela participou nas conversas, tranquila, sorridente, como se nada a afectasse. Tentou também detectar algum nervosismo em algum dos homens mas, identicamente, todos pareciam bem dispostos. De todos, o único que parecia estar nervoso era ele próprio, Afonso.

Quando se levantaram, Afonso abeirou-se de Leonor. Aquele perfume tão seu conhecido, aquele sorriso tão dúbio, aquela segurança vagamente intimidante. Então, tudo bem? Ainda não falámos…

Leonor respondeu, sorridente, despreocupada. Não? Não falámos? Não dei por isso. Achei que já tinha falado com toda a gente. Mas está tudo bem, sim. E consigo também?

Quem a veja nestas situações e ainda a não conheça pode pensar que se trata de uma mulher frívola, mesmo ela parece gostar de induzir nesse sentido, por vezes finge que não percebe, pergunta, faz-se de ingénua. Mas a frivolidade em Leonor é apenas aparência, toda a gente sabe disso muito bem. Afonso atalhou a conversa de circunstância, Há bocado, lá dentro, pareceu-me vê-la e ouvi-la a discutir com alguém. Passa-se alguma coisa? 

Leonor arqueou as sobrancelhas, abriu os olhos como que de espanto, A mim? Viu-me…? Que disparate! Depois alisou a interjeição, não fosse ele ofender-se, Olhe que não, doutor, olhe que não. Não saí da sala. Na volta sonhou. E em voz mais baixa, como que simulando uma indiscrição, Anda a ter sonhos comigo, doutor…?

Afonso ficou de semblante carregado. Não tinha dúvidas de que era ela que tinha estado naquela outra sala mas percebeu que não valia a pena insistir.

O convidado tinha chegado, veio sorridente beijar a mão de Leonor, cumprimentar os restantes e todos se dirigiram à pequena sala onde iria decorrer a prelecção e a troca de impressões.

*

A música é de Brahms, Sonata Nº 1 para Violino interpretada por  Augustin Dumay e Maria João Pires.


Leonor é representada por Kate Winslet. Afonso é representado por George Clooney, aqui fotografado por Annie Leibovitz.


*

Já agora: descendo um pouco mais poderão ler, ver e ouvir: Santa Joana Princesa. Momentos de suavidade em tempos de agruras.

*

Convido-vos ainda a visitarem-me no Ginjal e Lisboa onde Benjamin Schmid interpreta Korngold. E José Gomes Ferreira faz-me sentir saudades como se, de facto, tivesse eu saudades.

*

E, por hoje, fico-me por aqui. Desejo-vos, meus Caros Leitores uma terça feira muito agradável.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Foi um imenso desperdiçar de gente para que ela fosse aquela perfeição solitária exilada sem destino




                                          Para que ela tivesse um pescoço tão fino
                                          Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
                                          Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
                                          Para que a sua espinha fosse tão direita
                                          E ela usasse a cabeça tão erguida
                                          Com uma tão simples claridade sobre a testa
                                          Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
                                          De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
                                          Servindo sucessivas gerações de príncipes
                                          Ainda um pouco toscos e grosseiros
                                          Ávidos cruéis e fraudulentos 
                                           Foi um imenso desperdiçar de gente
                                           Para que ela fosse aquela perfeição
                                           Solitária exilada sem destino
*

A imagem representa a Princesa Santa Joana e é atribuída a Nuno Gonçalves. O poema é "Retrato de uma princesa desconhecida" de Sophia de Mello Breyner Andresen e é dito por Luís Lima Barreto. Pode ser visto no You Tube e foi publicado por quixote 1615.


*

Escrever, pintar, sonhar, trabalhar. A palavra aos artistas. Amoz Oz em entrevista a Luciana Leiderfarb e Helena Almeida em entrevista a Clara Ferreira Alves. No Actual do Expresso.


Amoz Oz

Quando percebeu que queria ser escritor?

Muito cedo.
Mesmo quando não tinha a certeza de querer sê-lo,
passava o tempo a contar histórias.
Aos 5 anos já inventava histórias de detectives e de ficção científica
para os meus amigos e para impressionar as raparigas.
Eu não era um rapaz bonito,
não era bom nos desportos nem era brilhante na escola.
A única forma de impressioná-las era a contar histórias,
o que faço ainda hoje.

(Nota minha:
podia não ser muito bonito aos 5 anos mas, aos 74, é um gato).
As suas motivações para escrever devem ter mudado com os anos.

Tornei-me cada vez mais curioso sobre a natureza humana, sobre as pessoas. penso que a minha urgência de escrever tem a ver, sobretudo, com a curiosidade. A curiosidade é uma virtude moral. Uma pessoa curiosa é melhor pessoa, melhor vizinho, melhor pai, até melhor amante do que alguém que o não é.

(...) para um escritor, o centro do universo é onde vivemos. Não é preciso conhecer o mundo, é preciso olhar para as pessoas que nos rodeiam.


Toda a história pessoal tem um lado universal.

O mundo está cheio de histórias. Ainda hoje, se tiver que esperar numa clínica ou num aeroporto, não leio os tablóides, ouço as conversas dos outros. Observo as expressões, as roupas, os sapatos - os sapatos contam sempre muitas histórias. tento adivinhar quem são, de onde vêm, que tipo de vida vivem...


[Entrevista de Luciana Leiderfarb a Amos Oz no Actual do Expresso de 23 de Novembro de 2013.]


*


Helena Almeida parece-me por vezes um pássaro,
um desses pássaros raros que esvoaçam e logo desaparecem,
dotados da velocidade das coisas precárias.

Olho para ela e vejo uma mulher bonita.
em jovem, tinha uma cara belíssima, fortíssima.
O problema é que anda tudo a dormir. As pessoas nunca dizem o que pensam. Ou então estão mortos e não sabem que estão mortos. (...) Nunca há escândalo.

O meu mundo é outro, preciso de estar sozinha, a desenhar, e é o que me dá prazer. Fazer o que quero, ser livre, não ter gente à volta. Ter a cabeça livre. 


Ao mundo exterior vai buscar tudo o que lhe interessa, e interessa-lhe tudo. `


Às vezes, é uma pessoa que passa e diz uma frase. Por exemplo, 'Banhada em Lágrimas' eram duas mulheres que iam a falar: 'Ela anda banhada em lágrimas'. Ficou-me a trabalhar. Pode ser uma coisa vulgar, um vestido, uma pessoa, uma sombra nos objectos do meu ateliê... E por ali vai o resto'


Admiro e tenho muito respeito pelos artistas, é um trabalho muito difícil.
Mesmo os que não são bons, respeito.
É uma profissão muito solitária. É preciso paciência.
Para mim, tem sido uma bênção. Mas não se pode esperar recompensa.


[Excertos da excelente entrevista de Clara Ferreira Alves a Helena Almeida também no Actual do Expresso a pretexto da exposição 'Andar, Abraçar'. Em boa hora o Expresso vem voltando a dar mais palco a Clara Ferreira Alves, uma grande jornalista.] 


*

Se deslizarem até ao post seguinte, poderão saber o que David Nunes, congressista nos EUA, e Pedro Marques Lopes, no DN, pensam das privatizações levadas a cabo por Passos Coelho, esse modelo de patriotismo de faz de conta. 

Descendo ainda um pouco mais, conto-vos sobre o filme que fui ver este domingo: Malavita. A não perder.

E ainda vos convidar a virem visitar o meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. Por lá hoje tenho o violista Benjamin Schmid a interpretar Bach (ou jazz?). E a Maria do Rosário Pedreira aparece para me levar a confessar a minha solidão revoltada.

*

E, por hoje, já chega. 
Resta-me desejar-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira.

O perigo de vender os recursos e serviços estratégicos de Portugal a outros Estados (e a que Estados...). O alerta chega dos EUA, do congressista David Nunes. Pedro Marques Lopes também fala nisto no seu excelente artigo no DN no qual chama 'Bombeiros pirómanos' a Passos Coelho e aos incompetentes e ignorantes que nos desgovernam.


Depois de, no post abaixo ter falado da Malavita, o filme que vi este domingo com Robert de Niro - o actor excelentíssimo - volto agora a assuntos sérios.

Leio na 1ª página do Expresso:

Privatizações de redes: o risco chinês



O congressista americano de origem portuguesa David Nunes, membro do Comité de Intelligence da Câmara dos Representantes dos EUA, alertou ontem as autoridades portuguesas para os perigos da venda a países estrangeiros de redes de comunicações essenciais ao país, referindo-se concretamente à aquisição da EDP e da REN pela China.



Concordo em absoluto. Uma vergonha, um risco, uma estupidez. Estas privatizações com que Passos Coelho está a empobrecer Portugal estão, junto da opinião pública, a passar por entre os pingos da chuva - e, no entanto, são verdadeiros atentados de lesa-pátria. Não apenas já ultrapassaram o que a troika queria em termos de montantes como estão a ser conduzidas de uma forma que retiram soberania de facto ao País.


Leio também no DN o certeiro artigo de Pedro Marques Lopes que merece bem a leitura na íntegra. Transcrevo apenas uma parte:

O facto é que a economia portuguesa está ainda mais dependente de decisões políticas do que alguma vez esteve. Ou será que alguém pensa que a EDP não seguirá à risca o que for melhor para o Estado chinês? Ou será que alguém sonha que a REN não criará problemas graves a Portugal por um qualquer interesse de um dirigente do PC chinês? 


O resultado de toda a política que até agora tem sido seguida era previsível e está a confirmar-se: uma economia destruída acaba por se tornar dependente do único poder que permanece: o do Estado. A sistemática destruição económica dos últimos anos deixou o tecido empresarial tão enfraquecido que se torna praticamente inevitável a intervenção estatal.

Daqui até à intromissão do Estado em assuntos que não devem estar na sua esfera, ao aumento do clientelismo, ao crescimento do poder arbitrário do Governo nas mais diversas áreas, vai o passo dum anão.

Com a mesma lógica, não surpreendem os números, que esta semana vieram a público, que mostram que meio milhão de crianças e jovens perderam o direito ao abono de família em três anos e que há muito menos pessoas a receberem o rendimento social de inserção e o complemento solidário para idosos (dados do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa). Não será preciso lembrar que não haverá altura em que estes apoios seriam mais necessários. Por outro lado, o Estado está a investir fortemente em cantinas sociais.


O que se está a tirar em direitos e apoios para que as pessoas mudem de vida e se diminuam as desigualdades está a dar-se em esmolas. É o regresso da sopa dos pobres.


Também diz que o Governo é apoiado por um partido social-democrata.

No fundo, o Estado sai de onde devia estar, diminui as suas funções essenciais, reduz drasticamente os apoios sociais - que já eram dos mais baixos da Europa - e aumenta muito a sua presença onde não devia estar e que quando está só estraga. O Estado torna-se mais fraco onde devia ser forte, e decisivamente forte onde devia ser apenas regulador e facilitador. É a inversão total da lógica do funcionamento do Estado numa democracia que quer ter uma sociedade civil forte e independente e uma economia mais livre e com mais iniciativa.

O Governo não é nem liberal, nem social-democrata, nem nada. É apenas incompetente e ignorante.


*

Tal e qual. Concordo.

*

(Relembro: para espairecer de assuntos tão aborrecidos, é descer até ao post seguinte onde falo de três grandes actores se juntaram para fazer um filme bastante agradável de ver.)

*

domingo, novembro 24, 2013

A família ou, dito outra forma, Malavita


Depois de um sábado completamente em família com ascendes e descendentes, uma animação e uma alegria, neste domingo o dia foi de descanso, passeios, leituras.

E, de tarde, cinema - e sempre aqueles requisitos que sempre nos impomos: a coisa não deve ser nem uma xaropada, nem violenta, nem estúpida, nem maçadora. Tudo sopesado a escolha recaíu em Mavalita ou 'A Família'. 


A coisa prometia: produção de Martin Scorcese para interpretação a cargo de (entre outros) Robert De Niro, Michelle Pfeiffer, Tommy Lee Jones. 


A sinopse do filme era aliciante para uma tarde de domingo. Transcrevo:

Os Blake, ou melhor, os Manzoni, são uma família de mafiosos que, após decidirem colaborar com as autoridades, ficam ao abrigo do Programa de Protecção de Testemunhas. Apesar do enorme esforço do agente Stansfield para os manter vivos e afastados de sarilhos, parece que eles se esquecem com demasiada frequência que, no mundo normal, as regras são algo diferentes das que sempre se habituaram a seguir. É então que, numa derradeira tentativa de os inserir na sociedade, são enviados para uma pequena cidade na Normandia, França, onde terão de se adaptar não apenas a uma nova vida, mas também a uma cultura diferente da sua. Mas parece que Fred, Maggie e os filhos Belle e Warren teimam em recorrer a velhas estratégias de sobrevivência que chocam a todo o momento com a pacatez da sua nova cidade. Tudo se agrava quando os ex-companheiros de crime os encontram e decidem fazer justiça pelas próprias mãos.

Uma comédia negra, escrita e realizada pelo francês Luc Besson, que se inspira no romance de Tonino Benacquista. 



Uma Michelle Pfeiffer já com sinais da idade, sem disfarces mas sempre com muita graciosidade e piada. Um Robert de Niro cada vez com mais charme, cada vez com mais pinta, excelente, um Tommy Lee Jones também com um rosto marcado pelo tempo mas também com muita pinta, uma ternura (a cumplicidade entre aqueles dois é mesmo uma graça).

Há cenas de uma violência brutal, coisas da Máfia, aliás o filme arranca logo mostrando ao que vai, várias vezes me encolhi toda na cadeira, mas há cenas divertidas, o Robert de Niro, um mafioso encartado, dá-lhe para ser escritor e são momentos fantásticos os que mostram essa sua faceta, e há uns jovens malandrecos e com uma violência genética mas a quem olhamos com uma certa compreensão bem humorada. As peripécias da família a tentar enquadrar-se numa aldeia da Normandia são fantásticas.

Conclusão: saímos de lá muito bem dispostos, uma bela tarde de cinema. Que o filme esteja classificado para 12 anos e imensos miúdos a assistir é coisa que não consigo entender mas, enfim, esse é assunto que desde há muito me transcende.

Depois fomos comer uma queijada da Madeira e uma tartelette de maçã (e que, desabituados de lanchar e muito mais de comer doces, não conseguimos comer na íntegra pelo que trouxemos o resto para casa e nos serviu de sobremesa ao jantar). Belos bolinhos aqueles.


Mostro-vos o trailer legendado do filme mas as legendas aqui do youtube são do mais manhoso que existe. Se calhar mais valia colocar a versão não legendada não vá vocês ficarem mal impressionados mas, como tenho receio que alguns leitores não acompanhem bem o inglês falado, arrisco. No entanto, no cinema, a tradução é decente, podem crer.




*

Até já!