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sábado, março 01, 2025

O espectáculo que Trump, esse bully asqueroso, e J.D. Vance, um porcalhão mal-educado, deram na Casa Branca é uma coisa obscena.
Mais uma vez Zelenskyy provou que é um homem (e até dá vontade de escrever o H em maiúscula), um homem que os tem no sítio

 

O espectáculo vergonhoso, com duas bestas a humilharem e a quererem vergar um homem que há 3 anos se aguenta de pé apesar da violenta guerra a que o seu País tem estado sujeito, foi surpreendente. Mas não foi só isso que Trump e J.D. Vance fizeram: na verdade, humilharam todos os americanos e os Estados Unidos enquanto nação. Chamarem estúpido a Biden, como Trump já o fez repetidamente, gozar com Obama, dizer mentiras em catadupa, proferir ameaças, ofensas, falar com Zelenskyy como se ele fosse um jogador de cartas e a Ucrânia um tabuleiro, é uma vergonha, uma vergonha a nível mundial, uma vergonha nunca vista.

Não sei como é que os americanos, democratas ou republicanos, digerem um espectáculo tão vexante. Não sei se não se sentirão tentados a acabar com a ruína moral que representa a presença de Trump como presidente dos Estados Unidos.

Em contrapartida, perante aquela vergonha, Zelenskyy manteve-se fiel a si próprio: inteiro, frontal, humilde mas firme. 

Para a história Trump ficará como um palhaço. Putin como um psicopata, um assassino. E Zelenskyy como um herói. 

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E as reacções aparecem por todos os lados. Aqui está uma:

Trump and Vance ATTACK Zelenskyy in Oval Office and Align U.S. with PUTIN

Rick Wilson reacts to the disgraceful Oval Office meeting between Donald Trump, JD Vance, and Volodymyr Zelenskyy. Today's Oval Office spectacle wasn't about showing strength, it was about surrendering to Putin. Trump and JD Vance have sold out America.

quinta-feira, agosto 15, 2024

As surpresas desta vida.
Putin, Trump, Kamala Harris, Zelensky

 

Desde que criei o Um Jeito Manso até a Rússia cobarde e barbaramente invadir a Ucrânia, eu mudava periodicamente o aspecto do blog: alterava a imagem de abertura, mudava as cores. Várias vezes por ano, mudava tudo. 

Mas, quando a Ucrânia se viu atacada, invadida, destruída, resolvi vestir o blog com as cores da Ucrânia e colocar, na abertura, a imagem de uma criança, corajosamente confiante na reconquista da tranquilidade e da paz em solo ucraniano.

Claro que já mil vezes me apeteceu mudar. A novidade e a vontade de mudança está-me nos genes. Mas neste caso não mudo. Deixar de aqui ter as cores da Ucrânia seria aceitar que já não vale a pena continuar, seria assumir algum cansaço, uma certa desesperança. 

Não. Aqui continuarão até que a Ucrânia vença esta guerra, até que a Rússia retire as patas ensanguentadas do solo ucraniano. Mesmo abdicando do que, creio, era a imagem de marca do meu blog, manter-me-ei firme a mostrar o meu apoio à Ucrânia e a minha convicção de que a vitória será sua. Sua e do mundo civilizado.

Os segismundos, as estátuas salgadas e demais comunas ressabiados bem podem chamar-me lunática, bem podem vir para aqui destilar o seu fel contra a democracia e contra quem gosta da liberdade, e assegurar que a Rússia tem um poderio desmesurado e, que, quando quiser, pisará de vez a Ucrânia, que a mim tanto se me dá. A mim não me convencem. Sei que a (grande) coragem dos que resistem e a (pequena) coragem dos que os apoiam irão derrotar o ditador, o tirano, o psicopata Putin e os que o apoiam. Sei. Tenho a certeza.

Ao fim deste tempo todo, Putin ainda não conseguiu o que queria. Pelo contrário, têm sido desaires atrás desaires e agora é o que sabe: a humilhação de ter a Ucrânia a causar beliscaduras em solo russo.

Há muita gente que ainda não aprendeu que o primeiro milho é para os pardais e que o bem, por muito que custe e por muito que dure a atingir, acaba sempre por prevalecer.

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Numa outra geografia e numa outra escala mas havendo pontos de intersecção, Trump. O obtuso, populista, trambolho, troglodita Trump.

Quando se pensava que, com Biden a soçobrar, a patinar e a não querer desistir, Trump já lá estava... eis que, de repente, há uma reviravolta. O panorama seria terrível para todo o mundo se Trump voltasse a ser presidente dos Estados Unidos.  Trump está mais próximo de Putin, de Xi e de Kim do que mundo democrático e isso é um risco para o mundo.

Podem os Estados Unidos estar carregados de gente bronca -- bronca e burra e estúpida a ponto de apoiar Trump --, mas há muita gente inteligente, informada, culta, bem formada, amiga e defensora da democracia e da liberdade.

Por isso, tenho também para mim que Kamala vai ser a próxima presidente dos Estados Unidos. 

E um dia vamos acordar com o Putin apeado e com a Ucrânia livre do pesadelo terrível por que está a passar.

Tenho esperança de ainda viver tempos de paz no mundo, tempos felizes, tempos de desenvolvimento.

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A propósito:

Jon Stewart on Why Trump Wants Biden Back So Badly He's Reusing His Old Attacks
| The Daily Show

Donald Trump thought he was cruising to victory against Joe Biden, but now he's facing a hard fight against Kamala Harris. Jon Stewart looks at Trump's half-hearted attempts to adjust to the new challenge and wonders if he's hatching a devious plan to help Biden take back the nomination, January 6th style


Peace and love

terça-feira, junho 07, 2022

Querer a paz. Lutar pela liberdade.

 

Juro que não consigo perceber a reacção de pessoas que se dizem pacifistas sabendo que, enquanto a Rússia continuar em solo ucraniano a destruir o país e a chacinar os ucranianos, essa paz significa a rendição ucraniana e a aceitação de que, doravante, vale tudo. 

São os ucranianos que estão a lutar até ao último pingo de sangue por se manterem ucranianos. Não é o resto do mundo que está a atirá-los para a guerra. Não. São eles que estão a sacrificar as suas casas, os seus empregos, o seu conforto e segurança, a sua própria vida

Que muitos países estejam a apoiar o sacrifício dos ucranianos é mais do que compreensível. No dia em que a Rússia (ou qualquer outro país) entre pelas fronteiras adentro de um outro país com o intuito de o derrubar e de o anexar e a comunidade internacional ficar impávida e serena, mostrando que o terreno está livre para que qualquer um o tome como seu e faça dele o que quiser, então adeus minhas encomendas. Voltaremos ao tempo da pirataria mais tosca e primária. Voltaremos ao tempo da barbárie.

Dizer que se quer a paz -- sabendo que com isso se estará a sancionar os crimes selvagens da Rússia e, também, não apenas a enterrar a Ucrânia mas também o direito internacional e a liberdade -- é hipócrita, é cobarde.

É bonito de dizer que se deve privilegiar a negociação. Claro. Quem o não quer? 

Mas que negociação? Obrigar os ucranianos a abdicar dos seus direitos soberanos? Oferecer à Rússia uma parte do território da Ucrânia? Impedir a Ucrânia de se defender e de poder ser defendida? 

Acharão mesmo, os que dizem defender a paz, que isso é correcto? Que é honesto? Que é justo? Que é civilizado? Que é humano?

Se um bando de ladrões lhes atacar a casa, acham essas pessoas que se deve ceder aos ladrões parte da sua casa, justamente a parte melhor e a parte onde estão as portas? Deverão passar a ser servos dos ladrões? Acharão que devem abdicar de instalar um sistema de alarme e de segurança para que os ladrões façam o que quiserem? Acharão que os vizinhos devem fechar a olhos enquanto esses crimes estiverem a ser praticados? 

Claro que tentar ajudar a Ucrânia não dando argumentos a que a Rússia se sinta no direito de destruir o planeta é difícil. Sanções, munições, armamento de defesa, apoio financeiro e humanitário, tudo com conta, peso e medida. Tudo gestos que custam caro a quem os faz e que, ainda por cima, são de efeito retardado. Enquanto isso, são os ucranianos que estão a pagar com a sua vida, com a sua coragem e com a sua abnegação o preço que escolheram pagar pela sua liberdade.

Para mim isto é cristalino.

Pode Zelenskyy antes não ter sido um grande estadista ou um cidadão exemplar (não sei se foi, se não foi), pode ter havido corrupção na Ucrânia (onde a não há?), pode não ter sido a sociedade imaculada que se desejaria (alguma o é?) que nada disso está agora em questão. O que está em questão é ajudarmos os ucranianos a manterem-se fortes, livres, a resistirem aos crimes diários cometidos pelos russos em solo ucraniano.

A comunidade internacional tem-se unido em torno dos ucranianos e uma delas é através do desenho e/ou do humor. Escolhi alguns desses memes pois ilustram muitas das discussões que se têm estabelecido sobre este tema. Mas há muitos mais aqui: Ukrainian Memes Forces.


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Sou a favor da paz. Da paz em liberdade e no respeito pela dignidade.

terça-feira, maio 10, 2022

Zelenskyy, para o futuro e pro memoria

 

Os dois vídeos que aqui tenho não serão novidade para quem por aqui passa. Contudo, neste caso, é para mim que aqui os deixo. Deixo-os para que não caiam no meu esquecimento ou para que, daqui por algum tempo, quando quiser mostrar aos meus netos o que é um homem inteiro e intrinsecamente livre, o tenha aqui, presente. Deixo-os para que eles possam ver um homem que foi eleito para defender o seu país e os seus habitantes e tem honrado os votos que recebeu arriscando a própria vida, dando a voz a todos quantos também dão ou deram a vida para continuarem a ser ucranianos, para poderem decidir por si, para continuarem a sentir que são livres.

Por todos os que já morreram, perderam familiares e amigos, perderam os empregos e as suas casas, Volodymyr Zelenskyy, agora com 44 anos, mantem-se de pé, nas ruas, dando a cara, tendo sempre as palavras adequadas a cada situação, falando para os seus e para o mundo, interpretando a vontade dos seus conterrâneos. 

Zelenskyy foi eleito para ser presidente da Ucrânia, para defender a liberdade e a democracia, para combater a corrupção. E é isso que tem feito. No meio de bombardeamentos e de tentativas de assassinato, longe da família, sabendo que a sua terra natal está a ser atacada, assistindo à destruição do seu país, correndo todos os riscos, ele mantem-se determinado e corajoso. Não cederá território, não desonrará o sangue dos que deram a vida por um país íntegro e livre.

E com essa coragem que impressiona, ele e todos os ucranianos têm conseguido, apesar de tudo, travar a sanha assassina e depravada (concordo com John Kirby quando usou a expressão) de um doido varrido e da seita que o apoia. E, mesmo sem água, sem gás, sem eletricidade, quase sem comida, debaixo de tortura e violações, a brava gente ucraniana tem conseguido travar o rápido avanço russo e, mesmo, recuperar algumas terras que os russos lhes tinha roubado.

A Ucrânia, de uma forma ou de outra, mais tarde ou mais cedo, ganhará esta guerra absurda, injustificável e selvagem e voltará a ser um país desenvolvido e pacífico. É inevitável. 

Contra todos os que, hipocritamente apregoando a defesa da paz, apelam à rendição, Zelenskyy, tal como todos os ucranianos que arriscam tudo pelo seu país, mantem-se de pé e destemido, defendendo a integridade e a liberdade do seu país. Ficará para a história como uma das mais carismáticas e corajosas criaturas, alguém com enorme carisma e indómita coragem, alguém que se bate contra um psicopata mitómano corrupto e assassino que se porta como um nazi com ímpetos imperialistas.

Zelensky releases video on day of remembrance: 'We hear "never again" differently'

Ukraine’s President Volodymyr Zelensky released a video statement on May 8, the UN’s designated “Time of Remembrance and Reconciliation for Those Who Lost Their Lives During the Second World War,” in which he reflected on the phrase “never again”.


Um homem desarmado 
(em vez de um homem cercado de tanques de guerra)

Address by Zelenskyy on the Day of Victory over Nazism in World War II

We are fighting for our children freedom, and therefore we will win. We will never forget what our ancestors did in the World War II, which killed more than eight million Ukrainians. Very soon there will be two Victory Days in Ukraine. And someone won't have any.

We won then. We will win now. And Khreshchatyk will see the victory parade – the Victory of Ukraine! 
Happy Victory over Nazism Day!
Glory to Ukraine!

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Slava Ukraini

segunda-feira, abril 18, 2022

Um grande homem

 

Fala como um homem normal mas o que diz é sábio, inspirador e comovente. Há nele uma coragem enorme. Mas não é uma coragem feita de bravatas, é uma coragem alicerçada no amor aos outros e no respeito pelo amor do povo do seu país à liberdade. E não se vê ali prosápia. Face a tudo o que se passa, face aos riscos que tem corrido, face à incrível resistência que tem surpreendido o mundo, poderia haver nas suas palavras alguma jactância. Mas não. Não há ostentação. Pelo contrário, todas as palavras são muito terrenas e humildes. Sente-se que são palavras que sofrem com a tragédia, com o sofrimento. Mas as palavras não vergam e a coragem também não.

Ouço-o e, uma vez mais, penso que estava, antes, tão estupidamente errada, tão indesculpavelmente mal informada. Também preconceito. Pouco ou nada sabia mas, na minha ignorância, era alguém com um curriculum feito exclusivamente na televisão, um cómico armado em político, alguém na base do tiririca. 

Também andava desatenta quanto à Crimeia. Lembro-me de alguns desencontros de ideias, uns a dizerem que os russos tinham ido buscar o que era deles e eu, sem perceber bem, 'mas era deles porquê?' mas, ao mesmo tempo, um bocado desinteressada. A gente, às vezes, tem tamanhos problemas ou redemoinhos na nossa vida que parece que algumas coisas nos passam ao lado. Talvez tenha sido isso. 

Agora fico perplexa como não me apercebi do mau prenúncio que foi aquilo da Crimeia nem das sérias ameaças afinal tão evidentes que vinham dos lados do Putin. Quando me penitencio, o meu marido diz: não era a ti que competia aperceberes-te, era aos serviços secretos.

Mas mesmo quando, recentemente, os americanos alertavam para o risco iminente de invasão da Ucrânia pela Rússia, eu achava um exagero, um nonsense, uma conversa da treta a que as televisões, que gostam de drama, andavam a alimentar. Não sei onde tinha eu a cabeça. Estava tão longe de que uma alarvidade destas fosse possível -- que um país invadisse outro, que um mitómano psicopata ousasse destruir cidades, matar pessoas e querer impor a sua rendição -- que não prestava atenção.

E que um tiririca desta vida se elevasse e fizesse um valente manguito a Putin e não vergasse perante as suas ameaças terroristas, que soubesse estar à altura da vontade do povo que dá a vida pela liberdade do seu país, foi coisa que não apenas me surpreendeu como, desde o primeiro minuto, me comove.

Sabendo do risco de vida que corre, com uma ímpar coragem física e anímica, Zelenskyy consegue manter-se informado, consegue falar todos os dias aos ucranianos e ao mundo, consegue ter o discernimento para falar perante os parlamentos deste mundo, consegue dar entrevistas, consegue sorrir, consegue manter a esperança e a coragem. Vê-se que está cansado, mal dormido. Mas a vontade de manter a honra ucraniana é inabalável.

Está a lutar pela sua Ucrânia mas está a lutar por todos os que amam a democracia e a liberdade. Devemos-lhe -- a ele e a todos os que perderam tudo o que tinham e estão determinados a continuar a lutar, a todos os que perderam filhos, irmãos, maridos, pais e que, apesar disso, continuam firmes, a todos os que perderam a vida -- o nosso agradecimento. Lutam por nós, por todos os que amam a democracia, o humanismo, a liberdade.

No vídeo abaixo, Zelenskyy fala dos filhos e fala do que o move. Uma trecho muito interessante --- e muito humano -- da entrevista.

Zelenskyy speaks about his children

Desejo-vos uma boa semana

Agradecimento. Respeito pela liberdade.

domingo, abril 17, 2022

Marina, Dima, Inna e Eli

 

Marina e Dima têm duas filhas pequeninas e vivem na Holanda. Não suportaram viver na Rússia debaixo de um regime totalitário. Têm sorte. Vivem em liberdade e gostam de falar da sua vida, partilhando dicas sobre como viver no estrangeiro, entrevistando pessoas e trocando experiências. Para isso têm o canal Expat Family Live. Desta vez, o teor do vídeo é outro: como russos, falam da situação actual, falam de Putin e da invasão da Ucrânia, falam dos riscos que correm.

Inna é também muito jovem, é casada, tem um canal no Youtube, Speak Ukrainian, no qual ensina a língua e fala da cultura ucraniana. No vídeo que partilho fala, quase em estado de choque, da invasão, ainda mal acredita, descreve o que se passa. Num vídeo posterior já saiu do apartamento e fala a partir de uma outra casa, numa zona da Ucrânia que pensa estar mais a salvo. Resiste como pode.

Eli, uma jovem viajada, tem o canal Eli from Russia no qual mostra as maravilhas e as particularidades do seu país e da sua cultura. Mas desta vez fala sobre a situação acual que se vive no seu país e na Ucrânia. Por isso, no vídeo que partilho diz que não sabe se será o seu último vídeo pois, como é crítica da guerra, está sujeita à nova lei que a pode prender e/ou impedir de continuar a publicar os seus vídeos.

São vozes que, de certa forma, se tocam. Não percebem, não querem, condenam esta guerra. Querem viver a sua vida e o seu futuro, anseiam pela paz e pela liberdade. São jovens que deveriam viver tempos de esperança e tranquilidade e não viver, de perto, a triste realidade da guerra e da loucura totalitária.

We're Russian and WE WANT TO TALK!


WAR IN UKRAINE. Russians invaded us. What is going on and how to support Ukraine?


How the 'special operation' changed our life | Q&A from Russia



Queiram descer para ouvir Harari sobre o momento que atravessamos: Notícias terríveis para a espécie humana

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Um feliz dia de domingo 

Esperança. Paz.

sábado, abril 16, 2022

Depois de um tranquilo dia de verão in heaven, dois vídeos que recomendo.
O primeiro mostra um homem normal que já não chora há muito tempo e que tem muita dificuldade em adormecer.
O segundo mostra um homem que viveu por dentro os tempos do holocausto e que, aos 102 anos e com o coração devastado, se recusa a desistir de conseguir um mundo melhor

 


O meu dia foi tranquilo. Era para sermos mais a passar o dia in heaven mas as suspeitas de um caso de covid fizeram com que o agregado sob suspeita ficasse em terra e fossemos apenas nós os dois. Por isso, aproveitámos para trabalhar. O meu marido armou-se de roçadora e foi-se ao tojo e às silvas e eu, com vassoura de arame e pá metálica de cabo alto, fui-me à caruma e às folhas e pinhas caídas pelos caminhos.

Na quinta ao fim do dia, fui ao supermercado e, em casa, à noite, fiz uma jardineira. De manhã, embalei-a e, portanto, ao chegar ao campo, não tive que ir a correr para a cozinha. Pude ir passear, ver a primavera em flor, a fera peluda aos saltos e a correr, feliz da vida.


Depois de almoço, instalei-me no sofá e pus-me a ler o zonas de baixa pressão do António Guerreiro, livro que sempre leio de gosto. Aliás, leio António Guerreiro sempre de gosto. Agora ia dizer que é uma pessoa brilhante, com uma visão iluminada que vai dos clássicos aos colunistas mais fajutas da actualidade, mas lembrei-me no que ele escreveu sobre os que escreveram sobre Agustina quando ela morreu. Diz ele que todos louvaram Agustina esquecendo-se de falar sobre a sua obra. Por isso, não falo do António Guerreiro, falo da sua escrita. É clara, inteligente, informada, irónica. Ofereci este livro pelo Natal, espero que quem o recebeu também tenha gostado.

Mas estava a ler, deliciada com a leitura e com o agradável ambiente que me envolve quando estou aqui e, ao mesmo tempo, a pensar que deveria era ir lá para fora, varrer. 

O meu marido também já se tinha equipado com caneleiras e óculos de protecção e tinha abalado para o campo. Escuso de dizer que tenho que me auto-controlar ferreamente para não ir atrás dele para ter a certeza que não corta os orégãos que estão a despontar nem o rosmaninho, nem o tomilho, tão frágil, nem o alecrim, nem a sálvia. Mas já consigo dominar-me. Confio que ele há-de ter algum cuidado e não fazer aquilo que naturalmente faria: cortar tudo a eito.

Depois de ele ter ido, mais me motivei a ir também à minha vida.

Penso por vezes nisto: um dia que não tenhamos nada que fazer, o que faremos?

O meu marido tem andado cansado. Tem muito trabalho, por vezes horários complicados. Naturalmente, tendo oportunidade, deveria ter vontade de não fazer nada. E, no entanto, num dia que era para ser animado e acabou por ser calmo, em vez de aproveitar para descansar, foi de máquina ao ombro, para o mato.

E eu, que não ando menos cansada, sempre com trabalho e afazeres complementares, também não descansei enquanto não fui varrer caruma, fazer montes, apanhá-los e despejá-los, até que, por fim, já me doíam as mãos. 

E acabei e senti-me realizada, contente ao ver os caminhos mais limpos.

Não sei o que é estar sem fazer nada. Tratar da lida da casa e, no máximo, ler parece-me pouca coisa. Parece que tenho que ter sempre mais coisas para fazer do que o tempo de que disponho. E estava a varrer e a olhar para as árvores com vontade de, a seguir, ir buscar o podão para desbastar ramos baixos. Tenho que me tratar deste mal. Não fazer nada é capaz de ser coisa boa.

E, estando na sala, ocorreu-me, uma vez mais, que é uma chatice já não ter onde pôr carpetes de arraiolos pois estava mesmo a apetecer-me voltar a atirar-me a eles, bordar, ver aparecer os desenhos. Claro que haveria de ser uma festa com o urso peludo a ensarilhar os novelos de lã. Quando aqui está, passa a vida a sair a correr, a ladrar, para investigar cada pequeno barulho ou ladrar ao longe. Depois, chega aqui e cai perdido de sono. Mas é um sono leve, está sempre en garde.

Foi, pois, um dia tranquilo, banhado por um sol suave e dourado. Um dia de paz, a paz que deveria ser um direito indiscutível, universal (mas, claro, não a paz da rendição, a paz da cedência aos agressores e aos tiranos que violem o direito internacional, querendo anexar outros países).

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Agora, à noite, procuro as notícias. Vi televisão, li, vi vídeos. Os regimes totalitários são um perigo. Putin vive há meses fechado num bunker. Vive fechado para o mundo, para as pessoas. Ocupa a mente a forjar armadilhas, mentiras, a ouvir quem não lhe faz frente, a instruir a punição dos que o enfrentam (mesmo que apenas por segurarem uma folha em branco). Vive enredado na teia demencial que, ao longo de anos, foi tecendo. 

As atrocidades que ele e os que lhe obedecem cegamente estão a levar a cabo, com o apoio de uma população manipulada, são de uma pessoa ficar doente. Aquilo a que o mundo assiste está para além de maldade. É a total insensibilidade, a gente de Putin vive numa realidade alternativa, uma realidade desabitada, distópica.

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O vídeo abaixo mostra uma pessoa extraordinária e o que diz e a forma como o dia são também extraordinárias.

'I am heartbroken': Last surviving Nuremberg prosecutor on war in Ukraine

Benjamin Ferencz was just 27 when he successfully prosecuted 22 defendants for war crimes. Now he tells Amanpour it pains him to once again see atrocities in Europe


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Este segundo vídeo também é impressionante. O que aqui vemos é um homem normal que se vê apanhado na armadilha de um louco, de um psicopata. Zelenskyy envelheceu muito em dois meses. Não consegue chorar, não consegue dormir. Mantém uma racionalidade e um humanismo invulgares para quem vive o tormento que ele vive. 

Zelenskyy On Biden, Hating Russia, And Sleepless Nights

Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy talked about the emotional toll of the Ukraine war and his feelings towards Russia and Putin in an exclusive video interview with German newspaper BILD

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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Coragem. Paz.

quarta-feira, abril 06, 2022

Tenho muita, muita, infinita pena que os ucranianos tenham que pagar com tanta dor, sangue e lágrimas, tantos com a própria vida, para que consigamos ver com clareza o que antes parece que não víamos

 


Tantas vezes aqui em casa me insurjo: caraças, será mesmo possível que não haja uma força internacional, isenta, que possa ir para o terreno impedir esta guerra, esta barbárie, travar os assassinos, abater aviões ou navios que estejam a disparar mísseis ou bombas sobre cidades e populações? Não há mesmo maneira de travar a insanidade criminosa de uns quantos, talvez até, sobretudo, de um único homem?
 

O meu marido é mais legalista, invoca os princípios e regulamentos, explica que uma coisa é ser uma força de paz, que existe justamente para defender uma situação de paz e outra, muito diferente, é ser parte de uma guerra. 

Até pode ser essa a razão -- mas não concordo. A Ucrânia estava em paz antes de ser invadida. Por isso, acho que faria todo o sentido que um país que é militarmente invadido por um outro país seja ajudado a defender a paz a que tem direito.

A mortandade, a sanha destruidora, a loucura encarniçada que as tropas russas têm demonstrado desde o primeiro momento em que iniciaram uma guerra injustificável e inqualificável tem que poder ser travada.

Se não vai lá com sanções, se não vai com tentativas de negociação, então que as estradas, as ruas e as praças da Ucrânia sejam ocupadas por capacetes azuis prontos para defender a paz da Ucrânia.

E, mais uma vez o digo, parece-me essencial que o Papa Francisco passe uns dias na Ucrânia, em especial nas zonas mais críticas e mais atacadas. E era bom que mais líderes religiosos se lhe juntassem.

Tal como primeiros-ministros de três outros países, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e, parece que dentro de dias, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixam bem claro o apoio à Ucrânia, é ainda mais relevante do ponto de vista da opinião pública que os principais líderes religiosos mostrem ao mundo e à Rússia em especial, um total repúdio perante os bárbaros, atrozes crimes de guerra de Putin. 

Sei que a ida do Papa à Ucrânia está, finalmente, em cima da mesa. Mas devia ir já e demorar-se o tempo suficiente para que Putin seja forçado a fazer uma pausa. E uma pausa, em situação de guerra, é relevante a todos os níveis.

Bem sei que ainda há quem encontre explicações para que um regime criminoso invada um país e o destrua e massacre e tente exterminar o seu povo e bem sei que há quem invoque interesses geo-estratégicos para não condenar inequivocamente o brutal crime em massa que está em curso. Contudo, perante o que está a passar-se, não há explicações nem atenuantes possíveis. O que está a acontecer é imperdoável, injustificável, inaceitável.

Neste caso não tem muito que saber. Há uma linha vermelha, desenhada a sangue, e de um lado está Putin e os que o apoiam ou desculpam e do outro os que não aceitam a guerra, a violação de fronteiras, os massacres, a bárbara destruição.

Como chegámos aqui, como permitimos que isto esteja a acontecer, como não percebemos o que estava por vir (apesar de todas as evidências), como não arranjámos mecanismos para nos protegermos destes crimes de guerra, destes insanos delírios imperialistas, como -- perante crimes tão atrozes -- ainda há quem não os condene sem adversativas ou meias palavras, é um mistério para mim. 

Que, ao menos para nos fazer abrir os olhos e nos fazer as escolhas certas, sirva o sacrifício dos infelizes ucranianos.

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A Ukranian grandmother trapped at home as her quiet street became a war zone

Valentyna Omelchuk spent a month hiding out in her basement in Makariv, Ukraine, west of Kyiv, as shells landed in her yard and bullets shattered her windows. She is still trying to get in touch with her daughter and grandchildren in Kyiv

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Surviving Russian atrocities in a destroyed Ukrainian village

Russian troops withdrew from the village of Andriivka, west of Kyiv, after a month of waging war and terrorizing residents, leaving a trail of dead civilians and spent munitions in their wake. Similar scenes are being discovered across Ukraine, as experts gather evidence of possible Russian war crimes.
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Russia wants to turn Ukrainians into 'silent slaves', Zelenskiy tells UN
Volodymyr Zelenskiy has urged the UN to act and reform its system which gives Russia, a permanent member of the security council, a veto, saying everything must be done to ensure the international body works effectively.

In a passionate address on Tuesday, the Ukrainian president questioned the value of the 15-member security council, which has been unable to take any action over Russia's invasion of Ukraine because of Moscow's veto power

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Tanya Nedashkivska reacts as she recounts how her husband Vasyl Ivanovych, who served in the navy, was killed by Russian soldiers, as she stands near their residential building, amid Russia's invasion on Ukraine, in Bucha, Ukraine April 3, 2022. Vasyl was arrested by Russian soldiers. Tanya looked for him for days and found him in a building's basement where two bodies were lying, she recognized him by his sneakers, his trousers. "He looked mutilated, his body was cold. They turned him over a little. He had been shot in the head, mutilated, tortured" Tanya said. REUTERS/Zohra Bensemra
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As imagens (bem como a legenda da fotografia acima) podem ser originalmente vistas no artigo: 

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E, sobre as linhas vermelhas, permito-me transcrever na íntegra um texto que muito vivamente recomendo: trata-se do que Rui Bebiano publicou no seu blog A Terceira Noite (o que está a bold é de minha responsabilidade):

Desde 1968, o ano em que, com Paris e Praga, despertei para a necessidade de ter uma opinião política própria e de a exprimir, habituei-me – mesmo naqueles anos, entre 1971 e 1976, em que fui bastante inflexível – a tomar o lado esquerdo do futuro e da vida coletiva como necessariamente plural. Capaz de conter, a par de uma vontade transversal e profunda de justiça social e de fraternidade, uma grande diversidade nas formas de as conceber, de as conquistar e de as defender. Estas diferenças notam-se sobretudo quando olhamos os programas, as linguagens, as formas de organização e a base social, mas de uma forma muito particular quando se confrontam os valores da liberdade, da equidade e dos direitos humanos.  
Foi nestes domínios que cedo fui deparando com homens e mulheres para quem estes três fatores são, de facto, de uma importância relativa, sobretudo se o caminho que vislumbram para alcançar e conservar o poder político, o seu ou o dos seus aliados, requerer a sua relativização e a sua passagem para segundo ou terceiro plano, quando não a sua omissão. São pessoas que mantêm palavras sobre justiça, igualdade, paz, liberdade e democracia na ponta da língua, mas que as assumem, verdadeiramente, apenas dentro do seu próprio quadro de explicações e interesses, jamais como valores absolutos e inegociáveis, associados a uma humanidade plena e ao convívio na diferença das escolhas e opiniões. Consideram tais valores, na realidade, como luxos dispensáveis, e nos momentos críticos isso torna-se evidente.

É neste quadro que se torna possível compreender que não questionem os dois maiores sistemas concentracionários e tirânicos do século XX, a União Soviética de Estaline e a China de Mao, apenas contestando aquele outro, o da Alemanha de Hitler, que em número de vítimas – mortos, presos, torturados, deslocados, empurrados para campos de trabalho ou extermínio – de facto se encontra em terceiro lugar na negra contabilidade. Têm também defendido regimes tirânicos e de partido único desde que estes se apoiem numa verborreia «socializante» ou antiamericana, enquanto em outros momentos e lugares declaram defender os valores da esquerda democrática. Embora sabendo dessa ambiguidade, pois não sou ingénuo e conheço razoavelmente a história, fui convivendo politicamente com essas pessoas, sempre em nome de objetivos prioritários pelos quais poderíamos desfilar debaixo da mesma bandeira.

Existem, todavia, momentos em que esta contradição entre o que se prega e aquilo que se faz ultrapassa os limites, revelando, em quem a pratica, um fundo moral perante o qual é honestamente inevitável uma profunda desilusão. Se tivesse vivido o Pacto Germano-Soviético de 1939, talvez tivesse há muito experimentado algo desta natureza, como tantos comunistas e outras pessoas progressistas na época experimentaram com grande desilusão e uma amargura que nunca se extinguiu, mas admito que, em situação vivida na primeira pessoa, seja realmente agora a primeira vez que chego a um tal limite.

A guerra de invasão da Ucrânia e as chocantes posições de conciliação diante do espetáculo da morte e da destruição de um país e de um povo da parte dessas pessoas, a forma como pactuam com a mentira e até com teorias da conspiração, falando ocasionalmente de paz sem apontar o dedo aos agressores diretos, estão a fazer com que as transfira agora, provavelmente em definitivo, para o lado de lá barricada do combate pela minha noção de democracia, de justiça e também de honestidade pessoal. Não mais desfilarei ao lado de quem, como os fascistas ou os criminosos, contemporiza com a morte, a tortura e a devastação, aceitando recorrer à mentira ou à deturpação, ou desculpando-se com contextualizações ocas e contemporizadoras, não menos assassinas que as proclamações abertamente agressivas. Em questões desta natureza traço no chão linhas vermelho-vivo.
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Desejo-vos um dia tão bom quanto possível.
Saúde. Ânimo. Paz.

sábado, março 19, 2022

Depois de um pôr-de-sol vivido em plena paz, alguns apontamentos:
uma condessa fala do maníaco, um homem é resgatado dos escombros, uma repórter de guerra fala do que viu e uma menina emocionada recebe flores do Presidente de quem as amigas tanto falam no TikTok

 




Hoje de tarde a reunião correu bem. Uma reunião tranquila com opiniões convergentes e sem atritos numa sexta-feira à tarde só pode resultar de um alinhamento astral virtuoso.

A seguir, troquei umas mensagens com um dos participantes, depois vi e enviei uns mails e ainda consegui sentar-me cá fora a apanhar um pouco de sol. Comigo, a pequena fera. 


Tentei penteá-lo e quase consegui. O pêlo está cada vez mais farto e comprido e ele cada vez maior e mais forte. Ele gosta de ser penteado mas não consegue estar sossegado: rebola-se, tenta morder a escova, torce-se, tenta apanhar a minha mão. Tudo a brincar, sem magoar... mas a obrigar a algum cuidado pois com aquela bestinha nunca se sabe.

A patinha da frente que foi rapada quando esteve internado (por causa da lagarta do pinheiro) já está outra vez a ficar peluda. 

Depois de escovadinho ficou ainda mais fofo.

A professora diz que ele é um mimado, que não deveríamos dar mimo gratuito: só deveríamos mimá-lo quando ele obedece a ordens, mesmo que tenhamos que dar-lhe ordens gratuitas, só mesmo para que ele obedeça. Mas esqueço-me. Dou por mim a dar-lhe mimo só por dar, só porque ele merece e merece só porque existe e é inocente.

Agora, enquanto escrevo aqui na sala, está deitado no chão, a cabeça encostada a uma almofada que tomou como sua. Um grande tufo de pêlo, respirando na maior paz. Cãozinho sortudo. Não sabe o que são maus tratos, sustos, maldades.


Entretanto reparei que a glicínia está florida. Não sei como, não dei pela evolução. Às vezes não reparamos nas coisas importantes e belas que estão mesmo ao pé de nós. Damo-las por adquiridas, já nem lhes prestamos atenção. E, no entanto, como as pessoas que estão debaixo de guerra deveriam gostar de ter disponibilidade para reparar nas flores que despontam pela primavera. Talvez até as flores por lá tenham sido arrasadas. Será que ainda há flores nas cidades bombardeadas e esventradas da Ucrânia?

Só hoje reparei como já está em flor, lilás, delicada, primaveril. Fotografei, encantada. Que bom.

Dali resolvemos ir passear para a praia. Nestas sextas-feiras assim sinto-me como se estivesse a entrar em férias. Não estou, é só um fim de semana. Mas, para mim, sabe-me a férias.


Estava uma temperatura amena, um ambiente agradável, umas cores fabulosas. Muita gente, muitos jovens, muitas crianças. A paz é isto. Podermos passear descontraidamente à beira da água, desfrutar a tranquilidade de uma tarde em que o sol se dilui no mar, em que as pessoas fazem ginástica, as crianças andam de skate ou de bicicleta, um homem toca trompete, outros passeiam o cão, conversam, correm -- fazem o que querem, em liberdade, sem medo, alheados de preocupações. Paz.

Fui fotografando, sentindo aquela felicidade que sabe melhor por se sentir que é frágil, que pode ser efémera. Fui captando momentos, tentando registar a beleza da luz, a ternura de um abraço, a cumplicidade de um amor.

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Entretanto, à noite, de regresso a casa, voltei às notícias. Voltei a procurar sinais, explicações, sinais de esperança, testemunhos na primeira pessoa, gestos imprevistos. Partilho-os.

Alexandra Tolstoy Shares How Life Is Inside Putin's Inner Circle | Lorraine

With the Ukraine war entering another week, and horrific images and reports continuing to dominate the news - we're turning our attention to the man who is behind the invasion - Vladimir Putin.

Alexandra Tolstoy is a former partner of Russian oligarch Sergei Pugachev, who was a one-time close ally of Vladimir Putin, even acting as his personal banker, and Alexandra has been in close quarters with Putin and his confidantes.

She tells us what he was like, what she thinks about the rumours about his health, and how she feared for her life when her ex-partner was cast out from Putin's inner sanctum

She also shares her fears for Russia, and whether she thinks the sanctions will have any impact - and revealing the truth about the rumours behind Putin's motives, and the many questions about his health.



Ukraine War: Rescue workers locate a survivor under rubble after phoned for help

Rescue workers were alerted of a survivor under the rubble of a destroyed building in Kharkiv by a phone call for help.

Using saw, shovels and their bare hand in the freezing cold - the emergency workers found and freed the man.


War Photographer Lynsey Addario: “They Were Killed Before Our Eyes” | Amanpour and Company

New York Times Pulitzer Prize-winning photojournalist Lynsey Addario has covered every major conflict and humanitarian crisis of her generation. In Ukraine, she captured an image that shocked the world and became one of the defining images of this war: a mother, her two children, and a friend, all killed by Russian mortar fire when fleeing Irpin, a village on the outskirts of Kyiv. In a week that saw four journalists killed while covering the war, she speaks with Hari Sreenivasan about what it means to witness history.


Hospitalised teen becomes emotional meeting Ukrainian president Volodymyr Zelenskiy

A teenager was overwhelmed when Ukrainian president Volodymyr Zelenskiy shook her hand and gave her flowers during a visit to people wounded by Russian attacks at a Kyiv hospital on Thursday. 
Sixteen year-old Katya Vlasenko, who was wounded when the car her family was travelling in came under fire, told the president he was a hero on social media platform TikTok, to which Zelenskiy responded: 'Oh yes? So we have occupied TikTok?' 

Katya's family was trying to escape fighting in the area north-west of the capital Kyiv when their car came under fire near Hostomel 

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Desejo-vos um bom fim de semana
Paz

domingo, março 13, 2022

Lutarão até ao último soldado, diz ele

 

O dia esteve escuro, chuvoso. Por razões que não vêm ao caso, têm sido dias muito trabalhosos para mim. Chegámos a casa tarde tal como ontem e tal como outros dias desta semana. Antes ainda tinha passado pelo supermercado e, depois de arrumarmos as coisas, ainda adiantei o almoço deste domingo. Mal consegui saber as notícias. 

Mas, ao jantar, com a televisão ligada, voltei a ver imagens que me revoltam, me entristecem, me angustiam e comovem. Ainda mal estávamos a sair da pandemia e quando, um pouco por todo o mundo, queríamos respirar e voltar à normalidade, eis que um homem pérfido e transtornado resolve invadir e dizimar um país. O mundo quer paz e tranquilidade e, no entanto, descobrimo-nos impotentes perante o poder de um psicopata narcisista que usa a guerra como o seu espelho pessoal. 

E tudo o que se diga sobre a Nato ou sobre antecedentes históricos disto ou daquilo é areia para os olhos dos que ainda têm dúvidas de que, neste momento, só há uma coisa a ter em mente: acabar a guerra.








[Fotografias no The Guardian]


Hoje, em conversa, interrogava-me porque não senti eu esta revolta, este profundo pesar, noutras situações de guerra. Ouvi ontem a Aida Cerkez ler uma carta aos ucranianos na qual recorda o que sofreu em Sarajevo. 

Claro que acompanhei com ansiedade o que ali se passava mas, a esta distância, a ideia que tenho é que não devo ter percebido bem a verdadeira dimensão daqueles crimes pois, embora me indignasse, não sentia o que hoje sinto. Na minha cabeça havia a ideia de que eram questões mal resolvidas aquando do fim da União Soviética, rivalidades, questões de fronteiras, gente habituada a brutalidades. Mas talvez a comunicação social não tivesse feito a cobertura que hoje faz e não havia informação a toda a hora nem os vídeos que hoje temos. Também eu era menos consciente de tudo, andava assoberbada a ser mãe de filhos pequenos enquanto trabalhava em projectos que me obrigavam a trabalhar muito. Não estou a desculpar-me, estou apenas a tentar perceber a razão que me leva a ficar doente de repúdio e inquietação com a brutal invasão da Ucrânia pela Rússia e não fiquei assim noutras situações quase igualmente inaceitáveis.

Bosnian War Survivor Reads Moving Letter to Ukrainian People | Amanpour and Company

The last time war engulfed Europe was in the Balkans during the 1990s. The city of Sarajevo was under siege for 46 months -- the longest siege in modern history. Serbian strongman Slobodan Milosevic sought to punish Bosnia for choosing a democratic, pro-European future -- a clear parallel to Ukraine's plight vis-a-vis a Russian dictator today. Bosnian journalist Aida Cerkez joins the program to share her thoughts and read a letter she wrote to the people of Ukraine.

Mas, dizia eu, ao ver a televisão vi reportagens que mostram o extraordinário trabalho que tantos voluntários de todo o mundo, Portugal incluído, têm estado a levar a cabo. Saem das suas casas, saem das suas zonas de conforto, arriscam-se e de que maneira, dão tanto de si para ajudar quem deixa para trás as suas casas, as suas famílias, as suas vidas.

E os que vão combater? Suspendem a sua vida segura, confortável e previsível para irem arriscar a vida, lutando contra um inimigo poderoso, cruel, bárbaro, inumano. Não sei onde arranjam tanta coragem. Não são apenas os ucranianos, de todas as idades e profissões, que se oferecem para combater: são também os estrangeiros. A força do apelo da liberdade, a vontade de lutar ao lado dos que querem a democracia e ser livres, o forte chamamento que sentem tantos para se colocarem ao lado dos bravos ucranianos que se batem contra Putin, um homem autoritário, um ditador, um nazi.

Sinto uma infinita admiração por toda esta gente valorosa. Emociono-me muito com isto. E, no meu íntimo, desejo, desejo, desejo mil vezes, peço, peço, peço mil vezes que nunca nós, portugueses, nos vejamos envolvidos em tamanho sofrimento e que nunca, nunca, nunca, os meus filhos e os meus netos sofram tormentos assim. Nunca, nunca, nunca.

E o meu coração está com todas as mulheres ucranianas, tão corajosas, tão fortes, tão incrivelmente resistentes que sofrem o sofrimento delas e a tremenda, tremenda, tremenda angústia pelo sofrimento dos seus filhos e netos.

E, ali tão perto, na bela e ainda livre Kiev, dando o peito aos balas, corajoso e inspirador, Zelenskyy. 

Ukraine ‘Will Fight to the Last Soldier’, Says President Zelenskyy



Ukraine’s teenage students prepare to fight the Russian army - BBC News

As Russian forces approach Ukraine’s capital Kyiv, thousands of people are enlisting to defend the city. Among them are teenage students who have set aside their studies to take up arms.

Inside Ukraine's reserve army: 'anxiously waiting for the enemy to arrive'

Many civilians who remain in the Ukrainian capital have signed up to become military reservists, and are busy preparing the city for an expected ground attack by Russian forces.

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Contra a guerra, contra Putin.
A favor da paz.

sábado, março 12, 2022

Ucrânia, terra de gente extraordinária.
Zelenskyy, um inesperado líder europeu, e Vitali Klitschko, um corajoso lutador -- por exemplo

Украина, земля необыкновенных людей.
Зеленский, неожиданный европейский лидер, и Виталий Кличко, мужественный боец ​​-- например

 

No meio desta guerra feroz, inclemente, de uma violência absurda, no meio das chacinas infligidas pelos russos ao povo de cidades ucranianas sitiadas, da tortura da fome e da sede a que Putin está a submeter milhares e milhares de pessoas, apesar das tentativas de homicídio a que os líderes ucranianos têm estado sujeitos, apesar do medo -- medo por eles próprios, pelas famílias e, sobretudo, pelo povo em geral e pelos mais indefesos, em particular --, apesar das dificuldades e dos problemas quotidianos cuja dimensão nem conseguimos imaginar, Zelenskyy, Presidente da Ucrânia e Vitali Klitschko, Presidente da Câmara de Kiev, arranjam maneira de, quase todos os dias, falar aos ucranianos, aos europeus, ao mundo... e aos russos. 

A coragem deste povo é qualquer coisa de extraordinário e de muito comovente. E os seus líderes não apenas honram a valentia dos ucranianos como são um exemplo, um imprevisto e tocante exemplo. 

Ukraine War: 'This is the war, this is the fight' says President Zelenskyy

The Ukrainian President said he understood why the people of Ukraine might be feeling weary - but he tried to galvanise them, saying it was a 'patriotic war'. 

And Volodymyr Zelenskyy appealed to the European Union to do more to help them - calling for more sanctions against Russia, "who must pay every day". 


Mayor of Kyiv Klitschko gives emotive message to Russia and tells Putin 'you will pay'

MAYOR of Kyiv Vitali Klitschko gives an emotive and powerful message to the Russian military and its leader Vladimir Putin. 

The former heavyweight boxer, told Russia's President 'you will pay' for the lives lost of woman and children in attacks on his Ukraine homeland.

Russian forces have been accused of bombing a care home for disabled people in the latest horrific attack on civilians by Vladimir Putin.

quarta-feira, março 09, 2022

I Testify...
-- Carta aberta de Olena Zelenska, a mulher de Zelenskyy, a todos os meios de comunicação social
[Mas quem é Olena Zelenska?]

Свидетельствую...
-- Открытое письмо Елены Зеленской, жены Зеленского, всем СМИ
[Но кто такая Елена Зеленская?]

 

No Dia da Mulher, Olena, a bela e corajosa mulher de Volodymyr, publicou uma carta, um testemunho. Transcrevo-a em língua inglesa, tal como está publicado do site oficial da presidência da Ucrânia:

Recently, an overwhelming number of media outlets from around the world have reached out with requests for interviews. This letter serves as my answer to these requests and is my testimony from Ukraine.

What happened just over a week ago was impossible to believe. Our country was peaceful; our cities, towns, and villages were full of life.

On February 24th, we all woke up to the announcement of a Russian invasion. Tanks crossed the Ukrainian border, planes entered our airspace, missile launchers surrounded our cities.

Despite assurances from Kremlin-backed propaganda outlets, who call this a "special operation" - it is, in fact, the mass murder of Ukrainian civilians.

Perhaps the most terrifying and devastating of this invasion are the child casualties. Eight-year-old Alice who died on the streets of Okhtyrka while her grandfather tried to protect her. Or Polina from Kyiv, who died in the shelling with her parents. 14-year-old Arseniy was hit in the head by wreckage, and could not be saved because an ambulance could not get to him on time because of intense fires.

When Russia says that it is 'not waging war against civilians,' I call out the names of these murdered children first.

Our women and children now live in bomb shelters and basements. You have most likely all seen these images from Kyiv and Kharkiv metro stations, where people lie on the floors with their children and pets – trapped beneath. These are just consequences of war for some, for Ukrainians it now a horrific reality. In some cities families cannot get out of the bomb shelters for several days in a row because of the indiscriminate and deliberate bombing and shelling of civilian infrastructure.

The first newborn of the war, saw the concrete ceiling of the basement, their first breath was the acrid air of the underground, and they were greeted by a community trapped and terrorized. At this point, there are several dozen children who have never known peace in their lives.

This war is being waged against the civilian population, and not just through shelling.

Some people require intensive care and continuous treatment, which they cannot receive now. How easy is it to inject insulin in the basement? Or to get asthma medication under heavy fire? Not to mention the thousands of cancer patients whose essential access to chemotherapy and radiation treatment have now been indefinitely delayed.

Local communities on social media are full of despair. Many people, including the elderly, severely ill and those with disabilities, have been debilitatingly cut off, ending up far from their families and without any support. War against these innocent people is a double crime.

Our roads are flooded with refugees. Look into the eyes of these tired women and children who carry with them the pain and heartache of leaving loved ones and life as they knew it behind. The men bringing them to the borders shedding tears to break apart their families, but bravely returning to fight for our freedom. After all, despite all this horror, Ukrainians do not give up.

The aggressor, Putin, thought that he would unleash blitzkrieg on Ukraine. But he underestimated our country, our people, and their patriotism. Ukrainians, regardless of political views, native language, beliefs, and nationalities, stand in unparalleled unity.

While Kremlin propagandists bragged that Ukrainians would welcome them with flowers as saviors, they have been shunned with Molotov cocktails.

I thank the citizens of the attacked cities, who have coordinated to help those in need. Those that keep working - in pharmacies, stores, public transportation, and social services – showing that in Ukraine, life wins.

I acknowledge those that have provided humanitarian aid to our citizens and thank you for your continued support. And to our neighbors who have generously opened their borders to provide shelter for our women and children, thank you for keeping them safe, when the aggressor has rendered us unable to do so.

To all the people around the world who are rallying to support Ukraine. We see you! We’re here watching and appreciate your support.

Ukraine wants peace. But Ukraine will defend its borders. Defend its identity. These it will never yield.

In cities where shelling persists, where people find themselves under debris, unable to get out of basements for days, we need safe corridors for humanitarian aid and evacuation of civilians to safety. We need those in power to close our sky!

Close the sky, and we will manage the war on the ground ourselves.

I appeal to you, dear media: keep showing what is happening here and keep showing the truth. In the information war waged by the Russian Federation, every piece of evidence is crucial.

And with this letter, I testify and tell the world: the war in Ukraine is not a war "somewhere out there." This is a war in Europe, close to the EU borders. Ukraine is stopping the force that may aggressively enter your cities tomorrow under the pretext of saving civilians.

Last week to me and my people, this would have seemed like an exaggeration, but it is the reality we’re living in today. And we do not know how long it will last. If we don't stop Putin, who threatens to start a nuclear war, there will be no safe place in the world for any of us.

We will win. Because of our unity. Unity towards love for Ukraine.

Glory to Ukraine!

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Imagens daqui
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Quem é Olena Zelenska, a mulher que posou para a Vogue e que é a Primeira-Dama da Ucrânia?







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Este post foi escrito no dia 8, Dia da Mulher, um dia em que tantas mulheres ucranianas sofrem na carne a brutalidade dos crimes de Putin

Que as mulheres que vivem em paz não esqueçam nunca as mulheres que sofrem os horrores da guerra, qualquer que ela seja