Mostrar mensagens com a etiqueta humor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta humor. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, setembro 03, 2025

E não digam que elas não avisaram...


Diziam que estava morto. Vários dias sem aparecer quando toda a gente que se pela por falar aos jornalistas, três conferências de imprensa por dia, e isto numa altura em que as mãos aparecem cheias de derrames (que ele tenta cobrir com base), que se esconde atrás de mesas para ninguém ver os tornozelos inchados a transbordarem dos sapatos. 

Depois, quando apareceu, disseram que os da Segurança andavam a passear o morto. Tornaram-se virais os memes que parodiavam o fim-de-semana com o morto em que o morto era ele, de polo branco, barrigudo, e com aquele boné encarnado ridículo a dizer 'o trump teve razão em tudo'. Depois, quando ele falou mas sem aparecer, disseram que não estava bem, que a voz estava estranha, que mais parecia um tate-bitate a falar, que o mais certo é que tivesse tido um avc. Depois apareceu em pessoa e viu-se que, afinal, não só estava vivo como continuava igual a ele. Vi um pouco: continua repulsivamente megalómano, narcisista, doido varrido. E vingativo e pronto para levar a dele avante, seja lá o que for que lhe passe pela cabeça. 

Os avisos sucedem-se: ele é autoritário, incompetente, ignorante, maníaco, e quer fazer dos Estados Unidos a sua coutada, usar o país em seu próprio benefício. Expulsa e maltrata aqueles que elegeu como inimigos, silencia os que o denunciam, corta financiamentos aos que ousam ter voz própria, despede os que mostram independência. Explicam: foi assim que nasceu o nazismo, foi assim que se espalhou o fascismo. 

Agora meteu na cabeça que ser ser Nobel da Paz e anda a espalhar que já acabou com várias guerras. Começou por falar em quatro, depois passou para seis, agora já vai em sete. Tudo aldrabices sem ponta por onde se lhe peguem. Mais parece um filme cómico, tanto o disparate.

O Putin, então, anda a gozar com ele mas a gozar à cara podre: depois de o tourear no Alasca, agora anda a mostrar que faz dele o que quer e, às claras, mostra quem é a sua turma. Chama a Xi Jinping 'querido amigo' e, na volta, vai dizer o mesmo a Kim Jong-un e aos outros ditadores da grupeta que se juntou em Pequim. Aposto que os amigos do PCP, que tanto defendem Putin e que não conseguem ver porque é que o resto do mundo acha que Kim Jong-u é um ditadorzeco, também gostavam de ter sido convidados. Afinal, sentir-se-iam em casa porque aquilo lá, aquele grupinho de ditadores, é tudo uma maltosa que também abomina a Europa, a democracia, o livre pensamento.

Há muita gente que anda a falar publicamente contra Trump, a denunciar as suas patranhas, as suas jogadas de risco, o seu autoritarismo que não conhece barreiras nem lei. 

Mas hoje trago aqui um grupo de avozinhas que acho o máximo: as extraordinárias Piedmont Raging Grannies. Acho-as o máximo. Quando tendo a cair na desesperança, vejo coisas assim e encho-me, outra vez de esperança. Resistir. Resistir. Resistir. De todas as maneiras.

Tem que se arranjar maneira de furar a tacanhez, a grunhice dos burros do Maga, e, talvez com coisas assim, alguns, sentindo-se gozados, se sintam levemente vacilantes. Não sei. Mas, pela parte que me toca, diverte-me partilhar isto. Tenho a certeza de que no dia em que Trump (e J.D. Vance, esse outro bicho asqueroso que anda danadinho para tomar o lugar do palhaço-mor cor de laranja) caia e os Maga percebam a banhada que é o trumpismo, todos os movimentos populistas que por aí despontam também vão sofrer um revés. O Ventura inflou como inflou alavancado pela vitória de Trump -- é certo que levado ao colo pela Comunicação Social e depois levado em ombros pelo Mentenegro.

Fascist Donald Has a Game  -  Piedmont Raging Grannies


Trump is in the Files  -- Piedmont Raging Grannies

He’s trying everything he can think of to distract from breaking his promise to release the #Epstein files. So, here’s a reminder! 

Vivam as avozinhas! 
-- estas e as de todo o mundo, em especial as que se mantêm vivas, jovens, com a cabeça arejada.

quinta-feira, agosto 21, 2025

Read my lips: Gavin Newsom

 

Finalmente. 

Provavelmente, o próximo presidente dos Estados Unidos. 

Está a lutar com as armas de Trump, no território de Trump. Está a gozar com Trump. À grande. Com a vantagem de ter muita pinta, muita, muita mesmo, enquanto o mentiroso compulsivo, o narcisista doentio Trump é um trapalhão que volta e meia já se mostra meio gagá, só diz parvoíces, todo cor de laranja, todo caneja a andar, todo mãozinhas pequeninas (e, dizem, com outra coisa também muito diminutinha). E com a vantagem de este ter cadastro limpo enquanto Trump é um sujeito condenado, com um historial manchado, enlameado.

Gavin Newsom está a levantar os ânimos dos democratas. Está a resistir contra o autoritarismo, contra o rumo errático, prepotente, desempático e vigarista de Trump. 

Gavin Newsom  está a ganhar um espaço crescente na comunicação social. Com a vantagem que o que faz vem alavancado pelo humor, pelo bom humor, pelo puro gozo. Imita Trump. Imita à cara podre. Imit... e é de gargalhada. 

As pessoas falam nele e sorriem. Ou riem. Ficam bem dispostas. E, geralmente, isso dá vontade de sentir esperança.

Ouço, olho-o e penso: temos homem.

Salve Gavin Newsom .

'Talk about snowflakes': The right-wing meltdown over Newsom's new social media style

Democratic Congressman Eric Swalwell of California, MSNBC Senior Political Analyst Matt Dowd, and MSNBC Senior Political Analyst Alex Wagner join Nicolle Wallace to react to some of Governor Gavin Newsom's most outrageous social media impressions of Donald Trump.

__________________________________________________________________


Gavin Newsom

Só tenho pena de não poder votar lá, essa é que é essa

_________________________________________________________________

Desejo-vos uma boa semana a começar nesta segunda feira.

quarta-feira, julho 30, 2025

Beyoncé responde a Trump

 

Como um bicho atordoado, desatinado, descerebrado, sentindo-se acossado -- com revelações sobre o seu envolvimento no escândalo Epstein a rebentarem como pipocas, em todo o lado, a toda a hora --, Trump vira-se para onde calha e atira ao acaso. 

Ultimamente, para além dos disparates habituais e dos insultos e desconsiderações a adversários políticos ou a gente da televisão (Colbert, Kimmel ou Fallon, por exemplo), deu-lhe para lançar acusações sobre Beyoncé e sobre Oprah a propósito do apoio que publicamente deram a Kamala Harris aquando das eleições, pedindo a sua acusação. Imagine-se o nível a que o desvario já chegou.

Mas se alguns engolem em seco e tentam seguir em frente, outros há que, como foi o caso de Colbert, tiraram as luvas e agora é às escâncaras e sem meias palavras, ou como Beyoncé, que, no programa de Colbert,  é vista num vídeo, colagem de vários momentos dos seus clips, que é, todo ele, uma gargalhada na cara do camelo-mor.

Beyoncé responde ao Presidente Trump

Will President Trump succeed in his latest attempt to distract attention from the Jeffrey Epstein scandal?


Que a democracia consiga sobreviver -- nos EUA e em todos os lugares em que é ameaçada

________________________________

Dias felizes

domingo, julho 27, 2025

O micro pénis


Peço desculpa se choco alguém. Acredito que as almas mais sensíveis, que nunca viram uma coisa desta triste dimensão, fiquem perturbadas. Mas não tenho culpa se a pintora o retratou fielmente.
Make American Great Again’: Illma Gore’s rendition of Donald Trump. Photograph: Courtesy of Illma Gore para o The Guardian

As revelações sucedem-se, as suposições são lançadas na praça pública em catadupa. O passado persegue-o e, quanto mais ele tenta fugir dele, mais ele vem atrás, assanhado, para lhe morder as canelas. Hoje, no Instagram apareceu-me um vídeo em que Katie Johnson que, na altura, 'trabalhava' para Epstein, descreve como foi desvirginada, à bruta, por Trump, tinha ela apenas 13 anos, a idade que a filha dele tinha nessa altura.

No meio deste vendaval, Melania está, como sempre, desaparecida. Deve estar também cheia de medo. Tomara, também sabe demais. Viver com um animal já de si deve ser mau para além da conta. Imagine-se o que será atravessar uma crise destas que remexe num passado que ela também deve querer esquecer.

Trump é um troglodita, um corrupto, um egoísta, um ignorante, um psicopata destituído de empatia, um joguete nas mãos de Putin e de Netanyahu. Trump está a destruir a credibilidade americana, está a minar, pela base, os já de si instáveis equilíbrios geopolíticos, está a fazer mal a milhões de pessoas, está a desrespeitar a dignidade de muita e muita gente, está a agir prepotentemente junto de outros países, está a revelar-se rude e mal educado, está a revelar-se cada vez mais autoritário, vingativo, déspota, está a alimentar o sonho de muitos mini-trumps espalhados por todo o mundo. Parece que talvez por se sentir acossado ou por a idade estar a retirar-lhe alguns filtros, se importa cada vez menos de parecer um fascista, um nazi. E um vendido.

Mas se agora começa a dar mostras de começar a sentir-se encurralado, com o escândalo Epstein a cercá-lo por todos os lados e a toda a hora, a verdade é que, narcisista como é, o ser gozado parece deixá-lo ainda mais fora de si. O episódio em que se goza com o seu micro pénis deixou-o ao rubro. O big guy que se acha o máximo, ver-se assim ridicularizado é, para ele, um vexame que o deixa ainda mais desnorteado. E talvez seja mesmo este o caminho: tirá-lo do sério, pagar-lhe da mesma moeda, ridicularizá-lo a torto e a direito.

Com a malta do MAGA a ficar indisposta e com a trajectória que isto está a seguir, quero crer que o filho da mãe (que agora já quer impor políticas anti-imigração aos países da União Europeia sob pena de nos fustigar com a porcaria das tarifas) não se aguente por muito mais tempo. 

Tentei ter aqui um vídeo que tem dado que falar e que, dizem, anda a deixá-lo de cabeça perdida. Mas não é possível, aparece-me a mensagem que, por ter conteúdo sexual explícito, só se consegue ver no youtube. 

Por isso, se quiserem ver, carreguem AQUI

_________________________________

Desejo-vos um bom dia de domingo

sábado, julho 19, 2025

Maria da Conceição, a dedicada filha e esposa de Manuel Lima

 

Passámos por um sítio que tinha, na parede, um televisor. O meu marido disse-me: 'Filha confessa que casou com o pai'. Estava espantado. Pelo tom com que o disse percebi que estava na dúvida. Se calhar tinha percebido mal, se calhar alguém tinha escrito mal. Mas eu não fiquei atarantada como ele pois, creio que na véspera, já tinha lido o título pois, quando vou googlar no telemóvel, aparecem-me notícias variadas. A notícia era mesmo essa: a miséria na versão mais miserável, mais triste. Uma miséria em ponto pequeno, uma miséria desprovida de tragédia, uma miséria quase comédia.

Voltei a googlar para tentar interpretar o feito. Confirmei: uma vez mais, a realidade supera qualquer ficção. 

Para começar, temos uma Maria da Conceição e só isso já quase garante que a história tem tudo para ser de gritos. Mulher de 68 anos, bem fornida de carnes, amplos seios, cabelo com madeixas, com certeza arranjado para a ocasião, discretamente vestida em tons de azul marinho ou submarino, pregador na blusa, talvez a negar a indiscrição do decote e a marcar a solenidade do momento, a mão segurando o bouquet devido a noiva que se preze. Pelo braço, também enfatuado em azul, colete a preceito, gravata clara para marcar a castidade do momento, lencinho em tons de amarelo-festivo na lapela, Manuel, o pai de Maria da Conceição, 95 anos, não sei se frescos, se acabados mas, pelo menos, andando pelo seu próprio pé.

Ao que se sabe, trocaram alianças. Não sei se selaram o momento com um beijo ou se saltaram essa parte. Também não sei se, no fim da cerimónia, Maria da Conceição atirou o bouquet para saber qual a próxima mocinha a dar o nó, nem sei se terá sido alguma irmã a apanhá-lo.

Quando a notícia estalou, Maria da Conceição candidamente confessou ser precavida e, sobretudo, estratega: antevendo que o seu noivo poderá ir desta para melhor antes dela, para depois poder receber a pensão (presumo que a pensão de sobrevivência ou de viuvez), casou-se com o pai, por sinal viúvo há apenas seis meses. Alega a noiva que foi aconselhada a isso pelos irmãos. Não terão sido todos pois alguns, sabendo das novas núpcias do papá, apresentaram queixa. São 12 ao todo, os filhos do produtivo Manuel. Contudo, para sossego de algumas pudicas almas sempre prontas a apontar o dedo, o noivo assegura que não tem qualquer envolvimento sexual com Maria da Conceição, que o nó teve mesmo apenas interesse financeiro.

Sabendo da polémica, não querendo ser alvo da fofoca alheia, Maria da Conceição já está por tudo, por ela divorcia-se já do pai. Mas não pode, a situação embrulhou-se e embrulhada está. Em sua defesa, diz que dá banho ao pai mas sem qualquer interesse sexual, pois o pai até usa fraldas.

No meio disto, subsiste o mistério: sendo proibido o casamento entre pai e filha, como foi possível que na Conservatória do Registo Civil de Guimarães se estivessem a marimbar para o facto? Enterneceram-se e fecharam os olhos? Ou o quê? 

Para ver se desvendam o mistério, os filhos escandalizados já apresentaram queixa. A ver é se o Senhor Amadeu desta vez também diz que quer que a coisa se resolva rapidamente. Não é por nada, mas não se sabe se daqui por uns dez ou doze anos o Manuel ainda terá a cabecinha fresca para poder responder pelos seus actos.

Coitada da Maria da Conceição.

terça-feira, junho 24, 2025

Sobre o conflito entre os Anjos e a Joana Marques

 

Ando tão numa outra que me parece pura perda de tempo pôr-me a falar de temas que não me interessam. Mas a verdade é que compreendo que quem aqui me visita também já deve estar pelos cabelos com os meus bucolismos e as minhas florzinhas. 

Só que falar dos ataques de uns malucos a uns fanáticos, das retaliações de uns estupores a uns fundamentalistas, de umas ameaças de uns filhos da mãe a uns sacanas de primeira é coisa que me maça. Pá, maça-me mesmo. Mesmo que queira alinhar três palavras falta-me a inspiração para inventar motivações válidas ou reações lógicas. Tudo me parece uma soap opera ensopada em sangue, fragmentada por estilhaços, mas com a agravante de os intervenientes serem uns palhaços, uns trogloditas. Por isso, lamento mas não consigo. 

Acho que ando em modo 'férias grandes'. Quando andava no liceu, aspirava a entrar nas férias grandes em que havia sempre praia com amigos, festas de anos com slowzinhos e bolos incluídos, passeatas e risotas com fartura. E esse espírito parece que desceu em mim e me impede de me deter em temas 'pesados' ou chatos ou absurdos.

Sobre o Governo também não quero dizer nada. Ainda agora começaram, há que esperar para ver. Além disso, quero que, a bem do País, as coisas lhes corram bem. E, no que se refere à oposição, o PS tem que dar ao pedal para se voltar a aguentar em cima da bicicleta, mas há também que lhe dar tempo. Tempo. Aguardar. Não falar só por falar. 

Por isso, querendo não defraudar a paciência de quem aqui vem na esperança de me ouvir a falar de coisas mais actuais e concretas, vou falar do conflito entre uns tais Anjos e uma tal Joana Marques. 

Para começar tenho que confessar que não sou seguidora ou apreciadora nem de uns nem de outros. Do pouco que lhes conheço, a qualquer dos três, não aprecio. Nada daquilo faz o meu género. 

Mas se acho que o que eles cantam não faz mal a ninguém, quem gosta gosta, quem não gosta segue em frente, já do que ela faz não se pode dizer o mesmo.

É humor, dizem. Mas eu, ao pouco que lhe tenho ouvido nunca achei ponta de corno de piada nenhuma. Parece-me apenas uma criatura maledicente, antipática. Haverá quem ache graça a ouvir umas pessoas a troçarem de outras. Eu não acho. Pelo contrário, incomoda-me.

Quando o Ricardo Araújo Pereira põe a ridículo maus desempenhos no exercício de cargos públicos por parte de pessoas pagas por todos nós e que se revelam uns burgessos que não sabem falar, nem estar, nem fazer, não me choca. É gente incapaz cuja profissão supostamente é trabalhar em benefício da população e que, nos vídeos que ele mostra, se revelam uns bimbos que jamais, em tempo algum, deveriam estar naquelas funções. Outras vezes mostra candidatos que pisam o risco, que tropeçam, que se desviam. Mas, lá está, estão a candidatar-se a cargos públicos. Seria bom que fossem exemplares, competentes, acima de qualquer suspeita. Por isso, não me choca que sejam chamados à atenção. E se o forem de forma como ele o faz em que pouco diz, apenas os expõe e, sempre, através de vídeos públicos, também nada a dizer. Não sei se aquilo é humor ou se é crítica social ou política. Mas aceito.

Mas gozar com pessoas que estão no exercício do seu trabalho e no decurso da sua vida, por exemplo por cantarem menos bem, por se vestirem menos bem, por trabalharem de uma forma algo questionável ou seja lá por que for, isso parece-me bullying, maldade, exercício gratuito de maledicência. Forçosamente irá afectar negativamente as vítimas, irá humilhar as pessoas, envergonhá-las, prejudicá-las. Nunca gostei de assistir à troça de uns sobre os outros. Nunca. Se não consigo impedi-lo, afasto-me. 

Tenho observado que meio mundo anda a defender a pespineta Joana Marques. Alega-se que é humor ou liberdade de expressão. Não concordo nem um pouco. O que ela faz é dizer às claras aquilo que os maledicentes fazem à boca pequena, é dizer de viva voz o que tanta gente anónima despeja nas redes sociais. Mas isso não é bom pois a humilhação que inflige aos visados é ainda mais cruel, mais amplificada. 

Dito isto, acho também um disparate a reacção dos Anjos com o recurso à via judicial, com aquele pedido de indemnização. Penso que mostrarem publicamente o seu desagrado e seguirem em frente teria sido mais razoável, mais digno. Assim, o que conseguiram foi o oposto do que pretendiam: são ainda mais ridicularizados. Mais valia terem ficado quietos.

Agora penso que seria interessante que se debatesse sobre o caminho do entretenimento em Portugal. Se ouço algumas rádios, fujo a sete pés: meio mundo diz graçolas parvas, riem-se muito das parvoíces que dizem. Se calha ouvir alguns podcasts, fujo a sete pés: perguntas parvas, respostas parvas, a futilidade como o novo 'normal'. E o endeusamento que fazem desta Joana Marques é outra aberração. Como pode ter tamanho palco uma pessoa que amesquinha os outros, que é gratuitamente desagradável, que causa constrangimento e angústia às suas vítimas? Em que mundo é que aquilo é humor? Gozar com os outros, apoucá-los, é engraçado? Não acho. Acho triste.

Já é tempo de se reconhecer o mérito a quem tem alguma profundidade, a quem consegue falar de assuntos interessantes, desenvolvimentos científicos, arte, experiências sociológicas, a quem consegue falar de assuntos em que haja mérito, a quem revele saber e cultura, a quem tenha graça e delicadeza e bondade -- em vez de dar palco a parvoíces de gente parva que se acha engraçada a expor a sua vacuidade e a troçar com as fragilidades alheias.

quinta-feira, maio 29, 2025

Um frango esquecido e um biquini sem cuecas

 



Posso ter dado a ideia de que esta minha actual vidinha é um absoluto mar de rosas. Se dei, foi involuntário. É que, como em tudo na vida real (e reforço a 'vida real' porque na vida virtual tudo é possível, até a vida ser um imaculado mar de perfeições), não há bela sem senão.

E o senão é simples: quando ambos trabalhávamos, almoçávamos sempre em restaurantes. O jantar era muitas vezes leve, com alguma frequência comprado. Agora a coisa fia mais fino. 

Se calhar, se vivêssemos no centro da cidade, facilmente descíamos até à rua e, mesmo a pé, íamos até à próxima tasca ou poderíamos escolher um dia um restaurante, outro dia um de outro tipo. Morando afastados da urbe e, de vez em quando, imersos no campo mais campo que se possa imaginar, a oferta não está ao virar da esquina. Temos que nos meter no carro e ir. Depois há que estacionar. E depois, chegados ao restaurante, há que ter paciência para esperar. Ora, estamos comodistas. Não temos pachorra para o trânsito, para andar às voltas para descobrir lugar para o carro, para ficar à espera de ser atendidos. Muito menos temos pachorra para comida banal ou pior do que a que faço em casa.

Conclusão: salvo uma ou outra excepção, dia após dia temos que andar a puxar pela cabeça para saber o que se faz para o almoço, o que se faz para o jantar. Como queremos fazer uma alimentação saudável, tudo o que são frituras, refogados puxados, coisas gordas ou com molhos calóricos, estão fora dos cardápios diários. Ora, às vezes falta-me a imaginação.

Esta quarta-feira, para o almoço tinha feito um arroz de chambão com legumes. Para o jantar não sabia o que fazer. Queremos sempre coisas leves ao jantar mas estava sem pica nenhuma, incapaz de ter ideias. Como tinha que ir ao supermercado, pensei que podia comprar lá um frango assado, depois fazia um arroz e uma salada e estava feito. O meu marido achou bem.

Lá fomos. 

O meu marido ficou cá fora para aproveitar para dar a volta higiénica com o cão-fofo. 

Lá dentro, fui pondo no carrinho o que precisava: cebolas, cenouras, tomates, alface, pão, kéfir, iogurte grego natural, requeijão, chocolate preto. Trouxe também atum e salmão congelados. E mistura chinesa congelada. Resolvi também trazer, para experimentar os gelados de pistácio revestidos a chocolate pois o pessoal mostrou abertura para experimentar e, ao fim de semana, no verão, contam sempre que haja gelados no congelador. Depois, vi lá uma tshirt branca de um tecido que me pareceu interessante e a um preço baixo. Pareceu-me que estaria talvez grande demais mas, sendo branca, mais vale larguinha que justa. Trouxe. E vi um biquíni que me daria jeito pois, para aqui apanhar sol, só tenho um. E o preço também me pareceu bom. Trouxe.

Ao chegar à caixa, uma fila dos diabos, um tempo do caraças à espera. 

Quando cheguei ao carro... upssss... tinha-me esquecido do frango assado... E, com aquelas filas, impossível lá voltar.

O meu marido ficou desconcertado: 'E agora? Praticamente era esse o motivo da vinda ao supermercado... Pões-te a ver tretas e esqueces-te do fundamental.'. Respondi: 'Trouxe bife de atum... Posso fazer... ou salmão...'

Pela cara, vi que não estava muito para aí virado. Felizmente, tive uma ideia: como ele ia aproveitar a 'viagem' para ir a uma estação de serviço, pensei que talvez lá vendessem frango assado. 

E tive sorte. Mas só havia uma metade. Receei que fosse um despojo. Perguntei: 'É recente?' O rapaz olhou para mim muito admirado. Ocorreu-me que estava na dúvida se eu me estava a referir a ele próprio. Esclareci: 'Pergunto se o frango é recente...'. Mesmo assim não devo ter esclarecido bem, ou, então, não estava seguro do que responder. Disse-me com o que me pareceu fraca convicção: 'É...'

Chegados a casa, ao arrumar as compras, com um certo desconforto constatei que a embalagem do biquini afinal correspondia apenas ao soutien. Pelos vistos, vendem as peças separadas. Senti-me frustrada. É que, quando lá regressar, já não devo encontrar a parte de baixo à venda.

Mas, vejamos as coisas pelo lado positivo: com a mistura chinesa fiz um belo arrozinho e o frango afinal ainda estava quentinho e era bem saboroso.

_____________________________________________________

E, com esta conversa fiada, pela qual me penitencio, poupo-me a falar sobre os resultados dos votos dos emigrantes e sobre a confirmação de que o Chega é o 2º partido do meu País. Espero que façam a caridade de me compreender.

_______________________________________________________

Imagens obtidas via Sora (IA)

______________________________________________________

Dias felizes

sexta-feira, abril 25, 2025

Montenegro e Ventura -- um debate falhado.
De qualquer forma, conclui-se o que já se sabia: estão bem um para o outro

 

Uma chachada entre dois populistas. Volksvargas sempre em cima do acontecimento.

Resumo do debate para quem não assistiu. 

Montenegro e Ventura, dois que tais

Um namoro não assumido ou uma saída do armário à vista...?

quinta-feira, abril 17, 2025

Sobre a mais recente ingerência do Ministério Público numa campanha eleitoral não me apetece cansar a minha beleza.
O que é que move aquela malta: é um ódio rebarbado ao PS ou estão a soldo de alguma força que quer destruir a democracia? Ou é, simplesmente, gente perturbada?
Não sei e gostava que alguém bem informado nos explicasse esta grande pancada.
Entretanto, para não falar nisto, vou antes falar num outro maluco encartado.
Trump quer ficar mais uma carrada de anos mas, cá para mim, os americanos arranjarão maneira de se livrar dele mais dia menos dia

 

Ou os bilionários que lhe pagaram a campanha ou os tribunais que ainda funcionam ou os estudantes em peso ou a malta que deixe de conseguir pagar o básico ou os democratas que, vitaminados pelo jovem Bernie Sanders e pela carismática Alexandria Ocasio-Cortez, acordem para a vida e façam levantar a indignação ou todos juntos conseguirão afastar a besta que está à frente dos Estados Unidos.

Hoje, no ginásio, enquanto estava a fazer a passadeira, ia olhando para a televisão onde passava o estupor a dizer as maiores alarvidades -- e pensava que o mundo é mesmo um lugar deveras perigoso para que aconteça a irracionalidade de milhões de pessoas terem votado numa besta daquele calibre, apesar de tudo o que já se conhecia dele.

Mas, enfim, não consigo acreditar que a situação de caos que Trump criou se consiga manter por muito mais tempo. É que ainda por cima, irracional como um animal burro e desencabrestado, torna a ordem mundial completamente imprevisível. 

Entretanto, toda a gente que goze com ele é bem vinda, seja nos Estados Unidos seja no resto do mundo.

“Billionaires Are Actually Good” - Stephen Colbert feat. Alan Cumming

Stephen Colbert performs a special song for the richest people in the world, in the hopes of getting them out of our lives for good. Special thanks to Alan Cumming for hopping on the track!  

Fees, Fees, Fees, - A Randy Rainbow Song Parod


_________________________________________________

Seja como for, recomendo a leitura de:

quarta-feira, abril 09, 2025

Aplicações de engate

 

Nunca entrei no Tinder nem em qualquer outra aplicação de encontros (ou melhor, de dates). Nem sei dizer o nome das demais apps pois desconheço. Como não ando à procura de parceiro é coisa que nem entra no meu radar. Mas, mesmo se andasse, tenho sérias dúvidas de que me arriscasse. 

Imagina que encontrava alguém conhecido? Seria a modos que uma barraquinha das antigas, imagino. No meio da atrapalhação nem sei se teria cabeça para engendrar uma desculpa que não parecesse esfarrapada. "Ai, tu também por aqui? Na fotografia não deu para perceber que eras tu... E usaste outro nome... Mas eu estou aqui só porque estou a recolher informação para uma tese de mestrado. Não é para o que estás a pensar..." E ala moço que se faz tarde. 

Mas, pior que isso, uma pessoa vai encontrar-se com alguém que não sabe se é maluco, se é malcheiroso, se é um chato dos antigos? É que nem imagino o horror que deve ser uma pessoa expor-se, apresentar-se num encontro e depois dar de caras com alguém de quem tem vontade de fugir no instante seguinte. Como é que descalça a bota? Assume que não suporta e raspa-se imediatamente? Ou finge que está a gostar e aguenta o mais que pode até que consegue inventar uma desculpa? Ou, pior, muito pior, o risco que é se o fulano aparenta normalidade e, quando uma pessoa já está com as defesas em baixo, dá uma abébia e o fulano acaba por se mostrar um tarado da pior espécie...

Não. Nem pensar.

Para mim, para escolher alguém ou seria na base do amor à primeira vista -- mas aí teria que ter a sorte de o encontrar... e onde é que andam os homens desirmanados...? Não faço ideia... -- ou teria que ser uma coisa em que pudesse seleccionar, eles em exposição. E por exposição estou a referir-me a uma coisa como um programa de televisão que há -- há ou havia, pois há muito tempo que não me aparece -- em que põem uns quantos homens nus, um em cada cabine, e a mulher vai eliminando sucessivamente os candidatos deixando para o fim o mais convincente. 

Vendo o vídeo da Beatriz Gosta, percebo-a perfeitamente. Sou como ela: niquenta até à quinta casa. Não suporto maçadores, saloios armados em bons, azeiteiros, mal vestidos, demasiado bem vestidos, empedernidos, armados em engraçados, cheios de paranoias, armados em parvos, feios, aparadinhos demais, demasiado sonhadores, demasiado musculados, chonés de todo, mirradinhos e encarquilhados, cheios de teorias de cão de caça, parvalhões sem uma ideia na cabeça, narcisistas, mimados, frustrados, gordos que nem baleias e todos transpirados, a cheirarem a tabaco que tresandam, encharcados em perfumes rascas, etc. Etc. Etc. Mas ponham esmo muitos etcs nisso. 

Agora onde param os que se aproveitam e que estão disponíveis, isso eu estou como ela, também não faço ideia onde andam.

E, assim sendo, porque ainda não estou numa de comentar debates ou de cansar a minha beleza com as trapalhadas de alguns dos biltres desta praça, aqui está a Beatriz Gosta com quem sempre me divirto. Quando houver um debate que me inspire, aqui estarei para dizer de minha justiça.

Apps de engate - Beatriz Gosta

Desejo-vos uma bela quarta-feira

sábado, março 29, 2025

Outra confissão: ando a consumir canábis

 

Com o sol, o caracol põe os pauzinhos ao sol. E eu, que não tenho pauzinhos (pelo menos que saiba), faço outra coisa: tiro a roupa. Fui buscar o fato de banho, o chapéu de palha e dois livros. E acomodei-me na espreguiçadeira. E pensei: a felicidade pode ser isto.

Os livros são 'Os níveis da vida' de Julian Barnes, um escritor muito do meu agrado e 'Conversas com escritores' de Isabel Lucas. Interessantes. Fotografei-os e alimentei o feed do Instagram (entre outros feeds e outras stories que produzi... Ah o maravilhoso mundo do Insta, tudo tão instantâneo, tão easy...)

Não obstante o interesse dos livros, por momentos deixei descair o chapéu para cobrir parte da cara e deixei que o sono me tomasse nos braços. Estou em crer que coisa na base da rapidinha. Mas soube-me lindamente. Depois retomei a leitura, e com mais gosto.

Ao meu lado, o cão, também feliz. Depois de chuva e frio e vento, eis que a benfazeja primavera nos visita e nos puxa para fora de casa.

Devo ainda acrescentar uma outra informação. Agora que tenho Instagram, informo-me e desinformo-me a uma velocidade estonteante, quase como se ingerisse bebidas alcoólicas sob a forma de shots, naturalmente bebidos de penalti. E uma das coisas que me aparece recorrentemente é como é bom o óleo de rosa mosqueta. Já antes tinha sabido disso em vídeos brasileiros. Como no outro dia fui ao supermercado, fui à procura. E encontrei. Ao lado, vi outros óleos, entre os quais o de canábis. Apesar de desconhecer as respectivas virtudes, resolvi trazer também. Pensei: deve acalmar a pele. Não que andasse com a pele enervada... mas aumentar a calma é bom, até para a pele -- pensei.

E, claro está, mal chegou a altura de aplicar um creme no rosto, misturei-lhe umas quantas gotas de óleo de canábis e lá vai disto. Não gostei especialmente do cheiro. Mas, misturado com o creme, deixou de se sentir.

E no dia seguinte voltei a pôr. E gostei. Mas, às tantas, pensei: 'Mas será que aquilo se pode misturar com um creme qualquer? E será que não se destina a outro fim que não o que lhe estou a dar? E será que a dose é à balda?'. Ocorreu-me: imagine-se que é para pôr diluído em qualquer coisa num ambientador... Então resolvi ir investigar no ChatGPT.

Começou por me dizer que não contém THC (a substância psicoativa da maconha). Fiquei um bocado espantada. É que não me tinha ocorrido que pudesse ter. Havia de ter graça pôr aquilo na cara e ficar in the sky with diamonds. Mas não. Tranquilo. E afinal é coisa mesmo com virtudes.

✅ Hidratação intensa, sem deixar a pele oleosa.

✅ Rico em antioxidantes (vitamina E, ômega 3 e 6), ajudando a combater rugas e flacidez.

✅ Estimula a produção de colágeno, melhorando a firmeza da pele.

✅ Ação anti-inflamatória, ideal para peles sensíveis ou com rosácea.

✅ Equilibra a oleosidade da pele, ótimo para quem tem tendência a acne mesmo na maturidade.

Claro que recomenda que se aplique antes no pulso para testar eventuais alergias. Nunca o faço pelo que desta vez ainda menos pois já andava a aplicá-lo, sem quaisquer complicações. E estava a aplicar correctamente. Ainda não vi efeitos nenhuns mas, na volta, é como em tudo o que se refere à beleza: o que interessa é o interior.

Mas, portanto, agora já não posso dizer que nunca tive qualquer contacto com o canábis. Nesse particular, perdi a virgindade.

Isto já para não falar do que inalo -- e não é pouco -- quando passeio na Costa, em especial ao fim do dia, em especial ao fim de semana, em especial em frente de algumas esplanadas. Não há maresia que lhe faça frente, tanta a concentração...

Mas, pronto, é isto. Viva a primavera. E vai mudar a hora que é outra mais-valia. Portanto, vendo bem, viva mas é a vida.

sexta-feira, março 07, 2025

Vladdy Daddy

 

The Lincoln Project is a leading pro-democracy organization in the United States — dedicated to the preservation, protection, and defense of democracy. Our fight against Trumpism is only beginning. We must combat these forces everywhere and at all times — our democracy depends on it. 

quinta-feira, fevereiro 13, 2025

Cenas da vida de uma cabeça desmiolada

 

Como já contei, tenho andado muito ocupada. Só me sento em frente da televisão à hora de jantar ou depois disso ou, às vezes, enquanto almoçamos. 

Hoje, no ginásio, já foi mais a doer. Já ponho a passadeira com uma certa velocidade (hoje há a pus a 5,5 km/h), já a inclino (hoje fui a 8), e até já consigo manter-me a andar em cima sem me apoiar, só com equilíbrio. O pior é quando saio de lá, parece que venho do alto mar. Tenho que me agarrar. Almareada, almareada...

E, nas máquinas de braços e pernas, já ponho mais pesos, mais resistência. É bom, tenho-me sentido bem. Mas hoje não conseguia destravar uma máquina que é de abrir e fechar as pernas. É suposto estar sentada, encostada, e depois abrir as pernas em tesoura. Mas é preciso fazer força. Mas primeiro é preciso destravar aquilo e eu não estava a conseguir. Então desmontei-me e puxei a patilha para aquilo abrir. A minha ideia era montar-me nela, já com as pernas abertas. Está bem, está. Estava ao lado dela a ver como era aquilo, puxei por uma patilha, aquilo soltou-se e apanhei com um dos suportes a toda a velocidade na minha perna. Doeu-me a valer. A ver se não vou ficar dorida. Depois também não consegui subir para a cadeira com os dois suportes abertos. Umas figurinhas... O que vale é que o instrutor veio em meu socorro.

Depois, quando chegámos, fomos fazer a caminhada com o dog de guarda. Venho de lá com a pica toda, só me apetece caminhar a toda a velocidade.

Mas depois, à chegada, aconteceu uma coisa: à hora de almoço tomo um suplemento para manter as articulações em bom estado, sobretudo as dos joelhos (sulfato de glucosamina, receitado pelo médico, claro). A dose daquilo são 2 comprimidos por dia (2 x 750 mg), depois da refeição. Tomo-os ao almoço. Claro que é frequente esquecer-me. Então, para ver se não me escapam, passei a levar o frasco para a mesa. Mas como estamos geralmente a conversar ou a ver televisão, acontece que os tome mecanicamente sem dar por isso e depois, passado um bocado, já não sei se já os tomei ou não e, por via das dúvidas, não os tomo. 

Passei, então, a ter a disciplina de tirar os dois comprimidos da embalagem e, portanto, enquanto ali estiverem é porque ainda não os tomei. 

Muito bem. Assim funciona.

Claro que o meu marido se passa pois não percebe porque não sou mais disciplinada e porque não presto mais atenção. Isto é o género de coisa que com ele nunca aconteceria.

Só que hoje me distraí e deixei lá ficar o frasco. E estava ali a almoçar, na boa, conversando, e então peguei nos comprimidos fora da embalagem e tomei-os. Mas, no instante em que os engoli, reparei que o copo estava quase vazio e que o frasco estava mesmo ao lado do prato e tive a nítida sensação que já os tinha tomado. Ou seja,, em vez, dos 1500 mg máximo por tia, tinha tomado, o dobro, 4 compridos, 3000 mg. Mas já estava.

Ainda pensei ficar bem caladinha para não ouvir o meu marido. Mas depois receei que aquilo tivesse consequências e era melhor avisá-lo. E li a bula. Diz que em caso de se tomar mais do que a dose máxima, se deve contactar o médico ou o farmacêutico com urgência. Claro que o meu marido queria logo que eu ligasse para a Saúde 24. Só que eu não sabia (e não sei) se fiz disparate ou não.

Fui então ao ChatGPT, where else

Disse-me que o sulfato de glucosamina é razoavelmente seguro mas que devia hidratar-me bem e ficar atenta a dores de cabeça, náuseas, vómitos, sonolência excessiva. Se isso acontecesse deveria ir às Urgências. Portanto, por causa das coisas, bebei logo, de penalti, uns dois ou três copos de água. 

Felizmente não tive nada de mal mas tive que ir a correr algumas vezes para a casa de banho, aflita para fazer chichi. E, pelo meio, adormeci. Mas estou bem.

A partir de agora já não levo a embalagem para a mesa. Tiro os comprimidos e levo-os, só a eles, para a mesa. 

Isto para que se veja: entre paginar documentos, editar livros, alimentar a conta do instagram e perceber como por lá se navega e mais as ginásticas e o resto, não me sobram neurónios para atinar com os comprimidos...

E é isto.

Ia falar do Musk com o filho às cavalitas a fazer o Trump de parvo mas agora já não vem a propósito. Já não são horas para me pôr a falar de distopias.

terça-feira, fevereiro 04, 2025

Quanto tempo o tempo tem

 

Ontem e hoje dias de reencontros, daqueles em que as pessoas se lamentam dizendo que é pena é que seja nestas alturas que a gente se encontra. Pois. E despedimo-nos a dizer que 'temos que combinar qualquer coisa.' Mas depois o tempo passa.

Em pequenos grupos, vai-se conversando. Onde eu estava, conversas de médicos, vários, racionalizando, descrevendo as maleitas que vão aparecendo com o tempo, constatando o óbvio: chega a uma altura em que, se a pessoa vive, é apenas para morrer mais devagar.

E, ao mesmo tempo, duas jovens mamãs, cada uma com os seus dois filhos, idades variáveis entre os 4 anos e os 4 meses. As crianças não sossegam e as mães tentam que os filhos não se magoem. O bebé, agasalhado, no carrinho. Entraram há pouco para a passadeira rolante que é a vida. Correm, brincam e riem ao mesmo tempo que outros choram quem acabou de sair dela, alguém para quem a linha do tempo se extinguiu.

Revi também uma 'rapariga' que apenas reconheci pela mãe. A mãe manteve as feições mas ela está muito diferente. Devia ter cinco, seis, não sei, devo ter-me encontrado com ela até ela ter uns nove ou dez anos. Agora, se calhar uns quarenta e tal anos depois, quando a abracei tratei-a pelo diminutivo com que a tratava. Espantaram-se. 'Ah, ainda te lembras...'. Claro que me lembro. Sorrimos: continuamos a tratar-nos assim. Não faz sentido tratarmo-nos de outra maneira, o afecto que nos une é o mesmo de quando éramos pequenas.

Mas o tempo passa. 

Disseram-me: 'Há um ano passaste tu por isto.'. Pois foi. E desatei a chorar. 

As flores que a minha filha lá pôs há um ano, ainda estavam boas e deixei-as ficar. Juntei-lhes outras. Com carinho, ajeitei-as. Mas, na verdade, é um gesto simbólico. Mais flor, menos flor. Para mim, a minha mãe não está ali, nunca esteve. O que ela era, a nível material, o que sobrou, diluiu-se na terra (e ainda bem que assim é). O que ela era, imaterial, vive ainda em nós. E está ainda bem vivo.

Mas, enfim. É o que é. É a vida. É o tempo que passa. Nada a fazer. São as circunstâncias da nossa condição humana, finita, efémera.

----

Por isso, adiante. Para a frente é que é caminho.

Para que não me fique um travo a uma certa tristeza, talvez a uma certa impotência, se não levarem a mal, a ver se espaireço, vou ter com a Philomena CunK que tem aquela maluquice irreverente que me agrada.

Philomena Cunk on Time – A Deeply Confusing Investigation | Moments of Wonder

What is time? Can we see it? Can we touch it? And if we stop all the clocks, does time stop too? In this hilarious episode of Moments of Wonder*, Philomena Cunk takes a *very serious (but mostly wrong) look at the concept of time.  

Join Philomena as she visits the Greenwich Clock Museum to investigate what clocks actually do, asks experts deeply confusing questions, and delivers her trademark deadpan wisdom on one of life’s biggest mysteries.  

⏳ Prepare for an educational experience like no other—because after watching this, you might know even less about time than you did before.  


Desejo-vos dias felizes

sábado, janeiro 11, 2025

O outro quer comprar a Gronelândia, anexar o Canadá e o mais que lhe der na bolha.
E o que isto tem de bom é que é um maná para quem tem sentido de humor.
Conan O'Brien foi até à Gronelândia ver se ia já fazendo negócio e o Anderson Cooper ri a bom rir.
Se o pato cor-de-laranja resolver comprar os Açores (certamente por tuta e meia), vai ser um fartote para o Herman, para o Ricardo Araújo Pereira e para essa malta toda.

 

Tenho muita dificuldade em processar o que está a passar-se. 

Por exemplo, nunca consegui entender bem o que levou Putin a marimbar-se para o Direito internacional e a avançar sobre a Ucrânia, sempre me pareceu coisa de doidos, de gente delirante, de psicopatas encartados, algo de que qualquer país teria meios para se se defender. Mas não. Também nunca percebi como é possível que os próprios russos não consigam demarcar-se do crime em curso ou forçar a queda de Putin. 

E ainda estava eu a digerir esta maluquice quando acontece o impensável: os americanos elegem o criminoso e tolo e parvo e narcisista e imprevisível Trump. 

E quando ainda estamos a digerir esta vitória e a impensável atribuição de um poder desmedido a outro maluco que já tinha poder mais do que suficiente, Elon Musk, eis que Trump, ainda antes de ser eleito desata a fazer afirmações indigeríveis, malucas para além da conta.

O mundo divide-se entre levá-lo a sério ou parodiá-lo. Mas a verdade é que, com estes delírios, de certa forma Trump legitima a actuação de Putin.

Tantos séculos de civilização, tantos avanços científicos, tantas teorias filosóficas e tantos estudos psicológicos, e, afinal, damos por nós de boca aberta sem perceber bem o que falhou, em que momento se iniciou esta deriva em que as pessoas parece que preferem ser governadas por mentirosos, por cínicos, por gente ameaçadora, gente doida. 

Mas, enfim, os tempos não vão fáceis a vários outros níveis e tomara que nos aguentemos até que o mundo volte a avançar com um mínimo de racionalidade.

E que o humor nunca nos falte, que a capacidade de nos rirmos jamais se extinga.

Conan's Greenland weather report cracks up Anderson Cooper

Conan O'Brien talks with CNN's Anderson Cooper about his visit to Greenland after President Donald Trump said he wanted to buy it, and showed video of him presenting the local weather forecast in the native Greenlandic language.

sexta-feira, janeiro 10, 2025

Diane Morgan: Philomena Cunk adoraria entrevistar Elon Musk.
E eu adoraria ver.
Mas, por enquanto, fico-me pela descrição do meu dia na capital

 

Hoje o nosso programa de festas levou-nos para os interiores da capital. 

Nado e criado em Lisboa e toda a vida aí tendo trabalhado e eu própria tendo ido viver para Lisboa com 17 anos e tendo igualmente trabalhado aqui até há pouquíssimo tempo, tendo ambos que circular, frequentar e estar por dentro dos circuitos da cidade durante toda uma vida, vemo-nos agora incomodados com o trânsito, com o estacionamento, com a barafunda dos dias úteis.

Ia eu a andar e diz-me o meu marido: 'Olha lá, não estás ao pé de casa, não podes andar no meio da rua ou atravessar sem ser nas passadeiras ou sem que o semáforo esteja aberto'. E, de facto, até parece que estava esquecida. Como se morasse na província, longe de carros e confusões, e nunca tivesse andado no meio de Lisboa, ali estava eu, completamente descuidada.

Mas isto de andarmos ali a pé foi quando tínhamos conseguido encontrar onde deixar o carro.

Tínhamos ido confiantes para o local onde tínhamos o nosso compromisso, sabendo que, se não encontrássemos lugar por lá, teríamos sempre o grande parque ali perto. Pois, pois. Lugar na rua nem vê-lo, tudo, tudo, tudo cheio. Dirigimo-nos ao parque. 'Completo'. Ficámos estupefactos. Como o parque é grande e tem várias entradas, pensámos que talvez numa outra ponta tivéssemos mais sorte, até porque, entretanto, poderia ter saído algum carro. Pois, pois. 'Completo'. E com isto já estávamos a ficar em cima da hora. Por milagre, enquanto andávamos naquela demanda, saiu um carro e lá estacionámos. Um preço exorbitante. Afinal aquela deve ser das zonas mais centrais e mais caras de Lisboa. 

Esse assunto resolvido, lá fomos.

Muito restaurante novo, muita loja, muito movimento. E digo isto agradada. Uma vez mais me senti turista num território que deveria ser-me relativamente familiar.

E sendo hora de almoço, íamo-nos cruzando com as pessoas saídas do seu trabalho, aceleradas, outras conversando entre amigos, aquele movimento pleno de ocupação de quem vive essa rotina diária. 

Gostei de ver e lembrei-me de como até há tão pouco tempo eu também andava sempre apressada, querendo rentabilizar todos os minutos. Agora senti-me uma mera observadora e tive vontade de estar com máquina fotográfica a captar o bulício cosmopolita, pois aquele é todo um mundo, com os seus padrões.

Depois do demorado e excelente almoço, passeámos por ali. Às tantas lembrei-me de ir dar uma espreitadela a um dos grandes centros comerciais que ali marca a geografia. Dirigi-me para a porta por onde costumava entrar. Não encontrei. Era a porta de um banco. Não percebi. Dirigi-me para a porta principal. Era a porta do mesmo banco. Tudo aquilo agora é o banco, o centro comercial evaporou-se. Se calhar isso já aconteceu há algum tempo mas ou tenho andado distraída ou só se vê aquilo que se quer ver. Não sei.

Assim como assim, depois de passearmos por ali, ao passar por uma Zara com letreiros de saldos, não resisti. E não resisti a uma camisa/casaco altamente colorida, uns brincos gigantes e altamente aparatosos e uma coisa que creio ser uma pulseira com uma flor gigante. Não preciso de nada disto, claro. Mas a moda é assim mesmo, a atração pelo inútil.

Só que é mais do que isso. Quando eu era miúda, gostava de usar roupas coloridas e adereços vistosos. Mas pouco havia disso, com excepção do que se arranjava nos Porfírios. Mas muitas vezes, diziam-me que eu ainda não tinha idade para usar coisas assim. Depois, já devia ter juízo para usar coisas assim. Depois, não eram coisas apropriadas para ir trabalhar assim. Depois já não tinha idade para coisas assim.

E agora atingi o estado de espírito em que me dá igual. Se gosto de uma coisa, seja altamente colorida, altamente vistosa, altamente exuberante, uso e quero cá saber se alguém acha ou diz o que quer que seja.

Depois fui ter com o meu marido. Vi-o de longe. Estava perto do carro a tentar descobrir-me, certamente receoso de que eu não conseguisse dar com o carro ou me tivesse 'perdido' e recaído ao consumismo.

E, por fim, mais para a tarde, apanhámos um trânsito absurdo e voltámos a lembrar-nos das muitas horas de vida que perdemos em infinitas filas (horas? dias! meses! anos de vida).

Com isto tudo, claro que agora não me apetece falar de temas concretos ou sérios. Aliás, estou com um sono tramado, até parece que fiz uma grande expedição.

Mas não quero ir-me sem partilhar convosco esta entrevista da extraordinária Diana Morgan (que diz que tem 99% de Philomena Cunk) a Stephen Colbert. Uma graça. 

Haja humor. Gente inteligente com vontade de rir (mesmo que sabendo conter-se) é uma lufada de ar fresco.

Diane Morgan: Philomena Cunk Would Love To Interview Elon Musk
The Late Show with Stephen Colbert

Diane Morgan, who plays the brilliant documentarian Philomena Cunk on her show, "Cunk on Life," says Elon Musk is at the top of her interview wishlist. "Cunk on Life" is streaming now on Netflix. 


quinta-feira, janeiro 09, 2025

Compreender as coisas difíceis --- ou rirmo-nos delas...?

 

Devo dizer que uma das coisas que academicamente mais gostei de estudar foi a Física da Matéria, a Física Quântica, a Física das Partículas Elementares. Acontecia-me por vezes atingir aquele patamar de prazer em que tudo flui de uma forma orgânica, em que a matéria e a ausência dela, a ciência e a poesia, o que percebemos ser infinitamente pequeno e o que intuímos ser infinitamente grande se tocam, se interpenetram. Dito assim, pode parecer disparate ou impossível, pode parecer um daqueles absurdos em que nem dá para a gente se deter. Acredito que sim. Mas é a verdade, era o que sentia.

Numa altura em que não havia internet nem as Amazons desta vida, eu mandava vir livros de fora, da Universidade de Berkeley, por exemplo. Tudo o que lia era fascinante para mim.

Hoje já não acompanho estas matérias pois a minha vida profissional levou-me para outros universos. Mas são ainda temas que vejo como belíssimos, atraentes, mágicos.

Tenho contudo um apontamento que aqui quero deixar: que me lembre quer os meus professores de Física quer os dos meus filhos sempre foram um bocado esquisitos, alguns até meio amalucados. 

E tive um colega, bom amigo, com quem fiz inúmeras viagens de várias horas cada que tinha uma prima maluca. Mas maluca de ter que ser internada no Júlio ou de os vizinhos chamarem a polícia dado o banzé que ela fazia em casa, com vassouras a bater na parede para caçar bichos imaginários. Por diversas vezes ouvi os telefonemas entre eles. O telefone ia em alta voz e eu ia encolhida para não soltar um espirro ou uma gargalhada que denunciasse a minha presença no carro. E eram as conversas mais delirantes que se possa imaginar. Professora de Física.

O que hoje aqui trago tem um pouco a ver com isso. Ou não.

Philomena Cunk é das personagens que mais me agrada na actualidade. Tem aquele toque de surrealismo, de humor, de destempero que me agrada por demais. Diane Morgan consegue, quando encarna a desconcertante Phiomena Cunk, dizer as coisas mais inesperadas, mais malucas, mais hilariantes. E sem se desmanchar. Claro que aqueles que ela entrevista ficam, frequentemente, de cara ao lado, sem saberem minimamente como reagir. Outras vezes riem-se. 

Acho delicioso. 

Philomena Cunk encontra-se com o Físico Teórico Professor Jim Al-Khalili 
| Cunk on Life - BBC

Pioneering documentary-maker Philomena Cunk (Diane Morgan) returns with her most ambitious quest to date; venturing right up the universe and everything, to find the definitive answer to the ultimate question – the meaning of life.

terça-feira, dezembro 31, 2024

Olha, afinal o Três Cabelos não está afim de ir fazer não sei o quê. Esteve o Mentenegro e os seus espertos a fazerem uma lei toda xpto para acomodar o seu ordenadão e, afinal, agora ainda mais esta... Tudo trabalhinho bem feitinho...

 

Durante larga temporada a Rosa Linda, aka Três Cabelos, teve assento aqui no UJM. Nos aúreos tempos do macho alfa, Láparo de seu nome, no Governo e do zero à esquerda, Carlos Costa de seu nome, no Banco de Portugal, o Rosalino era um ilustre representante do grupo dos mais inspiradores personagens.

Saudosista como tem revelado ser, o Mentenegro, não podendo contratar nem o Láparo nem o Carlos Costa, resolveu ir desenterrar os Três Cabelos para uma função curiosa cujos contornos não se conseguem percebe bem. À pressa, às vésperas da nomeação ser conhecida, soube-se de uma lei mal parida às pressas para garantir que lhe conseguiriam pagar os confortáveis milhares de que a Rosa Linda se alimenta. A essa lei, se vingar, proponho que, doravante, se chame Lei Rosa Linda (isto por decoro, senão era mesmo a Lei dos 3 Cabelos).

E ainda hoje vi uma notícia maravilhosa, certamente daquelas coisas que saem do Governo directamente para os títulos dos noticiários, em que se dizia que, com o ordenado do Rosalino, até se ia ficar a poupar. Deu-me cá uma vontade de rir... Fez-me até lembrar uns colegas que tive, uns vivaços, que, quando tinham que gastar 1 milhão, apareciam na Administração a dizer que era coisa para valer 4 ou 5 milhões e que, graças às suas árduas negociações, tinham conseguido a pechincha de 1 milhão. Diziam eles que, no calor da barafunda e da argumentação, a malta ficava era toda contente por poupar uns quantos milhões, até se esquecendo de questionar se era mesmo preciso gastar aquilo ou se, em vez de 1 milhão, não se conseguiria fazer a festa por meia dúzia de euros. Assim esta brincadeira dos Três Cabelos. Ia Ia-se poupar, diziam eles. Ia-se, ia-se...

E eis que agora vejo que a Rosa Linda arrepiou caminho, parece que já não lhe assiste ir trabalhar para o Mentenegro com toda a gente a questionar os 15.000 de ordenado. Não está para isso.

Chatice. E eu que já me preparava para andar em cima dele, curiosa que estava para ver o que tão esperta criatura iria fazer... 

Enfim. É apenas mais uma. Barracas atrás de barracas.

----- ----- -----

E isto há coisas. Logo que se conheceu a composição do Governo escrevi aqui que algumas pessoas que me são próximas conhecem alguns dos indigitados e que, em todos os casos, afiançavam que a competência, a experiência e, em alguns casos, as próprias características dos ditos permitiam ter a certeza que iriam fazer zero ou menos que isso.

Pois bem. Assim tem sido. E há pouco, nas notícias, vi uma dessas pessoas. Estava numa reunião e indubitavelmente estava aos papéis. Não vai fazer nada e, se calhar, é bom que nada faça pois, se fizer, será certamente pior do que se nada fizer.

-----     -----     -----

E um disclaimer: hoje também não vou responder a mails -- e já são vários, e a todos os meus queridos Leitores que me têm escrito, o meu agradecimento -- pois agora estou constipada, super encasacada, meio mole. Durante não sei quantos dias a levar com os micróbios do meu marido (que, em especial de noite, se farta de tossir) foi a minha vez de também ficar com pingo, a cabeça a modos que não sei quê (que também pode ser efeito do anti-histamínico) e só a apetecer-me dormir. Acho que não tenho febre nem me dói o corpo e tenho a sensação que, se dormir umas dez horas de seguida, acordarei fresca. Mas hoje estou a modos que KO.

----- ----- -----       ----- ----- -----

Peace and love. E saúde.

sábado, dezembro 28, 2024

Para além de tudo o que temos constatado, vamos percebendo que o Mentenegro também é pouco esperto, pouco perspicaz, pouco sagaz, pouco arguto, pouco inteligente, etc

 

Montenegro lança baldes de gasolina e ateia fogo.  Quem assiste, diz: 'O tipo é um incendiário'. E Montenegro, a seguir, vem, todo Calimero, dizer que não percebe a reacção.

Não ouvi o que ele disse no Natal (e, aliás, por questões de prevenção sanitárias e/ou higiénicas, furto-me, cada vez mais, a ser incomodada pelo que ele diz) mas, a julgar pelas reacções praticamente unânimes de que me tenho apercebido, é bem provável que tenham razão.

Face ao coro generalizado de protestos, Montenegro veio dizer coisas. E, como, na realidade, pouco tinha a dizer, para parecer que tinha muito, usou uma táctica muito frequente entre os seus ministros: usa sinónimos em catadupa. Ou, se não sinónimos, expressões complementares que nada acrescentam.

Veja-se:

(...) voltou hoje ao tema para confessar que está "atónito e muito perplexo" com as reações e críticas.

Montenegro considera que são "inusitados e injustificados" os argumentos

"É incorreto, é indesejável e impróprio atirar essa pedra para cima do debate"

Expressões retiradas do artigo do Expresso "Primeiro-ministro confessa-se "atónito" com "discussão pública" sobre segurança"

Só disparates, digo eu (e aqui refiro-me às reacções do Mentenegro).

E eu daqui lhe envio uma sugestão: Senhor Mentenegro acredite no que os outros dizem de si. Acredite. Se as pessoas que o ouvem pensam que o senhor é um incendiário, que está a executar a política do Chega, que o senhor é inconsistente, incoerente, pouco amigo da verdade e da honestidade intelectual, se calhar têm razão, se calhar é porque o senhor lhes dá motivos para isso. Ouça: e mesmo que, por vezes, não tenham 100% razão, é essa a percepção que têm. E, o senhor sabe (oh se sabe, não é...?), que o que está a dar são as percepções. É ou não é?

segunda-feira, dezembro 23, 2024

Para o Natal, pode ser a mesma coisa que ando a pedir faz tempo e que ainda não tive a sorte de ganhar...

 

Já nem vale a pena falar no consumismo que se nos entranha até à medula e que nos leva a oferecer coisas mesmo a quem não precisa de nada. Isso é mais do que sabido. 

Eu, desde há algum tempo, temo sempre receber coisas desnecessárias. E, ao escrever isto, retomo a ideia de sempre: necessidade, necessidade já não sinto de nada. 

Não quer isto dizer que, quando vou a algum lado, não arranje sempre o que comprar. Tudo o que seja bugiganga inútil, desde que com o seu quê de charme, me entusiasma. Mas já penso sempre: onde é que vou meter isto? E já só trago coisecas que quase não ocupam lugar. E roupa, para que vejam, só coisas mais do que funcionais. No outro dia, quando fui às compras com os rapazes, numa das lojas, vi uma blusinha fininha, para mim, preta, boa para vestir sob qualquer casaco, em qualquer situação. Dava-me jeito. Estava em saldos e custou 9,9€. Fiquei feliz e contente.  

E comprei no supermercado um tabuleiro de ferro fundido para levar ao forno, pesado para caraças, mas muito bonito, um belo encarnado profundo no exterior. Custou vinte e tal euros, e ainda tem uma grelha separada que vai dar jeito para pôr legumes no fundo e a carne em cima. Pensei cá para mim: olha que belo presente que me estou a oferecer. Vim mesmo contente com a beleza daquele tabuleiro. 

De resto, o que gostava mesmo era de ter sempre dias felizes, de viver rodeada de honestidade intectual e moral, de afabilidade, doçura, gestos generosos, sorrisos. Coisas assim. E o que gostaria de poder oferecer a toda a gente era isto mesmo: alegria, motivação, boa disposição, gestos bondosos, esperança em dias melhores. 

Mas, para já, boas intenções à parte, aqui fica o pedido de sempre: a quem não souber o que me oferecer e fizer questão de oferecer mesmo qualquer coisa, pode ser isto que aqui abaixo se refere. Nada de crocodilos, elefantes ou rinocerontes. Só mesmo isto: um hipopótamo.

I Want A Hippopotamus For Christmas - Postmodern Jukebox Cover ft. Lauren Tyler Scott


______________________________________

Peço desculpa mas ando completamente sem tempo para agradecer pessoalmente os vossos comentários e mails. Leio-os, obviamente, e agradeço-os mas ando totalmente absorvida noutras missões.

________________________________________________

E viva a vida!