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sexta-feira, janeiro 17, 2014

Enquanto o vice-irrevogável Paulo Portas anda a vender pernil de porco e computadores pela Venezuela, por cá os deputados continuam na baderna (a inventarem estúpidos referendos ou de volta de leis sobre os cuidados a ter nas privatizações depois de quase tudo o que havia para vender ter sido vendido) e o Governo, com os seus 'assessores de aviário' continua a mostrar como é exímio em 'falácias e mentiras'. É tanta a porcaria que esta gente faz que, sinceramente, nem consigo dar vazão. Mas quero ainda chamar a vossa atenção para a surpreendente dotação provisional de 533 milhões que está no OE e que Manuela Ferreira Leite revelou na TVI 24.


Abaixo deste há mais dois posts (e vocês, meus Caros Leitores, não se admirem com estas minhas introduções mas é que há certas pessoas que, se eu não aviso, ficam-se pelo primeiro post; e não pensem que isto é para vocês em geral: não é para uma certa pessoa em particular; ou seja, isto é uma private joke, ou melhor, uma piada doméstica, se é que me entendem).

Um dos posts é um extraordinário pedido de casamento e o seguinte é um retrato meu.

Mas, adiante, que as matérias mais românticas são a seguir. Aqui, agora, é material da pesada.

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A palavra aos outros.


Passos Coelho, o Cobrador do Fraque,
montagem obtida aqui

André Macedo, director do Dinheiro Vivo escreve o Cobrador de 'Smoking' no DN, do qual transcrevo um excerto:



O Governo poupou-nos a qualquer inquietação cívica e penal ao aprovar mais um espetacular perdão fiscal (o segundo em dez anos) que livrou os evasores e os aldrabões que enganaram o País de ser expostos e julgados - os que tiverem cometido fraudes -, além de não pagarem juros de mora e de suportarem no máximo dez euros de multa. 

Na verdade, só falta mesmo receberem uma comenda por ajudarem a pátria, já que os 1,2 mil milhões de euros recuperados vão permitir que o défice fique abaixo dos 5,5% em 2013. 

Não sei, mas nestas coisas da justiça fiscal acharia mais eficaz o método estridente dos cobradores de fraque. Há coisas que devem ser feitas pela calada. Por exemplo, um imenso perdão em que só alguns, os cumpridores, se sentirão vagamente enganados.


Concordo. Tudo o que é aldrabão de alto gabarito fica a saber que pode pagar impostos quando e se quiser que daí nenhum mal virá ao mundo. Já os pequenos e honestos contribuintes, esses, vêem que cada vez mais são o alvo principal da grande operação de esbulho em curso.

Adiante.


Adicionar legenda

Bagão Félix escreve no Público 'Falácias e Mentiras sobre Pensões', do qual transcrevo excertos.


Escreveu Jean Cocteau: “Uma garrafa de vinho meio vazia está meio cheia. Mas uma meia mentira nunca será uma meia verdade”. Veio-me à memória esta frase a propósito das meias mentiras e falácias que o tema pensões alimenta. Eis (apenas) algumas:

1. “As pensões e salários pagos pelo Estado ultrapassam os 70% da despesa pública, logo é aí que se tem que cortar”. O número está, desde logo, errado: são 42,2% (OE 2014). Quanto às pensões, quem assim faz as contas esquece-se que ao seu valor bruto há que descontar a parte das contribuições que só existem por causa daquelas. Ou seja, em vez de quase 24.000 M€ de pensões pagas (CGA + SS) há que abater a parte que financia a sua componente contributiva (cerca de 2/3 da TSU). Assim sendo, o valor que sobra representa 8,1% da despesa das Administrações Públicas.

2. Ou seja, nada de diferente do que o Estado faz quando transforma as SCUT em auto-estradas com portagens, ao deduzi-las ao seu custo futuro. Como à despesa bruta das universidades se devem deduzir as propinas. E tantos outros casos…

(...)

4. Outra falácia: “o sistema público de pensões é insustentável”. Verdade seja dita que esse risco é cada vez mais consequência do efeito duplo do desemprego (menos pagadores/mais recebedores) e - muito menos do que se pensa - da demografia, em parte já compensada pelo aumento gradual da idade de reforma (f. de sustentabilidade). (...)

5. “A CES não é um imposto”, dizem. Então façam o favor de explicar o que é? Basta de logro intelectual. E de “inovações” pelas quais a CES (imagine-se!) é considerada em contabilidade nacional como “dedução a prestações sociais” (p. 38 da Síntese de Execução Orçamental de Novembro, DGO).

6. “95% dos pensionistas da SS escapam à CES”, diz-se com cândido rubor social. Nem se dá conta que é pela pior razão, ou seja por 90% das pensões estarem abaixo dos 500 €. Seria, como num país de 50% de pobres, dizer que muita gente é poupada aos impostos. Os pobres agradecem tal desvelo.

(...)

8. “As pensões podem ser cortadas”, sentenciam os mais afoitos. Então o crédito dos detentores da dívida pública é intocável e os créditos dos reformados podem ser sujeitos a todas as arbitrariedades?

9. “Os pensionistas têm tido menos cortes do que os outros”. Além da CES, ter-se-ão esquecido do seu (maior) aumento do IRS por fortíssima redução da dedução específica?

10. Caminhamos a passos largos para a versão refundida e dissimulada do famigerado aumento de 7% na TSU por troca com a descida da TSU das empresas. Do lado dos custos já está praticamente esgotado o mesmo efeito por via laboral e pensional, do lado dos proveitos o IRC foi já um passo significativo.

(...)

12. A apelidada “TSU dos pensionistas” prevista na carta que o PM enviou a Barroso, Draghi e Lagarde em 3/5/13 e que tinha o nome de “contribuição de sustentabilidade do sistema de pensões” valia 436 M€. Ora a CES terá rendido no ano que acabou cerca de 530 M€. Se acrescentarmos o que ora foi anunciado, chegaremos, em 2014, a mais de 600 M€ de CES. Afinal não nos estamos a aproximar da “TSU dos pensionistas”, mas a … afastarmo-nos. Já vai em mais 40%!

13. A ideologia punitiva sobre os mais velhos prossegue entre um muro de indiferença, um biombo de manipulação, uma ausência de reflexão colectiva e uma tecnocracia gélida. Neste momento, comparo o fácies da ministra das Finanças a anunciar estes agravamentos e as lágrimas incontidas da ministra dos Assuntos Sociais do Governo Monti em Itália quando se viu forçada a anunciar cortes sociais. A política, mesmo que dolorosa, também precisa de ter uma perspectiva afectiva para os atingidos. Já agora onde pára o ministro das pensões?


P.S. Uma nota de ironia simbólica (admito que demagógica): no Governo há “assessores de aviário”, jovens promissores de 20 e poucos anos a vencer 3.000€ mensais. Expliquem-nos a razão por que um pensionista paga CES e IRS e estes jovens só pagam IRS! Ética social da austeridade?



****


Estes anos de Governo Passos Coelho & Paulo Portas
são verdadeiramente anos de
embuste.
falácias,
mentiras,
logros,
vergonha

Ficarão na história como o exemplo mais acabado
do que é a falta de ética e moral a todos os níveis
Poderia repescar mais uma série de artigos disponíveis para consulta em vários jornais mas não vale a pena. Existe uma quase unanimidade sobre a indigência moral desta gente que nos desgoverna.

Mas quero chamar a vossa atenção para o que disse Manuela Ferreira Leite na TVI 24. Transcrevo do IOL/TVI e sugiro que vejam o vídeo que lá está:

Manuela Ferreira Leite sublinhou que Orçamento do Estado para 2014 tem uma dotação provisional prevista «superior a 533 milhões euros», pelo que não seriam necessários novos cortes após o chumbo do Tribunal Constitucional.


«Esta é uma verba de reserva para o ministério das Finanças e está inscrita no Orçamento. Este fundo de maneio tinha sempre mais ou menos os mesmos valores, mas este ano tem um volume muitíssimo superior àquilo que se perdeu por o TC não deixar passar o corte nas pensões», afirmou, na TVI24.

Para a ex-líder do PSD, que lembrou que, quando foi ministra, essa verba era no máximo de 150 milhões, estes 533 milhões poderiam «pagar o buraco que se abriu», embora não tenha sido essa a opção do Governo.

«Em vez de se ir buscar ali, foi-se buscar novamente às pessoas. É necessário explicitar para que pode ser aquele dinheiro. Não havia necessidade de um plano B», concluiu.


*

Do além, isto, do além! 

Do além também o PS que parece estar em decomposição. O que anda o PS a fazer, senhores? Têm que ser as pessoas da área da coligação a denunciar estas coisas gritantes?!?!

Caraças.

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Faço uma ressalva em relação ao título. Que Paulo Portas ande a vender pernil de porco ou computadores acho muito bem desde que o que está a ser feito seja bem feito, com competência e lisura. Tudo o que os governantes façam para promover as exportações é bem vindo. O ridículo é vê-lo a percorrer os caminhos que Sócrates trilhou e de quem ele, com o seu ar sobranceiro de quem está acima da carne seca, tanto gozou.


***

Relembro: Para aliviar o stress e reconquistar a boa disposição, desçam, por favor, até aos dois posts seguintes. Pode ser que resulte...

***

Muito gostaria ainda de vos convidar a darem um salto até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje tenho poesia de Luiza Neto Jorge e um interessante documentário sobre e com ela.


***

E cansada, perdida de sono, incapaz de rever o que escrevi, por aqui me fico por agora. 

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta feira. 



quinta-feira, outubro 31, 2013

O bando de meninos vestidos como se fossem para um baptizado e que, afinal, foram para o governo de Passos Coelho - governo esse que, de resto, não existe [palavras de António Lobo Antunes na Visão]. E o Guião para Matar Ideias, essa salganhada ignorante, uma coleção de chavões e banalidades, o fim da linha [palavras de André Macedo no DN e no Dinheiro Vivo]



Peço-vos que, a seguir, não deixem de descer até ao post seguinte onde há dois filmes muito elucidativos sobre a dívida pública. Vejam-nos por favor.

Agora, aqui, continuo com a voz lúcida de outros que contrasta com a galhofa despudorada com que Passos Coelho e os seus ministros de Estado, Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque se apresentam na Assembleia da Repúbica.

*

Na Visão, António Lobo Antunes diz que "não existe governo nenhum", mas sim um "bando de meninos":


"Perguntam-me muitas vezes por que motivo nunca falo do governo nestas crónicas e a pergunta surpreende-me sempre.  Qual Governo? É que não existe governo nenhum. Existe um bando de meninos, a quem os pais vestiram casaco como para um baptizado ou um casamento". 

António Lobo Antunes começa assim a crónica desta semana na VISÃO que chega esta quinta-feira às bancas, inteiramente dedicada a esses "garotos".

"Existe um Aguiar Branco e um Poiares Maduro. Porque não juntar-lhes um Colares Tinto ou um Mateus Rosé? É que tenho a impressão de estar num jogo de índios e menos vinho não lhes fazia mal", escreve ainda. 


(e continua)

*

E André Macedo, director do Dinheiro Vivo, escreve aí e no Diário de Notícias um artigo a que chama Guião para Matar Ideias e que me permito transcrever na íntegra:


Paulo Portas quer ser o Giorgio Armani da reforma do Estado. Todos os anos o estilista apresenta os novos modelos e acaba com uma frase cintilante, um laço que embrulha o conjuntinho: "Proponho para esta estação una donna moderna però rinovata." Portas também deseja um Estado moderno (alguém deseja um Estado antigo?!) e renovado (alguém quer um Estado parado?!), mas não vai além disso. Não vai, aliás, a lado algum.

As "110 páginas úteis" do guião, como lhe chamou ontem, são de uma pobreza inacreditável. Não é sequer um catálogo de pronto-a-vestir político. É uma loja dos 300 onde, no meio de ideias copiadas, avulsas e superficiais, encontramos um ou outro ponto que é possível debater, mas apenas por causa do nosso desespero coletivo. O que resulta dali é tão-só uma salganhada ignorante, uma coleção de chavões e banalidades que não são mais do que a redação pueril de um candidato a uma juventude partidária que passou os olhos na biografia de Hayek , a da Wikipédia.


O célebre guião, este guião, esta coisita, não é um ponto de partida. A ser qualquer coisa é um ponto de chegada. É o fim da linha. É o epílogo que arrasa as últimas aparências que ainda restavam sobre este grupo de estagiários que o País tragicamente elegeu. É a prova documental de que o Governo não sabe o que está fazer - cumpre metas impostas externamente - e nem imagina para onde irá a partir daqui.

O texto que demorou dois anos a produzir é tão rudimentar que na verdade é apenas embaraçoso. Ontem senti vergonha alheia por Paulo Portas - o presidente do CDS acabou. Não compreendo, a não ser por vingança, raiva e desprezo profundos, como Passos Coelho foi capaz de o autorizar a apresentar esta manta de retalhos, este patchwork - Portas deve apreciar a palavra - que era suposto criar as bases para a mudança que o País terá um dia de enfrentar.


Não há quadros comparativos, não há estatísticas que permitam ver de onde viemos e para onde podemos ir, não há pensamento algum, referência alguma, não há estudo, não há trabalho. Nada. Ao pé disto o trabalho do FMI, o de janeiro, é um luxo científico. Talvez por isso, talvez porque aqui cabe mesmo tudo, Portas tenha conseguido enfiar esta frase grotesca: "(...) esta maioria tem uma matriz identificada com o chamado modelo social europeu." Tem, tem; e Portugal vai crescer 0,8% em 2014 e muito, muito mais em 2015...

Pior do que este declínio penoso do Governo é a situação em que ficamos. Ontem, em vez de sublinharem o desrespeito que este guião simboliza e revela, os partidos exibiram a habitual indignação como se aquilo fosse trabalho sério. 

Disseram: atenção, isto é a privatização da Segurança Social, da saúde e do ensino! Que horror! Algumas destas, digamos, ideias estão lá, sim, mas é o habitual bricabraque decorativo. A melhor maneira de matar uma ideia é apresentá-la assim - mal e porcamente

Ontem, quem ouviu Paulo Portas só teve uma reação: apagou a luz. Repito: isto por mim está visto.


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Nem mais.

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E eu pergunto: riem de quê estes sujeitos aqui em cima? Riem de quê?

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Relembro: descendo um pouco mais, encontrarão dois vídeos muito elucidativos sobre a dívida pública.