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quarta-feira, maio 05, 2021

Casal: como saber se se trata de amor ou de hábito?

 


Dia cheio, de novo. A meio do dia, saturada de tanta maçadoria, sacrifiquei uma possível meia hora mais descansada para ir varrer à volta de casa. Há folhinhas e bolotas secas com fartura. A azinheira, linda, uma catedral, suja o chão a toda a volta. Ainda assim, consegui encher uns quantos baldes daqueles grandes, com rodas. Voltei mais revigorada para a minha vida de reuniões e confrontos. A mim não é só o banho (e a lavagem de cabelo) que me retempera: é também varrer, em especial ao ar livre. 

Também já retirámos muitas coisas de cima e de dentro dos móveis. Não sei quando começarão as pinturas mas fomos já tratando de pôr a casa a jeito. 

O gato cor de mel anda por lá (digo pois, ao fim do dia, voltámos ao poiso mais citadino). Esquivo, intrigado. De vez em quando, vem espreitar. Chamo-o, olha, detém-se e, depois, mostra descaradamente que se está nas tintas para mim.

De vez em quando, aparece um cão. É um rafeirito peludo, cinzento, simpático. Olha para mim, abana o rabo, inclina a cabeça. Falo com ele com amabilidade, talvez de uma maneira carinhosa. Mostra-se admirado. 'Estás a abanar o rabo... estou a ver... gostas de estar aqui... eu também gosto que estejas aqui...sabes que gosto... ' e ele inclina a cabeça para o outro lado. Há qualquer coisa na minha conversa ou em mim que lhe escapa. 

Uma rola andou a esvoaçar por perto. Pousou no banco, esvoaçou, dançou pelo ar. Estava a opinar, toda eu assertividade (por vezes a tentar perceber se já estarei naquela ponta da linha em que o laranja fica avermelhado, a assertividade a desandar para a agressividade -- coisa que os meus assessments costumam assinalar: zero de passividade, quase nada de manipulação, quase cem por cento assertiva e tanto que, volta e meia, quase pode ser confundido com agressividade, isto, claro, por parte dos distraídos que não percebem que sou um coração de manteiga) e a rola a apelar à paz, esvoaçando e tentada a pegar num ramo de oliveira para tentar que me moderasse.

Por todo o lado, há passarinhos pequenos saltitando no chão ou de ramo em ramo. É a primavera: flores, ervinhas, passarinhos, trinados. Uma festa com acompanhamento musical.

Só agora consegui espreitar os onlines. Talvez pelo fim do casamento Gates ou talvez porque o confinamento veio confirmar muitos afastamentos, o Madame Figaro dedica o tema principal ao tédio nas relações e à forma de distinguir o hábito do amor. Couple, comment savoir s'il s'agit d'amour ou d'habitude? Le confort d'une relation sentimentale nous fait-il confondre amour et habitude de vie ? -- Florence Lautrédou, psychanalyste, nous aide à faire le distingo et à se poser les bonnes questions.

Olhando para muitos casais, penso que dá para perceber quando há ali amor ou quando a coisa não passa de um stand by até que a separação se proporcione. Mas creio que é mais evidente para quem está de fora do que para quem vive a situação.

O artigo é muito interessante e podia simplesmente colocar o link. Mas sei que muitos Leitores custam a entender-se com o francês. Só que passa da uma e meia e, muito sinceramente, estou podre de sono. Por isso, vou fazer uma gracinha, a ver como resulta. Vou pôr o google a fazer tradução directa. O que acharem abrasileirado ou mal atamancado, por favor, relevem: ninguém é perfeito e o tradutor google é disso exemplo. 

Então, bora lá.

Madame Figaro.– Quais são as diferenças entre o sentimento de amor e o de uma rotina na qual você também pode se sentir bem?

Florence Lautrédou – Uma palavra: tédio. Casais acostumados a viver numa espécie de cinza do cotidiano, estão vivos porém menos despertos, um pouco como se estivessem saciados mas ainda permanecessem à mesa. "O outro" faz parte da decoração como o café que se toma todas as manhãs. Os outros casais são mais brilhantes. Eles também podem passar por uma fase de cansaço, mas têm consciência disso e conseguem manter a paixão para manter o relacionamento.

Então, é normal fazer a pergunta ou é indicativo de um problema no relacionamento?

Pensar nisso revela uma fragilidade no relacionamento, mas também é muito saudável. O cérebro é amigo do amor. Quando nos perguntamos, tomamos consciência do estado de desgaste e mostramos o desejo de nos renovar. Todos os casais se perguntam depois de três meses ou quinze anos de convivência. O conceito de amor de fusão está morto, a relação dois-para-um é um ECG, com seus altos e baixos.

Os hábitos de alguns casais proporcionam prazer, como você identifica aqueles que lhes fazem mal?

Hábitos que "dão prazer" são rituais que têm valor "sagrado" na medida em que celebram o relacionamento e pertencem apenas ao casal. Rotinas prejudiciais são mecânicas.

Quais fatores devem alertar?

Eles são numerosos. Em primeiro lugar, o estado quase depressivo de um dos dois parceiros que tem a sensação de que o mundo ao seu redor é menos interessante e se torna monótono. Então, o fato de um parceiro desaparecer do campo de visão do outro. O atrito entre amigos e o casal que se torna desarmônico também é revelador. Finalmente, em alguns casos extremos, o hábito gera um fenômeno de alergia, não podemos mais suportar seu cheiro ou hálito. Sem mencionar a vida sexual em decadência. A ausência de relações humanas leva inevitavelmente à cessação das relações sexuais.

Podemos ficar com alguém por hábito?

Sim, desde que o negócio esteja claro desde o início. Um casal adotará um modelo cada vez menos comum em que um dos dois parceiros, geralmente o homem, investe excessivamente em um aspecto de sua vida (trabalho, hábito esportivo, associativo) e o segundo se refugia na vida familiar, com mais frequência do que não, esposa. Outros, por medo de ficarem muito felizes e correrem o risco de se decepcionar se não der certo, ficam por segurança. Como se a falta de intensidade os impedisse de ficarem inquietos. Mas se alguns estão satisfeitos, eles inevitavelmente se preparam para diferentes armadilhas. Essa hipocrisia os forçará a viver uma vida inautêntica, a ter remorsos sem fim e a sentir profunda melancolia.

Como devemos reagir se percebermos que nosso relacionamento é uma prática?

Primeiro você tem que aceitar, dizer a si mesmo "Eu não vibro mais com ele, antes eu vibrava". Feito isso, o principal é agir. Lembre-se de que você se acostuma muito bem com o hábito, a falta de reação apenas cria um status quo. Aí temos que verificar se a culpa não é nossa, nos perguntar se tudo está indo bem na nossa vida, principalmente no trabalho. Se o problema for com o casal, é imperativo falar com o parceiro. Ele responderá "Você conheceu alguém?", Ele terá que responder "Precisamente não, ainda não". 

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Pinturas de Alexander James ao som de Sia - Breathe Me (Cover de Jonathan Roy)

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Desejo-vos um dia feliz.

Haja sol nas vossas vidas

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

As 50 sombras de Varoufakis ou o escaldante encontro entre ele e Christine Lagarde. O efeito FMI parece ter-se transferido de Strauss-Kahn para a Lagarde. Depois da carga erótica que as fotografias revelam, não sei onde é que a coisa vai acabar mas só pode acabar bem.



Varoufakis e Christine, a ternura entre o FMI e a Grécia, a atracção dos opostos

e o admirável mundo das fifty shades of money







Bronzeada, feroz no seu cabedal, poderosa e in black, sorriso deleitado a prenunciar aquilo a que estava disposta, Christine Lagarde nem disfarçou.

Provavelmente com cinto em metal, talvez uma corrente com dupla utilização, com certeza com lingerie em tigresse et noir, com certeza com bota de cano alto e salto agulha, a ninguém passou despercebida a química revestida a alta voltagem que ali se gerou.


Ando arredada de notícias pelo que não sei se é conhecido o teor da conversa mas não me chocaria que logo ali tivessem combinado uma sessão em privado.

Se a coisa foi de tipo tranche strip, por cada tranche de amortização da dívida desfasada salta uma peça de roupa, isso não sei.

Se a coisa meteu promesssa de venda nos olhos também en noir, também em cabedal, algemas, chibatinha, e outros apetrechos, isso também não faço ideia.

Agora que o climinha esteve armado, ah, lá isso esteve. Não sei se pintou, se rolou, mas se ainda não, será uma questão de tempo. Varoufakis todo engatatão, ela toda prontinha para o flirt ou, quando a coisa aquecer, dominatrix ela, dentinho arrebitado ele, só de vê-los todo o mundo percebeu que a coisa tem tudo para prometer ser em grande estilo. 

Ela é um pouco mais velha e deve ter toda a escola FMI. Com certeza que Strauss-Khan deve ter feito shadowing com a sucessora, passando-lhe todos os dossiers, todas as boas práticas.

Tudo coisas capazes de intimidar qualquer calcinha mas nada que assuste um campeão como o Varoufakis, que tem ar de ter competência para lidar com a alta e a baixa finança.

Pelo ar dele, todo olho no olho, todo ele cumplicidade, as sombras a misturarem-se, os sorrisos já mergulhados um no outro, não dá é para perceber como não houve logo ali uma cena de beijo na boca.

Na volta, a seguir à sessão de fotografias, foram para uma salinha para acertarem uns pormenores relativos ao serviço da dívida e não perderam tempo, anda cá, Yanis, que és meu, e tu também, Chris, anda cá que és minha.





Mas uma coisa há: agora que os vejo juntos, acho-os parecidos, o mesmo nariz, a mesma boca, o mesmo sorriso. Se ele pusesse uma cabeleira igual à dela e se ela rapasse o cabelo para ficar com aquela cabeça malandreca até poderiam inverter os papéis. Ele de fio dental e bota alta, blusão de cabedal e chibatinha na mão, ela carregadinha de testosterona a avançar para ele, algemas na mão, sorriso castigador na ponta dos dentes. Aí ainda as coisas poderiam ser mais calientes, prometendo uma verdadeira desbunda retro-erotic.

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E, agora que já me alinhei com a comunidade invocando as 50 sombras de Grey, já posso dizer o que acho disto tudo: obviamente a Grécia vai sair-se bem. Aliás: já está a sair-se bem.

Se há láparos e seguidores que gostam de andar de gatas ou de perna aberta, é lá com eles. Agora uma coisa é certa: já pouca gente há que não despreze esta gente que se deixou pisar por bardajonas e que não faz outra coisa senão pedir mais.

Angela Merkel, uma coisa já fora de prazo,
prontinha para ir chatear outros, levando consigo a laparada que já ninguém aguenta

Alexis Tsipras e as mulheres.


E se a matrafona está capaz de arrumar as botas,
em contrapartida, veja-se o sucesso da rapaziada grega,
 gente com tudo em cima, sorridentes, atraentes,
 sexys à brava, porra.








E viva a Grécia e viva o Varoufakis e viva o Alexis
e viva quem está vivo e viva quem quer viver com esperança no futuro
e viva o humor. E viva a sedução e viva o amor.

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Não tenho os livros das sombras, não os li, não vou ler, não vou ver o filme. Do que folheei na livraria e do que vi na apresentação do filme, parece-me coisa infantilóide, fantasia de adultos literariamente pouco evoluídos e sexualmente muito acorrentados (a preconceitos, claro).



Parece que o público feminino predomina, embora o público masculino aparentemente não lhe fique indiferente. Talvez seja uma espécie de libertação, acredito que algumas mulheres, lendo cenas pretensamente mais ousadas, se sintam arrojadas, libertárias. Nada contra, cada um é como cada qual.

Mas o actor que escolheram para fazer de Mr. Grey parece apanhado em verde, incapaz de qualquer coisa que se aproveite, uma variante de ronaldinho. Haverá anastácias desta vida que caiam de quatro perante um copinho de leite, um pãozinho se sal destes? Duvido.


As Cinquenta sombras de Grey - Trailer

com Jamie Dornan e Dakota Johnson





Um dia destes dispo-me de preconceitos e invento eu aqui um conto à maneira, coisa para adultos mesmo. A ver se não empolgo mais as hostes do que a E.L. James! Tenho é que impedir os meus filhos de lerem o blogue nesse dia e depois, no dia seguinte, retiro logo o conto de circulação. Como personagens, para a coisa ter ainda mais pimenta, usarei autores de blogues que costumo ler. Me aguardem...

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E é isto. O cansaço está a dar-me com força. Tenho tido uns dias mesmo muito esgotantes (e emocionalmente um bocado stressantes) e, por isso, hoje não consigo partir para um segundo post nem consigo desenvolver mais, tenho mesmo que ir descansar.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa sexta-feira 
e vamos esperar que, daqui para a frente, de cada vez que Passos Coelho ou Cavaco digam nova inconveniência lhes caia um dentinho. 
Em directo.
 (Rapidamente vão ficar completamente desdentados, ainda mais impróprios para consumo do que já são)

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