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terça-feira, outubro 19, 2021

Oito filmes razoavelmente eróticos

 



Segunda-feira nunca é um bom dia. É daqueles axiomas que é bom que ninguém ouse questionar. Segunda-feira é o início do que pode vir a ser uma sucessão de dias carregados de chatices. Numa segunda-feira as tréguas do fim de semana ainda estão longínquas. 

[Os Leitores reformados, ao lerem isto, esfregam as mãos de contentes: para eles todos os dias são fim de semana. Bem sei. São uns sortudos. Mas lá chegaremos, nós os pobres coitados que por aqui ainda andamos a trabucar.]

Enquanto não, tenta levar-se o melhor possível embora haja quem não se aguente sem moer a paciência aos outros. Para mim o pior é quando olho para a agenda e penso que tenho ali um buraquinho que virá mesmo a calhar para repousar a minha beleza e, acto contínuo, logo recebo uma chamada a pedir que arranje um bocadinho para uma reunião urgente. E uma pessoa tenta que não mas, às tantas, não tem como não e lá se vai o buraquinho à vida. 

[A língua portuguesa é traiçoeira, também sei]

Agora tenho aqui uma coisa a chamar por mim. Ainda antes de ir para a cama terei que ver e despachar esse assunto. Não me apetece nem um pouco pois estive a trabalhar até há pouco, estou mais do que saturada. Mas, quando o dever me chama, parece que não consigo entregar-me ao desfrute da escrita mesmo se de uma colecção de frioleiras postas em palavras se tratar.  Podia saltar por cima disto, do blog. Pois podia. Mas, enfim, ficar sem escrever também não consigo. Addicted to writing.

E, então, pensei escrever sobre uma coisa que li na Vogue francesa: as cenas mais eróticas do cinema. Fui conferir, curiosa. Como é costume nestas coisas, parece que quem escolhe os melhores livros, os melhores filmes, as melhores cenas faz de propósito para deixar os outros a sentirem-se ignorantes. Dos oito filmes, apenas conheço três. E das cenas que consegui ver, talvez por descontextualizadas, não achei grandes espingardas. Além disso, agora acontece uma coisa que me encanita solenemente: ao seleccionar um vídeo que contenha alguma ceninha mais encaloradita, o Youcoiso pede que comprove que sou adulta. Não estou para isso, era o que me faltava. Portanto, como não estou para fornecer comprovativos, marimbo-me para as ditas cenas. 

A beatice vai alastrando. Claro que há que acautelar que as coisas não sejam vistas por crianças. Mas, caneco, parece que preferia as salas de cinema em que a barragem era feita à porta. Agora aqui...? Não basta a publicidade em cima de tudo senão ainda isto...? Que seca, caraças.

Por isso, com tanto entrave e chachada, desisto das listas alheias. Acontece que, para listas próprias, tenho um problema do escambau: não as tenho anotadas, não as tenho de cabeça e, pior ainda, a cabeça não está formatada para fazê-las.

Posso aqui enunciar algumas cenas ou alguns filmes que tenho a certeza que amanhã me ocorrerão outros, provavelmente mil vezes melhores. E não estou certa de que o algoritmo que é mais lápis azul e beato que fedorentozinho de antanho me deixe abrir o vídeo para conferir. Vou tentar mas, acreditem, não garanto que seja muito para levar a sério. E são oito apenas porque não posso ficar aqui a noite toda a puxar pela cabeça ou a tentar encontrar vídeos que expliquem o critério. 

.  1  .

Lady Chatterly, na versão de Pascale Ferran, com Marina Hands e Jean-Louis Coulloc'h um filme belo demais. Mas, mais do que caliente, é belo, belo demais. As cenas mais eróticas apenas são disponibilizadas a quem provar que é adulto. Portanto, vai o trailer.


.  2  .

Dangerous Liaisons de Stephen Frears com Glenn Close, John Malkovich e Michelle Pfeiffer, um filme sensual da cabeça aos pés, passando pela insolente língua de Malkovich (e isto já para não falar do olhar, da voz, das mãos, do andar dele, o descaradão e perverso do Visconde de Valmont)


.  3  .

The Horse Whisperer de Robert Redford com ele e com Meryl Streep, envolvente demais


.  4  .

Damage de Louis Malle com Juliete Binoche e Jeremy Irons. Tem a chatice de não acabar bem mas, antes de acabar, é bom até dizer chea, a começar e a acabar na voz do Jeremy Irons


.  5  .

The Unbearable Lightness of Being de Philip Kaufman com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche, Lena Olin, um filme para sempre, com cenas inesquecíveis (a Lena Olin ficará para sempre na minha memória com aquele seu chapéu)


.  6  .

Closer de Mike Nichols com Julia Roberts, Jude Law, Clive Owen
[Larry : You like him coming in your face?; Anna : Yes!  Larry : What does it taste like?; Anna : It tastes like you but sweeter!]



.  7  .

La vie d'Adèle de Abdellatif Kechiche com Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos
O azul definitivamente a cor mais quente


. 8  . 

The French Lieutenant's Woman de Karel Reisz com Meryl Streep e Jeremy Irons. 
Intemporal, belo.


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Desejo-vos uma boa terça-feira
Saúde. Alegria. Boa sorte.

quarta-feira, agosto 15, 2018

A ternura é o novo erotismo?
O que define uma mulher sensual? E um homem sensual?




Leio na Madame le Figaro o artigo La tendresse est-elle le nouvel érotisme? que tem alguma piada.
Estampillée tisane du plaisir ou guimauve de l’alcôve, elle a pourtant une vertu : réveiller notre sensualité dans une existence ultraconnectée mais déconnectée du corps. Et si l’on redonnait à la tendresse ses lettres de noblesse ? C’est le désir du philosophe Charles Pépin. (...)
Não vou transcrever toda a entrevista. Limito-me às duas últimas perguntas.

Como definiria uma mulher sensual?
- Uma mulher que tem um corpo superiormente inteligente. E, talvez também, uma mulher que não teme o prazer.
E um homem sensual?
- Um homem que faz da sua vulnerabilidade o secredo do seu poder. E que se maravilha perante o prazer da outra pessoa.
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E, Caras Leitoras, não nos esqueçamos:


que é como quem diz: O que há de mais profundo num homem é a sua pele
[Paul Valéry, “L’Idée fixe”, 1932]

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Já agora, se me permitem, algumas imagens de ternura
... ou ...
quando a ternura precede o erotismo; ou melhor, acompanha o erotismo






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sábado, junho 23, 2018

Receio bem que hoje seja apenas mais um daqueles dias




O que foi este meu dia nem vale a pena dizer. Digamos que foi o culminar de uma semana inteira mal dormida, pouco ou nada descansada e em que o trabalho tombou imparavelmente em cima de mim.  À hora de almoço, a um colega que entrou no meu gabinete, enquanto saía outro, eu disse: acho que isto está a começar a ser de uma violência desumana. Depois não disse mais nada porque senti que estava a começar a ter pena de mim.

Drew Barrimore
Passado um bocado, à hora de almoço, saí nas horas de estalar para ir à consulta de ginecologia que deveria ser anual ou bianual ou sei lá e à qual não ia há anos. A maior parte das vezes, quando me lembro, peço a algum médico qualquer que me passe precrição para exames, vou e, se estiver tudo bem, acaba aí, já acho que não vale a pena perder mais tempo com consultas.

Desta vez, quando soube de pessoa próxima com um problema, e já lá vai ano e tal, pensei que tinha que ir à médica. Afinal só há uns meses lá fui. Mandou fazer uma série de exames e deu-me uma desanda. Para conseguir agendá-los todos de seguida e ao início da manhã, tive que esperar uns meses. E a seguir, para conseguir vaga com a médica à hora de almoço, mais uns meses. Foi hoje. Mas a consultra atrasou-se e eu comecei a ficar sem tempo pois, daí a nada, nova reunião. Portanto, com a pressa de me vir embora, nem fiz a pergunta que levava engatilhada com o propósito de marcar logo, nem que fosse para daqui a dez anos: qual a periodicidade indicada para este tipo de revisões. Esqueci-me. Agora olha, é quando voltar a lembrar-me. 

Drew Barrimore
Mas, portanto, no meio das trabalheiras do costume, tem-me acontecido ter que encaixar coisas inesperadas ou extra-curriculares. E, por tudo e também por mais isso, ando que não posso. Eu e o meu marido -- porque, por alguma bizarra conjugação astral, parece que, por simpatia, os deuses estão a fazer o mesmo com ele. Hoje, mal conseguimos cair aqui, cada um em seu sofá, foi tiro e queda. Um sono pesado, incontornável.

Ele levantou-se agora para se ir deitar e eu abri a tampa do computador mas mais por vício do que por inspiração.

À vinda para casa, conversei com os dois rapazinhos da minha filha e, à despedida, o mais novo, o que fez sete, perguntou como se chamava a quinta filha daquela família que só tinha meninas, a Pata, a Peta, a Pita e a Pota. Pelo inesperado, ri e disse que não podia responder, que ele me estava a sair um belo malandro. E ele: 'Porquê? A menina chamava-se Maria'.

Ainda me estava a rir quando liguei à minha mãe.

Depois fui ver a menina que ontem passou por uma cirurgia com anestesia geral. Hoje estava fresca, como se nada se tivesse passado. Tem que ficar uma semana em casa e tem que fazer dieta mas, quem não saiba jamais desconfiará. Em contrapartida, o mano bebé estava cheio de febre, embora mal o ben-u-ron tenha começado a fazer efeito, tivesse também ficado fino como um alho. Depois chegou o mano do meio, que vinha do judo com o pai. Radiantes e brincalhões, todos.

Ontem toda a gente deu cromos à menina (todos menos eu...) e ela esteve a mostrar-me a caderneta e os que tem repetidos. É a colecção das Lol, umas meninas gaiteiras, cheias de brilhantes à volta. Depois perguntou se eu gostava que ela me colasse um na carteira do telemóvel. Aí desarmou-me. Sou furiosamente anti-piroseiras mas senti que desvalorizaria a sua ideia se recusasse. Como tendo muito a deixar cair telemóveis e dei cabo de alguns, agora tenho o actual dentro de uma espécie de capa que supostamente o protege. Infelizmente, sempre que precisei que o fizesse, não resultou lá muito, mas enfim. Mas é uma capa preta do mais discreto que há. Então, face à generosidade da minha menina, disse que sim, na parte de dentro. Perguntou qual a boneca de que eu mais gostava. Disse que ela pusesse a de que gostava menos. Disse que gostava de todas e que eu escolhesse a mais bonita. E assim fiz. Ficou toda contente. Depois disse que eu podia escolher outra para pôr na parte de fora. E eu, perdida por cem, perdida por mil, escolhi. Uma coisa que, em condições normais, não lembraria ao diabo. Nem imagino como vou andar de telemóvel na mão com meninas Lol auto-colantes e auto-brilhantes. Um vexame. Mas como a minha condição é a de devota dos meus amores, abro mão de todos os pruridos e faço o que os faz felizes a eles e ponto final.


Mas ando cansada e agora que acordei estou já a pensar nos dias que aí vêm. Dias loucos até às férias e, na verdade, até ao fim do ano. É a economia a abrir à força toda -- investimentos, internacionalizações, modernizações -- e tudo o que se conteve durante os últimos anos, irrompe agora com sentido de urgência.

Julia Roberts
Claro que, no meio das reuniões contínuas, mil coisas a resolver, vários projectos a decorrer, tanta coisa séria para tratar, há os momentos de pura desbunda, de anedotas, de Brunosdecarvalhadas, de piadolas de toda a espécie e feitio, picardias a torto e a direito. E nesses momentos sai-nos o peso de cima, saem-nos os anos de cima, esquecemo-nos do que temos entre mãos, esquecemo-nos do que temos pela frente. Duram minutos estes intervalos loucos. Outras vezes, duram mais, apetece-nos que seja sexta-feira, apetece-nos que as responsabilidades sejam peso para outros e não para nós.

Mas enfim, é fim de semana e não quero pensar em nada disto. Quero é dormir, passear, ler. Claro que não tendo máquina fotográfica de jeito, o entusiasmo esfria um bocado. A nano máquina não me enche as mãos, quanto mais as medidas. Mas, não tarda, faço anos pelo que pode ser que alguma alma caridosa se apiede de mim.

E pronto, fico-me por aqui porque tenho mesmo que ir dormir. Continuo com mails (pessoais) importantes  para responder (importantes para mim, sobretudo), continuo faltista em relação a tantas coisas, a telefonemas para amigos, a palavras de afecto para quem o espera. Mas o meu tempo não estica mais. Nem alguns dos blogs que gosto de seguir diariamente tenho conseguido ver.

Mas isto para dizer que, com vossa permissão, me vou retirar e, como tem sido apanágio dos últimos tempos, não consigo dizer nada. Vou ver se sonho com o Brad Pitt que isso seria uma bela preparação para um fds em grande. Aleluia.


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Fotografias do Velvet Code, um espaço onde se divulgam imagens pouco conhecidas de figuras públicas bem conhecidas.

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terça-feira, agosto 04, 2015

Pornografia?... Ná, hoje não... Fico-me pelos inocentes jogos de amor.


Depois do tema do amor e do vídeo do post abaixo, para me fazer passar por inteligente e superior às petites choses du coeur, fiz mais uma tentativa, a sério que fiz: percorri os jornais económicos, vi as aselhices fiscais do governo, todas as outras que são de todas as espécies e feitios, li sobre o pagode que são os cartazes do PS (e digo pagode porque aquilo mais me parece coisa chinesa, do tempo do Mao, para aí, uma coisa pirosa todos os dias), e percorri os jornais generalistas -- e nada -- e as revistinhas pink, tudo -- e nada -- tentando descobrir temas onde pudesse vir para aqui dar-me ares. Mas a verdade é que ou sou eu que estou desinspirada ou é o mundo que anda meio sem graça. 
Claro que há temas sérios, horrendos, mas desses eu só falo quando tenho sossego para rodear as palavras de silêncio. Por isso, espero sentir-me com a gravidade certa na ponta dos dedos para falar nisso e, não sendo hoje, passo à frente. 

Ainda pensei falar de obscenidades. Pornografia. Hardcore, coisa da pesada mesmo: cerca de meio milhão de euros o casório do Jorge Mendes e da sua bem amada Sandra, a ilha grega oferecida pelo Ronaldo, Serralves transformada em sala de baile para futebolistas, treinadores e suas bem arraçadas esposas, advogados e suas coloridas madames, as ruas do Porto cortadas para o grande desfile do dinheiro. Por exemplo. 


O rico casalinho: Jorge e Sandra

O Jorginho e a generosa Sandrinha, aqui à civil

Cristiano Ronaldo entre altas cilindradas e seguranças

Lobo Xavi€r e S€nhora - of cours€, as usual


Tanto que haveria a dizer se hoje estivesse numa de porno... Mas hoje estou mais para o romântico do que para a pornochanchada e, portanto, passo por cima desse happening jorge-e-sandra-mendista regado a milhões e volto-me de novo para o amor.

Mas, dissertar sobre o amor, hoje não, não estou muito fluente. Para falar a sério teria que ser científica, sistemática, e não estou a sentir-me com paciência para me manter no trilho do rigor e do bom comportamento.

Por exemplo, deveria compartimentar os diferentes tipos de amor ou as diversas formas de se manifestar: o amor das mulheres mais novas por homens com patine, ou de mulheres velhas por inexperientes pupilos ou de mulheres introvertidas por homens histriónicos ou vice-versa, ou de mulheres feias por mulheres bonitas ou de intelectuais de esquerda por beatos conservadores ou de homens machões por homens machões. Podia, claro. Até podia falar sobre o amor no ambiente de trabalho sobre o qual acabei de ler que é frequente e que até faz bem à conjugalidade (Flasher sur un collègue peut booster votre couple!). Mas não me está a dar para isso, estou preguiçosa.

Por isso, com vossa licença, abrevio razões e avanço para as fitas.


Jogos proibidos 

(cenas do Paciente Inglês)



Though it's forbidden for my arms to hold you
And though it's forbidden, my tears must have told you
That I hold you secretly each time we meet
In these forbidden games that I play


A liberdade sonhada

(cenas de Lady Chatterley)




O amor à solta

(cenas de A insustentável leveza do ser)




'Não beijo estranhos'

(uma cena de Closer)



Ora bem. Sim, senhor.

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Relembro que, no post abaixo, continua o climinha: amor.
Para que serve o amor? 

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira. 
De preferência com muito amor, muitos beijos, muito romance. 
(Mesmo que não saibam para que é que isso serve).

...

sexta-feira, maio 29, 2015

Um fio encarnado invisível


No post abaixo já falei da sereia Melissa, da barbie Valeria e, em contraponto, trouxe um auto-retrato onde se fala de bichos do chão, pássaros, árvores e gente humilde.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, falo de uma coisa muito diferente.




Há um livro que nunca li (tenho ideia que tem uma capa em fundo azul-celeste com a fotografia de uma senhora sorridente que parece querer transmitir uma mensagem de felicidade instantânea -- e isso para mim funciona como repelente): Comer, Rezar e Amar de Elizabeth Gilbert, do qual se fez um filme que também não vi. 
Não digo que o livro não seja interessante mas estas coisas não chamam por mim -- e sou muito sensível às capas, aos títulos, à paginação: se me cheira a coisa delicodoce ou feita para agradar, até fujo. E com os filmes a mesma coisa.
De qualquer forma, vendo agora o vídeo (com a Julia Roberts na personagem principal), penso que era o tipo de coisa que eu não me importava nada de fazer. 


Comer Rezar Amar




No outro dia, em conversa com a minha filha, dizia-lhe que gostava de ir para um país daqueles em que todo o apoio é necessário. Falei no Nepal, qualquer lugar em África. Ela ouviu e no fim disse: 'Ah, percebi... estás com vontade de ir viajar'. Ri-me e disse-lhe que sim, mas não exactamente, porque não seria viajar por viajar como se viaja quando se vai de férias. Era mesmo ir para o fim de um qualquer mundo, estar num lugar de nada, ajudar desconhecidos. E depois desligar-me. E vir-me embora.

Mas adiante, que não foi por isso que comecei a falar -- foi porque, na Obvious, li uma citação que provém desse livro e que me pareceu acertada:

As pessoas acham que a alma gémea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gémea é um espelho: a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo, para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gémea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gémea para sempre? Não! Dói demais. As almas gémeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesma, e depois vão embora. 

No artigo em que encontrei essa citação, li também:

Dizem que as pessoas, do nascimento até a morte, se encontram com aproximadamente 30 mil pessoas. Dentre elas, 3 mil são de conhecidos da escola e do trabalho pessoas que você conversa com maior intimidade, 300. Dentre esses encontros casuais há um especial que foi decidido por Deus mesmo antes de você nascer, mas esse laço único do destino não é visível para ninguém. A pessoa destinada que não vemos ainda deve estar ligada por um fio vermelho amarrado no dedo mindinho. Por isso, por isso.... para encontrar devo me apaixonar (Akai Ito Dorama)

Conhecer, apaixonar e separar -- e isto, claro, para quem tem a sorte de, uma vez na vida, encontrar a sua alma gémea.


Nem mais. Concordo. Não me parece possível que alguém possa ter uma relação longa e feliz com uma alma gémea. Relações felizes e duradouras só com gente diferente de nós.

No que a mim diz respeito, por exemplo gostando muito eu de poesia, vivo com uma pessoa que é imune a tudo o que lhe cheire a poesia. Não é que não goste de ouvir, até gosta, mas não tenho ideia de o ver pegar num livro de poesia. (No entanto, no outro dia, ao remexer numa bolsinha da minha mesa de cabeceira, descobri uns poemas que ele me escreveu e que até têm que se lhe diga - se os meus filhos lerem isto devem fartar-se de rir, nem devem acreditar; aliás, nem ele próprio deve acreditar pois imagino que já nem se lembre dessa sua fase). E, não ligando eu patavina a futebol, convivo lindamente com o interesse que ele tem pelo dito. E por aí fora. Temos afinidades políticas e uma visão humanista comum mas, de resto, eu farto-me de rir e ele é contido; eu derreto-me em beijos e abraços aos miúdos e ele, quanto muito, dá-lhes um give me five, ele planeia as coisas e tenta ser organizado e eu funciono bem é no registo do improviso - etc, etc. Mas é assim que a gente se entende. Nem pensar em viver com alguém que fosse eu em versão masculina, haveria de ser uma tourada permanente. (Assim, é só de vez em quando).

Porém, o que me chamou ainda mais a atenção nesse artigo foi a história seguinte que achei comovente, vendo depois as imagens:

Um dos maiores exemplos, temos, a artista sérvia Marina Abramovic teve uma intensa relação de amor com seu parceiro, o alemão Ulay nos anos 70. Passaram vários anos juntos, fazendo todos os tipos de performances ao redor do mundo. Em 1988, quando o relacionamento deles chegou ao limite, realizaram o seu último ato, chamado The Lovers cada um caminhou em lados opostos da Grande Muralha da China para se encontrarem no meio, abraçar e nunca mais se encontrar novamente.
Porém 23 anos depois, quando Marina Abramović já era um artista aclamada, o Museu de Arte Moderna ( MoMA) dedicou uma retrospectiva de sua obra chamada The Artist is Present. Nele, Marina compartilha um minuto em silêncio com cada um que se sentou em frente a ela. Ulay veio sem ela saber, e o que aconteceu, segue no vídeo abaixo.

Marina Abramović e Ulay - MoMA 2010




Apetece dizer: lovers for ever

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Relembro: Sobre pessoas que são ficcões e sobre palavras que falam de uma pessoa muito de verdade, poderão descer até ao post que se segue.

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E desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira. Aproveitem-na bem. 
E aproveitem bem todos os momentos, os bons, os menos bons e os bons que se seguem aos menos bons.

...

sexta-feira, setembro 12, 2014

Cenas da vida conjugal: umas vezes muito perto, outras muito longe, umas vezes fantasiando, outras concretizando. Ora Lado a Lado, ora Extremely Close, ora com os olhos Wide Shut. Uma dança, portanto.



Este é o terceiro post da noite (e desculpem-me estas minhas introduções mas é que, como já aqui expliquei, uma certa pessoa sempre muito apressada e distraída, se eu não o agarro logo pelos colarinhos, pira-se antes de percorrer todo o caminho das pedras; por isso, mal entra num post que não é o primeiro, não vai ter desculpa se disser que não reparou que abaixo havia mais).

A seguir falo de Manuela Ferreira Leite, essa mulher que se tem revelado um verdadeiro carro de combate, e das interessantes revelações que fez na TVI. A não perder.

Mais abaixo ainda tenho mais uma divertida cena da Porta dos Fundos - coisa de mulheres, é certo, mas que interessará também aos homens pois quem, senão os homens, para se divertirem à custa das mulheres. 

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.

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Depois da Manuela e depois do meu marido se ter ido deitar, pus-me a ver a telenovela nova da SIC, uma bem engraçada de que não me lembrava o nome.




Fui ao youtube e vi que se chama Lado a Lado com a cada vez mais bonita Patricia Pillar que aqui faz uma fantástica Baronesa Constância que é uma mulher elitista, pedante, inconveniente e que usa uns vestidos e uns chapéus de uma pessoa morrer de inveja. Para ilustrar, escolhi a fotografia acima na qual aparece com a toilette usada no casamento da filha. Uma perdição de toilette.


Vi o trailer no youtube e achei-lhe piada, coloco-o aqui. Recebeu um Emmy em 2013 esta telenovela. Há que séculos que eu não via uma e estou a gostar. Reencontro caras que não via há muito e reencontro o prazer das boas novelas da Globo.






Mas, ao abrir o Youtube, apareceram, entre as sugestões habituais, a de um bailado da Companhia Hubbard Street Dance Chicago, companhia que bastante aprecio. Fui procurar outras coreografias, aquela não me dizia grande coisa. E fui parar a um que aqui vou colocar, "Extremely Close", uma coreografia de Alejandro Cerrudo.

Mas, então, a partir desta expressão, extremamente perto (ou próximo) - que é uma das características de uma vida a dois - ocorreu-me procurar excertos de filmes em que se vejam alguns episódios da vida a dois: fantasias, hesitações, desconfianças, seduções, traições, ciúmes, perdões.


São algumas destas cenas da vida conjugal que hoje coloco aqui, a começar com excertos de um dos filmes de que francamente gostei de ver, Closer.



Aqui baixo, uma cena de sedução e atracção entre Anna (Julia Roberts) e Dan (Jude Law) - e que românticos eles são, que envolvente é o momento. Uma inspiração.




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Do mesmo filme, Larry (o abrasador Clive Owen) e Alice (Natalie Portman), num momento de sedução e desejo sem freio. Um desafio.




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E, depois das cenas acima com os casais trocados, a cena entre marido e mulher, Larry e Anna: a cena que todos os casais gostariam de ser capazes de evitar ou ultrapassar. Uma atrapalhação. Um momento para esquecer se fosse na vida real. Assim, no cinema, uma cena marcante.






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Mas há também as fantasias, tão ou mais marcantes na vida de uma mulher do que um caso concreto.

Alice e o marido, Dr. William Harford - de facto Nicole Kidman e Tom Cruise (então ainda casados antes do seu casamento cair de borco depois deste filme) - juntos numa inesquecível cena de descrição de uma fantasia. Um devaneio. Um suplemento de ânimo ou uma semente de insegurança.





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E esta matéria daria pano para muitas mangas mas a verdade é que estou cheia de sono e amanhã é dia de aquartelamento parcial aqui ao jantar com dormida incluida e, portanto, não posso partir para um dia com reuniões e mil coisas para fazer e ainda uma noite repleta, logo a cair de sono. Por isso, abstenho-me de filosofar e parto já para o bailado: Extremely Close.





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Fico-me por aqui porque já não dá mesmo mais, tenho que ir dormir. Não vou rever e peço que relevem as letras trocadas, a menos ou a mais, as vírgulas a mais ou a menos.


Relembro: Abaixo encontrarão a Manuel Ferreira Leite e, logo a seguir, a Porta dos Fundos.


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Desejo-vos, meus Caros Leirores, uma bela sexta-feira.


terça-feira, maio 15, 2012

A paz interrompida de Ana


Música, por favor

Maria Bethânia - Casinha Branca


Aos poucos, a transformação que se vinha operando na vila começou a ser notada. O progresso crescia, novas lojas abriam, o dono da residencial expandiu o edifício, o número de restaurantes duplicou, as pastelarias aumentaram e vinham já pessoas de fora para passear, ver as bordadeiras e comprar os doces regionais

O presidente do município organizou uma série de conferências, tendo convidado Ana para explicar qual tinha sido o seu papel, dado que era unanimemente reconhecido como determinante.




Ana, com simplicidade, explicou que se limitou a aplicar um dos princípios empíricos da economia e que consiste em que o que é necessário é pôr a máquina em movimento, restituindo a confiança aos consumidores e investidores. Uma vez isso acontecendo, as coisas correm por si. O dinheiro em circulação até pode ser o mesmo mas muda de mãos, gerando sustentabilidade. Explicou ainda que se o dinheiro em circulação for o mesmo mas mudar de mãos já não é mau, pois mau mesmo é haver retracção, uma vez que isso conduz à paralisia da actividade, à saída de cena dos agentes mais fracos, ao desemprego e, logo, ao empobrecimento. Mas que bom mesmo é entrar dinheiro de fora pois havendo mais dinheiro em circulação, isso significará crescimento. Explicou que foi isso que aconteceu na vila pois, ao passar a haver produtos inovadores e amplamente divulgados, começaram a acontecer vendas superiores a clientes de fora, o que acrescido da vinda de pessoas em turismo - mesmo que apenas para gastar em restaurantes - significava mais dinheiro livre entre as pessoas da vila, que o aplicavam em poupanças, em consumo ou em investimento.

Alguns ainda se interrogavam como é que uma bordadeira falava assim mas a maioria já se tinha habituado a conviver com a estranheza da situação.

E Ana sorria, agradecida por ver o fruto da sua iniciativa. Ana sorria porque sentia que as pessoas se queriam unir, queriam progredir, apostavam na juventude, apostavam na troca de experiências e saber entre novos e velhos.

A melhoria de rendimento escolar e a empregabilidade dos estudantes da vila começou a aumentar e essa era a maior alegria e a maior recompensa que Ana poderia desejar.



Ana andava feliz.

Na sua casa, no rés-do-chão forrado a estantes, com sofás, mesas, com as paredes decoradas com fotografias, pinturas, havia sempre jovens a ler, mulheres das oficinas que vinham praticar informática com os jovens, havia gente que tirava dúvidas aos miúdos, lia-se poesia, ouvia-se música. Era um local de tertúlia, de aprendizagem, de partilha.

A sua pequena casa com um pinheiro e uma pequena horta, as suas pequenas divisões muito claras, cheias de luz, muito simples, a alegria que ali reinava, enchiam-na de orgulho. 

Mas não há paz que sempre dure.

*

Música, de novo, por favor

Nat & Natalie Cole - Unforgettable



Um dia, quando Ana se levantou e, como sempre fazia, abriu as janelas do piso de cima, apercebeu-se de algumas vizinhas espreitando a rua, por detrás das cortinas. Estranhou e, então, espreitou ela também.

Ia-lhe dando uma coisa. O primeiro impulso foi fechar a janela e esconder-se. Com o coração descompassado, sentou-se. Ficou assim sentada, como se tivesse levado uma pancada na cabeça, por largos instantes, sem saber o que fazer.

Aos poucos foi vindo a si. ‘Estupor!’, ‘raios o partam!’, ‘estou feita!’, ‘o que é que eu faço agora à minha vida?’, ‘mas como e que o estúpido me descobriu, senhores!?’, ia ela dizendo num desespero, num lamento ,enquanto girava pela casa, sem saber o que fazer.

Voltou a espreitar mas agora com muito cuidado, não fosse o estupor vê-la. Devia estar metido dentro do carro porque não se via. Mas o carro, o carrão, estava mesmo encostado à porta, seria impossível sair sem ser vista.

Então foi tomar banho e, aos poucos, foi serenando. As feras encaram-se de frente e assim o faria.

Arranjou-se com cuidado como há algum tempo não o fazia, cuidou dos pormenores, perfumou-se, e foi à luta.

Ele devia estar atento pois, mal sentiu a porta a abrir-se, saltou do carro e colocou-se em frente dela com um ramo de rosas na mão. Sorria a medo mas o ar de galã tímido era o mesmo de sempre.

Ana reparou que as rosas estavam quase murchas, estava mesmo a ver-se que devia ter comprado as flores na véspera e deixado ficar no carro. Mas fez de conta que não tinha notado.

Ana aguentou firme : 'O que é isto?! Não deixei bem claro na carta que enviei há tempos atrás?!’

Ele não disse nada, Ana sabia que devia estar um pouco nervoso. Continuou a barafustar, ar de zangada: 'E vires para aqui neste espalhafato, pores-te aqui assim à minha porta com esse carro... e não percebes que as pessoas te conhecem? E olha essa figura de flores na mão...! Estás habituado a dar espectáculo, não é? Não perdes uma oportunidade... Ridículo.'

Ele nada, nem uma palavra. Com a habitual falta de perspicácia masculina, ainda não tinha percebido no que aquilo ia dar.

Ana continuou, mas quem a conhecesse pressentiria que, na escolha das palavras, estava já um indício e cedência: ‘Posso saber o porquê deste acto de desobediência civil?!

Ele arriscou: ‘Admiti que o castigo para a desobediência valesse o risco… Admiti mal...?’ e, olhando-a nos olhos, pressentiu que a coisa estava a ficar bem encaminhada. E, então, sorriu, sorria, com o sorriso de quem pede indulgência intuindo, à partida, que já a tem.

Ana, ainda simulando ar de má: ‘E as flores são para ficares aí, nessa figura triste, plantado no meio da rua com elas na mão, para as vizinhas todas te poderem tirar uma fotografia com o telemóvel, ou serão para eu as ir colocar numa jarra?’ mas já se ria, e ele conhecia bem esse sorriso.




Riu-se também: ‘Não te quero dar trabalho. Diz-me onde está a jarra que eu trato disso’ e entrou dentro de casa, atrás dela.

Mal a porta se fechou, agarrou-a pela cintura e dobrou-a, um verdadeiro beijo à Hollywood. Depois ela deu-lhe uma palmada no peito, como se estivesse zangada: “Mas isso faz-se? És mesmo um estupor!”.

A seguir, levou-o pela mão a ver a casa. E, pela primeira vez, chegou atrasada à oficina.




Cinema, por favor: it's Hollywood time

Richard Gere e Julia Roberts, o beijo do reencontro - Pretty Woman
*

Recordo, de novo, que, se quiserem ler a história de Ana desde o início, poderão procurar nas etiquetas aí ao lado, em baixo, 'Ana muda de vida'.

E, de resto, hoje no meu Ginjal e Lisboa as minhas palavras voam em volta de um belíssimo poema de  Manuel António Pina. A música é maravilhosa, Donizetti claro. Se estiverem para isso, eu gostaria de vos receber lá.

***

E tenham, meus Caros, uma terça feira cheia de beijos (reais, imaginados, consentidos, roubados... como queiram). E divirtam-se à grande, está bem?

domingo, novembro 27, 2011

Inside Job em Wall Street (e não só) e o dia em que Richard Gere levou a pretty woman Julia Roberts ao restaurante


Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.








A citação é de José Saramago e os clips referem-se aos trailers do documentário Inside Job e do filme Wall Street (Money never sleeps) e à cena do restaurante do filme Pretty Woman.

Bom domingo!

quinta-feira, novembro 17, 2011

Amores e desamores: ficção e realidade, ligações perigosas, neuroses e humor, alguém tem de ceder e mais perto. Que falem os mestres.


No seguimento do texto de ontem sobre o casamento (ou sobre os relacionamentos a dois, em geral), hoje temos uma aula prática ou, melhor, um workshop em seis actos ou, melhor ainda, um conjunto de case studies. Escolham. Ficarão em boa companhia, seja com quem for.

Alguns dos filmes já aqui apareceram mas repito-os inseridos neste contexto. Pela qualidade, espero que me desculpem o déjà-vu.

Faço o aviso como se faz em relação a alguns números arriscados: não devem ser repetidos em casa (pelo menos sem o apoio de especialistas). Estão aqui mais para ilustrar situações - e, sobretudo, estão aqui porque são belos filmes, belos actores, belas realizações, belos argumentos (uns mais que outros, claro, mas tem que haver oferta para todos os gostos).


A amante do tenente francês com Meryl Streep e Jeremy Irons


Ligações Perigosas com John Malkovich, Glenn Close, Michelle Pfeiffer



Annie Hall com (e de) Woody Allen e Diane Keaton


 

Alguém tem que ceder com Diane Keaton e Jack Nicholson




Closer com Julia Roberts, Clive Owen, Jude Law e Natalie Portman




As Pontes de Madison County com Meryl Streep e Clint Eastwood


 

Tenham um belo dia. Esqueçam a crise. Nada podemos fazer senão viver o melhor que conseguirmos.

Be happy!

  

quinta-feira, agosto 25, 2011

Love is an accident waiting to happen

Penso que já aqui falei deste filme de que tanto gostei. É a história, são os intérpretes (Clive Owen, Jude Law, Natalie Portman, Julia Roberts), é a realização, é a banda sonora, é tudo muito bom.

Querem rever?
Closer.

(Se tiverem oportunidade de ver o filme inteiro, não percam, vão gostar)