Ainda não vi televisão, apenas ouvi rádio.
Se já lhe conheço a voz, o dito Anselmo Crespo lia um bocado da última página onde o putativo candidato a Paul Aster -- mas em versão manequim da Rua dos Fanqueiros -- dava a entender que estava a ganhar-lhe o gosto, acabando a prosa com umas ameaçadoras reticências. Do que percebi, tendo ajustado contas com Sócrates, certamente com a sua bem conhecida falta de elegância, estará agora com vontade de ir morder as canelas ao Costa por este ter ousado governar com o apoio dos leninistas.
E, ouvindo isto, até me senti com a pele mais marron, com o sorriso mais descarado de António Costa e a dizer em vez dele: 'Ui...medooooo...'
Não faço ideia de quem é que gastará dinheiro para comprar a grande obra, a 'Quinta-feira e outros dias' de seu nome. De literário nada deve ter. Do que lhe conhecemos, imagino que não passará de um repositório de fel, de fel já mais do que decomposto. Não direi que aquilo não deve passar de pura bosta porque não tenho a intimidade com o gado vacum que o autor em tempos mostrou ter.
E não posso pronunciar-me mais porque, como é óbvio, desconheço a matéria -- mas só o que se anuncia já me faz revolver as entranhas. Diz que relata o que se passava nas conversas com o primeiro-ministro em funções o qual foi, sobretudo, Sócrates. E eu interrogo-me se a cavaca criatura terá a elevação necessária para que o que ali escreve não seja pura lavagem de roupa suja. É que, se lhe conhecêssemos nem que apenas leves laivos de ironia de fino recorte, poderiam ser as 590 páginas um rebuçadinho que todos quereriam levar à boca para depois citar. Agora naquele senhor, que mais parece um cepo, não há nem nunca houve ponta de graça. Logo, antevejo que a coisa não passe de um desagradável ranger de dentes com baba verde a escorrer das comissuras labiais das badanas do livro.
Resta saber se a coisa em forma de livro terá mais sucesso editorial do que a coisa parida pelo Lima do Sótão. Antevê-se que, entre aqueles dois, vá ser despique, mas despique a sério, olho por olho, dente por dente. Coisa que haveria de merecer apostas.
Também ouvi que Passos Coelho e Cristas estiveram presentes na referida missa de corpo presente. Pudera. Desamparados como se têm andado a sentir, só a perspectiva de receberem um alô da múmia cavaquiana já os deve ter feito sentido menos órfãos. Tristes. Nisto só me me interrogo sobre a indumentária da madame da política positiva: estava madame cristas com a coxa grossa ao léu? E o láparo? Cantou ópera? Arreganhou o dente? Pediu autógrafo ao padrinho? -- alguém me elucide, pf.
E pronto. Já cá volto. Vou jantar e talvez veja na televisão imagens do fantasmagórico evento.
Ah, é verdade... e Madame Cavaca também lá estava, certo? E fez o seu pespenico sorriso de cada vez que o esposo bolsou raivinhas? (Pergunta retórica, claro).
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(Só espero é que, se vir o filme do lançamento da obradura, não me desinspire porque me está a apetecer relatar uma coisa que mete a menina Dindinha.)
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PS: Ah, é verdade. Só mais uma coisinha. O célebre ex-ministro Campos e Cunha também terá sido por lá avistado, prestando vassalagem ao obrador? Faria sentido. E a nossa Joana dos Naperons fez algum arranjo floral gaudêncio para enfeitar a mesa do dito putativo memorialista? Também faria sentido.
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Já venho.