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sexta-feira, janeiro 10, 2025

Diane Morgan: Philomena Cunk adoraria entrevistar Elon Musk.
E eu adoraria ver.
Mas, por enquanto, fico-me pela descrição do meu dia na capital

 

Hoje o nosso programa de festas levou-nos para os interiores da capital. 

Nado e criado em Lisboa e toda a vida aí tendo trabalhado e eu própria tendo ido viver para Lisboa com 17 anos e tendo igualmente trabalhado aqui até há pouquíssimo tempo, tendo ambos que circular, frequentar e estar por dentro dos circuitos da cidade durante toda uma vida, vemo-nos agora incomodados com o trânsito, com o estacionamento, com a barafunda dos dias úteis.

Ia eu a andar e diz-me o meu marido: 'Olha lá, não estás ao pé de casa, não podes andar no meio da rua ou atravessar sem ser nas passadeiras ou sem que o semáforo esteja aberto'. E, de facto, até parece que estava esquecida. Como se morasse na província, longe de carros e confusões, e nunca tivesse andado no meio de Lisboa, ali estava eu, completamente descuidada.

Mas isto de andarmos ali a pé foi quando tínhamos conseguido encontrar onde deixar o carro.

Tínhamos ido confiantes para o local onde tínhamos o nosso compromisso, sabendo que, se não encontrássemos lugar por lá, teríamos sempre o grande parque ali perto. Pois, pois. Lugar na rua nem vê-lo, tudo, tudo, tudo cheio. Dirigimo-nos ao parque. 'Completo'. Ficámos estupefactos. Como o parque é grande e tem várias entradas, pensámos que talvez numa outra ponta tivéssemos mais sorte, até porque, entretanto, poderia ter saído algum carro. Pois, pois. 'Completo'. E com isto já estávamos a ficar em cima da hora. Por milagre, enquanto andávamos naquela demanda, saiu um carro e lá estacionámos. Um preço exorbitante. Afinal aquela deve ser das zonas mais centrais e mais caras de Lisboa. 

Esse assunto resolvido, lá fomos.

Muito restaurante novo, muita loja, muito movimento. E digo isto agradada. Uma vez mais me senti turista num território que deveria ser-me relativamente familiar.

E sendo hora de almoço, íamo-nos cruzando com as pessoas saídas do seu trabalho, aceleradas, outras conversando entre amigos, aquele movimento pleno de ocupação de quem vive essa rotina diária. 

Gostei de ver e lembrei-me de como até há tão pouco tempo eu também andava sempre apressada, querendo rentabilizar todos os minutos. Agora senti-me uma mera observadora e tive vontade de estar com máquina fotográfica a captar o bulício cosmopolita, pois aquele é todo um mundo, com os seus padrões.

Depois do demorado e excelente almoço, passeámos por ali. Às tantas lembrei-me de ir dar uma espreitadela a um dos grandes centros comerciais que ali marca a geografia. Dirigi-me para a porta por onde costumava entrar. Não encontrei. Era a porta de um banco. Não percebi. Dirigi-me para a porta principal. Era a porta do mesmo banco. Tudo aquilo agora é o banco, o centro comercial evaporou-se. Se calhar isso já aconteceu há algum tempo mas ou tenho andado distraída ou só se vê aquilo que se quer ver. Não sei.

Assim como assim, depois de passearmos por ali, ao passar por uma Zara com letreiros de saldos, não resisti. E não resisti a uma camisa/casaco altamente colorida, uns brincos gigantes e altamente aparatosos e uma coisa que creio ser uma pulseira com uma flor gigante. Não preciso de nada disto, claro. Mas a moda é assim mesmo, a atração pelo inútil.

Só que é mais do que isso. Quando eu era miúda, gostava de usar roupas coloridas e adereços vistosos. Mas pouco havia disso, com excepção do que se arranjava nos Porfírios. Mas muitas vezes, diziam-me que eu ainda não tinha idade para usar coisas assim. Depois, já devia ter juízo para usar coisas assim. Depois, não eram coisas apropriadas para ir trabalhar assim. Depois já não tinha idade para coisas assim.

E agora atingi o estado de espírito em que me dá igual. Se gosto de uma coisa, seja altamente colorida, altamente vistosa, altamente exuberante, uso e quero cá saber se alguém acha ou diz o que quer que seja.

Depois fui ter com o meu marido. Vi-o de longe. Estava perto do carro a tentar descobrir-me, certamente receoso de que eu não conseguisse dar com o carro ou me tivesse 'perdido' e recaído ao consumismo.

E, por fim, mais para a tarde, apanhámos um trânsito absurdo e voltámos a lembrar-nos das muitas horas de vida que perdemos em infinitas filas (horas? dias! meses! anos de vida).

Com isto tudo, claro que agora não me apetece falar de temas concretos ou sérios. Aliás, estou com um sono tramado, até parece que fiz uma grande expedição.

Mas não quero ir-me sem partilhar convosco esta entrevista da extraordinária Diana Morgan (que diz que tem 99% de Philomena Cunk) a Stephen Colbert. Uma graça. 

Haja humor. Gente inteligente com vontade de rir (mesmo que sabendo conter-se) é uma lufada de ar fresco.

Diane Morgan: Philomena Cunk Would Love To Interview Elon Musk
The Late Show with Stephen Colbert

Diane Morgan, who plays the brilliant documentarian Philomena Cunk on her show, "Cunk on Life," says Elon Musk is at the top of her interview wishlist. "Cunk on Life" is streaming now on Netflix. 


segunda-feira, dezembro 23, 2024

Para o Natal, pode ser a mesma coisa que ando a pedir faz tempo e que ainda não tive a sorte de ganhar...

 

Já nem vale a pena falar no consumismo que se nos entranha até à medula e que nos leva a oferecer coisas mesmo a quem não precisa de nada. Isso é mais do que sabido. 

Eu, desde há algum tempo, temo sempre receber coisas desnecessárias. E, ao escrever isto, retomo a ideia de sempre: necessidade, necessidade já não sinto de nada. 

Não quer isto dizer que, quando vou a algum lado, não arranje sempre o que comprar. Tudo o que seja bugiganga inútil, desde que com o seu quê de charme, me entusiasma. Mas já penso sempre: onde é que vou meter isto? E já só trago coisecas que quase não ocupam lugar. E roupa, para que vejam, só coisas mais do que funcionais. No outro dia, quando fui às compras com os rapazes, numa das lojas, vi uma blusinha fininha, para mim, preta, boa para vestir sob qualquer casaco, em qualquer situação. Dava-me jeito. Estava em saldos e custou 9,9€. Fiquei feliz e contente.  

E comprei no supermercado um tabuleiro de ferro fundido para levar ao forno, pesado para caraças, mas muito bonito, um belo encarnado profundo no exterior. Custou vinte e tal euros, e ainda tem uma grelha separada que vai dar jeito para pôr legumes no fundo e a carne em cima. Pensei cá para mim: olha que belo presente que me estou a oferecer. Vim mesmo contente com a beleza daquele tabuleiro. 

De resto, o que gostava mesmo era de ter sempre dias felizes, de viver rodeada de honestidade intectual e moral, de afabilidade, doçura, gestos generosos, sorrisos. Coisas assim. E o que gostaria de poder oferecer a toda a gente era isto mesmo: alegria, motivação, boa disposição, gestos bondosos, esperança em dias melhores. 

Mas, para já, boas intenções à parte, aqui fica o pedido de sempre: a quem não souber o que me oferecer e fizer questão de oferecer mesmo qualquer coisa, pode ser isto que aqui abaixo se refere. Nada de crocodilos, elefantes ou rinocerontes. Só mesmo isto: um hipopótamo.

I Want A Hippopotamus For Christmas - Postmodern Jukebox Cover ft. Lauren Tyler Scott


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Peço desculpa mas ando completamente sem tempo para agradecer pessoalmente os vossos comentários e mails. Leio-os, obviamente, e agradeço-os mas ando totalmente absorvida noutras missões.

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E viva a vida!

sábado, julho 13, 2024

Post incumprido

 

Como deve ter dado para perceber, tenho estado fora. 

Dormi outra vez mal pois o pé desinfectou e desinflamou, está agora com uma mancha escura e algumas crostas e pele a cair, sobretudo no sítio em que estavam as bolhas, mas agora dói-me; mas é uma dor de tipo inflamação da articulação. Está um bocado rígido e doloroso. A médica tinha dito que tinha que se atacar logo 'até porque está mesmo em cima da articulação...'. Como andava com o pé um bocado de lado, pois custava-me assentá-lo, devo agora estar a pagar as favas da questão posicional. Nada de mais mas o suficiente para me dificultar o sono. Ora eu passo mal com défice de sono.

De qualquer forma, depois de uns belos dias de praia (a ver se um dia destes conto qual a praia e a terra que, se calhar, se posiciona no pódio das praias algarvias, na volta até no 1º lugar. Não conto hoje pois estou perdidésima de sono), foi dia de regresso.

Voltámos hoje à tarde e fomos directamente buscar a fera ao hotel em que tinha ficado. Portou-se mal e, tal o estado de ansiedade em que ficou, até parecia desfigurado, parecia que tinha os olhos projectados para fora, esbugalhados, e as orelhas, pelo contrário, encostadas para trás, até parecia que as não tinha. Estranho, transfigurado, hiper reactivo. E está com uma alergia na barriga que a senhora nos disse que poderia ser da relva ou do stress.

Ficou feliz, exuberantemente feliz da vida, da vida quando nos viu, parecia que estava a ser resgatado do inferno. E, no entanto, aquele 'hotel' em que estava é um luxo. Mas afastar-se de nós é para ele um pesadelo dos piores.

A seguir fomos dar uma voltinha com ele e, claro, tal como nas vezes anteriores, fez não sei quantas vezes cocó. Tal como os meus netos que vêm da escola sempre aflitos pois não gostam de fazer cocó na escola, assim esta nossa pequena fera. Vem de lá e mal se apanha no campo é fazer cocó umas vezes a seguir a outras.

Depois fomos ao supermercado pois vamos ter casa cheia e tínhamos o frigorífico com pouca coisa. A seguir fomos à farmácia comprar produtos para o tratar.

E ainda fomos fazer uma pequena caminhada junto à praia e buscar sushi para o jantar.

Depois, em casa, foi desarrumar as malas (devo confessar que vieram bem mais carregadas do que foram pois embora eu tenha começado por dizer que não queria nada mais, não precisava de nada mais, que nada de nada, acabei por trazer mais um fato de banho, mais um chapéu, mais dois vestidos, mais uns brincos e uns anéis e etc), arrumar os sacos do supermercado, tomar banho, etc. E isto já tarde, tarde.

Conclusão: mal pousei aqui no meu querido sofá, apaguei. Acordei estremunhada, a sentir que deveria era arrastar-me para a cama. Mas como tenho esta necessidade de não acabar o dia sem vir aqui dar um arzinho da minha graça, aqui estou.

Tenho coisas para contar, coisas bonitas para mostrar ,mas tem que ser quando estiver acordada... Por isso, sorry mas este é mesmo um post que não é post...

sexta-feira, novembro 23, 2018

Já perdi a cabeça com a Black Friday
(por acaso foi na quarta-feira, mas isso é pormenor)


Nesta coisa muito dos tempos correntes de que tudo antes de o ser já o era, a toda a hora o tempo se arrepia e, como se sabe e tanto aqui tenha falado nisso, no verão já se vende roupa de outono, em outubro já é natal e agora à quarta-feira já é black friday e, não contentes com tudo isso, a dita sexta-feira já se prolonga até domingo. 

Com dias de antecedência já estou a receber vários sms e mails  a anunciar loucuras nas lingeries, perfumes, electrodomésticos. Não ligo. Uma questão de princípio. 
Sou consumista (ou melhor: era consumista) mas tenho algum decoro. Macacadas de ir de véspera ou de madrugada, andar a correr por entre os corredores, disputar porcarias a gente desesperada, isso não. Não quando era consumista, muito menos agora que me converti à decência e à racionalidade.
Mas. 
         
         (Nos grandes momentos há sempre um  mas, certo?)

Ontem calhou irmos à catedral do consumo à hora de almoço. Quando chegou ao pé de mim, o meu marido anunciou: 'Passei por uma loja que vende colchões e que está com aquela coisa da black friday'. Esqueci-me logo daquele meu saudável propósito de já não ser consumista e disse: 'Será que têm a medida do nosso? Vamos lá ver?' É que é uma medida pouco usual nos dias de hoje e, quando o ano passado resolvemos trocá-lo, não encontrámos. Não sei se há uma idade limite para colchões. Se calhar há. O nosso já tem uns anos e achámos que o devíamos trocar. 

Fomos ver. Uma loja cheia de colchões de várias marcas e modelos. Tinham, não lá mas em catálogo numa das marcas, e podiam mandar vir. E mais, e imaginem a sorte, tinham da marca e do modelo que justamente estava com os descontos da black friday. A metade do preço. Os colchões são brinquedo caro, uma coisa que é descrita pelas vendedoras como se de um objecto de alta tecnologia se tratasse. E, se calhar, é. Sei lá. O que sei e isso de fonte segura é que há de espuma, de molas, disto, daquilo e do outro e de molas encapsuladas e com e sem camadinha de latex e com e sem camadinha de rede e de trinta por uma linha. Para evitar cepticismos, fomos aconselhados a experimentar. Eu aceitei e deitei-me em várias camas. O meu marido, que não é dado a intimidades em público (pelo menos que eu saiba), apenas se deitou e por uma fracção de segundo naquela que escolhi. E encomendámos. 

Entregam, levam o actual, tudo sem acréscimo de preço. E tudo por metade do preço.

Diria eu antes desta experiência: eu a fazer compras na black friday? Claro que não, estão a gozar ou quê? E colchões metidos ao barulho na black friday? Claro que não, está tudo maluco ou quê? Mas há uma primeira vez para tudo.

E, com isto, não posso agora é esperar por ter um sono novo, delicioso, num colchão de sonho. 

Portanto, entusiasta que fiquei, não se admirem se, até esta big sexta-feira preta acabar (coisa que, como disse, acontecerá lá para o fim do dia de domingo), eu aqui aparecer toda empolgada com um balde com esfregona ou três batatas doces a metade do preço. Ou a própria factura da luz, quem sabe.


domingo, novembro 16, 2014

A última que Durão Barroso deu. A mulher do Tobé. O imóvel que a Era tem à venda. Uma história sobre o desejo sexual. Juntos a arruinar Portugal. Actividades de Reformados e Pensionistas. Bruce e Esther Huffman querem perceber como funciona uma webcam.



No último acto enquanto presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso deu uma


(Notícia da SIC)




Ora, algumas questões se levantam relativamente à notícia em rodapé:


- Será que foi bem dada?

- Foi à mulher? À secretária? À assessora? À estagiária?

- Foi em que posição?


Nada foi dito. Má informação. Não esclarecem nada de importante!!


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A mulher do Tobé




O Tobé é um vendedor de colchões e roupa interior na Feira do Relógio.


Um dia chega a casa e diz à sua mulher:

- Tens de começar a ir trabalhar, oh môr. Olha para mim, hoje vindi 3 colchões e 20 cuecas e entraram aqui 600 aérios, tudinho sem ricibo!


Ela responde:

- Olha Tobé... eu sem sair de casa, só com um colchão e sem cuecas fiz 800 aérios




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Intervalo para a publicidade




(Fim do intervalo publicitário)

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DESEJO SEXUAL


Nunca entendi o porquê das necessidades sexuais dos homens e das mulheres serem tão diferentes. Nunca entendi todas essas baboseiras que dizem, entre as quais que a mulher vem de Vénus e os homens de Marte. E também nunca entendi porque é que os homens pensam com a cabeça e as mulheres com o coração.

No entanto, uma noite eu e a minha mulher fomos para a cama. Claro... começámos a acariciar-nos, o agarranço do costume, apalpão nos traseiros, etc...

O problema é que já estava eu bem na vertical, quando ela me diz: 

- Oh amor!.. agora não tenho vontade. Por favor, abraça-me somente. E diz-me isto com uma cara de cínica do caraças!...

E eu:

- Quêêêêê?!

E então virou-se para mim com aquelas palavras femininas mágicas que todas têm na ponta da língua: 

- Vocês são todos iguais!!! Não sabem entender as necessidades sentimentais de uma mulher

Ora porra!!! No final de contas, não ia haver nada nessa noite. Lixado, guardei os óleos afrodisíacos, apaguei as velas, tirei o CD do Alejandro Sanz (nestes momento funciona quase sempre), tomei um duche de água gelada para acalmar a besta, e deitei-me a ver o 'Discovery' bem alto, para a velha da sogra não dormir. Após alguns tempo, adormeci.

No dia seguinte fomos às compras ao Corte Inglês; entrámos numa loja, eu estava a ver relógios enquanto ela experimentava 3 modelos caríssimos da Cartier. Como mulher que é, não conseguia decidir-se por nenhum e então, farto de estar ali, eu disse-lhe:

- Leva os 3 amor.

Depois disse-me, olhando para uns sapatos de 290€, que estava mesmo a precisar de sapatos. Eu respondi que me parecia bem. Fomos de seguida à secção de roupa, de onde saímos com 2 modelos Channel, uma écharpe de plumas Fátima Lopes e mais uma mala Louis Vuitton.

Ela estava tão emocionada. Eu penso que ela achava que eu tinha enlouquecido, mas lá ia trazendo as compras todas atrás dela.

Penso também que me estava a pôr à prova quando me pediu uma saia curtíssima para jogar ténis... (nem correr sabe... quanto mais jogar ténis).

Entrou em choque quando lhe disse: 

- Compra tudo o que quiseres, meu amor.

Eu acho que ela estava quase sexualmente excitada depois de tudo isto. E virou-se para mim: 

- Vem carinho, vem meu doce, meu sol, minha vida, vamos à caixa pagar.

Foi aí que, estando apenas uma pessoa à nossa frente para pagar, lhe disse: 

- Oh amor!.. agora não tenho vontade de comprar tudo isto...

Bem, a cara dela só visto. Ficou pálida então quando lhe disse. 
- Abraça-me somente....

Ficou como se fosse desmaiar a qualquer momento. E balbuciou:

- Quêêêê....?!

Respondi-lhe, magoado:

- Vocês são todas iguais!! Não sabem entender as necessidades financeiras de um homem.


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(Se o Alejandro Sanz ainda estiver a cantar, é altura de o calar - se estiverem de acordo, claro - porque está na hora de entrar em cena um novo agrupamento musical num número coreografado a preceito)

Juntos a arruinar Portugal 




[Um vídeo de Tio Zé Productions]


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Altura para a ciência



Actividades de Reformados e Pensionistas


Um estudo recente da Universidade de Harvard sobre o que fazem os Reformados e Pensionistas chegou às seguintes conclusões.
                                                          
Dedicam-se basicamente a 3 coisas: Banca, bolsa e investigação.
  • O BANCO em centros comerciais, parques e jardins, onde  passam parte do dia.
  • A BOLSA que têm que esticar para pagar todas as despesas, a bolsa das compras no supermercado que têm que carregar, e a bolsa da reciclagem para deitar fora o lixo.
  • A INVESTIGAÇÃO DIÁRIA: Onde raio deixei as chaves? Onde pus a carteira? Onde larguei os óculos? Como se chama este gajo? De que é que estávamos a falar?!


Oh! He can get it up...!

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Para finalizar, secção dedicada à tecnologia

Bruce e Esther Huffman, também conhecidos como "The Happy Huffmans" tentam perceber como usar uma webcam




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Malta mando-vos um abraço mas, como não me lembro que dia é hoje, nem sei se vos posso desejar um Bom Fim de Semana.

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NB: Este post foi feito com recurso a piadas que os Leitores amavelmente me enviaram.

De minha lavra, para ilustrar as histórias, juntei a Kim Kardashian como mulher do Tobé, a Victoria Beckham como mulher consumista e trouxe estas mulheres perdidas de riso já aqui abaixo, e juntei o vídeo do casal Huffmann pois acho que, estando a falar de pensionistas e reformados, nada melhor para acabar o post em beleza do que com humor e cumplicidade.




E viva a vida!

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quarta-feira, dezembro 11, 2013

Eu, o Natal, o diabo do consumismo e a lembrança de um senhor que há uns dois ou três anos encontrei no estacionamento do Colombo (e que, se calhar, ainda por lá anda)


Nos dois posts a seguir a este, divulgo dois exemplos de cidadania e peço-vos que não deixem de os ver. Há pessoas fantásticas e tudo o que dissermos sobre a sua luta e sobre a dignidade com que a exercem é pouco. Esta terça feira José António Pinto deixou-me emocionada quando ouvi as suas lúcidas e corajosas palavras. Uma pessoa com coluna vertebral e amor ao próximo é assim que se deve mostrar perante os deputados eleitos pelo povo. Uma lição.

Outro que não se cansa de denunciar a promiscuidade e a putrefacção que alastra em locais onde a transparência deveria imperar é Paulo Morais.

Mas isso é mais abaixo. Aqui, agora, a conversa é mais pequena, a dita small talk.

*




Confesso que não tenho paciência nenhuma para o ímpeto consumista de natal, nenhuma, nenhuma, nenhuma. No entanto, uma coisa é eu não estar à espera de ser coberta de presentes e, quando me perguntam o que quero, dizer que não quero nada, e outra é eu defraudar as expectativas de quem gosta de receber presentes. 

E, assim sendo, vá de comprar coisas para miúdos e graúdos e, entrando nessa onda, acabar a comprar mais do que inicialmente queria.

Já para não falar em fotografias que tiro às centenas ou milhares e que, para escolher algumas para oferecer, perco horas, hooooraaaass, a ver uma por uma, desesperada, farta, a fazer listas para esta, aquela e aqueloutra (que, depois, na FNAC, para imprimir, são outras tantas horas pois, embora sejam feitas em regime de self service, é preciso esperar pela vez, marcá-las para impressão, e, depois ir levantar os envelopes cheios de fotografias e voltar a separá-las por destinatário; uma seeeeca...!). 

Tudo isto me leva um tempo infinito de que não disponho e que me deixa à beira de um ataque de nervos. Além disso, para as compras, só disponho de um bocadinho à hora de almoço (isto se não tiver compromissos como é o caso desta semana em que praticamente todos os dias tenho reuniões e almoços de serviço) ou ao fim de semana – em qualquer dos casos a pior altura para fazer compras.

Em síntese: um stress. E a casa vai-se enchendo de sacaria e mais sacaria. Depois é preciso separar e fazer embrulhos porque, como é bom de ver, trago tudo em sacos pois não tenho tempo para esperar que os embrulhem nas lojas.

Dispondo de pouco tempo, faço as compras em centros comerciais pois, havendo lojas para tudo e mais alguma coisa, é mais fácil cobrir quase todas as necessidades no mesmo local. O drama é que os centros comerciais, pelo menos os maiores, estão a deitar por fora às horas em que por lá ando. Arranjar lugar para o carro é logo a primeira dificuldade.

Na segunda feira, quase a correr de loja para loja, lá aviei mais uma porção de ‘encomendas’. Por fim, mal conseguia dar passo de tão carregada que ia, até me tremiam os braços, credo. Para ajudar à festa, quando coloquei o bilhete na máquina para sair do parque, a máquina dizia que o bilhete era inválido. Carreguei no botão e ninguém respondia, uma fila de carros enorme já atrás. Finalmente, lá a senhora me falou através da máquina e a cancela lá se levantou. Deve ser o sistema de validação que, de tão sobrecarregado, de vez em quando empanca. 

Consumismo mais estúpido! E eu a alinhar nisto. Todos os anos a dizer que me vou deixar de tal coisa e todos os anos a cair na mesma armadilha.

Agora por barafundas nesta altura do ano, lembrei-me de uma coisa que presenciei aqui há uns dois ou três anos por alturas do Natal.

Para quem conheça o estacionamento da catedral do consumo que dá pelo nome de Centro Comercial Colombo saberá do que falo. Aquilo tem 4 pisos e cerca de 7.000 lugares de estacionamento. Cada piso tem não sei quantas saídas e cada uma dá para seu sítio bem distinto. Uma pode dar para entrar na A1 no sentido Aeroporto/Norte, outra pode dar para Benfica, outra pode dar para a A2/Sul, outra para A5/Cascais e por aí fora. Quem não saia na saída adequada e não se mexa bem naquela confusão de estradas com várias vias em que, se não se entra na via correcta já de lá não sai, está o caldo entornado.


O conselho que dou a quem não esteja habituado a tirar o carro do Colombo é que dê as voltas que for preciso dentro do parque até encontrar uma saída que aponte no sentido correcto, ou seja, que não se aventure a sair por uma que não é a certa pois isso pode dar problemas dos diabos.

Pois bem. Como estava eu a dizer, aqui há uns poucos anos, estava eu a dirigir-me ao meu carro quando um senhor a pé, de sotaque alentejano cerrado, já com alguma idade, com ar meio perdido, me perguntou onde é que era a saída do parque.

Só pela pergunta vi logo que se avizinhava um problema dos grandes.

Disse-lhe que, em cada piso, há não uma mas várias saídas e que, portanto, ele tinha que escolher a que lhe convinha. Olhou para mim sem perceber bem a dimensão do problema. Perguntei-lhe para onde iria ele quando dali saísse. Disse-me que ia para Beja. Só me apeteceu gemer: Ai.... Mas mantive a compostura para não o assustar. 

Perguntei-lhe se pretenderia ir pela 25 de Abril ou pela Vasco da Gama uma vez que isso corresponderia a opções distintas logo depois de sair, e isto saindo pelo local correcto. Olhou para mim admirado. Perguntei-lhe por onde é que tinha vindo. Tinha vindo pela 25 de Abril. Então eu disse-lhe que teria que apanhar uma saída que dissesse A1/Aeroporto/Eixo Norte Sul ou Eixo Norte Sul/A2. Perguntou-me onde eram essas saídas. No meio daquele mar de carros era difícil dizer-lhe; aconselhei que, quando se metesse no carro, fosse andando até descobrir setas que dissessem isso. Vi-o com ar um pouco atrapalhado e então ofereci-me para o guiar, que se ele quisesse eu me metia no meu carro e ele que viesse atrás que eu daria com a saída certa. Disse-me que não, que tinha acabado de chegar, que a mulher, para ir adiantando, já tinha ido andando para o centro comercial, que ele tinha ficado ali para perceber por onde sair e que, então, ia à procura dela. Fiquei ainda mais aterrada. À procura dela? Impossível, nestas alturas, em hora de maior afluxo, encontrar alguém sem referências: é encontrar agulha em palheiro. Ainda por cima o Centro não apenas tem 3 pisos de lojas como tem várias zonas circulares, em que, quem se meta numa, não tem hipótese de se cruzar com quem ande numa das outras. Disse-lhe que o melhor seria telefonar-lhe a perguntar onde é que ela estava. Já com ar afogueado e a começar a ficar preocupado disse-me que só tinham 1 telemóvel e que ele é que estava com ele. Fiquei sem saber o que dizer. Disse-lhe que se não a visse logo, o melhor seria tentar encontrar algum funcionário ou o balcão das informações para a chamarem pelo microfone.

Perguntou-me então onde é que era a escada para o centro comercial. Escadas e elevadores há também vários em cada piso. Lá lhe indiquei qual a escada mais próxima. Perguntei-lhe se tinha fixado onde tinha deixado o carro e vi que ele ficou também apreensivo.

Apesar de estar já cheia de pressa e percebendo a dimensão do problema que ali estava armado, oferecei-me para o ajudar. Disse que não era preciso, que se havia de desenrascar mas eu vi que ele já tinha percebido que se tinha acabado de meter numa valente duma enrascada. Vim-me embora preocupada e volta e meia ainda penso nele. Tomara que ainda não ande por lá perdido, sem saber do carro nem da mulher.

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Relembro: o importante aqui hoje são os dois posts a seguir. A sério.

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Hoje no Ginjal tenho a Eunice Muñoz a dizer Eugénio de Andrade.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira!


quarta-feira, dezembro 29, 2010

A crise em Portugal e as compras de Natal, os saldos, o réveillon e Sócrates

Ouvi dizer nos noticiários que nos últimos dias os portugueses têm levantado dinheiro nas máquinas ATM como se não houvesse amanhã.

Ouvi nos noticiários que, nos saldos que agora começaram (fazendo-nos sentir estúpidos por termos pago há dias o dobro do preço do que as coisas valem agora), a procura tem sido uma coisa do além e os produtos de luxo são os que têm mais procura.


Ouvi nos noticiários que os voos para os principais destinos no réveillon estão esgotados. Dinheiro a sair do País.

Ouvi que os hotéis estão repletos especialmente os mais caros; mas, se fossem apenas os hotéis nacionais, menos mal (porque, apesar de os media não falarem noutra coisa, os portugueses ainda não perceberam bem que é hora de poupança e não de consumo – mas, enfim, seria dinheiro a circular cá dentro).

Mas o que me chocou ainda mais foi ouvir uma espanhola de Vigo a dizer que nesta altura – e este ano não é excepção – dois terços dos clientes são portugueses.

Os portugueses vão passar a passagem de ano a Vigo? Mas a propósito de quê? É que não é apenas uma questão de gosto – é mesmo uma questão de racionalidade económica: com que jeito vão os portugueses dar uma ajuda à economia espanhola?


Como é que isto é possível quando se anunciam cortes de ordenados, subida de impostos, cortes no crédito, aumento das taxas de juro e sabendo que o corolário de tudo isto é aumento do desemprego?

Fala-se que o Sócrates:
  • tem o dom da palavra (e tem),
  • fala geralmente nos aspectos positivos, escamoteando os problemas (é um facto: é um optimista, quer transmitir confiança mas, por vezes, para isso, omite o lado negro das coisas)
  • acordou tarde demais para a crise (e é verdade: as medidas que aí vêm, já deviam estar em vigor há muito),
  • é o culpado pela crise (e isso é injusto - porque a crise portuguesa é em parte o contágio da crise internacional, e em parte a consequência de muitos anos de gestão cega e desequilibrada entre os compromissos que se assumiram e o dinheiro para lhes fazer face, e esse facilitismo já vem muito de trás).
Mas o desequilíbrio orçamental não existe apenas no Estado: existe nas empresas, existe nas famílias.

E será justo culpar o Sócrates por isso?

Era (e, pelos vistos, ainda é) uma filosofia de vida, aqui e em todo o mundo dito desenvolvido, que assentava na designada alavancagem financeira. Gastar agora e pagar depois. Recorrer ao crédito e pagar quando se puder. E os juros a acumularem-se e, logo, o valor da dívida a aumentar. E mais crédito. E assim sucessivamente.

Tem sido este o paradigma.

Quanto ao desequilíbrio a nível do Estado, diz-se agora que o Sócrates é mau. Mas não se disse que era mau quando cedeu aos sindicatos, sejam de professores, de juízes, de quadros da função pública, quando não pôs cobro a reformas antecipadas, quando não foi mais rigoroso na atribuição de subsídios para tudo e mais alguma coisa, quando não eliminou tudo o que de redundante existe a nível de institutos, empresas autárquicas, etc, etc, etc. Nessa altura era um razoável primeiro ministro.

Agora que a festa acabou e que (tarde demais), está a fazer o que é suposto fazer, já é mau? É que o problema não são as medidas terríveis que aí vêm: o problema é o que tornou essas medidas imprescindíveis.

Por exemplo, o que os media têm relatado e que acima referi sobre as opções para o fim-de-ano e as compras compulsivas dos portugueses em geral, não revela nada de bom. Mas alguém de bom senso pode dizer que a culpa deste excesso de consumo, desta irresponsabilidade que é continuar-se a consumir desabaladamente (produtos importados), sem acautelar poupanças, é culpa do Sócrates?




Tem culpas no cartório, tem e muitas, mas, sejamos justos: culpemo-lo pelo que é de responsabilidade dele, não pela que é dos outros, pelo que é de nossa própria responsabilidade.
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quarta-feira, dezembro 01, 2010

Vamos gastá-lo antes que se faça tarde: Consumo na Grande Catedral, Consumo na Zona Chique, Réveillon, livros a pontapé et al....: Santa Claus is coming to town...!

1. Desde segunda-feira que a catedral do consumo se encontra a transbordar de uma multidão ululante. Não exagero. Os parque de estacionamento estão repletos, os restaurantes repletos estão, nas lojas quase não se consegue dar passo e as caixas têm filas enormes. Não exagero. Os adultos do costume, mais outros que vêm aos magotes não se sabe de onde, jovens em ruidosos grupos (já começaram as férias?), idosos em cadeiras de rodas. Não exagero. Acabo de ver na televisão uma reportagem que mostra que no Chiado se passa o mesmo; até uma comerciante diz que o que se passa não tem nada a ver com crise.

As ruas transbordam, as lojas transbordam.


Penso que só pode ter a ver com o recebimento do ordenado e subsídio de natal. As pessoas devem ter pensado: ’Antes que o cortem, vamos mas é dar cabo dele’ e desataram a consumir de uma forma desenfreada.

2. Logo a seguir às férias de verão, Setembro ao rubro, as lojas de vestuário já só tinham roupa de Inverno. Nós, de algodões ligeiros e frescos, sem meias e de sapatos abertos e as montras cheias de lãs, tweeds, botas para o frio. Agora, que está frio, Dezembro a começar, as montras estão cheias de vestidos sem mangas, saias curtíssimas, lantejoulas, rendas, brilhos: é o réveillon que já aí está.

Como dizem os Deolinda, ‘vivemos todos uma casa ao lado’. Induzem-nos sempre um tempo que não é ainda o nosso.

Não sei que sentido faz isto.


3. Fazemos compras para oferecer pelo Natal e, se temos que trocar alguma coisa, no dia a seguir já está tudo a metade do preço. Ficamos a sentir-nos idiotas por termos dado o dobro do devido. Mas fazer o quê? Chegar ao dia de natal e não ter presentes para oferecer?

4. Entro numa livraria.

Livros com capas esfusiantes, quase iguais, os livros como um objecto de consumo, muitos livros, muitos, romancetes de toda a espécie e feitio, proto-intimistas, proto-históricos, proto-biográficos, de escritores que vendem livros a rodos, escritores que são de gargalhada – não há figura, figurão ou figurinha que não publique livro – e mais livros de auto-ajuda para todo o gosto e paladar: para gordos, para deprimidos, para endividados, para os que não gostam do chefe, para os que não sabem vender, para os que não sabem tratar dos filhos, para os que compram como se não houvesse amanhã, para os que têm dificuldade em adormecer e os que custam a acordar: treta, treta por todo o lado.




E eu sinto sempre alguma pena dos autores sérios, dos que fazem um livro como quem faz um filho, os que estudam, investigam, escrevem com cuidado e amor, rasuram, sacrificam horas, dias, meses de vida, aqueles que com honestidade, dedicação (e sentido artístico e background cultural) vivem da escrita e que têm que competir com todo este junk paper que invade as prateleiras.

No meio de tanto material sem qualquer qualidade, em que o que é promovido é exactamente o que não presta, como garantir a preservação de alguma cultura?

E, afogados em material de consumo, como explicar o que é a cultura?

Nota: Os livros da Fátima Lopes e da Margarida Rebelo Pinto figuram aqui apenas como ilustração. Como estes há aos molhos.

  • É esta absurda sociedade de consumo. É este paradigma que tem conduzido a humanidade ao egoísmo, à estupidez, à regressão e que nos levou a nós, em particular, a sermos uma sociedade amorfa, pouco exigente, inculta, estupidificada, um país endividado com uma economia moribunda.
          Temos que dar um passo atrás e repensar tudo isto.


Até lá, que remédio... vamos ouvindo por todo o lado:

You better watch out,

You better not cry,

Better not pout,

I'm telling you why: 

Santa Claus is coming to town...!

He's making a list

And checking it twice;

Gonna find out Who's naughty and nice

Santa Claus is coming to town!!!!!!!