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domingo, agosto 10, 2025

A vida dos muito ricos

 

Não sou mas conheço alguns. Nunca aparecem nas revistas. Nunca aparecem na televisão. Raramente vão aos restaurantes da moda. Raramente vão às praias da moda.

Geralmente estão nas suas casas. Um deles tem uma casa de férias, dizem que 'normal', ou seja, nada daquelas villas que ostentam fortuna por todos os poros e janelas, numa aldeia perto da costa vicentina. Dizem que vai, de calções e chinelos, ao minimercado mais perto, geralmente comprar peixe para assar. Digo 'dizem' pois nunca ninguém viu, foi um irmão que uma vez comentou isso e, quando contra-comentaram que ninguém lá deve desconfiar quem ele é, respondeu que claro que não, ninguém sonha. Esse que comentou, outro igualmente rico, também é especialista em churrascos. Gosta de assar peixe e carne não apenas para a família como para os amigos. Se lhe perguntarem se conhece algum daqueles restaurantes super estrelados dirá que isso não é para ele. Quando se vai ao restaurante com ele, não apenas escolhe restaurantes 'normais' como, no fim, se é ele que paga, no fim põe os óculos e está meia hora a olhar para a conta e a conferir se não puseram uma água ou um queijinho a mais.

Um desses muito ricos, quando em ambiente informal, em casa, mesmo que com convidados, no inverno usa geralmente um pullover de lã que é mais comprido de um lado do que outro, de tricot, já todo 'pendão' e com um ou outro buraco, de tipo malha caída. Todos os anos usa o mesmo pullover, gosta dele e acha que está bom, que não faz sentido deitar fora. 

É gente que parece ser despojada. Parece, mas não é. Pelo contrário são até forretas, 'poupadinhos'.

Uma vez vim ao lado de um deles numa viagem de avião. Tinha comprado uns charutos na freeshop. Vínhamos na conversa e, às tantas, quis ver o que eu tinha comprado. Quando viu a caixa de charutos, perguntou quanto tinham custado, e, pela entoação, foi quase como se achasse se eu tinha gastado dinheiro uma inutilidade, ainda por cima dispendiosa. 

As televisões e as redes sociais mostram-nos grandes hotéis, resorts de luxo, e, invariavelmente, estão sempre cheios. Mas não destes muito ricos, pelo menos dos old school. Aliás, do que conheço, penso que sentem um certo desprezo por esse jetset endinheirado que por aí anda gastando balúrdios e exibindo as suas férias, as suas toilettes, os seus luxos. 

Por exemplo conheço um que é rico, diria que bastante rico. Mas não é tão rico como os anteriores. Vai de férias todos os anos, duas semanas, para a Quinta do Lago, milhares como podem imaginar, e conhece todos os Belcantos desta vida, todos os vinhos renomados e envelhecidos, e frequenta torneios de golfe um pouco por todo o mundo e faz questão de ter sempre carros ultra topo de gama. Os primeiros, os muito ricos, de certa forma troçam, ainda que discretamente, com os luxos deste último, quase como se achassem que é coisa de gente deslumbrada. 

É grande a diferença entre o old money e o restante. 

Claro que há ainda as pessoas que conservam todos os hábitos do old money, porque em tempo o tiveram, apesar de já não serem tão ricos assim. Esses ignoram os novos-ricos embora, no íntimo, penso que invejem um pouco o seu sucesso e a sua ascensão, quase como se pensassem que são alpinistas socias que vêm ocupar, usurpar, o seu lugar na sociedade.

Pelos vistos os muito ricos do Brasil não são como os muito ricos em Portugal. Pelo que vejo no vídeo abaixo, não só gostam de ostentar a riqueza como acham que é pouca, que ricos são os outros. É uma questão cultural.

De qualquer forma, embora espelhando uma realidade diferente (pelo que ouço, os muito ricos do Brasil seriam considerados em Portugal novos-ricos), partilho o vídeo em que o Bial fala com um antropólogo que tem investigado a vida dos ricos.

Por que os RICOS OSTENTAM? Michel Alcoforado TE CONTA | Conversa com Bial | GNT

O antropólogo @‌michelalcoforado experienciou o mundo dos muito ricos através da chamada “observação participativa”, para entender como pensam, o que consomem e por que ostentam tanto.

No #ConversaComBial, ele explica como a riqueza no Brasil não diz apenas sobre dinheiro, mas também sobre poder, acesso e pertencimento. 

Desejo-vos um feliz dia de domingo

segunda-feira, maio 20, 2024

Betinho e Betty, dupla de opereta
- A palavra a António Araújo, licenciado e mestre em Direito, doutor em História Contemporânea -

 

Para quem ache que os temas relacionados com o socialite Castlewhite a quem os jornalistas, vá lá saber porquê, teimam em identificar como marchand de arte só podem ser tratados pelas so called jornalistas do Correio da Manhã, aqui está a prova de que quem sabe, sabe, e um estudioso como António Araújo consegue fazer maravilhas qualquer que seja a matéria-prima que lhe apareça pela frente.

Começo por transcrever uma síntese dos seus saberes para melhor se avaliar com que background se atirou à fantástica obra de que abaixo cometo a ousadia de aqui ter uma parte:

O diretor de Publicações e membro da Comissão Executiva e do Conselho de Administração da Fundação, António Araújo, nasceu em Lisboa, em 1966. É licenciado e mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, doutor em História Contemporânea pela Universidade Católica Portuguesa. Foi docente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e, atualmente, é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É assessor do Tribunal Constitucional e foi consultor para os assuntos políticos do Presidente da República. É autor de vários livros e artigos no domínio da ciência política, do direito constitucional e da história contemporânea.

Não trago aqui, na íntegra, o artigo intitulado Betinho e Betty, dupla de opereta, mas apenas um pouco mas recomendo que o vejam na íntegra no DN, na rúbrica Prova de Vida:

Entre as muitas coisas em que pensamos quando pensamos em José Castelo Branco, talvez Martin Heidegger não seja das mais imediatas e mais óbvias. Ainda assim, o filósofo alemão foi autor de uma frase penetrante, A luz do público obscurece tudo /Das Licht der Öffentlichkeit verndunkelt alles, que Hannah Arendt usou no proémio ao seu livro Homens em Tempos Sombrios, de 1968, e que se aplica que nem uma luva a esta víbora nada em Tete, Moçambique, aos 8 de Dezembro de 1962, com o nome próprio José Alberto e o apelido paterno Silva Vieira, que deixaria cair em 1984 em prol do albicastrense e mais lustroso apelido de sua mãe, Inês Paulino Castelo Branco, “Nini”, também nascida em Tete, em 24 de Dezembro de 1921 (e falecida de complicações cardíacas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a 16 de Dezembro de 2014).

Com efeito, e na verdade, o que mais espanta e deslumbra nesta figura de mistério, um Cagliostro dos nossos dias, é a sua constante e exuberante presença nas revistas de sociedade e em eventos mundanos, mas, em simultâneo, a densa opacidade que envolve tudo quanto faz e é, desde logo quanto às origens que tem e ao modo como ganha o pão e o brioche.

Sabemos que se apresenta como marchand de arte e que faz “presenças” em festas e acontecimentos mundanos, cobrando por isso. Sabemos que se assume, e cita-se, como “uma grande bicha”. Sabemos que numa endiabrada vida pretérita, começada aos 15 anos, usou o nome eslavo-artístico de Tatiana Romanova, ingeriu hormonas e até possuiu maminhas, descrevendo-se então como transgender, mas nunca como drag queen.

Sabemos que já foi condenado por ter pinado um perfume no aeroporto de Lisboa (e, noutra ocasião, por ter agredido o relações públicas Daniel Martins), que esteve detido em Nova Iorque por furtar roupas numa loja e que, em parelha com a Betty, foi detido na Portela por alegado tráfico de jóias. Sabemos que não desdenha os epítetos de “Princesa do Povo” ou “Evita de Tete” e que entre os seus momentos de glória se conta “um banho de multidão” em Sacavém, com “as massas” a aplaudi-lo. Sabemos que uma vez até jantou com a Madonna. Sabemos que, em 1986, se casou em Loures com uma moça plebeia de apelido explosivo, Pólvora, e nome próprio Maria Arlene (rectius, Maria Arlene Ferreira Pólvora), da qual teve um filho rapaz chamado Guilherme, que agora uma Zulmira diz estar “perdido” e sem “saber o que fazer” ante as recentes acusações de violência doméstico-conjugal deduzidas contra seu pai, à conta de uns tabefes dados à Betty, por ora tão-só alegados, os tabefes, mas já na mira dos delegados, os do Ministério Público, os mesmos que, num passado ainda fresco e recente, embicaram com um primo seu, o oriental premier António Costa, tombado por um parágrafo.

(...)

O El País chamou-lhe, em 2008, “o conde que quer ser rainha”, intento hoje prejudicado pelas notícias que dão conta da sua detenção e queda em desgraça. Castelo Branco diz que, entre outros muitos vícios, o povo português “maltrata quem se destaca” e afirmou um dia, com conhecimento de causa, que “o putedo no meio da comunicação faz-me confusão. Os arrivistas fazem-me confusão”. Agora talvez também lhe faça confusão que as televisões e os jornais se precipitem sobre o seu cárcere, que ponham drones no seu encalço, que nos informem que foi detido de saltos altos, que jantou bochechas de porco no posto da GNR de Alcabideche e que, antes de ser ouvido pelo juiz no Tribunal de Sintra, lhe deram “uma sandes, um sumo e uma peça de fruta” (TV 7 Dias, de 10/5/2024). Por obra e graça do rasquedo televisivo, com a TVI e a CNN à cabeça, a prisão do “Conde” mostrou Portugal ao espelho, a ponto de poder dizer-se, sem favor nem esforço, que Castelo Branco somos todos nós, nas grandezas e misérias, sobretudo nestas.

(...)

Mas vão ler o artigo na íntegra, está bem? O artigo é interessantíssimo. 

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Votos de uma boa semana 

domingo, setembro 22, 2019

O Fama Show versus Greta Thunberg.
Vivemos mesmo num mundo estranho.


Depois de almoço e num dia de recolhimento in heaven durante o qual tento recuperar de um resfriado ou gripe ou faringite ou virose ou sei lá o quê (na volta, apenas a revolta do organismo face ao regresso ao trabalho e ao trânsito), vejo as notícias no computador enquanto na televisão passa o Fama Show

E o que me chega dali, do lado da televisão, é uma coisa inenarrável. É canal aberto à futilidade, ao exibicionismo, à parvoíce encartada, aos sorrisos enxertados na cara e às respostas parvas a perguntas parvas, a patrocínios disfarçados de encontros de amigos durante os quais cada um exibe o mais puro pechisbeque. O pastiche do pastiche do pastiche. Parece que acham que aquilo é glamour e ninguém quer ficar atrás do outro mas, na verdade, aquilo a que assisto é o mais puro atentado à inteligência, uma total distorção de valores. 
Nem digo mais nada pois posso estar a não usar as palavras mais adequadas. É que temo estar a dar importância a mais a um mero programa de entretenimento. Aparentemente, aquela parvoíce será inócua. 
Mas, na realidade, temo que não o seja tanto quanto isso pois os programas mais vistos, os blogs mais vistos, as páginas de Facebook ou os instagrams mais populares são os que se ocupam desta espuma, desta macacada, e são, justamente, da autoria desta gente que ocupa o palco e vive dos media e da social media que tudo invade como uma vulgar infestante. Dá ideia que grande parte da população prefere seguir a 'opinião' destas nulidades do que a opinião de quem fala de assuntos relevantes.
A alienação em estado puro. O que dizem é de bradar aos céus, tão grande o vazio que parece habitá-los. E sorriem e exibem-se e dizem criancices em catadupa. Pasmo.

Entretanto, acabou e eu estou a tentar relativizar o que vi e ouvi. Mas tenho dificuldade. O mundo tornou-se mesmo um lugar estranho. Num mundo normal, seria dado palco a quem tivesse alguma coisa de relevante a dizer e não a pessoas que não têm literalmente nada que dizer.  
E é por terem tanta necessidade de estarem sempre lindos, glamourosos, sorridentes e em boa forma que acontecem desgraças como a do outro rapaz que se injectou com testosterona aparentemente janada, quase destruindo a sua vida, ou que há tantos casos de droga, de alcoolismo, de depressões ou de outras situações complicadas. Lindo mundo, este.
Entretanto, sabendo do meu interesse e preocupação sobre temas como a desregulação da inteligência artificial ou das cada vez mais preocupantes alterações climáticas, o algoritmo do YouTube sugere-me alguns vídeos e eu, rendida, dou-lhe razão: vejo-os, interessam-me de facto. 

E eu, que temo o efeito dos poderes 'sobre-humanos' destes algoritmos, percebo o paradoxo. Em coerência, deveria mandar bugiar o YouTube ou o Google (ou, mesmo, o Blogger) e, no entanto, dependente deste mundo de conexões imediatas e infinitas, aqui estou. 

Tento convencer-me que sei distinguir as oportunidades dos riscos... mas sei lá se consigo. 

Seja como for, depois de ontem à noite ter voltado ao tema (ou melhor, não ontem à noite mas hoje de madrugada), peço de novo a vossa atenção para o discurso simples mas poderoso desta miúda que não usa roupa oferecida por costureiros glamourosos, que não se maquilha, que não faz poses para o boneco e que fala de temas pouco sexy e que, ainda por cima, não se ensaia nada de desafiar e ameaçar quem quer que seja. 
The young climate activist Greta Thunberg has been awarded the "Special Prize Climate Protection" during Germany's Media awards show GOLDENE KAMERA 2019. She used her speech to call on media celebrities to raised their voices and spread the message on climate change.

E até já.

terça-feira, agosto 21, 2018

Tablóides, arte e coincidências do caneco





Nada se inventa, tudo se recria. Já lá dizia o Lavoisier. Ou seria o La Palice? Ou o caracolinhos da Quercus? Ou as meninas da reciclagem? Ou um daqueles sabichões que não podem ver nem cão nem gato que não digam que isso também na Grécia? Não interessa. O ponto é que ele há coisas.


E há-as de todo o género. Para mim, a pior de todas é haver pessoas iguais a mim. Isso atrapalha-me a existência. Quando penso em tal coisa, claro. Mas, quando penso nisso, eriço-me. Os cães quando se assustam eriçam-se. Eu também. Metaforicamente falando, claro. E ainda por cima dizerem que a minha voz também é igual. Pode lá ser. Clones? E a forma como me rio. E como ando. O cabelo. Tudo. Dizem que tudo igual. Não querem acreditar que eu não seja a outra. Isso faz-me muita espécie. Preferia pensar que sou one of a kind. Eu. Única. Mas não. Pelo menos mais duas iguaizinhas a mim. Se aparecerem ainda mais uma ou duas e viro commodity.


Outra do além é a gente parecer que conhece outra pessoa. Que conhece mesmo, mesmo. Que adivinha o que a outra pensa. Nunca a conheceu na realidade mas sente que a conhece por dentro e por fora como se, noutras vidas, a tivesse conhecido completamente. Ninguém acredita numa coisa destas e a gente também não tem explicação nem quer aprofundar. Mas as coisas são mesmo assim e não interessa tentar perceber o que está para além do nosso entendimento pelo que é melhor nem ir por aí. E, assim sendo, quanto a isto, façam o favor de fazer de conta que não leram.


Outra: adivinhar. Adivinhar simplesmente. Saber antes de saber. Começarem a contar-nos uma história e nem ser preciso continuarem porque se consegue adivinhar tudo. Uma história de verdade, quero eu dizer, uma história cheia de meandros, de mal feito à socapa, de jogadas e mistérios inconfessáveis. E eu adivinhar tudo. Quase pelas exactas palavras em que os factos reais foram proferidos. Deixar os outros transidos, a terem medo de terem sido espiados, sem saberem como explicar que eu reproduza com tal exactidão todos os segredos que traziam tão bem escondidos. De onde me vem esse conhecimento? Não sei. Mas também não me interessa. Bom mesmo era que adivinhasse o número do euromilhões mas isso está quieto. Portanto, está bem, está. Vou ali e já venho.


Mas enfim. Coisas do caneco, é o que é. 

Mas também boas são estas que aqui estou a partilhar convosco. Pinturas de antanho que parecem ter sido inspiradas por actores de Hollywood, pelas socialites que habitam o Instagram ou as revistas de moda e sociedade.  

Descobri-as atarvés do The Guardian, lugar onde encontro sempre alguma coisa que me interessa. Transcrevo alguns excertos do artigo: Beyoncé meets Botticelli: how tabloid photos throw new light on old masters
Tabloid Art History delights in hilarious yet visually convincing collisions of high art and celebrity culture. Melania Trump giving Michelle Obama a gift is compared with a manuscript illumination of Christine de Pizan presenting her book The City of Women to Queen Isabeau and Géricault’s Romantic vision of despair, The Raft of the Medusa, is matched with a pic of The Real Housewives of New York slumped on the floor at an airport.
Is this a lazy reduction of great works of art to the status of memes to snigger at? No, it’s a fresh and insightful way to look at art – and at life. We’re surrounded by great art all the time, these iconographic couplings reveal. Everyone is a statue or a painting, just waiting to be recognised. Harry Styles looks like an Egon Schiele self-portrait in a certain light. 
This game works because great art is universal. The gestures and expressions that artists such as Botticelli and Schiele saw in the world around them and distilled into sombre monumental images amount to a gallery of human possibility, a museum of moods, experiences and fates. All human life is in their masterpieces. So why is it surprising that Beyoncé looks for a moment like a Botticelli? He painted the way he did because he observed the street life around him with insight and truth. It’s no wonder today’s tabloid images and selfies occasionally throw up images of the same human truths.

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E depois deste momento dedicado à arte, queiram, por favor, deslizar até às árvores que dão rolhas, uma reportagem do Great Big Story.

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Zeinal Bava e o tableau de bord para o qual não olhava nem tinha que olhar. De resto, parece que não sabia nada mas também não tinha que saber. "É um bocadinho de amadorismo para quem ganhou tantos prémios de melhor CEO da Europa, não é?", atirou-lhe (e bem) Mariana Mortágua, uma deputada valente que anda a mostrar à Assembleia da República o que é profissionalismo. Zeinal sorriu, confiante, e aos costumes disse nada.


No post abaixo, dou um tautauzinho ao António Costa. Ainda não é caso para dramas mas é bom que ele perceba que o País espera uma forma clean de fazer política: nada de servilismos, nada de fretes. Disso estamos nós fartos que, nestes anos de PSD/CDS, não temos assistido a outra coisa. Limpinho e direitinho é assim que a gente espera que ele se apresente ao país, sem calculismos ultrapassados, sem deambulações à toa, sem passos em falso. Para a frente é que é caminho e tem que se perceber para onde é que se vai. 

Mais abaixo ainda há anedotas e piadiolas que metem velhinhos. 

A seguir, portanto. Aqui, agora, a conversa é outra: o jetset na gestão à portuguesa.

Sobre o acompanhamento musical proposto, agradeço primeiro a leitura do que se segue.


Atenção!

Disclaimer: Este vídeo não tem nada a ver com a nata da gestão de que abaixo vou falar nem é nenhuma indirecta para nenhuma das individualidades que vou referir. Este vídeo não é adequado a um blogue de família nem deve ser visionado por menores, virgens ou beatas. Este vídeo refere-se a uma canção cuja letra pode ferir os ouvidos dos leitores mais sensíveis. Este vídeo deve ser daqueles que o blogger não gosta nem um bocadinho. Só deve fazer play quem for duro de ouvido, duro de alma e gostar de pisar o risco. 

Avisei.




Ora bem. Vamos lá, então.

Tantas vezes aqui o tenho dito. Portugal tem um tremendo défice de empresários e gestores profissionais. Ou são de tipo pato-bravo, daqueles que confundem o género humano com o Manuel Germano, ou são aprendizes de qualquer coisa. Para poderem sentir-se ungidos pela sorte divina, intitulam-se CEO, CFO, etc. Vivem de power-points, de reuniões com consultores, circulam apressadamente entre sessões de apresentação de qualquer coisa, a lançar projectos de sustentabilidade, ética, etc, ou a receber prémios, ou a dar entrevistas, ou em almoços ou no que quer que seja - actividades que, de facto, em termos objectivos, pouco têm a ver com gestão a sério.

Zeinal Bava assegura que não tinha conhecimento de quem eram os responsáveis pela decisão das aplicações financeiras da PT no BES e no GES, nomeadamente os 500 milhões de euros que foram colocados na ESI em maio de 2013, quando ainda era presidente da PT SGPS. No entanto, o gestor não esconde que sabia da enorme exposição da PT ao GES e ao BES, até porque havia um "tableau de bord" que circulava de três em meses onde estava toda a informação.

E Zeinal diz que não sabe e que nem tinha de saber. Os deputados insistem e ele sorri, habituou-se a usar o sorriso como um precioso asset, ele é a chave do seu goodwill. Pelo menos, era. E volta a dizer que tinha confiança, que era tudo sólido, que ele nem precisava de ver, confiava que alguém via por ele. E sorri. Não desarma. Mas a conclusão que se retira é que, de facto, não sabia de nada do que lá se passava.


E todos os outros também não sabiam e também achavam que não tinham de saber. E os do BES também. Recebiam milhões em variáveis e em fixos porque atingiam os goals e estava tudo regulamentado porque há comissões de vencimentos e há modelos de governance e há auditorias para todos os gostos e há tudo o que é suposto haver.
Só não há gestão profissional. E, por isso, de facto, ninguém sabe bem o que se passa nas empresas onde são ou executive ou chairman.
Habituaram-se à vida de ricos, desabituaram-se de trabalhar - confundem estar nas reuniões a olhar para os ipads ou a mandar mails irrelevantes, confundem estar sempre a olhar para o telemóvel ou a receber ou a fazer chamadas ou a enviar sms, geralmente a marcar reuniões ou almoços ou pequenos almoços, ou a marcar viagens ou a alterar planos de voo, ou a aprovar os hotéis, com trabalhar.

E participam em torneios de golf ou de ténis ou em caçadas com colegas, stakeholders ou amigos, e, pelo meio, participam em reuniões de quadros, ou em acções de team building, ou fazem a introdução em sessões de brainstorming e fomentam o voluntariado e estão em cima de tudo o que for preciso.

Só da gestão é que não.

Claro que depois há uma máquina a funcionar, direcções, coordenações, supervisões, chefias intermédias, toda a espécie de serviços, e há outsourcings para tudo e mais alguma coisa, e há informação em barda, relatórios, data mining e tableau de bord e dash board, e há KPI's para todos os gostos e há cockpits e monitorizações e há depois avaliações porque toda a gestão se faz por objectivos e toda a gente recebe prémios e, se a avaliação não é boa, há planos de acção... e há tudo o que se possa imaginar.


E, por estarem à frente de companhias certificadas a todos os níveis (voltou a estar na moda dizer 'a companhia' e não 'a empresa'), recebem prémios de excellence e doutoramentos honoris causa (concedidos pelas universidades que essas empresas sponsorizam) e as revistas de negócios e gestão (que vivem em parte dos seus anúncios) fazem artigos com eles e eles convidam jornalistas e os jornalistas entrevistam-nos e eles aparecem a falar da fraca qualidade da gestão pública e do ajustamento de que o país ainda necessita e é um círculo virtuoso em que abundam os sorrisos, a complacência, a qualidade de vida, a perfeição.

E isso tudo.

Só gestão é que não.

Cavaco Silva, com o seu olho de lince, viu logo que tão ilustre figura deveria ser condecorada, É que ele, Cavaco, ilustre economista, sabe distingui-los a olho nu.

De qualquer forma, a lista impressiona. Aos 49 anos Zeinal Bava já conta com as seguintes distinções:
  • 2009: Melhor CEO na área de Investor Relations no âmbito do “Investor Relations & Governance Awards (IRGA)”, uma iniciativa da Deloitte.
  • 2010: Melhor CEO no setor de Telecomunicações da Europa, pela Institutional Investor. Melhor CEO em Portugal pela Extel.
  • 2011: Segundo melhor CEO europeu no setor das Telecomunicações e melhor CEO em Portugal, pela Institutional Investor.
  • 2011: Melhor líder português em empresa privada, pelo Best Leader Awards, promovido pela Leadership Business Consulting
  • 2012: Melhor CEO em Portugal e melhor CEO do setor de telecomunicações da Europa, pela Institutional Investor.
  • 2014: Enquanto CFO do Grupo PT, foi eleito por três vezes consecutivas em 2003, 2004 e 2005 como o melhor chief financial officer (CFO) da Europa no setor das telecomunicações, pela Institutional Investor.

A 9 de Junho de 2014 Zeinal Bava foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial Classe Comercial.




Repito: só gestão é que não.
Sabem tudo, controlam tudo, ao pormenor. Só os milhões, dezenas de milhões, centenas de milhões é que não. Desses ninguém sabe muito bem por onde andam.
E com gente deste gabarito se afundou o Grupo GES e se deu cabo do BES, e se afundou a PT e milhares de pessoas perderam economias e andam agora com cartazes à porta das agências. Choram, dizem que era o dinheiro de uma vida.

Com a PT a mesma desgraça. Uma desvalorização bolsista sem igual. Empresas a quem foram suspensos contratos, muita gente a ver-se sem emprego de um dia para o outro.

Mas Zeinal Bava continua a sorrir. Certamente pensa nos milhões que ainda tem a haver. Afinal atingiu sempre todos os seus objectivos.

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E sobre estes artistas é isto - e mais não digo para não me indispor.

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A canção que espero que não tenham ouvido e que, reconheço, está aqui completamente deslocada é, com vossa licença, o Hino das Putas numa interpretação dos Irmãos Catita onde pontua o grande Manuel João Vieira. O videoclip foi apresentado durante o espectáculo "O artista Português é tão bom como os melhores"

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Sobre António Costa e o seu deslize chinês falo já a seguir.

E, mais abaixo, há anedotas e chalaças.

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Ainda não foi hoje que acabei a história pornográfica que mete uma sessão de sexo a transbordar de adrenalina num lugar público, a saber, num centro comercial. Era mesmo para ser hoje, já estava quase pronta. Mas, entretanto, passou na televisão a reportagem das pessoas aflitas por terem perdido o dinheiro que investiram em papel comercial do GES e, logo a seguir, vi o Bava com  o seu sorriso inabalável e vi-me forçada a largar o conto inocente que tinha em mãos para me atirar ao desagradável assunto acima vertido. Enfim. A ver se algum dia a dita história sai à cena.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.

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domingo, fevereiro 08, 2015

A nudez frontal de Kim Kardashian para a revista Love, a dança sexy de Steve Carell, Jon Stewart e Stephen Colbert e a pinta do 'sexy, porra' Yanis Varoufakis: é desta que a internet vai aterrar?


Há uma mulher cujo nome encharca as redes sociais e as capas das revistas um pouco por todo o mundo sem que se lhe conheçam maiores méritos do que a dimensão estratosféricoa das ancas e das nádegas. Chama-se Kimberly "Kim" Kardashian West, mais conhecida apenas como Kim Kardashian, tem 34 anos e 1,60m mal medidos.

Há pouco tempo dizia-se que queria parar a internet com as suas imagens de rabo alçado, o champanhe a jorrar sobre a sua fonte de rendimento. Posava, então, para a Paper e a coisa quase parecia fora de escala. Disso dei devida nota aqui no Um Jeito Manso pois tento não passar ao lado de coisas do além, especialmente quando são o exemplo acabado dos tempos que correm.

Pois eis que, de novo, Kim Kardashian voltou à carga, agora com maior frontalidade. Para a revista Love não esteve com meias medidas: despiu-se toda ou, quando o não fez, espetou o rabo e mostrou o seu inquestionável ponte forte. 


Na foto da direita nem sei qual a intenção da fotografia: fazer de conta que é um cão a urinar na flor? Ou não arranjaram forma mais subtil de exibir tamanha desconformidade? E aquelas meias pelo meio da perna, que lindas que são. Senhores.

Mas o que ainda é mais curioso no que rodeia esta moçoila é que, afinal, parece não ser assim de origem ou seja, de facto está é toda quitada, transformada para uma realidade aumentada. Implantes e remodelações deram nisto já que antes mais parecia uma iraniana ocidentalizada sem nada de peculiar, apenas mais uma daquelas que se vêem por todo o lado carregadas de compras em Paris e noutras capitais ocidentais.

O vídeo abaixo mostra-a antes e depois e uma pessoa pasma com aquilo a que algumas pessoas se sujeitam para, depois, ficarem com um aspecto disparatado. Mas, enfim, se depois a contratam para desfilar a bunda, seja em festas seja em capas de revistas, se calhar tem razão e eu é que não tenho jeito para o negócio.

E isto sem ofensa porque não a conheço de lado nenhum, capaz de ser excelente rapariga. Apenas acho um piadão uma mulher fazer carreia a exibir o rabo. 

E provavelmente é mais feliz assim, de rabo alçado ou toda nua, besuntada de óleo a descer escadas do que muita intelectual que por aí ensimesmada e a arrastar a melancolia pelas estreitas ruas da vida. E, portanto, nada contra. E siga o baile.




Enfim, é o que é.

E, se da outra vez a internet não aterrou, desta vez em que é tudo tão assertivamente atirado à cara de quem nela tropeça já não sei. 




Quem gosta de gozar com ela e com a todas as kimzinhas desta vida é um trio de maraus: Steve Carell, Jon Stewart e Stephen Colbert. Juntaram-se, fizeram-se filmar e dizem que, com o seu topless e a sua dança sexy, são eles que vão fazer aterrar a internet. Talvez. Mas eu acho que a coisa apimentava a sério se em vez do trio do Daily Show tivéssemos um quarteto em que o 4º elemento fosse the wild card Yanis Varoufakis.


Um à parte: por todo lado vejo referências ao aspecto de garanhão caviar-chic com olhar felino do economista da solidariedade radical. A coisa está a tornar-se viral. Se em tempos o Zidane era considerado o homem mais sexy do mundo, quase aposto que, se a eleição fosse hoje, ganhava o tie lessblue collar Yanis.

O Ministro das Finanças Alemão Wolfgang Schaeuble  e o Ministro das Finanças grego Minister Yanis Varoufakis
em Berlim - Fev. 5, 2015


E faço notar que Portugal já tem a sua representante oficial para a dita eleição. É que até no Euronews se dá conta do grito de alma da deputada Isabel Moreira - e passo a transcrever:

Portuguese socialist MP Isabel Moreira voiced her approval of Varoufakis in a Facebook post saying “The Greek Minister is so damn sexy” (O ministro das finanças grego é sexy, porra) although it’s not clear whether she was referring to his left-wing policies or his physical appearance.


Não é claro...? Então não?


Mas, enfim, mesmo sem o sexy Yanis, cá estão eles, o trio de folgazões:



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E, com ou sem o rabo da Kim, o que eu desejo é que a internet se anime que anda muito pasmacenta. A ver se aparece para aí mais algum escândalo, se o Hollandinho arranja mais uma namorada, se algum paparazzi o descobre com a mão na perna da Angela debaixo da mesa de algumas negociações, ou se se descobre que afinal o motorista Perna transportava envelopes era para o Jacinto leite Capelo Rego, ou que o Tony Carreira afinal se separou da sua Fernanda porque tem um caso com a Madonna. Coisas assim com picante que se veja, não insignificâncias como aquela de os especialistas portugueses em transcrever e interpretar escutas afinal serem uns totós que não ouvem bem ou, se ouvem, não percebem nada do que ouvem, frioleiras que parece que só encanitam a Ana Gomes, deixando o resto do país no bocejo. Já não vamos lá com banalidades ou infantilidades de tipo aiceps go go go, blackouts do Bruno de Carvalho, notícias pouco empolgantes como a nova gravidez de Fernanda Serrano ou outros déjà-vu. Ná, tem que ser coisa mais cabeluda. 

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Hoje tenho que me ficar por aqui. Estou aqui a deixar-me dormir entre cada frase. A noite de sexta para sábado não foi extraordinariamente descansativa e o sábado foi bom, bom, bom - mas bom ao ponto de chegar ao fim do dia mais de gatas do que outra coisa. Quatro pimentinhas supersónicos e esfomeados derrubam qualquer um, é o que vos digo. Por isso, se tinha antes outros assuntos em mente para aqui falar já tudo se me varreu. E a ver é se consigo ir daqui até à cama.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo!

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quinta-feira, julho 24, 2014

Ricardo Salgado, empresas familiares e próximas sob investigação - o cerco aperta-se. De 'Donos Disto Tudo' a gente sob suspeita das piores coisas, alvos de buscas, o nome pelas ruas da amargura. Podem ainda não ser vistos como o 'Inimigo Público Nº 1' mas que deve haver muita gente a jurar-lhes pela pele, lá isso deve.


Depois de, no post abaixo, ter falado na hipótese da Albuquerque ir para Comissária Europeia e de como isso pode ser a resposta do Passos às manobras que parecem desenhar-se no bas fond do PSD, e de, mais abaixo ainda, ter falado na dança dos bolinhas, ou seja no forma e desenforma partidos, manifestos e fóruns com que a esquerda ex-caviar se continua a entreter, aqui, agora, volto ao tema quente da actualidade financeira portuguesa: o escândalo em volta do Grupo Espírito Santo.

O homem que mandava nisto tudo deve ser hoje um homem acossado. Ouve-se que na família e nos círculos mais próximos já dizem que ele é um traidor, que os tramou bem tramados. O homem antes tão poderoso é agora, segundo se ouve dizer, odiado e amargamente rejeitado. De Deus passou a Diabo.

Ninguém quer estar ligado a ele. As demissões sucedem-se nas empresas do Grupo (à data a que escrevo, já vão em 23). A família é obrigada a vender apressadamente empresas que julgavam coutada privada, e são descritos na comunicação social portuguesa, e não só, como um exemplo do que é um grupo familiar mal gerido, com manias oligárquicas, habituados a situar-se acima da lei, usando tudo à sua volta em benefício próprio, uma fraude a punir de forma exemplar.

Pior. O que soava, começa a tomar corpo: começou o cerco judicial. De há muito as suspeitas faziam caminho. Por serem quem eram, pareciam estar imunes. As notícias apareciam mas logo caíam no esquecimento. Monte Branco, branqueamento de capitais, evasões fiscais, milhões em offshores, negócios mal explicados, influências. Mas a plebe condescendia. Aos quase deuses tudo se permite. O seu poder protegia-os. Mas a protecção parece estar a esvair-se porque a coisa transbordou do pequeno rectângulo onde reinavam. Luxemburgo, Estados Unidos, Angola, Panamá: a crise já aí está, com as autoridades em acção. Veremos nos outros países. 


Hoje sabemos: já estão a ser objecto de buscas. Há um cerco sim, e é um cerco que se aperta.

Daí às detenções para averiguações é um pequeno passo.


Transcrevo do artigo de Cristina Ferreira no Público:


Ministério Público e regulador dos EUA fazem buscas a empresas do GES



O cerco começou esta semana a apertar-se à volta dos interesses do Grupo Espírito Santo (GES). O PÚBLICO apurou que os supervisores financeiros norte-americanos regressaram ao BES Miami, tudo indica para investigar operações com as subsidiárias do BES do Panamá e da Venezuela, enquanto o Ministério Público português fez buscas durante a tarde desta quarta-feira na sede do grupo, na Rua de São Bernardo, onde funciona o conselho superior que reúne os cinco ramos da família. Também visitou sociedades ligadas à família ou empresas que tiveram ou têm relações comerciais com o GES.

(...)

As autoridades nacionais deslocaram-se ainda a outras empresas não pertencentes à esfera do GES, mas que têm ou tiveram relações com veículos do grupo familiar e “visitaram” gestores com potencial conhecimento de movimentos financeiros envolvendo o grupo ou elementos da família.


Uma vergonha. 


Bem pode, na Caras, Maria Ricciardi comentar o caso BES dizendo: "Não somos um banco, somos uma família". 


Pois. A culpa não é dela. Mas o que aconteceu é que a família usou o dinheiro dos clientes para benefício da família, a família desrepeitou as regras, violou os regulamentos, não quis saber da lei.




Como sempre nestas ocasiões, ocorrem-me as mesmas perguntas: valeu a pena, Sr. Ricardo Salgado? 

Imagino eu, quanta vergonha para a senhora D. Maria João, sua mulher... Sabia ela de tudo isto? E merece ela tudo isto? 

E quanto ódio sobre si... 

Nestes momentos - em que os seguranças privados que o rodeiam (israelitas, ouço dizer) talvez não consigam evitar o pior, com a eminência parda, o seu amigo e advogado de longa data, o das mãos tentaculares, o que ajudava na intermediação de mil negócios, a pôr toda a sua ardilosa inteligência ao serviço de uma estratégia de defesa - tem tempo para pensar naqueles a quem tão severamente prejudicou? 


Pense bem: o que fez aos seus clientes? O que fez aos seus amigos? O que fez ao seu País? 

Valeu a pena?

Permita que eu responda por si: não. Não valeu a pena. Não há riqueza no mundo que valha uma consciência limpa. E a sua, Senhor Ricardo Salgado, não deve estar nada limpa.

E a todos os que se vergaram às vontades do DDT, que o bajularam, que fecharam os olhos aos indícios, às irregularidades, que fingiram que não percebiam, todos os que usufruíram de grandes ordenados, grandes prémios, oferendas e prebendas, pergunto também: valeu a pena?

Não. Não valeu a pena. O medo que sentirão agora, o cerco que sentem aproximar-se, destroem o valor de todo o luxo a que julgavam que tinham direito por terem sido ungidos com a protecção quase divina do DDT.

Não vale a pena querer ser mais do que os outros.

Mas, enfim, isto sou eu a divagar. Sou uma alma inocente. Uma lírica. 


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Relembro: sobre as tricas e as licas do PSD e sobre a dança dos bolinhas ex-BE e simpatizantes é descerem, por favor, até ao post já a seguir.

Só sei é que, com isto tudo, nem falei do meu namoradinho de adolescência. Mas paciência.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa quinta feira.


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terça-feira, agosto 27, 2013

Miguel Pais do Amaral, português, conde, rico, e Alicia Koplowitz, espanhola, marquesa, rica, estão de namoro. Um romance luso-ibérico verdadeiramente milionário: dois caçadores muy ilusionados, duas fortunas que se atraem. [E, não resistindo, coisa mesmo de mulher, falo da cara trabalhada de Alicia: muito botox, muito preenchimento e, não tarda, está parecida com a Senhora Dona Lady Betty Grafstein; queria antes referir aquela marquesa espanhola de cento e oitenta anos que dança sevilhanas e que casou com um mais novo que não tem pedalada para tanto salero, mas agora não me estou a lembrar do nome dela]


Este já é o meu terceiro post de hoje - o que é bem capaz de ser uma maçada para vocês. Já fui alertada mais do que uma vez para o facto de que aqui na blogosfera o que é bom são os textos curtos, meia dúzia de linhas, coisa que se possa apreender num relance. Mas não é esse o meu estilo e, por mais que me esforce, nunca lá chegarei. Aliás, deve ser por saber isso que nem me esforço. 

Mas, portanto, dizia eu, este já é o terceiro. Abaixo deste, há um texto com a minha opinião sobre António Borges, o economista que se enganou vezes demais apesar de conservar a fama de expert e, abaixo desse, há um outro sobre as sangrentas tareias literárias entre editores e críticos literários (que, felizmente, pelo menos até aqui, não têm envolvido na refrega os pacientes leitores). 

Mas isso é mais abaixo. Aqui, agora, a conversa é outra. Não gosto de acabar a minha empreitada diária com temas pesados e, por isso, agora é tempo de jet set e conversa fiada.

*

Durante alguns anos usei o cabelo curto, mas mesmo muito curto. Ao contrário do que acontece agora, em que corto o cabelo a mim própria, nessa altura ia ao cabeleireiro. Tendo eu bastante cabelo, cortar a mim própria um cabelo muito curto era manobra arriscada. Uma coisa é ter cabelo comprido, e tal a quantidade que qualquer tesourada mal dada passa despercebida, outra é usar cabelo curto e poder ficar com um penacho em evidência ou uma rapada a meio da nuca.

Nessa altura, eu ia a uma rapariga a quem reconhecia talento e competência. Cortar-me a mim o cabelo era para ela uma festa. Ao contrário da maioria das clientes que aparecem lá com ideias pré-definidas e conservadoras, eu pedia para cortar como lhe parecesse melhor. As minhas especificações limitavam-se a dizer muito, o mais possível, não tanto como da última vez, não me deixe o couro cabeludo à vista, coisas nesta base. Ou seja, dava-lhe liberdade quase total.

Às vezes ela pedia, posso pôr gel nas pontinhas para ficar em pé no alto da cabeça? - Pode, ponha, respondia-lhe eu. Tudo o que ela quisesse, podia fazer. Nessa altura mudava também a cor do cabelo. Percorri várias tonalidades entre o louro muito claro ou o ruivo escaldante - era conforme a disposição dela e minha. Ela deleitava-se: eu era matéria prima para a sua criatividade.

Quando chegava a casa, já ia preparada. Já sabia que, mal cruzasse a porta, a reacção poderia ser traumatizante (se eu fosse de qualidade de me traumatizar): invariavelmente o pessoal dava dois saltos no ar. Ou melhor, a minha filha (conservadora até dizer chega no que ao cabelo diz respeito) dava um grito, estarrecida, o que é isto…!!!????, o meu filho cruzava os braços sobre a barriga, dobrava-se sobre si próprio e desatava-se a rir à gargalhada, voltava a olhar para mim e voltava a desmanchar-se a rir, e o meu marido esboçava um leve sorriso (e eu percebia que ele até que nem desgostava de todo mas que tinha que lhe dar tempo até que se habituasse). Eu via-me ao espelho e achava que umas vezes estava uma autêntica punk, outras estava parecida (no cabelo) com a Jean Seberg.

Vem isto a propósito de que era uma altura em que eu andava ao corrente do que se passava com tudo o que era socialite, não apenas cá pelo burgo mas, sobretudo, por terras de Espanha. A Rosa, que assim se chamava a cabeleireira, tinha sempre lá a ¡Hola! e eu ia acompanhando o que acontecia com a ex do Julio Iglesias, a Isabel Preysler que fazia anúncio a louças de casa de banho e era casada com um banqueiro, ou com a sua filha Chabeli que estava muy ilusionada com um qualquer que vivia nos States, ou com aquela que tinha sido Miss Espanha e era casada com o Thyssen-Bornemisza e que fez um museu (onde, aliás, nunca deixo de ir de cada vez que vou a Madrid) ou com todas aquelas marquesas, apresentadoras de TV, ex-mulheres de toureiros, ou toda essa beautiful people que gira pela sociedade espanhola. 

Lembro-me bem das irmãs Koplowitz, a Esther e a Alicia, uma morena e outra loura, ambas casadas com homens chamados Alberto e que eram primos. 

Esther é a morena; Alicia é a lourinha, bonita, serena.




Ambas puseram os maridos à frente dos negócios da família e eles, depois de anos bem comportados, passaram-lhes a perna, pularam a cerca. Acompanhei esses casinhos. Viram-se aflitas para correrem com eles da vida delas, da vida e dos negócios. Depois lá lhes deram um bolo com uma qualquer cereja em cima (um banco? terá sido? já não me lembro) e a vida continuou.

Deixei crescer o cabelo, ganhei autonomia total a esse nível. Nunca mais soube delas.




Pois bem, qual o meu espanto quando hoje vejo na capa de uma revista, a Flash salvo erro, que o Miguel Pais do Amaral, 4.º Conde de Alferrarede, ex-cunhado de Marcelo Rebelo de Sousa por parte das respectivas mulheres, está de namoro pegado (certamente também muy ilusionado) com a mana loura, a Alicia, 7ª Marquesa da Bellavista. 


Mas o meu espanto não está nisso. Gostam ambos de caça, têm dinheiro a rodos, são livres, maiores e vacinados, nada de mais. O que me espantou mesmo foi a cara dela. Olhei-a e não a reconheci. Pensei: mas haverá outra com o mesmo nome? 




Bisbilhoteira como sou vim aqui à net e vejo que é, de facto, a mesma pessoa. Mas tal como tantas mulheres que querem contrariar a lei da gravidade, encheu-se de silicone e botox e ficou outra. 



As maçãs do rosto vão-se modificando, umas vezes parece estarem mais insufladas e o lábio de cima também, outras vezes parece que esvazia um bocado. Os olhos parecem mais pequenos, meio perdidos entre a testa e as bochechas, e a boca adquiriu aquele ar balofo e desgovernado das bocas às quais fazem muito preenchimento. Ou seja, tal como se costuma dizer, está toda mexida.



Entre a Alicia original e esta agora já não há muitas parecenças.

Talvez o cabelo ainda seja parecido. Gosto do cabelo dela, tem um ar natural.

Mas, de resto, está parecida com todas as apresentadoras de televisão espanholas, italianas ou brasileiras com mais de quarenta e tal anos: um bocado bolachuda (ou melhor, com maçãs do rosto redondas) e boca toda esbeiçada.




Pode ser que ela se ache mais bonita, mais jovem. A mim não me parece. De qualquer forma, para este efeito, a minha opinião não conta para nada. O Príncipe Miguel Pais do Amaral, o corredor de automóveis que tem o toque de Midas, gosta dela assim e para eles isso é o que conta.

E que sejam felizes. Não lhes desejo que tenham muitos meninos porque imagino que já seja tarde para isso mas desejo que as suas fortunas sejam úteis aos seus países. E, já agora, também sugiro à Alicia que não ponha mais botox para não ficar parecida com o José Castelo Branco - a menos que esse seja o objectivo.

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E por aqui me fico. Já sabem: abaixo desta pérola que acabaram de ler há mais dois textos, um muito a sério e outro a meio caminho.

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E, assim sendo, resta-me desejar-vos, meus Caros Leitores, um dia muito feliz!!!


quinta-feira, agosto 15, 2013

António Lobo Antunes, o menino Antoninho, o Senhor António, o 'doutor dos malucos', o escritor que escreve em letra miudinha e que começou a escrever quando um doente lhe disse que o mundo foi feito por trás, o homem de quem as mulheres querem tomar conta - todos juntos vão ultrapassar todos os duros obstáculos, vencer todas as batalhas. Quanto mais não seja para que nós, os seus leitores (uns melhores que outros...), nos continuemos a enternecer com as suas palavras [... e o tema do divórcio entre a Judite de Sousa e o Fernando Seara passa para secundaríssimo plano]





A ver se consigo escrever alguma coisa. Não vai ser fácil. Aliás nem estou com vontade de escrever. Há pouco fervilhava de vontade de vir para aqui armar o fuzué do costume. Estava a ler a Lux e a cada página me ocorriam ideias.

Hoje à hora de almoço fui ao supermercado. Muitas vezes, quando tenho que esperar a minha vez nas caixas, pego numa das revistas que está ali ao lado, no escaparate, e enquanto não chega a minha vez, leio-a de uma ponta a outra. Adapto a rapidez da leitura ao tamanho da fila. Basta ler em transversal para se perceber o filme todo. Uma namorava e já não namora mas continua amiga do ex, outra está bem sozinha, outra está repleta de felicidade com o filho do mais recente casamento, o outro tem uma namorada nova e foi visto numa discoteca. Não passa disto. Acabo de ler, já não me lembro de nada e, de resto, não conheço quase ninguém daquela gente, quase tudo actores e actrizes das telenovelas que não vejo, ou modelos que também nunca vi antes. Mas não me interessa, enquanto espero a vez estou entretida e comprovo que continua a existir uma realidade paralela àquela em que eu vivo.

Hoje, mal entrei no supermercado, vi a Judite de Sousa na capa da Lux a dizer que já tinha pedido o divórcio. 




A Lux com a Judite a anunciar ao mundo que está livre e boa rapariga


Fiquei muito admirada. No outro dia numa estação de serviço tinha-a visto, radiosa, a sair da água de bikini, toda contente com a sua boa forma. Não me passava pela cabeça isto. Achava que ela e o candidato de direita (como o Prof. Marcelo se refere a ele quando, ao domingo, ele e ela falam do Seara sem que nenhum deles diga o nome do homem) eram um casal para todas as estações. Curiosa, fofoqueira, agarrei logo na revista na esperança de perceber o que se passava. Mas, afinal, depois de ter feito as compras, em vez de ir para uma caixa normal fui para uma daquelas caixas automáticas. Por isso, dei por mim com a revista por ler e sem ter como fazê-lo. 

Comprar a Lux é coisa que não me está no ADN, digamos assim, mas abandonar a revista sem perceber o que se passa com a Judite de Sousa não me agradava. 


Então pensei, levo a revista, depois no fim de semana levo-a para a minha mãe, ela vai achar graça, depois de a ler deve dá-la à amiga, ex-colega e vizinha, que lá vai a casa com frequência e com quem troca leituras e esta também deve gostar de ler. E, de resto, só custa 1,40 € e, assim como assim, há muito tempo que não cometo nenhuma extravagância. Já com uma justificação que apaziguava a consciência, lá trouxe a revista.

À tarde pensei, mais logo, à noite, antes de ir para os blogues, deito-me no sofá e leio o que se passa com a Judite e com o Seara; a ver é se não adormeço antes, com o sono que estou, pôr-me a ler no sofá é meio caminho andado para estar a dormir passado um minuto. Mas eis que recebo uma mensagem do meu filho a perguntar se podia cá deixar os miúdos para eles irem jantar fora e estar com os amigos. Claro que sim.

Mal cá chegou deu com a revista. Muito admirado, Mãe, está ali uma Lux... Lá lhe expliquei que tinha sido um caso de emergência, que a Judite se ia divorciar. Ficou também muito admirado e a modos que até pareceu perceber a necessidade de eu ter trazido a Lux.

Claro que, com os miúdos cá em casa, nem mais me lembrei da revista. Mas há pouco, estando ambos a dormir, lindos, fofos, aqui ao pé de mim, dois bonequinhos mais lindos, lá peguei na revista.

E lá fui folheando, até chegar à Judite. 



Naomi e Diana

A Liliana continua a ser amiga do Zé Carlos mas gosta mesmo é do filho, e gosta tanto que até costuma dizer que até as suas próteses mamárias ela deve ao filho (sic); a Naomi Watts vai fazer de Princesa Diana; o Sócrates está de férias no Algarve, no Pine Cliffs, e continua a gostar de correr e, depois, não resiste a um mergulho; o Professor Marcelo está perto, na Quinta do Lago, com saudades dos netos, mas, menos mal, juntou-se-lhe a Rita Amaral Cabral, a namorada; e o Eduardo Beauté está com o marido, o modelo Luís Borges, e com o filho, também a banhos, e aguardam ansiosamente a chegada de uma irmãzinha para o Bernardo; e o filho do Durão Barroso casou-se com a namorada e o filho foi ao casamento e lá estava o menino ao colo do avô Cherne e da avó Margarida; e depois caíu-me o queixo porque o Cláudio Ramos rompeu com o Pedro Crispim (mas o Cláudio Ramos afinal é gay assumido...? não fazia ideia) e seguem caminhos e objectivos de vida diferentes; etc, etc.




Será que toda a gente sabia menos eu?
E eu a pensar que o Cláudio Ramos era uma daquelas evidências que só o próprio teimava em esconder.



Até que finalmente lá cheguei ao ponto alto: Judite de Sousa pediu o divórcio de Fernando Seara.




O ano passado, quando pareciam formar um casal para sempre

E então lá vi que já viviam uma situação complicada há uns meses, que o Seara já saíu de casa, que ela está a tentar adaptar-se a esta fase da sua vida e que tem contado com o apoio do filho do primeiro casamento, que ao contrário do ano passado em que tinham conseguido conciliar agendas para poderem passar uns diazitos juntos no Algarve, ela estava sozinha, e que até já escolheu advogada e eu leio que a advogada é a temível Maria José Galhardo, a melhor que há para divórcios e penso que, se ela escolheu a Maria José Galhardo é porque receia que o divórcio não seja coisa pacífica, e que na TVI ninguém tinha desconfiado de nada, tal o profissionalismo dela.


E continuo. A Pimpinha Jardim tem um novo bebé. E as ex-top models continuam com um corpo de se lhes tirar o chapéu e vou continuando. 


Até que, mais para o fim, chego ao funeral de Urbano Tavares Rodrigues, e leio sobre o filho de apenas 7 anos da sua actual mulher, Ana Maria, e vejo os amigos, e conheço-os, não preciso de ver a legenda. Manuel Alegre e a mulher, João Soares, Carlos do Carmo, Vitorino, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa, António Vitorino de Almeida, Vasco Graça Moura, Helena Roseta, e aquela meio doida, com uma ar já um bocado estranho, a Clara Pinto Correia, até que vejo um casal que não conheço. Leio a legenda para ver quem são. Cai-me o coração aos pés.


Leio: António Lobo Antunes com Cristina Ferreira de Almeida. 




Não é esta a fotografia a que acima me refiro.
Nesta também estão António Lobo Antunes com a sua quarta mulher,
Cristina Ferreira de Almeida,
o quarto casamento para ambos

Não sei se ainda continuam casados.
Aqui ele estava muito bem ou , pelo menos, assim parecia. 


Angustiada, olho com atenção. É ele mesmo. Aquele rosto inchado, sem um único cabelo, talvez nem sobrancelhas, o aspecto típico de quem anda a levar horríveis doses de quimioterapia. Fico quase sem um pingo de sangue. Outra vez? Uma recaída? Fui confirmar à Visão. Continua a escrever e não tem falado nisto. Volto a ver a fotografia. Mas não, o aspecto não engana. Fiquei e ainda estou numa angústia.


Não consigo ler os seus romances desde há uns anos. Gostei muito dos primeiros e depois, quando a escrita começou a enovelar-se, deixei de conseguir. Mas gosto muito das crónicas, acho que é aí que ele é melhor. Ele odeia que lhe digam isso. Acha as crónicas uma coisa menor, um ganha pão. Mas é o que é. E gosto dos livros com entrevistas suas, tenho e li vários. Acaba por se repetir um bocado mas acho normal, se lhe fazem as mesmas perguntas, não vai inventar coisas diferentes só para parecer criativo. E acho graça ao ar blasé de quando dá entrevistas. E simpatizo com ele. Ele, conhecido através das suas crónicas, é um homem interessante. Tenho todos os seus livros porque acho que talvez um dia eu consiga perceber a sua arte, acho que o que eu gosto dele justifica que tenha ali tantos livros dele por ler. 

Não quero pensar que está outra vez sob ameaça. Lembro-me das suas crónicas escritas no hospital quando foi operado ao cancro, ou as crónicas sobre a imensa dignidade dos seus 'colegas' de quimio, sobre a sua própria fragilidade, sobre a importância das manifestações de estima na sua recuperação, mesmo que essas manifestações fossem uma mão sobre o braço ou o silêncio. Se escrevo agora, aqui, sobre isto é porque é a minha forma de lhe colocar a minha mão silenciosa sobre o seu braço. O afecto que talvez ajude a voltar a ficar bom.


Mas ainda não quero pensar que a ameaça voltou. Tomara que eu me tenha equivocado. Tomara que ele esteja bem. Tomara que, se não está bem, o fique rapidamente. Que ultrapasse outra vez as provações, que vença o bicho mau. Que continue por muitos, muitos e bons anos, a escrever.

Que o menino Antoninho continue dentro dele, curioso, irrequieto, feliz, que o menino Antoninho e o senhor António nos contem as muitas e ternurentas peripécias que se passavam no bairro de Benfica, o que se passam agora com as meninas que atacam ali por perto da leitaria do novo bairro, essas coisas, tantas coisas sempre, tantas coisas que queremos ainda saber.


António Lobo Antunes, um homem bonito, inteligente, polémico e que escreve (crónicas...) muito bem
E um gentlemen. E um lutador.
E um vencedor


Fique bom, António Lobo Antunes


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Juro que não vou esquecer
António Lobo Anunes


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A música lá mais em cima é o Impromptu Op.90 no.3 de Schubert interpretado por Maria João Pires

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom dia feriado!