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domingo, julho 24, 2022

Dia de festa

 

As opiniões dividem-se: creio que é quase unânime que hoje festejámos com o primeiro leão mas também já vi dizer que são os últimos caranguejos. Mas inclino-me fortemente para que seja leão. A personalidade parece-me claramente de leão. E se a tem já a querer vincar-se... Assertivo, persistente, focado, entusiasmado, por vezes insistente até à centésima casa, com um sentido de humor fantástico. 

(E com um apetite que não dá tréguas).



Foi o primeiro menino, aquele que nasceu ontem deixando-me em lágrimas de tanta emoção, aquele que me baptizou como Tá, aquele a quem primeiro estamos a ver a dar aquele salto mágico em que as crianças começam a deixar a infância para trás e, de repente, aparecem perante nós já a parecerem gente grande. É que, afinal, imagine-se, já fez catorze anos. Não dá para acreditar. Já está grande, maior que eu, claro, também já a ultrapassar a mãe, daqui a nada da altura do pai. E já com voz grossa. E já a encantar-se, de paixões intensas e súbitas, com meninas que conhece na praia. 

Já a combinar encontrar-se com um amigo que conheceu no hotel, ambos malucos por futebol, cheios de programas -- jogos de futebol, conversas sobre futebol, mergulho e polo quase aquático na piscina, depois a conhecerem as meninas na praia, a trocarem instagrams. Todo um programa. Até há pouco era uma criança e, de repente, tem modos de rapaz e porta-se como um rapaz. 

O irmão, de quem até há pouco não fazia grande diferença, está agora bem mais baixo, ainda uma criança. 

Mas, portanto, foi mais uma tarde de alegria e animação. 

Houve quem se posicionasse na bateria (e até eu, confesso, me pus a tocar, uma coisa boa para deitar cá para fora não apenas calorias acumuladas como raivas não consumadas). E houve quem se ficasse pela guitarra e quem se atirasse ao piano. Afinal parece que quase toda a gente sabe tocar qualquer coisa ao piano menos eu. Ainda me lembro do suplício de quando, em miúda, andei a aprender. Não aprendi nada. Nada. Zero. Tenho pena mas é daquelas coisas para as quais a minha intuição e habilidade falham em toda a linha.

Até o mais novo dança com os seus dedinhos pequeninos sobre o teclado. Um ternurinha. Aplicado, explorando os sons. Foi ele que acompanhou ao piano (à sua maneira, claro), o momento dos Parabéns a Você.

Mas quem, uma vez mais, nos surpreendeu, mas surpresa a ponto de nos deixar de boca aberta, foi o primo do meio.  Não estarei a ser rigorosa nesta designação pois o menino dos anos tem doze primos e este de que falo não se situa a meio da escala. Refiro-me ao do meio do meu filho, que tem três filhos, o menino que, a par de outros talentos, tem um instinto natural para a música. Canta de improviso, toca, dança. As letras rimam, fazem sentido. E canta afinado e com um vozeirão. E expressivo. Quer ele quer o primo que o acompanhou são uns sentimentais, fazem expressões de drama, fecham os olhos com sofrimento. Ele ao piano e o primo à guitarra, só visto. 

Eu e a minha filha, filmámo-los, ambas estupefactas (tal como estupefactos estavam todos os que assistiam). Sempre o soubemos com veia artística mas vem ganhando novas valências e a voz está um espanto.

Ao ver os vídeos farto-me de rir com o sentido de amor e a graça deles (mesmo quando as canções que ele inventa são de fazer chorar as pedras da calçada). Maltinha mais danada para a brincadeira, mais animada.

Como bolo dos anos, o jovem aniversariante pediu para não ser um bolo artístico ou avant-garde: gostava de ter um bolo de anos tradicional, por dentro pão-de-ló e doce de ovo e, por cima, cobertura de açúcar. Então, saiu à cena um bolo do Sporting, coisa que quase causou algum desconforto ao lado benfiquista da família. 


No fim, todos os que se aventuraram a comer o revestimento sportinguista apresentavam-se com a língua devidamente tingida de verde. 

Mesmo os benfiquistas a tinham verde!


Como não comi a cobertura, apesar do meu coração se inclinar para os verdes de Portugal, a minha língua não ficou relvada. 

Quanto à pequena fera cabeluda, deu uma certa luta. Primeiro, o animal está cansado, esta ideia de o pormos a fazer férias connosco não resulta. Vemos pessoas com cãezinhos pequenos, alguns ao colo, sossegadinhos, caladinhos, pequenos e amorosos peluches. Ora este é um brutamontes bom para guardar rebanhos e afugentar riscos verdadeiros ou potenciais. Não é, nem nunca será, um lulu.

Claro que, de tanto ladrar, de tanto saltar, de tanto querer correr, de tanto ser contrariado, de tanto calor, de tanto andar na areia ou a passear, já só quer estar à sombra a descansar. Mas, coitado, não tem conseguido. 

Claro que estar rodeado por tanta gente é para ele uma festa e, ao mesmo tempo, um desafio. 

Por exemplo, hoje, na festa de anos, a sua curiosidade natural leva-o a querer mexer em tudo... mas ninguém quer que ele mexa em nada. 

Toda a gente se acerca da mesa e ele também quer ver o que lá há. E toda a gente pode servir-se e só ele é admoestado. Parece que só está bem quando fica sentado a olhar, infeliz, sem poder tocar.

Mas houve uma menina que deixou um pratinho esquecido com côdeas de piza... e foi o que ele quis. Não me perguntem como, mas mesmo com os olhos cobertos por uma espessa franja cabeluda e no meio da maior confusão, ele descobre sempre, de imediato, o que pode abaratar. Chamou-lhes um figo.

Agora vamos ter uma semana de tréguas mas logo a seguir os leões continuam a atacar e em grande força.

(Escuso de dizer que, tal como acontece com o urso cabeludo, também eu estou capaz é de me deitar no chão, à fresca, sem me mexer.)

Tirando isso, tá-se. A vida passa a correr e, por isso, temos que saber aproveitá-la e que gostar de agarrá-la bem agarrada para a vivermos em estado de encantamento. (Será que era a isto que o Valtinho se referia quando dizia que é urgente viver encantado? Bolas. Vou já rever a frase.). 

Temos que saber viver a vida e gostar de agarrá-la bem agarrada para a vivermos numa boa. E longa vida ao meu menino crescido e a todos os meus meninos e a todos os meninos deste mundo. 

E, a propósito, vai daqui um beijinho especial para a linda Maria cuja fotografia a Lurdes me enviou.

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Desejo-vos um belo dia de domingo

Saúde. Boa disposição. Paz

quinta-feira, outubro 28, 2021

Marcelo e o chumbo do OE
-- ou
o Presidente no seu labirinto

 

Começo por dizer que, por alguma ordem divina superior -- seja lá o que isso significar --, estou sem internet em casa e sem televisão. Já cá esteve um técnico que não conseguiu resolver o problema. Diz que pensa que é na rua e que, assim sendo, é com outra equipa. Só que, dado o adiantado da hora, hoje já não virá. Quando virá, ele não sabe.

Portanto, aqui, a salvo do regabofe que por aí deve andar pelas concelhias, distritais e sedes nacionais tudo com as televisões atrais (nb: não é gaffe, é mesmo assim, para rimar), resolvi que, por quem sois, falo e comento eu. 

É que, parecendo que não, até sinto uma certa falta de acompanhar o frisson nacional. Sem conseguir testemunhar a azáfama e o entusiasmo que hoje deve grassar nas redacções e sem conseguir assistir aos orgasmos síncronos e assíncronos dos comentadores que, a esta hora, certamente ululam pelos balcões em que se serve comentário a copo, tenho que me contentar com o que euzinha tenha para dizer. 

Mas, claro, não se compara com o porno espectáculo de jornalistas e comentadores, com a pica toda, em sucessivas erupções mediáticas, congeminando sobre o que aí pode estar para vir. 

Crise para eles é melhor que viagra. Upa la-la. Umas atrás de outras. 

Enfim.

Para colmatar a pecha, poderia ver televisão no computador? Poderia. Mas não seria a mesma coisa. Portanto, não quero.

Ou seja, perdoem-me mas o meu conhecimento hoje é francamente limitado, mais limitado ainda que nos outros dias. Vejam se pode. O que sei é apenas o que os onlines disponibilizam. E, como a maior parte dos conteúdos requerem que se seja filiado e subscritor, fico de fora. Ou seja, o que sei é pelas gordas. Imagine-se. Pelas gordas. 

Poderia, claro, tentar os internacionais mas nem vou por aí: as nossas pequenas misérias não são, por enquanto, tema que tenha por onde se lhes pegue. Traições e baixas políticas levadas a cabo pelo pouco que ainda remanesce do PCP e pelas desnorteadas do BE não é coisa que interesse a quem quer que seja, muito mais fora de portas. 

Tivesse havido pancadaria no Parlamento, quiçá entre o Jerónimo e a Mortágua ou entre a Joacine e a Catarina, aí, sim, aí talvez já houvesse alguma breve. Agora assim, tudo no maior pacifismo, querem lá eles saber disto...? E, para mais, a esquerda a auto-devorar-se...? Bahhhh, que seca, ... déjà vu. Filme visto mil vezes, acaba sempre da mesma maneira. Tudo ao tiro e, no fim, morrem todos. Dá é sono.

Quem se importa somos nós, os portugueses, que não perdoaremos por, de novo, os traidores do PCP e do Bloco se terem juntado à direita (Chega incluido!) para, uma vez mais, colocarem areia na engrenagem, provocando uma inútil baderna, gastos desnecessários, prejudicando a estabilidade governativa e a trajectória de crescimento e recuperação que estava em curso. 

Tudo está agora nas mãos de Marcelo. E eu sempre estou para ver o que vai ele fazer. Tenho ideia que gosta de fazer habilidades quando está na confortável situação de espectador e comentador mas que não se sente a jogar em casa quando a bola e a estratégia de jogo está nas suas mãos. 

Mas as coisas são o que são. Penso que, se em vez de ter andado a dar ideias aos fracos de espírito, se tivesse deixado estar caladinho, apenas apelando ao bom senso e ao sentido de responsabilidade de todos os partidos, teria sido preferível. 

Mas não senhor, tem a língua mais rápida do que o pensamento. E pôs-se logo a dizer que, se o Orçamento chumbasse, convocava eleições antecipadas. Fuel para a programação da comunicação social. Crise à vista é o que eles gostam: fazem debates, chamam os comentadores e as putéfias de serviço (pardon my french) e aí estão eles todos a debater cenários, a desculpabilizarem uns, a culpabilizarem outros, um circo infantil e caricato. Este era também o mundo do bom do Marcelo. Bagunçada e baderna à vista e aí estava o Professor, salivando de entusiasmo nos ecrãs domingueiros da TVI. 

E, portanto, desde que o Presidente deu fogo à peça foi um ver se te avias de ultimatos, de bocas, de conversa fiada: a crise estava lançada para a arena. Quem se portasse como adulto, estaria crucificado na comunicação social. Portanto, a partir daí, para os sobreviventes do PCP que esbracejam para ver se conseguem manter a cabeça fora de água e para as desnorteadas do BE que já não sabem a quantas andam, a única preocupação foi não ficarem mal vistos perante os poucos que ainda votam neles. 

Portanto, se Marcelo gosta de andar a semear ventos, mesmo que diga que não, que gosta mesmo é de sol na eira e chuva no nabal, agora está a ver que está uma tempestade a querer entrar-lhe pela porta dentro. Nos idos da TVI ele deitar-se-ia a construir cenários, destilando vantagens e desvantagens e temperando com pontos de vista. Só que agora a pauta é outra. Não é hora para cataventices ou confidências a simularem beijinhos e selfies. É hora, sim, para se pensar com a cabeça no sítio -- e boca calada até se ter a certeza do que se vai fazer.

Chamou o pessoal dos partidos a Belém para conversinhas de pé de orelha que, pelos vistos, entraram por uma e sairam por outra de quem lá foi sentar o rabo. E, não sei a que propósito, chamou também a galinha cacarejante que deve ter saído de lá sem que nem um feijãozinho lhe coubesse no rabiosque (não digo pardon my french porque rabiosque não é nome feio; ora essa!), tanta a alegria pela inesperada distinção. A esta hora a alinha depenada já deve estar até a sentir-se comendadora. Não sei que outras reses tresmalhadas terá também Marcelo chamado mas, na volta, também chamou o eterno Assis, o pintas Melo, ou qualquer outro cão ou gato que por aí ande a ver se é adoptado. 

Li que esta quarta-feira janta com o Costa e com o Ferro. O Costa, para além de chateado, deve andar esfalfado por aturar tanta cretinice e cheio, cheio, cheio de sono. Se fosse comigo sei bem o que diria mal me visse lá chegada: Pardon my french mas bardamerda para esta cagada em três actos; se o PCP e Bloco querem brincar aos politicozinhos da treta que brinquem sozinhos; Senhor Presidente e camarada Ferro não me levem a mal mas vou é para casa dormir que para este peditório já dei foi demais. Ciaozinho e bon apétit.

Mas, felizmente para todos nós, o Costa não é como eu, não se cansa, não se enfurece, mantem a compostura e a boa disposição mesmo quando lhe saltam em cima ou o massacram com conversas da treta. 

Tem ainda outra ande vantagem: é um estadista. Pensa no País antes de pensar em si próprio.

Não sei qual a ementa nem o que vai ser falado durante o jantar mas imagino que agora seja o Marcelo que está no mesmo papel em que a choramingona da Catarina se pôs antes de votar, quando até parecia estar a implorar que a ajudassem a sair desta. Acredito que o Costa e o Ferro o ajudem a pensar e a ver com alguma clareza. Mas, perdido no labirinto dos cenários que constrói, não sei se o Marcelo tem comedimento para pensar sensatamente nem consigo antever o que vai fazer sair daqui sem ficar associado a esta chachada.

O que espero é que, para bem de todos nós, ainda venhamos a dizer que há males que vêm por bem. Por isso, daqui lhe desejo: boa sorte, Sr. Presidente. 

E não é apenas ao Presidente que o desejo, é a todos nós: boa sorte! 

.... e bola para a frente! 

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Bem. 

E agora vou mas é ver se pesco por aí algumas notícias ou, talvez melhor, se me atiro à netflix para ver se me divirto

E dá-lhe. 

Música, maestro.


Até já!