Primeiro quero ver a situação resolvida. Tenho testemunhado, com alguma perplexidade, como, nos temas da Administração Pública, a forma como os assuntos são resolvidos tem muito a ver com as pessoas (ou as repartições) onde o assunto vai tratar. E há do lado de quem tem o poder de os resolver uma total prepotência. Dizem que é assim e, por muito que esse 'assim' seja absurdo, arbitrário, e mesmo que digamos que no Atendimento Telefónico ou noutras repartições nos tenham ito que pode ser resolvido de outra maneira, respondem que não querem saber, que ali é assim e que estão a cumprir os procedimentos. E tenho testemunhado, repetidamente, que dali não saem. Pode o assunto ficar empancado e podemos tentar mil abordagens que não adianta.
Por isso, não quero cutucar a fera com vara curta. Vou manter-me sossegada até ter o mais recente assunto resolvido. Há outro dos assuntos de que já desisti com grande prejuízo meu e apesar de ser a coisa mais aberrante do mundo. Mas desisti. Não tenho energia para continuar a marrar numa parede que não cede, só a minha cabeça é que fica moída. Mas este último assunto estou em crer que vai ficar resolvido. E aí apresentarei uma reclamação e tentarei expor o absurdo e a prepotência a que nos submetem.
Por ora limito-me a dizer que foi mais um daqueles stresses em que parece que tudo corre mal, em que parece que estão a fazer um favor, em que, no fim, quando depois de para ali estar a apresentar papéis, a preencher, a assinar, a esperar, a bolinha baixa, baixinha, e penso que finalmente vou conseguir sair de lá com tudo resolvido, não senhor. Dão-me um papel em como entreguei um papel. E o chefe irá analisar e irá resolver. Haverei de receber em casa o que houverem por bem resolver. E boa tarde.
Como sempre me acontece, e há-de haver uma explicação para isto, quiçá somática, saí de lá a sentir-me meio esgazeada, desidratada de todo. Para além disso, aflita para fazer chichi. Por inacreditável que possa parecer, num local daqueles em que uma pessoa pode passar uma tarde, não há casa de banho.
Portanto, saí de lá exaurida, a sentir-me agredida, violentada, e sem vontade de falar, e, como se já não bastasse, também com vontade de ir a uma casa de banho e com vontade de, a seguir, ir repor os meus níveis funcionais. E assim foi. Depois de descobrir uma casa de banho, fui a uma pastelaria e comi um bolo altamente calórico e altamente glicémico e bebi um sumo fresco também altamente glicémico. O meu marido, que não foi comigo tratar dos assuntos (e ainda bem que não foi, senão ainda armava para lá um escabeche), mas que, depois, me acompanhou à pastelaria, estava escandalizado, que eu não tinha cuidado nenhum com o que ingeria, que era um total disparate, tanta caloria, tanto açúcar. Mas, vá lá eu perceber porquê, sentia que precisava mesmo daquilo para ressuscitar e voltar ao meu estado habitual.
Quando cheguei a casa, despi-me, refresquei-me (ainda por cima estava um calor dos diabos), reclinei-me no meu cadeirão relax e, claro está, adormeci profunda e instantaneamente.
Quando acordei ainda me sentia meio esvaída. Pode parecer um exagero da minha parte mas não imaginam o que isto me maça. Eu sou muito prática, gosto de resolver tudo, de resolver rapidamente, de resolver da forma mais ágil e mais eficiente. E ver-me manietada, sujeita a ter que aceitar a falta de ritmo e os absurdos procedimentos públicos, o não poder fazer nada para ajudar a desbloquear imbróglios evitáveis, estúpidos, que não deveriam existir, o ter que me resignar a aceitar que me imponham métodos, procedimentos e prazos que ultrapassam tudo o que é razoável, desgasta-me moral e fisicamente, fico exausta, exangue.
Enquanto escrevo, estou a ver a reportagem do desastre com o elevador da Glória. Um horror. Tantas e tantas vezes passei por ali, por São Pedro de Alcântara, tantas vezes me encantei com a graça daquele elevador, tantas vezes o fotografei. Imagino a aflição das pessoas que lá iam ao sentirem como aquilo se desgovernou. Deve ter sido uma fração de segundo. E, na fracção seguinte, 15 pessoas antes felizes, estavam mortas. E 18 ficaram vivas, no meio daqueles destroços, mas feridas, algumas em estado grave. Um horror. A vida, por vezes, é traiçoeira.
O que se passou, por que se passou, o que falhou -- isso se verá a seguir. Para já, o que sinto é muita pena ao ver o que se passou.
Determinadas categorias de funcionários do Estado, como os Magistrados (Juízes e Procuradores), Diplomatas (Ministros Plenipotenciários e Embaixadores), Professores Universitários, por exemplo têm, nos termos da Lei, a possibilidade de escolher, quando atingem o limite de idade, entre serem jubilados, ou reformados.
Na jubilação mantêm-se as regalias e deveres dos colegas no activo, a par do último salário que auferiam até à jubilação, o qual é actualizado de igual forma dos seus colegas no activo e continuam a receber, no caso dos Magistrados, um suplemento de compensação, auferindo assim um valor mais elevado enquanto jubilados, comparativamente a quem se reforma pela Segurança Social.
Por outro lado, o jubilado é pago pela Caixa Geral de Aposentação (CGA) e não pela Segurança Social (SS). No caso, por exemplo, dos Diplomatas jubilados, o jubilado mantém deveres perante a hierarquia do MNE, podendo ser chamado por exemplo para consultas, etc, e não pode exercer quaisquer outras funções ou actividades, por exemplo, no sector privado e outros, ao contrário do diplomata reformado. No caso dos militares, só podem ser reformados, não existe a figura da jubilação.
Nesse sentido, a ex-PGR optando por se jubilar, naturalmente terá de usufruir do seu último salário, juntamente com as regalias que lhe estavam associadas – nos termos da Lei em vigor. O mesmo para com os juízes dos tribunais da Relação e do Supremo (e do Tribunal Administrativo e Tribunal de Contas, por exemplo). E assim sucederá e sucedeu igualmente com o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e seus antecessores, situação de quem ninguém se queixou, curiosamente.
Por último, um outro aspecto. Contrariamente ao que faz a Segurança Social, que utiliza uma taxa anual de formação da pensão que varia entre os 2% e os 2,3%, a Caixa Geral de Aposentações (CGA), contrariando a Lei, e criando mais uma desigualdade entre trabalhadores da Função Pública e do Sector Privado, aplica apenas a taxa de 2%.
Em resumo, a jubilação dos Magistrados está inserida na Lei, bem como a de outras determinadas categorias de funcionários do Estado, como atrás se menciona e releva. Situação esta que não foi objecto de qualquer proposta de alteração pelos Deputados da Assembleia da Republica, a quem compete proceder a alterações na Lei e quem fez aprovar esta Lei em vigor.
Ao fim da tarde, andei a fotografar florzinhas como, por exemplo, as flores da laranjeira, delicadas, cheirosas, os botoezinhos do limoeiro que coexistem com os limões que, uma vez apanhados, exalam um belíssimo odor cítrico, e os frutos, as nêsperas a tingirem-se de dourado, a natureza a embelezar-se para receber a primavera.
Fotografei também o recanto do terraço onde estão os dois pequenos cadeirões e a mesinha que a minha mãe pintou de azul claro, que vieram de casa dela e que têm por trás as hastes arqueadas e floridas do jasmim amarelo.
Ia, pois, falar dos perfumes, das cores, da beleza.
Mas vou antes falar do que tem acontecido comigo e com o meu marido.
Não quero fazer generalizações, dizer que tudo funciona mal. Não sei, não faço ideia. Posso apenas falar da realidade que conheço e que me toca de perto.
O que concluo do que vou contar, e antecipo já, é que há ainda muito a fazer. E, como sempre, o principal tem a ver com organização. Definir processos ágeis, realistas, eficientes e honestos é sempre o mais importante. Geralmente as empresas ou as instituições tendem a pensar que a primeira coisa a fazer é informatizar, gastar pipas de dinheiro a automatizar -- e isso é um erro, começar por aí é apenas deitar dinheiro para cima dos problemas.
Uma das novas modas e encontro-a nos portais das Finanças e agora constato que é o mesmo no da Segurança Social é decretar que o assunto sobre o qual reclamámos está em análise e, ao decretarem isso, dão a reclamação por resolvida e, portanto, fecham-na.
Por exemplo, estando um assunto meu por resolver há quase um ano e tendo eu enviado diversas reclamações, estão todas dadas por resolvidas porque escreveram lá que estão na mesma, em análise.
Idem com o meu marido.
Eu conto qual a minha situação, que tem na base a mesma situação que meu marido.
Ambos trabalhámos a vida praticamente toda em empresas, descontando para a Segurança Social. Ambos somos agora pensionistas da Segurança Social. Mas, no início da nossa vida profissional, descontámos para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), eu como professora e ele também como professor e depois na Marinha.
Por isso, quando solicitámos a reforma, pedimos a pensão unificada, ou seja, o somatório das duas parcelas, uma da SE e outra da CGA. Em alternativa, poderíamos receber duas pensões separadas. Preferimos, uni-las. Na altura informaram-nos que não tínhamos que enviar comprovativos dos tempos de serviço inerentes aos descontos para a CGA, pois a CGA tinha lá essa informação. Mas, por via das dúvidas, enviámo-los na mesma.
Passado pouco tempo de termos requerido a reforma, fomos notificados com o valor provisório, isto é, sem a componente da CGA. E foi isso que começámos a receber.
Decorridos 6 meses, recebi uma segunda notificação já com a indicação do valor completo.
Para quem não sabe, nessa altura recebe-se um conjunto de folhas, frente e verso, com números, fórmulas, cálculos. Diversas parcelas, médias ponderadas, penalizações, bonificações... uma coisa quase impossível de conferir. Os cálculos remetem para os decretos respectivos e só os entendidos na coisa poderão validar tudo aquilo.
Mas, a olho nu, duas coisas chamaram a minha atenção.
A primeira é que, às tantas, no meio daquela babilónia de cálculos, aparece uma operação aritmética. Agora não estou para ir ali dentro buscar a papelada para aqui pôr os números tal e qual mas imaginem que aparece qualquer coisa como
3.000 x 80% = 2.100
Aparece assim, com o enunciado do cálculo.
Olhei e pensei: estão doidos? O cálculo está errado, o correcto é 2.400.
E depois é o valor errado que entra na sequência de cálculos, portanto fazendo com que tudo esteja mal até ao fim.
Numa outra folha, onde aparecem os valores que vêm da CGA, aparece a data de início e a data de fim dos descontos. E vejo que a data de fim está mal, acaba 11 meses mais cedo. Ou seja, deve influir negativamente nos cálculos e no tempo de serviço.
Liguei para lá a referir aqueles dois erros e diz-me a menina que me atendeu: 'Ah, pois é, se calhar a minha colega que tratou do seu processo enganou-se...'.
Fiquei de boca aberta. Julgava que tudo aquilo era automático, que não haveria margem para erros humanos.
E diz-me ela: 'Mas o que tem que fazer é apresentar uma reclamação, expondo esses erros.'
Assim fiz. No 1º semestre do ano passado.
E nunca mais nada.
De cada vez que ia ao portal e apresentava reclamação por não ter resposta à reclamação (e voltava a repetir as minhas razões), recebia a resposta de que estava em análise e pimbas, reclamação dada por resolvida.
Quando se liga para estes sítios, a gente tem que ir com paciência, determinação... e muito tempo pois vai marcando os números correspondentes ao assunto, se quer isto digite 1, se quer aquilo o 2, etc, e depois de estarmos para ali a escrever números, esperamos, esperamos pois aquilo toca, toca, toca, e nada. Até que a chamada cai.
Mas tanto insisti que finalmente fui atendida. A senhora disse-me que a Segurança Social é a porta de entrada mas que os cálculos são da responsabilidade do Centro Nacional de Pensões (CNP) pelo que iam transferir a chamada. E aqui novo castigo: toca, toca, toca até que se atinge o tempo limite e a chamada cai automaticamente.
Continuei a insistir.
Finalmente, do CNP atenderam. Sim, viam que o assunto estava em análise. E que, portanto, eu teria que esperar. Disse-lhe que daqui a nada há um ano que estava em análise e que me dissessem o que é que estava a emperrar, se havia algum problema, se haveria alguma coisa que eu pudesse fazer. Ela leu o teor da reclamação. Disse: 'Mas é que o assunto tem duas coisas: uma é um cálculo que você diz que está errado e outra tem a ver com a CGA. Por isso, temos que esperar que eles digam alguma coisa.'
Perguntei: 'Mas do CNP já enviaram o pedido para a CGA?'
A senhora disse: 'Devem ter enviado porque aqui o que tenho é que está em análise.'
Ainda tentei que tentasse ver em que data tinham enviado o pedido para a CGA. Disse-me que isso não conseguia saber.
Resolvi, então, ligar para a CGA. Já com aquilo quase a fechar fui atendida por um senhor muito simpático. Para meu espanto disse que não havia nenhum pedido da CGA relacionado comigo, nada.
Quando me mostrei espantada e sem saber o que fazer, sugeriu-me que eu enviasse um mail para a CGA a dizer que no CNP me tinha informado que estavam à espera da resposta da CGA. E que eles me responderiam que ninguém lhes tinha pedido nada.
Lá mandei o mail, e acrescentei, de minha lavra, que fizessem o favor de verificar aquilo das datas e que informassem o CNP das datas correctas.
Não sei se o farão nem sei quando é que este nó estará desfeito.
Uma coisa aparentemente tão simples...
No caso do meu marido, ainda está um passo atrás, pois a mim já juntaram a parcela da CGA, penso que errada mas já estão a pagá-la. Ao meu marido nem isso. Ainda está apenas com a pensão provisória pois ainda não juntaram a parcela da CGA. Já fez a mesma coisa: reclamações, mails, telefonemas.
Até que hoje também não desarmou. Na SS, disseram-lhe que o tema está no CNP. Ligou para o CNP: que estão à espera dos cálculos da CGA. Ou seja, a resposta de sempre: o assunto está em análise.
Então ligou também directamente para a CGA. E, para espanto dele, a resposta é que não fizeram nada porque não lhes enviaram os comprovativos. Ora quer no pedido da pensão quer nas reclamações e mails ele juntava sempre os comprovativos. E isto apesar de nos dizerem que não são precisos. Mas... se agora, afinal, são precisos e não os têm, então não pedem...? E da CNP não estranham passarem meses sem resposta e não questionam a CGA?
Lá enviou um mail para a CGA com os ditos comprovativos.
Vamos ver qual a evolução. Mas é asfixiante. Uma pessoa esbarra em paredes, parece que não vai conseguir furá-las, parece que fica sem saber o que fazer, parece que fica a descrer de alguma vez conseguir resolver os assuntos.
Como aconteceu com a minha mãe. Porque tinha insuficiência cardíaca, porque tinha sido operada a cancro do cólon e mais uma série de coisas, a médica de família tinha-lhe feito um relatório médico que ela enviou para a Segurança Social, para efeito de qualquer coisa chamada Multiusos, que lhe daria direito a ter algum desconto no IRS. Enviou no início de 2021. Responderam que agendariam uma inspecção numa Junta Médica. O tempo ia passando. Volta e meia eu mandava um mail para lá a saber como estava aquilo. Respondiam que se tinha atrasado tudo com a Covid, que esperasse. E o tempo passando. Para aí em Novembro, numa altura em que a minha mãe estava pior, mandei um mail a dizer que o estado de saúde da minha mãe se agravava e que já lá iam 2 anos e tal. Ligaram-me no dia do velório para, então, agendarem uma Junta Médica. Dei-lhes a notícia: tarde demais. Poderiam, ainda assim, ter emitido um relatório pois ainda há que pagar o IRS de 2023. Mas não. Morreu, morreu, azarinho, fecha-se o assunto e é menos um assunto em aberto .
Provavelmente haverá mil razões: falta de organização, falta de pessoal, falta de formação do pessoal. Mas que isto deixa os cidadãos a quem acontecem situações destas a sentirem-se impotentes e desanimados, lá isso deixa...
De vez em quando, a vida ocupa-me os interstícios temporais onde, quando os tenho livres, tomo conhecimento das nabices que preferiria ignorar.
Por isso, quando dei por ela, já meio mundo falava e eu sem perceber o que tinha acontecido. Num instante era a Agência do Medicamento que não tinha ido parar ao colo do Egocêntrico Moreira do Porto e, no instante seguinte, já era o Infarmed, qual Agência dos Pequenitos, aka littleEma, que para lá ia.
Não percebi qual o racional, qual a liaison entre os temas nem que raio de compensação atabalhoada era aquela. Nem percebi se tinha sido um foguete mental que rebentou antes de tempo, se foi um surto de meiguice por parte do ministro para com o macho alfa do Porto, se quê.
Admito que foi por ter ocorrido durante o lapso em que estive distraída, que, tivesse eu estado atenta, teria captado os fundamentos da coisa. Mas tão extraordinária é a medida e tão bombasticamente surgiu que não sei não.
Tudo o que aparece assim, aparentemente por apetência demagógica, decisão mal pensada, vontade de agradar a egocêntricos ou palhaçadas de outro tipo me incomoda.
Contudo, quero crer que o Adalberto --- que já me tinha arreliado quando foi ao Parlamento pedir desculpa pela legionela, feito caniche emocionalmente amestrado pelo Presidente Papa-Afectos Marcelo --- não é tão dado ao dispautério quanto me está a começar a parecer.
Por isso, não me alongo na prosa. Vou dar o benefício da dúvida. Mas vou estar à coca, ah vou, vou.
E também vou estar à coca do que o menino Costa faz. Ceder a facilitismos com medo das reacções da CGTP em casos em que o que está em causa são os privilégios de classe (carreiras...? progressão na carreira com base na antiguidade...?) oh meus amigos, se voltámos a essa conversa bafienta, então, vou ali e já volto. Podem contar com o meu apoio quando acho que estão a defender os interesses do País e dos Portugueses no seu todo. Deixam de contar com ele quando enveredam por caminhos estreitos e que, inevitavelmente, levam a becos sem saída. E vergonha deveria ter a CGTP em estar a fazer exigências sem sentido e a avançar para greves absurdas quando esteve tão caladinha durante os sinistros anos em que o Láparo, o Portas, a Albuquerque, a Cristas e todos os demais ajudantes de campo andaram a dar cabo do País e da vida dos Portugueses.
No post abaixo falo em mais uma fantástica intervenção de Mário Crespo auxiliando na denúncia da incompetência do Governo de Passos Coelho. Desta vez teve lá o Prof. Valadares Tavares e acho que até os mais crentes, depois de terem visto isto, ficaram a perceber que, com este governo, estamos entregues à bicharada. Mário Crespo está a deixar as trapalhices deste (des)governo a nu.
Ainda mais abaixo falo de uma brilhante entrevista que não deve ser ignorada: a que o deputado europeu que está a conduzir a investigação à troika nos países intervencionados concedeu ao Público. Imperdível.
Mas isso é a seguir.
Aqui, agora, mostro-vos um pequeno filme que está a tornar-se viral.
No âmbito das comemorações do seu 10º aniversário, o Facebook desafiou os seus utilizadores de fazerem um vídeo em que mostrem aos outros os seus melhores momentos.
Ora alguém, que não sei quem é (mas a quem daqui envio os parabéns), pegou na ideia e virou-a do avesso e fez um vídeo com os piores momentos de Portugal.
Pelo filme passa o escândalo do BPN, a perseguição aos reformados, o desprezo pelos professores, o ódio aos funcionários públicos, os cortes salariais, o vale tudo.
Convido-vos a vê-lo pois é fácil reconhecermo-nos nas imagens: isto é o nosso País nestes últimos quase três anos de austeridade selvagem, de verdadeiro roubo perpetrado sobre a população.
Com actividades extra-curriculares a meio do dia (como refiro num comentário mais abaixo, no post em que falo do roubo que sofremos in heaven - roubo de pequena monta mas que assusta na mesma), cheguei mais tarde ao trabalho, depois tive que trabalhar até cerca das 8 da noite e, portanto, quando estávamos a jantar, já deveriam ser umas 10 ou mais, nem sei, tivemos como companhia alguém que, por si só, é motivo de indigestão. Claro está que o meu marido decretou logo 'este gajo é que não!' mas eu, como toda a gente já deve ter percebido, não sou propriamente uma esposa submissa. Também não tenho pachorra para a as palavras sempre azedas e derrotistas de Medina Carreira mas estava lá o Prof. Valadares Tavares e eu quis ver o que tinha ele a dizer da gestão da máquina de Estado por parte do inteligente Passos Coelho.
Pois ainda bem que fiz finca-pé.
Palavra de honra que não sei que raio andam os totós do PS a fazer que parece que não há uma alminha que se dê ao trabalho de olhar para números e tirar conclusões.
Nesta fotografia, Judite de Sousa, com ar sonhador,
queixa-se de, por vezes,
lhe faltar inteligência emocional.
Hoje, tal como eu, fez um esforço para se controlar
e não ficar em transe ao ouvir
os desmandos que este desGoverno tem andado a fazer
Até Judite de Sousa estava passada 'Mas porque é que nunca ninguém disse isto?', perguntava ela tão espantada como eu.
O Prof. Valadares Tavares mostrou gráficos comparativos de 2012 face a 2011 e eu só me apetecia ligar um megafone à minha televisão e pôr-me a emitir aquilo em decibéis no limite do admissível para toda a cidade acordar e ouvir.
Mostrava ele em números que, a seguir aos ordenados, a segunda despesa maior dos gastos públicos é com a aquisição de bens e serviços. A isso os ignorantes do PSD na campanha eleitoral chamavam as gorduras de estado. Ora nem todos os bens e serviços são gastos desnecessários. Não. Aí caem as despesas de limpeza, de segurança, as rendas e a manutenção de edifícios e de equipamento, o licenciamento de software, a compra de livros, as despesas com viaturas, com deslocações, em assessorias, em comunicação, em pareceres, etc. Tudo isso, na dose certa, faz falta - e mal estaríamos se não houvesse gastos nessas naturezas de despesa.
O drama não está aí. O drama está em que, ao contrário do que aconteceu na rubrica de despesas com Pessoal, que diminuiu, aqui aumentou. Aumentou!!!!! Aumentou mais de dois mil milhões de euros!!!!
Ou seja, numa altura em que tantos esforços se pedem às pessoas, em que arrebanham dinheiro de toda a maneira possível e imaginária (cortando ordenados e pensões de reforma, aumentando impostos de forma escandalosa, reduzindo os subsídios de desemprego, de abono de família, etc), aqui não apenas não foram capazes de fazer poupanças como, pelo contrário, as aumentaram de uma forma inacreditável.
Quando se analisa onde se deu este aumento, vê-se que, essencialmente, isso aconteceu nos Institutos e coisas do género (que, do que me pareceu perceber, têm gestão autónoma e em relação aos quais o controlo é incipiente).
Porra! Passo-me com isto. Não era para gerir capazmente a máquina de Estado que aqueles imbecis iam fazer a Reforma de Estado?
É que não fizeram nada, senhores, nada.
Estou a escrever isto e só me apetece abrir a janela e chamar estúpidos, mil vezes estúpidos a estes palermas que nos desgovernam, mas chamar tão alto que fossem capazes de me ouvir a quilómetros de distância. Não apenas não foram capazes de reestruturar a administração pública, eliminando todos aqueles Institutos que diziam que estavam a mais (ou, no mínimo, geri-los), como, em 2012, os deixaram gastar mais 2.000.000 de euros que em 2011 (e isto já com os valores colocados numa base de 2012 para serem comparáveis).
Raios os partam, caraças!
Prof. Valadares Tavares
(aqui numa fotografia com ar de anos 30 - mas é só ar
porque o senhor ainda não tem idade para ser meu avô)
Dizia o Prof. Valadares Tavares que seria tão simples conseguir-se poupanças da ordem dos 10% nas compras já que há plataformas electrónicas (do tempo do Sócrates!) para fazer compras a valores negociados. E, digo-vos eu (read my lips) que, conseguir reduções de 10% ao comprar em catálogo negociado centralmente por forma a ter descontos de quantidade, é de caras.
Uma vez que se está a falar de um montante da ordem dos 15.000.000€ em Bens e Serviços, se tivéssemos uma poupança de 10%, teríamos menos mil e quinhentos milhões de euros em vez de mais de dois mil e tal milhões: ou seja, estaria a gastar-se quase menos quatro mil milhões de euros do que hoje. Ou seja, não seria preciso mexer nas reformas, nem nos ordenados da função pública, nem esbulhar a população inteira através de impostos.
Cambada de incompetentes!
E cambada de incompetentes os anjinhos do PS que não são capazes de denunciar este escândalo! E cambada de anjinhos marretas também os Sindicatos da Função Pública que ainda não perceberam que é a denunciar escândalos destes que conseguirão desmontar as patranhas deste Governo e não a repetirem mil vezes os mesmos slogans. Caraças, que nervos que isto me dá.
Ai...!
///\\\
Para me animar, estive a ver umas coisas que não lembrariam ao careca (e isto não é piada para ninguém em particular) e que, se me permitem, aqui partilho convosco.
Dois tigres dão cabo de um macaco num ápice...?
É o dás.
Macaco que é macaco pode com todos os tigres, todos os tubarões deste mundo. Com determinação, engenho, agilidade e sentido de humor a ver se não se dá uma corrida em osso a uns pretensos valentaços que por aí andam. A ver se eles não metem o rabo entre as pernas e batem em retirada...
Bora lá...?
Pode ser que sirva de inspiração
(A qualidade do filme não é fantástica mas não faz mal)
*
Muito gostaria ainda de vos convidar a virem dar um passeio comigo no meu Ginjal e Lisboa. Hoje continuo com Jorge Palma, desta vez acompanhado pelo João Gil. E o poeta é o Pde. José Tolentino Mendonça que me leva pela noite como se me levasse para casa.
*
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira.
Nos dois posts a seguir temos motivo de paródia: entre o vice do Farrobo e o naturalmente Poiazinha, chefão do adjunto Lombinha, e a precavida Morais que apareceu com uma pata de coelho escondida na carteira, a gente tem que se esforçar para não se atirar para o chão a rir. Corrijo: rir, claro, se antes tomarmos um calmante e nos abstrairmos das sacanagens que aqueles coiotes andam sempre a tramar.
Mas isso é a seguir.
Agora, aqui, a conversa é outra. Ora, então, vejamos.
Palhaçadas de verão à portuguesa
#1
Candidatura de Moita Flores à Oeiras foi aceite, dizem as notícias
Mais uma vez estamos no domínio do laissez faire, laissez passer que é como quem diz, deixa andar.
E não é pela história do número de mandatos que isso, quem fez a lei que a refaça para que fique inequívoca porque isto de cada um ler sua coisa e acabar tudo nos tribunais, já parece coisa de república das cagarras, até já mete nojo.
Aquilo que eu quero aqui assinalar é outra coisa.
É a seguinte: mas este Moita Flores, que enquanto presidente da Câmara de Santarém escreveu, publicou e fez o roadshow do lançamento de livros, que fez guiões, que está sempre caído nas televisões a opinar sobre tudo e mais alguma coisa e que agora, da última vez, se demitiu ao fim de pouco tempo de presidente da Câmara, pretensamente por motivos de saúde, mas a quem a gente vê em permanência nesse mesmo circuito mediático, tem lá historial que prove a alguém que tem sentido de responsabilidade para ser presidente de alguma coisa? Nenhum. Um baldas. Está nas Câmaras a fazer uma perninha. O que ele gosta é de escrever histórias e andar a bater perna pelas televisões.
Porque é que a comunicação social,
em vez de andar a papaguear os recados da poiazinha,
não faz investigação e não vai ver o que é que Moita Flores, este artista,
fez enquanto presidente da Câmara de Santarém?
Aí anda meio mundo a discutir insignificâncias
(e agora até me ia fugindo a boca para a expressão catroguiana,
mas, a tempo,
lá a evitei que eu há coisas que não gosto mesmo de ter na boca),
em vez de escrutinarem o verdadeiro curriculum desta tropa fandanga que aí anda enganando uns e outros
Como é que as pessoas não vêem isto e não o mandam dar uma grande volta em vez de andar a gastar dinheiro aos contribuintes? Não era mesmo de ter apenas dois únicos votos (o dele e o da mulher)?
+++
# 2
Em dia de poiazinha briefing, lá veio à baila o assunto da Reforma de Estado
Ouvi-o na rádio e há pouco vi-o na televisão e no vídeo que, no post abaixo, mostro. Com aquela sua vozinha de menina, ainda não percebeu, que, por muito bem pensado que seja o assunto (que não é, mas enfim...), não dá para ser levado a sério. É que uma vozinha de menina aceita-se a uma menina, não a um coisinho com uns pelinhos manhosos salteados na cara, armado em ministro.
Mas, então, dizia a dita vozinha que a Reforma de Estado haverá de sair à cena quando for oportuno mas que isso será apenas um complemento do que já está a ser feito. Ia sozinha no carro mas desatei-me a rir.
A dita reforma é aquela batata quente que o Coelho passou para as mãos do irrevogável Portas e que ia estar pronta em Fevereiro ou lá quando era. Depois, como o Portas, não foi capaz de parir uma reforma, o parto foi adiado para Julho. Parece que a lua mudava a 15 porque tenho ideia que a coisa devia dar-se até esse dia. Viste-a.
Como o Portas não era capaz de parir a coisa, o Coelho tirou-o dos Negócios Estrangeiros para ver se, sem ministério nenhum, ele tinha mais tempo para fazer os trabalhos de casa.
O facto é que não se vê nada e, do que percebo, não há datas. Como o parto dos burros, este está a revelar-se demorado. Mas, prudente como é, este candidato a inteligente, Poaizita de seu nome, já nos veio preparar para o facto de afinal nem um burro vir a aparecer mas sim um simples rato. De facto, ao dizer que a dita reforma é um complemento às coisas que já têm andado a fazer, está a preparar-nos para a insignificância do que o Portas vai parir.
E pergunta a minha ignorância: mas e a que outras coisas se refere ele? Que outras coisas é que eles têm estado a fazer para além dos roubos e atentados ao conceito constitucional de justa causa de despedimento, o regime dos direitos, liberdades e garantias e o princípio da proteção da confiança (Cavaco dixit, ao confessar temer isto relativamente ao que agora voltou a mandar para o Tribunal Constitucional)?
Segundo o que uma colega minha toda tiazona no outro dia disse, já desbocada como uma gaja dos subúrbios, o que esses pulhas têm andado a fazer é um conjunto de javardices.
Porco Napoleão, esse grande estadista,
(ao que por aí corre, o guru dos ministros do governo de Passos Coelho, himself included)
Ou seja, já não estaremos no domínio dos burros nem dos ratos mas, sim, dos porcos. E, aqui chegados, só posso, uma vez mais lembrar-me de Napoleão, essa distinta figura de Estado.
+++
#3
Comité de sábios?
Diz a poiazinha que agora é que vai ser bom, que os sábios vêm aí para dizer como é que é. Menos mal se vão criar um grupo de gente com alguma senioridade. Mas pergunto eu: por que raio de carga de água é que é isso necessário? Os ministros, secretários de estado, adjuntos de secretários de estado, assessores e toda essa tropa que vive à custa do erário público não tem cabeça para tratar de coisa nenhuma?
E esse grupo de sábios vai reportar a quem? À Poia Madura, que tem a responsabilidade pelos fundos? Ou ao Pires de Lima da Economia, supostamente para o que os fundos comunitários se destinam em primeira mão, área esta supervisionada pelo Portas?
O que a mim me quer parecer é que se vão multiplicando as comissões, os grupos, os assessores, e, às tantas, daqui a nada, num governo cuja orgânica é uma confusão, verdadeiramente desestruturado e sem liderança, vai tudo estar mais ensarilhado do que até aqui.
Ou melhor, se até aqui o governo tem estado em estado comatoso, um dia destes, vai perceber-se que os tubos de oxigénio, os de soro e toda essa tubagem que vai permitindo ao governo fingir que está vivo, está tudo enleado, um com o tubo de soro a entrar-lhe pelo rabo, outro com o tubo de oxigénio a vir não da botija mas do tubo de esgoto, outros com os tubos a serem bombados directamente das condutas do City, enfim, a maior baderna. A gente já nem percebe quem é que faz o quê, tantas as nomeações para as coisas mais díspares. Tudo o que é sábio, cão e gato, jota, blogger e amigo do peito, entra numa coisa qualquer. A ver se, no meio da confusão das contratações, não se enganam e ainda contratam um pacu... (por isso, se um dia destes, nos aparecer por aí um pacu com os testículos de um deles na boca, não nos devemos admirar).
(Os dentes destes pacus são nojentos, parecem dentes de gente, credo, dentes de quem nunca fez uma destartarização)
Olhem que uma dentada dum animal destes nos testículos não deve ser coisa agradável (qual Teresa Morais, até a mim me dói só de pensar nisso, credo).
Até aqui, tenho ideia que não tenho falhado muito nas minhas previsões (o que não é difícil: estas criaturas que nos desgovernam são tão básicas, tão previsíveis, que até uma pedra da calçada é capaz de adivinhar o que se vai seguir). Mas enfim: este governo recauchutado está tão mau ou pior que a versão com Gaspar. Por isso, com tanto amadorismo e incompetência, as crises vão ser permanentes (até à crise final, quiçá depois do orçamento aprovado, com a coboiada das autárquicas pelo meio). A rentrée promete, pois, vir quente, fogosa. Vocês depois me dirão.
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Hoje, com tanta conversa fiada por aqui, esgotei o meu tempo de antena. Já não tenho cabeça para ir agora pregar para o meu querido Ginjal.
Relembro: abaixo deste há mais dois posts. A culpa não é minha, é destes pândegos da trupe do Coelho (Coelho este agora já com uma pata a menos, conforme refiro no post abaixo) que não me dão descanso.
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E, por isso, assim sendo, despeço-me já. Tenham, meus Caros Leitores, uma grande quarta feira!
No post abaixo falo das gotas de veneno que o Governo vai ministrando aos portugueses, cicuta em forma de ameaças, mais cortes, menos reforma, mais despedimentos. Hoje mais decisões vieram a lume, desta vez, como fazendo parte do relatório do FMI mas no qual o FMI diz que não o FMI que impôs mas o Governo que quis. Face a este veneno que anda a pôr a sociedade doente de medo, interrogo-me o que dirá Cavaco Silva? Ou só fala lá fora?
Mas isso é no post a seguir. Aqui, falo do Crato, dessa viperina criatura.
Volto a dizer: quando há greve numa empresa, a equipa de gestão aceita-a democraticamente, mesmo que os prejuízos sejam enormes, mesmo que os transtornos sejam preocupantes. E, tendo recebido o pré-aviso de greve, encarrega-se de tentar minorar os danos, ajustando o que pode ser ajustado. A equipa de gestão junta-se, os seus membros organizam-se, praguejam, em surdina invectivam os trabalhadores, mas, de facto, compreendem as suas razões, respeitam-nos, e bola para a frente, amigos como dantes.
Nesta greve - e se os professores e funcionários públicos em geral têm razões de sobra para fazer greve...! - o que fez o Crato?
Sonso, sempre sonso, tentou baralhar, tentou esquivar-se, convencido que lhes ia dar a volta. Depois, quando perceber que não estava a lidar com moscas mortas, partiu para o braço de ferro.
E cada vez o braço de ferra é mais violento.
Provavelmente os professores até estavam disponíveis para negociar, sempre os ouvi dizer isto. Mas perante a atitude ameaçadora do Crato, perante toda a forma como isto está a ser levado pelo Governo, o que estão a pedir é uma resposta à altura.
Vamos ver se os professores se aguentam e se mantêm unidos. O ensino tem que ser dignificado e os professores têm que ser respeitados.
Não podem sujeitar-se a uma humilhação e a serem tratados como se fossem amedrontadas baratas descartáveis que o Crato pisa com a ponta do sapato.
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As imagens provêm, uma vez mais do blogue We Have Kaos in the Garden.
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Relembro que, se quiserem seguir para bingo e saber das pérfidas notícias publicadas pela comunicação social neste 13 de junho, dia em que o nosso Santo Antoninho não teve força para travar a perversidade deste desGoverno malvado, é no post já aqui abaixo.
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Em princípio ainda cá volto com uma reportagem fotográfica sobre a maravilhosa tarde que hoje passei. Logo conto. Ainda tenho que ir escolher as fotografias e, a seguir, ainda quero ir jardinar ali ao meu Ginjal. Depois é que venho cá.
Os funcionários públicos vão levar com mais um corte? E então? Deviam era estar contentes por ainda receberem ordenado.
E os pensionistas do Estado também vão levar mais um corte? Coisa pouca, para aí mais uns 10 ou 11%? Ora! Comprem menos remédios ou gastem menos dinheiro em fraldas... Temos lá nós, os não reformados, que andar a sustentar extravagâncias. Vão trabalhar!
E que mal tem que a história da taxa do Portas fosse mesmo só uma cortina de fumo para disfarçar o chumbo grosso que se prepara? Nenhum. É uma táctica usual, ora essa.
E vá lá, não sejam picuinhas, que mal tem que uma vez mais o desGoverno ande a divulgar medidas a conta gotas, pelos jornais? Que mal tem isso?
Tanto protesto até já chateia. Para que é que vocês, ó pobrezinhos, desempregados, reformados, doentes e acamados, andam tão refilões? Então não vêem que os vossos protestos são tão maçadores....?
Vamos mas é todos comer e calar, certo? Ser meninos lindos, caladinhos, fazer de conta que não percebemos nada e irmos ficando cada vez mais pobrezinhos, mas um pobrezinhos bem educadinhos, se faz favor.
E olhem lá: quanto àquilo da administradora do Banif, banco intervencionado, quase 100% nas mãos do Estado, ter ganho quase um milhão de euros, vamos também ficar de boca caladinha, está bem? Afinal, que mal tem que a D. Conceição Leal até se ande a rir com esta crisezeca...? Então porque não haveria a Sãozinha do Banif, que foi responsável pelas operações no Brasil (ruinosas, por acaso), receber um prémio de gestão de mais de meio milhão de euros? Vá, não sejam invejosos...
Austeridadezinha é que é bom, sermos todos cada vez mais pobrezinhos também é bonito e está tudo bem e malcriados são os que protestam. Entendidos?! Vamos lá a andar contentinhos com isto tudo, certo? Parem de protestar, não gosto nada de gente indelicada. Gente com mau feitio, senhores! Faz favor de se deixarem morrer com delicadeza.
Vocês acham que os senhores do desGoverno não sabem o que andam a fazer e ficam para aí todos incomodados. Não sei porquê. Acham que eles batem com a cabeça na parede uma e outra e outra vez e não aprendem e ficam todos revoltados porque é a vossa vida que está em causa. Mas, ó meus Amigos, que interesse é que tem a vossa vida? Vá lá, caiam na real, não se achem importantes... Além disso, o que vocês mostram, com a vossa tristeza e indignação, é que não têm sentido de humor. Quem é que vos disse que aquilo a que estamos a assistir não é um filme cómico? Eu inclino-me para isso.
Até porque eu, cá por mim - vocês conhecem-me, sou toda sorrisos e gracinhas, falo sempre com o meu jeito manso - não sou nada de refilices. Querem cortar? Cortem à vontade. Um braço? Querem cortar-me um braço, é isso? Está bem e levem também o outro. Sou toda peace and love.
Além do mais, eu cá até nem gosto nada de política. E números...? Zero. Sou um zero. Não percebo nadica. Acho que ainda sei menos que a nódoa do Gaspar. Atenção que não estou a chamar nódoa ao Gaspar, estava mesmo a referir-me a uma nódoa que ele tem na cabeça, dentro da cabeça. Desculpem-me, enganei-me, queria dizer que ele tem uma nódoa nas cuecas. Ai desculpem, nas cuecas não, que ele é todo prá frentex, não usa roupa interior, consta que anda sempre sem cuecas. Como andava sempre com elas na mão, agora já desistiu. Bem, mas isso também não interessa.
Vamos mas é ver gente inteligente e engraçada que é o melhor que fazemos.
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E tenham, meus Caros Leitores, um domingo vivido na maior das boas disposições!
Como é que é? Já há legislação para quem quer ter cães perigosos? Têm que ter formação, não é? Os cães e quem os tem, não é?
Ora, assim sendo, pergunto eu: estaremos autorizados a ter Passos Coelho? Não creio que ele tenha tido qualquer formação e eu, de certeza, não a tive.
Não será pois proibido termos um sujeito destes perto de nós?
É que, meus amigos, estava eu, hoje de tarde, muito descansada em casa dos meus pais, e entra-nos pela sala adentro um animal raivoso... um susto... daqueles que se atiram desencabrestados ao pescoço das vítimas e que não descansam enquanto não a estraçalham toda...
Que horror, um susto. A minha mãe estava apavorada: mas ainda nos vão cortar mais as pensões? Mas iremos pagar ainda mais no hospital? Valha-nos Deus.
Eu bem a queria tranquilizar mas ali estava aquela criatura raivosa, ameaçando, investindo contra todos.
Começou por se atirar como um ignorante, como um pequeno tirano (um tirano incompetente, que é coisa mesmo deprimente) ao Tribunal Constitucional. Agarrado ao pescoço dos juízes, abanou-os, chocalhou-os, enfiou os dentes afiados e besuntou-os com a sua baba raivosa.
Depois de andar durante quase dois anos a fazer porcaria, a falhar uma a uma todas as metas, depois de ter feito o que quis, sem oposição de ninguém - e, apesar disso, ter desgraçado o país e a vida dos portugueses - vem agora acusar o Tribunal Constitucional de lhe andar a dar cabo do belo trabalhinho que andava a fazer.
Mas a criatura não se enxerga? Mas qual belo trabalhinho?!?!
Mesmo que o Tribunal Constitucional fechasse os olhos e o deixasse entreter-se a enfiar o dente raivoso no pescoço dos pensionistas, funcionários públicos, desempregados e doentes até que os visse a jazer por terra sem forças, ainda assim não ia estancar o crescimento da dívida, controlar o défice. Mas a criatura ainda não percebeu isto.
E com aquele feitio mesquinho e ressabiado que se lhe conhece, como se não bastasse atirar-se ao Tribunal Constitucional (como se o Tribunal Constitucional não fosse o órgão responsável por zelar pelo cumprimento da Constituição) e como se preferisse viver em terra de ninguém, sem lei, virou depois a sanha contra os portugueses.
Vão sofrer, ah se vão, vão sofrer ainda mais - ameaçou sem sinal de compaixão.
E, depois, como se estivesse a falar para uma turma de atrasados mentais, sai-se com esta: ao contrário do que o Tribunal Constitucional favorece, o Governo não aceita subir mais os impostos.
Desculpe?! Queriam que ele subisse os impostos?! Quem?!?! O Tribunal? Julga que somos parvos? Quem quer subir os impostos e os subiu até que a coisa deu a volta e agora já recebem menos do que antes de os terem aumentado, é ele e o esperto Gaspar-não-acerta-uma...!
O Governo não aceita...?! Isto é extraordinário.
Não gosto nada deste tipo de manipulações rasteiras, de chico-espertalhices. É básico e mau demais para o meu gosto.
E, então, vai daí, ameaça que vai sacrificar a saúde, o ensino, a segurança social, a função pública. E, ao dizê-lo, quase o ouvíamos a ranger os dentes, tal era o ar raivoso.
E acrescentou, olhinhos quase fechados, boca sem lábios, furibundo, que há que sofrer e sofrer mais e, em doses maiores, acelerar o sofrimento. Só lhe faltou acrescentar: a ver se morrem de vez, ó piolhosos da treta que só me atrapalham a tarefa, filhos da mãe, eu a querer agradar aos mercados e vocês, seus pindéricos, só a chatearem, chiça!
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Mas, pergunta a minha inocência: se ele anda há não sei quanto tempo a dizer que tem que cortar à despesa 4 mil milhões (número que nunca explicou) e não o consegue, se com os derrapanços parece que já não são 4 mil milhões mas sim 5 mil e seiscentos mil milhões, como é que agora ainda lhes vai somar mais mil e trezentos milhões? Como? Onde? Quando?!
Deixa de pagar pensões? Passa a substituir a reforma por pratos de sopa?
E põe os professores quase todos na rua? Que vão limpar o mato das florestas como quer o João Salgueiro? E aumenta as propinas até que haja poucos alunos a conseguirem pôr o pé numa sala de aulas, provando, assim, que professores é raça que não faz cá falta nenhuma?
E põe os médicos quase todos na rua? Para que é que fazem falta, esses pedantes que não fazem falta nenhuma? E deixa de fornecer tratamentos nos hospitais? Quem quiser comprimidos que os compre, quem quiser gaze e oxigénio que os compre, cambada.
E despede os trabalhadores das empresas de transportes, os calões dos utentes que vão a penates?
É isso?!
Só pode ser.
É que não o ouvi falar em renegociar juros da dívida, fundações, autarquias, etc e tal. Aí é tabu, aí não se mexe.
E Cavaco Silva - perante este desgoverno, esta falta de liderança e de esperteza - sanciona e deixa andar? Lava as mãos como Pilatos, é isso?
Que grande tristeza.
Passos Coelho, em vez de perceber o falhanço fatal que tem sido a sua política, em vez de mudar de política, mas mudar completamente, persiste, persiste, ataca os portugueses, ataca-os onde lhes dói mais - e com o beneplácito de Cavaco Silva. Perigoso isto. Perigoso mesmo.
Triste também a posição de Paulo Portas. Assiste passivamente ao destroçar do País, ao destroçar da coesão social, ao esfrangalhar da esperança no futuro (e a esperança no futuro é o que faz mover as nações, senhores...!). Dá pena constatar isto.
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Estava eu hoje preparada para vos contar do meu brunch no The Decadente e do passeio que dei a seguir, fotografiazinhas e tudo, convencida que Passos Coelho não ia acrescentar nada que valesse a pena comentar, quando afinal entra aquele sujeito enraivecido na sala dos meus pais, a assustar quem toda a vida trabalhou e tem direito ao respeito e a ser tratado com dignidade. E, portanto, a minha reportagem fica para outro dia porque se há coisa que me aborrece muito é que tratem mal os meus pais.
Mas, enfim. Para provar que nem todos os cães são raivosos, aqui vos deixo duas imagens colhidas hoje por aquelas bandas.
Ao Bairro Alto, o cão e o seu dono (um dono completamente fashion)
Um pouco mais acima, subia um outro binómio cinotécnico (como dizem os polícias, quando se referem ao cão e ao agente que com ele actua).
Desta vez um little dog com um dono cheio de frio na cabeça.
Cãozinho inofensivo - que, se continuarmos numa de analogias caninas,
é Seguramente do tipo Tozezito
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E já que estou em 'itos', uma palavrita apenas para referir o que o Expresso revela sobre a forma como Passos Coelho tramou, na moita, a corrida em osso que deu no Relvas. Fez-lhe a cama, levou-o a atrasar a boda, e, quando já corriam rumores por todo o lado sem que Relvas soubesse o que se passava, chama-o e liquida-o sumariamente. Isto no mesmo dia em que o Crato vai à televisão e mostra, com ar blasé e sumária frieza, o maior desprezo pelo ex-colega, e em que afirma que há semanas que vinha falando disto com Passos Coelho. Há qualquer coisa de feio e de desleal nisto tudo, quer no que se refere a Crato quer a Passos, tanto mais que Passos e Relvas eram amigos do peito. Mas daquelas personagens seria de esperar outra coisa?
Uma última palavrita, desta vez para falar do comentário de Sócrates na RTP 1. Bem. Claro. Directo. Determinado no verbo e na intenção. É a voz forte que faltava na oposição.
Pelo que o Expresso diz, a sua contratação foi mais uma boutade do Relvas que encanitou o Passos. Compreende-se.
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E já chega, não é? Mas, antes de me ir embora, quero ainda convidar-vos para me visitarem também no meu Ginjal e Lisboa, a love affair. Hoje, levada pelas palavras sentidas de Gastão Cruz, lamento a falta de esperança que alastra tão silenciosamente e confesso as minhas saudades. Na música, um novo grande intérprete: Uri Baine faz uma entrada maravilhosa, tocando ao piano Beethoven - Variazioni Diabelli.
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Uma nova semana começa e eu desejo-vos, meus Caros leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira.
Vivam bem.
Apesar dos cães raivosos que nos ameaçam, a vida é bela.
Os pombinhos, Marta Sousa e Miguel Relvas,
a assessora de Passos Coelho e o chefe do dito
Ouvi dizer que o País inteiro - especialmente o milhão e tal de desempregados, os montes de reformados, essa 'peste grisalha' que para aí anda a maçar toda a gente, os funcionários públicos, essa praga, em especial os professores, essa gentinha afectada que acha que sabe muito, e mais essa cambada que trabalha nos transportes públicos, e mais os estudantes que não há meio de emigrarem todos, e mais essa seita que trabalha nas empresas privadas que não quis dar descontar para a TSU para a dar aos patrões, e mais esses ignorantes dos patrões que não quiseram aceitar a esmola dos trabalhadores e que agora para aí andam armados em revolucionários a defenderem os piolhosos dos trabalhadores, e isto já para não falar em D. Januário Torgal Ferreira que devia era ficar encerrado num convento no cu de judas em vez de andar para aí a pregar, e, também, é melhor não esquecer, o Professor Cavaco Silva que quando abre a boca é para dizer coisas que não se percebem muito bem, e mais uns quantos - se estava a preparar para cantar a Grândola, Vila Morena, durante a boda para que a festa ainda fosse mais de arromba.
Será que a dita boda, face a estas evoluções tão positivas, se mantém para o dia 23?
Era bom que o casal de pombinhos emitisse mais uma nota de imprensa para a gente se organizar.
(É que não queremos que falte nada ao Relvas.)
Marta de Sousa e Miguel Relvas antes da boda
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Sobre a nova actualização dos números da crise e sobre mais algumas provas da dramática incompetência deste governo, é ir escorregando por aqui abaixo. No final, um belo Smile, ajudará a lavar a alma de tanta desgraça.
Vinha no carro, já a noite tinha caído, vinha cansada, a precisar de descanso e eis que coloco a rádio na TSF. Tenho sempre esta preocupação: algum receio de que, quando me afasto, o mundo aproveite para dar dar uma volta para outro sítio. E até podia pensar que isso tinha acontecido se não soubesse que Portugal é neste momento um país fora do sítio.
Ouvi Passos Coelho, parece que de visita à associação dos Deficientes das Forças Armadas, a comparar esta crise - que ele tem ajudado a agudizar com convicção e energia - com a guerra do ultramar. E dizia que devíamos todos ser como se fossemos um soldado. Mas terá ido lá gozar com a cara das pessoas?! Só pode.
Passos Coelho diz que está em guerra (connosco) e faz um apelo às armas: que cada português encontre, dentro de si próprio, um soldado
Como estava sozinha no carro, sem testemunhas, aproveitei para o mandar para sítios muito impróprios. Não adiantei nada porque as minhas palavras não têm poderes mágicos mas aliviei a minha tensão e pratiquei um pouco este linguajar que é capaz de ainda me vir a fazer falta.
E ouvi dizer que a dívida pública continua de vento em popa e que já ultrapassou os 120% do PIB. E ouvi dizer que o défice (não o do orçamento mas o aditivado) não está garantido. E ouvi dizer que as receitas fiscais voltaram a cair (apesar de nos estarem a levar o couro e o cabelo). E ouvi dizer que em cima do miserável OE 2013 e em cima do plano para cortar 4.000.000 € (que são para além do OE!), o Governo está já a preparar novas medidas para ir buscar mais uns oitocentos e tal milhões de euros, provavelmente cortando outra vez na função pública.
Ah grande Gaspar...! Sai ao chefe: inteligente. O drama é que não acertam uma e, drama ainda maior, as vítimas somos nós.
Passos Coelho: a carinha não engana. (Então não tem mesmo carinha de inteligente?)
Ouvi ainda o inteligente Passos Coelho a marimbar-se para tudo isto e a dizer que estava tudo a correr lindamente e que os juros já estão abaixo dos 7% e gabava-se disso, o inteligente, como se fosse mérito dele. E o drama é que acho que ele acredita nisso: o sujeito não percebeu que isso se deve à intervenção do BCE (valha-nos, nisso, o Mario Graghi).
Ou seja, o inteligente Passos Coelho não apenas ignora a destruição que está a impor diariamente ao País, como a única coisa que está a melhorar não é da responsabilidade dele. Mas pode alguém, mesmo assim, rir-se daquela forma impúdica como ele se ri, por os juros estarem na ordem dos 7%?!?!?!
Há economia que se aguente com juros desta ordem?!
Que falta de paciência!
Agora espreitei a internet a ver se descobria alguma notícia que me animasse e só vejo é coisas deprimentes. Agora é que apareceu mais um buraco de mim milhões de euros na Segurança Social e que a PJ foi chamada a descobrir a que se deve. A Polícia Judiciária?! Mas então já estamos nisto? Os incompetentes deixam a coisa degradar-se desta maneira, não controlam a tempo de evitar buracos fenomenais desta ordem, pelos vistos não acompanham a gestão numa base regular, andam a dormir na forma e, quando dão pelo buraco, já ele é 'colossal' e irrecuperável - e, aí, chamam os detectives...?! Mas isto está tudo doido...?!
Depois vejo Passos Coelho, ar fingido, a dar um aperto de mão a Cavaco Silva que está com os nervos do pescoço todos eriçados, dá ideia que, se pudesse, dava uma cabeçada no outro, uma cabeçada ou a retribuição da canelada.
Passos Coelho e Passos Coelho: qual dos dois odeia mais o outro?
Vou ver o que é aquilo. A fotografia ilustra a notícia que dá conta de que Passos Coelho foi apresentar os votos de boas festas a Cavaco Silva, aproveitando para lhe agradecer o cooperação institucional. E a gente olha a fotografia, sorrisinhos forçados, falsos, esgares retorcidos, e pensa: aqueles dois odeiam-se. E estão bem um para o outro.
E, como se as notícias não fossem já suficientemente más, acabo agora de ler que o jackpot de 101 milhões de euros saíu e não foi a mim. Até me apetece repetir os palavrões que disse no carro. Só não digo não vá dar-se o caso de vocês ouvirem e ficarem a achar que sou muito pouco recomendável.
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E eu que hoje, à vinda para casa - cansada, atravessando o Alentejo profundo, um Alentejo lindo, depois de ter visto um pôr do sol fabuloso - vinha a pensar que ia escrever uma coisa muito zen, rasgos dourados no horizonte, carros deslizando suavemente, campos verdes, tranquilidade, muita paz. E, afinal, em vez disso, estou para aqui arreliada e a maçar-vos com esta conversa.
Mas, depois destes dissabores, vou falar-vos de quê?
Do monte de livros que tenho para aqui, completamente impróprios para consumo, em pilhas e pilhas, que vou ter que arrumar minimamente antes de segunda feira? Dos embrulhos de Natal que tenho para fazer? Das compras de géneros alimentares que vou ter que fazer e ainda sem saber bem o quê? De algumas coisas que vou ter que comprar este fim de semana para umas obras que vão começar na quarta feira às 8:30 da manhã aqui em casa?
Pois... isto não está fácil.
Bem, calo-me já para ver se não vos contagio.
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Desejo-vos, meus Caros leitores, que estejam mais animados e mais nataleiros do que eu.
E se alguém aí me quiser oferecer alguma coisa, esteja à vontade.
Posso dizer o que gostava de ter? Uma boa notícia.