Mostrar mensagens com a etiqueta Casa dos segredos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Casa dos segredos. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, março 08, 2016

António Varela sai do Banco de Portugal porque, segundo ele, não existe química com a política e a estratégia, e Carlos Costa vai para a cama com Alexandra


Não sou de intrigas
    e trigo limpo farinha amparo,
        e cada um é como cada qual
             e cantas bem mas não me embalas
                  e o primeiro milho é para os pardais.
                      e cada um sabe de si e deus é que sabe de todos
                          e quem nunca errou que atire a primeira pedra
                              e tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia lá deixa a asa
                                  e mil outras razões, argumentos, justificações, sugestões, suposições.
                                     A verdade é que não sei. Não sei mesmo. E tenho raiva a quem saiba, a sério.

O que sei é o que vêem estes que a terra há-de comer. E o que posso dizer que vi é o seguinte:

Banco de Portugal confirma demissão de António Varela


António Varela e, ao fundo, a sombra de Sérgio Monteiro
que, pouco depois, haveria de ser contratado pelo Carlos Costa
para ir ganhar uma pipa de massa para o BdP
para despachar o Novo Banco
O Jornal de Negócios avança que, na sua carta de demissão apresentada ao Governo, o administrador cessante disse não se identificar "o suficiente com a política e a gestão do Banco de Portugal". Não terá apontado nenhuma razão mais concreta para a sua saída da instituição.

Era administrador do Banco de Portugal desde setembro de 2014, tendo sido indicado para o cargo pela então ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.

Em abril de 2015, soube-se que António Varela, que já era então administrador do Banco de Portugal e era visto como possível sucessor a Carlos Costa no cargo de governador, era acionista de vários bancos incluindo o Santander, o BCP, e o Banif.


Em contrapartida, o Carlos Costa que toda a gente pensava que era gay e que depois já se passava por bissexual, surpreendeu toda a gente ao meter-se na cama da Alexandra Ferreira; e diz quem viu que se não pintou, rolou. Ou vice-versa. 


Ou seja, truca-truca ou, se não foi, pareceu -- dizem eles.

E eu, face a isto, não sei o que hei-de concluir.

A quadrilha, vou já avisando, é das malucas. Nem Mestre Drummond podia imaginar.

O Láparo gostava da Marilú
que gostava do Varela
e o Varela parecia que gostava do Carlos Costa.
Vão-se as madrinhas,
zangam-se as vizinhas,
e agora o Varela diz que afinal não gosta do Carlos Costa
e o Carlos Costa em vez de gostar de um António,
embeiçou-se por Alexandra Ferreira
que não fazia parte da história.


Ora bem, vejamos, no vídeo abaixo, esta cegarrega generosamente adubada pela Madama da Maison (digo da Quinta das Acelebridades), Teresa Guilherme de seu nome.

O vídeo abaixo desfaz as dúvidas.

Depois disto, duvido que António Varela volte para o BdP ou para o Banif. Talvez o vejamos na Arrow, esse colosso da alta finança que, quiçá mais tarde, ainda venha a contratar essa águia, o láparo. Para contínuo, claro - diz que não há como ele a abrir portas.

Surpresa na Quinta: Alexandra e Carlos Costa envolvem-se na cama!


...
Já agora, uma vez mais:

Quadrilha na voz do próprio Carlos Drummond de Andrade



................

E, de qualquer forma, há coisas piores. Como aquela do tal habitante da Travessa do Possolo que se fez retratar pelo outro Possolo e agora sempre quero ver como é que se vai tirar de dentro do portfolio do dito pintor.


Ele há coisas...
_____

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça-feira.

...

sábado, fevereiro 27, 2016

A zanga da Bernardina com o Tiago do Desafio Total com todo o vocabulário vernacular de que há memória?
O Carlos Costa que acha não vai demitir-se por causa de um incidente de nada e que quem lhe dera mandar facturas para a lua ?
O cartaz dos dois pais de Jesus parido pelo Bloco de Esquerda?
O Anselmo Ralph e o José Cid na festa do Marcelo?
Menos, menos... Coisas muito mais lindas e bem cheirosas:
Ephemeral - Vanilla Planifolia e Maisons d’Art


No post abaixo já deixei um conselho pro bono para as gentes do PSD que não sabem como fazer o láparo cair na real. Há uns especialistas em lidar com animais em estados de estupor catatónico, nomeadamente gatos que, como é sabido, é animal felpudo tipo coelho.

E agora estava aqui sem saber se havia de falar:

  • do tal Carlos Costa que ainda está à frente do Banco de Portugal e que já fala em mandar facturas para a lua e que diz que era o que faltava que se fosse demitir, está tão bem ali, ora essa, 

  • se, por falar em Quinta das Celebridades, devia dar destaque ao desatino da Bernardina, dita Bibi, contra o seu bem amado Tiago, dito Gingas. 

Mas depois pensei: não, Carlos Costa por Carlos Costa, prefiro o da Teresa Guilherme e, se é para saber do pirilau do Tiago, ao léu, voando pelo espaço, preferia vê-lo ao vivo a passar aqui ao pé da minha janela, quiçá integrado num bando de outros que tais. E não é só por isso: é que a Bibi usa uma linguagem muito violenta para falar do irrequieto membro do pai da sua filha e das cabriolices que ele praticava com uma tal dona de um outro animal de estimação, e eu sou mais peace and love, nada de guerras fomentadas, presumo eu, pela Madame Guilherme e demais interessados em ter canal. E, sobretudo, aqui o UJM é um lugar de altas políticas, não de baixas anatomias.


Portanto, desviei-me desses temas pop e pus-me a pensar: o que está a dar é o cartaz do BE, toda a gente nas televisões e blogs está a falar nisto, portanto, deixa-me lá desarrincar qualquer coisa inteligente e, então, pus-me a olhar para ver o que é que aquilo me dava vontade de dizer. Ora olhei, olhei e não me ocorreu dizer nada.

E, assim sendo, comecei a lembrar-me de trocadilhos para desconversar e, ao querer arranjar uma imagem que os ilustrasse, constatei (uma vez mais) que sou retardada: já muita gente antes de mim se tinha lembrado disso. Com o Jesus ex-Benfica já eram mato, com a Catarina e os seus neurónios idem. Até com as manas Mortáguas, que era o que eu queria, já havia um.

E, então, preparei-me para desistir. Jesus e os seus dois pais, jamais.

Ainda fui dar uma espreitadela aos jornais a ver se o Portas já teria formados meia dúzia de start ups que parece que é isso que vai fazer e sempre estou para ver o que vai sair dali; ou se a Madame Cavaca já andava com os do Querido mudei a Casa a decorar a nova maison do esposo; ou se havia mais alguma novidade para a fête de coroação do Marcelo, o nosso Príncipe do Povo, tipo a Romana ou a Ana Malhoa. Mas não descobri nada. É certo que fiz uma pesquisa em voo de pássaro mas, ainda assim, não descobri nada de mais. Na capa da revista do Expresso ainda vi a Camille Paglia e reparei que estava já com umas rugas valentes e, então, toda entusiasmada, fui ver a idade para confirmar que bem conservada que estou, nada que se compare com ela. Mas, hélas, afinal ela é mesmo um bom bocado mais velha que eu, não há-de já ter rugas (-- e onde é que fui buscar a ideia que ela era bem mais nova?)? 

Claro que tenho aqui ao meu lado um livro fantástico, daqueles em que uma pessoa começa a ler e sente uma vertigem -- não sei se já vos aconteceu --, um arrepio que vem das entranhas, uma sensação de que uma escrita assim nos agarra por dentro e nos puxa para o interior das palavras. Aliás, hoje, ao sentar-me aqui e ao pegar no livro, e que macia é a sua capa, que bela a sua encadernação, era nisso que vinha a pensar. Mas não estou com concentração para tal. Os meus dias têm sido do piorio, só eu sei o que tem sido: uma loucura. Chego aqui num estado de esvaimento que ou sai bordoada no láparo e afins ou sai maluqueira. Ou isso ou escrever em piloto automático, como por exemplo ontem, quando falei de quando for verão. 

Por isso, não vos maço mais e vou mas é para um lugar onde me sinto sempre bem: flores, essências, perfumes. Já vos disse que acho que adoraria ser jardineira? E trabalhar em perfumes também deve ser bom. 

Ephemeral - Vanilla Planifolia


CHANEL discovered that there is a key moment in the life cycle of Vanilla Planifolia when the fruits of the plant offer intense regenerating properties. At this essential moment, when these molecules reach their highest concentration, the Planifolia fruits must be harvested by hand, one by one, in order to preserve their extraordinary power.

(Um vídeo tão bonito, tão perfumado)




E, por falar em coisas delicadas, mostro também um outro que estive a ver de novo e que me dá vontade de me pôr já aqui a fazer costuras assim, a bordar, a pintar florzinhas de pano, a coser lantejoulas, pedrinhas brilhantes, rendinhas. Gosto imenso de fazer trabalhos manuais e, afinal, passo os dias fechada em edifícios sem janelas, a tratar de assuntos tão pouco delicados. Por isso, chego aqui e é coisas assim que me dá vontade de ver para descansar a cabeça (enquanto ouço mails de trabalho a chegar e que nem vou ver para não me esvair ainda mais). Enfim.

Inside the Maisons d'Art for the Paris in Rome - CHANEL


___

E, se me permitem, queiram descer até à brigada de confundidores de gatos que talvez seja útil ao PSD para ver se tiram o coelho do estupor catatónico em que se encontra mergulhado.

...

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Ricardo e Zé Maria, os primos Espíritos, foram lavar roupa suja junto das lavadeiras da Assembleia da República. E eu volto a confessar as minhas dúvidas: mas a quem aproveita isto?


O tema, é bom de ver, é a Comissão de Inquérito relativa à queda do império Espírito Santo. Ouvi uns bocados no carro, vi há bocado na televisão e, deve ser porque sou muito destituída, não percebo o que é aquilo, ou seja, para que serve. Será só para dar canal? Para deixar papagaios e comentadores à beira de um frissonzinho agudo, tal a emoção? Para despertar o grande moralista que existe dentro do Ricardo Costa, que o Salgado nem um assomo de arrependimento e tal


Para que é aquilo tudo, alguém me diz?

Ali estão aquelas almas, horas a fio, a Cecília Meireles vestida de preceptora inglesa, golinha alta de rendinhas com fitinha preta, ar de mazona, a interrogar, Mas não sabia? Mas como é que achou que não se ia saber e mais não sei o quê? 

Ou o gato do PCP, aquele Miguel Tiago, um charminho (mas que tem cuidado para não se deixar engordar senão vira um bolachudo), que não, não quer ser banqueiro, que não, não está com pena dos grandes investidores e, senhor presidente, se arranjar cópia da carta para o nosso espólio, seria bom.

E a mana Mortágua, sempre fria e eficaz, mas era importante saber a data para perceber se o banco de Portugal já sabia ou, insensível, fulminante: pode refazer outra vez o balanço? e o primo Ricciardi, de novo menino da escola, com medo de levar umas palmatoadas da instrutora Mortágua, ali, de cabeça, ora o activo era tanto e o resultado era tanto e, portanto, tralala tralala e ela ali de tocaia, seca, impassível, à espera que ele se espalhe.

E o primo Ricardo, qual dono disto tudo, qual carapuça, e sempre num tom todo frio, mordaz, que o primo Zé Maria algumas contrapartidas deve ter tido para se andar a chibar tanto lá para o Banco de Portugal - e o primo Zé Maria, ofendido com o Ricardinho, que infâmia primo!


E os deputados interrogam e, em segunda fila, umas senhoras tomam nota e não faço ideia de quem sejam. Serão jornalistas? Estenógrafas? Simples cuscas que se plantaram ali?

E, depois disto tudo, o que é que se conclui? Que o primo Ricardo era um implacável banqueiro que um dia perdeu o pé? Que o primo Zé Maria é um bacano que não podia fazer mais porque não sabia o que lá se passava? Que o inerte Carlos Costa não verbaliza o que lhe vai na alma, tem medo de pôr o pé em ramo verde e por isso pede opiniões, pede explicações e deixa que o céu lhe caia em cima para depois concluir que olha, caíu? Que o Pedro é um casca grossa, devolveu a carta e disse que se estava nas tintas para o BES, o GES e o escambau?


So what?

Sabe-se isso tudo e depois faz-se o quê com essa informação? Um relatório? E depois do relatório estar feito, acontece o quê? Directinhos para a preventiva, os dois primos na mesma cela? Ou apenas orelhas de burro e de castigo, virados para a parede, com a Meireles a dar-lhes açoites e a Mortágua a comandar?

Nada.

Ora abóbora, que inutilidade.



A mim aquilo parece-me um reality show e, reality show por reality show, acho mais piada à Casa dos Segredos onde a Cristiana confessa que foi para a cama com dezenas de jogadores de futebol porque acha que tem pinta de mulher de jogador de futebol.

:::

Vídeo de um dos que deve ter sido um momento alto da Casa dos Segredos: 

Odin despe Cristiana com os Dentes na Secret Story 5




....

A ver se para a próxima arranjam números destes na Comissão de Inquérito: a Meireles a arrancar a verdade toda aos primos Espíriros, Ricky e Zé Maria. Mas com os dentes.

----

sábado, outubro 25, 2014

Blind eyes could blaze like meteors and be gay; Rage, rage against the dying of the light.


Agora já estou no campo. Cheguei cansada a casa, à cidade, quilómetros de autoestrada depois de dois dias de reunião, grande parte em inglês, com almoços, jantares, cocktails e coffee breacks sempre com conversas de trabalho. E na noite de quinta para sexta dormi mal. Não consegui ler, a luz era fraca. Ora, acostumada que estou a ir para a cama já a dormir, ali arranjei uma espertina que não vos digo nada. Quando cheguei, perdida de canseira, o meu marido achou que o melhor era jantarmos fora e assim fizemos e, de seguida, ala moço que se faz tarde, heaven com eles.

Pelo caminho vinha a tentar não adormecer, mas só a muito custo não me deixei tombar; depois estive a ver a telenovela da SIC, a D. Constância toda derretida com o neto escurinho ao qual mandou dar o nome de um filho que perdeu em pequeno. Bonita esta telenovela brasileira que se chama Lado a Lado.

Entretanto, agora, enquanto tento escrever, tenho isto na TVI, 4 brilhantes comentadores a falarem da Casa dos Segredos. A Fanny, tatuada e veterana, disserta sobre a estratégia do jogo dos outros, outro, bicha assumida e de quem agora não me lembro do nome, um com colete e lacinho ao pescoço, parece ser o intelectual do serviço mas na versão 'bicha intelectual da moda e dos big brothers', outra é a Carla Pinto, bonita e simpática, e a moderadora é aquela que também esteve no Big Brother e se casou com o Marco do pontapé, uma Marta que antes era morena e agora está loura.


Falam de coisas que não percebo, intrigas insignificantes, de um Odim, que me parece que é um de cabeça rapada que ali está com uma crista esquisita, de uma Daniela e de uma tal Agnes mas tudo o que ouço dizer parece desprovido de sentido. No meio do comentário, passam uns bocados da vida dentro da gaiola e as conversas são também de anedota.

Antes tinha espreitado a net e vi que o Carrilho e a Bárbara andam outra vez na capa das revistas a acusar-se mutuamente de violência, directamente ou por interpostas pessoas, um vómito. 


E eu penso que a vida em Portugal está a tender para a ópera bufa. Nem é miserável, é apenas ridícula, rábula barata.

E eu perdida de sono. Não sei de nada sobre o que falar pois tenho a cabeça vazia. Nem consigo ir à procura de nada pois não faço outra coisa senão bocejar enquanto tento não me deixar cair a dormir.

Ontem ao jantar, mesa quadrada para 12 pessoas à larga, uma de várias mesas da sala, perguntava-se a um colega inglês se conhecia escritores portugueses. Nem fui eu que puxei essa conversa, apanhei a conversa neste ponto. Nenhum. Não fazia ideia. Saramago?, perguntou um dos convivas. Nunca tinha ouvido falar, Sorry. Outra insistiu: ... Prémio Nobel? Zero. Camões, Pessoa? Nada.

Perguntei: E inglês? Não percebeu. Esclareci: E algum escritor inglês, conheces...? Atirou-se para trás na cadeira. Se eu estava a gozar com ele, e riu desconfiado. Insisti: Nomes. E ele insistiu também, Kidding me...? E eu, Names, please. Os outros calados. Pensei, conhecendo-o bon vivant, todo dado a ténis, golfe, futebol, viagens, que literatura era coisa que não lhe assistia. E ele sorrindo, como que a querer virar o jogo: De que época? Esperto, a ver se me apanhava. Qualquer. Nomes. E então, picado, desatou a dizer. Vários e dos bons. E sorriu olhando para mim e para os outros, querendo colher os louros. Os outros sorriram, ele tinha ganho um ponto e merecia a recompensa de um sorriso.

Lembrei-me, então, das minhas personagens femininas. Imitei-as: E um poema? E ele muito admirado: Um poema? Os outros calados, sorrindo, a ver onde ia parar a conversa. Confirmei: Sim. um poema. Um. Vá.

What? Queres que eu diga um poema?. Respondi, Sim. Um. Mas, entretanto, pensei, Se a mim alguém agora à mesa me pedisse para dizer um poema provavelmente não me lembrava de nenhum ou, mesmo que me lembrasse, não me estava a ver a recitar numa mesa cheia de colegas. Mas deixei-me de rebuços e insisti, Vá. Um poema, estamos à espera.

Então, como se é isso que queres, prepara-te porque vai ter, chegou a cadeira para trás, afastou o corpo mas com o braço esticado em diagonal e com a mão apoiada na mesa, pose de bardo, começou a dizer Dylan Thomas

Pensei, que não era possível, que aquilo não estava a acontecer. O alto e bronzeado inglês, todo dado a paródias e boa vida, ali estava declamando um inesperado poema.

Poderão vocês, meus Caros Leitores, achar que estou a divagar mas juro, é verdade.

A mesa em silêncio, estupefacta, e ele 

Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,

Because their words had forked no lightning they

Do not go gentle into that good night.



Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.




Dylan Thomas reads "Do Not Go Gentle Into That Good Night"




A vida passa a vida a surpreender-me e cá estou eu pronta para ser surpreendida.

____


Tirando este pequeno episódio não me ocorre mais nada. 

Por isso mostro-vos apenas interiores que vão bem com o Outono e maquilhagens que vão bem com o que se veste, Vi-os na Harpar's Bazaar. Não tem nada a ver com o que tinha estado a escrever mas também, a bem dizer, não tinha escrito sobre nada em particular.


















































E agora só sei que tenho que me ir deitar. São quase duas e meia e eu dou por mim de olhos fechados.


Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.


..

domingo, setembro 28, 2014

Marques Mendes, na SIC, a propósito da ONG ligada a Passos Coelho e à Tecnoforma, confessou que às vezes, quando lhe pedem, empresta o coiso. E, do que se sabe, pedem-lhe o coiso muitas vezes. Face a isso, só me ocorre perguntar: será que ainda está em bom estado? Não é que me interesse, atenção! - A propósito: estive a ver a Casa dos Segredos e aquilo é mesmo do melhor que há.


Depois de no post abaixo ter mostrado o big laço da Joana Vasconcelos para a Dior e de ter mostrado Lagerfeld a dizer que adora a rapariga e de, mais abaixo ainda, ter mostrado umas quantas icónicas* a falarem da moda Dior para esta saison, aqui, agora, faço um intervalinho, mais para me divertir do que outra coisa.


Marques Mendes no comentário semanal na SIC,
este sábado com Pedro Mourinho - o indisfarçável incómodo



Claro que vi o comentário do pequeno arauto do regime. Como seria de esperar, estava de saia muito justa. O Pedro Mourinho não tem a gentileza de Maria João Ruela pelo que lhe fez uma ou outra pergunta que deixaram o arautozito toda coradinho.

Sobre a ONG, sobre o esquecimento de que ele próprio, Marques Mendes, tinha padecido na altura em que lhe perguntaram sobre a sua intervenção na criação daquele veículo (sim, porque do que se conhece, a ONG da qual Passos Coelho era presidente e a Tecnoforma mecenas, não passava de um ardiloso veículo), foi vê-lo ruborizado, a patinar. Claro que sendo macaco de rabo bem pelado, Marques Mendes disfarça bem a atrapalhação. Mas toda a sua expressão corporal, todo ele, era uma encenação para disfarçar o incómodo por surgir ligado a tão dispensável assunto.


E, querendo menorizar a importância da sua intervenção na dita ONG CPPC, alegou que ainda há pouco tempo lhe pediram para dar o nome para fazer parte de uma associação qualquer relacionada com Timor, que claro que nem sabia o que aquilo era, e que muitas vezes lhe pedem que empreste o coiso e mais não sei o quê.

Pois bem. Por acaso gostava de ouvir a gravação daquilo para me certificar que ouvi bem, que o Marques Mendes empresta o coiso mesmo que não saiba bem para quê ou mesmo que seja para fins pouco recomendáveis - é que posso ter percebido mal e o homem até ser recatado no uso do coiso. 

De resto, titubeou para ali, que sim e sopas, que isto e o contrário, e que o Passos Coelho explicou tudo mas que devia explicar os valores e que esteve bem em ter explicado mas que não esteve bem por não ter respondido logo e mais não sei o quê, tudo opiniões neutrazitas, coisitas inócuas, biscoitinhos. Mas a questão, ó Dr. Marques Mendes, é que o doutor sabe muito bem de que é que se está a falar, não sabe? E sabe bem de todos os mil e um esquemas praticados nas empresas, no seu partido, por todo o lado. Então não sabe. E, por isso, posição mais incómoda a sua, a de estar ali a comentar coisas relativamente às quais sabe bem que, se esgaravatarem bem, muitas minhocas podem pôr a cabecinha de fora, não é?

Vida de comentador não é fácil, afinal não é só distribuir rifas, augúrios, deitar búzios, cartas de tarot, fofoquices, rebuçados. Volta e meia aparecem situações destas, autênticos pepinos, não é? E quem e que quer aparecer em público a mexer num pepino, não é mesmo...? 


::::



* Coloquei, lá em cima, um asterisco junto à palavra icónicas usada daquela forma pois, estando hoje in heaven, apenas com acesso aos canais generalistas, vi há bocado um pouco da Casa dos Segredos e as coisas que ouvi davam para um espectáculo inteiro de stand up comedy

Um dizia que sentia uma afinação com uma rapariga. Como eu estava com um ouvido no burro, outro no cigano e os olhos no vídeo Dior, não captei bem. Perguntei ao meu marido que conversa era aquela. O meu marido traduziu, disse que achava que ele queria dizer 'afinidade'. 

Passado um bocado outra, que estava deitada, passam a vida estendidos, dizia que aturava tudo a um qualquer, até o psicológico dele e mais não sei o quê. 

E a todo o tempo se saem com pérolas destas, não sei que imaginatória é a daquelas cabecinhas pensadeiras. Gente mais gramática aquela, todos eles.

Não sei que profissões têm, nem que escola tiveram naquela cabeça, mas, pela amostração, é de uma pessoa se atirar para debaixo da mesa. 

Aliás, não consigo perceber que vidas são aquelas, uma cena mesmo marada, topas, lol, tipo, tás a ver, olha um ganda lol, vistes. Há lá um mal encarado, tatuado de alto abaixo que, do que percebi, tem lá umas poucas namoradas, todas namoradas também de outros e, no meio daquela cegada, ainda fazem cenas de ciúmes uns aos outros. E há um que ainda não percebi se é alentejano, se é gay, ou se aquela forma de falar e rebolar os olhos é apenas engraçada. E há lá umas que parecem de leste. todas ao léu, com um sotaque que não parece ser apenas de casa de alterne, dá ideia que o português é a segunda língua, uma cena bífida, tão a topar. 

E, ao fim de meia dúzia de dias, já choram, já estão apaixonados, e choram, e uma já desistiu e acho que um outro já saíu no meio de lágrimas, amigos para todo o sempre. 

E lá anda A Voz a falar em casais e em beijos, a incentivá-los ao regabofe, a fazer com que não se desconcentrem: quem é que vai dar o primeiro beijo? Quem são os casais? 


Uma gaiola de doidos, de insectos, de gente que se deixa manipular. 

Uma indigência total, seja de que prisma se veja o que ali se passa.


Não me levem a mal, não me tomem por elitista, e eu sei que nem devia confessar ideia mais peregrina, mas, quando vejo um grupo destes, vem-me à cabeça um incómodo que até me envergonha: que é que esta gente sabe do que quer que seja para poder votar em consciência? O que me consola, mas é fraco consolo, é que nem recenseados devem ser. 

Já no outro dia o disse: programas destes não deveriam ser permitidos: vulgarizam e ignorância, dão palco à boçalidade. A indignidade é banalizada. Não há uma coisa que se aproveite.

Antes do telejornal ligámos a televisão, queríamos ver as notícias. Um desespero, zapping e tudo a mesma droga. 

E, para nosso espanto, na TVI, enquanto, de segundo a segundo, e em coro com os assistentes, diziam um número de telefone para as pessoas ligarem pois poderiam ganhar uns milhares de euros, vimos, junto aos apresentadores, duas participantes na anterior Casa dos Segredos, agora já promovidas a comentadoras, uma tal Sofia que acho que foi a que ganhou, e a Erica cujo trunfo era que, na altura, já tinha ido para a cama com uns 100 homens. 


Isto pode ter audiência, não sei se tem, se não tem, mas vai acabar por se pagar caro. Enquanto licenciados em Comunicação ou gente ligada ao saber e à cultura estiverem a trabalhar em caixas de supermercado, call centers, desempregados ou forçados a emigrar, e as televisões estiverem a dar emprego a gente desqualificada para ali estar a comentar as inaninades que se passam na anormalidade que é aquela Casa dos Segredos, alguma coisa não vai nada bem. Isto só pode ser sintomático de uma sociedade em degenerescência. Se não fosse aflitivo seria quase cómico.


::::


Tinha em mente falar da Cristina Ferreira da WeBrand, do Menezes e do PSD e de mais umas coisecas mas já são 3 da manhã e tenho que me ir deitar. Já nem consigo rever isto, é o costume, deve estar uma obra asseada. 

A ver se amanhã consigo deitar mão à Gaiagate, a mancha de óleo (como a Visão lhe chama) que ameaça alastrar sobre o PSD.

::::


Relembro: abaixo há dois posts dedicados a temas muito diferentes: Joana Vasconcelos, Dior, moda, escultura, gente bem vestida e bem falante. Outro comprimento de onda, portanto.


::::


Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo.


...

terça-feira, setembro 23, 2014

Paula Teixeira da Cruz e Nuno Crato, concorrentes na Casa dos Desgovernos, vão ao confessionário contar à Teresa Guilherme o que andam a fazer respectivamente com a salsicha jurídica e com a salsicha educativa. É capaz de não ser coisa deles, é capaz de ser missão ditada pela Voz (que, pelo tom de barítono, se suspeita ser Passos Coelho em pessoa)





Na Casa dos Desgovernos, Teresa Guilherme chama ao confessionário Paula Teixeira da Cruz.



- Paulinha, filha, então como tem passado?
Bem… 
- Bem? Não me parece...
- Bem… Tem razão: bem, bem não será. Alguns transtornos.
- Transtornos? Não me diga que esteve com o TPM, querida.
- O que é isso, Teresinha…?
- Ó filha, não me diga que não sabe… Toda a gente sabe o que é o TPM, querida. Ora veja lá se adivinha, puxe lá pela cabecinha.
- Ai Teresinha, como é que quer que eu adivinhe uma coisa dessas… TPM… TPM... Totó do Primeiro Ministro…? Não me faça rir, Teresinha. Está-me a perguntar se eu estive com o Totó do Primeiro Ministro…? Ai Teresinha, não seja assim, tão mazinha.
- Não, filha! Transtorno Pré-Menstrual, filha.
- Ai Teresinha, que ideia. Não, nada disso. Estive foi com alguns transtornos na salsicha.
- Credo, filha! Repita lá! Na salsicha...?!
- Sim, Teresinha, na chamada salsicha jurídica.
- Jurídica? Salsicha jurídica...? Ai filha, essa eu nunca lhe tinha ouvido chamar.
- Ai Teresinha, sempre a pensar no mesmo: sexo, sexo, sexo. 
- Ai filha, que assim ainda mais ajuda a dar mau nome às louras, filha. E não era para revelar já o seu segredo… Ai, todos tão burrinhos. Vá-se lá embora, querida. Para que é que já foi falar na sua salsicha? Ai, cabecinha oca... Olhe, querida, quer mandar beijinhos?
- Quero, Teresinha! Beijinhos para os senhores juízes, para os senhores advogados, para os réus, para as testemunhas, para todos, todos tão amigos dos seus amigos, e quero pedir desculpa pelos transtornos que a minha salsicha jurídica tem causado. nunca pensei que ela fosse engrossar tanto, juro, juro, Teresinha, nunca pensei, juro pela saúde do meu laparoto de estimação.
- Vá lá, filha, vá lá. E chame o Nuno.





Teresa Guilherme com Nuno Crato no confessionário


- Então Nuno, conte-me coisas.
- Sim, Teresa, diga lá o que quer que lhe conte. Mas antes deixe que lhe diga que está uma brasa, esse vestido fica-lhe a matar. Olhe, aqui só para nós, se a apanhasse à mão de semear, papava-a toda. E o babete capaz de até dar jeito. 
- Credo, filho, que me deixa sem jeito. Papanços são dentro da casa e é para se despacharem que a gente quer é cenas que dêem canal. Mas só o vejo a engonhar. A ver se passa à acção, ouviu?
- Ouvi, Teresa, mas com quem?
- Ai isso eu não sei, com qualquer uma ou qualquer um. Olhe, não gosta da Paulinha...? Mas já lá chegamos. Agora vamos começar pelo principio. Então, conte-me coisas: como é que tem passado?
- Bem, Teresa, sempre na maior. Sabe como é…
- Sei filho…? Não sei. Conte lá…
- Já sabe que eu sou um engatatão, ninguém escapa ao meu mamar doce.
- Alto! Pára tudo!
- Então, Teresa, o que foi…?
- Mamar doce? Conte, conte, que estou a gostar. Quem, quando, onde? Conte-me tudo. Não me poupe aos pormenores sórdidos. Tudo!
- Espere aí, Teresa, em que é que já está a pensar? 
- Eu, querido? Eu, nada. Você é que disse.
- Era uma maneira de dizer, Teresa, não sei bem o que aquilo quer dizer mas sua-me bem.
- Não é sua-me, querido, é soa-me.
- Se a Teresa o diz. Mas então, o que eu queria dizer e que já comecei a fazer lóbio.
- Lóbio? Mas o que é isso, Nuno? Eduquês?
- Fazer lóbio é facilitar, lubrificar, não sei se está ver, Teresa.
- Não querido, não estou a ver. Conte lá: quem é que você lubrificou?
- Mandei uma boneca com cara de Avoila ao Nogueira, mandei uma bandelete ao Santana Castilho, mandei alpista para os papagaios da televisão e, a títalo simbológico, mandei uma chamada salsicha educativa ao Fiolhais.
- Credo, filho! A títalo? Simbológico? Cruzes. E ao Fiolhais?! Ao Carlos Fiolhais? Uma salsicha? Mandou uma salsicha ao Fiolhais
- Esse mesmo. Mandei a mando da Voz mas mandei entregar em mão. Em mão, não. Pela goela abaixo, a ver se o gajo e os outros todos se calam com essa gaita da investigação e da avaliação e de andarem sempre a pegar no meu pé, que já nem os posso ouvir. Chiça! Cambada de pica-miolos!
- Ai, filho, que você é mesmo mauzinho.
- Não sou nada mauzinho, Teresa, a salsicha era pequenina. Já era antes mas, nas minhas mãos, ainda mirrou mais.
- Mas mesmo assim, e mesmo que seja missão ditada pela Voz, você é mauzinho. Andar a maltratar o pobre do Fiolhais e os outros cientistas, investigadores, professores com salsichas educativas, por muito mirradas que sejam, é ser mauzinho, ó Nuno.
- Não sou mauzinho, sou é maoista.
- Maoista, querido? Mas disse isso aqui....?! Esse não era o seu segredo? Ai, credo, que burrinho me saíu, todos tão burrinhos, parece que foram escolhidos a dedo, credo. Olhe, quer mandar beijinhos, filho?

- Não, Teresa, que eu sou muito macho, só mando caneladas  e encontrões, por minha vontade mandava era implodir esta merda toda. E preciso é de me despachar daqui porque parece que a Voz quer que eu vá aumentar o tamanho de algumas salsichas para as mandar entregar não sei bem onde, parece que é ao Palácio das Laranjeiras e ao de Belém. 
- Ai, credo, filho, diga mas é à Voz para ir ao psicanalista. Que é que se terá passado com ele, no passado, para andar com essa pancada das salsichas e de aumentar salsichas, credo? Ele devia era tratar-se,
- Está bem, Teresa, vou já e eu digo-lhe que a Teresa disse para ele ir a um médico de tarados.
- Não disse bem isso, mas isso também agora não interessa para nada, diga o que quiser, querido. Até amanhã. Dê lá beijinhos aos seus colegas da Casa. E vá mas é consolar a Paulinha que me apareceu aqui quase a chorar, a queixar-se de transtornos na salsicha.
- Está bem, Teresa, vou ver se a meto no citius.
- Vá lá, filho, vá, Beijinhos!




-------


E, já agora, se falamos em aumentar salsichas, em Passos Coelho ou na Casa dos Segredos, let's Think Dirty


(Marty Feldman e a Hot Dog lady - Sexy, Funny, Saucy)





____


E, assim sendo, desçam até ao post a seguir, meus Caros, que já aqui abaixo poderão espreitar pelo buraco da fechadura e assistir à sessão de psicanálise da Voz (digo, do putativo barítono Passos Coelho). Vamos ver de onde lhe apareceu esta da salsicha.





-----


Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira 
- e, de preferência, sem trombas de água que é para não culparem o António Costa 
(mesmo que as ruas alagadas sejam as as Caldas da Rainha ou do Porto)


---

segunda-feira, setembro 22, 2014

Teresa Guilherme de vestido com babete dourado ou peitilho ou lá o que é aquilo apresentou a nova Casa dos Segredos. Tudo do pior que há, desde a toilette dela, aos trocadilhos vulgares, à pinta dos concorrentes. Para esquecer. ---- E, por contraste, o tributo a um eterno sedutor, Leonard Cohen, no seu 80º aniversário.



Tinha eu acabado de escrever o post abaixo, um post dividido em duas partes, relativo à tarde na Gulbenkian, quando, instantes depois, recebi um sms da minha filha. Pensei logo que já o tinha lido e discordava de alguma coisa já que tinha presenciado a cena descrita na parte final. 

Afinal era outro o assunto: perguntava-me se já tinha visto o outfit da Teresa Guilherme na casa dos Segredos, e acrescentava que era surreal.


Respondi-lhe que estava na dúvida, que me parecia mau demais. Para falar, teria que ser franca - como sempre sou - e depois lá iam dizer que não tenho compaixão ou que tenho é inveja, piropos que, por vezes, leio por aí. Não é que me afectem, até lhes acho uma certa graça, mas, desta vez, o dito outfit era tão estapafúrdio que até dava dó (e não gosto de falar do que me dá dó). 

Mas depois ela enviou-me outro sms a insistir que era coisa tão indescritível que merecia bem uma referência. E acrescentou que 'já para não falar nos concorrentes, todos iguais, tudo o mesmo look, tão básicos, não se consegue ver mais do que 5 minutos disto'.

Para não falar de cor, deixei-me ficar a ver, vi bem uma meia hora daquilo. De facto, é inenarrável. 


Pensar que está a passar em horário nobre uma coisa que é da ordem do lúmpen televisivo. Os concorrentes apresentam-se como se estivessem dispostos e habituados ao vale tudo, e dizem-se amigos dos seus amigos e meigos às vezes, bombásticos outras e uns gabam-se que têm várias namoradas ao mesmo tempo, elas que são fogo e que ninguém as provoque, e tudo banalidades e insinuações deste género, e a Teresa Guilherme, em cada frase que pronuncia, mostra que se espera deles que se envolvam, que haja zaragata e sexo. Uma chusma de vulgaridades que choca. E choca ver aquela gente toda produzida e contente por ir entrar para uma gaiola vigiada onde serão manipulados, emocionalmente explorados. Uma coisa aterradora e de uma vulgaridade sem limites. Tudo o que é comportamento cívico, cultura, exigência moral, ética, ali é coisa que não existe. Aliás, certamente serão exploradas, sem dó nem compaixão, a sua ignorância, boçalidade, pobreza de espírito. 


Já por telefone, durante a tarde, a minha mãe me tinha dito que já quase que só consegue ver outros canais que não os generalistas, que a qualidade destes se está a esvair a toda a velocidade. Acrescentou, vê tu que até aquela Fanny da Casa dos Segredos, uma que grita muito, que diz muitas asneiras, agora aparece a toda a hora, parece que vai ser repórter do novo programa. 


Fico passada com isto, juro. Tanta gente válida neste País, tanta gente culta que não arranja emprego, que se vê forçada a aceitar empregos menores, que se vê forçada a emigrar, e depois as televisões são inundadas de gente que não estuda, que não quer trabalhar, que tem como único objectivo na vida aparecer nas capas das revistas, fazer presenças, O mal que programas deste tipo fazem à cabeça da camada mais frágil e influenciável da população... é uma regressão permanente, uma vulgarização da boçalidade e da ignorância. Um charco.

Isto a par do empobrecimento decretado e levado à prática por Passos Coelho, do ataque cerrado à cultura e à investigação, só pode fazer mal a este país desgraçado, cada vez mais atascado num lodaçal infecto. 

Claro que no meio disto tudo, o vestido ridículo da Teresa Guilherme é um pormenor. Pode ser boa pessoa, não digo que não, não a conheço, mas presta-se a um papel que não a dignifica, o papel de alcoviteira. Pode até dizer-se que ela é o rosto do que de pior a televisão tem.


Vê isto quem quer, dir-me-ão. Mas a escolha não é muita, especialmente para quem não tem televisão por cabo. Estive a fazer zapping e não há grandes alternativas nos canais portugueses. Além disso, é sabido que programas deste género são um estímulo ao voyeurismo e, havendo um buraco da fechadura à disposição, grande parte das pessoas irão espreitar por ele.

E isto entorpece. As pessoas vão aceitando tudo, tudo. 

Por exemplo, li há pouco que Passos Coelho disse que quer demissões na Justiça. LeioPassos Coelho disse hoje aos Conselheiros Nacionais do PSD que as estruturas intermédias que enganaram a ministra têm de ser demitidas.


E às tantas os papagaios de serviço até aparecerão a elogiá-lo. E, no entanto, eu acho isto uma coisa imoral, estúpida: então o sujeito vai dizer numa reunião do partido que pessoas que trabalham em estruturas pelas quais ele é o primeiro responsável têm que ser demitidas? Isto é próprio de uma pessoa leal, responsável? Não é isto um populismo barato? Não é isto uma falta de ética?
Se achava que demitir as pessoas que andam há tempos a avisar dos riscos da instável manta de retalhos feita de programas informáticos presos com pinças que constitui o Citius, e a quem ninguém deu ouvidos, é a solução para o caos instalado na Justiça, não o deveria dizer reservadamente, junto da ministra em vez de o andar a apregoar publicamente? 

Mas perante tanta e tão permanente mediocridade, tanta banalização da nulidade, já nada parece chocante.


_____




Quando cheguei a casa ao fim da tarde e o sol caía sobre um rio rosado que reflectia um céu acobreado, estive a fotografar recantos da casa que estavam banhados por essa luz tão doce, recantos onde guardo livros. Queria falar disso, dos meus recantos, dos meus livros banhados pela luz, da vista desta minha janela. E fotografei o rio e o céu.

Depois pus-me a falar da Gulbenkian e agora da Teresa Guilherme e da nova temporada da Casa dos Segredos e, aqui chegada,  já é tarde para começar a escrever sobre luz, livros, recantos. Talvez amanhã.

Mas está a custar-me acabar o dia com assuntos negativos, maçadores. 

Por isso, se me permitem:


Thanks Mr. Cohen, thanks for all the good moments. I'll be here for you, as always
E que me continue a surpreender e a agradar como sempre o fez. 

Leonard Cohen Turns 80


Tributo da CBC





Quando a inteligência e o charme se juntam é um escândalo, uma perdição. 
E o bem que faz à saúde... Quanto mais velho está, mais bonito e interessante está.

Dance me to the end of love, Mr. Cohen.


___


Relembro: no post já a seguir falo da minha tarde nos Jardins da Gulbenkian e falo de uma figura pública que lá encontrei e da estranheza que me causou o seu comportamento. 


_____


Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.

...

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

"Se quisermos modificar o País, temos de fazer exactamente o mesmo que se faz com os cavalos, temos de mandar vir homens do Norte, ingleses, escandinavos ou suecos, e de montar aqui e além postos de cobrição." No entanto, antes de porem em prática mais esta série de golden visa, deviam pôr os olhos no que a Érica diz do material do João.


No post abaixo já vos falei de como, entre dormir e acordar (efeito do comprimido que tomei), dei com o vice-irrevogável Portas a falar não de submarinos mas sim, imagine-se, de porta-aviões. E como, a seguir, dei com o Pires de Lima a confessar que exagerou quando falou em milagre económico. Aquilo ainda é coisa de quando vendia cervejas e tinha que ser criativo na publicidade.





Estava com esperança de me manter acordada e escrever mais qualquer coisa mas, qual quê?, uma sonolência...

Por isso, vou limitar-me a deixar-vos aqui matéria para reflexão. Quando estou assim como agora estou, dá-me para pensamentos profundos.



Vinha tudo à baila: Deus, o universo, os filósofos e a política. 

Agregavam-se às vezes àqueles homens alguns rapazes, que os ouviam fascinados. Eu era um deles, e ouvi-lhe, uma noite, estas palavras que nunca mais me esqueceram: 

– Escusam de procurar... a nossa ruína não vem dos políticos nem do regime. 

Mudaremos o regime e ficaremos na mesma. O mal é mais profundo – o mal é da raça. 

– A raça? Mas, com esta raça, descobrimos o Mundo!... 

Não me lembro o que ele respondeu, nem mesmo se atendeu à interrogação. Sei que continuou: 

– O mal é da raça. Se quisermos modificar o País, temos de fazer exactamente o mesmo que se faz com os cavalos, temos de mandar vir homens do Norte, ingleses, escandinavos ou suecos, e de montar aqui e além postos de cobrição. 




Leio isto e fico a pensar. Será isto que o Lombinha dos Saudosos Briefings e o Poiazinha Madura, os neo-olheiros do regime, têm em mente quando prometem golden visa para imigrantes talentosos. 


Será? Será que querem apurar a raça? Será que essa será o próximo passos coelho a saltar da cartola? Primeiro atraíram chineses, russos, angolanos, guineenses equatoriais. Depois dizem que depois de malta da pesada, dos que lavam dinheiro, canibais, gente de mete medo à UE e etc, agora querem gente com talento. 

Ou seja, não é do talento que os da primeira tranche mostram que andam agora atrás. Ora bem: é bem capaz de ser malta para os ditos postos de cobrição. Eu já não digo nada. Das cabecinhas pensadoras deste desgoverno tudo é possível.

Mas, uma vez mais, lamento que desprezem os que cá estão para depois irem dar vistos golden aos que vêm de fora. Então não temos por cá gente talentosa?


A Érica, a Vencedora,  que o diga, revelando o segredo do João, seu colega na Casa dos Segredos (ou no Desafio Final?), respondendo a uma Fátima Lopes salivando por uma resposta circunstanciada, mas diga lá, tem que ser capaz de dizer o que é que o João tem de especial, nham, nham.




(Com um João que tem um material que envergonha pretos... ingleses, escandinavos, suecos para quê? )

*

Bem agora vou-me deitar porque já me está outra vez a doer mais o pescoço e além do mais, no registo em que vou, ainda acabo a dar mais pretextos aos meus filhos quando tentam apelar a que o pai controle o que a mãe aqui escreve. 

*

O texto em itálico faz parte de 'Sangue' in 'Vale de Josafat – Memórias, Tomo III' de Raul Brandão, 1933.


*

Sobre o Paulinho das Feiras a ver se exporta porta-aviões numa feira de enchidos (estou a brincar, não sei se a feira era de enchidos) e sobre a santinha arrependida, a Pirosa Limiana, é favor descerem até ao post abaixo. 

*

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira! 
Haja saúde e boa disposição.

segunda-feira, janeiro 27, 2014

A Casa dos Segredos (ou O Desafio Final) na TVI: a abjecção não tem limites? Vale tudo em televisão? E, por coincidência, uma vez mais a palavra aos Leitores: "BORDEL CHEZ MADAME TÉTÉ"


Há pouco, para ver se o Professor Marcelo ainda estava na opinação com a Judite, parámos na TVI. E, sem querer, assistimos a uma cena que mais parecia uma cena de praxes. Era a Casa dos Segredos que agora, salvo erro, se chama Desafio Final. 


A TVI abusa daqueles pobres coitados que tudo fazem para aparecer ou para ganhar algum dinheiro. Que as pessoas se esforcem para assegurar a sua subsistência é mais do que compreensível. Mas, do que parece, mais do que por uma questão de subsistência, aqueles jovens estão ali para serem conhecidos para depois fazerem presenças. E, do que me parece, fazer presenças é o seu modo de vida.

É mais uma daquelas manifestações de uma realidade paralela. Mas que a TVI, para ter audiências, vá até ao ponto em que a dignidade das pessoas saia beliscada, já me parece demais.

O que se estava a passar ali era o seguinte: para que uma de duas miúdas, Érica ou Jessica, se bem fixei os nomes, pudesse estar na Final, teria que enfiar o braço para tirar peças de um puzzle de um frasco cheio de pequenos ratos. As miúdas enojadas, cheias de medo, sujeitaram-se a isso.


E, como se isso não bastasse, a seguir ofereciam 5.000 euros a quem tirasse uma certa chave de frascos com larvas nojentas. E sempre a Teresa Guilherme a incentivar, a gritar, a fazer trocadilhos maliciosos, uma coisa quase aberrante dado o que se estava ali a passar. 


Nesse ponto, fugi a sete pés daquele canal.

É mau demais. 

Como é que há jovens que se prestam a isto? E, tão estranho como isso, na assistência está (o que se percebe ser) a família a aplaudir. Em vez de se indignarem com os sacrifícios a que os jovens estão a ser submetidos, as famílias rejubilam.

Como é que a televisão chegou a este ponto? E em prime time num fim de semana?

É o que as pessoas querem ver, dirão os cínicos. Pois. Podia aqui recordar coisas que as pessoas, em tempos que já lá vão, também gostavam de ver. No entanto, gosto de pensar que isso foram coisas que ficaram lá para trás, nas dobras sombrias da história.

Tudo isto é estranho e inquietante. Que mundo é este?

Li um texto escrito por Rui Bebiano no seu interessante blogue, A Terceira Noite, que me deixou a pensar. Nem tudo resulta de um mau governo, claro que não. Mas de um mau governo, nascem más escolhas que depois fazem outras más escolhas, gente que faz más leis, que desregula o que deveria regular ou regula ao contrário do que devia.

Transcrevo a parte inicial desse texto:


Ainda sobre as medidas governamentais em curso objetivamente destinadas a desmembrar o mais depressa possível a investigação científica e a fazer com que Portugal regrida trinta ou quarenta anos neste domínio. Independentemente das dificuldades de tesouraria que todos sabemos existirem – e que servem para justificar formalmente os cortes arbitrários –, parece evidente que tais medidas de imposição da barbárie só podem ter como responsáveis, em última instância, pessoas que nem uma licenciatura fizeram com um mínimo de qualidade, e para as quais, por isso, é totalmente inimaginável aquilo que se faz ou deixa de fazer nos centros de investigação e nos domínios mais avançados da produção de conhecimento. É o cenário distópico, até há pouco inimaginável para qualquer professor, de um país governado pelos que foram os seus piores alunos.

*

Mudando agora de registo, até porque o humor por vezes é mais eficaz do que muitos sermões. Recebi da Leitora Lídia mais algumas das suas divertidas montagens e textos.

Transcrevo um dos textos, uma anedota. Diz a Leitora que se lembrou desta anedota vendo uma revista cor de rosa no escaparate:


Em Paris há um bordel chiquérrimo dirigido por Madame Tété. As demoiselles estão todas prontas esperando os clientes. Tocam à campainha e Madame Tété ordena a Mademoiselle Bébé: Vá ver quem toca. 

Era um gentleman de chapéu de coco e uma mala samsonite na mão, que lhe diz: Diga à sua patroa que eu sou um tarado sexual e quero  uma mulher obediente e pago tudo  o que ela quiser. 

Entrou discutiu o preço com Madame Tété que ordenou a Mademoiselle Mimi:  Acompanhe o cavalheiro ao quarto e faça tudo o que ele exigir.

Ela subiu as escadas e, chegada ao quarto, começou a despir-se. Ele indignado disse: Nada disso, vá à casa de banho, encha um copo de água e suba para cima do guarda fatos. Ele despiu a roupa toda, abriu a samsonite e começou a vestir um fato de mergulhador, pôs as barbatanas e o respirador.

Disse: Mademoille, com os dedos comece a atirar a água para cima de mim. E começou a gritar: Ai Mãezinha estou a gozar tanto, com tanta chuva. 

Passado um bom bocado gritou: Agora bata com os sapatos no guarda-fato. E ele gritava: Ai Mãezinha estou a gozar tanto, tanta chuva, tantos trovões. 

Passado outro bocado disse: Agora com o outro pé apague e acenda a luz. Aí gritou: Ai Mãezinha que tempestade monstruosa, tanta chuva, tantos trovões, tantos relâmpagos.

Passado um tempo, Mimi já não aguentava mais e disse. Oh Cavalheiro e quando vamos f.......?

E ele, indignado, respondeu: É maluca ou faz-se? Com um tempo destes? 

*

E esta foi uma das montagens que a Leitora Lídia me enviou.

"Em noite quente na casa", "Doriana e Érica"

Nem de propósito
hoje aterraram aqui alguns visitantes

que vinham em busca de 'Érica nua',

não sei se era desta ou se há outras Éricas que andem nuas por aí.


*