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sábado, maio 07, 2016

Durão Barroso, Jorge Sampaio, a Cimeira das Lajes, Ricardo Costa, a SIC.
[Durão Barroso, essa esponjosa criatura fez-se acompanhar pela SIC durante um dia e, claro, concedeu uma entrevista ao Mano Costa.
O resultado, do que vi, é nauseabundo. Por isso, desligámos a televisão.]
Prefiro arte.
Prefiro ver Picasso a pintar enquanto anda de bicicleta

[Upsss... afinal isto do Picasso a pintar enquanto anda de bicicleta é uma coisa na base dos Panama Papers by Expresso. Caraças!]



A firmeza de princípios, a qualidade do carácter e o tipo de personalidade de Durão Barroso são sobejamente conhecidos em Portugal, em Bruxelas e talvez em todo o mundo (se é que alguém, fora do perímetro europeu, ainda faz ideia de quem seja a criatura).

Em Portugal pouco ou nada fez de jeito até se pirar para Bruxelas onde, durante anos, ajudou a enterrar o espírito europeu. O seu legado à frente da Comissão será um dia avaliado com precisão mas, a olho, quase aposto que pior ser+a difícil.

Acabou como começou: sem nada de louvável que se diga em seu favor. Podia ser um zero mas não: muito, muito pior, negativo mesmo. Uma vergonha. Uma nódoa.


Fez toda a espécie de fretes que lhe pediram, e a triste figura que fez aquando da guerra do Iraque com base em provas que garantiu existirem é coisa que tão cedo não se apagará da memória dos portugueses.


Pois bem, agora, com aquele vício que adquiriu de dizer o que lhe parece conveniente, independentemente de ter qualquer aderência à realidade, já mudou a história e não se ensaia de quase deixar subjacente que a ideia foi mais de Jorge Sampaio do que dele. Envolver Jorge Sampaio naquela história tenebrosa para a humanidade é coisa que não lembrava ao careca (e nada contra os carecas, atenção): mas lembrou àquela desqualificada criatura. O rasto que deixa por onde passa fede, e esta agora é inaceitável.


Pelo meio, louva as reformas do láparo, gaba-lhe os sucessos e inventa o que lhe apraz -- e tudo perante um Ricardo Costa que, em vez de lhe fazer uma entrevista decente, quase parece dar a ideia de que, se pudesse, se pendurava no braço da alforreca, quiçá como seu protégé.

O que os une? 


Une-os Balsemão -- a dívida para com Balsemão. 

Balsemão: 

    que ali tem o seu ajudante-de-campo, Mano Costa, a pairar sobre a SIC e sobre o Expresso para garantir que a mensagem será espalhada; 

    tal como tem o Cherne Barroso no Bilderberg Club e a conferenciar por aí, pregando a doutrina da nova ordem sobre o novo e o velho mundo.


E digo isto com base em tudo o que ao longo dos anos venho observando. Não tenho a mania da conspiração, nunca tive, e até tenho aversão àquelas pessoas que vêm macaquinhos por todo o lado. Mas o comportamento desta gente é de tal forma despudorado e ridículo que se torna até enjoativo de observar.

Claro que depois de ver uns minutos aquela entrevista -- à qual percebi que o Expresso em papel vai dar ênfase -- não suportei o asco e, de imediato, desliguei a televisão. Ou melhor, desligou-a o meu camarada depois de os mandar para sítios impróprios para figurarem num blog tão pio como este.

Eu, que não sou dada a vernáculos, direi assim antes de mudar de assunto: a pata que os pôs. Pronto.

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E, assim sendo, viro-me para a arte. Picasso. Love, love Picasso. Uma força da natureza, pintava que se desunhava, pintava de olhos fechados, sentado, de pé, de qualquer maneira. Até a andar de bicicleta.

Monty Python - It's Arts 

- Picasso pintando em cima de uma bicicleta 



Ou seja, uma coisa a modos como as escaldantes notícias dos Panama Papers que o Expresso anda há semanas a noticiar que vai noticiar que vai noticiar que vai noticiar. Tretas. Tretas. Tretas.

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Os cartoons provêm do impagável 'We have Kaos in the Garden'
(será que o autor é o meu alter-ego?)
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Entretanto, volto aqui para actualizar o tema.

É que Jorge Sampaio já deu a devida bofetada de luva branca à alforreca com cara de cherne:
  aqui, se fizerem o favor.


quarta-feira, abril 06, 2016

Panama Papers: as vítimas dos offshores
Já agora:
O que é o ICIJ?
Como funciona? Como recolhe informação? Como se pode colaborar com eles?
[E, para espantar os horrores, João Vuvu e a mulher-a-dias conversam na sala de estar]


No Expresso:
Em comunicado, um porta-voz da Mossack Fonseca disse que a firma conduziu "as devidas diligências de forma minuciosa com todos os nossos novos e potenciais clientes, que muitas vezes excedem em rigor as regras e padrões atualmente existentes a que nós e outros estamos vinculados. Muitos dos nossos clientes vêm [até à Mossack Fonseca] através de firmas de advogados de renome em todo o mundo, incluindo os principais bancos correspondentes, que também estão abrangidos pelos protocolos internacionais ‘conhece o teu cliente’ e pelas suas próprias regulações e leis domésticas.” (...)

Um site a acompanhar: o do ICIJ, o International Consortium of Investigative Journalists

O que é o ICIJ?

The International Consortium of Investigative Journalists is a global network of more than 190 investigative journalists in more than 65 countries who collaborate on in-depth investigative stories.
Founded in 1997 by the respected American journalist Chuck Lewis, ICIJ was launched as a project of the Center for Public Integrity to extend the Center’s style of watchdog journalism, focusing on issues that do not stop at national frontiers: cross-border crime, corruption, and the accountability of power. Backed by the Center and its computer-assisted reporting specialists, public records experts, fact-checkers and lawyers, ICIJ reporters and editors provide real-time resources and state-of-the-art tools and techniques to journalists around the world. (...)

Porque é que o ICIJ existe?

The need for such an organization has never been greater. Globalization and development have placed extraordinary pressures on human societies, posing unprecedented threats from polluting industries, transnational crime networks, rogue states, and the actions of powerful figures in business and government.
The news media, hobbled by short attention spans and lack of resources, are even less of a match for those who would harm the public interest. Broadcast networks and major newspapers have closed foreign bureaus, cut travel budgets, and disbanded investigative teams. We are losing our eyes and ears around the world precisely when we need them most.
Our aim is to bring journalists from different countries together in teams - eliminating rivalry and promoting collaboration. Together, we aim to be the world’s best cross-border investigative team. (...)

Apelo à 'Fuga' de informação
LEAK TO US


The International Consortium of Investigative Journalists encourages whistleblowers everywhere to securely submit all forms of content that might be of public concern - documents, photos, video clips as well as story tips.
We accept all information that relates to potential wrongdoing by corporate, government or public service entities in any country, anywhere in the world. We do our utmost to guarantee the confidentiality of our sources.
Our motives are squarely aimed at uncovering important government and corporate activities that might otherwise go unreported, from corruption involving public officials to systemic failure to protect the rights of individuals. Journalists from the relevant countries will evaluate and pursue all leads and content submitted and, if merited, report on these issues.
There are basic safety measures you can take to protect yourself when giving information to ICIJ. For instance, details of phone calls made from a large building are often recorded on the building's electronic systems. There is nothing sinister in this. But it is safer to use a public phone when contacting a reporter, just as it is safer to use an internet cafe when sending files. (...)
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 As consequências do escândalo começam a surgir

Protesters in front of the Icelandic Parliament call for the resignation of Prime Minister Sigmundur Gunnlaugsson on April 4, 2016

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E sobre as vítimas de toda esta pouca vergonha à escala global?


Panama papers: As vítimas dos Offshores

Vídeo a ver

The Panama Papers is a global investigation into the sprawling, secretive industry of offshore that the world's rich and powerful use to hide assets and skirt rules by setting up front companies in far-flung jurisdictions. 
Based on a trove of more than 11 million leaked files, the investigation exposes a cast of characters who use offshore companies to facilitate bribery, arms deals, tax evasion, financial fraud and drug trafficking. 
Behind the email chains, invoices and documents that make up the Panama Papers are often unseen victims of wrongdoing enabled by this shadowy industry. This is their story.


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E, para que nem tudo sejam desgraças neste post, que entre o meu ídolo

João Vuvu e a mulher-a-dias em conversa na sala de estar, a meio de uma pausa para limonadas




Vejo isto e até me esqueço das big lavandarias de dinheiros obscuros.
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Este post vem na continuação deste outro
(também com os Panama Papers e com João de Deus, outros dos alter ego de João César Monteiro).

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terça-feira, abril 05, 2016

Sobre os Panama Papers diz João de Deus quando lhe perguntam se ele quer que se guarde a caquinha:
"Não, tudo o que é de mais, cheira mal"


Depois de ter falado de Paris e de ter trazido uns bailarinos que dançaram nas suas ruas em total liberdade e alegria, hesito. Procuro algo que me leve para longe da lama. Mas, meus Caros, não é fácil.




Gostava que o escândalo que os Panama Papers podem desencadear fosse tão grande, tão sujo, tão indecoroso, que conspurcasse irremediavelmente todos quantos se esquecem que são mortais, que não vão poder usufruir, pela eternidade fora, de todos os milhões que escondem em contas de empresas que escondem outras empresas e outras contas que escondem a origem, que escondem a fuga ao fisco, que escondem as manobras, os esquemas -- imensos e obscuros labirintos que a manha sabe tecer e que os poderes gostam de ignorar. Queria que fossem envergonhados na praça pública, nos ecrãs de televisão, nas ruas, gostavam que todos quantos impõem austeridade ao povo ou pagam ordenados de miséria aos empregados, ou fazem negócios graças a comissões ocultas ou traficam droga, armas ou pessoas, escorregassem na porcaria que pariram, gostaria que tudo o que se vai sabendo mostrasse a todos os corruptos, ladrões, espertalhões, vendidos, que de nada lhes valeu o que fizeram.

Sou uma ingénua, talvez, mas quero ser. Não sou daquelas pessoas que dizem 'gostava de não ser ingénua'. Ou não, eu sou ao contrário. Sinceramente acho que não sou tão ingénua como posso, por vezes, parecer; de facto, gostava de ser muito mais ingénua do que sou e é um trabalho de construção permanente: não quero ser cínica, não quero ser incrédula, não quero ser pessimista. Quero saber pouco, quero ter sempre presente o muito pouco que sei, e quero acreditar muito, acreditar em muitas coisas, no desconhecido, no infinito, no superiormente bom e belo, quero acreditar nos outros, quero estar cada vez mais próximo da natureza, quero encantar-me a toda a hora, quero que o meu olhar conserve alguma da luz que trouxe dentro de mim ao nascer, quero crer que ainda me vai ser dado viver num mundo que caminhe no sentido da justiça e da generosidade verdadeira. Não quer dizer que sempre o consigo mas quero conseguir, esforço-me por isso. Esforço-me por ser ingénua.

Face a tudo o que começa a ser divulgado a propósito disto dos Panama Papers, tenho esperança que todos quantos têm dinheiro escondido em offshores estejam, a esta hora, cheios de medo, medo de serem descobertos, medo de perderem o que tão alarvemente esconderam, medo de passarem por humilhações indisfarçáveis, por vergonhas insuportáveis. 

Empresas como as do moralista Senhor do Pingo Doce ou o do solidário Senhor do Continente que tão facilmente levantam arraiais fiscais de Portugal para irem pagar menos impostos noutros lugares -- ou tantas, tantas, tantas outras empresas que, recorrendo a pareceres de advogados ou consultores, fazem optimização fiscal, deslocalizando sedes para zonas francas ou abrindo empresas para parquearem isto ou aquilo em refúgios fiscais, não deveriam merecer o conluio das autoridades, de nenhumas autoridades, nem a nossa complacência. Ah, senão fogem e ainda é pior ou se não for aqui é noutro sítio qualquer, por isso, mais vale que seja aqui -- dizem os governantes cobardes. Pois, pois.


Pode ser que este escândalo salpique todos quantos fecham os olhos, acolhem alibis, encolhem os ombros, assobiam para o lado. Pode ser que este escândalo assuste essa gente. Tomara que se acobardem. Tomara que percebam que são finitos mas que a lama que os pode cobrir pode ser infinita.

Tomara que as televisões não os larguem, que os jornais não se calem, tomara que sejam achincalhados em público, tomara que não durmam tamanha a inquietação que lhes devore as entranhas.

Tomara que vão sendo libertadas, a conta-gotas, novas e novas revelações -- tomara que antes de voltarem a subornar, roubar, traficar, sonegar, pensem melhor, tremam de medo.

Tomara. Tomara.
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Apenas alguns exemplos:

British banker set up firm ‘used by North Korea to sell weapons’. Nigel Cowie’s front company also allegedly helped regime expand nuclear programme, Panama Papers show.


Fund run by David Cameron’s father avoided paying tax in Britain. Panama Papers reveal Ian Cameron hired Bahamas residents, including a part-time bishop, to keep offshore company exempt


Ou este outro de que transcrevo:

Um dos nomes envolvidos no escândalo Panama Papers é o do primeiro-ministro islandês. Durante uma entrevista a uma TV sueca, Sigmundur David Gunnlaugsson foi questionado sobre a empresa detida com a sua mulher, que teve títulos que valeram milhões de euros em três grandes bancos da Islândia que faliram durante a crise financeira de 2008. Por entre respostas atabalhoadas, o político acaba por abandonar a sala. O vídeo está a correr mundo.



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Ora eu, a situações destas, contraponho o João de Deus

A Comédia de Deus - Os Pintainhos


"- Quer que lhe guarde a caquinha, Senhor João?
- Não, tudo o que é de mais, cheira mal."

(João César Monteiro num dos seus momentos de antologia)


Nem mais. Grande João de Deus.

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Continua aqui

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E caso prefiram ver dançar com os cubanos nas ruas de Paris enquanto evoco a minha primeira visita, em turismo, à cidade da luz e da festa, é só descer.

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