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domingo, maio 04, 2025

O lado lúdico de algumas pequenas coisas

 

Ontem falei da minha improdutividade mas esqueci-me de referir um outro aspecto: toda a vida trabalhei muito e sempre tive a preocupação de que fosse trabalho que se visse (muitas camisolas feitas, muitas telas pintadas, muitos tapetes feitos, muitos livros escritos e, no trabalho, quase sempre acumulando diferentes funções e, ultimamente, trabalhando até, ao mesmo tempo, em diferentes empresas). Parece que só me realizava se trabalhasse muito, se fizesse coisas complicadas, se me auto-propusesse objectivos difíceis de alcançar.

Mesmo depois de me reformar, parece que todos os dias me auto-estabelecia um monte de coisas para fazer. 

E agora, ao fim de tantos anos, vá lá eu saber porquê, começou a saber-me bem não fazer nada. Claro que o meu nada não é exactamente nada. Mas, ainda assim, é uma novidade. Permito-me passar uma tarde (quase) inteira a ler, a ver vídeos, a percorrer redes sociais, a flanar, a fotografar. 

Por exemplo, no instagram, há um cabeleireiro italiano que faz maravilhas. Vejo-o de gosto. Fico com imensa vontade de pegar numa tesoura e atirar-me ao meu cabelo a ver se consigo reproduzir aqueles feitos. Não ponho aqui o link pois não fixo o nome e depois não consigo encontrá-los. Mas não é grave pois aparece-me todos os dias. E há um número infinito de mulheres (e de homens) que se mostram a disfarçar olheiras, a maquilhar-se de maneira a alongar os olhos, a parecer que têm os lábios maiores, as maçãs do rosto mais subidas. A maquilhagem serve para tudo. E gosto de ver como põem isto e depois aquilo e mais aquilo, carradas de produtos para os mais diferentes fins, todos aplicados em cima uns dos outros, e usam pincéis de todo o tipo e feitio e esponjinhas e apetrechos para alisar, para esfumar, para iluminar. Gosto de ver. Já pensei até arranjar algumas coisinhas daquelas para experimentar. 

E, no youtube, o que eu gosto de ver animais... Acho que o comportamento inteligente dos animais é verdadeiramente maravilhoso. Espanto-me sempre. E outra coisa que vejo sempre com atenção é a construção de pequenos lagos e o efeito que eles têm na atracção dos animais. Aparecem para beber água, para brincar, para se banharem. Fico sempre com vontade de fazer isso in heaven. Só ainda não me atirei a tal pois, quando chove, é tranquilo, auto-abastece-se, mas, sem chuva, como fazemos para lá manter a água? Mas as imagens colhidas pelas câmaras mostram uma actividade fantástica.

Claro que também leio jornais, vejo entrevistas e vídeos interessantes, como o que aqui abaixo partilhei, sobre a actualidade, mas há um lado lúdico que me sabe bem quando vejo coisas como esta aqui abaixo.

Isto é o que acontece quando se constrói um lago para a vida selvagem

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Desejo-vos um belo dia de domingo

(e queiram continuar a descer)

sábado, janeiro 25, 2025

Fujo do resto para coisas mais assim.
Por exemplo: Fernanda Torres - faz muita coisa e, pelos vistos, tudo bem.
E, com sorte, ainda vem um Oscar a caminho
- E, para além disso, segundo aqui se diz, também uma boa pele

 

Continuo ocupadíssima. É assim que gosto de estar. Gosto de fazer coisas que nunca fiz antes, gosto de aprender a fazer. De forma geral, gosto de aprender por mim e, espero que percebam que o que vou dizer é fruto da minha sinceridade e não da minha imodéstia: é que acho que aprendo depressa e não tenho muita paciência para as formações ministradas por outros, step by step, demoradas e repetitivas. E, quando estou neste processo, entusiasmo-me e, imoderada como sou, ponho o pé na tábua, acelero e é de sol a sol. 

Claro que não será totalmente assim pois há as caminhadas, as lidas da casa, as conversas, seja por telefone seja por mensagem, há tudo o resto que faz parte da vida. Mas, no resto do tempo, estou atirada ao que agora me mobiliza e de que, um dia destes, vos contarei.

Claro que, sendo isto tudo novo para mim, de vez em quando tropeço. Mas como tenho impresso nas minhas células aquela velha máxima de que para a frente é que é caminho, reajusto-me, corrijo, refaço, e bola para a frente.

Claro que, com isto, não tenho grande disponibilidade e, sobretudo, disposição para me pôr a falar da delirante pinderiquice de um deputado larápio ou, sobretudo, muito, muito, muito menos, da desordem mundial  a que provavelmente estamos a assistir. Ainda por cima faltam-me bases para poder perceber se é normal, de vez em quando, o mundo desatar aos soluços ou aos coices e mandar a ordem às malvas, colocando tudo num caldeirão em que a insensatez, a ganância, a malvadez, a arrogância, o medo, o ódio, o disparate, tudo, tudo se mistura sem se saber o que, no fim, se aproveitará. Mas, na minha ignorância e com o meu optimismo, custa-me muito ficar assustada e pessimista a achar que nos aproximamos a passos largos do fim dos tempos. Quero acreditar que desta caldeirada meio infecta a que assistimos haverá de nascer uma nova ordem, mais harmoniosa, mais generosa, mais inclusiva, bondosa, mais influenciada pela ciência e para verdade.

Mas, portanto, chego a esta hora e, antes de voltar à minha vida, passo os olhos pelas notícias ou espreito a televisão. Por exemplo, neste momento vejo e ouço um programa (Em Casa d'Amália) conduzido por um tipo muito castiço, o José Gonçalez, que pode não ter um jeito por aí além para apresentar programas de televisão (ou para se vestir) mas que leva gente incrível para cantar. Tenho conhecido ou revisto cantores fantásticos, tenho visto malta nova a cantar maravilhosamente, muitas vezes ali meio à desgarrada. Por exemplo, neste mesmo momento está o Luís Trigacheiro, maravilhoso Trigacheiro, a cantar a Chamateia em conjunto com o que creio que se chama Tiago Nogueira dos Quatro e Meia. Que momento lindo.

Mas, ao mesmo tempo vou espreitando vídeos e hoje vou partilhar um que não tem nada a ver com nada disto mas que sabe bem, aligeira, põe as ralações para lá.

Fernanda Torres conta os segredos de sua pele | Superbonita

Os cuidados com a pele ganharam um novo nome nestas duas décadas: é a rotina de skincare, alavancada pelas influencers do mundo digital. Os tutoriais de maquiagem também criaram uma nova cultura no universo da beleza e a pele negra foi valorizada. Isso sem falar em todos os modismos e cores de make! Todos estes assuntos são abordados por Taís Araújo, que revisita os arquivos do SuperBonita ao lado de Fernanda Torres.

Um bom fim de semana

quarta-feira, dezembro 11, 2024

O charme discreto da burguesia

 

Como hoje, por aqui, está bastante frio, vesti uma camisola fininha mas quente, relativamente comprida, quase túnica, com bolsos, e com uma gola que pode estar dobrada e fazer um simpático e pequeno decote em bico mas que, na rua, em especial quando o sol deixa de agasalhar e o frio aperta, pode subir e, se eu quiser, fica até um capuz baixo. É muito confortável e flexível. É num tom neutro, mais cinzento clarinho que beige, e sinto-me bem com ela. 

Agora que aqui me sentei, não me apetecendo mergulhar no déjà vu que é o dia a dia do mundo com as suas contradições, umas arrepiantes, outras assustadoras e outras que, de tão boas, quase parecem que a malta anda in the sky with diamonds, resolvi ir de visita à Madame le Figaro. 

E eis que dou de caras com um artigo cujo título refere: "usar uma gola alta em vez de écharpe: o charme discreto da burguesia". Interessante. 

Para além do aspecto histórico das indumentárias com golas bem altas associadas à aristocracia, há agora também a elegância associadas à discrição, permitindo encobrir um pouco o rosto (e que pode ser conjugado com uns óculos escuros que, no conjunto, quase garantem o anonimato).

Victoria Beckham porte un manteau ceinturé au col montant tiré de sa propre marque. (Paris, le 13 novembre 2024.) Marc Piasecki / GC Images

Gosto francamente. 

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Interessei-me também sobre as astúcias de maquilhagem para um olhar de festa. É tema que me motiva (qb, claro...).

Pour les fêtes, on ose le regard œuvre d’art. Plume Creative / Getty Images

Li com atenção o artigo e dali até saltei para outros artigos que contêm tutoriais que ensinam a disfarçar olheiras, papos debaixo dos olhos, rugas e pele baça. Há toda uma longa literatura e talvez milhares de vídeos que ensinam truques e recomendam produtos que tapam, que iluminam, que chamam a atenção para outros pontos, que alongam, que prolongam. Um longo filão. 

Ora, depois de ter visto tudo isto, eis que passo para outro artigo em que uma escritora recomenda um livro. Não a conhecia a ela nem conheço o livro (que deve ser interessante). O que chamou a minha atenção foi outra coisa: as olheiras dela.

Anne Berest, romancière et scénariste. ©Assouline/opale.photo

No mesmo local em que se ensinam truques para que as mulheres tenham um olhar fascinante, aparece esta mulher que parece mal dormida. 

E a verdade é que, apesar disso, acho que é um belo olhar, acho que, apesar de despida de disfarces, tem imenso carisma. Para dizer a verdade, quem é BCBG é mais deste género do que quem tem olhares tão maquilhados que não deixam antever a alma de quem os possui.

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Entretanto, está na altura de se falar das ementas das festas, de como arranjar as mesas, de como levar o ambiente acolhedor e luminoso da época festiva à decoração, etc. 

Dans les chambres et les salons, vases, pampilles et potiches de Bernardaud sont sublimés par les fleurs et les végétaux choisis par Jean-François Boucher, meilleur ouvrier de France, et responsable de l’atelier floral du château. Franck Juery

Também gosto de ver mesmo que, na prática, quando sou eu a tratar do assunto, havendo por cá um bando de jovens ruidosos, alegres e esfomeados, não se consiga seguir a etiqueta dos momentos bem comportados. E é que às tantas uma pessoa até quase esquece de como é a verdadeira etiqueta. 

Nada, claro está, que também não se consiga relembrar:

Découvrons les bonnes manières avec Marie de Tilly

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Desejo-vos um dia feliz

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Conversas e desconversas

 


Vou descobrindo todo um mundo do qual sempre passei ao lado.

Contudo sei bem que as descobertas a que me refiro não são apenas insignificantes, são também modestas. Parece que o mundo agora existe é no instagram ou no facebook e eu continuo a querer manter-me à margem. Portanto, a realidade de que vou tomando conhecimento é uma ínfima pontinha de um imenso iceberg que se desloca em volta dos seres vivos, mostrando-se apenas aos aderentes.

Também não frequento o TikTok ou o Twitter. Por muito aliciante que seja saber tudo a toda a hora, ver vídeos divertidos, coreografias hilariantes, tutoriais altamente instrutivos, fotografias e stories sobre toda a gente, prefiro estar fora. O tempo já não me chega para o que quero, faria se estivesse sempre a ver o que os algoritmos me quisessem dar a comer. Não, dessa papa não manjo eu.

Continuo a manter o hábito de apenas à noite me permitir o deslize de espreitar algumas das novidades do dia. 

[Sobre o bandido do Putin continuo a desejar que os próprios russos resolvam o problema. Terem um assassino, um psicopata, um mentiroso cruel à frente de um país é pesadelo e sofrimento que não se deseja a ninguém.

Louvo, mil, mil, mil vezes louvo, a bravura dos ucranianos que, com a vida, defendem a liberdade e o direito a serem um país independente. Com o seu sacrifício defendem toda a Europa e nunca lhes agradeceremos o suficiente. Lamento que não façam parte da Nato pois, se fizessem, o patife não teria ousado invadi-los.

E acho vergonhoso e miserável (e meço as palavras que uso) a reacção do PCP sobre a vontade de Marcelo agraciar Zelensky com a Ordem da Liberdade. 

Por muito que o PCP faça ou venha a fazer a bem dos portugueses (e cada vez os vejo a fazer menos, já não passam de uma franja muito marginal da sociedade), nada apagará a sua torpe posição sobre a invasão e sobre a guerra desencadeada por Putin. 

Não é razoável que continuem a desculpabilizar a Rússia nem é aceitável que, fingindo-se de pacifistas, defendam a rendição da Ucrânia. 

Sinto-me agoniada de cada vez que ouço o que o PCP diz sobre esta hedionda guerra e não consigo compreender a hipocrisia, a cegueira, a estupidez que revelam. Embora finjam criticar a Rússia, a verdade é que colam a sua posição e os seus argumentos aos do Putin, esse assassino para o qual não pode haver perdão.

Mas custa-me tanto o que está a acontecer e tudo o que o rodeia que não quero conversar sobre isso. Prefiro sugerir-vos que leiam, por exemplo, "a paZ! a paZ! a paZ!" segundo Der Terrorist]

Por isso, depois de tentar informar-me, desvio-me, vou distrair-me, vou ver coisas leves, levezinhas. Perdoem-me, pois, a desconversa que se segue]

Uma das coisas que gosto de ver é como algumas mulheres do mundo do cinema ou da moda cuidam da sua pele. E fico sempre espantada. Por exemplo, pensava eu que a Julianne Moore seria uma 'cara lavada'. 

Até há pouco tempo eu julgava que tinha cuidado com a minha pele. De manhã, lavo a cara e ponho um creme adequado à minha condição: agora aplico um creme que supostamente é para peles maduras. Não ponho esse à volta dos olhos. Nessa zona ponho um creme específico para a pele em volta dos olhos. Faço-o pois não me faz arder os olhos. E mais nada. Julgava eu que isso era cuidar da pele. Mais: se vou passear para a praia nestes dias de frio ou se vou caminhar à noite e está vento, ponho creme nívea (daquele creme branco que está na caixa azul). Sinto-me bem, sinto a pele fresca e hidratada.

Depois, ponho uma sombra suave nas pálpebras superiores e, agora que já não tenho que me disfarçar de executiva, apenas de vez em quando um tonzinho nos lábios. E, se achar que estou descolorida demais, passo o baton ao de leve nas maçãs do rosto e esbato com os dedos. E está a festa feita.

Mas, quando vejo o que a Julianne Moore põe, fico de boca aberta. E fico sem perceber como é que a pele absorve aquilo tudo. E como é que aquilo não reage tudo entre si, deixando-lhe a cara a arder. E como é que ela tem paciência para ali estar a pôr camada sobre camada sobre camada sobre camada. 

E fico a pensar: será que isso é o correcto? Deveria eu começar a ter mais cuidado com a minha pele? 

Li também que cada vez mais pessoas fazem tratamentos de rádio-frequência, que têm um fantástico efeito no combate às rugas. E fico a sentir-me uma estético-excluída. Não sei o que é, não sei se é coisa que se faça em casa ou se tem que se ir a uma clínica ou coisa do género. 

É todo um mundo que desconheço. E essa é que é essa.

Julianne Moore | Beauty Secrets | Vogue


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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Bem estar. Paz.

terça-feira, setembro 27, 2022

Guia rápido para parecer natural

 



Sempre fui de me deitar tarde e, portanto, nunca consegui levantar-me folgadamente cedo por forma a ter tempo para grandes empreitadas pré-matinais a nível de make-up. Quando os miúdos eram pequenos e tinham que estar cedo na escola, a alvorada era compatível com dar tempo a arranjarem-se, tomarem um bom pequeno almoço, lavarem dentes, pentearem-se, etc, e no meio, em dois minutos, se tanto, tentava dar a mim própria um arzinho de minha graça. Quando ficaram autónomos ou saíram de casa, os horários poderiam ter sido abrandados não fora eu, nessa altura, ir trabalhar para mais longe, obrigando-me a não apenas atravessar a cidade como a fazer trajectos em autoestradas. Portanto, como não desbastava tempo ao sono, a parte de me arranjar continuou a ser feita em três tempos.

Ultimamente, poderia fazer as coisas como devido mas aí já estava demasiado desinstruída. Continuo na base do meia bola e força -- e  feito.

Contudo, agora, volta e meia, o YouTube presenteia-me com tutoriais com a rotina matinal ou nocturna de tudo o que é mulherada que se conservará nova até ser velha. 

Provavelmente descaí-me uma ou outra vez  a espreitar os vídeos -- sou cusca, quero saber qual o golpe de magia --, e vai daí o algoritmo, que é fino que nem um alho, topou logo que ando com vontade de saber como é. O pior é que, de cada vez que vejo, vou ao tapete. E dizem elas que aquilo é o que fazem quando não têm tempo... Faria se tivessem. Bolas. Além disso, tudo novidade para mim. Sinto-me pré-histórica, ignorante, fora deste mundo.

Para mais, vendo isto, percebo porque é que, quando for idosa-idosa, não vou conseguir fingir que tenho vinte aninhos. Não tem havido esfoliações, séruns vegans, tratamentos combinados -- e não é agora que vou conseguir recuperar le temps perdu. Ou seja: já foste, Ujota-Emezinha.

É que eu faço assim: depois da cara lavada com água fria, aplico-lhe um creme hidratante qualquer e, a nível de tratamento de pele, nada mais. Bem, não é bem um hidratante qualquer. Geralmente é de supermercado mas ultimamente procuro aqueles que se anunciam como sendo anti-envelhecimento ou anti-rugas. 

[Não sei se fazem alguma coisa a esse nível mas, assim como assim, não custa tentar. Bem sei que, na cosmética, não se vendem tratamentos, vendem-se ilusões -- mas capaz de as ilusões fazerem bem à pele, nunca se sabe].

E sempre assim foi comigo. A única vez que resolvi experimentar pôr base, fiquei estranhíssima. Olhei-me ao espelho e parecia uma bonequinha, toda lisinha, toda impermeabilizadinha, sem vestígios de imperfeiçãozinha que fosse. Ainda me lembro de um colega me perguntar: 'Está diferente. O que é que tem?'. Não me lembrei que seria da base, fiquei admirada. Depois entrei para uma reunião e o presidente, um desbocado, olhou para mim e disse para os outros: 'Está mais bonita, ela, hoje, não está?'. E para mim: 'O que é que tem para estar diferente?'. De repente lembrei-me mas não disse. Temi que estivesse a querer parecer artificial. E estava era arrependida de ter posto aquilo sobretudo por estar com medo de sujar a blusa. Nem queria pensar que a blusinha branca ficava com o decote, no pescoço, todo acastanhado. 

Nunca mais.

A nível de cosmética, também é do mais básico que pode haver. Ponho um little bit of blush nas faces a ver se fico com um arzinho de saudável vida no campo. Ultimamente nem uso nada de especial: faço um risco de cada lado com baton e depois esbato, e está o blush posto. Depois, uma sombrazita esbatida na pálpebra superior, um brilhozinho nos lábios... e está feito. Dantes ainda punha um rímelzito nas pestanas de cima. Ultimamente, nem isso. Aliás, nem sei se ainda se diz rímel pois ouço toda a gente a dizer máscara, dito assim: masscárah. Cheira-me que rímel é coisa do passado. 

Mas eis que agora, tentando aprender com estes tutoriais, constato que colocam coisa sobre coisa e tudo fica bem. Sempre temi fazê-lo não fosse aquilo reagir entre si e eu ainda ficar toda pintalgada de brotoeja ou sei lá o quê. Afinal, vejo-as a porem camada disto, camada daquilo, camada de primário, camada de foundation, camada de contour, camada de mais não sei o quê. Há coisas que nem sei o que são. O que sei é que, no fim, estão com a pele perfeita, todas elas lisinhas, luminosas, todas impecáveis.

E, então, feita macaquinha de imitação, hoje, depois de lavar a cara, apliquei um pouco de creme da L'Oreal desses anti-idade e, passado um bocado, depois de aquilo estar absorvido, pus-lhe creme nívea por cima. Espalhei bem, claro. E não apenas não reagiu com o creme anterior como me parece que fiquei com a pele melhor, mais luminosa. 

Agora à noite estou capaz de lavar a cara e aplicar um outro creme que para ali tenho para usar à noite e, por cima, mais uma dose de creme nívea. Mas quando digo creme nívea não é nívea para o rosto, é mesmo aquele mais antigo que eu, aquele indiferenciado, daquele que vem naquelas caixas azuis, metálicas, redondas, clássicas. 

E é isto.

Imagino que este tema não interesse a parte significativa dos meus Leitores mas eu hoje estou assim, zeníssima. Junto à hora de almoço fui levar a massagem que recebi de presente, ainda o verão era uma criança. Aproveitei para nadar na piscina interior, para descontrair no jacuzzi, para beber água perfumada por frutos vermelhos e, só depois, me entreguei nas sábias, fortes e suaves mãos da massagista. Havia música de meditação, velas de luz bruxuleante e não apenas vários óleos foram espalhados no meu corpo como, no final, toalhas quentes e molhadas foram aplicadas nas minhas costas. Terminei com um ritual de chá. E apetecia-me era lá ficar a hibernar. Quase aposto que mais um bocado e ainda era capaz de esvaziar a cabeça e ficar a levitar, ou seja, a meditar.

Mas, moça trabalhadeira que sou, claro que a seguir fui trabalhar como se não estivesse com a alma mais do que zen. 

Por isso, como podem imaginar, o tema agora à noite teria que ser assim, levezinho, levezinho, levezinho...

Candice Swanepoel's 10-Minute Guide to "Fake Natural" Makeup and Faux Freckles | Beauty Secrets

Victoria's Secret model Candice Swanepoel reveals how to do sunkissed skin, faux freckles, and the perfect lip tint on camera.


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Já agora: e à noite? Como é que é...? Coisa simples, também...?

Alanis Morissette's 18-Step Nighttime Skincare Routine | Go To Bed With Me | Harper's BAZAAR



Confirma-se: coisa simples...
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A primeira, a segunda e a última fotografias mostram Candice Swanepoel, 33 anos. A terceira e a quarta mostram, respectivamente, Michelle Pfeiffer e Sharon Stone, ambas agora com 64 anos. 

Bamboo Flute | by 陳悅

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Um dia bom
Saúde. Confiança. Paz.

sexta-feira, setembro 02, 2022

O que comprei no supermercado e o que não comprei mas me deixou um bocado a pensar.
E os segredos de beleza de Kate Moss - em vídeo


Fui numa corrida ao supermercado à hora de almoço. Nesta vida de retiro que agora é praticamente a minha, uma ida ao supermercado pode ser um momento especial. Se calha ir sozinha, sem ter alguém à minha espera, então ainda é melhor.

Já não tinha kefir nem salada nem abacates e, por isso, tinha mesmo que ir mas, conhecendo-me como me conheço, já sei que, nestas circunstâncias, há sempre mais qualquer coisa que chama por mim. Por isso, por via das dúvidas, levei dois sacos.

  • Comprei quatro cebolas novas, daquelas branquinhas, sumarentas e doces. 
  • Trouxe tomates maduros, coisa que consumo bastante. 
  • Para além dos abacates, trouxe maçãs e laranjas. Os abacates tiveram que ser dos maturados pois os frescos estavam rijos que nem pedras.
  • Comprei ainda uma saqueta de sementes daquelas que, ao pequeno-almoço, ficam lindamente com os flocos de aveia que gosto de juntar ao kefir, com canela por cima. 
  • Trouxe também uns chinelos mais decentes dos que tenho já gastos e que me vão ser de boa serventia quando o ar frio tornar desaconselháveis as havaianas que tenho trazido nos pés. Não chegou a oito euros, um bom preço.
  • Trouxe café do que uso e que estava em promoção. 
  • Trouxe também dois queijinhos frescos de cabra com os quais faço uma bela salada de tomate, alface, maçã e coentros. 
  • E, para além do kefir, trouxe uma espécie de pudins que não são bem pudins mas não têm muito açúcar, quase nenhuma gorduras e têm proteínas. Sabem bem e, quando não tenho tempo para almoçar, iludem bem a tentação da fome. Foi a minha nora que me contou deles e estou fã.  
  • Trouxe dois chocolates pretos, daqueles que têm um mínimo de 70% de cacau, um com sabor de framboesa e outro com estalidiçozinhos de caramelo. Gosto sempre de um quadrado depois das refeições. Às vezes, especialmente quando, antes de almoço, tive uma daquelas reuniões que me deixam esvaziada, como dois e penso 'que se lixe'. 
  • Trouxe uma embalagem de toalhitas anti-transferência de cor para colocar no tambor da máquina quando lavo roupa de cor. Tudo coisas úteis, portanto.

Vi também um gel de banho que contém creme e que anuncia que deixa a pele como seda e que tem um perfume suave e fresco, deixando o corpo macio como as pétalas de uma flor misteriosa. Tirei a tampa, cheirei, quase me deixei tentar. Que cheirinho cremoso e bom. Mas, depois, pensei que às tantas o meu marido ia achar o perfume amaricado demais e que, além disso, não precisava. Portanto, ajuizada como agora ando a tentar ser, tirei daí o sentido. 

Contudo, quando estava a ir para a caixa, num daqueles corredores centrais que têm as oportunidades, vi uma caixa que me pareceu ser um Kit para Bloggers. Alto e pára o baile. É para mim, pensei. Como sou míope, aproximei-me para perceber de que constava. Afinal não era para Bloggers mas sim para Vloggers. Ora, ainda aí não estou. Pode ser que um dia ganhe balanço para tal mas, por enquanto, ainda não me sinto habilitada. Era, então, um suporte para telemóveis, um projector, e outra coisa que não identifiquei ou de que agora não me lembro. No entanto, ainda fiquei naquela: e se...? Já me imaginava a falar para as câmaras, a maquilhar-me, a mostrar como lavo a cara, como me arranjo. Mas, uma vez mais, contive-me. Não tenho o jeito e a piada da Gina nem a graça da Kate Moss (vídeo abaixo). 

Kate Moss's Guide to Cool-Girl Beauty | Beauty Secrets | Vogue

"My daughter tells me off all the time, 'Mommy you have to wear sunscreen!'" British supermodel Kate Moss takes Vogue inside her daily routine and discusses not only her new wellness line, but her new approach to beauty and self-care. Kate also goes on about how her routine has evolved since the 90s, from the early days of grunge to her latest, more adventurous, looks.

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E, por hoje, é isto. 

Aventuras de uma blogger que ainda não aprendeu a ser vlogger nem, tão pouco, a tratar da pele como deve ser. Mas vou começar a estudar para, um dia destes, começar a surpreender-vos com vídeos com os meus segredos de beleza. Ui... Para começar tenho que ver se arranjo uma gua sha

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Desejo-vos um dia bom

Saúde. Alegria, Paz.

E abaixo a letra Z

terça-feira, maio 17, 2022

Três extraordinárias previsões para o futuro -- e alguns dilemas da minha vidinha

 


Tenho vários temas relevantes por resolver. 

Por exemplo: gosto de ver às outras mulheres mãos com nails em vermelho rubi, carmim, bordeaux, grenat ou mesmo em quase negro. Além do mais, sei que a saison, talvez para espantar as pesadas nuvens negras que por aí andam a pairar, requer nails multicores, uma unha de cada cor, e cores alegres, cor de laranja, verde pistachio, azul turquesa. 

Em abstracto tudo isso me agrada. Melhor: seduz-me.

Mas depois vem o lado prático. Não consigo ter unhas compridas nem consigo paciência para as pintar ou retocar frequentemente. Além disso, há que ter precisão para que o colorido não transcenda a pequena superfície que lhes é destinada. Debato-me, pois. Imagino que vendam pequenos estojos com frasquinhos multicores, pincelinhos pequeninos, e sinto-me tentada a experimentar. Mas, depois, já sei que acabarei sem aplicar nada ou, quanto muito, apenas um brilhozinho transparente, quanto muito um discretíssimo nude. 

Dilemas.

Se não trabalhasse, também ousaria uma maquilhagem divertida. Sombras nas pálpebras também em cor-de-laranja. Ou em verde-alface. E lábios em morango suculento e brilhante. Assim, trabalhando, não dá. Não seria levada a sério se me apresentasse assim a discutir propostas que, já de si, deixam alguns com os cabelos em pé. Tenho que me reservar para um dia mais tarde.

No domingo, quando fomos passear com a minha mãe, estava fresca, colorida e jovial: calças justas, alinhadas, em branco, uma tshirt justinha em verde seco e uma blusinha de lã fina em cor-de-laranja sobre os ombros. Ténis brancos. Completava a toilette com um chapéu de palhinha e de abas largas. Elogiei-a, disse-lhe que finalmente se veste como lhe fica bem, sem se preocupar se a toilette é adequada à idade ou com o que amigas e vizinhas pensam. Riu-se. Disse que finalmente tinha começado a libertar-se. Pensei -- mas não disse -- que já não era sem tempo. 

Pode parecer futilidade -- e quem sou eu para o negar -- mas a forma com a gente se arranja é meio caminho andado para a forma como a gente se sente. Se estamos com roupas tristes e desiluminadas, vai ser difícil sentirmo-nos especiais. E claro que é importante sentirmo-nos especiais. Pode haver quem pense que não quer sentir-se especial, quer apenas sentir-se vivo/a, e tudo bem -- só que não é a mesma coisa.

Há também a questão das flores. Vi umas florzinhas lindas, delicadas, em suave lilás. Estavam nas areias, nas dunas, junto à praia. Estou com vontade de ir colher umas quantas e pôr numa jarrinha. Hoje, nas reuniões, pensei que aquelas florzinhas ali ao meu lado fariam toda a diferença. Mas o que gostava mesmo era de apanhar com raiz e plantar um canteiro por aqui. Mas será que flor de beira mar vai dar-se bem em terra? Não sei. Nem sei se tente. Não quero fazer coisas contra natura mas, por outro lado, quem garante que elas não gostariam de mudar de ares?

Dilemas.

E depois há os pássaros. O meu marido reclama da gaiola grande que trouxemos da garagem para pôr aqui no jardim. Diz que está ali para nada, que não sabe porque quis eu trazê-la para aqui. Expliquei que pensava que, tendo a portinha aberta, os passarinhos entrariam e dali fariam a sua casa, podendo sair sempre que quisessem. Mas toda a gente me explicou que era uma armadilha, que os passarinhos que entrassem não conseguiriam sair. E a verdade é que a gaiola ali está de portinha aberta e nem um pássaro lá entra. Mas aí lembro-me de uma coisa. A anterior proprietária tinha periquitos. Nunca prestei atenção a essa ideia. Mas no outro dia lembrei-me de uma vez ter falado ao telefone com uma amiga e só ouvir uma orquestra de pássaros por trás. Ela disse: são os periquitos que a minha mãe aqui tem, são muitos, às cores, cantam que só visto. E era uma alegria. Sou muita contrária a pássaros prisioneiros. Mas será que os periquitos não se tornaram bicho de gaiola? E sendo a gaiola grande e estando no meio de árvores, não será para eles um resort que apreciem? Não sei. 

Dilemas.

E estou com esta conversa nem sei bem porquê. Será que fico com vontade de me remeter à maior simplicidade sempre que ouço falar de temas que me deixam as entranhas num frenesim?

Estive a ouvir três previsões muito prováveis para os próximos tempos. Algumas são-me, à partida, um pouco incómodas. Robots que se auto-fabriquem parece-me coisa meio assustadora. Mas se isso acontecer em Marte talvez não seja mau de todo. Robots que construam fábricas e enviem o fruto da sua produção para a Terra. A Terra transformada em paraíso, sem poluição, sem esforços, só desfrute. Talvez a vida ainda possa vir a ser uma coisa boa e o mundo um lugar feliz e pouco perigoso. E também me é estranha a ideia de fazer download do cérebro e pôr máquinas a usarem as ideias e memórias. Ou a perspectiva de se transmitirem emoções ou sensações e não apenas informação. Não sei bem o que pensar nisso. Mas parece-me provável e potencialmente estimulante. E depois há a promissora ideia de aprendermos, ab initio, se temos células que vão degenerar em cancro. Termos em casa sanitas com auto analisadores que detectem sinais de alerta que permitam que não se formem tumores -- o fim do cancro. Uma maravilha. Um alívio para todos.


Michio Kaku: 3 mind-blowing predictions about the future | Big Think

Carl Sagan believed humanity needed to become a multi-planet species as an insurance policy against the next huge catastrophe on Earth. Now, Elon Musk is working to see that mission through, starting with a colony of a million humans on Mars. Where will our species go next?

Theoretical physicist Michio Kaku looks decades into the future and makes three bold predictions about human space travel, the potential of 'brain net', and our coming victory over cancer.

"[I]n the future, the word 'tumor' will disappear from the English language," says Kaku. "We will have years of warning that there is a colony of cancer cells growing in our body. And our descendants will wonder: How could we fear cancer so much?"


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As luas pertencem ao artigo Super flower blood moon – in pictures e estão aqui na companhia de Blue Moon pela Billie Holiday and Her Orchestra
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Desejo-vos um dia tão bom quanto possível
Alegria. Força. Paz.

quinta-feira, maio 05, 2022

Topless, lingerie, espectacularidade, maluqueiras... sobrancelhas descoloradas... e muitos milhõ€$.

 

Volto ao tema do extraordinário desfile de vestimentas que, uma vez mais, teve lugar na mediática e global passadeira vermelha que é a Met Gala. Todos os grandes costureiros lá estão representados através de indumentárias que actrizes e modelos usam. O evento é temático e este ano o tema foi The Gilded Age. Contudo, as interpretações nem sempre são literais. Algumas são subversivas, outras são irónicas, outras mesmo cómicas.

Poderemos ter tendência a desvalorizar liminarmente eventos desta natureza. E, de facto, o mundo do glamour e dos holofotes é um mundo de aparências, de superficialidade, de vaidades. 

Mas é, ao mesmo tempo, uma poderosa indústria, uma actividade que obriga a um permanente exercício de criatividade a nível artístico e a imensos avanços de inovação a nível de materiais e de técnicas de confecção. Como uma das derivadas da alta-costura temos depois a poderosa indústria do pronto a vestir com toda a indústria têxtil e todo o comércio associados.

Como outra derivada, não negligenciável, há a comunicação social ligada à moda em si, aos eventos de moda, aos agentes e actores deste imenso e eterno carrossel.

Se ontem já aqui mostrei o vestido que a socialite Kim Kardashian usou, hoje mostro alguns dos outros modelos mais espectaculares. Destaco dois deles. Melhor: três.

Primeiro o vestido que Blake Lively usou, chegando com ele numa cor e, depois, ao desdobrar-se o laço, ficando com ele, sumptuoso, numa outra cor. 


Estava maravilhosa, com um vestido épico, um Versace de antologia, inspirado em Nova Iorque. 

Destaco também Cara Levingne, em Dior, que, ao despir o blaser, ficou em tronco nu, com o corpo pintado de dourado. Acho uma ideia fantástica. 

Acho que também estava uma graça, com os seus sapatos descarados e a sua insólita bengala (ver-se-á melhor no vídeo).

A terceira foi Gigi Hadid em Prada e Versace. Toda ela estava um espanto. É mais uma daquelas toilettes que ficará para a história. Imperial na cor, no design, no porte (é a primeira fotografia)

Como costuma acontecer nestas coisas, tão ou mais importantes do que a festa oficial são as after-parties às quais as celebridades comparecem com outras toilettes. Aqui imperou a moda que se dá ares de lingerie, sexy e louca, boa para a farra que se estende pela madrugada. Vários foram os modelos aparentemente mais adequados a um ambiente de boudoir do que de copos e fotos noite dentro. De entre eles destaco o que Bella Hadid (irmã de Gigi) usou.

Uma das mais badaladas foi a festa organizada por Naomi Campbell e Kate Moss que agora gosta de aparecer com ar bem comportado, comedida, e que parece ter cedido o passo à sua filha Lila Grace que não tem, nem pensar, o ar malandro que tão bem caracterizava a sua espantosa mãe. 

Curiosamente, Lila Grace, que precisa de usar uma bomba de insulina, desfila com ela bem à vista (na anca), mostrando que na moda não deve haver limitações.

Uma das outras derivadas da indústria da moda tem a ver com a maquilhagem. Também aqui há uma poderosa indústria que tem que estar permanentemente a inovar. 

Desta vez a grande novidade a este nível teve a ver com as sobrancelhas. Tempos houve em que a moda era ter as sobrancelhas bem depiladas. As mulheres tinham que as ter fininhas, sem pelos a mais. Havia e há técnicas infalíveis desde arrancar os pelos com uma linha ou com um nylon, não sei, ou, mais definitivamente, a laser. Depois passámos a ter que ter sobrancelhas marcadas. Pensava eu que era aqui que ainda estávamos. Não há tutorial de maquilhagem que não reforce a cor, a espessura, não simule um desenho mais marcado. Há até quem faça implantes para não ter que andar a desenhá-las todos os dias. 

Como não sou muito disso, nunca fiz nada às minhas. Mas ultimamente, ao ver como devem maquilhar-se as mulheres da minha idade, já começava a interiorizar que deveria compensar as minhas sobrancelhas claras com algum tom que as tornasse mais visíveis. No outro dia, encontrei numa gaveta um lápis de eye liner em tom castanho e experimentei passá-lo nas sobrancelhas. Não gostei. Esbati com o dedo e fiquei a olhar-me ao espelho a ver se parecia mais actualizada. Fiquei na dúvida. Sobretudo achei que, apesar da subtileza, me mudava um bocado o semblante. Ora como tenho a impressão que o semblante tem um bocado a ver com a personalidade, limpei. Mas fiquei a pensar que havia de experimentar numa outra ocasião, a ver se já me encarava com outra abertura de espírito.

Pois bem, nem mais: este ano várias participantes na Met Gala apareceram várias com sobrancelhas descoloradas, despercebidas.

Dizem que abre a expressão, que alisa a sobriedade e abre espaço à sensualidade de um olhar que se mostra nu. Fiquei mais consolada e a pensar que escuso de insistir no reforço das minhas.

[.... Tudo coisas à toa, sem grande profundidade... bem sei... mas é o que há]

The 10 best dressed from the Met Gala 2022 | Bazaar UK


Desejo-vos um dia tão bom quanto possível
Bons sonhos. Boa sorte. Paz.

terça-feira, fevereiro 15, 2022

São Valentim para todos os gostos

 


Não festejei o São Valentim. 

Este dia faz algum sentido? Diria que não. No entanto, como cada vez tenho menos certezas, não respondo, mantenho a questão em aberto.

Por um lado não tenho grandes dúvidas de que é uma treta, um mero motivo para o comércio espevitar. Além disso, quem gosta de outra pessoa não precisa de um dia para o manifestar. E, depois, manifestações importadas ou copiadas, cheias de um simbolismo já estafado, fazem algum sentido? Qual o real efeito para uma relação se um dos parceiros, geralmente o homem, chegar a casa com flores e bombons? Só posso falar por mim mas, para mim, se o meu marido fizesse isso, ficaria de pé atrás. Pensaria: se ele não era assim, o que se passa para, de repente, me aparecer assim, feito parvo...? estará a ficar choné?). Se há coisa que nunca apreciei foi um parceiro normalizado, alinhado com o mainstream

Claro que seria diferente se ele chegasse ao pé de mim e dissesse: vai arranjar-te que hoje é dia de festa, depois podes ir andando para a sala, ouvir música -- e fosse ele a escolher a música e fosse uma coisa tão boa, tão boa, que eu nem conseguisse acreditar. E me servisse uma bebida surpreendentemente boa, tão boa, tão boa que eu nem conseguisse identificar os ingredientes. 

E fosse ele para a cozinha e me surpreendesse com os seus dotes culinários. E, ao chegar à mesa, quisesse ser ele a servir-me e me dissesse um poema tão extraordinário que eu me sentisse emocionada, passada da cabeça tamanho o espanto. Mas, enfim, fosse como fosse, uma coisa a sós, sem fotografias, sem público. Coisa privada. Tão privada que nem aqui poderei explicar como acabaríamos a celebração do São Valentim.

Mas isto sou eu a falar. E, de resto, alguém acredita que se ele fosse assim (um charme) no Dia de São Valentim mas, nos outros dias, fosse um Bruno de Carvalho eu relevaria os outros dias e acharia bem a encenação com poesia à mistura? Nem pensar. É que nem pó. 

Aliás, se ele fosse um Bruno de Carvalho ou um Zé-Cueca qualquer, um choninhas ou um palerma encartado, alguma vez poderia pôr um pé na minha casa... abeirar-se da minha cama...?? Está bem, está. Bem se poderia pintar de cor-de-rosa, cobrir de chocolate, sussurrar-me poemas de amor ao ouvido ou pegar em mim para dançar um tango que não levava nada daqui. Nem uma tampa eu me daria ao trabalho de dar.

No entanto, disponível como cada vez mais estou para abrir uma excepção no meu ascetismo*, admito que se pode ter uma atitude simpática em data marcada, talvez de amigos para amigos -- ou seja, um momento como outro qualquer em que se possa celebrar o afecto em geral. Um gesto. Uma graça. Uma coisa assim: olhem, no sábado não querem ir lanchar à beira rio? Dress Code: quelque chose avec un je ne sais quoi. 

Ou seja: convidar uns amigos para festejar a amizade. 

E, quando eles lá chegassem, ter um bolo em forma de coração e uma caixinha em forma de coração para oferecer a cada um. E eles espantados: mas o que é isto??? está a escapar-nos alguma coisa? E, para surpresa geral, eu explicar: É que na segunda-feira foi Dia de São Valentim e lembrei-me de vos convidar para vos dizer que gosto muito de estar convosco e gostava que se lembrassem deste dia e, por isso, a caixinha de lembrança. E eles aparvalhados, sem perceberem se era partida, se eu estava perturbada, se quê... E depois todos a rirem um bocado a medo: Então vamos lá ver se o bolo é bom. E seria bom, bom de verdade. 

Uma coisa assim poderia fazer sentido. Sem fotografias, sem publicações, sem nada. Só a recordação. Bem... uma fotografia poderia haver mas apenas para os próprios, sem tretas de instagram ou facebook.

Mas, enfim, não vale a pena estar para aqui a inventar cenas. Comigo nem São Valentim nem São Querubim nem nada que se lhes pareça. 

(Já agora, num registo autobiográfico: o jantar deste dia de São Valentim foram restos e não houve música ambiente nem poemas. E o chocolate foi do usual, bem preto. Por acaso até comi um morango mas foi cortado aos bocadinhos e misturado com a salada. E, no entanto, o dia foi bom.)

* Lá em cima, falei em ascetismo. Mas não sei se usei a palavra certa. Poderia ser estoicismo. Mas talvez não seja isso. Acho que o ascetismo ou o estoicismo estão em patamares bem acima daquele em que me situo. Despojamento? Talvez. Ou talvez não. Gostava de já lá estar mas acho que também ainda lá não cheguei. Talvez simplicidade. Ou nada disso. Sei lá.


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Fotografias das Vogue russa, espanhola, italiana na companhia de Chet Baker com My Funny Valentine

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Quanto a algumas cenas amorosas do Dia de São Valentim dos outros aqui está uma selecção:

Fails With Benefits | Valentine's Day Couples Fails


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Desejo-vos um dia feliz

terça-feira, dezembro 14, 2021

Very Peri

 



De sombra nos olhos em violeta eu gosto. Mas talvez a cor de violeta com que às vezes sombreio as minhas pálpebras não seja exactamente veri peri. Dizem os entendidos que, quando se ousa com o very peri, tem que se ousar em grande, a bold, uma mancha compacta. Eu, que não sigo tutoriais e gosto de ir de improviso, arrisco na suavidade. Acho que contrasta bem com a cor dos meus olhos, assim, ao de levezinho. No entanto, segundo agora me informo, uma passagem de cor na base da aguarela arrisca a que se fique como umas olheiras mal dormidas. Se calhar. Mas não quero saber. 

Era smoky violet. Agora terá que passar a ser sfumato very peri. 

Acontece que ultimamente não tenho encontrado a minha sombra violeta. A minha menina mais linda, que, tal como eu, se pela por maquilhagens e adereços, mal cá chega vai buscar a caixinha e a cestinha com os pós e cremes e cores e usa e faz de tudo e, portanto, volta e meia há coisas que caem ou que mudam de sítio. Um dia que volte à loja a ver se trago outra.

Parece que verniz para as unhas também fará sentido em very peri. Aí já não sei. Aí ainda não me libertei. Mantenho-me convencional: ou rouge-rouge ou, mais provavelmente nude. Mas é uma questão de me autodesafiar até porque, quando saio da minha zona de conforto, é quando verdadeiramente chego à minha praia.

E, depois, há o cabelo. Leio que umas nuances, umas luzes em very peri, trazem movimento e uma graça especial a qualquer espírito. Mas não sei. Não me imagino assim tão ousada. Pode ser que na Tiger ou na Claire's encontre uma fantasia, daquela espécie de cabelo irisado que, a baixo custo, possa servir para eu tentar que o meu espírito se anime na maior transgressão.

Também gosto de blusinhas em very peri embora pouco disso tenha. Talvez uma túnica em transparências, talvez, talvez me ficasse lindamente. Mas é cor que nunca se encontra muito no vestuário. Se calhar agora vai haver mais e, se assim for, terei que quebrar a minha abstinência consumista. 

Para mim é uma cor que é a um tempo luminosa e misteriosa, uma mistura de luz e calor e de sombra e profundidade. Está-lhe nos genes: encarnado e azul em osmose total. 

É uma cor que pede um esguichinho de perfume no regaço, na curva do pescoço, na zona mais íntima do pulso. Perfume de violeta, perfume dos que mais aprecio -- desde que não seja doce ou meloso. Uma nota suave de violeta com um quelque chose de cítrico e de mistério, dão fragâncias que embelezam a alma de quem as usa.

Naturalmente também haverá carteiras -- e vejo já uma, Chanel -- e cintos, luvas, sapatos, écharpes e tudo isso será naturalmente uma beleza. No entanto, como nestas coisas aposto na discrição (discrição, discrição, discrição -- depois de fazer cópias de dez palavras por linha, já aprendi, Mr. Plúvio), ficar-me-ei pelas écharpes. 

Love, love, love écharpes. A mesma coisa: se alguém descobrir uma écharpe linda, suave, elegante, toda ela subtileza, toda ela um poema que me afague a nuca, que se me deslize e toda ela esvoace pelo peito, cá estarei para a receber no maior agradecimento.

A nível de decoração tenho que ser do contra: not for me, pelo menos na onda que agora surfo. Ando na neutralidade, na claridade, na evidência.

Gosto das flores de alfazema mas a essas não creio que se aplique a irreverência very peri. A lavanda é mais soft, mais fresca, não tem segredos nem liberta energias pulsantes. O veri peri tem isso: esconde sussurros, insinua sorrisos e malícias. E acolhe pensamentos profundos.

Se eu fosse solteira, divorciada ou viúva, se quisesse reunir tertúlias em que a piedade ou a beatice não tivessem lugar, se quisesse festa rija e gargalhada solta e louca até que as brumas frias da madrugada entrassem pela janela, aí talvez pintasse uma tela gigante em veri peri e a pendurasse sobre um sofá largo, largo como uma acolhedora cama, talvez pendurasse umas cortinas em transparência veri petri para esvoaçarem ao sabor do movimento das danças. 

Mas não é o caso.

No entanto, uma mantinha suave em very peri, se a tivesse, seria um must. Mas não creio que a encontre. Se alguém descobrir alguma e quiser presentear-me pois que faça o favor: não me farei rogada. Aveludada ao tacto, etérea no densidade seria, certamente, uma segunda pele.

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[Fotos de Mood Board Mix]

A cor do ano 2022 é PANTONE 17-3938 também designada por Very Peri e, dizem, é uma cor inventiva e transformativa.

Transcrevo do site para partilhar a razão de ser desta escolha (com vossa licença, tradução directa via google que, como se sabe, tem as suas particularidades):

Uma nova cor Pantone cuja presença corajosa estimula a criatividade e a inventividade pessoais.


Exibindo uma confiança despreocupada e uma curiosidade ousada que anima nosso espírito criativo, o curioso e intrigante PANTONE 17-3938 Very Peri nos ajuda a abraçar esta paisagem alterada de possibilidades, abrindo-nos para uma nova visão enquanto reescrevemos nossas vidas. Reavivando a gratidão por algumas das qualidades que o azul representa, complementadas por uma nova perspectiva que ressoa hoje, PANTONE 17-3938 Very Peri coloca o futuro à frente sob uma nova luz.

Estamos vivendo em tempos de transformação. PANTONE 17-3938 Very Peri é um símbolo do zeitgeist global do momento e da transição pela qual estamos passando. À medida que emergimos de um período de intenso isolamento, nossas noções e padrões estão mudando, e nossas vidas física e digital se fundem de novas maneiras. O design digital nos ajuda a expandir os limites da realidade, abrindo as portas para um mundo virtual dinâmico onde podemos explorar e criar novas possibilidades de cores. Com as tendências nos jogos, a crescente popularidade do metaverso e a crescente comunidade artística no espaço digital PANTONE 17-3938 Very Peri ilustra a fusão da vida moderna e como as tendências das cores no mundo digital estão se manifestando no mundo físico e vice-versa. 


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Desejo-vos uma bela terça-feira
Tudo de bom para si que está aí, desse lado. 
E obrigada pela companhia.