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quarta-feira, dezembro 11, 2024

O charme discreto da burguesia

 

Como hoje, por aqui, está bastante frio, vesti uma camisola fininha mas quente, relativamente comprida, quase túnica, com bolsos, e com uma gola que pode estar dobrada e fazer um simpático e pequeno decote em bico mas que, na rua, em especial quando o sol deixa de agasalhar e o frio aperta, pode subir e, se eu quiser, fica até um capuz baixo. É muito confortável e flexível. É num tom neutro, mais cinzento clarinho que beige, e sinto-me bem com ela. 

Agora que aqui me sentei, não me apetecendo mergulhar no déjà vu que é o dia a dia do mundo com as suas contradições, umas arrepiantes, outras assustadoras e outras que, de tão boas, quase parecem que a malta anda in the sky with diamonds, resolvi ir de visita à Madame le Figaro. 

E eis que dou de caras com um artigo cujo título refere: "usar uma gola alta em vez de écharpe: o charme discreto da burguesia". Interessante. 

Para além do aspecto histórico das indumentárias com golas bem altas associadas à aristocracia, há agora também a elegância associadas à discrição, permitindo encobrir um pouco o rosto (e que pode ser conjugado com uns óculos escuros que, no conjunto, quase garantem o anonimato).

Victoria Beckham porte un manteau ceinturé au col montant tiré de sa propre marque. (Paris, le 13 novembre 2024.) Marc Piasecki / GC Images

Gosto francamente. 

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Interessei-me também sobre as astúcias de maquilhagem para um olhar de festa. É tema que me motiva (qb, claro...).

Pour les fêtes, on ose le regard œuvre d’art. Plume Creative / Getty Images

Li com atenção o artigo e dali até saltei para outros artigos que contêm tutoriais que ensinam a disfarçar olheiras, papos debaixo dos olhos, rugas e pele baça. Há toda uma longa literatura e talvez milhares de vídeos que ensinam truques e recomendam produtos que tapam, que iluminam, que chamam a atenção para outros pontos, que alongam, que prolongam. Um longo filão. 

Ora, depois de ter visto tudo isto, eis que passo para outro artigo em que uma escritora recomenda um livro. Não a conhecia a ela nem conheço o livro (que deve ser interessante). O que chamou a minha atenção foi outra coisa: as olheiras dela.

Anne Berest, romancière et scénariste. ©Assouline/opale.photo

No mesmo local em que se ensinam truques para que as mulheres tenham um olhar fascinante, aparece esta mulher que parece mal dormida. 

E a verdade é que, apesar disso, acho que é um belo olhar, acho que, apesar de despida de disfarces, tem imenso carisma. Para dizer a verdade, quem é BCBG é mais deste género do que quem tem olhares tão maquilhados que não deixam antever a alma de quem os possui.

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Entretanto, está na altura de se falar das ementas das festas, de como arranjar as mesas, de como levar o ambiente acolhedor e luminoso da época festiva à decoração, etc. 

Dans les chambres et les salons, vases, pampilles et potiches de Bernardaud sont sublimés par les fleurs et les végétaux choisis par Jean-François Boucher, meilleur ouvrier de France, et responsable de l’atelier floral du château. Franck Juery

Também gosto de ver mesmo que, na prática, quando sou eu a tratar do assunto, havendo por cá um bando de jovens ruidosos, alegres e esfomeados, não se consiga seguir a etiqueta dos momentos bem comportados. E é que às tantas uma pessoa até quase esquece de como é a verdadeira etiqueta. 

Nada, claro está, que também não se consiga relembrar:

Découvrons les bonnes manières avec Marie de Tilly

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Desejo-vos um dia feliz

sexta-feira, maio 28, 2021

Boas maneiras à mesa

 

Não sou dada a grandes etiquetas nem sou muito preconceituosa. Contudo, há coisas que me custam a suportar. Pessoas que dão pontapés na gramática estão, à partida, fadadas ao insucesso junto de mim. Quem tem a pouca sorte de deixar sair um quaisqueres ou um faria-se ou um haviam vezes é como se fosse direitinho para a casa de partida e já de lá não conseguisse sair.

À mesa também há coisas que me custam muito a suportar. Disfarço, faço de conta que nem reparo, forço-me a relevar. Mas, dentro de mim, a coisa fica complicada.

Uma das que me custam é quando, em ambiente não estritamente caseiro, alguém se senta à mesa, se serve e, sem olhar para o lado, começa a comer. Não lhe ocorre que os outros ainda não se serviram e, que obviamente, nem pensar pôr-se a comer antes dos outros. É preciso a pessoa ser um narcisista do pior que há, ter qualquer coisa de autismo ou, simplesmente, ser um mal educado da pior espécie para fazer tal coisa. Pior ainda, claro, se não estiver em sua própria casa.

É certo que, quando a refeição é volante ou em regime de self-service, não é preciso esperar que a pessoa certa dê o sinal de partida. Mas, entre isso e marimbar-se para a dinâmica do grupo e sentar-se no seu canto a comer como se estivesse sozinho, vai uma grande diferença.

Outra que me deixa a pensar de lado na pessoa (e falo em 'pensar' e não 'olhar' pois a boa educação obriga-me a fazer de conta que não vejo) é quando alguém, acabando a refeição, dobra o guardanapo usado muito dobradinho e o coloca ao lado do prato. Qual será a ideia? Fazer de conta que não o usou..? 

Uma que é também uma lástima é quando algumas pessoas que querem fazer-se muito apreciadoras de vinho pegam no copo segurando-o na parte bojuda e não no pé. Não lhes ocorre que o pé do copo tem uma função? 

E já nem falo nas pessoas que se encostam completamente à mesa, debruçando-se sobre o prato, esquecendo-se da regra básica de que é a comida que vai à boca e não a boca que vai à comida. Também nem vale a pena falar dos infelizes que enfiam a faca na boca, esses, coitados, parece que estão mesmo a pedi-las.

E há ainda outra que me tira do sério: quando alguém, tipo marrãozinho, notoriamente um wannabe. decora as regras todas e está à mesa a querer exibir o que acabou de aprender, sem naturalidade, preocupado em que os outros percebam que leva os ensinamentos à risca. Geralmente, ficar com uma pessoa dessas na mesa é um desastre: são uns chatos, não dão uma para a caixa, não têm uma ideia na cabeça, só estão focados em fazer boa figura.

Estar à mesa tem que ser uma coisa natural, em que a boa educação não atrapalha. Pelo contrário, as boas maneiras facilitam a vida a toda a gente.

Jamila Musayeva, de uma maneira muito simples, percorre as regras mais básicas para se estar bem à mesa (e, não menos importante, para pôr bem a mesa). Gostei de ver e é com gosto que aqui partilho este vídeo convosco.

Dining Etiquette: how to master the basic table manners



E nada de sorrisinhos maliciosos a achar que isto não interessa para nada. Interessa, sim senhores.


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Dias felizes.
Saúde. Boas paparocas. Sorrisos.

sexta-feira, julho 31, 2020

Ora vamos lá a ver: como é que se come melancia?



Não sou de dress codes, de etiquetas protocolares, de minhoquices que atormentam o espírito a troco de pouca coisa. Melhor: para ser completamente honesta, ser até sou mas tudo numa levezinha, como quem não quer a coisa para não parecer que estou a impor regras aos outros ou a dar lições a quem não está nem aí.

Mas há coisas que a gente, por muito que saiba como se portar em público, deve evitar. Coisas traiçoeiras, cheias de complicação, propícias a deslize. O meu pai falava que uma vez, casado de fresco, foi convidado com a minha mãe para um jantar em casa de um outro casal, gente que, para o local e para a época, representava a society. Pois bem, às tantas, sem medir consequências, espetou uma azeitona com o garfo. E, pimbas, a azeitona voou. E ele, desportista completo, com ela em pleno voo e na total discrição, apanhou-a e, como quem não quer a coisa, guardou-a no bolso. E toda a vida ele contou, sorrindo, o vexame que ia sendo. 

Por isso, eu digo: azeitona, pelo sim, pelo não, se não queremos falhar, a gente segura com a ponta dos dedos e come à mão mesmo.

Mas há outras coisas em que, por muita ensinação e treinamento, mais vale não arriscar. Ou o bicho vem tratado e destratado para a mesa, sem casca, sem espinha ou osso, sem pele ou caroço, ou o melhor é passar ao largo, fazer de conta que acha que é mais bonito se for decorativo.


Melancia, por exemplo. Ou é servidinha aos cubinhos ou bolinhas, sem sementinha preta, sem nada que atrapalhe, ou mais vale dizer que é linda, encarnadinha, molhadinha.

Mas há truques. Este, do vídeo, eu não sabia. Vivendo e aprendendo. Ora façam a gentileza de pôr aqui os olhos.



Mais: atenção ao sítio onde se escafundem os talheres. Que não se corra o risco de correr tudo bem e, no fim, quando foi tudo aprovado até à quinta derivada, passar-se pela vergonha de caírem os talheres ao chão. Quem vos avisa vossa amiga é.

sexta-feira, junho 29, 2018

Boas maneiras à mesa




Não serei a Paula Bobone nem, tão pouco, candidata a sua discípula. Nem tenho a mania das etiquetas nem sou muito convencional. Contudo, tenho que reconhecer, apesar de todas as minhas limitações, há coisas que tenho para mim que são regras a seguir quando estamos à mesa. Geralmente decorrem não de manias mas de tradições que, em dada altura, fizeram sentido ou que, vendo bem as coisas, ainda o fazem.

Por exemplo:

1 -  Acho que é compreensível que mandem as boas práticas que, quando a sopa está quase no fim, não se incline o prato na nossa direcção mas no sentido oposto. É que, a haver algum deslize, não há risco de nos sujarmos.

2 - Também me parece óbvio que se segurem os copos de pé alto pelo pé e não de mão à volta do recipente em si. Não apenas é uma questão de elegância como, sobretudo, uma questão de temperatura. Os vinhos devem ser servidos à temperatura certa (mais coisa menos coisa) e uma mão à sua volta causará troca de temperaturas.

3 - Claro que também nunca se junta gelo ao vinho. Vinho é vinho, não é refresco.

4 - E não se deve encher o copo de vinho até quase a cima. O vinho deve poder respirar e, quem o vai beber, não deve correr o risco de enfiar o nariz na bebida mas, sim, deve poder aspirar o aroma que dele se liberta.

5 - Também mandam as boas práticas que, numa refeição que não as habituais em casa, no fim, não se dobre o guardanapo direitinho. Isso é quando vamos voltar àquela mesa na próxima refeição, usando o mesmo guardanapo. Caso contrário, deve ser deixado, naturalmente, não esparramado mas displicentemente colocado ao lado do prato. Não se pretende que pareça pronto para voltar a ser usado, mas o contrário.

6 - A menos que estejam poucas pessoas à mesa e todas cheguem facilmente ao centro, não se devem colocar as terrinas, as travessas da comida ou a fruta ou as sobremesas em cima da mesa mas sim num aparador ou mesa lateral. Os convivas levantar-se-ão e servir-se-ão levando o seu prato para a mesa. Se, pelo contrário, se puser a comida em cima da mesa, a toda a hora os que comem estarão com braços a cruzarem-se e descruzarem-se e todos a atrapalharem a refeição uns dos outros.

7 - Se surgir uma espinha na boca, não é preciso fazer muita ginástica: pode, com a ponta dos dedos, discretamente retirá-la, apondo-a na beira do prato (e, de preferência, limpando, de seguida, discretamente, os dedos). Idem com os caroços de azeitona. São coisas que acontecem e não vale a pena fazer de conta que não.

8 - Claro que em circunstância alguma se põe a faca na boca. E escuso de explicar porquê.

9 - Comer uma asinha de frango ou uma perninha de perdiz claro que se pode comer à mão. Com discrição e não com alarvidade, bem entendido. Mas claro que sim.

10 - E hoje pode parecer coisa marialva ou de dondoca -- mas eu que não sou (ou não me acho) uma tiazona, não abdico -- mas é o homem que serve as bebidas à mulher e não o inverso. Se há coisa que, juro, me faz muita impressão é ver algumas mulheres muito solícitas a acharem que mostram uma grande delicadeza pondo vinho no copo do vizinho do lado. Nunca. Não me perguntem porquê, à luz da igualdade de género, mas eu tenho para mim que é daquelas coisas que ponho ao nível de os homens fazerem a barba e as mulheres não ou as mulheres depilarem as axilas e (quase tdos) os homens não. Coisas que são assim porque sim. Bebo vinho se um homem me servir. Gosto de ser servida. No vinho (e noutras coisas também).

11 - E, claro!, é a comida que vai à boca e não o contrário. Ou seja, a pessoa não deve debruçar-se sobre o prato mas, sim, deve levar o garfo à boca, mantendo o corpo direito. Não deve a pessoa manter-se hirta à mesa como se tivesse engolido o garfo. Pode estar descontraída.

Mas estar descontraído não é sinónimo de fazer da mesa um apoio para o corpo descansar.

12 - Uma regra que não sigo e que acho que, nos dias de hoje, é para esquecer é a de que não se deve repetir o queijo. Supostamente, quem se enche de queijo é porque prefere o queijo aos acepipes que os donos da casa com tanto gosto prepararam ou mandaram preparar. Mas que se lixe: queijo é bom e convém não exagerar no cumprimento à risca. É como não ser 'bem' cortar a salada com faca. Supostamente, para ajudar, só o pão. Mas isso pode ter feito sentido com talheres impróprios, de ferro que, oxidados e em presença do vinagre do tempero, enferrujariam de vez num instante. Com talheres de aço, não há risco de a alface se sentir molestada e muito menos de a faca ficar inflamada. Portanto, se dá mais jeito usar a faca com a salada, que se use. Contudo, se a folha da alface estiver muito grande, acho mais razoável dobrá-la antes de a levar à boca do que estraçalhá-la e a verdade é que, frequentemente, apenas uso o garfo para comer a salada. Poderia usar pão se não estivesse a esforçar-me para o evitar. Assim, só quando não resisto a molhar o pão no molho da salada, que adoro.

13 - As flores ou quaisquer outros elementos decorativos sobre a mesa não devem cortar a visibilidade de quem está em frente: ou devem ser baixas ou, em alternativa, estar altas, por exemplo, colocadas em floreira ou jarra de pé alto e estreito. Os enfeites são para embelezar, não para atrapalhar.


14 - Quanto à ordem dos copos e talheres, é simples: de fora para dentro pela ordem de utilização. Mas nada como ver o esquema:


15 - Em refeições à mesa, especialmente se houver alguém a servir, quem abre as hostilidades é a dona da casa. Ninguém se deve atirar ao prato enquanto a anfitriã (ou, se fora de casa, a mulher mais velha) não começar a comer.
Em refeições volantes isto não se aplica. Não faria sentido. E, nos casos em que há muita gente a servir-se em side board, então também se releva a etiqueta de esperar pela dona da casa.
16 - Quando não há uma multidão a auto-servir-se mas um número comportável e  (para aí até umas 12 ou 15 pessoas razoavelmente despachadas e disciplinadas) é simpático esperar que todos se tenham servido e sentado para se começar a refeição e, sendo assim, será delicado esperar que a dona da casa comece. 

17 - Regra de ouro: não se limpam os pratos à mesa nem se passam restos de uns pratos para outros, à mesa. Isso faz-se na cozinha. Quando se levantam os pratos, levantam-se assim mesmo, sobrepondo-os tal como estiverem, com ou sem restos. Quanto muito, retiram-se os talheres.

18 - Finalmente: é preciso saber retirar-se. Nunca por nunca se deve ficar eternamente sentado à mesa, nos copos, com conversa mole, obrigando a refeição a prolongar-se para além dos limites suportáveis pela paciência alheia.

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Para quem se entenda com o francês, aqui ficam três vídeos que ilustram algumas das regras de etiqueta à mesa







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E claro está que isto a que por aqui têm vindo a existir não é outra coisa senão eu a precisar de férias e já com os neurónios em modalidade light. Bem pode o mundo pôr-se a fazer flic-flacs à rectaguarda, com mortais encarpados à rectaguarda em pleno espaço sideral que a mim só me dá para coisas deste calibre. Pior que isto só se me puser a falar de dietas de verão ou de cremes anti-celulite para podermos ir para a praia com o corpinho todo photoshopado. Mas, pelo caminho que este blog está a levar, não será de espantar se um dia destes a coisa descambar de vez para aí.


Abaixo as estrias e as socias-estrias e vivam os barrigudos!


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E viva a vida
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