O meu País está entregue a um bando de incompetentes que, com as suas acções, provoca um desemprego crescente, destrói sistematicamente a economia, vende ao estrangeiro as suas maiores empresas.
Mas no meu País há um povo que protesta cantando. Às armas prefere flores, à pancadaria prefere abraços, aos desmandos prefere os cantares.
Fico comovida com isso. Há formas simples, eficazes e corajosas de mostrar a indignação e a força da resistência. Cantar deve ser, dessas, uma das mais criativas.
A população deste País não é imensa mas é seguramente muito, muito, muito mais do que o pequeno bando de incompetentes que parece estar empenhado na destruição do País. Que a população não se acobarde e se levante cantando acho lindo. Talvez desta forma os incompetentes comecem a perceber que se consegue enganar algumas vezes toda a gente, enganar sempre algumas pessoas mas que é impossível enganar sempre toda a gente.
Não sei se há organização partidária por trás destas iniciativas ou não. Isso é indiferente. O que não é indiferente é que, com uma acção tão simples, o de cantar um dos hinos de Abril, os incompetentes que nos governem sejam calados e tenham que aguardar a sua vez de falar. Imagino que, quando agora têm que se apresentar em público, devem estar numa ansiedade a pensar quando chegará a altura em que vão ter que ficar calados à espera que lhes seja dada a oportunidade de falar. Talvez assim aprendam perante quem devem apresentar contas: perante as pessoas que os elegeram e não perante os funcionários da troika ou perante 'os mercados'.
Já aqui o disse: num país normal, em que a democracia se exerça em legitimidade plena, o povo respeita aqueles que foram eleitos. O que acontece neste momento é que estes fulanos não estão a agir legitimamente pois não estão a executar o programa através do qual obtiveram o voto. Por isso, face ao descalabro, à evidência de incompetência e face à ilegitimidade com que estão a agir, é natural que o povo manifeste a sua indignação e lhes mostre que perderam o seu respeito.
Noutros países talvez o povo partisse montras, virasse carros, ocupasse as ruas, coisas assim como vemos em Espanha, na Grécia.
Aqui, nada disso. Aqui as pessoas levantam-se e cantam.
E o que eu digo é que tomara que cantem até que a voz lhes doa. E eu, se a ocasião se proporcionar, farei o mesmo.
E que as virgens ofendidas do costume, as beatas do regime, fiquem no canto da porta a pregar, entre-dentes, contra esta grande ofensa, cantar, é para o lado para onde me deito melhor.
(PS: Sobre o facto de não terem deixado o Relvas falar já escrevi aqui ontem, não vou repetir-me)
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E agora, enviado por uma Leitora a quem muito agradeço, o
Grândola, Vila Morena, por um grupo finlandês, o
Agit Prop
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A seguir a ver se ainda vou falar sobre o incompetente Gaspar.