Tantas vezes já aqui o tenho dito. Não sou praticante. Não sou de ir a missas, a peregrinações, muito menos a retiros. Nada. Não tenho por hábito rezar. Não casei por igreja. Não baptizei os meus filhos.
Mas sou profundamente reverente em relação à natureza e às pessoas em geral. E sou muito reverente em relação à capacidade de generosidade, à bondade genuína.
Para mim o importante na vida é a solidariedade, a vontade de que todos nos desenvolvamos em perfeita igualdade de oportunidades, é a procura da felicidade para todos, o querer que todos encontrem meios dignos para sonhar o futuro.
Não consigo conceber os que apoiam medidas que protegem segmentos da população e condenam ao empobrecimento os restantes, não consigo conceber os que, dizendo defender e praticar a doutrina social da igreja, apoiam medidas que excluem algumas pessoas do abraço solidário da sociedade.
Sempre achei incongruente que alguém se considere cristão, católico praticante, e, ao mesmo tempo, exclua do perímetro solidário as mulheres que praticam aborto, os homossexuais.
Não consigo conceber que alguém inteligente pense que alguma mulher normal e consciente aborte por desporto. Pelo contrário, acho que se uma mulher, por um qualquer desesperado motivo, resolve abortar, deve é ser muito apoiada, acarinhada. Não falo de perdão. A palavra perdão é rara no meu léxico, tal como o é a culpa. Falo de tentar ajudar-se uma mulher que tem uma vida desestruturada ou atravessa um momento difícil ou o que for e que, necessariamente, precisa de qualquer apoio.
Também já o disse aqui muitas vezes e sinto que começo a repetir-me mas, ainda assim, não posso estar sempre a ser original e, se o que penso se mantém, então, vou mesmo repetir-me. Sou heterossexual convicta, sempre fui, sempre me senti atraída pelo sexo oposto. Nunca tive qualquer relacionamento íntimo com alguma outra mulher. Não me esforço para ser hetero, é uma coisa que me é absolutamente natural. Pelo contrário, se quisesse contrariar a minha tendência, ver-me-ia aflita. Se, por um qualquer motivo, eu fosse cair numa comunidade gay e não quisesse destoar, nem sei como seria. Ora isto, imagino eu, é o que se passa com quem seja homossexual. Admito que não o seja por desporto. Imagino que, pelo contrário, deve ser um castigo esconder essa tendência. Por isso, não consigo conceber que alguém se arrogue o direito de excluir de qualquer comunidade uma pessoa que é como é porque é e em que não há nada que se possa fazer para o mudar. Um homossexual é tão pessoa como eu e não concebo que alguém o discrimine devido às suas tendências sexuais - tal como me parece ridículo e inaceitável que se formam lobbies em torno de orientações sexuais.
E que a Igreja condene a contracepção, acho outro disparate completamente fora de qualquer razoabilidade - e nem vou elaborar sobre isso porque me parece uma coisa tão óbvia que dispensa comentários.
Ora, uma vez mais, Francisco tocou o meu coração ao desvalorizar a importância que a Igreja tem atribuído a tão absurdas questões e defendendo que a Igreja deve ser um local de acolhimento e não de segregação e exclusão.
Revejo-me muito nesta lógica de vida que Francisco vem advogando. O mundo poderá tornar-se um lugar menos perigoso se nos aceitarmos uns aos outros, se aceitarmos as diferenças dos outros.
A vida já é tão má para tanta gente que é estranho que nos desfoquemos disso para nos centrarmos em questões acessórias e absurdas.
Jorge Bergoglio, o Papa Francisco, um homem normal, nada de conversas alusivas e eruditas, nada de palavras circunstancias e de efeito nulo, vem desde o primeiro minuto a mostrar que, para ele, a Igreja não é o templo de salamaleques mil mas sim o abrigo dos que a ele querem ou precisam de se acolher.
Tomara que a Igreja nunca lhe feche a porta a ele.
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Agora deixem que vos mostre uma pessoa que também me emocionou. As razões são outras, muito outras, nada a ver com o que estive a falar. Aqui o que me tocou foi a capacidade de sobrevivência e de sonhar que um jovem muito pobre, sem família, sem nada, conseguiu manter apesar de tudo. Nunca será demais a admiração que manifestemos pelos que têm vidas difíceis e que, apesar disso, conseguem sobreviver e seguir em frente, nem se sabe como.
Transcrevo da Wikipedia:
A sua interpretação de Nella fantasia, de Ennio Morricone causou sensação e tornou-o na maior vedeta do concurso na Coreia até ao momento.
Por favor, não deixem de ver. Tomara que todos tivéssemos esta força dentro de nós.
Choi Sung-Bong nasceu na Coreia do Sul em 1990 e tornou-se a mais popular personalidade no concurso televisivo "Korea's got talent" (A Coreia tem talento).
Sung-Bong foi abandonado num orfanato quando tinha três anos de idade. Vítima de maus tratos no orfanato, fugiu com cinco anos e viveu nas ruas durante dez anos. Mesmo assim propos-se a exame e concluiu a escolaridade obrigatória estando sozinho.
A sua interpretação de Nella fantasia, de Ennio Morricone causou sensação e tornou-o na maior vedeta do concurso na Coreia até ao momento.
Por favor, não deixem de ver. Tomara que todos tivéssemos esta força dentro de nós.
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Desejo-vos, meus Caros leitores, um belo fim de semana.
Vou ter a tropinha toda cá em casa - e é sabido que é gente com um poder de destruição (ou melhor, de desarrumação) que não dá para acreditar. Se à noite ainda conseguir escrever, tentarei vir até aqui dar dois dedos de conversa.