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quinta-feira, fevereiro 08, 2024

O Montenegro quer baldar-se, os polícias metem baixa e a Joana Amaral Dias comenta --
e eu, perante este malsão panorama, acho mais saudável virar-me para as coisinhas domésticas

 

O meu marido diz sempre que temos coisas a mais cá em casa. E, no entanto, a casa está longe de paracer 'atafulhada'. Há muito espaço livre. 

Mas não consigo arranjar espaço para cá ter mais nada sem que pareça despropositado. 

A minha filha diz que, por exemplo, devíamos mesmo arranjar maneira de aproveitar a grande escrivaninha que está na sala maior da casa dos meus pais. É um móvel grande, largo e alto. Tem grandes gavetas e depois tem um alçado considerável que se fecha com a porta que, aberta, assenta em dois suportes, tornando-se zona de trabalho. Sempre me lembro daquele grande móvel e os meus filhos também. Para eles, era uma arca do tesouro. Há lá de tudo. Os meus netos também tinham o hábito de, mal lá chegados, quererem que o 'tampo' fosse aberto para descobrirem canetas, lápis, carimbos, molas, plasticinas, moldes, clips, papéis, autocolantes. Nem sei o que para ali há. 

Mas nem a minha filha tem onde colocar móvel com aquele arcaboiço nem o meu filho nem eu. E não vou pô-la na garagem. Seria um fim pouco digno para um móvel tão icónico.

Eu, que gosto tanto de decoração, sinto-me completamente limitada pois não apenas o meu marido, por ele, teria a casa quase vazia como eu própria me sinto mal em casas com coisas a monte.

Uma das noites em que quase não dormi, incomodadíssima, foi quando fomos visitar um familiar cuja casa pós-divórcio ainda não conhecíamos. Aquilo transtornou-me de uma maneira difícil de descrever. Uma grande moradia numa quinta. Mora ele e a actual mulher. Só os dois e os cães. A casa é enorme, tenho ideia que térrea mas, sinceramente, não tenho a certeza que não tenha um piso superior. Sei é que tem uma cave com a mesma área que o piso térreo. E tudo cheio que nem um ovo. Sempre lhe tínhamos conhecido gosto por algumas coisas. Por exemplo, relógios. Pois tem salas pejadas de relógios, relógios de toda a espécie e feitio, em prateleiras, de chão, vitrinas com relógios mais pequenos e delicados, até as paredes todas cobertas com relógios de parede incluindo um de uma estação de comboios. Depois tem miniaturas de comboios, linhas de comboio montadas, carruagens, máquinas, cidades e montanhas para servirem de cenário aos comboios. Salas pejadas de comboios. E por onde passávamos havia muito de tudo. Mesmo a casa, no piso térreo, tinha móveis, sofás, cadeiras, cadeirões, mesas, cadeiras, aparadores, escrivaninhas, estantes, tapetes, quadros, relógios, tudo, tudo em excesso. Uma pessoa sente-se esmagada. E, no entanto, ele estava orgulhoso. 

Eu andava por entre aquela avalancha e só pensava que uma casa assim é impossível de limpar. É que nem consigo imaginar como se mantém uma casa tão grande, tão, tão, tão cheia de tudo. 

Por aqui, por estas bandas, as pessoas de vez em quando devem redecorar as casas, desfazendo-se do que têm. Nas noites em que o carro da Câmara passa a recolher monos, por vezes, quando ando a caminhar, vejo coisas que me deixam cheia de vontade de as levar, eu, para casa. No outro dia vi um cadeirão largo e baixo, em veludo, num tom de azul alfazema escuro, em perfeito estado. Tinha uma forma elegante, pouco usual, o género de peça que pode ser o focal point a nível decorativo de uma divisão. Nem ousei dizer que gostava de ficar com ele senão o meu marido rifava-me. Mas, também, não teria onde pô-lo. No entanto, que pena uma coisa assim estar no passeio, desprezado. Numa outra vez vi uma estante alta, de boa qualidade, bonita. Quem é que se desfaz de uma estante assim? Com a falta que as estantes sempre fazem... E houve uma vez que nem queríamos acreditar. O passeio cheio de mobílias boas, móveis de excelente design e madeiras, sofás em perfeito estado, muitos. Nem percebíamos se teriam posto ali para serem transportados para outra casa. Depois compreendemos que não, pois, no dia seguinte, ainda lá estavam. Eram 'monos'. Provavelmente alguém quis vender a casa sem móveis e não se deu ao trabalho de lhes arranjar melhor destino. 

E, no verão, num pinhal aqui perto, apareceu um conjunto completo de sofás de veludo, sofá de três lugares, sofá de dois e dois individuais. Impecáveis. Até parecia que alguém, como elemento provocador, mais do que decorativo, tinha resolvido ver o que as pessoas faziam ao darem com uma espécie de sala a meio do pinhal. Ali estiveram talvez uma semana. Depois desapareceram.

E, se estou com isto, é porque ando cansada demais e sem grande pachorra para falar do Montotónegro que agora teve a peregrina ideia de se fazer representar pelo Baldasmelo* nos debates com aqueles que, pelos vistos, eles acham que é malta da equipa B.

Muito menos tenho pachorra para a tropa fandanga das polícias e afins que, entre baixas a pontapé e ameaças de toda a espécie e feitio, resolveram fazer o papelão que, antes, os professores -- a toque de caixa do baderneiro do Stop e do social-baderneiro Nogueira -- faziam. Com a diferença que, enquanto os professores se limitavam a prejudicar os alunos e as famílias e a fazer cartazes em que o Primeiro-Ministro aparecia com cara de porco e lápis espetados nos olhos, as chamadas Forças da Ordem têm a particularidade de andar armadas e de chegarem ao ponto de ameaçar com a não realização das próximas eleições. Gente fina.

Muito menos tenho inspiração para comentar o surrealismo que vi de passagem, estando a Joana Barbie-Kitada Dias a comentar os debates ou lá o que é que ela estava a comentar. Há coisas do além que a gente ainda consegue aguentar. Mas esta não.

Portanto, desculpem-me mas só me apetece dizer o mesmo que a mãe de um amigo meu, prima de umas conhecidas manas benzocas de sangue azul e já aqui algumas vezes referidas: 'Não tenho idade nem condição social para aturar isto'.

Portanto, penso que conseguirão compreender e desculpar-me: aos costumes digo nada e viro-me mas é para a arquitectura, para a decoração e coisas afins.

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Simplicity and Sophistication: TJ Residence by Lucas Takaoka 
| ARCHITECTURE HUNTER

TJ Residence, situated in Barueri, Brazil, was designed by architect Lucas Takaoka, especially for his parents. Takaoka's thoughtful choices and intricate details weave a narrative of responsibility and personal expression into the very fabric of the house, serving as a testament to the architect's profound connection to home. Dive into The Panorama of Residence TJ!


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Um dia bom
Saúde. Paciência. Paz

segunda-feira, junho 14, 2021

Rogério Casanova ao lado da Joana Amaral Dias...? Não...

 

O meu domingo foi francamente descansado. Dormi bastante. 

De manhã, voltei ao viveiro. O meu marido protesta, aborrece-se, não quer mais flores, diz que depois não se dá conta de regar mas, ou porque acha que não vale a pena alimentar uma guerra comigo por isso ou porque começa a gostar de flores e da tranquilidade e beleza que nos trazem, acabou por não protestar demasiado quando me viu a escolher vasinhos. 

E trouxe uma taça para colocar uma florzinha que a minha me trouxe, uma kalanchoe, à qual juntei uma que eu cá tinha. Não parece mas é uma suculenta. Está, pois, junto às outras. É o meu jardinzinho de suculentas. No outro dia, o mais pequeno quando ia a sair pediu para ir ver as flores. Fiquei contente. Gosto que gostem do que eu gosto.

Hoje não fui descansar lá para fora. Depois de almoço, sentei-me no cadeirão relax ali de cima e fui pôr-me a ler o Desamigados do Mega Ferreira. Apesar de ter acordado tarde, voltei a adormecer. Dormi um bom bocado. Senti-me muito bem depois de acordar.

Depois, voltei a ler.

A seguir, fomos apanhar terra e areia. O jarrão grande de terracota que trouxe da copa da outra casa e que aqui está no terraço debaixo do alpendre tinha uns girassóis artificiais. Bonitos mas artificiais. A minha filha protestou, achou que não tinham ali cabimento. Concordei. Os girassóis foram para a estufa da horta. 

E hoje enchemos o jarrão com pedras, uma altura razoável (porque não tem furo para escorrer a água), depois areia e um pouco de terra. E, na abertura, coloquei uma echeveria. Gostava que vingasse pois teria tudo para ficar muito bem.

No portão da cozinha pendurei outros vasinhos. O meu marido também protesta, diz que vou entortar o portão. Espero que não. Mas, enquanto entorta e não entorta, está uma graça. A ver se amanhã tenho disposição para fotografar.

Também posso dizer que ando preguiçosa para notícias. Pouca coisa me interessa e na televisão também pouca coisa me desperta atenção. Este domingo vi o Got Talent. Há pessoas muito talentosas e muito trabalhadoras. E isso parece-me digno de registo.

Agora, antes de desligar o computador, por via das dúvidas, lembrei-me de abrir o Diário de Notícias para conferir que nada de mais tinha acontecido.

E fiquei chocada com a companhia em que puseram o Rogério Casanova. Tudo se abandalha, se desvaloriza. A cedência ao populismo é como uma lava de lama que tudo vai invadindo, um perigo. 

Ao lado dele, como cronista do DN,  eis que agora aparece a Joana Amaral Dias. Fiquei chocada. 

A que propósito é que o DN contrata uma pessoa desqualificada, desavergonhada como ela? Que ideias tem ela que leve um órgão de comunicação social como o DN (e é também a TVI que a contrata, não é? Ou o Correio da Manhã?) a contratá-la? É fútil, é oca, é malcriada, é insuportável, é pouco inteligente, é uma vulgar exibicionista. 

E agora põem-na ao lado do Rogério Casanova que, apesar de híbrido, bissexto e excêntrico, é uma pessoa culta e interessante, que escreve bem. É um desrespeito para o Casanova. E para os leitores.

Só para perceber o que a criatura faz, abri a sua crónica. Vi por alto pois de porcaria assim a gente deve guardar higiénica distância.

E é por coisas assim que me vou afastando dos jornais, da televisão, do lixo que vai tomando conta do que em tempos se dizia ser de referência.

O que vai ser preciso para que voltemos a ter jornais limpos e inteiros, televisões dignas? Que deixemos ir à falência os que hoje existem...? Se calhar, é. O pior são as pessoas decentes que lá trabalham e que, certamente, têm que engolir muito do seu orgulho maltratado, para sobreviver e que, se houver uma falência, ainda mais sofrerão.

Só se aparecerem empresários decentes que se cheguem à frente e, contra tudo e contra todos, tentem fazer um trabalho digno. Se não for assim não sei como vai ser isto -- certamente, uma crescente e colectiva pobreza de espírito. E, para os verdadeiros e impolutos profissionais, uma permanente e impiedosa humilhação. Que horror, isto.

sexta-feira, setembro 15, 2017

Joana Amaral Dias, a arrogante pespineta com vocação para Inquiridora-Mor, foi ao debate das Autárquicas em Lisboa (na RTP) fazer com que ninguém vote nela


A sério. Nada contra. Não é pessoa das minhas simpatias mas não é por isso. Não a conheço de lado nenhum. Só do que ela se mostra. E se ela se tem mostrado. Politicamente nunca percebi qual era a dela mas isso nunca me afligiu porque não me sobra tempo para desnecessidades.

Nem agora estou numa de macacadas entre candidatos que não interessam nem ao menino jesus. 
Como pode ver-se nos dois posts abaixo, estou mais numa de cavalos montados em cotonetes ou de olhares muito humanos

Mas, ainda há bocado, ao ligar a televisão, na RTP, apareceu-me o debate entre os candidatos a Lisboa e, logo a abrir, aquela Joana Amaral Dias que parece que engoliu um garfo. Muito direita, empertigada e, tal o espevitanço, como se tivesse os dentes do dito garfo espetados no céu da boca. Insuportável. 

Convencida estava eu que, para pessoas como aquela Joana, os adversários seriam os da direita. Na minha ingenuidade, admiti: vai atirar-se às outras duas como se tivesse vontade de as devorar vivas, mal lhe dêem a palavra vai saltar a pés juntos sobre a Cristas e sobre a Leal ao Coelho. Mas, para meu espanto, vejo-a é a atirar-se com inaudita agressividade ao Fernando Medina. 

E também não conheço Fernando Medina senão do que se lhe conhece. Mas tenho para mim que é daquelas pessoas por quem se pode pôr as mãos no fogo. Quase apostaria às cegas que não é desonesto, não é oportunista, não é mal formado. E, sobre isto da compra da casa, nem é uma questão de fé. É a evidência dos factos que são públicos e muito claros. 

Ora a que propósito vem uma maria-flausina daquelas, que nem sei por que partido anda ela agora, atirar-se ao pobre do homem com aquele ar acusador e de agastada superioridade moral? A que propósito, senhores? Mas quem é ela para vir armar-se em agente da polícia de costumes?

Juro: não se atura uma coisa destas.

Em vez de se insurgir com a estúpida campanha de difamação de que Medina está a ser alvo (campanha que julguei lançada pelos apoiantes das duas madamas pafiosas), não senhor. Fez parecer que a campanha partiu dela e que é isso e nada mais que isso o que verdadeiramente a move.

Bem melhor esteve Teresa Leal Coelho que se demarcou da peixeirada que a dita menina estava a querer armar. Francamente. Há pessoas que transformam a sua vida pública num projecto falhado e esta Amaral Dias é exemplo disso. 


Tenho para mim que, nas eleições, vai levar uma corrida em osso já que ninguém aguenta uma pespenica destas, sorrisinho arrogante, metida a besta, toda empertigada, arzinho de menina malcriada, antipática, daquelas a quem a gente tem vontade de mandar ir dar uma volta ou dar banho ao cão.

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E agora aceitem, por favor, o meu convite e desçam até onde a conversa e as imagens são mais simpáticas.

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terça-feira, dezembro 15, 2015

Um presente para a Joana Amaral Dias que deve estar quase a entrar no período de amamentação, e outro para o Paulo Portas ou para o Passos Coelho, que gostam tanto do Marcelo Rebelo de Sousa para quem, também à laia de presentinho, vai daqui um conselho amigo: 'não conte com o ovo no cu da galinha'


Para as minhas Leitoras prendadas que sabem manusear bem as agulhas e a lã e que se afoitam com o mais sofisticado tricoteio, aqui deixo duas sugestões de presentes.

1.

Para oferecer à Joana Amaral Dias -- que deve estar quase a dar à luz e que, de seguida, irá certamente amamentar o pequeno bebé-Agir -- sugiro que lhe façam uma camisolinha que, embora respeitando o espírito natalício, lhe permitirá pôr a criança ao peito sem ter que voltar a desnudar-se. Dado que está frio, sugiro que lhe comprem também um tapa-mamilos (vendem-se nas lojas de lingerie). Ficará engraçada e quentinha e é um modelo muito prático. 

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2.

Para o ex-Vice-Irrevogável-Portas e para o seu ex-chefe, o saudoso Láparo, para fingirem que volta e meia têm rebates de consciência ou vergonha na cara e que, nessas alturas
(especialmente quando pensarem na ridícula e despudorada pirueta de apoiarem Marcelo Rebelo de Sousa, esse cata-vento, esse filho do diabo
têm vontade de se enfiar em qualquer buraco, incluindo dentro do seu próprio aparelho digestivo, sugiro uma camisolinha que simula um buraco por onde se podem enfiar (embora, pouco civilizados como são, seja de se lhes recomendar que, quando executarem a manobra, não se esqueçam de colocar uma rolha)

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E caso o ex-Vice não se recorde ou tenha a consciência embotada, aqui fica o vídeo

Paulo Portas fala de Marcelo Rebelo de Sousa, desmontando a patranha da Vichyssoise, e dizendo do candidato a Presidente da República o que Maomé não diz do toucinho. Exemplos:


A lealdade não é o seu forte
Deus deu-lhe a inteligência, o Diabo deu-lhe a maldade
Uma pessoa que quer ser primeiro-ministro tem que se tornar confiável; e tornar-se confiável significa que a gente possa acreditar nele.

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E, para não ficar triste por não receber um presentinho aqui da Jeitosa-Mansinha, aqui deixo um inocente conselho para o Professor Marcelo que acha que isto das eleições é um passeio de verão e que não tarda estará instalado no Palácio de Belém: Meu Caro, eu cá, se fosse a si, não contava com o ovo no cu da galinha.



Vamos todos dizer em coro, para ver se o nosso conselho chega até ao hiperactivo Prof.Marcelo?


Olhe que quem avisa, seu amigo é, Prof. Marcelo.

E escute: não ande por aí, de evento em evento, a espalhar risinhos. Não se esqueça da caminha que o Láparo e o ex-Vice estão mortinhos por lhe fazer; saiba que até já estão a esfregar as mãos, dizendo um para o outro que ri melhor quem ri por fim. 

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NB: Estava aqui a fazer um segundo post mas, como tenho que me levantar muito cedo, não vou poder fazer os remates finais pelo que, por agora, fico-me por aqui. Mais logo, ou de manhãzinha ou à hora do almoço, logo o publico. São mais três presentes mas, desta vez, bem diferentes. 

Entretanto, vou já formulando os meus votos.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira. 

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domingo, setembro 13, 2015

Joana Amaral Dias na Vidas: a nudez, a gravidez, a política. "É menina! Oxalá seja mulher com liberdade". É isto uma mensagem eficaz em tempos de campanha eleitoral. Nestas alturas vale tudo?
[A propósito, recordo as duas vezes em que estive grávida]
E termino com uma sugestão ao Carlos Abreu Amorim


Quando engravidei, ao princípio, nunca ninguém dava por nada. Usava jeans que a minha mãe abria de lado e onde colocava um elástico que eu ia ajustando. E usava umas camisas floridas, larguinhas. Como não tinha enjoos, desejos ou daqueles sintomas usuais, é que ninguém sequer suspeitava; e eu não sentia necessidade de andar a alardear, achava que era coisa minha.

Depois, quando a barriga estava maior, e já era verão, usava vestidos à mamã (como, na altura, se dizia), larguinhos, coloridos. Lembro-me de um que a minha mãe me fez, encarnado claro com umas pintinhas, sem mangas, amplamente decotado com um folhinho à volta. Vejo-me nas fotografias, ar de miúda, vestido de miúda, sempre a rir... e com uma barriga que impunha respeito.

Na altura não era costume usar blusas justas sobre barrigas muito grandes. Também não era usual estar na praia com o barrigão à vista. Usava um biquini próprio, que tinha uma espécie de véu preso no soutien e que encobria a barriga. Quando não estava gente por perto, destapava-a para que os bebés sentissem melhor o sol.

Gostava muito da minha barriga que crescia imenso; das duas vezes toda a gente dizia que eu teria gémeos apesar de eu garantir que era só um. 

Gostava muito de, à noite, quando havia lua cheia, me pôr na varanda com a barriga ao léu. Achava que a luminosidade lunar haveria de ser boa. Nunca pensei porquê. Talvez achasse que traria felicidade. Mas quando estava quarto crescente eu também apresentava à lua, à noite, na varanda ou na janela do quarto, os filhos que viviam dentro de mim. Aí, se calhar, era para ver se cresciam bem.

Nunca pus cremes para estrias e, por sorte, nunca as tive. Gostava mesmo de ver a minha barriga, especialmente quando se mexia. 

A minha filha fazia movimentos curtos, mexia os braços, as mãos, os joelhos, os pés. Era possível, colocar as mãos sobre a barriga e ficar a senti-la a mexer-se. Punha música e falava com ela. Nasceu uma menina calma, sorridente, bem comportada. Dormia bem, mamava a horas certas, brincava sossegadinha.

Com o meu filho era muito diferente. Parecia que dava cambalhotas, os movimentos eram intensos, todo ele se revolvia, e com força. Chegava quase a ficar incomodada, quase mal disposta. Devia dar sapatadas que se reflectiam no estômago, sei lá. Sempre foi tremendamente irrequieto.

Nasceu enorme, não sei se se sentia apertado apesar do tamanho do barrigão. Ao fim de pouco tempo de nascer, tive que o tirar do berço porque dava voltas, punha a perna em cima, quase virava o berço.

Também era sôfrego a mamar, engasgava-se e quase sufocava, dormia mal, não parava sossegado, ia dando comigo em maluca pois não me deixava dormir mais que uma ou duas horas de seguida. E, como mamava daquela maneira, depois vomitava, tinha que mudar a roupa da cama. Ou seja, era cá fora aquilo que se adivinhava que seria quando estava dentro da barriga. 

No entanto, apesar da experiência traumática que foram aqueles primeiros meses do meu filho, durante muitos anos, eu sentia a nostalgia da gravidez, uma saudade enorme de sentir uma pessoinha a criar-se dentro da minha barriga, a ganhar vida própria, a adquirir a sua maneira de ser. 

Já contei muitas vezes que apenas pela vida que tinha - sem apoio familiar por perto, a viver numa cidade e a trabalhar noutra, tudo muito difícil, com problemas sempre que algum ficava doente - é que não tive uma meia dúzia de filhos. O meu corpo pedia para se transformar mais vezes - eu é que não lhe dei ouvidos.

Quando os meus filhos nasciam, tinha leite que não acabava; e eles, alimentados só com leite, sem suplementos, aumentavam a olhos vistos, saudáveis, cheios de vitalidade, felizes. 

Depois, vieram os momentos da gravidez da minha filha e da minha nora. Vivi esses momentos com felicidade mas de uma maneira muito diferente, com uma ansiedade que não tive quando tinha os meus filhos dentro de mim. Verdadeiramente só descansei, de cada uma das quatro vezes, quando os vi cá fora, bem, e as mães também bem.

Tenho verdadeira devoção perante uma barriga que transporta um filho em formação. Acho das coisas mais maravilhosas do mundo esta capacidade de uma vida se formar a partir de duas ínfimas células, multiplicando-se de forma inteligente, misteriosa, perfeita.

Uma barriga de uma mulher grávida é, para mim, uma coisa de uma beleza sobrenatural.

Talvez por isso me sinta chocada com a instrumentalização que Joana Amaral Dias anda a levar a cabo com a sua barriga, a sua gravidez. Há ali qualquer coisa de vulgar, como se, em política, valesse tudo, até a exposição da parte do corpo que, transformando-se para acolher um outro ser humano, pudesse ter o mesmo efeito que um cartaz de campanha.

É que uma coisa é pensar o corpo como um elemento estético, belo, uma mulher com outra pessoa dentro de si; e outra, muito distinta, é, em campanha, isso ser aproveitado de forma gratuita, perdendo o sentido mágico e transcendental, apenas para servir de bandeira eleitoral.

E se a fotografia anterior na capa da Revista Cristina já me parecia uma coisa sem jeito, a capa agora da revista Vidas do Correio da Manhã - em que aparece espalhafatosamente chocarreira - ainda mais vulgar me parece, quase chocante.



Joana Amara Dias, candidata do AGIR


Não me tenho por conservadora pois quer política, quer esteticamente, acho que estou o mais possível aberta à diversidade, à irreverência, ao inesperado. Mas acho que há coisas que merecem algum respeito: a beleza de uma barriga grávida não deveria ser instrumentalizada com vulgaridade.

Só falta, um dia destes, o Carlos Abreu Amorim, desesperado, numa de ver se salva a sua pafiosa coligação, nos aparecer também assim:


O actor Johnny Vegas aqui fotografado por Karl J Kaul,

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Bem. E a propósito dos pafiosos ou pafientos, desloquem-se por favor até ao post abaixo a fim de contribuirem para o peditório organizado pelo ainda Primeiro-Ministro para ajudar os pobrezinhos lesados do BES a pagar as despesas de porem o BES ou o Novo Banco em tribunal. Uma cena de crowd funding a la Láparo, não sei se estão a ver. Uma coisa esperta. Mais uma.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo.


segunda-feira, setembro 07, 2015

A nudez de Joana Amaral Dias na capa da Revista Cristina favorece o AGIR, a causa feminista ou apenas o negócio da Cristina Ferreira? Pergunto.


Depois dos ensinamentos de Coco, a grande mestra na arte de bem compreender as diferenças de almas entre homem e mulher, instruindo as mulheres no sentido de tirarem partido disso, aqui deixo-me de assuntos fofos e entrego-me a um dos temas escaldantes desta pré campanha eleitoral.

A 'Nudez de Joana Amaral Dias' na capa da Revista Cristina





Nada tenho contra a nudez feminina (ou outra) nem nada contra a exibição consentida da nudez. Portanto, não é por aí que vou. O meu ponto é outro.

Joana Amaral Dias, cabeça de cartaz do AGIR, depois de anunciar que estava grávida e que a gravidez é de risco que, portanto, teria que reduzir a sua participação na campanha eleitoral e que queria proteger esse assunto por ser do foro privado, resolveu, acto contínuo, surpreender o país aparecendo nua como capa da revista Cristina.


A imagem remete-nos imediatamente para Demi Moore, artista de cinema, fotografada há uns anos por Annie Leibovitz para a Vanity Fair e, portanto, a novidade não está no look.



A novidade
  • nem está tanto em ser Joana Amaral Dias a fazê-lo, exibindo perante o mundo não apenas o corpo nu -- que suporíamos tema privado já que a sua profissão não passa pelo uso do corpo (o que acontece no caso de modelos, como Rita Pereira, que já exibiu a nudez em várias capas de revistas, ou Demi Moore cujo corpo é conhecido de vários filmes)

Demi Moore - Striptease


  • nem também no facto de exibir publicamente o pai da criança -- tema que supostamente seria também do foro privado, 
mas, sim, sobretudo:
  1. No fazê-lo na revista Cristina, revista esta que, tal como a dona, é dada ao popularucho, e 
  2. Nas razões que apresentou para o fazer.

Vejamos com os nossos próprios olhos:



Tínhamos Joana Amaral Dias por exigente, até algo elitista. Ora isto de, nesta altura de pré campanha eleitoral, nos aparecer na revista Cristina e dizer que exibe a nudez e o pai da criança não só como mulher mas também como candidata, aparece-nos como uma coisa estranha, desagradavelmente oportunista. Há para aqui uma distorção mental qualquer que não se atinge.

Que espera ela conseguir com isto? Prova o quê?

Segundo ela, com isto prova que é livre, que é moderna, que é de esquerda ou que é dona do seu corpo -- mas isso, supostamente todas as mulheres o são. O que daí não se infere é que, lá por isso, venha a ser uma boa deputada.

Ou seja, se já a tinha por enfatuada, convencida e um bocado insuportável, agora tenho-a por fútil e inconsistente. Não votaria no AGIR mas agora, depois deste número, acho que isso do AGIR deve ser uma bela brincadeira.

Agora uma coisa é certa: se o AGIR não ganha nada com isto, há alguém que ganha. Cristina Ferreira, com aquela sua voz estridente e vestuário e vocabulário brega, soma e segue: a caixa registadora até deve tilintar de alegria com a nudez de Joana Amaral Dias e com a gracinha que parece ser o namoradão.

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E, se me permitem, desçam ao encontro de uma feminista avant la lettre - Coco ensina umas coisas às mulheres.

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quinta-feira, abril 28, 2011

Joana Amaral Dias e Lindsay Lohan, gémeas separadas à nascença?

Ao passo que Joana Amaral Dias, por ter engolido um garfo, tem sempre uma postura empertigada, a mana Lindsay Lohan tem geralmente um ar de boa vida, nonchalant.

Vejamo-las na versão blonde:

Lindsay: uma vida recheada de escândalos, sempre notícia por motivos pouco abonatórios

Joana, a gémea de Lindsay: uma puritana rígida, autoritária, inflexível, a all time judger

E agora na versão ruiva:

Lindsay: drogas, álcool, homossexualidade, heterossexualidade, always in the border line
Joana: a menina bem comportadinha que vive dos que vivem in the border line

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Partidos Políticos analisados à lupa da matemática (uma lupa muito ligeira, diga-se)


Falei há dias da matemática, dos conceitos de racionalidade e rigor que são introduzidos nas abordagens metodológicas.

Resolvi hoje fazer um exercício, aplicando a abordagem metodológica matemática à política e, desta forma, analisar se há discurso redundante, contraditório, infundamentado, por aí fora - um exercício ligeiro, no entanto que o espaço e o tempo não dão para mais.

Vejamos.

O Bloco de Esquerda. Falam encaloradamente, ou com ar didático, ou com ar de quem faz uma denúncia urgente. Não falando do chato do Louçã ou do caviar-gauche-jeep-de-Bruxelas do Miguel Portas, ou de uns senhores com ar normal como o Fazenda ou a outra senhora, ou é aquela miúda Ana Drago, que fala com ar de pespineta-nêta-nêta-nêta, arzinho de quem subiu para um banco e já acha que é da altura dos crescidos, espingardando com ar de precocemente sabichona-chôna-chôna-chôna, irritante criaturinha,
  

ou, então, com ar de pré femme fatale a quem falta quelque chose para ser mesmo fatale, a Joana Amaral Dias, que se insurge contra a humanidade com aquele ar psico-encartado de quem sabe lidar com malucos de toda a espécie e feitio. 


Mas, reduzindo o discurso, limpando as banalidades, as afirmações óbvias e incontestáveis aqui ou na conchinchina, agora ou 50 anos para a frente ou para trás, nada de relevante se aproveita, nada que se possa materializar como um modelo integrado de desenvolvimento. É daqueles polinómios em que se corta, corta, corta e o que fica é coisa pouca. As meninas do BE e mais uns quantos podem existir, e não é mau que existam, para serem os papagaios de serviço. Se é divulgado que há um administrador algures que ganha muito dinheiro, eles no parlamento pedem explicações e, se lhes puserem um microfone à frente da boca, eles questionam, acusam, chamam ao parlamento, pedem explicações, enfim, fazem o número deles e às vezes são úteis a denunciar algumas situações. Mas, pequenas excepções e espectáculo à parte, nada fica, apenas espuma.

O Partido Comunista Português. São justiceiros, gostariam que todos fossem iguais, que não houvesse uns melhores que outros, nem uns piores que outros, que no mundo não existissem uns malandros a tudo querer e outros pobrezinhos a pouco levar. Os bancos são uns gatunos, os empresários uns ladrões, os empregados uns anjinhos espoliados. Mas se forem os juízes a querer ter casa à borla, o PCP também os apoia, se forem os professores a quererem todos ter avaliação excelente, o PCP também os apoia, se com as medidas que defende o PC levar as finanças públicas ao charco, paciência, aí já nada se diz, porque a culpa de tudo é sempre dos capitalistas, dos fascistas, dos imperialistas, das mais valias, da banca. Cavalgam a onda do descontentamento, seja ela qual for. Alimentam-se da contestação pública, seja lá que contestação for. Ou seja, factores contraditórios que se anulam uns aos outros. Além disso, tirando uns quantos miúdos novos que não se percebe bem o que andam por lá a fazer (os rapazes geralmente com um ar vagamente revolucionário, pós-operário e as raparigas, em grande parte, com um ar gauche pós-moderno), e mais uns quantos idealistas bem intencionados, são uns maçadores. Dizem todos o mesmo, em registo de monólogo e, na voz, têm uma entoação parecida, a gente fecha os olhos e não sabe se é o Jerónimo, o Francisco Lopes ou outro quase igual.


Mas a questão principal nem é só essa. A questão é que o modelo comunista já foi testado e, em todos os testes, chumbou. Não houve um sítio onde a coisa tivesse corrido bem. Descamba sempre em falta de democracia, em falta de liberdade, em pobreza ou em oligarquia. Ora, em matemática, quando uma teoria não passa em nenhum teste, é porque não é válida, arruma-se. Ardeu. Finito.

Restam o Partido Socialista, o Partido Social Democrata e o Centro Democrático Social. Praticamente tudo farinha do mesmo saco. Analisam-se as semelhanças e são mais que muitas, analisam-se as diferenças e são quase irrelevantes. O PS mais esbanjador no que se refere a politicas sociais, o CDS mais estrito no que se refere a política de segurança mas, na prática, tudo é semelhante e sujeito à performance dos respectivos agentes. O Portas é populista, demagogo (e um artista a escapar-se entre as pingos de chuva no meio dos escândalos que poderiam salpicá-lo como é o caso dos submarinos) mas já a Maria José Nogueira Pinto é sensata e directa. O Manuel Alegre e ala esquerda são humanistas sem olhar a contas, o Teixeira dos Santos (ou seja, a política económica de Sócrates) é liberal agora, quando antes era social-generoso. Quanto ao PSD é, regra geral, uma rapaziada que se aproxima se o poder está próximo, e se comem uns aos outros quando o poder está longínquo; e a orientação oscila consoante o líder do momento: foi austero com Manuela Ferreira Leite, anda a navegar à vista com Pedro Passos Coelho.





Mas é indiferente. Ou seja: mais uns passinhos para a esquerda ou mais uns passinhos para a direita consoante os intérpretes e, sobretudo, consoante a conjuntura - que isto já pouca margem há para se seguir um programa nacional  - mas estes três partidos são equivalentes.

Há regras de integração que têm que ser cumpridas, o dinheiro não estica, não dá para desvalorizar a moeda, logo: faz-se o que tem que ser feito e enfeita-se a acção com palavreado para fazer de conta que há diferenças políticas.

A verdade, expurgada a irrelevância e as contradições, é que não há nenhum partido que faça a diferença pela positiva, não há quem defenda um modelo novo, sustentável, honesto.

Ou há irrelevâncias (BE) e irrealidades (PCP) ou os outros três são a mesma coisa.

A ter que escolher, então que a escolha se faça entre estes (PS, PSD ou CDS) e, de entre estes, que se escolha quem saiba ler, escrever e fazer contas, quem saiba falar (incluindo em inglês e, se possível, em francês), quem se saiba vestir e estar à mesa, quem tenha savoir faire em espaços cosmopolitas. Não vai ser fácil...