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sábado, fevereiro 17, 2024

E sobre o Ventura, no debate com o Rui Tavares (e em todos os outros), o que há a dizer?
Só que for que é uma erva venenosa, pior que cobra cascavel, seu veneno é cruel.
Como um cão danado, é vil e mentirosa, é maldosa

 

E nada mais tenho a dizer 

Com gente desqualificada, sem princípios, sem vergonha, sem educação, sem civismo, sem um pingo de respeito pelos outros, só há uma coisa a fazer: guardar distância. Se cairmos no engodo e nos aproximarmos, quando dermos por ela, já ele nos passou uma rasteira e nos puxou para a pocilga em que gosta de chafurdar.


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Dada a clareza de exposição, permito-me transcrever o que o Leitor marsupilami abaixo escreveu em comentário:
Vai para aí uma grande confusão. Defender a escola pública e bater-se por que esta seja excelente não significa pensar que qualquer escola pública, em virtude de ser pública, é melhor do que qualquer privada; nem significa que seja obrigatório pôr os pimpolhos na pública da área de residência (que pode ser boa, mediana ou má, sem responsabilidade dos pais). Eu tenho o meu numa pública (da minha área de residência, no estrangeiro) porque é uma boa escola; se fosse má, punha-o numa boa privada. Não por ser privada, mas por ser boa. Eu faço o desenho:
1. Defendo a escola pública e quero que tenha as melhores condições para que, no médio prazo, TODAS as crianças possam ter acesso a uma instrução GRATUITA de QUALIDADE. E não apenas as que têm o bom código postal ou pais com a bolsa recheada.
2. A cada instante, cada mãe ou pai tem a obrigação de fazer tudo o que está ao seu alcance para proporcionar aos seus filhos a melhor instrução possível. Se a única opção aceitável na sua área de residência for privada, assim será. Não se educam crianças no médio ou longo prazo, quando a rede pública funcionar bem.
3. Mesmo que a rede pública fosse impecável, nem todas as escolas oferecem as mesmas opções curriculares. Nem que fosse apenas por esta razão, é legítimo escolher a escola que tem aquelas que mais convêm a cada um. Eu tenho a sorte de a escola pública ao lado ter secção internacional (que é paga), latim e outras opções. Nem todas têm.
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E sobre Putin? E sobre o seu último crime?

A mesma coisa: no mínimo, distância, desprezo, repúdio, repulsa.

Que vá o Raimundo e outras pombinhas lesas dialogar com o assassino, com o pérfido e horrendo assassino.

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Legislativas 2024 -- os debates
E eu...? Não posso ser comentadora...? Ora essa...

 

Posso não ser ilustrada ou bem-falante, posso não ter canudo de Relações Internacionais ou de Ciências da Comunicação. Mas posso dizer o que me vai na alma, ou não posso?

Portanto, com vossa licencíssima, aqui vai.

Vi um bocado de Paulo Raimundo e Rui Tavares.

Se eu fosse comentadora diria que o Paulo Raimundo é um fofo. Parece que anda sempre um bocado ao lado mas isso ainda aumenta mais a sua fofura. Perguntam-lhe se aquela posição fofa sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia não estará a contribuir para o afastamento dos eleitores do PCP. E ele, com aquele seu narizinho arrebitado de menino que se quer atrevido, diz que há uma questão central que é a legislação laboral.

O Rui Tavares de vez em quando inclinava um bocado a cabeça, certamente preocupado, a pensar que o Raimundo não tinha percebido a pergunta. O moderador também a fazer um ar apreensivo sem ver onde é que o raciocínio do Raimundo o ia levar, ensarilhado que parecia estar com a conversa da legislação laboral. 

Finalmente lá voltou ao tema. Com ar valentão, disse que não queria fugir a ele. E lá veio outra vez com a das forças da paz. O Putin invade a Ucrânia e, para o PCP, a solução é a malta querer paz. Só isso. Coisa simples. Quiçá a Ucrânia pôr-se à janela com um lencinho branco na mão. Uma pombinha fofa, o Raimundo.

No outro dia, num outro debate, parecia que ia virar a mesa, mudar o rumo da conversa. Lançou, imagine-se, que ia dizer uma coisa a talhe de foice, uma coisa de que ninguém falava: a cultura. Mas, em vez de desenvolver o tema, não senhor, disse que era para ver se alguém lhe pegava. Uma coisa inédita, a dar tópicos para outros brilharem. E fez aquele seu sorrisinho que pretende ser ladino mas que é apenas muito fofo.

Hoje o Rui Tavares disse que ia agarrar o tópico lançado pelo Raimundo: a cultura. E desenvolveu. O Raimundo, coisa mais fofa, fez um sorriso todo contente. Afinal alguém estava a agarrar o tema que ele tinha lançado. 

Mas lançou só por lançar pois, a bem dizer, que se tivesse percebido, o tema da cultura para ele, e desenvolveu só para não ficar atrás do Rui Tavares, tem sobretudo a ver com os precários da cultura. É que, não esqueçamos, seja qual for o assunto, guerra ou cultura ou whatever, para o Raimundo a malta não deve desviar-se do tema central que é um e só um: a legislação laboral.

Uma palavra para a elegância de Rui Tavares ao referir o que tinha em comum com o PCP quanto à política internacional (União Europeia, Nato, etc). Disse que o PCP é um partido coerente: ao menos sabe-se o que pensam e, como pensam sempre o mesmo, não há que enganar.

O Raimundo sorriu com ar agradecido, pensou que o outro estava a fazer um elogio. De uma enternecedora naïveté, o Raimundo. Uma fofura. 

Sem ofensa e com toda a consideração, acho que, quando ele fala, as televisões deveriam aplicar-lhe um filtro daqueles que põem asinhas nas pessoas, asinhas com penas fofas e branquinhas, um anjinho mimoso com uma aura a pairar-lhe sobre aquela cabecinha ovalada, e coraçõezinhos a palpitar-lhe na carinha laroca. Depois de um bailarino simpático --  Jerónimo, o último moicano -- temos agora o símbolo perfeito para o Dia dos Namorados, o fofíssimo Raimundo.

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Também vi a Mortágua com o Ventura. Se fosse comentadora teria dificuldade em comentar. Como resumiu o Paixão Martins, foi uma peixeirada. Ora, como se comenta uma peixeirada: quem é que atirou mais peixes à cara do outro? Não sei. Sei é que o Ventura é execrável. A todos os títulos. Portanto, nem consigo comentar.

A Mortágua é de um outro campeonato. É gente educada e que sabe estar à mesa da democracia. O trauliteiro-mor não, é gente que nunca deveria ter conseguido pôr o pé no Parlamento. Que não haja confusão. Mas, verdade seja dita, o BE tem sido um partido a quem o chinelo puxa muito para o populismo e para a facada nas costas dos supostos aliados e, claro, o que tem feito mina o terreno que pisa. Portanto, ao estar frente a frente com um arruaceiro, ela teria sempre dificuldade. E teve. 

Provavelmente, quer um, quer outro, conseguem extrair dali sound bites para as suas redes sociais. Como é meio que não frequento, passo à frente.

Só um aparte relativamente à Mortágua: aquele seu sorriso que afixa e congela não lhe é natural. Mais vale que se apresente com aquele seu ar de castigadora e deixe o papel de fofinho para o Raimundo

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Desejo-vos um bom dia

Saúde. Cabeça fria (mas coração quentinho). Paz.

quarta-feira, dezembro 11, 2019

Joacine & Tavares, um deus me Livre de 19 mais 22 horas de lavagem de roupa suja.
Os coelhos em risco de extinção e eu sem saber se ria se chore.
O Super-Judge Alex a mostrar ao mundo que macho mais alfa não há: quer porque quer interrogar o Costa.
E eu, face a isto tudo, começo é já a distribuir presentes pelos Leitores.
Jingle bell, jingle bell.
Oh-oh-oh.


Não vou falar de lavagem de roupa suja ao retardador. Não dá. Se fosse uma simples lavagem, em programa rápido, ainda ia que não ia. Agora 22 horas... Só se eu fosse parva. Ainda por cima com pré-lavagem. 19 horas de pré-lavagem. É certo que de cada vez que a Joacine tem alguma coisa para dizer há que multiplicar o tempo por 10. Mas um partido com meia dúzia de pessoas e uma única deputada (que se passeia com um assessor de saias, escoltada por um GNR de calças) e que, ao fim de um mês, andam todos à trolha e, para resolver a questiúncula, precisam de 19 mais 22 horas... é coisa de doidos. De doidos varridos. Poder-se-ia perguntar: quem nunca? mas eu teria que levantar uma tabuleta a dizer: eu nunca. Eu nunca dei pão para malucos. Eu nunca papei partidos burocrático-experimentais com senhoritas divo-alternativas. Portanto, passo.

Também não vou falar naquilo de os coelhos poderem estar a correr risco de extinção. A questão é que isso desencadeia em mim uns so called mixed feelings. E nem é que goste de comê-los. Não gosto. Em tempos, no meu período bárbaro, não queria cá saber de pruridos: comia-os de gosto, de preferência à caçador, ainda a saberem a ervas do campo. Agora nem pensar. É daqueles casos em que já estou como o outro, associando-os a quando andam, fofinhos, aos saltitos. Mas, por outro, há aquele caso do láparo. Não que deseje a sua extinção física, nem pensar. Mas política, isso, era para já. Extinção de penalti. Ele e mais o outro da carinha sarcástica, o seu homenzinho de mão, aquele que agora anda a moer a paciência ao alpacas. Ou seja, não é tema que me assista em termos blogosféricos.

E depois há aquele tema extraordinário, coisa para ir parar aos casos do Além. O Super-Judge Alex, esse macho alfa da Justicite tuga, resolveu que há-de interrogar António Costa. E se o Super-Judge quer, quem é que tem poder para o impedir? Em Portugal, os malucos mudaram-se em peso para a Justiça e não há quem lhes deite a mão. Parece que a coisa tem a ver com Tancos. Não sei se acha que, apertando-o ao vivo e a cores, o Costa, qual delator premiado, vai entalar o Azeredo ou se é mais do que isso e tem daquelas suspeitas profundas que o costumam assaltar. Por exemplo, não me admira que ande a magicar que o Costa está feito com o Fechaduras ou a intuir que isto está mas é tudo ligado e que, para surpresa geral, foi o Costa que contratou o Fechaduras para arrombar o cofre da mãe do Sócrates para pagar a entrada da casa de campo da Fava, quiçá a troco do namorado dela convencer o Vara a aceitar os robalos em vez de uma casa de campo em Vale de Lobo e, en passant, a convencer o Perna a fazer atrasar os pagamentos das obras do apartamento de Paris sabendo que com isso ia servir para disfarçar que o Salgado, o Bava e o Lena estavam todos feitos com o célebre e saudoso Magalhães, o computador com super-poderes. Mas como o caso está em segredo de justicite não posso aqui falar de nada. Uma pena.

Portanto, impedida de tecer loas a uns e a outros e sem vocação para bababus e papatás, passo já aos presentinhos para os meus queridos Leitores que tanta paciência têm para aturar os meus anti-posts. Não digo para quem são, estão aqui à disposição e cada um que escolha o que quiser. Não há coerência entre eles justamente por isso mesmo: pressinto que entre os meus Leitores também não haja uma coerência por aí além. Portanto, para quem gosta de rir, está um, para quem goste de raining men em trajes menores há outro, para quem goste de orgias, incluindo elas-com-elas -- e pelo menos uma, a filha da Srª Dona Madonna, com trunfa no sovaco -- há outro e, finalmente, para que se perceba que isto é porque é Natal, temos uma christmas song mas comme il fault, com Mr Bob Dylan todo bento e devoto, oh-oh-oh.










E talvez a partir de agora, de vez em quando, volte a distribuir cadeaux para vocês. E reparem os senhores do Porto como isto do vocês é tão de tia, tão de alface em versão beta, tão de quem vive numa concha, tão de quem, na verdade, gosta de uma boa conchinha. Se é que me entendem.

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Como é bom de ver, as fotografias de animais como noses não têm a ver com nada. A menos que tenham, claro. Foram repescadas no Unsplash e no Pexels por Ahmad Habash e por Titas Burinskas e avistei-as no Panda Entediado.

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E queiram agora fazer o favor de descer para verem uma coisa boa de mais: Banksy em registo natalício.

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E um dia bué bom para vocêzes.

quarta-feira, novembro 27, 2019

Joacine, a putativa diva que se desloca dentro da Assembleia com Assessor e Segurança e que está a dar um nó cego no Livre.
Maria Teresa, a madre-superiora que se apaixonou perdidamente e não foi por Deus.
E Kris que foi encontrar-se com Caitlyn, o seu ex-marido, que agora tem um belo par de mamocas e faz boquinhas por todo o lado.


Depois de um assunto sério, preocupante e triste, apetece-me aligeirar para que o novo dia não comece sob o peso das tragédias.

Por isso, se me permitem, volto-me para as comédias, para os romances, para os fait-divers ou whatever

Há pouco vi na televisão uma cena do mais hilário que existe: Joacine, a neo-diva, sem se dignar dar bola aos jornalistas, avançando pelos corredores da Assembleia com o seu Assessor pela trela e vigiada de perto por um Segurança. Sim: por um Segurança. Sentindo-se a nova Lady Di e não querendo correr risco de se prejudicar por via dos paparazzis que pululam à sua volta, chamou um Segurança. Pimbas. Para a próxima vai com um rottweiler. Sobre o ter-se esquecido do projecto sobre a Lei da Nacionalidade nem uma palavrinha que a menina não está ali para prestar contas. Em contrapartida,  a senhora doutora -- através do seu Gabinete (que gente importante é assim, só comunica através do seu Gabinete ou do seu Assessor) -- atira publicamente todo o seu fel, ressabiamento e deslealdade contra o partido que a acolheu. Um espectáculo digno de novela de quinta categoria. 

Mas, calma, não é só ela a má da fita. É um facto que anda armada em ursa a ver se trama o cordeirinho do Tavares mas, calma, o Tavares não fica menos mal na fotografia. Que inteligência, que perspicácia lhe poderemos, a partir de agora, atribuir se, em todo o tempo que já conviveu com ela, não foi capaz de perceber de que material é feita a menina? Ná. Quando uma pessoa escolhe alguém para a sua equipa e a escolha sai furada, quem meteu água e fez a escolha errada tem que assumir a responsabilidade e resolver a situação.

A Joacine, em uma ou duas semanas, já arrasou quase completamente o Livre. Se o Rui Tavares não quer que o Livre tenha um fim triste, tem que correr rapidamente com a menina. Claro que a neo diva ficará na Assembleia por sua conta e risco, a meter água por tudo o que é canto e esquina, sem saber em que votar, esquecendo-se de trabalhar ou de cumprir compromissos -- e o Livre ficará sem ninguém na Assembleia. E os fiéis e crédulos que acreditaram na madame e votaram no Livre ficarão a chuchar no dedo, sem ninguém que os represente. Mas azarinho, nada mais há a fazer. Que fique como lição aprendida.

Tirando isso, tenho que falar de uma notícia que, apesar de triste para a própria, acho linda. Parece ser a sina das Maria Teresas: são dadas a êxtases mal compreendidos. 

A madre-superiora do belíssimo convento dos Padres Cappuccini, em Sansepolcro, Itália, mulher activíssima e bem disposta, toda empreendedora, apaixonou-se por um homem da terra. Mas não deve ter sabido fazê-la direitinha pois foi mandada borda fora e o convento encerrado. Poderia, como a outra, converter a paixão em delíquio literário e dizer que a espada do anjinho a tinha penetrado até às entranhas uma e outra vez. Toda a gente levava a coisa à conta de delírio e maluqueira e com meia dúzia de avé-marias ficava o assunto encerrado. Não. Enérgica e franca, a Madre-Superiora Maria Teresa deve tê-la feito às claras: e deu nisto. E o convento tão lindo. Devia ser tão bom rezar ali à sombra das belas árvores da Toscânia. Ou rezar no escurinho da cela, um belo toscano a despi-la devagarinho. Mas pronto, foi mais um êxtase que correu mal. Uma tinha feito com que a tomassem por doida e esta agora fez com que a tomassem por libertina. Ainda não foi desta que apareceu uma Maria Teresa santinha a sério.

Para terminar, numa de conclusão, só posso agora falar de um assunto que não tem nada a ver.

Kris Jenner, a madre superiora do quartel das Kardashians, encontrou pela primeira vez Caitlyn Jenner, mulher grandona de voz grossa, o seu ex-marido durante mais de vinte anos que, na altura, dava pelo nome de Bruce, era um calmeirão e um garanhão que fez nada menos que seis filhos. 

Do que se vê, a Kris ainda está que não pode, sem saber como lidar com a situação. Olha-a de soslaio, queixa-se, choraminga. Aliás, choram as duas, muito emotivas e, no fim, para rematar, fazem uma selfie. Uma graça.



E, pronto, ficamos assim.

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E se há outros assuntos que interessem para além destes, escaparam-se-me.

E uma boa quarta-feira para si, para si em especial.

segunda-feira, novembro 25, 2019

Rui Tavares está perplexo com a Joacine? Eu não estou.
[Aliás, aproveito para dizer porque não votei no Livre]



Claro que poderia fazer um post a explicar porque não votei em cada um dos partidos que não mereceram o meu voto mas vou centrar-me no Livre, dada a comédia a que assistimos, uma paródia digna de rábula dos saudosos Gato Fedorento. 
Joacine diz que se absteve porque não percebeu como é que o Livre queria que ela votasse (e isto, em si, já é extraordinário pois como é que se explica que ela não tivesse a sua própria ideia sobre o assunto?) e o Livre diz que não percebe aquela inexplicável abstenção, já que o programa do Partido é claro e que, para mais, ela nunca tentou aconselhar-se. Depois foi ela que, baixando ainda mais o nível, veio dizer que foi ela que ganhou o lugar na Assembleia e não o Livre. E agora é o Rui Tavares que vem dizer que percebe que os portugueses estejam perplexos porque ele também está. 
Tudo isto parece uma brincadeira, uma infantilidade, um perfeito nonsense.
Os ideais do Livre não me parecem mal. São boas orientações, bons princípios. Defendem valores que, em abstracto e de forma geral, me parecem globalmente correctos. 

Só que nestas coisas, entre os ideais e o ser capaz de os sustentar e ser capaz de identificar o trilho certo para lá chegar -- e ser capaz de se manter no trilho -- é outra conversa. Como agora toda a gente diz: são outros quinhentos. Em tempos dizia-se de outra maneira: que de boas intenções está o inferno cheio. E admito que sim. 

Estar na Assembleia da República a representar o povo, defender os seus interesses, saber discernir a linha de rumo através de um orçamento, saber avaliar propostas ou saber elaborar outras, perceber a essência dos temas em sede de comissões, saber interpretar os 'jogos' e ter o 'calo' para afirmar a sua posição sem se deixar levar, etc, etc, etc, requer mais do que o enunciado abstracto de boas intenções mesmo que a espuma mediática lhes empreste o aspecto de sabedoria e determinação.

Ser contra o sistema é coisa bonita de se dizer mas quase impossível de concretizar estando dentro do sistema. Pode parecer pessimismo ou cinismo. Mas é o que, na verdade, penso.

O mais que pode acontecer para mudar o sistema (e será sempre um mudar muito relativo: será sempre um percurso lento, errático, de pára-arranca, erros e breves sobressaltos) é haver quem, de forma lúcida e clara, interprete a evidência dos factos de forma a tentar conduzir a consciência colectiva a ir mais para um lado ou para outro. 
Por exemplo: 
  • As crises financeiras -- que deixaram à vista o que os fundos abutres e toda a especulação desregulada, a fuga ao fisco e a lavagem de dinheiro, os offshores e tudo o que rodeia tudo isso, provocaram na economia real: descalabro de muitas empresas, explosão do desemprego, corte de rendimentos e etc, -- fizeram inflectir ligeiramente a opinião das pessoas. 
  • Identicamente, haver quem prove que, para ultrapassar as crises, o melhor é reforçar a liquidez circulante, aumentar a confiança, e animar a economia e não secar tudo isso, é também uma forma de 'abrir' as mentes a um sistema mais desempoeirado. 
  • Ou ir, inteligentemente, tentando provocar consciências através da evidência de que a pobreza ou as desigualdades mesmo que longínquas acabam por vir bater à porta de todos nós.
Se o Rui Tavares é uma pessoa que se percebe ser culta e séria, já muito do que o envolve parece ser puro idealismo, qualquer coisa de adolescência tardia, alguma vacuidade disfarçada de desalinhamento -- e isto à custa de alguma encenação acarinhada pela comunicação social. E, não sei bem porquê, parece que isto continua a ser música para os ouvidos de uma certa intelectualidade que ainda sonha com uns vagos amanhãs que cantam.

No entanto, a verdade é aquela que, ao fim de um mês, já está bem à vista. Tudo espremido é capaz de não ser muito mais que zero.


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As fotografias foram feitas hoje no Ginjal e estão aqui não para ilustrar o texto mas apenas porque foram feitas num dos lugares mais lindos do mundo

quinta-feira, julho 24, 2014

Ana Drago, Daniel Oliveira e pareceu-me que também Ricardo Paes Mamede chegam-se à frente e dizem que é preciso unir a esquerda e que, por isso, bora lá formar mais um Partido...? É isso? Percebi bem? E, se bem percebi, vão formar este Fórum, ou Manifesto ou Partido ou lá o que é e depois juntam-se ao Livre e, de braço dado, vão bater à porta do PS? Ou percebi mal? É que, se é isso, não seria mais fácil irem inscrever-se no PS? Ó esquerdinha mais destrambelhada sem qualquer tino na cabeça...


No post abaixo já falei das notícias da imprensa de mão, que dão conta de que o Coelho não se importa de deixar ir a Albuquerque para a Comissão Europeia. E não disse mas dei a entender: cantam bem mas não me embalam.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.



O barco vai de saída



(Fausto, no seu melhor)

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A direita é mais bronca, inculta, gentinha incompetente, pequenos conservadores ultramontanos, pacóvios e provincianos, tementes em relação à cultura e ao conhecimento. Dói só de a gente saber as burrices que dizem e fazem. 

Quando tomam conta da quinta, fazem leis que não lembram ao diabo, destratam quem podem, avacalham o que os rodeia, destroem tudo à sua passagem. Sem pruridos ou remorsos.

Ana Drago é inteligente, tem o verbo fácil, é fotogénica.

Mas... so what...? De concreto, o quê?

Os inteligentes de esquerda vêem isso e sentem genuína repulsa. Têm angústias literárias, exaltações quase místicas, epifanias criativas e, de todas as formas possíveis e imaginárias, parodiam, insultam, desprezam os mentecaptos dos direitolas.

Depois, cada um de per se quer parir a tirada mais iluminada, quer citar o intelectual mais cosmopolita, quer obter o reconhecimento deslumbrado dos seus pares, de facto, quer ser primus inter pares.

E, nessa ânsia narcísica, em que os princípios se querem os mais puros, as intenções as mais nobres, o despojamento o mais onírico, começam as divisões.

Enquanto a direita se une, a esquerda divide-se.

Portugal pode estar a ruir, as contas desequilibradas, a dívida a subir para níveis estratosféricos, os juros da dívida a sugarem toda a magra seiva que a frágil economia consegue produzir, podem os desempregados estar a deixar de receber subsídio e os excluídos a deixar de receber o subsídio de inserção, pode o país estar a tornar-se um país onde as desigualdades mais se cavam, e podem os professores ser humilhados e tratados como cães sem dono, e os cientistas ser desprezados como parasitas, podem os jovens sair em debandada, reproduzindo-se longe deste país pobre e envelhecido... que a esquerda continua a agir autisticamente, numa lógica que é essencialmente de estética política. 

Um por aí anda a tocar ferrinhos e a apelar à desunião dentro do próprio partido, outros a repetirem, no mesmo tom de voz, os mesmos slogans de há dezenas de anos que já ninguém escuta, e os da esquerda que se quereria arejada e moderna a brincarem aos partidinhos, juntando-se e desajuntando-se. Um filme que seria de risota se não tivesse a consequência de deixar o caminho livre à destruição que vem sendo levada a cabo - sem oposição.

Acho Ana Drago, Daniel Oliveira, Ricardo Paes Mamede ou Rui Tavares gente inteligente. E João Semedo ou Catarina Martins também. Ou Francisco Louçã, também. Inteligentes e boa gente.


Quantas vezes já vimos estas pessoas a formarem manifestos, partidos, tendências?

Falam, falam, falam... e não fazem nada...


Mas, lá está, falta-lhes qualquer coisa. Falta-lhes um suplemento de quelque chose. Falta-lhes uma cola agregadora. Falta-lhes alegria e força intrínsecas. Miguel Portas tinha tudo isso e tinha, ainda por cima, carradas de charme. Ora nenhum destes tem isso porque isso não se herda, isso ou está nos genes ou, azarinho, não está.

Se ainda não perceberam que, para além de tudo o que é genético e de todos os puros ideais, têm que ter os pés assentes na terra, têm que ter um mínimo de pragmatismo e que, se querem chegar-se ao poder e aliar-se ao PS, então devem ter sentido prático e, de facto, juntarem-se ao PS - ou, então, vão andar o resto a vida a fragmentar os partidos por onde passam, depois a formar outros, depois a provocar cisões, depois a voltarem a juntar-se noutros, uma brincadeira inconsequente e ridícula. 

Fazem-me lembrar as bolinhas de mercúrio quando se partia um termómetro do antigamente. Têm muita pressa de fazer qualquer coisa, juntam-se a outras bolinhas, depois as bolinhas dividem-se em duas e depois voltam a juntar-se a outras bolinhas; mas tanta dança de bolinhas não passa disso mesmo: de uma dança de bolinhas.


Pressa. Muita pressa. Foi neste ritmo que Daniel Oliveira abriu esta quarta-feira ao final da tarde a sessão organizada pela Fórum Manifesto para “Uma governação decente”. Do lado oposto da mesa, mas em sintonia perfeita, na pertença à associação política, mas também na escolha dos verbos e adjectivos, estava Ana Drago, igualmente ex-dirigente do BE.

(...)

Duas certezas para já: vai nascer uma plataforma política e eleitoral que se baterá por ir a votos já nas legislativas de 2015. E que entende que é “suicidário” excluir o PS. Um partido? Aderem ao Livre? “Vamos ver como é possível organizar esse esforço. É muito cedo para ver a forma institucional”, disse Ana Drago.


Por um lado dizem que têm pressa mas, ao mesmo tempo, que ainda é cedo. Em que ficamos? Em lado nenhum, claro.

Há pouco ouvi o Rui Tavares na televisão. A mesma lenga-lenga intelectualizada, bem articulada. Mas, senhores, falta-lhes garra, sentido prático, experiência de vida, capacidade para deitarem mãos ao trabalho.

Se nem conseguem unir-se entre eles, meia dúzia de gatos pingados, como pensam conseguir algum dia mobilizar um país? 

Sabem o que me ocorre perante tudo isto? Que, por este caminho, e se, ainda por cima, os amigos do Seguro o conseguirem aguentar lá, o Passos Coelho e o vice-irrevogável Portas nem precisam de se ralar com as próximas eleições. Têm, de facto, muita sorte: governam um país manso e ainda por cima têm passarinhos destes na oposição... 

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E, a propósito do Passos, queiram, por favor, descer até ao post seguinte.

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terça-feira, maio 20, 2014

Alguns dos meus últimos livros [Das vidas instáveis ao desenhar nuvens, talvez coisa da cegueira dos pintores. Ou Portugal, nação rebelde em queda com a Europa, esse projecto cheio de ironia. E outros amores e coisas de mulheres e, ainda, lições da vida - de tudo um pouco]


No post a seguir a este, podemos ver o verdadeiro casal-maravilha, Cristiano Ronaldo e a namorada Irina, posando para a revista Vogue Espanha sob a especialíssima lente de Mario Testino. Sedução e beleza, intimidade e ousadia. O vídeo com o making of mostra a sessão, as sombras, as luzes. Junto ainda um vídeo com as proezas futebolísticas do Imperador Ronaldo (conforme me foi enviado por um Leitor a quem agradeço).

Mais abaixo ainda mostro um vídeo com um menino prodigioso. Não sei o seu nome, mas o que é um nome perante a grandeza da pessoa? Vale a pena ver.

Aqui, agora, a conversa é outra. Livros. Uma vez mais, livros.







Alguns dos meus Leitores escrevem-me e contam-me as suas vidas difíceis. Mas não precisariam de o fazer para que eu saiba bem o que é a vida difícil de quem vive contando os euros e tendo que abdicar de pequenos prazeres para que o dinheiro chegue para as necessidades. Sei bem disso, sinto-me solidária e, na minha vida pessoal, profissional e social, luto contra as políticas cegas que ignoram as pessoas. Luto contra as políticas que causam recessão porque a solução para o que quer que seja nunca pode nascer da desgraça de parte da população. Luto a favor de uma política de desenvolvimento porque sei que é daí que nasce o crescimento da economia e o florescimento de condições de vida melhores para todos, em especial para os sectores mais desfavorecidos. Luto na medida do que posso e sei. 

O meu conhecimento e a minha experiência profissional têm-me mostrado ao longo de anos que uma empresa vinga se apostar no crescimento (vendendo mais, produzindo mais, dando mais formação às pessoas, zelando por melhores condições de trabalho, procurando ter produtos e serviços melhores) e não apenas no corte de custos (já que, por essa via, apenas se conseguirá atrofiar a empresa, conduzindo-a à morte). É assim nas empresas, é assim na sociedade. O mundo avança no sentido da expansão e não do declínio. Todas as políticas que contrariem esta tendência são contra-natura, malévolas.

Mas eu quando luto, não luto por mim porque, já aqui o confessei tantas vezes, eu não me posso queixar. Bem mais de metade do que ganho é-me sonegado à partida. Sendo trabalhadora por conta de outrem, quando recebo o meu ordenado, tento nem olhar para o recibo para não ficar estarrecida. Grande parte vai-se sem que eu lhe ponha os olhos em cima. Acresce, claro, o IMI, o IVA e todos os outros impostos. Trabalho para mim talvez uns quatro meses por ano, nem sei. O resto é-me levado pelo Estado. E tudo estaria bem se fosse para ser bem usado e não para pagar a financeiros agiotas.

Mas, ainda assim, sou uma privilegiada.

Aqui tento ser cuidadosa quando falo de mim, tento ser sempre parcimoniosa na descrição dos meus hábitos de vida para não incomodar os que me lêem e que fazem uma tremenda ginástica com o pouco que ganham.

No entanto, não vou ser mentirosa ou hipócrita. O que ganho permite-me, ainda assim, viver bem e manter algumas extravagâncias. E a maior delas, já todos aqui o sabem, são os livros. Viciada, viciada em livros. Vejo a conta e penso: estou a gastar em livros que talvez nem chegue a ler o que algumas pessoas tanto precisam para viver. Penso isto com pesar. Mas são pensamentos inconsequentes. A vida é o que é e há mesmo diferenças e o importante é que os que têm mais sintam que serão mais felizes se os outros também puderem vir a tê-lo em vez de centrarem a sua vida em terem mais e mais, esquecendo os outros.

Vem isto a propósito dos meus últimos livros. Fotografei-os para vos mostrar mas depois pus-me a pensar: querem lá as pessoas saber dos meus livros? Aqueles que andam às voltas a ver se os cem euros que têm até ao fim do mês lhes chegam, até devem ficar chocados com a facilidade com que eu gasto cem euros em livros.

Por isso, estou a escrever isto e ainda sem saber se vou levar este post até ao fim ou se, como às vezes faço, desisto, apago e escrevo sobre outra coisa qualquer.

A favor de falar de livros tenho o argumento de que, quem não tem possibilidade de ter, nem por isso deixará de gostar de saber ou de ver. Eu não posso viver num palácio veneziano e, no entanto, adoro ver fotografias deles. Ou coisas assim. Ou não tenho onde ir aperaltada com belos vestidos Armani e, no entanto, o que eu gosto de ver esses vestidos. Não sinto qualquer inveja do que vejo, sinto apenas curiosidade. E gosto de ver.

Bem, isto vai longo e eu, quando comecei vinha era com ideia de falar de um dos livros em particular e, com estes meus pruridos todos, já é tão tarde que estou a ver que já não vou conseguir.

Vou mostrar. Já me decidi.

Não sei se alguns já tinha mostrado antes. Creio que não, mas não ponho as mãos no fogo.



Vidas instáveis - António Mega Ferreira com pinturas de João Queiroz da Editora Abysmo
Da cegueira dos pintores - Júlio Pomar, edição do Atelier Museu Júlio Pomar e Câmara de Lisboa
* De Mulher para Mulher - Mónica Campos da Editorial Estampa
* A mulher certa - Sándor Márai da D. Quixote
* O Amor Louco - André Breton da Editorial Estampa
* À mesa do amor - Joaquim Pessoa da Litexa Editora
* Morte no Verão - Yukio Mishima da Editorial Estampa


Os livros marcados com * foram comprados em saldo, a 5 euros cada



Portugal na queda da Europa - Viriato Soromenho Marques da Editora Temas e Debates
A ironia do projecto europeu - Rui Tavares da Editora Tinta da China
Portugal, A economia de uma Nação rebelde - José Manuel Félix Ribeiro da Editora Guerra e Paz
Jorge Coelho, o Todo-Poderoso - Fernando Esteves da Editora Esfera dos Livros
Às terças com Morrie - Mitch Albom da Editora Sinais de Fogo
Desenhar Nuvens - José Manuel Castanheira da editora Caleidoscópio com o apoio da Câmara de Almada



Destes, há livros que são uma beleza só ao toque como o último, Desenhar Nuvens. Que livro maravilhoso! Tirei algumas fotografias também ao interior porque é uma preciosidade mas não mostro já porque quero saboreá-lo com tempo e depois logo vos conto e mostro. E há um, de que ouvi falar faz tempo ao querido Leitor dbo e que só hoje descobri, o Às terças com Morrie, de que até já tinha aqui o post idealizado na minha cabeça. E há outros que folheei e que me parecem apelativos. E há as palavras de Júlio Pomar e eu adoro ler conversas ou ideias de pintores. Estava a pensar transcrever aqui um bocadinho mas alonguei-me tanto com as minhas hesitações que agora daria para muito tarde. Fica para outro dia. E o do Viriato que deve ser muito bom porque dali nunca nada desilude mas que o meu marido já daqui mo surripiou e já o começou a ler. Depois a ver se vos consigo falar dele. (Peço ao meu marido para fazer um resumo...)

E, com isto, fico com a sensação que mais valia ter estado calada e falar logo dos livros em si em vez de me pôr sem saber se havia de falar ou não. Agora tenho que me ir deitar e vocês devem ficar a achar que sou mas é maluca e que as minhas hesitações não interessam para nada, o que interessava mesmo era o que estava dentro dos livros e de que nem falei.

Ai.

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A música é Possibility por Lyke Li

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Relembro: Cenas escaldantes entre o Cristiano e a menina Irina e cenas de bradar aos céus da autoria do Imperador CR7 são já a seguir. E um puto que dança que dá gosto é ainda um bocado mais abaixo.

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E eu, por agora, por aqui me fico. Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça feira.


terça-feira, dezembro 17, 2013

Manifesto 3D (do Daniel Oliveira, Carvalho da Silva, Ricardo Araújo Pereira, Isabel do Carmo e outros), Partido Livre (do Rui Tavares), MPT (talvez com o Marinho Pinto), e BE, CDU, PS e os mais que se lembrarem de aparecer para pulverizar completamente a esquerda: um festim para os nossos queridos da coligação CDS & PSD. Os da direita não costumam ser muito inteligentes mas são espertos. Em contrapartida, aos da esquerda, que se acham muito inteligentes, falta-lhes esperteza. A continuar assim, isto não vai correr bem.





Eu não me revejo no PCP onde há gente honorabilíssima mas onde subsistem hábitos controleiros e uma atitute tendencialmente conservadora e sectária, nem no BE onde há uma leviandade intrínseca e uma não objectividade nos momentos críticos, nem sequer no actual PS. Posso concordar com algumas coisas de cada um destes partidos, posso ter maior sintonia com o PS (apesar de não haver empatia entre mim e a actual direcção do PS), mas a verdade, verdadinha, é que acho que esta gente deveria ir toda tomar banho, mudar de pele, repensar a sua vida, pregar para bem longe, para Marte, por exemplo, chatear outros, pentear macacos, qualquer coisa. O mundo mudou e os partidos não. As concelhias, distritais, as juventudes partidárias, tudo isso me parece velho e relho, anquilosado, castrador, coisa a tresandar a naftalina, uma gente que vive para se preservar, alheada do que se passa de novo no mundo.

Claro que o exemplo acabado dos compadrios, do regabofe primário, da incultura mais básica se pode encontrar no PSD. O CDS é outra coisa, o CDS é um grupo de equívocos, uma banda de garagem atrás de um vocalista histriónico e que, qual eucalipto, seca tudo à sua volta. O CDS actual, como é maioritamente constituído por gente sem grandes escrúpulos, monta-se em cima de quem estiver no poder. O eleitorado vai provavelmente dar-lhes um valente chega para lá a menos que se apresentem coligados, o que camuflará um bocado a origem do desastre. De qualquer forma, entre uns e outros venha o diabo e escolha.

Quando agora forem as eleições ponho, pois, de parte o PSD e o CDS, depois ponho também de parte o PCP e o BE e fico muito na dúvida quanto ao PS embora o PS costume ter grandes deputados europeus.

Mas a verdade é que o PS do Totozé Seguro me incomoda. Não é um partido mobilizador, inspirador. Nem um pouco. Parece mais do mesmo. Uma seca. É gente que gosta de empatar no meio campo (e até parece que percebo de futebol) e que tem a maior dificuldade em mobilizar-se para rematar à baliza. Enrolam-se, titubeiam, hesitam, vacilam, uns tarantantam que me dão nervos. Dá-me vontade que apanhem um susto para ver se esta mole espapaçada sai de cena para que as águas deixem de parecer um pântano, para que tenhamos águas límpidas. 

E até quase que sou levada a crer que talvez o regime esteja a precisar de uma fractura para se reorganizar mas, ó senhores, faz sentido aparecerem manifestos e movimentos e novos partidos como se fossem cogumelos?

Vozes lúcidas, bem intencionadas, gente de boa vontade... mas todos divididos...?! Acharão que, assim, vão a algum lado? Umas pombinhas da catrina, lá vai uma, lá vão duas, três pombinhas a voar. Ingénuas, bem intencionadas, umas pombinhas prontas para serem imoladas.

Não percebem que com esta divisão da esquerda, os chico-espertos da coligação PSD+CDS esfregam as manápulas de contentamento?

Não faria sentido que esta gente de bem se organizasse num único movimento e, tendo expressão, se juntassem em coligação com o PS?

Não faria sentido que, por uma vez na vida, fossem pragmáticos e pensassem em rematar à baliza de vez?

Sorte macaca.