quinta-feira, janeiro 31, 2013

Para quem apenas quer fazer amor com o jardineiro (e eu percebo que o queira), aconselha-se a versão com pouco açúcar. Válido também para quem tenha os mesmos instintos mas com o pedreiro. Quanto ao padre, enfim, já não digo nada. E para quem queira ter maiores seios, aí talvez seja preferível fugir de dietas. Este post tem como destinatárias principais as mulheres (e os homossexuais e os transgéneros) e como destinatários secundários os aprendizes de sedução.


Para saberem a minha opinião sobre a remodelação do Passos Coelho - sui generis como é sui generis tudo o que sai dali, revelando incompetência em toda a linha, até nisto - aconselho que desçam um pouco mais.

E se quiserem saber algo mais sobre o famoso abraço de olhos fechados, revelando muito amor, entre António Costa e Passos Coelho, é também descer um pouco. 

Este é o terceiro post desta leva, e é muito a sério. Os dois primeiros são sobre brincadeiras enquanto este aqui, agora, é assunto sério: é chegada a hora Coca Cola. 

Uma vez mais informo que este post é para meninos e meninas. Para as meninas é um consolo para a vista. Para os meninos é algo em que deviam pôr os olhos. Vocês, homens, que me estão a ler, costumam fazer coisas assim...? Ah não?! Então está na hora de verem como se faz.

(Já agora, uma declaração de interesses: informo que não aprecio, mas nem um bocadinho, Coca Cola, é gasoso demais para o meu gosto e deve saber ao mesmo que os desentupidores de canos sabem. Como não provei nem um nem outro, não posso garantir.)

Este anúncio do jardineiro é o mais recente e é giríssimo. Depois é ir recuando no tempo (não sei se respeitei a cronologia mas isso é completamente irrelevante) e ir admirando a criatividade e o profissionalismo na interpretação. Se forem sensíveis a obras de arte, permito-me sugerir que apreciem os corpinhos dos cavalheiros.












*

Se, para além dos posts aqui a seguir, em baixo, tiverem ainda paciência para ir fazer uma visita ao meu Ginjal (e daqui envio o meu agradecimento a todos quantos votaram nele - e no UJM também), aviso que hoje o tema, por lá, é, assim... nem sei bem como dizê-lo, a modos que a revolta não da Bounty mas de uma mulher insatisfeita e mais não digo. A inspiração foi um poema de David Mourão-Ferreira. A música, no ciclo dos Grandes Intérpretes, agora ainda com Glenn Gould ao piano, é uma interpretação de Prokofiev.

*

E nada mais, por hoje. Tenham, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira!

quarta-feira, janeiro 30, 2013

E por anedotas: alguém me explica que remodelação governamental é esta anunciada pela comunicação social, desvalorizada por Passos Coelho, contestada por Álvaro Santos Pereira...?



Não garanto que esta fotografia seja verdadeira, pode ser montagem
Ou, então, é o Álvaro, o desafiador (ou melhor, o challenger), esse grande malandreco


E que atitude foi aquela do Álvaro ao aparecer na AR com o emplastro a tiracolo e com mais outro que está de saída? Uma bravata? 

O Álvaro tem estatuto de quem não bate bem da bola, já se permite fazer gracinhas destas.

E como se sentirão aqueles que a comunicação social diz que estão já com um par de patins ouvindo Passos Coelho dizer que são umas pequenas alterações, ajustamentos, como quem diz que são insignificâncias, coisa sem importância? 

Cito o ex-Doce (e imaginem-me a fazer aquela piroseira dos dedinhos no ar a fingir que são aspas) a falar da remodelação: “não terá dignidade para ocupar grande destaque político no debate interno"

Só faltou dizer, com aquele ar esbranquiçado*, que nem vale a pena falar-se do assunto porque os que estão de saída são umas nulidades.

Coisas destas é que me animam: tenho sempre esperança que mais umas quantas destas, dossiers geridos com os pés, aquela maltinha acabe toda à estalada, uns com os outros.


* - Será que estou a ser politicamente incorrecta ao dizer que o ex-Doce é um esbranquiçado? Se disser que a mulher dele é mais escurinha, certamente que estarei mas, dizendo que ele é um branquelas, estarei a portar-me segundo a cartilha das boas maneiras dos catequistas de serviço? Aqui fica esta magna questão.

/\

Para quem aterrou agora aqui, informo que este é o 2º texto de hoje. Abaixo poderão ler o mistério que atravessa o país: porque caíram o António Costa e o Tozé nos braços um do outro? 

E a ver se ainda volto aqui hoje.

António Costa cai nos braços do Tozé Seguro num apertado abraço. 'Agarrem-me se não vou-me a ele, agarrem-me, agarrem-me...!' - e, quando o soltam, fica a esbracejar em seco e vai cair nos braços do outro...?! Alguém me explica, se faz favor?!


Tenho um amigo, mais velho que eu, filho de um homem republicano dos quatro costados, democrata puro, daqueles que se bateu na oposição, nas prisões, fundador do PS, amigo chegado da velha guarda do PS. O pai deste meu amigo morreu há uns anos mas o filho sempre foi e ainda é amigo de muita dessa gente, e, em especial, dos filhos dessa gente de ideais puros, exigente, culta, de nobres princípios.

Este meu amigo sempre disse, e lembro-me de o dizer talvez há já uns vinte anos anos (credo... o tempo passa a correr...), que havia no PS um tipo muito inteligente, um tipo muito válido, um tipo que ainda ia dar que falar, um tipo com capacidade para vir a liderar o PS. Esse tipo era e é o António Costa. Na altura eu mal sabia de quem é que ele estava a falar.

Quando começou a aparecer, pude sempre constatar que, de facto, é inteligente. Fala claro, tem ideias claras, tem um discurso frontal e corajoso.

No entanto, para minha surpresa, dá ideia que, quando tem oportunidade de se chegar à frente e cumprir o destino que lhe parece destinado, vacila e não dá o passo em frente que se espera.

O que se passou ontem à noite a mim não me encaixa. 


O Tozé até fecha os olhos tal a ternura que lhe subiu ao peito  com o inesperado abraço do  António Costa
- ou será que isto é apenas um episódio da linda história de afecto entre dois simples sentimentalões?
Ou terão descoberto que, afinal, são irmãos? Ou meio-irmãos (dada a diferença na  coloração)?
Ou um é o filho de que o outro andava à procura há muito tempo?
Ou uma outra coisa qualquer que justifique este arrebatamento...?
Dão-se alvíssaras a quem souber informar.



Vejo o António Costa abraçado, num apaixonado abraço ao Tozé, e ouço-o a falar em pacificação e união do partido e não percebo que raio de coisinha má lhe tolheu os passos e o deixou a falar fininho.

Prova de inteligência? Estará à espera de melhor altura? 'O melhor milho é para os pardais', pensará ele? 

Não sei. Eu não percebo, é um mistério.

A ideia que passa é que é daqueles valentões que só têm é garganta.

Se não é isto, então que alguém, se faz favor, me explique.

Ora bolas para esta política (e agora escrevo com minúscula) que já parece uma brincadeira de patetas. 

Fogo! Qualquer dia sou eu mesmo que me chego à frente. De certeza que as mulheres na politica não andavam para aqui com tanta mariquice.

*

Talvez ainda cá volte.

António Costa, o senhor que se segue no PS? Espero que sim. É tempo da Política voltar à sociedade portuguesa. Pergunto: António Costa, Rui Rio e Paulo Portas são os senhores que se seguem na política nacional...? Não me pareceria mal. A ver é se António Costa, uma vez mais, não se deixa ficar pregado ao chão.


Só pelo sentido de humor que se lhe conhece, já eu o prefiro a ele. E é convicto, e não é ambíguo, e não se presta a meias-palavras, e é inteligente, e avança de peito feito. E sabe ao que vai e vai por boas causas

Por isso, só espero que avance e que, a seguir, o PS lhe dê o voto para que ele vire a mesa - que esta mesa está mesmo a precisar de ser virada.


António Costa


Além disso, já o disse aqui algumas vezes: a gente deve sempre ver como é que são as mães deles. Geralmente isto aplica-se a outras situações e não a esta mas, assim como assim, se as mães são gente boa, isso já é um bom salvo-conduto. E a mãe de António Costa, Maria Antónia Palla, é uma grande mulher.

Quando no outro dia se falou nas conversetas entre António Costa e Paulo Portas, pensei logo que talvez funcionasse bem. Paulo Portas, quando anda em boas companhias, porta-se bem (veja-se a dupla Paulo Portas/Miguel Esteves Cardoso). 



Paulo Portas e António Costa, dois Políticos
(a maiúscula não é por acaso, apesar de, na maior parte das vezes, eu não estar de acordo com Paulo Portas)



Além disso, teria graça ter a trabalhar juntos dois políticos filhos de mães com personalidades tão marcantes, Maria Antónia Palla e Helena Sacadura Cabral. Capaz de acreditar que fariam uma dupla de sucesso: eles na linha da frente e as mães, na retaguarda a aconselharem-nos e a darem-lhes apoio. 

É claro que os meus Leitores homens devem estar a franzir o sobrolho, oh menina! isto são lá argumentos políticos que se apresentem...? 

Pois é, meus Caros, uma coisa vos digo: a maioria do eleitorado é feminina. E as mulheres são, tendencialmente, muito intuitivas. E a intuição, meus caros, é um short cut da inteligência. E os atalhos nem sempre são facilmente compreensíveis, só o são para quem conhece bem o terreno. Por isso, não tentem racionalizar demais senão perdem-se no caminho. Limitem-se a acreditar no que uma mulher vos diz. As mulheres votarão no António Costa (enquanto torcem o nariz ao ar de sobrinho de tia beata do Tozé Seguro) e aceitarão bem que ele se amigue com Paulo Portas. E, por isso, com esta alternativa no terreno, já Cavaco Silva se sentiria mais confiante para pôr o Passos com dono.

Claro que há também Rui Rio, competente (ah... os senhores da cultura do norte não me vão perdoar esta), honesto, inteligente. Seria também bem vindo a um governo nacional. 

A ver vamos. Enquanto escrevo ainda não consegui perceber se António Costa, uma vez mais, não fica para ali a marcar passo enquanto o Tozé faz beicinho a queixar-se das deslealdades.

*

Bom, este já é o meu quarto post de hoje. Por isso, se estiverem para isso, vão deslizando por aqui abaixo que hoje há para todos os gostos. E agora vou responder aos comentários pois li há pouco um comentário que me fez muita impressão. Por isso, não sei se conseguirei tempo para hoje ir até ao Ginjal. 

*

E despeço-me já por aqui. Tenham, meus Caros, uma bela quarta feira!

terça-feira, janeiro 29, 2013

Protesto! Então a que propósito é que nesta mini-remodelação o Passos Coelho correu com o emplastro?! Um trabalhinho tão bom que o Carlos Nuno Oliveira estava a fazer.... Oh que pena.



Carlos Nuno, o emplastro, sempre pregado atrás de ministros a sorrir para a câmara
Até de cavaco Silva ele já se pespegou atrás.

A pose não engana: tínhamos homem.

Agora, olhem, azarinho: foi-se


Ora bolas. Mais um estadista de mão cheia que sai do Governo. Assim não dá...! Como é que este País agora vai conseguir ir em frente sem tão ilustre figura como Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação? 

Lá vai ficar o Álvaro sem tão precioso ajudante.


4 grandes estadistas.

Pergunto-me: face a estes exemplares qual o significado da palavra 'estadistas'?

*

Meus amigos, hoje está a dar-me para isto. Desçam um pouco mais que este hoje já é o meu terceiro post. Não se fiquem por aqui que os de baixo são melhores (... presunção e água benta cada um ... não me lembro do resto mas devia rimar com isto e não me ocorre nada que faça sentido e rime com benta; jumenta não deve ser)

E, se tiver tempo, ainda cá volto.

Carla Bruni e Kate Moss andam como gatas mostrando o sentido de humor e a irreverência de Vivienne Westwood. E, para que não vos falte nada, os modelitos para a Primavera/Verão 2013


Carla Bruni e Kate Moss desfilam para Vivienne Westwood, alguns anos atrás. Delicioso o sentido de humor delas três. E a ver se as meninas minhas Leitoras se inspiram nelas para surpreenderem os namorados ou os maridos (a menos que eles sejam uns chatarrões e não mereçam). As que não tenham companhia nem de uma espécie nem de outra, podem inspirar-se na mesma para estarem preparadas para quando algum aparecer no vosso pedaço. 

A seguir, o desfile Primavera/Verão 2013 - para que as meninas escolham o que querem vestir (e para os meninos escolherem uma pecinha para surpreenderem as namoradas ou as mulheres, que nada como uns pormenores de imprevisibilidade para aumentarem a vossa graça).

NB 1: Os chatarrões que não apreciem estes meus conselhos podem ir já direitinhos ao Relvas, pode ser que lhe achem graça, está bem?

NB 2: E caso não achem graça a nada disto, olhem, não me levem a mal. Hoje estou com uma certa dificuldade em portar-me bem.









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No post abaixo deste as últimas do Relvas. 
A ver se não nos distraímos demais com isto do PS porque convém que alguém esteja de olho no Relvas.

*

E, em princípio, ainda cá voltarei.


Relvas diz que RTP precisa de um parceiro tecnológico. 'Eiz-io' em acção. Ah ganda Relvas!


O braço do Relvas é longo, chega a todo o lado


Transcrevo do Expresso:


Miguel Relvas anunciou esta manhã no Parlamento que o plano de reestruturação da RTP, que lhe deverá ser entregue pela administração da empresa até 1 de março, terá de incluir a participação de "parceiros tecnológicos que permitam desenvolver uma forte dimensão tecnológica". Uma postura que abre a porta à entrada na RTP de um grande operador de telecomunicações, como a Portugal Telecom ou a Zon - dois nomes que têm sido ventilados nos bastidores governamentais.

Bruno Dias, do PCP, não deixou passar esta insistência do ministro, quis saber se o Governo quer "um parceiro tecnológico para tudo", e foi direto ao assunto: "Quer colocar a PT ou outra qualquer PT dentro da RTP?"

Ou a Zon de Isabel dos Santos?, pergunto eu.

Ou seja o que for... O que ele quer é negócio, contactos, influências... Eu não disse no outro dia que fura-vidas do calibre do Relvas ganham sempre? Fecha-se a porta de um lado e aí está ele já a esfregar as mãozinhas, anda cá que és meu.


*

Em princípio ainda volto.

Dame Vivienne Westwood a nu




Dame Vivienne Westwood, nascida Vivienne Isabel Swire em 1941, é inglesa, estilista, mulher de negócios, mulher de causas. Uma mulher livre.

Inicialmente ligada à moda punk, rock 'n roll, coisa da pesada, foi evoluindo para vestuário ligado à história, depois ao romantismo. Verdadeiramente uma mulher de vanguarda, uma mente aberta, alguém que desconhece barreiras ou condicionalismos. Vive agora com um anterior aluno, Andreas Kronthaler, nascido em 1952,  giríssimo (o tipo de homens que acho o máximo), mas já antes tinha sido casada, creio que umas duas vezes. 




Tem dois filhos. Veste princesas, nomeadamente as da família real inglesa, tal como vestiu Carrie Bradshaw para o casamento no filme Sex and the City e tal como veste personalidades ilustres de todo o lado.




Quando foi receber a Order of the British Empire das mãos da rainha Isabel no Buckingham Palace, cá fora, ao rodopiar para que vissem o movimento da saia, os fotógrafos, que estavam num nível mais baixo, apanharam-na... sem cuecas. 




Ao ver a fotografia, a Rainha achou muita graça e Vivienne ainda mais.

Já antes, em 1989, tinha feito outra das suas. Apareceu na capa da revista Tatler vestida, arranjada e com a pose tal e qual de Margaret Thatcher. Tal, tal e qual.




E, por cima da fotografia a inscrição: esta mulher foi, em tempos, uma punk. O vestido que usou era um que tinha sido encomendado pela Thatcher mas que esta ainda não tinha usado. Thatcher quando viu ficou fula da vida, fula. Vivienne, pelo contrário, adorou a paródia.

Peças suas têm estado patentes em numerosas exposições. Se inicialmente a inspiração lhe vinha de prostitutas, gente da rua, das bandas de hard rock, agora a sua inspiração é global, cosmopolita, romântica, prática, requintada. Gostava muito de ter uma peça de vestuário dela (querer não custa dinheiro, ora...)

Vivienne não vê televisão, não lê jornais e dedica-se à jardinagem. 

Como se não bastasse surpreender o mundo com a sua obra, resolveu surpreender o mundo com o seu corpo. 




As fotografias não são de agora. São de há três anos, quando tinha 68 anos. Deixou-se fotografar sem pudores, coisa que nunca teve em grande escala, pelo seu amigo, o fotógrafo Juergen Teller, nascido na Alemanha em 1964, conceituado fotógrafo de moda e artista. 

Decorre desde dia 23 de Janeiro e até 17 de Março uma exposição em Londres, Woo, no Institute of Contemporary Arts, onde estas fotografias podem ser vistas, estas e outras, bem entendido. 

Olho agora para ela, descontraída, confiante apesar da barriga gorda, do peito descaído, das peles dos braços e acho-a fantástica: sorridente, irreverente, com uma alegria intrínseca que a torna uma eterna criança, sem maldade. Uma mulher inteligente, interessante. Para ela viver deve ser uma coisa muito boa. Vê-se isso no que diz, na forma como ri, na forma como luta pelas suas causas, na roupa que imagina, nos desfiles que produz. Na forma como se despe. Na forma como não esconde o seu corpo, a sua idade, a sua história.


*

As fotografias não têm grande qualidade, tem má resolução, se as ponho pequenas vêem-se mal, se as aumento, ficam pouco nítidas... mas vocês já sabem que eu escrevo isto à noite, e hoje, uma vez mais, só me consegui sentar ao computador às 10 e tal (e já escrevi o Ginjal e já respondi aos comentários, pelo que, aqui chegada, o sono acaba por se impor). Ou seja, agora, quase 2 da manhã, sei as fotografias que quero, vou à procura delas, mas não tenho já força para procurar imagens com melhor definição. Por isso, peço desculpa mas vão mesmo estas - e eu sei que é pena, que o motivo mereceria mais qualidade. Mas não se pode ter tudo (e eu tenho mesmo que ir dormir).

E, como vos disse, escrevi no Ginjal e muito gostaria de vos ter por lá. As palavras de hoje deslizam num rio espelhado como gaivotas depois da acalmia. O poema que pegou na minha mão foi um muito bonito e muito a propósito, da Inês Lourenço. Na música, continuamos nos Grandes Intérpretes, Glenn Gould. Por isso, se forem lá, talvez vos possa recomendar que leiam o texto e o poema enquanto o ouvem. Toca Bach e é um som que parece vir dos céus.

*

E, por hoje, apenas isto. Aliás, corrijo: se descerem um pouco mais verão o que era para ser um texto e ficou à espera de melhores dias e, a seguir, um belo poema da Leitora Era uma Vez.

E, agora sim, despeço-me: tenham, meus Caros Leitores, uma bela terça feira!

Fizeram um deserto e chamaram-lhe paz


Hoje vinha com a ideia de escrever um texto sobre esta frase proferida há quase dois mil anos por Tacitus.  Mas, agora que aqui estou, não me apetece. Apetece-me falar de coisas amenas, não de desertos, não de manipulações, não de hipocrisias ou parvoíces.

Por isso, fica em aberto. Amanhã ou outro dia que me apeteça, logo escrevo.
.

segunda-feira, janeiro 28, 2013

'Era o pinheiro mais alto aqui do bairro' - a palavra de 'Era uma Vez'


Há dois anos um golpe de vento derrubou uma árvore.
Uma grevílea.
Não quis que se serrasse o tronco, esperando que rebentasse.
Algum tempo depois, constatando-se que não nascia e, com muita pena,
assenti a que se serrasse o tronco lá em baixo (ainda se vê).

Para nossa surpresa e alegria, despontou uns meses depois.
Tem sido acarinhada como uma fénix.
Até o meu marido, no verão, vai com uma garrafa de água refrescá-la.

Fotografei-a ontem, uma resistente.




Era o pinheiro mais alto aqui do bairro
o único dos quatro iniciais
e o arquitecto a fazer o desenho
sem lhes tocar
e eu a gritar-lhe
nem um risco a mais

Altaneiro
parecia um farol sem faroleiro
atrevido deu em rachar o muro alto do vizinho
e o perigo era grande e espreitava e eu fazia de conta e assobiava
adiando o inadiável...

Era Janeiro e o meu pai partia
ele que o defendia e aconchegava
então pois tem de ser
marcou-se o dia
e o meu coração atormentado
inventava uma espécie de milagre
por acontecer

Ao cair da noite
olhei e demorei o olhar
mal sabes tu que será a última vez que anunciarás o nascer do sol
e o dia vinte de Janeiro a começar

Fugi antes do crime
embrulhada num casaco velho e quente
atravessei avenidas e ruelas
nos meus ouvidas as maquinas e as serras
e só voltei a custo ao fim da tarde

fiz o luto dos dois adoecendo
porque era uma postura única
desassombrada
um estava já velho e doente
o outro não, presente
e a vida roubou-me os dois
tão indiferente
como se não doesse nada

Quando os dias cresceram de novo
e aqueceram
e eu voltei ao meu pequeno mundo
reparei que o céu era maior e mais azul
e da varanda agora via a serra e o castelo como nunca vira
e que é verdade
que Deus fecha uma porta abrindo
sempre uma janela
pois é
e há um lugar dentro de nós
onde se guardam os pais, os amigos, os amores, os pinheiros
e os nossos queridos bichos
como de fosse a nossa arca de Noé

ainda hoje o lembro com culpa e com saudade
quando no lugar onde ele estava me deito e sonho
e olho o céu

e espreito o sol nascer como ele espreitava...


[Poema da Leitora 'Era uma Vez' a quem muito agradeço]

O dia em que as árvores, in heaven, choraram. Muitas árvores caídas, muitos ramos partidos. Muita tristeza atenuada pelo conforto das palavras dos Leitores. E a vida continua.


A casa húmida, fria. Trazemos os pés molhados da rua e não há tapete que os seque. As pegadas ficam marcadas na tijoleira, rastos da névoa que hoje tive colada a mim.

Uma chuva persistente, fria. O chão, cá fora, cheio de água e todo coberto de folhas verdes arrancadas às árvores, pontas de ramos. As árvores pingam como se chorassem. Todo o dia.

O damasqueiro ainda não começou a despontar e com os seus ramos nus traça um desenho desolado no céu. Avanço a medo. O meu marido diz-me que há mais árvores perdidas.



Compreendo-a muito bem, quando cortaram o olival à minha porta (...) fiquei um mês sem falar.... Rosa Amarela



O pinheiro deitado. Verde, viçoso. Espera certamente que eu, mãe cuidadosa, o pegue ao colo, o levante. O banco que o meu pai tão amorosamente fez e montou para que a filha e os netos e os bisnetos nele se sentassem agora parece ajoelhado.



UJM, não tens por aí um vizinho ou dois, que possuam tractores? Se tiveres, tentem com cordas, puxar o pinheiro no sentido contrário àquele em que está tombado.Se o veio principal da raíz não tiver sido afectado, ele volta a agarrar-se à terra. Boa sorte, minha amiga!. Bartolomeu



Ao cair, levantou o chão, partiu o banco no sítio onde tombou. O vizinho e um cunhado apareceram para ajudar mas não vêem como. Dado o local onde está, é impossível que lá cheguem tractores, máquinas. Impossível. Nem têm onde agarrar uma corda, nem um sítio alto que possa ser usado como roldana. É um peso que não se move. Irão ver se pensam nalguma forma mas não estão a ver como. Eu dou sugestões, quase imploro mas eles olham desolados para mim e para o grande pinheiro que jaz por terra.

Comovida, eu que não costumo rezar, vou dizer baixinho uma pequenina oração de força que a Maria Eduardo me enviou:

Oh meu Pinheiro Querido,
levanta-te de mansinho,
ergue-te, respira o ar puro da serra,
enche os teus pulmões da luz da esperança,
Vá, espreguiça-te, ergue-te,
abre os braços e agarra-te a mim,
aperta-me bem forte,
assim, com garra, 
e deixa que a minha energia penetre em ti e te dê 
força de viver para voltares a ser VIDA!



Depois os vizinhos trazem moto serras e vão cortar o meu cipreste, tão digno mesmo agora que está a ser decepado. Cortam o tronco que estava na estrada, cortam o tronco que tinha ficado preso à terra.



Torço por si, claro! Também eu gosto muito desses seres silenciosos e circunspectos chamados árvores. Gosto de os ver, de os fotografar e até tenho uma amiga muito especial, uma árvore muito bela que mora na EPAL na Marquês da Fronteira ao cimo da Artilharia Um. É a mais linda árvore de Lisboa! Joaquim Castilho



Mas eles são práticos. Dizem-me, Isto é mesmo assim, são coisas que acontecem, por aí, por todo o lado, foram telhados que voaram, árvores que caíram, estragos muito grandes, o vento soprava de baixo e parecia que queria arrancar tudo. Mas, com este aqui, vai ver que ainda vai gostar de se aquecer com o calor que ele vai deitar.



Este inverno tem sido muito rigoroso, hoje mais um dia de muita chuva...o temporal do fim de semana passado, foi horrível!!! Oxalá consigam salvar o seu Pinheiro, já que o Cipreste não foi possível. É bem verdade, a Natureza tem destas coisas, ora nos dá maravilhas, ora nos tira as que tínhamos!! Não perca o seu lado bom de ver as coisas...aquele que sempre partilha connosco. Depois da tempestade vem a bonança.
MCP



Depois, quando cortavam o resto do tronco, e eu desolada os fotografava para disfarçar a minha tristeza, um deles disse, talvez para me consolar, davam quatro banquinhos para os meninos. E eu olhei e já não parecia o meu cipreste alto, elegante, que ondulava com o vento. Agora eram quatro banquinhos (na fotografia apenas se vêem três, mas são quatro). Vão ser quatro banquinhos onde os meus quatro meninos se vão sentar e, quando estiverem sentados neles, eu vou pensar que foi a forma que o meu belo cipreste arranjou para brincar de pertinho com os meus menininhos.



Temos inúmeras fotografias ali sentados, desde crianças, com nossos avós maternos, com nossos pais, só nós os irmã/irmãos, com sobrinhos e até de nossos antepassados todos ali abrigados na sombra frondosa daquela figueira centenária. Enfim, um período que passou, como passamos todos. Triste. Outro dia estive por lá e ali sentado no banco de pedra construído ao tempo da velha e saudosa figueira, deu-me para, com um dos meus irmãos, recordar tempos passados, da nossa meninice. A velha figueira foi-se, mas ficaram os afectos e a saudade. Do que ela nos deu – sombra, figos, repousantes momentos, etc – e que não se esquecem. Tenho pena de não ter uma foto com o nosso neto, nela abrigado do sol. P. Rufino



Era uma árvore alta, uma de três. Plantei os três ciprestes para guardarem a casa, cupressus semprevirens, e eu queria-os eternos, a guardarem a minha memória. Agora são só dois. Dois irmãos que resistiram, que guardarão a minha casa, a minha memória, aqui foi a casa da mulher que gostava de nós como se fôssemos os seus irmãos, dirão eles quando soprados pelo vento.



Compreendo a sua angústia, ainda que concorde com o seu filho quanto à obra da Natureza. É assim: a morte a e a vida sempre entrelaçadas. A nós, custa-nos, mas se pensarmos no ciclo do tempo natural, vemos que tudo é necessário à continuação dos seres e está bem. As árvores, todavia, parecem muito próximas do nosso sentir mais profundo (são símbolos cósmicos, que estabelecem a ligação entre os vários planos do mundo), pelo que vê-las caídas perturba. A Matéria dos Livros



Pela mão de Ana de Sá:

(colhido em António Ramos Rosa)
"com a árvore partilhamos o mundo com os deuses
UJM – mulher/deusa – para sempre, nos seus afectos, sentirá 
o canto do vento [no seu cipreste] 
(apanhado em Maria do Rosário Pedreira)
Em jeito de abraço/flor/fruto, 
Del ciprés
Del ciprés enhiesto en la llanura
los días afilan las sombras.
La soledad, agachada, lo ve.
Y huye sin querer que se lo nombren.
Héctor Rosales



Agora é um monte de lenha para arder nos dias frios e quatro banquinhos. Fotografo e já não é um cipreste alto e cheiroso, agora são quatro banquinhos e é um monte de lenha, e um dia esta lenha vai misturar-se com outra lenha qualquer e vai arder como uma lenha qualquer e vai transformar-se em cinza branca igual à cinza de uma outra árvore qualquer. Ficarão os quatro banquinhos.



Creio que sei bem o que sente. Lamento, lamento muito! Na mesma altura, aqui na quinta que olha o sagrado da cidade, mas onde usualmente não moro, tive também devastação. Descrevi-a na primeira parte do poema "Temporal"
. J. Rodrigues Dias



Veio na noite forte o vento
E pequeno rebento,
Arbusto,
Criança
Da raiz arranca
Como frágil botão…
Mais forte cresce aquele vento
E cedro viçoso tomba uivando em destruição…
Mais forte ainda e adamastor o vento
E no medo e desalento do homem
É outro cedro
E outro
E outro ainda,


Mas mais árvores estavam tombadas, arrancadas. Grande foi a violência deste inclemente vento. A medo, um soluço preso na garganta, fui andando. Aqui abaixo uma grande aroeira. Nasceu arbusto e nós fômo-la convencendo a tornar-se árvore. Podando, carinhosamente podando, e ela crescendo, grande, bela, muito cheirosa. Quando aparava os seus ramos ficava um cheiro doce no ar. Agora jaz por terra, vencida. Curta foi a sua experiência como árvore.



E tem razão, é uma vida que se perde. Ainda por cima perdeu o outro, que foi cortado. Este mau tempo tem feito estragos que é de fazer dó. Vêem-se árvores por terra, culturas arrasadas, anos de trabalho perdidos. O seu filho diz bem, é a Natureza e, de vez em quando, mostra-nos a sua força. Nessas alturas sentimo-nos tão pequeninos
. Olinda Melo



É a natureza, sim. A natureza que, por vezes, se revolta. Acts of God, force majeure. A nossa insignificância perante a força destrutiva do ar que antes parecia brando, inocente. Respirávamos este ar, e nem lhe percebíamos a presença. Depois insurge-se, e parte, em cólera, devastador. E nós percebemos que somos tão pouco.



A Natureza usa os "elementos" para lembrar ao "homem" o mal que este lhe tem feito
. jrd



Caminho à chuva, andando devagar, temendo o que mais irei ver. 

Os pequenos pinheiros, os últimos a terem sido plantados, também estão tombados, vergados, foi forte a força do vento. Mas a esses ainda vai ser possível valer. Meus pequenos pinheiros. Tantas vezes, ao passar por eles, passo a mão pelas suas ramagens, ou pego nelas e aspiro o perfume que exalam. Têm recebido o meu carinho desde que aqui foram plantados. Lembro-me desse dia. Foi o meu pai que os plantou, sempre reclamando pela terra pedregosa, se fosse outra terra cresciam num instante, assim... Mas, com o incentivo da minha ternura, vão vingando. Tomara que cresçam saudáveis, que se façam grandes e vigorosos e que mais nenhum vento os derrube. Tomara.



Uma árvore tem um valor imenso e uma árvore plantada por nós, que cresceu à nossa beira e com o nosso carinho a cuidá-la, é assim uma espécie de filho. Compreendo perfeitamente a sua dor. Isabel




E tantas pernadas partidas. Há uma semana estava muito mau tempo e eu fotografei as árvores caídas à beira do rio. Depois à tarde fui para o cinema. Não me ocorreu que, in heaven, o meu pedacinho de paraíso, também as minhas queridas árvores estivessem a sofrer, braços e pernas partidas, algumas decepadas. 

Junto a este canteiro alto que cobri de azulejos para neles poder escrever poemas de Sophia (este é o amor das palavras demoradas/ moradas habitadas/ nelas mora/ em memória e demora/ o nosso breve encontro com a vida), uma outra árvore. Ainda está presa pela raíz mas como colocá-la de pé se vergou junto ao chão, se recebeu um golpe rasteiro e fatal que a apeou, que a deitou por terra depois do seu breve encontro com a vida?



Quando a leio, lembro-me de P.Valéry
"...Que faire de tout ce passé?
Que faire d'un passé? Mais tu le sais bien! Des phrases!..."
Todos nós temos raízes enterradas em todos os nossos jardins. Haverá mais sábia maneira de existir? E em dias de temporal,os ramos agitados esboçam o começo de um voo... E nós ficamos suspensos da fúria dos deuses da Atlântida. Maria Ana




Mas a natureza mostra-nos, a cada passo, que a vida continua, que a beleza vence sempre, que a cor, a alegria permanecem, são indestrutíveis. As árvores choraram todo o dia mas estas flores erguiam-se exuberantes, quase indecentes. E, ao vê-las, eu agradeci-lhes por me lembrarem que depois de um dia vem outro dia, e que o que o meu mundo é também aquilo que eu quero que ele seja. Curarei as minhas feridas, plantarei novas árvores, viverei intensamente cada instante junto a elas porque não saberei se será o último instante, e a minha memória estará sempre aqui. In heaven.



Com tempo, tudo volta a ser o que era. Ainda bem que o seu pinheiro está de pé. O resto, a Natureza e a sua vontade, vão recuperar.
Maria

Cipreste: Há que plantar outro(s) e rapidamente! A UJM não é mulher para desistir, e ainda o vai ver enorme! E que bonito vai ficar numa 'Noite Estrelada'...
Banco: Espero que consiga recuperá-lo! Esta sim, uma grande perda, pois dificilmente o seu pai poderá construir outro...
Dê um abraço por mim ao seu alter-ego! Antonieta


*

Esta foi também a forma de agradecer, sensibilizada, a todos quantos compreenderam a minha aflição e tristeza, traduzindo em palavras o inestimável valor da amizade. Muito obrigada.

E a vida continua.

*

Caso queiram dar um passeio pela beira do rio, convido-vos a virem comigo até ao meu Ginjal. Hoje, por lá, o enamoramento saboreia-se nas palavras e nos beijos de dois apaixonados. O pretexto foi um poema de José Luís Peixoto. Na música, dou abertura a um novo ciclo. Agora é chegada a vez dos Grandes Intérpretes e começo em beleza, com Glenn Gould, um grande intérprete de piano.

*

E tenham, meus Caros leitores uma bela semana, a começar já por esta segunda feira!

domingo, janeiro 27, 2013

In heaven, com o coração muito apertado


Estou in heaven mas com o coração apertado. Quando cheguei já o sol se punha, um sol glorioso.




Mas ainda deu para ver alguns dos estragos. No outro dia, já aqui tinha contado na resposta a um comentário, quando no domingo passado estávamos no cinema, ligou-nos um vizinho a dizer que estava um cipreste grande tombado para a estrada, que quase impedia a passagem de carros. O meu marido pediu que, se não houvesse alternativa, o cortassem. Com essa perspectiva fiquei logo preocupada mas, optimista como sou, alimentei a esperança que o tivessem conseguido salvar. Nem quis saber durante a semana, com medo do pior.

Afinal, quando chegámos - e tivemos que vir quase parados pois estava a passar um rebanho - logo ele nos alcançou ainda estávamos ao portão: vinha dizer que o tinham cortado. Olhei o sítio onde ele estava, muito desgostosa, a pensar se não teria, de facto, havido outra alternativa. Quase me recriminei por não ter saído do cinema, disparada, a ver se ainda o conseguia salvar, segurá-lo ao colo. Não vim mas, se calhar, não havia mesmo nada mais a fazer. Agora é um espaço vazio, muito triste. Um golpe de vento derrotou o meu elegante cipreste, plantado por mim há muitos anos. Mesmo que volte a plantar outro, levará muitos anos até que se faça como aquele. Agora estava ali, uns troncos ao longo da estrada, um corpo morto. O vizinho disse que o melhor é ser cortado para se aproveitar para a lareira. Apetece-me chorar só de pensar nisso. Que triste que isto é para mim.

Mas o vizinho disse que achava que o estrago não se devia ter ficado por aqui, que, aparentemente, pelo menos um pinheiro grande também devia ter tombado pois já não o viam da estrada. O meu coração quase gelou. Fui logo a correr, numa aflição. 

Mas afinal o meu grande pinheiro, o meu adorado pinheiro, aquele que uma Leitora disse que era o meu alter ego, estava de pé, esse estava de pé, pelo menos foi o que me pareceu de longe. Entretanto, escurecia rapidamente, já mal se via. 

A lua aparecia, eu via-a atrás do portão, perdida no meio da tipuana, e fotografei-a mas apenas para me distrair da minha tristeza.




É que tinha conseguido ver um outro pinheiro, com menos porte mas também já enorme, tombado por terra. Em tempos, quando tínhamos plantado, talvez há uns quinze anos, o meu pai tinha feito, a meu pedido, um banco de madeira, de ripinhas, pintado de verde escuro, à sua volta. Gostava de me sentar lá, à sua sombra, a ver as montanhas ao longe. Este verão lá estive com os meus meninos. Estiveram a apanhar pinhas, de pé em cima do banco.

Amanhã vem o vizinho para ajudar o meu marido, para verem o que se poderá fazer. Eu sugeri que lhe prendessem uma corda e o puxassem a ver se conseguem pô-lo de pé, mas temo que não seja possível, temo tanto. Estou a escrever isto com um nó na garganta, um aperto no coração. Talvez não compreendam. Para mim, ver aquele grande pinheiro em terra é como ver um cavalo muito amigo a sofrer no chão, é como temer que tenha que ser abatido. 

O vizinho diz que só com uma máquina o poderiam levantar mas uma máquina não chega ali. Eu tenho esperança que consigam erguê-lo a força de braços mas temo que não, pois é tão pesado. Uma dor, uma dor... Nem quero pensar. O banco que o meu pai vez também está partido, tudo aquilo está levantado. Como aqui o terreno é só pedra, as árvores devem ter as raízes muito à superfície. Não sei. Ou então foi o vento que foi forte demais.

O vizinho diz que também ficou sem uma oliveira e sem uma azinheira.

Tomara que a nós não tenha sucedido mais nada. Não conseguimos ver pois, entretanto, a noite tombou. Agora só de manhã. Que tristeza que eu sinto. São vidas que se perdem. O meu filho, a quem contei pelo telefone, também ficou triste, percebi-lhe pela voz, mas disse-me que é a natureza. Sei que é. Mas eu queria que estas árvores vivessem para sempre, que me sobrevivessem, que os meus filhos e os filhos dos meus filhos e os filhos dos filhos dos meus filhos sentissem o seu perfume, descansassem à sua sombra, passassem as suas mãos pelas seus troncos rugosos e eternos.

*

Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom domingo.
E, por favor, torçam por mim, para que consigamos salvar o meu pinheiro e para que não tenha tombado mais nenhuma árvore.

sábado, janeiro 26, 2013

Na questão da RTP, o Paulo Portas ganhou e o Relvas foi derrotado? Talvez. Ou talvez não. Passarões como o Relvas nunca são derrotados. A esta hora já anda a fazer contactos para outra coisa qualquer. É que aquilo é o verdadeiro artista, aquilo mesmo só visto e ouvisto...! (E porque gosto de uma bela fofoca: o que andam o Paulo Portas e o António Costa a tramar? Andam para aí com conversetas...? Será...?)


O ministro Vai-Estudar-ó-Relvas apareceu ontem na RTP para anunciar a reestruturação da dita. Depois do João Duque e Companhia terem feito um estudo que foi para o galheiro, depois dele, Relvas, ter feito muitos contactos, e se o Relvas é bom nisso, em contactos, depois de entrevistas de António Borges em que anunciava cenários de concessão, depois de umas quantas reviravoltas e cambalhotas, depois de agora afinal é privatização a 49% e mais uns angolanos terem vindo que queriam a televisão pública portuguesa, então não haviam de querer?, depois do próprio Borges ter ontem também vindo dizer que a privatização estava mesmo para quase já, eis senão quando Paulo Portas, finalmente, conseguiu fazer valer a primeira ideia, e consegue que a RTP não se venda já. 

Claro que o Relvas deve ter logo pegado no telefone e ligado para os amigos a dizer eh pá não é já mas ainda vai ser melhor porque assim a gente limpa aquilo tudo e depois vende tudo limpinho e por tuta e meia - quem não conheça o Relvas que o compre.

E, assim, animado do melhor espírito que se possa imaginar, lá foi ele todo lampeiro armar-se em bom para a frente do José Pisca-o-Olho. Só viso e ouvisto.





Que iam reestruturar e que ia ser doloroso - e fez um ar de quem quer meter medo - e que aquilo custa muito dinheiro aos portugueses - e atirou com um número. E depois - e fez um ar muito responsável - que contava com a participação dos trabalhadores para a razia que quer fazer. 

E eu - que sou muito suspeita: não gosto dele, nunca gostei e nunca hei-de gostar - pergunto-me: como é possível um sujeito destes ainda ser ministro? Até na República dos Camarões com Bananas uma criatura destas já tinha sido posta a andar. 

Com a falta de aproveitamento escolar que sempre teve, saberá ele escrever o número que disse? Gostava de lhe pôr uma folha e uma caneta nas mãos e dizer, ora escreva lá aí o número que disse. E saberá ele como se chega ao número? Gostava de lhe perguntar: mas isso são custos ou são resultados? Ou é dívida? explique lá - era o explicas, sabe lá ele. E saberá ele se aquele número é suportado pelos impostos ou pela publicidade? E que direito tem uma criatura daquelas a impor o que quer que seja que implique redução da qualidade de serviço ou o desemprego de alguém - quando desde que é ministro já fez e desfez, disse e desdisse?

E é doloroso e quer que as pessoas participem? E ninguém lhe diz que se gosta de práticas de sado/masoch que participe ele e deixe os outros em paz? 

Que país é este em que ninguém impede que um incompetente destes que parece empeçonhar tudo em que toca ainda continue em funções num governo?

E o que leva uma pessoa como António Borges a ainda andar metido nestes carnavais? Magro, mal encarado, uma sombra do que foi, que deve ter dinheiro de sobra, que necessidade tem de andar envolvido nisto? Não consigo entender. Que uma pessoa se meta em missões complicadas, como tratar de leprosos em África, alfabetizar crianças nos campos de refugiados no meio de um cenário de guerra, eu percebo. Agora que uma pessoa se meta numa comissão ou grupo ou lá o que é, em que, a torto e a direito, deve ter que fazer fretes a toda a gente, a criaturas desqualificadas - que entre o Relvas, o Efromovich, os amigos angolanos e outros que tais, venha o diabo e escolha - isso não entendo mesmo. Há coisas mesmo muito estranhas.

É a mesma dúvida que tenho em relação a Paulo Portas. Não me esqueço de uma vez, na AR, quando o Relvas lhe estava a dizer um segredinho, a pressa com que Portas se afastou, como se tivesse medo que a baba do Relvas lhe sujasse o fato ou, então, como se o hálito do Relvas fosse fétido, um nojento bafo de onça. Percebi-o muito bem, eu também me afastaria à força toda. O que não percebo é como é que o ex-jornalista Paulo Portas consegue conviver com gente desta raça... Ser conivente com as políticas e as práticas desta gente... Como? Porquê? A troco de quê, senhores?





PS: Quanto ao que se passa no PS, não consigo ainda pronunciar-me. Sempre achei que o Tozé não tem punch, falta-lhe garra, carisma, energia. Sempre achei que António Costa daria um melhor líder socialista. Mas, enfim, na altura António Costa não o quis e o Tozé lá tem vindo a fazer o melhor que pode. Mas claro que o que ele pode não é muito e só assim se explica que, perante uma governação tão desastrada, incompetente e calamitosa, o PS não tenha disparado, mas disparado a sério, nas sondagens. 

Mas agora que esta crise vem mesmo a calhar ao Passos, Relvas e Gaspar, lá isso vem. Portanto, o que espero é que, no PS, tudo se clarifique rapidamente, a bem do País. 

*

Para quem aterrou agora aqui sem antes ter visto o post anterior, informo que, depois de ter lido esta conversa sobre pessoas pouco interessantes, é tempo de arejar a cabeça e nada melhor do que um pequeno filme com a Irina Shayk Aveiro num vídeo super educativo. Por isso, sugiro que desça um pouco mais porque vale a pena. E é para o menino e para a menina!

E por aqui me fico. A todos desejo um belo sábado!

sexta-feira, janeiro 25, 2013

Irina Shayk na campanha La Clover mostra a lingerie certa (e a atitude certa) para agradar aos namorados. E ainda Elma e Catia Aveiro, as manas de Cristiano Ronaldo e futuras cunhadas da Menina Irina, e D. Dolores, a mãe do CR7 e futura sogra - nos antípodas.


Para as Leitoras verem como se devem aperaltar no que a underware diz respeito e, também, como, uma vez assim preparadas, devem deslizar na sala ou no quarto de forma a seduzir os seus amores.

Para os Leitores (do sexo masculino) verem o tipo de lingerie que devem oferecer às mulheres, namoradas ou afins e, caso elas não se ajeitem, as ensinem a fazer trejeitos, a deitarem-se com graça, enfim, a ser simpáticas como a Menina Irina.





Como gosto de ser atenciosa, este vídeo é também para as cunhadas da Menina Irina, as Meninas Cátia e Elma Aveiro. O vídeo da cunhada não vai ensiná-las a falar mas talvez assimilem alguma coisa, a ver se perdem um bocadinho o arzinho de loja de fancaria chinesa (aliás foram processadas por isso mesmo, por transformarem as lojas do CR7 em lojas de contrafacção mal disfarçada e da pior qualidade possível).





Já agora também seja bom para a D. Dolores ver se percebe que deve mudar um bocadinho o seu estilo.

Dolores Aveiro, a mãe de Cristiano Ronaldo e talvez futura sogra de Irina Shayk

*

Talvez ainda cá volte hoje.

Manuel Luís Goucha e Rui Oliveira, o fiel namorado; Luciana Abreu e a cólica renal e o Djaló que a deixa de cabeça perdida, o Sr. Fernando, pai da Fanny, e uma das gémeas - isto na primeira parte. Depois o que fazer para 'o' reconquistar ou no mundo das barrigas de aluguer. E, porque já sei quase tudo sobre essas intrincadas matérias, hoje comecei com a literatura, Divas Rebeldes



Na fisioterapia, enquanto faço alguns tratamentos, as fisioterapeutas arranjam-me revistas. Aceito todas as que me dão não apenas porque me despertam curiosidade como tento, desta forma, não adormecer. 




Fico a saber que afinal o Manuel Luís Goucha não se zangou com o companheiro como se chegou a noticiar, que os seus natais sempre foram, desde sempre, quatro gatos pingados, que a Rita Pereira ainda sente saudades do Angélico e está todas as semanas com a mãe dele a quem presta o apoio possível, que uma porção de artistas de novelas perderam a exclusividade com as estações, que na RTP várias estrelas tiveram que baixar o ordenado, que as que tiveram bebés estão radiantes e dizem que é melhor do que pensavam, que a Alexandra Lencastre tem gravado umas cenas escaldantes com o ex-marido Virgílio Castelo e que toda a gente acha que há química entre eles mas que eles dizem que é uma química profissional, que Luciana Abreu teve uma crise de rins antes de estrear um musical no gelo, que a namorada do príncipe Andrea de Mónaco está completamente grávida, que o Senhor Fernando, pai da Fanny, se tem metido em trabalhos com umas raparigas esculturais que não sei se são da Casa dos Segredos ou de outros carnavais, que meio mundo discute se o Cláudio, salvo erro, um rapaz da última Casa dos Segredos, era gigolo, prostituto, homossexual ou outra coisa qualquer…  e poderia continuar por aqui adiante pois vou tomando boa nota de todas estas interessantes notícias. 




Por vezes, quando dou por ela, a revista já tem mais que um ano mas isso não desmerece a relevância do relatado. Isto é na parte da electroterapia. 

Já na parte do ginásio a coisa fia mais fino. 




Aí as revistas abordam temas mais psicológicos, quando não mesmo filosóficos, De que gostam as mulheres nos homens? É normal uma mãe ter preferência por um dos filhos? O auto-prazer é benéfico na vida sexual do casal? Quando a melhor amiga é amante do marido. 

E tudo nesta base mas que não se pense que a coisa se fica pela teoria. Não senhor. Tal como a AESE (a escola de direcção e negócios, por acaso ligada à Opus Dei) tem como método de estudo o chamado ‘método do caso’, também aqui se segue esse método. Há sempre umas quantas pessoas, mulheres na maior parte dos casos, que relatam os seus casos pessoais. A Ana, 34 anos, confessa que antes não pensava assim mas que, há dois anos, por acaso, etc, ete, etc. – ou seja, muitos testemunhos, muita autenticidade. Além disso, essas revistas têm páginas e páginas com guias de compras e tenho descoberto muitas lojas e muitos produtos com que nem sonhava. Tudo coisas muito úteis.

Saio de lá a andar com uma leveza fantástica, muito zen, e com uma outra forma de ver as coisas.

(Vocês não conseguem ver a minha cara enquanto escrevo pelo que terão que tentar adivinhar qual a minha expressão quando digo coisas deste calibre.)

No entanto, ao fim deste tempo todo, o stock esgotou. Nas últimas sessões já andei a ler em repetido, tentando mentalmente estabelecer uma timeline (ou, se quiserem que me exprima de forma mais corrente, uma ordem cronológica) de forma a perceber se afinal quem casou foi a Pimpinha ou a Isaurinha, se a mulher do Nicolau Breyener tem ciúmes da Fernanda Serrano ou se se aquilo foi apenas uma 'boca' isolada e já está tudo bem.




Mas isso já é a areia a mais para a minha camioneta. E então, no último dia, enquanto estava na marquesa, pus uma revista de lado e declarei que a partir de agora tinha que ter um livro, que já não dava para continuar a ler aquelas revistas porque já sabia de cor o nome dos namorados de todas as vedetas que por ali desfilavam.

Quase preocupada, a fisioterapeuta disse, voz prestável, solicitamente querendo atender à reivindicação ‘Ah... está bem. De que é que gosta?’. Tão inesperado isso foi a pergunta que, durante uns segundos, tive que processar. Depois percebi que se estava a oferecer para trazer de casa um livro para eu ler. Agradeci a gentileza mas disse-lhe que não se preocupasse, que eu mesma traria. Muito simpática perguntou o que tenho eu andado a ler. Tive que processar de novo. É que nem sei e por isso tive que dar uma resposta vaga, ah, vários. É que abro e leio e vou abrindo e lendo vários, sem ordem nem disciplina. Já não tenho a preocupação de chegar ao fim de todos os livros que começo ou de ler todas as linhas de uma página. Agora leio enquanto gosto (e por vezes gosto de tudo, da primeira à última linha – mas nem sempre), leio anarquicamente, misturo géneros, autores, leio do princípio para o fim, do meio para o fim, como me apetece, conforme posso face à minha escassa disponibilidade. 

Claro que não disse isto à jovem pois não quero que fique mal impressionada comigo, não vá ela, pensando que sou maluca, tratar-me com menos cuidado.

Hoje de manhã, antes de sair de casa, estive aqui a hesitar, o que hei-de levar? Não convém que seja coisa que requeira concentração ou raciocínio apurado pois há interrupções, ouvem-se conversas dos vizinhos do lado, temos que interagir de vez em quanto com as raparigas, etc. Hesitei entre Os logocratas de George Steiner, livro que estou com curiosidade de ler, constituído por ensaios, entrevistas e uma novela; e o que acabei por levar. 




É que este não seria uma transição muito brusca face às revistas com que tenho ocupado a minha mente enquanto lá estou, nem eu nem a fisioterapeuta estranharemos muito.  Divas rebeldes de Cristina Morato, relatando a vida de sete mulheres,  Maria Callas, Coco Chanel, Wallis Simpson, Eva Perón, Barbara Hutton, Audrey Hepburn e Jackie Kennedy. 

Vou ainda na primeira, na Callas. Lê-se muito bem.

Ao ver o livro, a fisioterapeuta ficou interessada e falou-me também na Ines de Fressange que agora faz roupa para a La Redoute, se bem percebi. Gostei da forma entusiasmada como ela falou e acho graça à curiosidade e atenção com que me ouve.

Um dia destes a ver se vos transmito alguns aspectos relevantes da matéria lá contida. Para já posso desvendar que a Callas começou por ser muito gorda, pesando entre 90 e 100kg e que, quando fez uma dieta valente, perdendo trinta e tal quilos em dois anos (o que a deixava com um humor insuportável), quis seguir como modelo de elegância, a Audrey Hepburn. Os vestidos, a maquilhagem, o penteado eram inspirados naquela que ela considerava o seu modelo de beleza e perfeição. Também poderia falar-vos do que se passou a bordo do iate Christina quando foi fazer um cruzeiro com o marido, Meneghini, no barco do Onassis que também ia com a mulher e amigos, mas isso é conversa que merece mais que duas linhas.

Agora vou-me deitar que estou perdidinha de sono. Jantei já passava das 10 da noite, estou com sono. Por isso, desculpem esta minha saída à francesa mas já mal consigo abrir os olhos.

*

Antes de me ir embora, ainda vos maço mais um pouquinho. Se quiserem ir até ao meu Ginjal (que ainda está em votação aqui *) hoje escrevi sobre um homem solitário que ainda não ganhou coragem para deixar de o ser. Quem me inspirou foi António Ramos Rosa. A música é um novo momento feliz: Katia Guerreiro e Martinho da Vila. Uma festa.

(*) De notar que agora, ao votar, aparece uma mensagem em inglês dizendo que é necessária uma validação ou coisa que o valha e aparecem aqueles irritantes caracteres ou letras inclinadas. O que há que fazer é reproduzir o que lá estiver e votar. Isso deve-se, certamente, a que desconfiaram que havia programas informáticos que faziam votações por forma a gerar muitos votos em alguns blogues. Por isso, agora para terem a certeza que são votos a sério, exigem isso. Nada de mais, apenas mais chato.

Para o caso de não terem dado por ela, este é o segundo post que escrevo hoje - já a seguir, se descerem um pouquinho mais, temos os 56 anos da futura avózinha Carolina de Mónaco. Candidatos a lobo mau é o que não deve faltar...


PS: Se neste texto descobrirem vírgulas à solta, letras trocadas ou acentos que deviam respeitar a gravidade da situação mas, em vez disso, se lhes deu uma crise aguda, não levem a mal mas é que estou mesmo perdida de sono.
*

E, com isto, me vou. Desejo-vos um dia muito feliz.