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quarta-feira, outubro 23, 2019

Podem as notícias falsas enfraquecer a democracia?
--> Por exemplo, será que conseguem identificar quais as entrevistas falsas que aparecem no filme aqui mais abaixo do The Economist?





No outro dia uma pessoa com quem lido assiduamente contava-me, com entusiasmo, como se mantém actualizado, como sabe tudo o que acontece, como estabelece contactos com quem interessa (e este 'com quem interessa' foi dito com orgulho, à boca cheia). Terminou questionando com ar desconsolado: Não quer mesmo deixar-se render ao LinkedIn? Abanei a cabeça: não. Penso que era pena o que ele deixou, ao de leve, transparecer. Acredito que pense que o mundo está a passar-me ao lado e tem pena disso.
Tive vontade de lhe dizer que a última coisa que desejo é que mais gente me contacte a nível profissional. Identicamente não quero, de todo, saber o que os outros andam a fazer, se um nosso conhecido teve uma reunião com um ministro de outro país, se fulano celebrou um contrato com sicrano, se saíu notícia de uma parceria não sei onde. 
Não quero saber. Quer dizer: se, por acaso souber, não me incomoda. Mas desperdiçar tempo útil a procurar e a consumir essa informação é que não.  O meu tempo é recurso escasso, tem que ser doseado com aquilo que realmente me interessa. Não com isto. 
Identicamente, com o facebook ou com instagram. Andar a ver fotografias de amigas, colegas ou conhecidos é daquelas coisas que nem me passa pela cabeça. Sou curiosa mas é em relação a outras coisas. Quero cá eu saber se fulana está bronzeada, se esteve a comer sushi no outro dia à noite ou se foi sair à noite com a prima e com um pintas muito pintas. Nas tintas. Quanto ao facebook, idem. Podendo ser um elo de contacto para quem não tem outra forma para chegar a alguém (o que pode ser determinante -- não duvido), a verdade é que, em situações normais e até ver, não me faz falta. Mais: tenho a certeza que me traria mais maçadas que prazeres. Não disponho de tempo nem para me coçar quanto mais estar a receber pedidos de amizade de colegas de quando eu tinha dez anos ou de chatos com quem trabalhei há vinte. Foge.
E, como tenho reiteradamente dito, não é só o não querer saber: é mesmo o que acho que estas coisas têm de perigoso. 

Tecnologicamente tudo é possível. E, havendo total desregulação, os riscos sociais ou psicológicos são grandes, mal avaliados e difíceis de conter.

Milhões de pessoas, a toda a hora, estão a ser manipuladas sem o saberem O que vêem é o que o algoritmo lhes mostra e os motores destas plataformas de partilha são concebidos para criar habituação (e estimular a consulta de links pagos).

Alguém lança uma qualquer ideia, parvoíce ou não, aquilo começa a ser partilhado, propagam-se opiniões e, em menos de nada, já se forjaram certezas sem que ninguém sequer questione de onde aquilo apareceu, se há fundamentação, se foi comprovado. Não. A coisa propaga-se imparavelmente como facto inquestionável. E ai de quem queira provas. Logo será trucidado. Pois se toda a gente sabe, como é que aparece alguém a duvidar...?
E mesmo as notícias começam a mimetizar o primarismo dos julgamentos primários das redes sociais. 
No outro dia, naquela coisa do Sexta às Nove, vi a Sandra Felgueiras a pretender passar estraçalhar o João Galamba. Apanhei aquilo a meio mas, do que ouvi, tudo me pareceu uma macacada sem ponta por onde se lhe pegasse. E, no entanto, o que ela gritou e acusou e insinuou. Estava desenfreada. Justiceira. Só lhe faltou escoicear para cima do pobre convidado. Se fosse comigo acho que não tinha pachorra e lhe diria: ouça lá, sua malcriada, convida-me para vir aqui para me sujeitar a este chorrilho de acusações? Oh pá, vá lá babar-se com putativos (ou comprovados? já nem sei) homicidas, e deixe-me em paz. E bye bye.
[A propósito deste episódio, leia-se o que o Jumento escreveu, que está devidamente descodificado]
Enfim. Uma estopada, o rumo que isto está a tomar. Só hibernando, caraças.


Mas já chega de choradeira. Deixo-vos com o vídeo abaixo que merece ser visto com atenção. Infelizmente não está legendado mas, mesmo quem não pesque bem da língua de Sua Brexitada Majestade, poderá ver pois vale bem a pena,

Could deepfakes weaken democracy? | The Economist


Videos can now be faked to make people say things they never actually said. Could this weaken democracy...and can you spot ALL the deep fake interviews in this film?

(...) These videos are all deepfakes. Synthesised content created using artificial intelligence. Deepfakes will make for even more complicated arguments about what is fake news and what is real. And if seeing is no longer believing the very real question is could deepfakes weaken democracy?
Bill Posters is the artist behind these deepfake videos known as the Spectre Project. To test Facebook’s response, Bill posted the deepfake videos on Instagram, a social-media platform owned by Facebook. The company downgraded the videos’ visibility. But that didn’t stop this fake clip of Facebook boss Mark Zuckerberg, going viral. That showed the potential for spreading disinformation online through deepfakes. A danger that’s likely to increase as long as tech companies and politicians remain unsure how to deal with it.
Image manipulation is already exploited by autocratic regimes. It’s a dark art that goes back to Joseph Stalin who made his enemies disappear. AI today is capable of making deepfake videos like this where comedian Bill Hader morphs into Tom Cruise. As the technology advances the danger is that deepfakes will be used to mislead voters in democratic countries. (...)


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Prefiro não saber nada disto.

🙈🙉🙊

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segunda-feira, outubro 22, 2018

Rui Rio contrata Cristina Ferreira para Ministra da Cultura do seu Governo Sombra*





Desesperado por não conseguir conquistar o coração das hostes laranjas e completamente ignorado pelos portugueses em geral, Rui Rio, também já apelidado de Rei das Órgias, terá contratado um agente de imagem brasileiro que tem dado provas em várias eleições. Ainda há pouco que está em funções mas as iniciativas já postas no terreno são a garantia de que o PSD está a mudar. Para já, criou vários grupos de WhatsApp, do Instagram e do Facebook para difundir massivamente mensagens de apoio ao grande líder e para os seus membros comentarem favoravelmente os novos nomes que Rio já começou a nomear para o Governo que, por enquanto o é na sombra, mas que Rio pretende constituir como Governo a sério.

O primeiro nome que foi lançado para a ribalta é, nada mais, nada menos que o de Cristina Ferreira, nome que atrai multidões e que promete vir a revolucionar o conceito da política em Portugal, tirando as teias de aranha aos preconceitos dos bem pensantes.

Querendo mostrar que o PSD está fortemente enraizado na sociedade e querendo evidenciar independência partidária, fala-se que novos nomes estão na calha e todos surpreendentes. Fala-se em Felícia Cabrita para Ministra da Administração Interna, Carlos Alexandre para Ministro da Justiça, José Gomes Ferreira para Ministro das Finanças, Paulo Rangel para Ministro da Comunicação Social, Helena Matos para Ministra da Educação, Ana Rita Cavaco para Ministra da Saúde, um GNR de Loulé para Ministro da Defesa e João Rendeiro para Ministro das Finanças. Mas estes nomes carecem ainda de confirmação. 

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E claro que este é um fake post. Nada do que acima escrevi é real. Mas imagine-se que começava a correr na net, imagine-se que grupos formados para o efeito nas redes sociais começavam a pô-lo a circular de forma quase viral. Em menos de um foguete, a credibilidade de Rui Rio, que já é ínfima, ficaria na lama, com meio mundo a comentar e a gozar estas escolhas, com os jornais mais 'imediatistas' a propalarem as novidades, com comentadores a arrasarem o actual PSD em jornais e televisões.

E, no entanto, é graça a estratagemas destes, já antes usados em Portugal (incluindo, e muito activamente, pelo PSD), que algumas eleições são influenciadas. Parte das eleições do Brasil estão a ser condicionadas por falsas manchas negras que enlameiam a reputação de alguns candidatos. Bolsonaro chegou onde chegou sem ter que mexer uma palha, bastaram notícias forjadas para denegrir os opositores, em especial os ligados ao PT. O mesmo aconteceu na eleição de Trump com Hillary Clinton e demais candidatos democratas a serem trucidados por uma avalancha de fake news.

O Diário de Notícias dá conta do que se passa em Portugal: "Como funciona uma rede de notícias falsas em Portugal" - Vários sites sediados no Canadá alojam fake news sobre a política portuguesa. Depois, vários grupos no Facebook, com milhares de membros, divulgam-nas. O criador desta operação explica-nos porquê.

Como o artigo é pago, para quem não seja subscritor, pode ver-se algum desenvolvimento no Expresso. "Sites portugueses de notícias falsas? Sim, muitos. Estão sediados no Canadá, mas nasceram em Santo Tirso" - Criam notícias falsas sobre a política portuguesa, que vários grupos nas redes sociais, com milhares de membros, divulgam depois. Uma investigação do “Diário de Notícias” demonstra a existência em Portugal de uma realidade paralela, destinada a enganar a opinião pública


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Tenho para mim que redes sociais como as de Zuckerberg (que está a ser contestado internamente correndo o risco de, à semelhança de anteriores criadores, ser rejeitado pela sua criação) são terreno fértil para a propagação do que de pior existe na natureza humana e, talvez por isso, a porta aberta para o populismo (e, logo, para o fim da democracia). Os políticos deveriam prestar atenção a este fenómeno para melhor o regularem -- antes que seja tarde demais.