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segunda-feira, dezembro 04, 2023

Compartimentos secretos

 

Trabalhei durante muitos anos num dos grandes edifícios de Lisboa, por sinal bem perto daquele outro onde viria a trabalhar nos últimos anos. O último piso desse tal edifício, um piso bastante alto de onde se tinha uma fabulosa vista, era, de um dos lados, dedicado a grandes reuniões e, do outro, a almoços de trabalho ou comemoração. Na altura não havia caterings pelo que, nesse piso, havia também uma cozinha. Dizia-se que era o lugar de Lisboa em que melhor se comia. 

Não era só a extrema qualidade da comida, era também a excelência do serviço. E as entradas, os acepipes, tudo para além de bom. Grandes memórias tenho dessas belas refeições.

Entre um e outro espaço havia a zona de estar, onde iam dar os elevadores (que tinham permissão para tal). Nessa zona de estar, para além de vários e confortabilíssimos sofás e cadeirões forrados a macio veludo grená, de carrinhos com bebidas e entradinhas, de mesas de apoio com belos candeeiros de mesa, havia, ainda uma zona de estantaria até ao tecto carregados de volumes ricamente encadernados em pele também grená escuro e letras douradas. Eram sobretudo tratados académicos que versavam matérias relacionadas com o que se fazia e vendia nas empresas do grupo, e com as diversas vertentes da gestão. Eram também livros recebidos como presente, muitas vezes edições luxuosas.

Já aqui o contei e volto a contar: uma das estantes não era uma estante normal pois um dos livros não era exactamente um livro. Basculava e, ao recolher, deixava acessível o fecho de uma porta. Então a estante abria-se como uma porta e, passando por lá, ia dar-se a um recanto onde havia uma outra porta. E de lá havia uma escada por onde se podia sair do edifício sem se ser visto. Dizia-se que, de lá, se poderia ir também para uma outra zona secreta. Não sei, isso nunca vi.

Quando eu estava nesse andar, nomeadamente na zona de estar, tentava sempre descobrir qual era o livro a fingir e, a olho nu, nunca o consegui.

Mais tarde, recentemente, tive uma surpresa com uma outra coisa, numa outra dimensão, muito menor, nada a ver, mas, ainda assim, inesperada.

Quando visitámos a casa para onde nos mudámos há três anos e picos, sentimos de imediato uma tremenda afinidade com a arquitectura, com os acabamentos, com o jardim, com tudo. Como sou despistada e com uma péssima orientação espacial, saí de lá sem perceber como era a disposição das divisões ou exactamente como era o que tinha visto.

Depois disso voltámos lá mais uma vez e, vá lá saber porquê, fiquei na mesma. Já lá morava e parece que, em relação a algumas coisas, ainda não conseguia organizar-me mentalmente.

Tenho ideia que foi já depois de a casa ser nossa que lá descobri um compartimento que é quase secreto. A anterior proprietária se calhar já me tinha falado na biblioteca privativa do marido, livros ligados à sua profissão, em estantes feitas por ele. Mas devo ter pensado que era na cave onde estavam também várias estantes feitas por ele carregadas de livros e revistas.

Portanto, foi com agradável surpresa que um dia, ao estar num dos compartimentos do sótão, convencida que o compartimento se esgotava ali, descobri (descobri ou o meu marido chamou-me a atenção, que é o mais provável) um outro compartimento que nascia de um dos cantos, forrado a estantes. Achei fascinante.

Agora é ali que tenho malas, malinhas, carteiras e carteirinhas, clutches, bolsas, mochilas, sacos desportivos, sacos de pano, etc. Como geralmente uso sempre a mesma carteira e o mesmo saco com as coisas da piscina, raramente preciso de lá ir. Mas aquilo é quase uma graça. Claro que, se fosse para ser um compartimento secreto poderíamos arranjar-lhe uma porta dissimulada. Assim não tem porta. Só que como fica por trás de uma caldeira mal se vê.

Também na cave, apesar de ser, na prática um open space, há alguns recantos que só consegui assimilar ao fim de algum tempo. E isso, acho eu, dá um toque de graça suplementar à casa. 

No campo, in heaven, também há um sótão mas tem um acesso complicado e, com as vertigens de que padeço, nunca lá fui. Nem sei o que por lá há. Presumo que apenas canos, cabos, coisas assim. Em casa dos meus pais, a casa em que cresci, há também um sótão e embora tenha uma escada fixa e supostamente ser de razoável acesso, das vezes em que lá fui, em miúda, subir era fácil mas descer era para mim um desatino. Estava lá em cima e parecia-me que corria o risco de, a todo o momento, me despenhar. Chegava a pensar que não ia ter coragem de me abeirar da escada e que temia não conseguir sair de lá. Depois de crescida nunca mais consegui ir, parece que fiquei traumatizada.

E estou a falar nisto pois há pouco, ao ver o youtube, dei com o vídeo abaixo a que achei um piadão: salas escondidas, mobílias que são a fingir, compartimentos secretos, coisas super engenhosas, criativas, incríveis. 

Incredibly Ingenious Hidden Rooms and Secret Furniture

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A propósito da luta dos médicos

Em relação à presidente da FNAM e à representante dos 'médicos em luta' que ainda há pouco vi na televisão, de cada vez que aparecem, parecem super satisfeitas com os problemas que existem nas Urgências devido à falta de médicos e não parecem nada preocupadas com o transtorno e as consequências potencialmente muito graves para os portugueses. Esqueceram-se do Juramento de Hipócrates ou só pensam em dinheiro?

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Uma boa semana

Saúde. Coragem. Paz.

sábado, junho 17, 2023

O dia da última audição da CPI da TAP
(incluindo uma referência ao Ranking das Escolas)

[Mais uma vez, a palavra ao meu marido]

 

Parece que a coisa não correu muito bem aos partidos que mais entusiasmados estavam com esta Comissão de Inquérito. 

O PSD, o BE, a IL e o Chega apostaram forte em mais uma tentativa de desacreditar o Governo e se possível, com  a ajuda do Sr. Presidente Marcelo, demitir o governo ou dissolver o Parlamento. 

Afinal, e até os comentadores o referem, o Pedro Nuno Santos saiu em ombros e o Fernando Medina pela porta grande. Não fossem as diatribes do ex-assessor e as notícias sobre a CPI da TAP teriam sido tão sensaboronas que dificilmente os órgãos de comunicação social poderiam continuar a matraquear o assunto.

Por outro lado, o espectáculo que os deputados deram foi lamentável.  Os deputados do PSD, da IL, do BE e do Chega fizeram perguntas apenas para tentarem encontrar contradições nos depoimentos e sem qualquer intenção de analisarem a gestão da TAP (que, afinal, era o objectivo da Comissão). Perderam uma excelente oportunidade para se manterem longe dos holofotes e não revelarem a falta de preparação e a arrogância que demonstram. Episódios como os do telemóvel, o horário dos telefonemas, a insistência com que pretendem saber factos acessórios e que deviam ser reservados é trágico cómica. A forma inquisitorial como o Pedro Filipe Soares interrogou o Fernando Medina revela que segue de perto a chefe Mariana Mortágua. Antipatia e arrogância não lhe faltaram.

Ainda por cima, saiu uma sondagem que revela que afinal a posição do PS não sofreu com esta CPI o que deverá ter causado uma enorme azia ao Sr. Presidente que, segundo dizem, é viciado em sondagens. Também hoje o Banco de Portugal reviu em alta as perspectivas de crescimento do País. Mais uma chatice para os comentadores, para os pseudo jornalistas e para a oposição, onde incluo o Sr. Presidente.

Os comentários do José Gomes Ferreira, do Anselmo Crespo, do Bugalho,... desde vociferarem a chamarem mentirosos aos ministros revelaram bem a decepção que tiveram. Também achei "curiosa" e de um enorme mau perder a justificação dada hoje de manhã na SIC por uma jornalista julgo que responsável pela informação da SIC ou do Expresso, cuja  cara praticamente não se vê devido à abundância capilar, sobre as razões pelas quais o PSD não "arranca" e o PS se mantem à frente. Tem mesmo mau perder.

A FENPROF também ficou chateadíssima com o ranking das escolas. Não sei se o ranking é feito com critérios correctos ou não. Há uma coisa que me deixa de pé atrás e que é ter visto uma notícia em que 40% das notas no ensino privado são dezanoves e vintes. Alguma coisa  está mal se de facto as notas forem estas, estas percentagens não encaixam no que é razoável. No entanto, vi uma reportagem sobre  a primeira escola pública do ranking e tanto os alunos como a professora disseram que o acompanhamento pelos professores tinha sido determinante para a evolução da escola. Sugiro aos senhores professores que exigem "respeito" sigam estes exemplo e ao Mário Nogueira e ao André que se voluntariem para apoiarem os alunos que não tiveram aulas devido à forma como conduziram a luta dos professores, mesmo que no caso do André esse apoio esteja relacionada apenas com os lagartos da Amazónia.

Foi um dia lixado para o Sr. Presidente, para  a oposição e para os professores do "respeito".

segunda-feira, junho 12, 2023

Será que o objectivo dos Professores é dar cabo do Ensino Público?

[Uma vez mais, a palavra ao meu marido]

 

Seguramente a maioria dos professores não apoia nem se revê na forma desrespeitosa como têm decorrido as respectivas manifestações. 

A forma pouco civilizada como os professores presentes no Peso da Régua falaram com o Primeiro Ministro e os cartazes que empunharam revela má educação e falta de civismo. 

No entanto, parece não ser apenas aquela minoria que lá se manifestou. De facto, parece haver bastantes mais professores que agem de forma desrespeitosa e que dão um péssimo exemplo aos alunos.

Gostava de saber se os professores que empunharam ontem e em outras manifestações aqueles cartazes bem como os demais professores que os apoiam têm lata para dizer aos alunos para se portarem bem e respeitarem os outros. Não é possível que tenham dois pesos e duas medidas pelo que seguramente não têm condições para educar os seus jovens alunos.

Só pode ser respeitado quem respeita os outros e manifestamente não é o caso dos professores que se manifestam desta forma. 

Mas também não podem ser respeitados os professores (e os exemplos que vou referir são concretos) que: 
    • fomentam o copianço nos testes de forma que alunos que não percebem nada da matéria têm notas próximas de 100%, 
    • estão de baixa médica vários meses e que, quando é para acompanhar viagens de finalistas a outros países, milagrosamente reaparecem, ou
    • quando não controlam o comportamento dos alunos, os forçam a fazer declarações em que estes se autoculpabilizam.

Para mim também é revelador da falta de maturidade cívica dos professores terem como dirigente do STOP um tal André que fala aos gritos, de forma demagógica e que, para além de matraquear três ou quatro frases feitas, não consegue transmitir uma única ideia com pés e cabeça*. 

[* Será o resultado do doutoramento que fez (provavelmente a expensas dos contribuintes) na Amazónia?] 

Admito que as reinvindicações dos professores podem ser justas mas, sendo assim, isto é, a serem justas, então, todos os funcionários públicos e os todos os trabalhadores do sector privado também teriam que ser ressarcidos dos congelamentos nas carreiras, dos cortes nos salários, das sobretaxas... que ocorreram no tempo da troika -- o que manifestamente não é possível. 

Os professores não são exceção e devem ter o mesmo tratamento que todos os outros.

(A propósito, onde estava o  Sr. Mário Nogueira e os senhores professores quando ocorreram os cortes no tempo da troika? Não os vi em manifestações. Calaram-se, não foi?)

Com tudo o que têm feito, os professores estão, de facto, a dar cabo do Ensino Público, estão a criar mau estar entre os pais dos alunos e estão a desmotivar muitos alunos que, naturalmente, com este exemplo não pensam que estudar seja uma prioridade.

Não me lembro de ver o Mário Nogueira ou o STOP falarem em problemas no Ensino Privado. Corre tudo bem entre patrões e empregados nesse setor?

Senhores Professores, raramente --  quer no setor público quer no privado -- se chega ao topo da carreira. Qual a razão para todos os senhores professores quererem chegar  a "administradores"?  

Não parece que os senhores Professores sejam das classes que mais têm a reivindicar, pois: 

  • ganham um salário que não compara mal com a media europeia, 
  • trabalham menos de metade das horas que normalmente são feitas pelos outros trabalhadores, 
  • têm tempo para dar explicações, bem pagas, que provavelmente não declaram (não seria interessante que este aspecto, ie, o aspecto fiscal associado às 'explicações', fosse investigado?), 

Lutem de forma civilizada pelos V. direitos tendo em conta a realidade do País, defendam a Escola Pública e garantam um ensino e uma educação de qualidade aos V. alunos. 

Se o fizerem serão respeitados. 

Em contrapartida, a continuarem a agir como têm feito até aqui e a defender causas egoístas e desfasadas da realidade nacional, arriscam-se a acabar como uma classe desprezada pelo resto da população.


Nota Final: Continuo, entretanto, a aguardar que o Senhor Presidente da República, sempre tão lesto a comentar qualquer evento, nacional ou internacional, venha demarcar-se veemente da forma de actuar dos Professores que se manifestaram em Peso da Régua e da forma de actuar nas manifestações e greves em que, durante este ano lectivo, fizeram de tudo um pouco para degradar a qualidade do Ensino Público.

domingo, fevereiro 12, 2023

Há coisas para as quais custa encontrar explicação


Não estava em nossa casa. Estávamos a jantar com uns dos meninos e, por isso, não consegui ouvir bem as notícias. Os pais, antes de irem para o concerto, tinham encomendado sushi e pizzas e estávamos os cinco acampados na sala de cima onde antes um dos meninos tinha estado a ver desenhos animados. O irmão tinha estado a jogar futebol online com um dos primos e a irmã tinha chegado havia pouco a casa, trazida pela mãe de uma amiga. Em vez de irmos jantar lá em baixo, resolvemos ficar ali, estava mais quentinho.

Na televisão, quase sem som, víamos as ruas com a baderna do costume. Inclino-me para que grande parte daquele ajuntamento não seja constituído por professores. Acredito que sejam sobretudo auxiliares (e não sei se é esta a designação do que antes se designava por 'contínuo'), polícias (pareceu-me ver que os polícias se tinham posto à boleia dos professores), sindicalistas profissionais, órfãos da geringonça que por aí andam a tentar descobrir qual o seu rumo, descontentes da vida em geral, adeptos do Chega (li, sem surpresa, que o Chega se tinha juntado à trupe) e mais uma malta que parece ter vindo do Chapitô, tanta a animação de rua. Olho as imagens e sobretudo vejo gente com tudo menos aquela atitude de respeitabilidade que ainda teimo em querer associar aos professores. Estes mais parecem bandos de malta indiferenciada a antecipar as paradas de Carnaval. 

Do que parece, todos querem 'respeito' e a reparação de todos os males do mundo. Qualquer um@ que seja de tipo maria vai com as outras se sente ali representad@. Calhou o investigador da Amazónia e demais seguidores, com o Nogueira a reboque, dizerem que querem 'respeito'. Mas também poderiam baldar-se a dar aulas e andar no maior forrobodó pelas ruas em nome da 'boa educação' ou da 'verdade'. Quiçá até da 'elegância'. Conceitos que dão para tudo e para mais um par de botas. Qualquer um pode sempre achar que ainda há falta de boa educação ou de verdade ou de elegância e, vai daí, convocar greves e manifestações.

Há-de sempre haver alguém mais frouxo das ideias que ache que qualquer balela é uma bela causa. 

Não sei é porque é que não há professores decentes, respeitáveis, preocupados com o ensino e com os alunos que façam ouvir a sua voz e se demarquem publicamente do vexame a que o Stop e Fenprofs os estão a sujeitar. Deve haver uma explicação mas não sei qual é.

Ontem soube-se de uma outra anedota, ainda que de um outro cariz: uma garota cujo nome não retive -- mas que é mais uma garota a assessorar uma ministra -- sugeriu que se acampasse na Ponte para defender o direito à habitação. Não sei a que é que ela se referia mas só pode ser disparate e disparate do grosso. Seria bom que o Costa desse um murro na mesa e proibisse gaiatagem desta -- impreparada, sem experiência de vida, incapazes de medirem o que dizem --, de fazer parte dos Ministérios, Secretarias de Estado. Miudagem desta deve estar a fazer estágios, a aprender. Caso contrário, o PS está a dar o flanco, estão a ser dados argumentos aos populistas. 

[Sim, António Costa, sim, tem toda a razão, de cada vez que deixa que coloquem gente ainda de fraldas, impreparada, no Executivo está a pôr-se a jeito. Não se admire se ouvir os Pestanas, os Cortezes, os Nogueiras e os Venturas desta vida a dizerem que se há dinheiro para distribuir por aí porque não há-de haver para quem eles querem.]

Não sei como é que, depois dos casos que envergonharam o Governo, Costa ainda não pôs um travão nisto. 

Para tudo é capaz de haver explicação mas, por vezes, custa a descobri-la. 

É como aquele homem que foi visto a conduzir com um sapato na boca. Porquê....? Porquê, senhores...?

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Desejo-vos um bom dia de domingo

Saúde. Paciência. Paz.

sábado, fevereiro 11, 2023

Quando a praxis do Correio da Manhã e o modus faciendi do Chega parecem ocupar na íntegra a mente de André Pestana
e quando o professor, poeta e crítico literário António Carlos Cortez parece revelar que tem tanta tralha confusa na cabeça que não lhe sobra espaço para os neurónios
só me ocorre perguntar porque é que a SIC dá palco a gente desta...

 

O Expresso da Meia-Noite está a revelar que, se estes dois que aqui estão representam a classe profissional, a docência em Portugal está muiiiito mal entregue.

Misturam alhos com bugalhos, misturam banalidades com generalidades, atiram 'bocas', dizem coisas como quem anda ao pontapé com batatas, disparam tiros para o ar em todas as direcções, bagunçam temas conjunturais com estruturais, querem privilégios, justificam-se usando a lógica dos invejosos, dizendo que se há dinheiro para uns porque não há para eles, não têm noção de prioridades, desconhecem o que é o rigor. Um saco cheio de nada. De nada. Zero. Estou chocada com a boçalidade a que estou a assistir. É o populismo à solta. No meio da conversa aparecem offshores, banqueiros, tudo e mais alguma coisa -- uma demagogia vergonhosa.

Já muitas vezes o sugeri e volto a fazê-lo (e nem é em especial por estas duas aves que aqui estão a degradar a imagem dos professores em Portugal): não deveria ser possível que gente desclassificada, inculta, mal formada, demagoga, gente que se está a marimbar para o ensino e para os alunos, exercesse a docência. A docência só deveria ser exercida por gente escorreita, com nobreza de carácter, com um mínimo de cultura, com um mínimo de inteligência e de honestidade intelectual.

Isto a que assisto mina a confiança dos portugueses na democracia. É um vale tudo que inevitavelmente abre a porta à direita radical, ao populismo mais desbragada.

Ao dar tanto palco a gentinha que quer é armar baderna, a comunicação social está a atirar achas para a fogueira anti-democrática. Porque é que a SIC não convida professores de verdade e não profissionais da bagunça, porque é que não dá voz a professores decentes, preocupados com o ensino e com os alunos, professores com verdadeira vocação docente? Porque dá palco à verdadeira aberração que é esta dupla Pestana & Cortez?

segunda-feira, fevereiro 17, 2020

Máscaras anti-coronavírus defeituosas?
Ou mau jornalismo e mau sindicalismo?





Perto da hora de almoço já ouvi na TSF a notícia de destaque de que o material de protecção enviado pelo INEM para o terreno estava defeituoso. Meia hora depois, a repetição da notícia. A meio da tarde ainda a mesma notícia. Provavelmente foi massacre que durou todo o dia. No entanto, do INEM diziam que não tinham recebido nenhuma queixa. Quem se queixou ao Jornal de Notícias e, entretanto, falava à TSF era do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar. Dizia ele que não se tinha queixado porque o sistema para se queixar estava indisponível. Noutra frase já não era bem isso, já era que o computador das ambulâncias, através do qual apresentavam as queixas, se tinha avariado.

Perante isto, o jornalista não foi capaz de lhe perguntar porque é que em vez de se ir queixar para a Comunicação Social, não se queixou antes para o INEM. É que para se comunicar para os jornais também não teve o computador da ambulância. Além do mais, presumo que ele, sindicalista, teria acesso a outros computadores ou telefones que não os da ambulância. 

Depois o jornalista também não foi capaz de perguntar se todas as máscaras enviadas pelo INEM estavam sem os elásticos ou se eram só algumas. E, se eram algumas, quantas. É que é bom perceber de que é que se está a falar. Se ao todo foram enviadas, por exemplo, mil máscaras e dez estavam defeituosas, então estaremos a falar de uma percentagem ínfima que não merecia um segundo de conversa.

Agora, no noticiário na televisão, de novo grande destaque para esta notícia. E a situação é a mesma. O INEM não recebeu nenhuma reclamação pelo que não sabe do que se trata e o sindicalista empola o que diz sem que concretize o que quer que seja.

E eu interrogo-me: não há jornalistas com cabeça? Perante a falta de objectividade de um cavalheiro que em vez de se queixar junto de quem pode resolver o assunto, resolve procurar palco, ou se obtém informação concreta ou não se dá a notícia. Para quê estas notícias?

Sem ter ficado minimamente esclarecida em relação que se passou, admito como provável que possa ter acontecido uma de várias situações:
1 - Efectivamente, algumas máscaras vieram com defeito. Nesse caso, há que devolver ao fornecedor e ou ele tem para fornecer em bom estado ou comprar-se-á a outro fornecedor. Nada que não aconteça quando se fazem encomendas de produtos em grandes quantidades e com urgência na entrega. É um problema que se resolve.
2 - As máscaras fornecidas são de outro modelo e as pessoas é que devem prender o 'elástico' à máscara e, portanto, não há problema nenhum. 
Em qualquer dos casos, não se percebe a relevância da notícia sem que nada de concreto se saiba.

O que se percebe é que se está na presença de mau sindicalismo e de mau jornalismo.
  • Mau jornalismo porque se propala, como notícias, conversas que, não sendo objectivas, são mera maledicência e tentativa de lançar alarme.
  • Mau sindicalismo porque, em vez de garantir que os problemas são resolvidos por quem os pode resolver eficazmente, se prefere a para a praça pública lançar a confusão.
Não quererão antes ir à procura de outro emprego?

quinta-feira, agosto 22, 2019

Pardal pela mão do Marinho a caminho de ser deputado?
Continuem a dar-lhe palco... continuem...


Do que se lhe conhece, acabou o curso há pouco tempo, está há pouquíssimo tempo inscrito na Ordem, há processos a correr contra ele por burla e mais não sei o quê.

A seguir abriu um escritório, fez-se fotografar ao lado do Marcelo e emoldurou a fotografia, fez um vídeo a divulgar o escritório, o maior do país, onde mostra a fotografia e onde não se põe com modéstias. E, vai daí, arranjou um cliente: um sindicato. Arranjou, não: criou. Criou um cliente. Criou o  sindicato. Criou o sindicato cuja morada é a do escritório, fez-se vice-presidente, porta-voz e assessor jurídico. E, a partir daí, tem sido uma festa.

Armou banzé, fez uma greve que lançou a confusão no país, fez tocar todos os sinos, as televisões sempre em cima, os coletes amarelos a apoiarem, as televisões em cima, os sindicatos existentes a sentirem-se a ficar com os pés no ar, e, de então para cá, não tem parado, sempre nos media, as televisões sempre a acompanhar, aceita uma coisa para logo vir dizer o contrário e querer mais mas sempre sob ameaça de greve, as televisões sempre em cima, o PSD e o Bloco de Esquerda ao lado dele contra o Governo -- como se, numa cena de sindicatos contra patrões, em que o Governo se preocupa em manter a normalidade no País, o culpado fosse o Governo e o herói fosse o dito Pardal -- e as televisões em cima, e, quando parece que as coisas vão entrar nos eixos, eis que o Pardal quer mais baderna e mais palco e marca nova greve e as televisões sempre em cima, sempre, sempre em cima. 

E assim, com a ajuda das televisões e o apoio dos totós e dos distraídos, eis que o Pardal vira astro.

E eis que, num novo golpe de ilusionismo, sai à cena outro populista, um demagogo-encartado, o Marinho -- que fala muito, muito alto, e tem a particularidade de não dizer nada -- e resolve fazer aquilo que se anunciava: mais palco ao Pardal. Desta vez, upa-lá-lá, um upgrade para o Pardal, um colinho para o fazer saltar para a política. Efe-erre-á. Á.

E eis que, de repente, num ápice, com aquele ar blasé de quem não tem nada a ganhar, o Pardal aparece nas televisões e, mostrando à saciedade que para ele vale tudo, eis que já é o verdadeiro arauto da liberdade e da democracia, a verdadeira voz do 25 de Abril, aquele que irá restituir ao povo os valores de Abril, que irá acabar com a corrupção no Parlamento, que irá devolver Abril aos portugueses. Alé-cui-alé-cuá. Xiripitá-tá-tá-tá.

E o que, em boa hora, vos digo é que se as televisões continuarem a andar sempre, sempre, em cima, o Pardal vai morder a mão que o Bloco lhe estendeu e, por muito que o Bloco, uma vez acordado, perceba o que se está a passar e queira denunciar o perigo da serpente que se esconde debaixo daquele corpo de ouriço bronzeado, poderá ser tarde demais.

E mesmo o PCP, que tem andado entretido a atacar o PS e a marcar posição junto de um eleitorado cada vez mais envelhecido, irá perceber que o linguajar populista do Pardal -- que irá prometer todos e mais alguns amanhãs que cantam -- terá mais efeito junto dos que se deixam encantar por qualquer serpente do que a sua forma de falar já muito datada.

Portanto, um alerta aos jornalistas, em especial aos da televisão: parem de entrevistar o Pardal, deixam de o chamar para as televisões, deixem de falar sobre ele, ignorem-no, tirem-no, o quanto antes, do palco, apaguem os holofotes, esqueçam-no.

Percebam que, a bem do País, há um mantra a ter sempre a bailar nas vossas cabeças: 

Cortemos o pio ao Pardal.


Eu, pela parte que me toca, só o trago aqui para o denunciar e tudo o que diga será pouco. Read my lips. Cuidado com o Pardal.

segunda-feira, agosto 19, 2019

Os considerandos do Pardal.
E as conclusões possíveis dos absurdos considerantos que levaram a que tivessem desconvocado a greve.
[E uns breves apontamentos sobre a posição do PSD e do BE em toda esta 'palhaçada' *]


Vinha no carro quando ouvi as conclusões do plenário do Sindicato do Pardal. Depois de uma série de considerandos, considerando que, considerando que, em que matavam e esfolavam a Antram e mais os malvados dos patrões e quando a conversa só podia ter como conclusão a continuação da greve, eis que num impensável flic-flac, a conclusão foi, justamente o fim da greve.

Ficámos a olhar um para o outro. Só me lembrei da expressão que o mesmo Pardal usou, dias antes, para classificar o que se estava a passar: uma palhaçada (*).

Claro que não foi preciso chegar ao 7º dia para se perceber que os motoristas:
  • já estavam cansados por verem a greve estéril em que se tinham metido, 
  • já não havia dúvida que a baderna que pretendiam armar (vide o mail de Fernando Frazão, referido pelo Expresso, Fernando Frazão que já antes tinha escrito a Marcelo], causando o caos no País, tinha sido neutralizada pela actuação atempada e inteligente do Governo, 
  • já deveriam estar apreensivos vendo os outros sindicatos a chegar a acordo e eles longe disso,
  • já deviam estar baralhados com os argumentos do Pardal já que a Antram se tem mostrado disponível para negociar desde que não com o cutelo da greve sobre as cabeças e com os sucessivos apelos do Governo a que se sentassem para negociar, se necessário com a sua mediação,
  • já deveriam estar a temer terem sido instrumentalizados por uma criatura cujos actos parecem ter contornos algo duvidosos e cuja assessoria começa a parecer-lhes muito cara
e, segundo se foi sabendo, as vozes a pedir o fim da greve aumentavam de dia para dia.

Aliás, há alguns dias, já alguns se manifestavam publicamente, chegando ao extremo de querer que o Governo decretasse a requisição civil total -- o que revela bem o desnorte de grande parte deles.

Portanto, a decisão não poderia ser outra que não esta -- e ainda bem. O ridículo de tudo é a forma como o recuo foi concretizado, o total absurdo das razões invocadas, aquela ridícula sucessão de considerandos.

Portanto, conclui-se que para o Pardal as palavras não valem uma casca de caracol: diz uma coisa como se quisessse dizer o contrário para chegar onde lhe convém mesmo que isso nada tenha a ver com o que acabou de dizer. Penso que pode também concluir-se que têm razão os que dizem que o Pardal é perigoso, manipulador, populista e o instrumento fácil para quem procure um agente de desestabilização (em especial em período eleitoral ou pré-eleitoral).

....    &   ....

Fantástica ilustração de Rui Rio a correr atrás do prejuízo no Expresso
(Não sei quem é o autor do 'boneco' mas é, certamente, alguém talentoso)

Claro que nisto podem também tirar-se outras conclusões. Por exemplo, o PSD voltou a dar mais um tiro no pé: entraram em cena quando o espectáculo estava a acabar, apareceram com falas trocadas, puseram-se a jeito para receber pateadas e olhares de estupefacção. É um partido que se resume hoje a um irrelevante bando de totós, gente que, na primeira oportunidade, mostra ser de má índole (veja-se este triste episódio das férias), com um mau feitio que custa a aturar. Em suma, estão reduzidos a um grupelho de gente inoportuna e desagradável. As hostes laranjas estão ao rubro e compreende-se. Só não o esfolam vivo porque isso era se ele fosse coelho.

Imagem que vem da infinita arca do
We Have Kaos in the Garden
Uma palavra também para o Bloco de Esquerda que tarde demais percebeu o que estava a passar-se.

Agora já se mostram mais reservados e já se limitam a banalidades para tentarem salvar a face. Mas a forma tonta e empolgada como apoiaram o Pardal, vendo nele um arauto da democracia, é muito preocupante.

O que vale é que estamos na silly season e provavelmente ninguém lhes prestou muita atenção. Senão, as consequências poderiam ser devastadoras para um partido que tanto tem feito para ser visto como um partido responsável, bom para estar no Governo. Se alguém lhes prestou atenção, terá visto que ainda estão bem longe disso -- confiáveis, com discernimento e sentido de Estado é coisa de que ainda não são.

E outra coisa que se pode concluir: a presença tutelar do Louçã não ajuda nada. Com aquele sorriso melífluo a temperar a pose catedrática, sempre com assento mediático, continua a pôr e dispôr junto da opinião pública, condicionando a intervenção do BE. A Catarina Martins deveria pensar nisto se quer que os seus meninos cresçam.

domingo, agosto 18, 2019

Nisto da greve do Pardal, Rui Rio e Francisco Louçã e mais uns quantos distraídos mostraram-se unidos na irresponsabilidade e na tremenda falta de sentido de Estado.
O mail de Fernando Frazão, um motorista (que escreve muito bem), explica o que estavam eles a preparar-se para fazer ao País.
Claro que a PGR e as Secretas não andam a dormir e que o Governo, felizmente, também não.
Recomendo ainda a leitura de "A seriedade e o prestígio da greve" de Helena Araújo.


O insuspeito David Dinis escreve no Expresso um artigo onde dá conta de uma coisa que, muito sinceramente, não me espanta mas que deixa a nu a irresponsabilidade dos que criticam a actuação do Governo ao garantir que o País não mergulhasse no caos que os motoristas pretendiam.

Transcrevo alguns pontos:

Motorista que transportou Marcelo avisou para “revolução civil”


Motorista que, em janeiro, transportou Marcelo escreveu um e-mail a ameaçar com uma greve que provocaria uma “revolução civil”. 

Governo mandou para PGR e secretas. email foi enviado há uma semana para uma estrutura do topo do Estado, na sexta-feira, horas antes dos plenários dos sindicatos. E fez soar os sinais de alarme. Não só por confirmar que os motoristas estariam dispostos a seguir uma estratégia de terra queimada, mas...

Em sete parágrafos, que o Expresso pode consultar, o email lembra o exemplo do Chile ou do Brasil 
26 dias foi quanto durou a greve no Chile, o governo caiu.(...)
A população vai revoltar-se e (...) está muito iminente uma revolução civil que pode não ser tão civilizada como o 25 de abril de 1974 (...)
O primeiro dia da greve talvez não tenha grande impacto, mas ao avançar-se para uma paralisação prolongada com a atenção dos media, poderá ser o caos total”, avisava Fernando Frazão, destacando à cabeça que o Algarve seria alvo preferencial “não só pela invasão de turistas, mas pela falta de gásoduto (...)
Nos primeiros dias, o Algarve foi, de facto, a região mais prejudicada pela falta de combustível. Só que o autor não contava com a eficácia da resposta do Governo ao apontar as consequências da paralisação. (...)
No segundo dia as prateleiras dos supermercados irão estar a 20/30% sem produtos de primeira necessidade; os postos de combustível estarão já a acusar rutura de stock, a agricultura começará a abrandar as colheitas para não perder os produtos da época. No terceiro dia as fábricas terão que parar pela falta da matéria-prima como pelo não escoamento do produto acabado; centrais termo-elétricas reduzirão a potncia e dar-se-à uma crise energética instalando-se o caos. (...)
Olhando para nós, uma greve dessas dimensões seria o desastre nacional
(...) A verdade é que a requisição civil travou os efeitos imediatos da greve. Mas durante a semana foram vários os avisos de responsáveis dos vários setores económicos a avisar: se a greve se prolongar por muito mais tempo, será inevitável haver problemas mais sérios.

O Expresso tentou contactar Fernando Frazão, mas sem sucesso.


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Gostei muito de ler o post a seriedade e o prestígio da greve de Helena Araújo no seu blog 2 Dedos de Conversa. A sua escrita é sempre estruturada apesar de espontânea e há uma franqueza inteligente nas suas palavras que dá gosto ler.

Começa assim este post:
in South African History Online
Ultimamente tenho pensado muito numa história que ouvi a um antigo prisioneiro de Robben Island. Fora levado para a ilha já numa fase final do apartheid, e participou nas últimas greves da fome que alguns prisioneiros jovens fizeram nessa época, para exigir a melhoria das condições de vida na prisão. Se bem me lembro, exigiam água quente no duche e outros confortos semelhantes. Os prisioneiros mais antigos discordavam dessas iniciativas, e criticavam-nos imenso por estarem a desprestigiar algo tão sério como uma greve da fome por motivos que lhes pareciam ridículos. Os mais velhos - que tinham lutado para ter água doce em vez de água do mar nos duches, para ter uma cama em vez da esteira de sisal no chão, para acabar com a lista de alimentos e calorias do menu prisional conforme a cor da pele - afirmavam que a greve é a última medida à qual se deve recorrer, e apenas por motivos realmente fortes. Caso contrário, diziam, retira-se seriedade e prestígio a esse instrumento de luta.  (...)
Recomendo a integral leitura pois se há matérias sobre as quais alguma reflexão é necessária.

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(A Helena Araújo está inocente quanto à escolha da imagem da chegada de prisioneiros a Robben Island que, de minha lavra, resolvi colocar junto às suas palavras)

sexta-feira, agosto 16, 2019

Quem é o palhaço na palhaçada do Pardal?
Sei mas não digo.
Por isso, avanço para as deepfake e para o morphing -- mais duas bolas a saírem da caixinha de Pandora


O meu dia feriado foi passado in heaven. A família reunida, as crianças felizes, todos bem dispostos em volta da mesa. Todos na conversa, todos contentes por estarmos juntos. De manhã à noite. Cheguei tarde a casa. E ainda me fui pôr a ver o Alone. Portanto, passa da uma da manhã quando abro o computador. 

Parece que a tal grande cruzada do Pardal que tanto entusiasma os adeptos do Bloco de Esquerda vendo naquela palhaçada (Pardal dixit) uma nova alvorada nestes tenebrosos tempos de ditadura, vai acabar no ridículo. 

Os outros sindicatos estão a percorrer o caminho das pedras, avançando na negociação, estabelecendo acordos enquanto o Sindicato que o Pardal engendrou (para lhes sacar umas massas a redigir estatutos? a assessorá-los? a apresentar queixas e o escambau? para conseguir mediatismo? para lançar a confusão no país? -- you name it) vai sendo exposto ao ridículo, isolado, reduzidos a um grupo de ingénuos manipulados por um artista como há tempo não tínhamos sob os holofotes.

E, no fim, veremos quem sairá chamuscado de toda esta pífia história a que o próprio Pardal chamou palhaçada
E não me refiro ao Pardal que a esse, cá para mim, um dia destes acontecerá algo mais do que um simples chamuscamento -- mas isso o tempo o confirmará. 

Por isso, não é ao Pardal que me refiro. É que, cá para mim, para além do PSD, o BE também não vai ficar nada bem na fotografia. Como se a maturidade que vinham começando a demonstrar fosse fingida, logo a deixaram cair, mostrando que o espírito de grupelho que se péla por encenar o reviralho ainda não saíu de dentro deles. É pena. E revelaram falta de presciência e, também uma forte apetência pelo populismo. Viram o filme desta greve selvagem todo ao contrário, colocando-se ao lado de alguém a quem ninguém de bom senso alguma vez comprará um carro em 2ª mão.

Mas isto foi o que fui ouvindo durante o noticiário da TSF. Tirando isso, nada mais sei e, provavelmente também não perdi grande coisa.

Face-morphing of assorted celebrities

O que sei é que esta outra coisa que dá pelo nome de deepfake tal como essa outra coisa que dá pelo nome do morphing são duas bolas que saíram do saco quando dentro dele deveriam ter ficado para todo o sempre. A caixa de Pandora foi aberta e de lá só saem monstros.

A inteligência artificial ao serviço de tudo o que der na bolha de quem domina a tecnologia é um perigo quando não existem linhas vermelhas de qualquer espécie.

Jornais como The EconomistThe GuardianThe New York Times ou outros vão alertando para os riscos de andarem monstros à solta que jamais poderão voltar para dentro da caixa. Mas quem é que quer saber de temas destes? Está bem, está.

AI brings Mona Lisa to life

Claro que nisto do morphing ou das deepfake pode haver muita utilização inócua: no marketing, na publicidade, em vídeos cómicos, por exemplo. O pior é quando a coisa é usada com maus intuitos, para enganar o maralhal, para que ninguém já saiba o que verdadeiro ou falso, para que os falsários neguem evidências dizendo que é tudo mentira, que não eram eles, que o que se vê é morphing, ou que não foram eles que disseram aquilo, que foi tudo deepfake. Ou, o contrário: imagine-se que começam a aparecer vídeos do nosso ubíquo Marcelo a falar com a voz arrastada, a dizer inconveniências, como se tivesse tido um almoço bem regado e tivesse perdido a noção... e que a coisa vira viral e que, às tantas, toda a gente comenta e... -- e às tantas já ninguém vota nele nas próximas eleições porque ninguém quer um presidente que envergonha a família e o país. E tudo baseado em vídeos forjados com recurso a estas tretas. E por muito que muito boa gente desmentisse, dos desmentidos já ninguém quereria saber porque o que tem graça são vídeos que arrasam 'os poderosos' e 'os políticos' e não desementidos que são uma seca.

E o que me preocupa nisto é que todas estas coisas vão fazendo o seu caminho num mundo apático, em que nada disto é regulamentado. Os humanos são bons a descobrir 'cenas' e a adoptar e adaptar tecnologias que atentam contra a sua boa existência.

Mas não vos maço mais. Peço apenas que vejam os vídeos abaixo e que, por favor, pensem.



Deepfakes: Is This Video Even Real? | NYT Opinion


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E uma boa sexta-feira.

quarta-feira, agosto 14, 2019

Santana Lopes está a disputar o lugar a Pedro Pardal Henriques?
Cinco motoristas no piquete e os dois candidatos a estrelas populistas a tentarem brilhar para as câmaras...
Se o ridículo desse asas talvez ainda pudessem servir para drones. Assim servem para quê?
Ah, é verdade: o Pardal e o Ouriço serão gémeos separados à nascença?
Pergunto.


Acabei de ver na televisão o recibo de um motorista. Mil setecentos e não sei quantos euros por mês. Desses, mil cento e não sei quantos são sujeitos a descontos para impostos e segurança social. Acresce ao que recebem, mais seiscentos e tal 'limpos' que se referem a ajudas de custo para fazerem face a despesas com deslocações e estadias o que, a referir-se mesmo a este tipo de despesas, obviamente não é sujeito a descontos. Do que percebo, a luta resulta de quererem que os descontos e contribuições incidam também sobre estes seiscentos e tal limpos pois, segundo o Pardal, não tem a ver com ajudas de custo mas com outras verbas pagas 'debaixo da mesa'. Como sempre, o Pardal nunca mostra provas. Tudo na base das bocas. Mas, portanto, para receberem mais dinheiro no final do mês apesar de descontarem mais, os sindicalistas reivindicam aumentos completamente acima das percentagens normais (cerca de 1% ao ano são os aumentos que se costumam agora praticar -- e é quando é). E querem aumentos valentes sobre o salário base já que os subsídios decorrentes aumentariam também. E as reivindicações não são à leão só a esse nível: são reivindicações a la longue, para os próximos anos. Coisa nunca vista. Uma greve para reivindicar aumentos para os próximos anos? Nunca vi tal coisa.

E repare-se: não questiono que o que é tributável deve ser tributado. A lei é para cumprir por todos. Nem questiono o valor do ordenado em si. Não sei se o ordenado global mensal deve passar dos (1.100 + 600)/mês para os 2.200 ou, até, para ordenados à juiz, acima do ordenado do primeiro-ministro. Não questiono porque não tenho informação que me permita proferir uma opinião. Há que pensar bem no que se diz, ter uma noção da equidade, pensar no equilíbrio geral das partes envolvidas num sistema económico. Quem me diz que um trabalhador de recolha do lixo não é igualmente crítico e não deveria ganhar tanto como um destes motoristas ou que um trabalhador que faz a manutenção das condutas de água de abastecimento público não deveria ganhar tanto quanto um deputado? Eu gostaria de ganhar três vezes o que ganho e acho que toda a gente gostaria de uma coisa assim. E quem diz três vezes, diz quatro ou cinco ou dez. Só que ou os preços de venda das coisas teriam que ser incrementados à grande ou grande parte das empresas iria à falência. E, se os preços fossem incrementados à grande, ou toda a gente era aumentada na mesma proporção ou quem o não fosse ficaria na maior penúria, sem acesso a grande parte dos bens.

Por isso, esta matéria não é para conversa de café: é para ser estudada a sério, para elaborar estudos comparativos, estudos económicos. E tem que haver um grande sentido de justiça e de humildade. Se toda a gente desata a achar-se a maior e a querer aumentos principescos sem querer saber dos outros, está bem, está.

Alinhar em conversas de coitadinhos, em que todos se acham injustiçados sem querer saber dos que estão ao lado é assassino para uma sociedade. Leva a extremos como o da sanguinária greve selvagem às cirurgias em que a bastonária dizia, com naturalidade, que sim, que a greve iria aumentar o número de mortes. E é como aquele argumento bacoco de que se devem dar todos os aumentos que qualquer um se lembre de reivindicar em vez de se acudirem a um banco com problemas. E falam como se os bancos fossem antros de corrupção e quem lá trabalha todos uns malandros e corruptos. Então deveria fazer-se o quê? Deixar o banco ir à falência? As milhares de pessoas que lá trabalham tudo para o desemprego? Os depositantes ficarem a arder, perdendo tudo o que são poupanças acima da linha de garantia? Poupanças de uma vida? 
Claro que, se sempre que se suspeite de gestão deliberadamente danosa e/ou criminosa, deverá haver investigação e, se for caso disso, julgamento e, se tal assim determinado, condenação. Mas isso é investigar actos individuais. Outra é falar em geral e quase clamar que se deve deixar os bancos ir à falência, deixando, assim, cavar um fosso no sistema económico e financeiro do país. Só gente mal informada ou mal formada pode clamar assim. E, ainda por cima, misturar isso com reivindicações de motoristas... Só pode ser verdadeiros demagogos os que assim falam.
E como os patrões não cederam às exigências dos motoristas, vai daí uma greve por tempo indeterminado e o país que se lixe. E é isso que questiono: o formato egoísta desta luta e desta greve por tempo indeterminado e a desproporcionalidade das suas consequências. O sindicalismo deve ser um movimento solidário entre trabalhadores e não uma agremiação de corporações auto-centradas, auto-exclusivas, egoístas e brutais.

Um sindicalismo como este é assassino para os trabalhadores.

E isto tudo com os motoristas a toque de caixa do Pardal que, nitidamente, está nas sete quintas. Com as televisões sempre em cima, todo ele rejubila. Tem todo o palco para espalhar a confusão à vontade. 

Mas há quem lhe dê ouvidos
(Foto daqui)
Desta vez não apareceu no Maserati. Não senhor, gozão, provocador, desta vez o Pardal apareceu de trotineta. Do que se percebe e do que se vê nas televisões, a sua ocupação a tempo inteiro é esta, andar a cavalgar e a incentivar as reivindicações dos motoristas, armando toda a baderna possível. Não vou aqui especular de onde lhe vêm os rendimentos que não tenho nada a ver com isso e, de resto, para essas investigações há gente competente que, certamente, andará a tentar perceber o que, visto de fora, não se percebe.

Dois artistas: Pardal e Flopes
(Creio que a foto é do Observador)
Agora o que é extraordinário é ver o Bloco de Esquerda a apoiar este Pardal e, ao mesmo tempo, o Santana Lopes a aparecer no piquete a apoiar aquela meia dúzia que por ali ainda tenta salvar a cara. Dando uma no cravo e outra na ferradura, sem se perceber bem qual a dele a não ser querer aparecer, Santana fez mais um dos seus papelinhos ridículos. A oferecer-se para mediador? Estará mesmo a pensar que consegue roubar o mediatismo ao Pardal? Ná. Menino do coro ao pé do Pardal. Teria que fazer flic flacs à retaguarda em cima da trotineta, teria que perder a pouca vergonha que lhe resta, teria que perder aquele ar blasé de velha rata do laranjismo, teria que andar por todos os caminhos onde o Pardal se meteu e que, ao que se lê por aí, lhe valeram processos de burla e mais não sei o quê. Portanto, Caro Santana, caia na real. Escolha causas que sejam mais a sua praia. Por exemplo, ajude a formar um sindicato independente de cabeleireiras e manicuras, apresente um caderno reivindicativo e vá para a rua rodeado de profissionais das extensões e das nails. Isso, sim, seria mesmo a sua cara.

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Tirando isso, uma questão de fundo: o Ouriço e o Pardal serão gémeos separados à nascença?

[Se não estão bem a ver, ponham uns óculos ao ouriço que logo vêem se não é a cara chapada do mano pardal]







terça-feira, agosto 13, 2019

O que pretende Pedro Pardal Henriques?
Lançar a confusão no País? Abrir espaço à limitação dos direitos dos trabalhadores?
Ou isto não passa de rampa de lançamento para ir armar confusão na campanha eleitoral? E, a seguir, na Assembleia da República?
Corremos o risco de, um dia destes, o termos a desgraçar e a envergonhar Portugal?
Pergunto.


O mal de gente assim é que não tem limites. O normal pudor e o respeito pela verdade com pessoas assim não existem. 

Trump todo contente e galhofeiro
enquanto a mulher pega ao colo um bebé orfão,
cujos pais foram assassinados no tiroteio de El Paso

Veja-se o Trump. Não têm conta as insensibilidades que pratica ou as mentiras que já disse desde que é Presidente. Diz mentiras absurdas. Logo a seguir a comunicação social prova que mentiu, o mundo inteiro troça. Mas ele, descarado, diz que as denúncias das suas mentiras são fake news. E as pessoas que o apoiam, apesar de ele ser racista, misógino, xenófofo e sobejamente ignorante, continuam a apoiá-lo, diga ele as barbaridades que disser.

É como o Bolsonaro. É tão básico, tão ignorante, diz coisas tão ridiculamente absurdas que quem o ouve e tem dois dedos de testa pasma. E, no entanto, em vez de perder 100% de apoio no dia seguinte, continua a ser apoiado. Quem votou nele perceberá agora em quem é que votou?


Apoiam esta gente as seitas que odeiam a democracia, a liberdade, a inteligência, a cultura, o direito à igualdade de oportunidades, seitas estas que assentam em interesses escusos, que sobrevivem à custa da corrupção e da exploração dos ignorantes, dos indefesos e dos medrosos que, regra geral, também os apoiam. Numa fase incipiente apoiam-nos ainda os partidos ditos de esquerda popular, pequenos partidos que alavacam o seu crescimento em conversa simpática, igualmente próxima do populismo, partidos sem um verdadeiro programa de governação e que são abstractamente do contra, em especial contra esse vago cadavre exquis composto por ricos e poderosos que serve para adubar qualquer discurso demagogo.

Toda esta gente sinistra chega onde chega com base num linguajar que toda a gente percebe, palavras simples, conversas básicas, com base em aldrabices ditas num mamar doce, como se defendessem os trabalhadores, como se fosse contra os políticos em geral, contra os ricos e poderosos, contra os bancos, como se estivessem ali para defender os pobres, ao lado dos explorados contra os corruptos e os compadrios. E a malta, cansada e de cabeça feita pela comunicação social, acredita e vai na conversa deles. A malta não vê que aquilo é conversa de tipo música para ouvidos ingénuos, não percebe que aquilo é pura demagogia, não vê que aquilo espremido vale zero. E não vê que, uma vez instalados, começam a nomear os filhos e os genros para toda a espécie de cargos mesmo que não tenham as competências mínimas e façam o mundo sofrer de vergonha alheia.

Ivanka, a filha de Trump, feita emplastro, a meter-se na conversa de gente que nem quer acreditar naquilo


Abaixo, Caetano Veloso perdido de riso com a entrevista, na Fox, ao filho de Bolsonaro (possível embaixador dos Estados Unidos que apresenta como credenciais o ter experiência de mundo e o ter fritado hamburgueres nos States)


E nem falo do Salvini, esse falso bon vivant que vai fazer comícios na praia, que (literalmente) dá música e que, com a mesma cara de pau, manda prender quem tenta ajudar os que estão à beira de naufragar. Matteo Salvini não descansará enquanto não estiver à frente de um governo de ultra-direita. E que, claro, está a contar com o apoio de Bannon.


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Vamos ver onde estará Pedro Pardal Henriques daqui por uns anos
(isto se estiver em liberdade, claro)

quinta-feira, agosto 08, 2019

Contra os Pardais tóxicos e manhosos desta vida, contra os Bolsonaros, Trumps, Salvinis e outros racistas, xenófobos e estúpidos que tais, contra os Bannons e outras úlceras purulentas, contra os nazis, fascistas e ultra-direitolas que por aí ensaiam perigosos regressos:
que as crianças se levantem e façam ouvir a sua voz.
Podem chamar-se Greta, Malala, Emma, Bana.
Podem até chamar-se apenas Emanne Beasha


Defendo o direito à greve. Quando a um trabalhador nenhuma outra forma de luta resta, que use a da negação ao trabalho é mais do que justo. É direito que deve ser defendido com unhas e dentes.

Contudo, uma greve é uma luta contra um patrão com quem se quer chegar a um acordo. Uma greve não pode ser um acto de chantagem. Quem faz greve não pode (ou, se pode, não deve poder) fazer gente inocente refém das suas lutas. Isso é cobardia que não pode ser perdoada.

Claro que uma greve terá sempre alguns efeitos colaterais mas os efeitos colaterais não podem ser desproporcionais. Por exemplo, a greve às cirurgias dos enfermeiros que, para ganharem mais, colocaram em risco a vida humana foi abjecta.

in TSF
A anunciada greve dos motoristas que, para garantirem aumentos para daqui por dois e três anos -- aumentos que nem vou comentar -- e que assentam toda a sua reivindicação numa manipulação de conceitos e deturpação de números, pretendendo paralisar o país parece-me selvagem (sim, Paulo e JV, selvagem).

Nada naquela greve é razoável, proporcional, admissível. Mais: tenho para mim que há por ali mão de quem quer desestabilizar a democracia. Mão de quem quer que o país se revolte e exija o fim do direito à greve. 

in BBC

E mais: tenho para mim que, perante Pardais e quem, se calhar, está por trás de tudo isto, a malta que ingenuamente se agarra a purismos como a intransigente e cega defesa do direito à greve, defendendo esta seita, não faz outro papel que não o de meninos do coro.

Não digo que todos os motoristas deste sindicato que se construíu em torno do Pardal fazem parte de uma 'seita'. Não, não estou a dizer isso. Haverá ali muito boa gente simplesmente deslumbrada com tanto mediatismo, gente iludida com o poder de parar um país, quiçá até um ou outro simplesmente ingénuo. Mas o Pardal e mais uns quantos é gente que, se fosse eu decidir, a bem da democracia, manteria debaixo de olho.

E digo ainda mais: a bem de preservação do nosso regime democrático, um regime que a tão duras custas foi conquistado, é bom que se pense bem nos limites que devem ser postos ao recurso à greve para se evitarem greves selvagens que são verdadeiros atentados contra a democracia.
Por exemplo: podem os trabalhadores estar em greves de prazo indeterminado financiando-se sabe-se lá como e auferindo, nesse interim, rendimentos fiscalmente isentos? Podem uns quantos trabalhadores causar prejuízos a outras entidades que não os seus patrões e em montantes desproporcionais face ao que esperam atingir? Podem uns quantos trabalhadores pôr em causa a vida humana? Podem uns quantos trabalhadores paralisar um país? Etc.
Penso que, a bem da defesa dos direitos dos trabalhadores, tudo isto deve ser seriamente analisado, sem pruridos, sem tabus. Read my lips: meninos do coro é do melhor que há para os Bannons desta vida paparem ao pequeno-almoço.

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in The Guardian

E quanto às enormidades  potencialmente assassinas e aos incitamentos racistas, homofóbicos, xenófobos, cretinos e populistas dos Bolsonaros, dos Trumps, dos Salvinis e de outros merdosos desta vida -- gente inculta, estúpida, ignorante, mesquinha, gente que o povo elegeu (em alguns casos por aritméticas duvidosas -- mas não interessa, foram eleitos) -- o que tenho a dizer é que, de cada vez que se dá corda a quem faz levantar descontentamentos populares se está a abrir a porta a gentalha dessa, gentalha que há-de devorar aqueles que neles votaram. Não neutralizar gente perigosa é deixar que levem o país à beira de uma crise de nervos, a malta toda pronta para acolher de braços abertos um qualquer herói que se anuncie como o grande salvador da Pátria.

Se depois de um Obama pareceria impensável haver um Trump, ponhamos os olhos nessa improbabilidade e não descuremos a probabilidade de, por manipulação, má informação, revolta ou descontentamento, os portugueses virem um dia também a eleger uma qualquer besta quadrada.

Por isso, não é por alguns ditos 'sindicalistas' usarem a palavrinha sagrada 'greve' que devemos, nem por um segundo, defender gente sinistra como os Pardais desta vida.


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Presumo que, percebendo o isolamento em que se encontram e com uns serviços mínimos que os deixam expostos ao ridículo, estas espécies de agremiações que se auto-intitulam 'sindicatos' venham, por ora, a meter a viola no saco. Mas não subestimemos o poder do Pardal e de quem o apoia ou suporta nem o dos que andam pelo meio das claques, no meio dos motards, em torno de Chegas e Bastas, em manifs de ultra-direitas e tretas dessas. Não subestimemos.


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E, tirando isso -- e mais para desanuviar do que outra coisa -- tenho ainda outra coisa a dizer. Não tenho o mínimo de paciência para crianças armadas em adultas, meninos e meninas todos cheios de nove horas. Zero. Mas tenho a máxima admiração por crianças que nascem corajosas, que enfrentam selvajarias, guerras, perseguições, iliteracias, que sabem impor-se a adultos, lutando por ideais que deveriam ser os de todo o mundo. 


Ouçamos os jovens, apoiemos as crianças, deixemo-los que encabecem lutas a que nós, adultos, miseravelmente fechamos os olhos.

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E para este post não ser não apenas grande demais mas também um bocado sisudo, acabo com uma menina de dez anos que tem um rosto de anjo e uma voz de deusa. Chama-se Emanne Beasha e o Jay Leno festejou-a com um justíssimo Golden Buzzer. É verdadeiramente do além.



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Até já.

quarta-feira, agosto 07, 2019

Marcelo Rebelo de Sousa, os Motoristas e Pedro Pardal Henriques


Naquela sua demanda de estar com todos e em todo o lado, penso que Marcelo só ainda não esteve comigo nem em minha casa. No entanto, não é que eu não queira, seria muito bem vindo, julgo ser apenas porque ainda não calhou.

do Expresso
Pois bem.

Numa dessas suas, meteu-se num camião e foi à boleia para ver como era a vida dos motoristas. Se bem me lembro, começou por uma breve viagem em Dezembro do ano passado e, para cumprir uma promessa de se aperceber melhor das provações por que passam, tenho ideia que se meteu noutra mais longa em Janeiro deste ano.
Pretenderia ele, na dele, evitar cenas de tipo 'colete amarelo' por cá. Esvaziar o descontentamento. Pois, não digo que não. A questão não é essa, a questão é que há mais por aí quem também não ande a dormir, quem fareje qualquer rastilho, por pequeno que seja, para incendiar as sociedades que vivem estavelmente em democracia. 
Marcelo veio da vaigem a reconhecer as dificuldades da profissão e, como é óbvio, isso soou que nem música para os ouvidos dos motoristas. Dos motoristas e... de um certo recém-advogado, formado pela Lusófona do Porto em 2014, com cédula profissional de junho de 2017 e que, justamente em Janeiro deste ano, muito oportunamente, apareceu como vice-presidente de um Sindicato de Motoristas de Mercadorias Perigosas cuja morada curiosamente coincide com a do escritório do dito Pardal. Também curiosamente o escritório ostenta, quase como 'selo de credibilidade' bem visível no vídeo de apresentação, uma moldura em que o dito Pardal aparece não com o Papa em pessoa mas com Marcelo, o próprio.

do Lusojornal
E agora, enquanto ouvia as declarações do mesmo Marcelo a dizer que os meios não justificam os fins e a apelar ao bom senso numa tentativa de que a greve selvagem não vá avante, vi aparecer logo a seguir um dos motoristas-sindicalistas a dizer que, se meses antes Marcelo os tinha apoiado, estava, então, na altura de ser coerente e os apoiar a sério. Nem mais.

E eu, revendo a fotografia do Pardal com o Marcelo a servir de cartão de visita no dito escritório e ouvindo o sindicalista a reivindicar o apoio consequente do Marcelo, interrogo-me: será desta que o nosso Presidente percebe que, sob pena de parecer que está de rabo preso, não pode andar por aí a distribuir simpatias a eito e a fazer fotografia com tudo o que é cão e gato (sem ofensa para os cães e para os gatos)?

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Tirando isso, só espero mesmo é que o nosso Presidente, que é um ilustre Professor de Direito, esteja, discretamente, a mover as suas influências no sentido de ensinar quem de direito a, legalmente, impedir a greve selvagem e chantagista que está na forja. Agradecemos.

sexta-feira, maio 10, 2019

Pedir ao Rui Rio que tenha juízo e esteja calado é a mesma coisa que pedir a uma galinha que declame Camões


E isto parafraseando Rui Rio que não pára de dar tiros nos pés, tendo agora dito esta coisa fantástica: Pedir ao PS que vote é o mesmo que pedir ao perú que vote no Natal.

E, dizendo isto, parece que ainda não percebeu uma coisa tão simples: se o PS acha que não há condições para integrar os nove anos, não sei quantos meses e não sei quantos dias (de professores e de todos quantos foram prejudicados com a crise) já que isso geraria saltos remuneratórios não compagináveis com o equilíbrio das contas públicas, então, não faz qualquer sentido definir travões. Travões põem-se a alguma coisa que esteja em movimento não a uma que não deve avançar.

Mas, se ele não percebe, eu explico com um exemplo: se eu acho que o Rui Rio, por condições intrínsecas dele, nunca vai poder ser um bom primeiro-ministro e, portanto, jamais votarei nele, então não faz sentido votar uma coisa a dizer que uma das condições para ele exercer o cargo de primeiro-ministro é, por exemplo, cortar o cabelo.
[Não que não lhe fizesse bem cortar aquele cabelinho amontoado na nuca, entre o escorrido e o antiguinho -- só que não seria isso que alguma vez na vida poderia fazer com que ele conseguisse, algum dia, vir a ser um bom primeiro-ministro]
E eu que tenho andado a dizer que, face ao período eleitoral, o PSD tão cedo não vai poder ver-se livre do Rui Rio, já começo a achar que, com tudo o que ele anda a dizer, destratando os deputados da sua bancada parlamentar e envergonhando e irritando tudo o que é genuíno social-democrata, ainda corre o sério risco de correrem com ele de qualquer maneira, à pressa, a trouxe-mouxe, e adeus ó vai-te embora.

É ele e o Nogueira, esse emplastro sindical que, de repente, passou a incomodar até a esquerda, mormente o PCP. Ainda vão é sair os dois da vida pública ao mesmo tempo, de braço dado.