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sexta-feira, dezembro 27, 2013

Um ecossistema político-empresarial, visualização interactiva das relações de membros de Governos de Portugal com empresas e grupos [um trabalho da autoria de Pedro Miguel Cruz, um jovem que se diz 'a non-committed passionate lover of things, people and places']


Depois de no post abaixo dar conta de como a imprensa espanhola vê o milagre económico de Passos Coelho, aqui divulgo o que um Leitor, a quem muito agradeço, deixou num comentário descrevendo-o como serviço público.

Já o vi referido noutros locais mas porque me parece digno de referência, aqui fica também.

Clique, por favor, no link contido no título do trabalho pois é um trabalho feito de uma forma muito curiosa, apelativa e elucidativa.


Um ecossistema político-empresarial 

PORTUGAL 1975-2013.


Visualização interactiva das relações de membros de Governos de Portugal com empresas e grupos (ou a forma como alguns ácaros - de nomes bem conhecidos - pairam em torno de alguns grupos empresariais).


Trata-se de uma aplicação interactiva criada por Pedro Miguel Cruz (Visualization designer, explorer, PhD candidate and free spirit, Coimbra Area, Portugal Ensino superior), cujos trabalhos podem ser vistos no seu site



***

Daqui envio os parabéns ao Pedro Cruz que demonstra ser talentoso e ter sentido de oportunidade. Para além disso tem graça a forma como se apresenta. Pela amostra, penso que pode ir longe. Mas tomara que isso não seja significado de ir para longe de Portugal.

terça-feira, janeiro 15, 2013

Manuela Moura Guedes dona de casa, desempregada, sozinha, isolada. Uma capa da Flash muito triste. E a minha amiga por quem todos estamos a torcer. E, nem sei se a propósito, uma viagem pelo imenso espaço sideral - do infinitamente grande ao infinitamente pequeno




Manuela Moura Guedes, de entrevistadora temida a dona de casa desempregada,
confessa-se agora sozinha e isolada

Capa da edição da Flash agora nos escaparates



Talvez sejamos mesmo uma ilha, nós próprios rodeados de gente. Ou rodeados de nada, um imenso vazio à nossa volta. Ou nós e outras ilhas, um pequeno arquipélago na imensidão do espaço.

Talvez a lente de algum observador invisível suspenso no espaço, a que alguns chamarão deus, consiga ver o infinito espaço. 




Nele verá constelações boiando, buracos negros, imprevistos movimentos; e talvez consiga também ouvir o silêncio, o imenso silêncio sideral. Ou uma música por nós nunca sequer antecipada. Curioso, atento aos pedidos que lhe chegam e infinitamente capaz de a todos analisar, esse distante e piedoso observador rodará a lente para se aproximar. 




A sua visão entrará, então, apenas numa pequena fracção de espaço onde verá um imenso caldo de luz. E aproximará ainda mais e verá estrelas, umas muito antigas, luz branda, coada, outra maduras, e outras muito jovens, chispando, uma luz intensa e vibrante. E verá silenciosos planetas. Grandes, pequenos, gélidos, flamejantes, cinzentos, discretos, exuberantemente anelados: vários planetas. 




E, tal como por vezes lhe acontece, um dia, no meio de tudo, verá um pequeno planeta azul. Pequeno, um pequeno ponto florindo no imenso espaço.




Aproximará ainda mais a lente. Um mar muito azul, serpenteando ao longo do verde, do branco, alguns salpicos de castanho ou amarelo: uma bolinha de brincar. E ao observador longínquo apetece-lhe brincar. 

E então aproxima ainda mais a lente e começa a ver uma superfície recortada, parece quase um bicho de várias patas que se desenha sobre uma superfície de água.




Aproxima ainda mais a lente e vê casas, muitas casinhas, e estradas de brincar, comboiozinhos que atravessam os campos e barquinhos que cruzam os mares. 




Ao longo de alguns anos alguém se entreteve a brincar, a fazer construçõezinhas com muitas luzinhas, lagos, jardins, um pequeno mundo em cada bairro.

Aproxima ainda mais, quase no limite. Vê figurinhas ínfimas, insignificantes criaturinhas, pontinhos. Animais, pessoas, árvores, rochas e outras pequenas coisas, umas quietas, outras mexendo-se. 




Aproxima ainda mais a lente e foca-se nas pessoas mas tem dificuldade em distinguir uns de outros, são todos demasiadamente iguais. Uns choram, outros riem, uns andam vestidos, outros nus, uns cantam, outros dançam, outros guerreiam, outros insultam-se, outros abraçam-se. 

Um deles sou eu, outro será você que me lê, quase iguais, quase irrelevantes.

E, no entanto, vistos não a esta escala infinita mas à nossa e limitada pequena escala que importantes nos achamos.

Mas não somos importantes. Somos pequenos, frágeis, pequenos seres que aparecem e desaparecem numa infinita sucessão de aleatoriedades. 




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Uma ex-colega minha, de que aqui falei há dias e com quem trabalhei durante anos, sempre foi uma excelente pessoa, irrepreensível, nunca lhe conheci, com ninguém, nem o mais leve desentendimento. Frontal, sincera, trabalhadora, bem disposta, conciliadora. Uma vida tranquila, saudável. Talvez por isso, por ser assim, nunca se lhe tenha conhecido doença. No entanto, dentro dela uma pequena bolha silenciosa estava em contagem decrescente. Rebentou no outro dia, sem aviso prévio, sem qualquer sinal. 

Foi operada e a operação correu bem. Está a reagir muito bem e toda a gente está muito animada. Diziam-me hoje que já vai respondendo a estímulos, mostra reacção quando se fala com ela, tentou abrir o olho e tentou olhar… enfim, devagarinho, vai melhorando

Uma mulher dinâmica, independente, que vivia a ajudar os outros, passou num instante a uma criatura indefesa, dependente, numa situação em que abrir um olho já é uma vitória que a todos enche de esperança. 

Precária, pois, a nossa condição.

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Vejo também na capa da revista Flash uma mulher que em tempos foi poderosa.




Nos tempos vitoriosos do Jornal Nacional na TVI ela era arrogante, quase ofensiva, permitia-se quase agredir os convidados, interrompia-os, insinuava maus comportamentos, sugeria más práticas, derrubava reputações, agrediu verbalmente, por mais do que uma vez, o primeiro ministro deste país a quem mostrava odiar – e agora aparece-nos quase como uma caricatura de si própria, uma mulher decadente, uma pose de vedeta arruinada. 

A cabeça pende sobre o ombro, a mão eleva-se sem energia para tapar o decote, hesitante no agarrar da estola de pele que ali quase parece despropositada. Vê-se que tenta sorrir mas não consegue, e os lábios excessivos e excessivamente pintados tornam-na triste e quase grotesca. Olho-a e sinto quase pena.

Manuela Moura Guedes não previu, certamente, no período áureo da sua carreira, que não seria poderosa e temida toda a vida. Leio na capa da revista que está desempregada há dois anos, que queria trabalhar, que é uma dona de casa insatisfeita, que passa o dia a fazer limpezas e a cuidar dos filhos, que se sente sozinha e isolada. Passou de moda, passou à história. A sua glória alimentava-se do ódio que sentia ao socratismo que ela ajudou a derrubar. O socratismo está morto e a glória de Manuela Moura Guedes também. 

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Curtos e incertos são, pois, os caminhos da glória.

Curta, incerta, precária, insignificante a nossa vida. Que a usemos, então, enquanto podemos, da melhor forma, com generosidade, humildade e leveza, sentindo a beleza do que nos rodeia, agarrando cada instante, certos da volatilidade da nossa sorte. Ao menos isso. Não somos estrelas, ninguém o é: somos menos que ínfimos pontos no universo.


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Saíu tão longo este texto... Mas, mesmo assim, permito-me ainda convidar-vos a virem comigo até ali ao meu outro lado, até ao Ginjal e Lisboa. Hoje temos uma estreia, José Gomes Ferreira. E em volta do seu poema escrevi palavras que contrariam o poema, levada pela fotografia que gostava mesmo que fossem ver. Nos meus passeios testemunho situações do além e a que ali reporto é, seguramente, uma delas. A música é, de novo, um momento feliz, João Gil e Jorge Palma. Senta-te aí.

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E nada mais por hoje. Apenas desejar-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira, cheia de luz.

domingo, agosto 19, 2012

A grande festa do ego e o bordel das subjectividades de António Guerreiro; os anjos, os bosões e a picada no dedo de Jorge Calado e, imaginem, a propósito disto, a grafologia como forma de conhecermos melhor quem somos


Música, por favor



Ernst Bloch - Prayer for cello and piano
Dimitri Ferschtman/cello; Mila Baslawskaja/piano


*


Eu
Id, Ego, Superego, ....


Escreve esta semana António Guerreiro, na rúbrica 'Ao pé da letra' do caderno Actual do Expresso, que 'até os jornais mais sóbrios se tornaram permeáveis a esta grande festa do ego que se tornou um bordel de subjectividades'. E, continua, dizendo que 'o discurso universal, que foi outrora representado por uma figura desaparecida, a do intelectual (...), deu lugar à grande parada carnavalesca dos "Eus" que gritam, saltam e se atropelam.'

Talvez. 

É um facto que os jornalistas tanto aparecem como jornalistas, como comentadores, como bloggers, como animadores de debates, como escritores, como dando entrevistas por serem algumas das coisas anteriores. Ora, com esta múltipla exposição, como evitar que haja como elemento unificador o 'eu'?

E, se constato esta múltipla exposição, não o faço de forma censória pois que cada um se multiplique ou se divida como gosta e como pode, é coisa que não me incomoda nem a mim e que não vejo como há-de incomodar alguém (para além dos próprios).

E, de resto, mesmo que ainda encontrássemos jornalistas intelectuais, não encontraríamos nenhum que estivesse acima da condição humana de ser quem é, conseguindo escrever como se estivesse a ser portador de uma palavra que lhe tivesse sido soprada por um invisível outrem.

Por muito isenta que uma pessoa seja, é sempre ela que ali está. Pode disfarçar, usando artifícios linguísticos, fazendo de conta que não é o próprio a relatar ou a ter aquela opinião mas, sim, um ser independente, uma criatura sem identidade. Pode fazê-lo mas, mesmo na forma como o faz, está a marca do seu 'eu'. Por isso, parece-me uma falsa questão a de António Guerreiro.

E, além do mais, se o próprio não sabe nem de que matéria é feito como pode ter pretensões a poder falar acima de si próprio?

*



Quando falo que nenhum de nós conhece a matéria de que é feito não estou a usar uma expressão à toa, estou mesmo a querer dizer isto: não sabemos sequer de que matéria somos feitos. Se queremos saber coisas simples (como está o nosso estômago, as nossas articulações, etc) temos que nos fazer radiografar, analisar, espreitar com câmaras introduzidas dentro de nós.

E isto para saber as coisas simples. Porque, para se saber as coisas mais complicadas, têm os cientistas, em imensos, soterrados e bunkerizados túneis, que acelerar as partículas de que a matéria é feita, analisando depois, através da mais sofisticada tecnologia, o rasto que elas deixam. E o curioso é que estas coisas complexas que apenas poucos conseguem testemunhar são afinal as mais simples, as mais ínfimas de todas as coisas, são as partículas elementares, as mais pequenas e indivisíveis partículas de que tudo é feito.

No mesmo Actual, podemos ler o curioso artigo de Jorge Calado na sua sempre interessante 'A tabela periódica'. Fala ele do bosão de Higgs, a intrigante partícula de Deus, como ficou a ser conhecida - depois de ser apenas a goddamn particle (o estupor da partícula, digamos assim). Termina ele o seu artigo dizendo que 'meteu-se a mão num enorme monte de palha e sentiu-se uma picada' e que espera 'que seja a proverbial agulha'.

Antes, explicava ele que 'dois fermiões não podem ocupar o mesmo estado (quântico), mas dois (ou mais) bosões podem'. E, com o seu sentido de humor apurado, remata Jorge Calado que 'esta é a resposta à questão levantada por São Tomás de Aquino de saber se dois anjos podem pousar simultaneamente na mesma nuvem'

*


Las tres esfinges de Bikini, pintura de Salvador Dal


E volto, ainda que muito brevemente, à questão da identidade, juntando-a agora à questão de não nos conhecermos sequer a nós próprios.

De todos os mistérios da vida, o desconhecimento de nós próprios é talvez um dos mais fascinantes. Como somos? Porque somos assim? Como agimos? Como somos perante os outros?

Isto sempre me interessou e leio tudo o que apanho sobre o tema e que esteja à altura da minha compreensão. António Damásio e muitos outros que agora não vêm ao caso têm alimentado a minha curiosidade.

Mas não é só a ciência que aplaca a minha vontade de saber mais sobre este assunto.

Desde há algum tempo que a grafologia me despertava interesse. A grafologia estuda a personalidade, o carácter ou o comportamento das pessoas a partir da sua escrita à mão. Assim, frequentei um curso ministrado pelo Dr. Alberto Vaz Silva no Centro Nacional de Cultura. O curso foi interessantíssimo e aprendi imenso pois ele é uma pessoa culta, um bom conversador, uma pessoa com uma vida riquíssima e com vastos conhecimentos sobre a matéria. O curso era frequentado maioritariamente frequentado por psicólogos, professores e até um juiz. Eu devia ser a única pessoa que ali estava apenas pelo prazer de aprender, sem qualquer intenção de utilizar os conhecimentos na prática. No entanto, apesar de me reconhecer como uma simples iniciada, por piada, tenho ousado fazer várias análises e, curiosamente, os analisados reconhecem-se naquilo que sobre eles tenho referido. Por vezes acontecem surpresas mas, depois de analisados os comportamentos, geralmente acabamos por concordar com a análise feita.

As análises grafológicas debruçam-se sobre a pressão na escrita, a inclinação da letra e das linhas, as margens, a junção das letras, o espaço entre palavras e entre linhas, a assinatura e a sua localização, a própria forma das letras, etc (mas, note-se, a caligrafia não é, nem de longe, o mais importante).

Uma das caracterizações básicas que se fazem a partir das primeiras impressões da escrita tem a ver com os temperamentos (colérico, sanguíneo, fleumático, melancólico). No interessante blogue A Matéria dos Livros, já anteriormente aqui referido, a sua autora faz uma caracterização dos quatro principais tipos de temperamentos. Num comentário que ali coloquei, referi muito sumariamente como é relativamente simples, a partir de uma análise até imediatista, traçar um rápido retrato comportamental do indivíduo cuja escrita se analisa.

Mas a análise permite ir mais além: permite detectar traços de imaturidade, ou de ligação excessiva aos pais ou à família em geral, ou ao passado, ou ver distúrbios graves, ou ver uma ausência de respeito pelos outros, ou uma introversão excessiva, ou um temperamento apaixonado ou criativo, ou uma tendência para a mentira, ou uma ambivalência extrema, ou o gosto em aprender ou, pelo contrário, um espírito fechado, etc.

É interessantíssimo. A grafologia é um mundo vasto e muito aliciante.

E uma coisa muito curiosa na escrita é que não controlamos a forma como escrevemos (a menos que o façamos deliberadamente para tentar ocultar a nossa identidade - e mesmo assim é muito difícil, e deixaremos, seguramente, 'rastos') pois a forma como escrevemos revela-nos e nós somos o que somos ainda que não o saibamos.



Carta de Fernando Pessoa a Ofélia
Nota: Tal era o desdobramento de personalidades de Fernando Pessoa
que, nele, a escrita era mesmo variável consoante os heterónimos que usava
*

E, por hoje, é isto. É isto e é, sobretudo, desejar-vos um belíssimo domingo.




quarta-feira, janeiro 04, 2012

Judite de Sousa está a ganhar balanço para ser a próxima Pin-Up do Hot Magazine? Luís Montenegro também usa aventalinho com o monograma da Loja Mozart? Mas que bem. Espiões, deputados, jornalistas, ministros, olha que bela mistura. E pérolas dentro de ostras algarvias. E esperma feito em laboratório. Que rica caldeirada! Só falta mesmo uma posta de safio.

 
Meus Caros, hoje estava cheia de boas intenções, juro. Queria falar-vos da situação na Grécia, da forma desastrosa como a Zona Euro está a ser gerida, queria partilhar convosco a opinião de Georges Soros, tudo assuntos prementes e actualíssimos.


Mas há pouco, enquanto jantava, vi o final do Jornal das 8 na TVI, conduzido pela Judite de Sousa. Enquanto falava e só lhe via a parte de cima do corpo, já pressenti que aquilo não augurava nada de bom. Já ontem tinha tido um arrepio quando a vi mas estava ainda sob o efeito da visão da D. Elma e relevei a D. Judite, até porque só a apanhei de relance, quando se levantou para encerrar as hostilidades. Mas agora, que reincidiu, tenho mesmo que puxar o assunto à colação. Ontem estava de mini-saia preta, meia preta, bota por cima do joelho e camisa reluzente de um encarnado vivo. Um despropósito que só visto.

Hoje estava de blusa preta cheia de pedrarias junto ao pescoço. Como está loura platinada, carregada de pintura, aquela concentração de grandes pedras sobre preto tornava o conjunto nitidamente too much. Mas o pior veio mesmo quando se levantou. Ó senhores... Estava de sainha rodada e estampada, curtinha, pelo meio da pernoca e de novo de bota alta, desta vez pela rótula. Uma coisa inexplicável. Nem sei se não estava ainda mais espampanante que a D. Elma de mãos nas mamocas e casaquinho de peles.

Não percebo o que lhe deu - é que até há pouco tempo parecia que tinha atinado com a imagem, estava mais discreta, parecia até mais bonita, mais simétrica. Agora deu-lhe para isto. Oh senhores...!

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Mas até ser vítima deste choque estético, até me estava a parecer que o dia estava repleto de notícias promissoras.

1. O dia noticioso andou à volta da Loja Mozart. Há que séculos que aqui, neste mesmo sítio, dei conta das dangereuses liaisons entre esta lojinha maçónica (70 membros mais coisa, menos coisa), o poder, o coito dos espiões (coito=lugar protegido e não coito=cópula, que é lá isso...?), a comunicação social.

De lá vem o inefável e anafado Jorge Silva Carvalho, o supostamente ex-espião do SIED - mas, ao que consta, ainda com muitas liaisons - de lá vem Nuno Vasconcelos (ou Vasconcellos?) da Ongoing, de lá, pelos vistos, vem também Luís Montenegro líder parlamentar do PSD, ao que soa, de lá vem o omnipresente Miguel Relvas, tudo gente fina. O que eles para lá congeminam, só eles sabem. Influências, jogos de poder, interesses, intrigas, espionagem à mistura, cartas na manga, fotografias em envelopes (?) - são coisas que nos podemos divertir a imaginar mas que não temos como provar. Parece que há uma Comissão Parlamentar, da qual o próprio Luís Montenegro é membro, que faz de conta que anda a investigar. Não vai dar nada como é mais que óbvio.

Mas não é essa caldeirada que agora me interessa. O que me interessa é imaginar o cenário em que aquelas reuniões decorrem.


Esta fotografia está na net e refere-se a um encontro creio que no Brasil. Será que aqui em Lisboa, na Loja Mozart, é uma coisa assim...? Todos de aventalinho muito engomadinho, cheio de gregas acetinadas, bordadinho inglês e outras aplicações mimosas? E de babete ou gola da mesma cor que os enfeites do aventalinho...? Tão giros...! Gostava tanto de os ver...! De ouvir, não, que deve ser uma coisa a atirar para o assustador. Mas, vê-los, deve ser tão enternecedor.

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2. Bom; mas as notícias interessantes não se ficaram por aqui. À vinda para casa (que é meu grande momento de absorção informativa) ouvi uma coisa mesmo empolgante. Foram encontradas pérolas em ostras algarvias do género Crassostrea.

A descoberta deveu-se ao Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR) e ao Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR) e, em 750 ostras, apenas 2 estavam recheadas com 6 pérolas ao todo.


A imagem acima corresponde a uma dessas pérolas.

Fiquei entusiasmada com a notícia. Vocês, meus Caros, devem achar que 6 pérolas não são motivo de conversa. Mas, sabem, vou confessar-vos: adoro pérolas. Verdadeiras de preferência, mas também de cultura e, à falta de melhor, também de pura fantasia. É daquelas coisas intrinsecamente elegantes, que tornam interessante qualquer mulher.


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3. Mas o mais interessante fica para o fim. Investigadores alemães e israelitas conseguiram produzir esperma em laboratório. Dizem que os espermatozóides eram muito jeitosinhos, muito bem feitinhos, a cabecinha muito bem desenhadinha. Nadam numa solução gelatinosa muito parecida com a que se encontra nos testículos.

Por enquanto ainda são apenas experiências com ratos mas a ideia é estender a coisa aos humanos e os cientistas estão muito animados.


Também acho empolgante - pérolas nas ostras algarvias ou espermatozóides feitos em laboratório, tudo coisas que dão jeito.

Claro que os meus amigos homens já devem estar a sentir-se incomodados. Mas que não seja por isso. As mulheres não vos querem apenas para procriar (agora até me lembrei de um deputado, de seu nome João Morgado, que tinha essa ideia e que, inclusivamente, inspirou um divertido poema a Natália Correia). Procriar é apenas uma ou duas ou três vezes na vida (em média, claro). As mulheres dão várias outras utilidades aos homens, estejam descansados.

Por isso, se se portarem bem, se forem simpáticos, se forem bons e pacientes companheiros, se trocarem as lâmpadas em casa, se pendurarem quadros ou cortinados, se montarem estantes do IKEA e não andarem ofegantes e revoltados enquanto carregam os caixotes para dentro do porta bagagens, se forem carinhosos, se perceberem quando mudamos de penteado, se não se importarem de esperar que a gente se arranje como deve ser, se gostarem de andar a passear de mãozinha dada, enfim, se merecerem, talvez as mulheres não vos descartem. Capisce?!

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E pronto, meus amigos, hoje fico-me por aqui. Amanhã logo tento trazer assuntos mais maçadores, está bem? Hoje deu-me para isto, para coisas de insustentável leveza.

Divirtam-se!
  

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Olhar para seios femininos durante 10 minutos por dia faz bem à saúde. Segundo o New England Journal of Medicine pode prolongar a expectativa de vida em 5 anos. E, assim sendo, podem começar já o tratamento (Victoria Secret e Armani Underware para uso tópico)


Deixou-me ontem um leitor, a propósito do meu post referente a saúde e boa disposição, um link para uma curiosa notícia. Fui verificar e parece ser verdade - estudo de 5 anos, dois grupos para análises comparadas, etc e tal. Para além do link deixado no comentário, podem validar também  aqui, por exemplo

Ou seja, uma contemplação de seios durante 10 minutos equivalerá a 30 minutos de aeróbica. Baixa a tensão arterial, reduz os riscos de problemas cardíacos e mais não sei o quê.

Acho isto uma coisa extraordinária.

Como não ando com paciência para perder tempo com o Passos Coelho (pobre homem, ao fim de 4 ou 5 meses e já é vaiado como se cá andasse há 5 anos...)  e olho para a Merkel e sinto que 'já era', acho que mais vale aproveitar aqui o meu tempo de antena para divulgar descobertas científicas e cuidados de saúde.

E, assim, aqui vos vou deixar com um filme que vai ajudar os senhores a prolongarem a sua vida. Como o filme é de apenas 3 minutos e picos, fazem o favor de o ver 3 vezes para atingirmos os 10 minutinhos, está bem?

Mas o filmezinho é também para senhoras. Por um lado, para as que gostam de uma bela lingerie - está na altura do Natal pelo que, fazem favor, escolham e escrevam o modelito que querem na cartinha ao Pai Natal. Por outro lado, as senhoras que gostam da letra L talvez também consigam, com isto, suprimir as aulas de ginástica. Só vantagens, portanto.



(Preview Victoria Secret 2012 - filminho de há cerca de 1 mês, ou seja, ainda está quentinho)

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E, então, as minhas amigas achavam que eu não ia também cuidar da vossa saúde? E os meus amigos alegres acham que eu também os ia esquecer...? Mas claro que não.

Este filme aqui abaixo não é tão recentíssimo, é até um pouco vintage, já que tem quase uns 2 anos, mas não faz mal nenhum. Armani male underware, pois então, com um Kerry Degman quase indecente de tão giro que é.


Então, meninas, vamos lá a ver este filme 5 vezes para fazermos os 10 minutinhos e vivermos também mais uns 5 anos. Certo?


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E, por hoje, é isto, minhas Amigas e Amigos - sempre a pensar na vossa saúde, como vêem.

Tenham um bom dia, está bem?

E haja saúde!

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[PS: Esperem, esperem, não se vão já embora. Alguém me diz que é feito do Álvaro?! Hoje até o Relvas vi a falar de emprego, de trabalho e mais não sei o quê... Mas e o Álvaro, senhores, o Ministro do Emprego e da Economia ou lá o que é que ele é, onde é que anda metido? Encolheu? Desapareceu? Fugiu? Alguém me diz? Isto é que está aqui um mistério...]


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quarta-feira, dezembro 14, 2011

Cubanos descobrem e testam vacina terapêutica contra o cancro do pulmão; vacina contra o cancro da mama pode estar disponível em três anos; e investigadores do CERN próximos da localização da 'partícula de Deus, o bosão de Higgs. E mais!


Hoje algumas boas notícias. Não limitemos a nossa visão ao que as televisões nos mostram em prime time. Há vida para além disso, olá se há...!

1. Trancrevo: "Uma equipa de investigadores cubanos anunciou que foi patenteada a primeira vacina terapêutica contra o cancro do pulmão. A comunidade científica internacional está atenta a estes estudos e na América Latina já são vários os países que se preparam para registar a vacina."


A notícia completa pode, por exemplo, ler-se aqui. Claro que há a prudência habitual, mas o estudo dura há bastante tempo, já estão a ser efectuados testes em mais de mil doentes sem danos colaterias e já se está a estudar a extensão do tratamento a outros tipos de cancro e outros países já estão a preparar-se para o adoptar, nomeadamente o Brasil e a China.

Ou seja, ainda não é oficial, mas a esperança aumenta para quem está a passar por momentos de susto e a esperança é meio caminho andado para que a energia positiva combata o bicho.


2. Transcrevo: "Uma vacina para o cancro da mama pode estar pronta em três anos depois de terem sido alcançados surpreendentes resultados experimentais. Uma partícula que treina o sistema imunitário para destruir tumores resultou em 90% dos casos dos testes laboratoriais."


Excelentes notícias para todas as mulheres. Os testes devem começar em 2013. A notícia completa pode ver-se, por exemplo, aqui.


3. Transcrevo: "Os cientistas do CERN dedicados à procura do misterioso Bosão de Higgs, também conhecido como a "partícula de Deus", anunciaram hoje terem dado passos importantes para localizar a que é considerada a mais elementar das partículas atómicas constitutivas do universo." Estamos, pois, no domínio da física da matéria, das partículas elementares, tema que me interessa, tema que me emociona. Falamos daquilo de que tudo é feito, de que somos feitos, de que o universo inteiro é feito. Falamos de partículas cuja existência é comprovada através do rasto que deixam quando são aceleradas.



Nada nos é mais interior, nada nos é mais comum e, no entanto, nem nos lembramos de que não sabemos ainda como foi formado o universo, não sabemos ainda de que matéria somos feitos, quais as partículas sub-atómicas que justificam a massa, ou a atracção dos corpos.

Os cientistas estão optimistas e confiam que 2012 será um ano inesquecível,  o ano da descoberta do enigma primordial. Assim o espero.

A notícia completa pode ser, por exemplo, aqui.


4. Podia por aí continuar mas estou perdida de sono e o que há de bom para dizer é imenso. Até para as gordas (e para os gordos) a solução parece estar a caminho - está a ser testado (em macacos) um medicamento que se dirige às células de gordura branca, as mais prejudiciais ao organismo. ..!


 
Por isso, meus amigos, para quê essa neura toda?

O Passos Coelho só diz patetices sem nexo? O Álvaro continua desaparecido e nem na Autoeuropa o vimos? Andam à toa sem saber o que andam a fazer? Estão a afogar a economia e nem se apercebem do dano que andam a causar? A Europa está numa deriva suicida? Tudo mau, tudo mau?

Não, meus amigos. Estas patetices têm os dias contados. Aos poucos as pessoas vão pressionar para que ísto pare. A governação não pode estar eternamente entregue a tecnocratas de vistas curtas, sem noção do que é governar olhando para séries longas e não para pequenas amostras temporais de 4 ou 5 anos, sem noção do que é a história, do que é a vida das pessoas. Um dia as pessoas vão acordar e vão dizer que têm apenas uma vida para viver e que essa única vida não pode ser passada a expiar a culpa de uma meia dúzia de especuladores, de gananciosos, que estoiraram com isto tudo. Vão acordar e vão dizer que a vida é para viver a olhar para a frente, a construir um futuro e não a expiar penas do passado, que querem viver bem, com perspectivas, com esperança.

Esse dia não está longe.

E, meus amigos, não nos esqueçamos que entretanto o mundo está em progressão, a ciência avança, as boas notícias existem. Saibamos vê-las, saibamos vivê-las.

Para a frente é que é caminho!

E que toque a música, ora essa!


E agora, meninos e meninas, vamos lá a arranjar par e vamos mas é dançar. Por una cabeza. Tango, pois claro. What else? É um bis, aqui, mas que mal tem isso se eu gosto tanto...?

PS: Não se arranja par para o tango com essa facilidade...? Não tem problema. Pegue numa vassoura e avance para a pista. Sem medo. E que toque a música outra vez.



Bom dia!!!!

quarta-feira, agosto 31, 2011

A era dos computadores tal como hoje os conhecemos está a chegar ao fim?

Há algum tempo escrevi este post no qual me referia, entre outras coisas, ao previsível fim da era actual a nível informático. Há quem antecipe que, seguindo a tendência desenhada pela lei de Moore, a miniaturização atinja níveis de tal forma ínfimos que deixe de ser industrialmente manuseável.



Este mês soube-se que a HP está vendedora da sua área de negócios dos computadores pessoais. Deixou de ser um negócio interessante.

Nem tem a ver com o tema da cloud computing porque, ainda que a informação seja processada na nuvem, é requerido um dispositivo pessoal para a ela aceder (exemplifico: ao estar a escrever este post, não sei em que computador físico isto que escrevo está a ser processado e onde será armazenado - ficará algures na imensa 'nuvem' que são os imensos centros informáticos espalhados pelo mundo).

A questão não é, pois, só isso. É mais que isso. Avançar-se-á para as nanotecnologias - a Elvira Fortunato já coloca os processadores em folhas de papel - mas também é provável que seja uma qualquer outra coisa.



A índústria de software acompanhará os avanços da tecnologia e, certamente, alguém a esta hora, (matemáticos, cientistas da computação, engenheiros - e, com certeza, poetas, filósofos) estará a esforçar os seus preciosos neurónios para desenvolver potentes compiladores que se alojem algures, acedidos sabe-se lá como e disponíveis sabe-se lá a partir de que dispositivos.

A Microsoft, entretanto, anda numa azáfama, nomeadamente a tentar acelerar o lançamento do Windows 8 antes que todo este mundo desapareça.



É um mundo volátil este. Os avanços tecnológicos são extraordinários e, tal como há pouco tempo não existia internet e agora é indispensável, algo sem o qual não se comunica, não se fazem revoluções, não se vive, imagino que, dentro de menos de 10 anos, nova disrupção terá acontecido e a nossa vida seguirá um qualquer outro paradigma.



Parabéns ao Sr. Cientista que leva um fio daqui até à nuvem cujo blogue esta semana completou uma volta ao sol!

terça-feira, julho 05, 2011

Em que idade devem as crianças começar a falar? Einstein responde.

Não me apetece acabar o dia em clima de crise e, por isso, para os pais e avós que andam inquietos porque os seus bebés tardam em falar, deixem-me que lhes transcreva uma história que li no livro de Eduardo Punset, 'Viagem ao Amor' de que aqui  e aqui já falei.


'Uma historieta , seguramente apócrifa, relativa à criança Albert Einstein que, aos 3 anos e meio, continuava sem falar. Um dia, de repente, ao pequeno-almoço, soltou sem vacilar a seguinte frase:

- O leite está a ferver.

-Mas tu não falavas! Porque é que ainda não tinhas dito nada até agora? – exclamaram os pais sem conseguirem sair do seu assombro.

- Porque antes tudo estava em ordem e controlado – foi a resposta do pequeno Einstein'

 
Nem mais.


(Mas se vos apetece ler sobre o que se anda a passar por aí, sigam, por favor, para o piso abaixo.)

sexta-feira, julho 01, 2011

Ouçam como eu respiro. Estejam onde estiverem, tomem as minhas palavras. São vossas.

Já desabafei no post abaixo: este imposto extraordinário anunciado hoje pelo Passos Coelho aborrece-me. Já se temia que as medidas não fossem suficientes pelo que nem é a necessidade de arrecadar mais dinheiro que está em causa: o que está em causa é que o PSD andou a esconder esta intenção, durante a campanha eleitoral. Faziam-se de caridosos para com os portugueses, coitadinhos, o Sócrates é que era o mau da fita - e nem um pio sobre isto. E agora, como se não estivessem fartíssimo de ter todos os números, saiem-se com esta 'bala de prata' (como a nossa comunicação social agora começou a dizer).

Mas vou pensar noutra coisa, não gosto de estar aborrecida.

*

Estou sentada ao computador. O computador está ligado por um cabo a um modem. O modem está ligado por um cabo a outro equipamento que está ligado por um cabo a outro equipamento do qual partem cabos que se vão ligar a…. e assim sucessivamente.

Ao mesmo tempo que estou a escrever isto, milhares de outras pessoas escrevem também - e as palavras de uns e outros, encarreiradas atrás de códigos, cruzam-se no sub-solo, debaixo das cidades, cruzando montanhas, mares - ordeiramente, não se baralhando.

Um mundo invisível, subterrâneo, de cabos que transportam palavras.

Uma antiga profecia Maia dizia que haveria de vir o dia em que a Terra estaria coberta por uma imensa teia.

Cumpriu-se, pois, a profecia. O planeta, por terra e por mar, está coberto por cabos. As comunicações ligam todos com todos e, integrada no mundo das comunicações, a www (word wide web - ou simplesmente web ou internet ou, mais simplesmente a net) está omnipresente em todo o mundo.


 A coisa fica ainda mais virtual quando a comunicação é sem fios, wireless, feixes que são conduzidos de e para antenas, ou placas 3G (que são pequenas antenas que colocamos nos nossos computadores e que se comunicam com grandes antenas).

Aí, temos as palavras no espaço, invisíveis, encarreiradas atrás de códigos, a cruzarem-se com outras palavras invisíveis, o espaço cheio de palavras. O ar que respiramos repleto de palavras.

Fala-se muito de computação na nuvem - e é isto. No meu caso, estou a usar o blogger, que é da google (mas seria a mesma coisa se usasse sapo, wordpress ou outra ferramenta qualquer) e isso significa que as minhas palavras deslizam por esse mundo fora até chegarem a uma aplicação residente em computadores algures no mundo onde são arrumadas nos meus posts, no meu blogue; e esses mesmos misteriosos e longínquos computadores, depois, quase instantaneamente, devolvem ao mundo o que eu escrevi, seja para que parte do mundo for. Se um destes potentíssimos e longínquos computadores se avariar, automaticamente outro tomará o seu lugar, de forma eficaz e silenciosa.

Ninguém dará por nada. Um mundo robotizado, infalível, trabalha anonimamente para centenas de  milhões de utilizadores, para mim, para si. O admirável mundo novo. A nossa informação, as nossas palavras, circulando pelos ares, pelos cabos, pelo mundo fora, processadas em computadores que estão em salas longínquas, refrigeradas, vazias, geridos remotamente, por técnicos que não fazemos a mínima ideia de quem sejam.

Locais onde existem Centros Informáticos da Google (não sei se o mapa está actualizado - mas um dia, se me lembrar, voltarei ao tema da protecção dos dados segundo a legislação europeia)

Chicago Microsoft Data Center, um dos muitos, muitos Centros da Microsoft espalhados pelo mundo (onde se processam os Messengers, os Bings, os Hotmails, etc)

[Já agora, por curiosidade. Nestes domínios das tecnologias electrónicas já devem ter ouvido falar na lei de Moore que diz que a cada 18 meses, pelo mesmo custo, se consegue atingir o dobro da capacidade de processamento (foi Gordon Moore, presidente da Intel que, em 1965, o disse referindo-se o número de transístores nos chips).

Lei de Moore

No livro de Michio Kaku que no outro dia referi, é dito que esta linha baterá no tecto por volta de 2020 quando a dimensão atingir o nível mínimo a partir da qual a indústria existente já não consegue o manuseamento industrial.

Ou seja, por essa altura assistir-se-á ao declínio de toda a indústria ligada às tecnologias, pelo menos tal como existe actualmente. É um tema cheio de curiosidades e que terá um impacto brutal na economia e no paradigma de desenvolvimento a que nos habituámos nas últimas décadas. A ver se um dia destes volto a isto.]
  

Voltando à dimensão doméstica.


Às vezes estou a escrever e sei que algumas pessoas que me lêem estão aqui, sinto-as próximas. Eu a escrever e elas à espera do que vai aparecer escrito. As palavras ainda não se formaram (porque não planifico, não penso antes, escrevo sem saber o que vai sair) e estes meus queridos leitores aqui, a espreitarem para dentro de mim. Podem estar do outro lado da rua ou do outro lado do mundo e, no entanto - ligados por cabos ou ligados invisivelmente através de feixes que misteriosamente não se enganam no caminho, a uma velocidade quase instantânea - os nossos pensamentos estão próximos.

Na grande maioria dos casos não sei quem são vocês, nem vos imagino fisicamente, e no entanto lêem o que escrevo, que o mesmo é dizer que lêem os meus pensamentos. Às vezes apetece-me dizer que sei que estão aqui, que vos sinto, que gostaria de vos olhar nos olhos, de vos falar de viva voz, de vos ouvir.

No entanto, acho que assim funciona melhor, há a magia da incógnita, o mistério do desconhecimento absoluto, há a proximidade que, apesar de virtual, é tão real (ou deveria dizer ao contrário: que apesar de parecer tão real é, afinal, virtual?).

Será que, se eu estender a minha mão até atrás do écran do computador, alguém a vai segurar?


Onde estão vocês? Os vossos olhos estão a ver o que eu escrevi, é como se eu escrevesse num papel e alguém, aqui ao meu lado, se debruçasse para ler o que acabei de escrever.


Estou a escrever numa mesa redonda cheia de livros, ao lado de uma janela que tem uma vista fabulosa, estou rodeada de estantes cheias de livros, numa sala que tem alguns pontos de luz, que tem uma bailarina suspensa do tecto, uma bailarina que se move quando lhe tocamos, que tem quadros nas paredes livres, que tem livros em cima de algumas cadeiras, e eu estou a partilhar os meus pensamentos convosco. Sentem-se próximos de mim?  

Meus amigos leitores, é para vocês que escrevo, sem saber quem são, sem saber como é a vossa vida, sem saber se estão sozinhos em casa ou em família ou se estão no trabalho, se andam felizes e motivados ou se andam aborrecidos, preocupados, desmotivados, se concordam com o que costumo escrever ou se odeiam, sem saber as vossas preferências ou se me interpretam bem. Escrevo como penso e como geralmente escrevo muito, chego ao fim, tarde na noite, e regra geral, já nem tenho paciência para rever. Posso não me explicar bem, posso ser tão assertiva que, não limadas as arestas, por vezes o texto saia cáustico, rude. É um risco que corro.

Mas, apesar de nada saber, continuo a escrever para vocês. Um mar, muitas montanhas ou todo o mundo pode separar-nos, mas momentos há em que estamos tão próximos. Espero que o sintam.


Daqui vos envio, juntamente com as minhas palavras, longos feixes de luz e quentes raios de sol.

Fiquem bem.

quinta-feira, junho 16, 2011

'Hay vida antes de la muerte?', 'Composto de mudança', células imortais - e a estranha e inquietante beleza dentro de nós

Num blogue a que fui dar por acaso, O Fazedor de Auroras, o autor, reportando-se a um graffiti que fotografou em Montevidéu, interroga-se, 'Hay vida antes de la muerte?'.

Justamente hoje, ao ler algumas crónicas de Pedro Mexia em Nada de Melancolia, dei com uma que achei particularmente interessante, que ele intitulou 'Composto de Mudança'.

Transcrevo o começo, 'Que as células todas do organismo se renovam de sete em sete anos. Que sete anos depois não há nenhuma célula viva daquelas que tínhamos antes, substituídas por outras mais recentes. (...)' e conclui: 'Também eu um dia percebo que não sei quem são (os outros), que não nos aproximámos por causa disto mas do oposto, por motivos diferentes ou caducos. Sete anos passados, umas células mortas, lições aprendidas sem préstimo. E continuamos, uns com outros, como prisioneiros na mesma cela. Ou como um guarda fronteiriço que olhasse para o passaporte e para o rosto do viajante e a foto não correspondesse. Um guarda que visse nos papéis e na carne rostos diferentes e não achasse isso ilegal, apenas inevitável e triste. E deixasse seguir automóvel e passsageiro, pois não há regresso possível e o destino ninguém sabe onde fica'.

Ora, justamente no livro a que me referi no outro dia de Eduardo Punset li que:

'Pelo menos 50 mil milhões de células corporais morrem todos os dias por apoptose (suicídio celular programado) e são substituídas por outras novas.


No entanto, continuamos a ser a mesma pessoa. Ou isso julgamos.


Quando nós morremos, o que é que morre?

Porque os átomos de que somos feitos são praticamente eternos e só as células somáticas é que morrem realmente.

Célula tronco ou germinal

As germinais, responsáveis pela perpetuação da espécie, são imortais.'


Ora, porque estas questões me causam alguma perplexidade (sabemos tão pouco do que se passa dentro de nós...), comecei a ler 'A Física do Futuro - como a ciência moldará o mundo nos próximos cem anos' da autoria de Michio Kaku, professor catedrático de Física Teórica na Universidade de Nova Iorque, autor de vários livros e um comunicador reputado. Um dos capítulos é 'O futuro da medicina - perfeição e não só'.

O livro não é futurologia, ficção literária. Pelo contrário, é baseado na consulta e compilação das investigações em curso um pouco por todo o mundo. O que se refere resulta de planos de trabalho em curso, de estimativas com base em resultados obtidos ou em vias disso, em extrapolações efectuadas com rigor científico.

Ainda não cheguei ao capítulo que referi mas já dei uma vista de olhos e, face à nossa vida de hoje, é inquietante. No início do capítulo podemos ver 3 citações entre as quais a de Geral Sussman, 'Não acho que seja para já, mas está próximo. Infelizmente, faço parte da última geração a morrer'.

Células estaminais embrionárias - beleza biologicamente perfeita

E, ao pegar agora no livro, volto a dar uma leitura transversal e, quase ao acaso, escolho o início de um sub-capítulo: " O pioneiro da biotecnologia, William Haseltine, disse-me uma vez: 'A natureza da vida não é a mortalidade. É a imortalidae. Apareceu pela primeira vez há 3,5 mil milhões de anos aproximadamente. Essa mesma molécula, através de duplicações, anda por aí neste momento [...] É verdade que nos esgotamos, mas já falámos sobre a possibilidade de alterarmos isso no futuro. Primeiro, para duplicar ou trriplicar o nosso tempo de vida. E, talvez, se compreendermos o cérebro suficientemente bem, para alargar indefinidamente a duração do nosso corpo e também a do nosso cérebro. E não penso que seja um processo contranatura."

Voltanto ao blogue acima referido e a Pedro Mexia: morremo-nos? renascemo-nos? mutamo-nos? somos perecíveis? somos imortais?

Difícil responder, não é?

Fico-me por outro aspecto: que beleza infinita transportamos dentro de nós, quantos mistérios, quantos atraentes abismos.

terça-feira, junho 14, 2011

Emma Wedgwood, a mulher que comprovou junto de Charles Darwin que 'existe uma felicidade maior que a de tecer teorias e acumular factos em silêncio e solidão'


Charles Darwin

Quando estava perto dos 30, acabado de uma viagem de 5 anos à volta do mundo, no Beagle, Darwin equacionou se deveria ou não arranjar mulher e, para ver se conseguia decidir, fez uma tabela. Numa coluna escreveu as razões para se casar, na outra as razões para não o fazer.

A coluna dos 'nãos' estava cheia (iria perder tempo a aturar os familiares da futura mulher, iria ter menos dinheiro para ele próprio, não poderia viajar tanto, etc).

Mas a coluna dos benefícios foi difícil de preencher... No final deu a entender que ter esposa era melhor que ter um cão. Completou essa coluna com um apontamento ‘Encantos da conversação feminina e da música (coisas boas para a saúde), mas que grande perda de tempo!’


Emma Wedgwood

No entanto, alguns meses mais tarde Darwin apaixonou-se loucamente pela sua prima Emma Wedgwood. A correspondência que trocaram demonstra que rapidamente esqueceu as suas reticências e como, passado algum tempo, já estava desesperado por se casar com ela, ‘Creio que me vai humanizar, ensinar que existe uma felicidade maior que a de tecer teorias e acumular factos em silêncio e solidão’.

E assim viria a ser. Tiveram 10 filhos (que educaram de forma pouco convencional, face à rigidez da época), formaram uma equipa apesar de algumas diferenças especialmente a nível religioso e apenas a morte os separou.


(História retirada do livro de Eduardo Punset referido aqui)

segunda-feira, junho 13, 2011

No dia de Santo António, santo casamenteiro, 'Viagem ao amor' e, en passant, também à felicidade - as novas descobertas científicas (Eduardo Punset dixit)

Ontem escrevi um post sobre o comportamento tão tipicamente português, que tão patente está em grande número de blogues - a descrença, a maledicência, o fatalismo, a autocomplacência - que nesta altura crítica da nossa existência, mais que nunca, não nos faz qualquer falta.

E agora, para aliviar das tensões políticas e, sobretudo, porque o dia é dia de marchinhas e balões, de casamentos múltiplos e manjericos, vou falar sobre um tema muito pouco erudito mas muito apropriado ao dia: amor.


Acabei hoje o último livro de Eduardo Punset (homem de múltiplas formações académicas, múltiplas profissões, agora essencialmente divulgador científico), 'Viagem ao amor - as novas descobertas científicas', no qual, através de recolha de múltiplos testemunhos junto de investigadores de renome e do estudo de numerosos estudos científicos, Punset faz uma viagem aos diversos mecanismos (essencialmente biológicos) que explicam a necessidade, o despoletar, a conservação e o fim do amor.

Diz ele, na introdução, que resolveu agora escrever um livro sobre um tema aparentemente tão banal porque, do contacto que tem tido por pessoas de todo o mundo, lhe pareceu que há uma apetência por temas que são de facto relevantes uma vez que 'As minorias estão amplamente servidas e mais que representadas, ao passo que a grande maioria vive desamparada', ou seja, ninguém escreve sobre assuntos que interessam às maiorias. E que o amor, é de todos, talvez aquele que mais interesse desperta a toda a gente.

Não vou dar-me ao desplante de tentar resumir o livro, nem sequer irei falar de hormonas para não ter que me alongar excessivamente. Vou apenas deixar algumas transcrições, aquelas que, de alguma forma, me parecem ilustrativas de verdades comuns mas cientificamente comprovadas. Todo o livro está repleto de referências a nome de cientistas, de Universidades, de revistas da especialidade, que fundamentam o que Punset vai enunciando. Nestas breves transcrições vou abster-me de também as citar, para que o texto não saia muito sobrecarregado.

Fusão

1. Sobre a influência da infância

A forma como o amor adulto se desenrola é forjada no ambiente maternal da infância.

Da mesma maneira que expectativas desmesuradas podem provocar uma resposta distorcida na criança, uma criança que convive com expectativas negativas e stressantes (‘se fosses bonito,,,’, ‘és um preguiçoso e sempre o serás…’, ‘és tão cobarde como o teu pai’) molda-se facilmente ao que se espera dela.


Sintonia

2. Sobre o que conduz ao amor

O amor desvanece o conceito de si próprio, ameaçando destruir as barreiras que separam dois seres e, em todos os inquéritos efectuados entre apaixonados, constata-se que a busca desta fusão prevalece sobre o desejo sexual.

Sentimo-nos cativados quando nos entretêm e nos arrancam da solidão.

Segundo Hermann Weyl (1885-1955) matemático alemão e grande amigo e colega de Einstein, ‘a simetria é a ideia através da qual a humanidade, em todos os tempos, tentou compreender e criar a ordem, a beleza e a perfeição’. As últimas investigações apontam também para a simetria como o factor de decisão na selecção sexual.

Numa investigação realizada, detectaram que as mulheres tendem a sentir-se atraídas pelos homens que as fazem rir, ao passo que os homens gostam mais das mulheres que se riem das suas piadas.

É necessário um nível moderado de stress para se começar uma relação. A fase inicial do amor assemelha-se a uma montanha russa hormonal, com subidas e descidas bruscas que estimulam os diferentes estados necessários de modo a fazer com que uma boa relação possa estabilizar-se mais à frente. Quem é que não se reconhece numa situação como esta, característica da paixão imprevista? É algo químico e repentino, mas que já possui todo o potencial do amor absoluto. Não é o momento adequado para a calma. Baixam os níveis de serotonina. Simultaneamente, surge uma recusa em deixar-se arrastar imediatamente por estímulos novos que alteram compromissos já adquiridos.

Pintura que fiz há tempo sobre Mulheres

3. Sobre o sexo e sobre as diferenças, nesta matéria, entre homens e mulheres

A mente regula a libido feminina muito mais que nos homens.

O espaço cerebral reservado às relações sexuais é duas vezes e meia superior nos homens face às mulheres, ao passo que nas mulheres os circuitos cerebrais activados com a audição e com as emoções são mais numerosos.

O orgasmo da mulher requer primordialmente uma inibição quase total do seu cérebro emocional, ou seja, uma desconexão de emoções como o medo ou a ansiedade. Ou seja, em linguagem corrente, para fazerem amor as mulheres necessitam de estar livres de preocupações em maior medida que os homens.

Partilha

4. Sobre o desamor e sobre a possibilidade de se renascer

O que se ignorava é que a ausência física durante muito tempo mata o amor. O que, de facto, interessa é a frequência dos impulsos amorosos. O amor não resiste à inexistência prolongada de manifestações amorosas.

A antítese do amor não é o ódio, mas sim o desprezo. Não há relacionamento que resista quando um dos membros do casal sente desprezo pelo outro.

O desamor tem efeitos potentes na psicologia das pessoas: por um lado, desestrutura e, por outro, aquele que é rejeitado não se sente digno de ser amado. É um efeito duplamente negativo.

Contudo...

Os efeitos da passagem do tempo eram imprevisíveis até que a Biologia Molecular permitiu aos neurocientistas penetrar nalguns dos seus segredos. Passado seis meses sobre um grande contratempo pessoal, a mente já o digeriu, a vida, que parecia inconcebível após a desgraça, começa a perfilar-se de novo e a esperança renasce.



Ternura, felicidade

X. (Nº extra) - Sobre a felicidade

A felicidade é a ausência de medo.

Por outro lado, quando se espera um acontecimento daí por algum tempo (um casamento, um nascimento) o maior erro que se pode cometer é desperdiçar a felicidade que ressuma todo o processo de busca. A felicidade está na sala de espera da felicidade.

Comprovadamente verifica-se a tese do neuropsiquiatra Elkhonon Goldberg catedrático de Neurologia da Universidade de Nova Iorque: o nível de felicidade aumenta à medida que a idade avança.


Felicidade

Aos meus leitores desejo grandes amores e muita felicidade!


Nota

Tinha-me esquecido de uma coisa e, por isso, horas depois de ter publicado o post, volto a ele porque não apenas é importante como de grande utilidade:

Magnífico mas vamos lá ver se alguma pavoa o quer

Em grande parte das espécies, os machos tentam conquistar as mulheres exibindo os seus dotes, mostrando que são melhores que a concorrência: abrindo a cauda, emitindo ruídos, realizando danças, mostrando os músculos e tudo o mais que se sabe porque, de forma geral, claro que são as fêmeas que escolhem qual o macho com querem ficar. Com a espécie humana é assim, como é sabido, desde o Adão e Eva (apesar da escassez da oferta, na altura).

Penso que todos os homens que me estão a ler já perceberam isso há muito tempo mas agora podem ter mesmo a certeza, sobejamente comprovada em tudo o que é College, Institute, and so on. Têm (ou tiveram, consoante o estado) mesmo que mostrar do que são capazes para que as mulheres possam (ou pudessem) avaliar bem antes de se efectuar a escolha. Não há volta a dar. C'est la vie.



PS: O livro é uma edição da Dom Quixote de Maio de 2011 e as frases que constam dos vários pontos numerados, conforme referi, tão transcrições, embora não estejam entre aspas. Com excepção da 1ª fotografia (casamentos de Sto António) e a do magnífico pavão, as outras fotografias são, como é costume, feitas por mim.