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quinta-feira, janeiro 24, 2019

Sobre a beleza e sobre a matemática




Estive a ver, ontem, na RTP2, um programa sobre a beleza. E muito foi dito e mostrado mas aquilo de que gostei mais tem a ver com a relação entre a beleza e a matemática. Seria muito difícil explicar a emoção que senti ao ouvir isto tal como é difícil explicar a beleza da matemática, a vertigem de encontrar a elegância da demonstração de um teorema complexo, a vertigem de olhar e compreender as proporções de uma geometria sublime, a vertigem de descobrir o caminho certo por entre um intrincado labirinto. Difícil explicar. Parece coisa de doido. Mais vale calar porque há coisas que não se podem explicar, não se podem macular com a imprecisão das palavras incorrectas.


Se é a simetria, a proporção, a harmonia -- isso eu não sei. Sei que sou muito sensível à beleza. Dependente da beleza. Não vivo sem beleza. Procuro-a.

Pode ser uma difusão de cores em pleno voo, pode ser um sentido choro de violoncelo, pode ser uma lenta sucessão de volumes ou o grito de um ângulo agudo. Ou uma conjugação de palavras que me deixe sem fôlego, em lágrimas ou sem chão.

Não me prendo a uma só forma de beleza. Pode até ser apenas um terno sorriso, pode mesmo ser um olhar mais doce. Pode ser uma mão que se aproxima. Pode ser o rendilhado de uma sombra num muro branco ou o deslizar suave das águas de um rio ou o suave tombar das ramagens de uma árvore nas suas margens. Ou uma inexplicável saudade ou a imorredoura e muito bela memória de uma varanda suspensa, envolta em sombra e flores, em sorrisos, em abraços não consumados. .


Mas saber que afinal há mesmo semelhança entre a emoção que se sente perante estas formas quase consensuais de beleza e a que se sente perante conceitos de análise infinitesimal, topologias abstractas, geometrias descritivas, casos insolúveis, sistemas cruzados de inequações ou soluções inesperadas e quase mágicas para problemas de matemática enche-me mesmo de surpresa e satisfação.


Penso que será também semelhante ao que se sente perante o tentador abismo que é a física da matéria ou perante as assombrosas similitudes entre o infinitamente pequeno e o infinitamente grande ou perante o fascínio que resulta do meu total desconhecimento da vida das partículas elementares ou do imenso espaço ou do indefinível vazio. Mergulhar nesses mundos, percorrida por uma louca incompreensão, deixa-me com uma emoção que é um frémito quase vertiginoso muito semelhante ao que me faz ter vontade de me ajoelhar em silêncio perante uma tela de Caravaggio ou de Chagall ou de me reduzir a nada para melhor escutar os acordes vindos de um mundo habitado por divindades ou o que sinto perante uma paisagem que me faz ter vontade de me diluir na terra ou de sair a voar sobre os vales.


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Have beauty.

sexta-feira, julho 27, 2018

James e Ulisses. Nora e Molly.
-- O criador e a criação. A musa e a personagem --
[Ou, claro está, nada a ver com nada disto]




Há relação entre a maneira de ser do criador e a qualidade das suas criações? Tenho para mim que não e que o melhor é nem conhecermos o criador das criações que apreciamos para não corrermos o risco de nos decepcionarmos ou de cedermos ao facilitismo de deixarmos que o apreço pela obra fique beliscado.

Escrevo isto e logo me ocorrem alguns exemplos mas é tudo muito déjà-vu e eu não estou aqui para me armar em papagaia de gente erudita.

Fico-me, pois, por casos mais comezinhos. Por exemplo: não é que me decepcione com as cartas de amor que James Joyce escreveu a Nora -- claro que não: são cartas amorosas, fofinhas, destilando aquele amorzinho bobo e ridículo tão próprios dos amores platónicos -- mas acho que não haverão de contribuir em nada para o apreço que se possa sentir pelas suas obras.

No entanto, note-se, gosto de ler entrevistas a escritores. Não que queira saber o que justifica ou motiva a história, que não quero, mas, apenas, para perceber a génese do processo criativo em geral.

É a mesma curiosidade que me leva a procurar livros de e com pintores. Interessa-me conhecer como se forjam realidades materiais (uma história, um quadro) a partir do nada ou de uma pequena semente. É o processo que me fascina.

Não li o Ulisses e ainda não me senti tentada a isso. À medida que a linha da vida avança -- uma linha cuja derivada não prenuncia uma dilatação da variável tempo -- faço, cada vez mais e em relação a quase tudo, uma avaliação muito simples: o prazer que terei justifica o tempo ou o esforço que despenderei para o obter?

Em concreto, face à minha escassez de tempo disponível para ler, sinto alguma dificuldade em pegar num livro que, pela dimensão, antevejo que me leve um período extenso que dificilmente se compadecerá com as interrupções a que terei que sujeitar a leitura. Se, ainda por cima, souber que há zonas de escrita em que a densidade aconselha a uma leitura anotada, ainda mais desmotivada fico. 

Mas nesta vida, quando a coisa é subjectiva, não há muitas questões que sejam definitivas. E, por isso, lá está, há questões que mantenho em aberto. E a leitura do Ulisses é uma delas. Tenho vindo a ser aconselhada a lê-lo desde cedo e, mais, aconselhada por gente cuja opinião prezo. Mas nisto estou como estava com a decisão de deixar de fumar -- eu sabia que haveria de chegar o dia em que diria: 'é hoje'.
Durante muitos, muitos anos, fumei. Pensava que fumava até deixar de querer. O dia nunca mais chegava e eu continuava a fumar. Achava uma estupidez, estava consciente dos malefícios, mas era como se não sentisse pressa, como se soubesse que ainda tinha tempo até que o dia chegasse. 
Mas o dia chegou. Sem que o tivesse premeditado, um dia, de manhã, decidi: nunca mais fumo. Pouco tempo depois, abri a gaveta da secretária e vi um maço. Peguei para deitar fora. Mas, poupadinha como sou, achei que era mal empregado. Então tirei um cigarro e fumei. Mas tinha mais dois. Fumei-os. Deitei, então, o maço vazio no lixo. E, até hoje, nunca mais fumei. E já lá vão uma data de anos. E nunca mais vou fumar. 
Quando fecho uma porta, mas fecho a sério, não volto a abri-la. E o inverso também é verdade: se resolvo avançar, avanço mesmo.

Portanto, pode ser que chegue o dia em que decida: 'é hoje' e pegue no Ulisses e, pimbas, de penalti. 

Bem. Pensando melhor, com o que sei do bicho, acho que não é coisa que lá vá de penalti. Mais coisa para ir de fininho.

E, nos entretantos, vou-me cultivando para estar au point para o receber condignamente quando chegar o dia de o papar.




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E, agora, alguns apontamentos soltos e completamente ao calhas para uma adequada preparação para a grande obra

1.

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2.

A voz ao tradutor da mais recente edição, no Literatura Aqui -- entre os 2' 40" e os 9' 40"

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3.

Ora vamos lá a saber: porque é que se deve ler o Ulisses de James Joyce?


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4.

E, já agora, a leitura das cartinhas de amor de James Joyce a Nora, aqui a cargo de Paget Brewster


5.

Para quem não domine bem a língua em que as cartinhas ditadas pelo mais inocente cupido foram escritas, aqui as deixo ditas no português com açúcar e com afecto de Caco Cioler


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E aqui fica a promessa: um dia que meta pernas a caminho e acompanhe o dia inteirinho do senhor coiso e tal, chegando viva ao último Yes
I was a Flower of the mountain yes when I put the rose in my hair like the Andalusian girls used or shall I wear a red yes and how he kissed me under the Moorish wall and I thought well as well him as another… then he asked me would I yes to say yes my mountain flower and first I put my arms around him yes and drew him down to me so he could feel my breasts all perfume yes and his heart was going like mad and yes I said yes I will Yes.
cá estarei para vos dizer qual a minha mui douta opinião.

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PS: Se algumas imagens vos parecem deslocadas, lamento mas é impressão vossa.

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terça-feira, maio 30, 2017

Todos os livros que não lemos






Há mais livros neste mundo do que as horas de que dispomos para deles tomar conhecimento. Nem se trata mesmo de ler todos os livros que foram produzidos, mas simplesmente dos mais representativos de uma cultura em particular. Assim, somos profundamente influenciados por livros que não lemos, que não tivemos tempo de ler. 

Quem leu realmente Finnegans Wake -- quero dizer, da primeira à última palavra? Quem leu verdadeiramente a Bíblia, do Génesis ao Apocalipse? Somando todos os extractos que li, posso vangloriar-me de ter lido uma terça parte. Mas não mais que isso. Contudo, tenho uma ideia bastante precisa daquilo que não li.

Confesso ter lido Guerra e Paz apenas aos quarenta anos. Mas conhecia o essencial antes o ler. Quem leu As Mil e Uma Noites da primeira à última página? Quem leu verdadeiramente o Kama Sutra

Contudo, todos podem falar dele e alguns pô-lo em prática. Assim, o mundo está cheio de livros que não lemos, mas de que sabemos praticamente tudo. 

A questão é, pois, saber como conhecemos esses livros. 

Bayard diz que nunca leu o Ulisses de Joyce, mas que está em posição de falar dele aos seus alunos. Ele pode dizer que o livro narra uma história que se situa em Dublin, que o protagonista é um judeu, que a técnica empregue é o monólogo interior, etc. E todos esses elementos, ainda que não o tenha lido, são rigorosamente verdadeiros.

À pessoa que entra na nossa casa pela primeira vez, descobre a nossa imponente biblioteca e não encontra melhor do que perguntar-nos: 'Leu-os todos?', sei de várias maneiras de responder. Um dos meus amigos responderia: 'Mais, senhor, muitos mais'.

Quanto a mim, tenho duas respostas. A primeira é: 'Não. Estes livros são simplesmente os que terei de ler na próxima semana. Os que já li estão na universidade'. A segunda resposta é: 'Não li nenhum destes livros. Senão, porque os guardaria?' 

Há, evidentemente, outras respostas mais polémicas, que humilham ainda mais e frustram mesmo o interlocutor. 

A verdade é que todos possuímos dezenas ou centenas ou mesmo milhares (se a nossa biblioteca for imponente) de livros que nunca lemos. No entanto, num ou outro dia, acabamos por pegar nesses livros para perceber que já os conhecemos. 

Então? 

Primeira explicação ocultista, que não retenho: há ondas que circulam do livro até nós. Segunda explicação: no decorrer dos anos, não é verdade que não tenhamos aberto esse livro: pegámos-lhe repetidas vezes, talvez o tenhamos mesmo folheado, mas não o recordamos. Terceira resposta: durante esses anos, lemos uma quantidade de livros que citavam aquele livro, o qual acaba por se nos tornar familiar. 

Há, pois, diversas formas de saber alguma coisa sobre os livros que não lemos. 

Felizmente! De outro modo, onde arranjar tempo para reler quatro vezes o mesmo livro?


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O texto é o excerto de uma resposta de Umberto Eco a Jean-Philip de Tonnac in 'Não contem com o fim dos livros' e incluído no capítulo cujo título trouxe para encabeçar este post.

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As pinturas foram escolhidas por serem predominantemente em azul 

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Um dia feliz a todos quantos por aqui passam.

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segunda-feira, julho 25, 2016

James Joyce em privado
[Todas as cartas de amor são ridículas...?]



Não escrevi muitas cartas de amor. Sempre vivi muito tête-à-tête com aqueles que tenho amado. Não sei o que é feito das que escrevi mas as que recebi nunca foram relidas. Parece-me que as expressões de amor apenas fazem sentido no contexto em que acontecem. Depois disso, lê-las parece-me ser puro voyeurismo. Se lesse as que recebi ou, pior ainda, as que escrevi talvez me parecessem ridículas, mimadas, de um amor exacerbado. Não sei. Por isso, destruo-as ou esqueço-as. Só me interessa o que acontece hoje. Tenho a certeza que, se as relesse, nada me despertariam, senão a incómoda sensação de violação da intimidade alheia.

Contudo, adoro receber cartas ou mails longos como cartas. E gosto de ler livros com cartas. E gosto de ouvir ler cartas, e, neste caso, em especial, cartas de amor. Surpreende-me o lado frágil. vulgar e tão inocentemente humano de pessoas que nos habituámos a admirar da sua actividade profissional (frequentemente literária ou de qualquer outro ramo artístico), tantas vezes tocada pela genialidade.

Joyce e Nora e os filhos

É o caso das cartas que James Joyce escreveu a Nora Barnacle, sua amante, mulher e musa cuja inteligência e sensualidade ateavam bem forte o fogo da paixão que os unia. São cartas carregadas de um erotismo desbragado que, indecente e compreensivelmente, são agora lidas em público.


Parte de uma carta manuscrita de Joyce para Nora

Carta de amor de James Joyce a Nora lida por Paget Brewster




Há vídeos com cartas de Joyce lidas por homens mas preferi ter aqui uma carta lida por uma mulher pois foi para uma mulher ler que ele a escreveu. Assim, talvez assim como Paget, a tenha lido Nora, a chegar ao fim a precisar de respirar fundo, de expirar profundamente, de qualquer coisa que aliviasse a tensão sexual que aquelas palavras lhe terão causado. (Digo eu).

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Não vi e gostava ainda de ver o filme sobre a mulher que tanto esbraseava James Joyce

Nora


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda-feira.

E que haja saúde, alegria, afectos e dinheiro para os gastos.

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sábado, março 01, 2014

Beleza em estado puro [O solilóquio de Molly Bloom (as últimas linhas) por Angeline Ball - em Ulisses de James Joyce]


No vídeo abaixo, Angeline Ball interpreta Molly Bloom no filme Bloom - e que voz. Que voz que parece que nasceu com o texto. Que beleza absoluta, a voz, o texto.


Ia no carro a ouvir Jorge Vaz de Carvalho a falar com Paulo Alves Guerra da sua tradução do Ulisses de James Joyce, e ia a gostar de o ouvir, e, às tantas, ouvi a gravação que abaixo vos mostro com o texto original e, a seguir, o texto dito em português (Ana Paula Ferreira?) a partir da tradução de Jorge Vaz de Carvalho.


Santa Teresa de Ávila segundo Bernini
Confesso: quando ouvi Angeline Ball fiquei como que em êxtase. 

(Sempre me causou espanto esta do êxtase, a outra ficar em êxtase com os seus devaneios metafísicos, a Santa Teresa. Que coisa seria essa que tão romanticamente Bernini gravou na pedra?) 

Pois bem: acho que foi o que hoje senti. 

Já antes tinha gostado imenso de ouvir o barítono, professor, tradutor, poeta e etc Vaz de Carvalho a ler um excerto do belo texto na sua inspirada tradução em que, para se assemelhar ao texto original, reinventa a língua portuguesa. A sua dicção é perfeita e a voz, claro, é encorpada e, portanto, ouvi-lo ler é um prazer.

Mas, quando entrou a Angeline Ball, nem sei como consegui continuar a conduzir. Que maravilha. Senti-me transportada para um lugar perfeito. Ou para dentro de mim própria. Não sei dizer.

Nem sempre é possível definir o que é a beleza em estado puro. Mas pode ser exemplificado com casos práticos. Este é um desses casos.

Diz Jorge Vaz de Carvalho que, depois desta empreitada, gostava de se atirar à Divina Comédia. Por mim, já que não me sentirei tentada a ler isso, preferia que ele voltasse a publicar poesia. Ou, pelo menos, a nova versão de Artemes.

Mas façamos agora silêncio e ouçamos Angeline Ball.





[Caso queiram seguir o texto através da sua leitura, aqui está tal como o encontrei num site. Verifiquei que não é exactamente igual ao texto dito - admito que na interpretação tenham sido efectuados cortes ao texto escrito mas não sei (e não tenho tempo para investigações)]


God of heaven theres nothing like nature the wild mountains then the sea and the waves rushing then the beautiful country with the fields of oats and wheat and all kinds of things and all the fine cattle going about that would do your heart good to see rivers and lakes and flowers all sorts of shapes and smells and colours springing up even out of the ditches primroses and violets nature it is as for them saying theres no God I wouldnt give a snap of my two fingers for all their learning why dont they go and create something I often asked him atheists or whatever they call themselves go and wash the cobbles off themselves first then they go howling for the priest and they dying and why why because theyre afraid of hell on account of their bad conscience ah yes I know them well who was the first person in the universe before there was anybody that made it all who ah that they dont know neither do I so there you are they might as well try to stop the sun from rising tomorrow the sun shines for you he said the day we were lying among the rhododendrons on Howth head in the grey tweed suit and his straw hat the day I got him to propose to me yes first I gave him the bit of seedcake out of my mouth and it was leapyear like now yes 16 years ago my God after that long kiss I near lost my breath yes he said I was a flower of the mountain yes so we are flowers all a womans body yes that was one true thing he said in his life and the sun shines for you today yes that was why I liked him because I saw he understood or felt what a woman is and I knew I could always get round him and I gave him all the pleasure I could leading him on till he asked me to say yes and I wouldnt answer first only looked out over the sea and the sky I was thinking of so many things he didnt know of Mulvey and Mr Stanhope and Hester and father and old captain Groves and the sailors playing all birds fly and I say stoop and washing up dishes they called it on the pier and the sentry in front of the governors house with the thing round his white helmet poor devil half roasted and the Spanish girls laughing in their shawls and their tall combs and the auctions in the morning the Greeks and the jews and the Arabs and the devil knows who else from all the ends of Europe and Duke street and the fowl market all clucking outside Larby Sharons and the poor donkeys slipping half asleep and the vague fellows in the cloaks asleep in the shade on the steps and the big wheels of the carts of the bulls and the old castle thousands of years old yes and those handsome Moors all in white and turbans like kings asking you to sit down in their little bit of a

a shop and Ronda with the old windows of the posadas 2 glancing eyes a lattice hid for her lover to kiss the iron and the wineshops half open at night and the castanets and the night we missed the boat at Algeciras the watchman going about serene with his lamp and O that awful deepdown torrent O and the sea the sea crimson sometimes like fire and the glorious sunsets and the figtrees in the Alameda gardens yes and all the queer little streets and the pink and blue and yellow houses and the rosegardens and the jessamine and geraniums and cactuses and Gibraltar as a girl where I was a Flower of the mountain yes when I put the rose in my hair like the Andalusian girls used or shall I wear a red yes and how he kissed me under the Moorish wall and I thought well as well him as another and then I asked him with my eyes to ask again yes and then he asked me would I yes to say yes my mountain flower and first I put my arms around him yes and drew him down to me so he could feel my breasts all perfume yes and his heart was going like mad and yes I said yes I will Yes.


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A versão portuguesa acaba também assim, com a mesma palavra - em inglês (Yes) porque, diz Vaz de Carvalho, Joyce queria acabar o texto com a mesma letra com que o tinha começado (s). Diz que ainda pensou em acabar com 'Pois' mas achou que não tinha tanta força. Mas, sobretudo, queria homenagear a língua inglesa que, segundo ele, é a verdadeira personagem principal de Ulisses.

Uma bela e original homenagem. Afirmativa, pelo menos.

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Depois disto nem me apetece chamar a atenção para o post abaixo. Mas, para os mais terra-a-terra, recomendo uma palestra em que se explica como, através da dívida pública, a soberania está perdida a favor de entidades desreguladas, os grandes grupos financeiros.