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sábado, dezembro 07, 2024

O Mário Soares e eu -- uma recordação singela

 

Não quero que pensem que isto sou eu a pôr-me em bicos de pés, nem quero que pensem que isto que vou escrever tem a ver comigo. Não. Tem a ver com ele. Eu entro nisto mas, em vez de mim, poderia ser qualquer outra. 

Por isso, que não venham para cá com censuras ou bocas estapafúrdias nem por eu escrever isto nem por aquilo que vou relatar.

É daquelas coisas que de tão inocente e banal que é, nem seria digna de registo. Mas estando a festejar-se, e muito justamente, o centenário daquele que sempre será o nome maior da liberdade e da democracia do Portugal contemporâneo e tendo toda a gente alguma coisa a dizer, vou também arriscar. 

[Nestes tempos de wokismos, puritanismos e cancelamentos, uma pessoa até tem medo de abrir a boca. Não é que isto de haver virgens ofendidas, beatas histéricas e totós encartados seja coisa de agora. Não. Sempre os houve. A questão é que ninguém os levava a sério e agora não apenas leva como meio mundo parece que tem medo deles.]

Mas, enfim, apesar de recear ser mal interpretada, ainda assim vou contar.  

Eu teria acabado de fazer dezanove anos, creio. Ainda era verão ou, pelo menos, estava calor. Talvez fosse em Setembro. Lembro-me do que tinha vestido. Aliás, lembro-me de ter pensado que devia ter vestido calças pois andar de bicicleta com um vestido curto e justo era capaz de não ser grande ideia. Mas a combinação de irmos os dois andar de bicicleta ali no Campo Grande tinha acontecido já durante o dia e não tinha tempo de ir à Residência mudar de roupa.

Alugávamos bicicletas na Cidade Universitária e depois era a alegria de andarmos a sentir o ventinho na cara ali pelo Estádio Universitário, Jardim do Campo Grande e arredores.

Claro que ia sempre de credo na boca não fosse dar de caras com quem não devia, pois ia ter com o outro. Eu vinha dos lados do Marquês (acho que na altura ainda não havia estações mais para cima) e ele, o 'outro', ia da Alameda, e encontrávamo-nos lá, junto às bicicletas.

Tinha, pois, saído do metro na Estação do Campo Grande e ia a pé, com a ideia de que ainda me dava tempo para ir dar uma espreitadela rápida à 111. 

Quando ia a passar ali mais ou menos à porta da Biblioteca Nacional, vejo o Mário Soares a vir com aquela sua passada descontraída. 

Quando nos cruzámos, com um sorriso largo fez-me um cumprimento de cabeça e, com um ar bastante simpático, disse-me boa tarde. Retribuí, claro. E continuei. Mas fiquei admirada com a afabilidade do cumprimento. Voltei-me, então, para trás. E eis que o vejo também virado para trás, parado, a olhar para mim. Voltou a fazer-me um sorriso e um aceno com a cabeça. 

Atrapalhada, quase se tivesse sido apanhada em falso, a olhar para trás, voltei-me para a frente e segui. Mas fiquei a pensar que o que eu tinha surpreendido tinha sido um homem a olhar para uma mulher. 

Nada de mais, nada de mal. Mas achei piada. Na altura, ele era talvez o político mais relevante, mais influente, mais carismático do nosso País. E, no entanto, ali era apenas um homem. E ainda hoje, quando penso nele, relembro, de forma muito vívida, a expressão dele, o sorriso, o olhar, o aceno, naquela tarde ensolarada e feliz.

Todas as pessoas têm muitas facetas e ele certamente teria esta, a de gostar de apreciar a vida.

sexta-feira, outubro 04, 2019

No restolho da campanha
-- E Freitas do Amaral que não faz parte desta história --


Volta e meia coincide eu ir no carro e estar a dar um resumo da campanha. No outro dia, uma senhora dizia que, salvo erro, da Venezuela lhe tinham cortado parte da reforma ao que Catarina Martins se insurgia, que não estava certo, que devia receber a reforma por inteiro. E não sei se foi essa senhora, se outra, que lhe disse que ela lhe fazia lembrar a Princesa Diana. E a Catarina, em vez de dizer 'cruzes, canhoto, ó mulher vire essa boca mas é pra lá que não quero ter o fim triste que ela teve', fez um sonzinho enaltecido, acreditando-se já a princesa do povo, rainha dos corações. 

E isto foi o que registei na memória em vários dias.

Não, peço desculpa, registei também outra coisa: o Negrão, o tal puro que usou assinaturas de pessoas sem lhes pedir autorização, a dizer que o parlamento ia ficar cego, surdo e mudo durante a campanha por não ter sido aprovado uma reunião deles na sexta-feira para debaterem se o ministro sabia se não sabia.
E eu, ao ouvir aquela conversa desesperada, só me lembrei daquele jingle da TSF em que se ouve o dito líder da bancada do PSD, voz trémula, lançando um lancinante 'o senhor tem pelos no coração...!' ao Costa. É que, quando ouço aquele grito de dor, só me ocorre que ainda bem que foi ele e não Catroga que assim se manifestou.  
Logo a seguir, ouvi o Rio a dizer a propósito da conversa do seu líder: não morre ninguém por causa disso. E, ali no carro, sozinha, no meio do trânsito, desatei a rir. Cego, surdo e mudo, na volta também com pelos púbicos no coração mas, vá lá, morrer não morre. Menos mal.

Mas, portanto, da campanha, que me lembre, não registei mais nada.

Volta e meia, entre um e outro zapping, vi peixeiras ou mulheres no mercado ou na rua a convidarem candidatos para o quarto ou a dizerem brejeirices que deixam os pobres homens encabulados. Uma, sorrisinho malicioso no canto da boca, dizia para o candidato pôr a bandeira direita e perguntava se ele já não conseguia endireitar o pau. Geralmente, nestas ocasiões, o meu marido diz: 'Eu bem digo: as mulheres são muito piores que os homens'.
E eu, ao agora escrever isto, lembrei-me do comentário do Onirocrata e estou aqui a pensar que ele, o Ony, deveria fundar um #MeToo_Y para os homens com razão de queixa das mulheres, ou seja, para quase todos. É que as mulheres, essas malucas, são um perigo: umas deixam-se agredir física e psicologicamente pelos homens e outras apalpam-nos e fazem de tudo para desviá-los por maus caminhos. Um perigo, as mulheres. Tadinhos dos serzinhos do cromossoma y, sempre vítimas delaX.
Quanto a debates também não posso pronunciar-me pois tenho ideia que só vi um, o dos quatro contra o Costa. E entrevistas, assim de repente, acho que só o Ricardo Araújo Pereira com a Joacicine do Livre.

Mas até pode acontecer que tenha visto ou ouvido mais. Mas não me lembro, não ficou cá nada.

Para mim, estas campanhas são uma indigência intelectual, um desperdício político, uma canseira para os candidatos que andam em tournée, uma perfeita inutilidade para todos. Salvo quaisquer excepções de que agora não me lembro -- e nas tintas se alguém aí, Martin incluído, acha que o digo por sectarismo -- mas, na realidade, do pouco que vi e ouvi, foi o que constatei: acho que só o PS se limitou a dizer quais as suas intenções. O resto andou todo a malhar no PS: só chicana, maledicência, intrigalhadas, quadrilhices. Não me assiste. Ainda se essa grande figura da política nacional não tivesse desistido... Agora, com o grande Castelo Branco fora de combate, foi basicamente mais do mesmo. Sem graça. Sem conteúdo.

Não sei como é nos outros países. Nestas coisas acho que não vale a pena inventar a roda. Chama-se a isso fazer benchmarking. Gostaria, pois, de saber como fazem em países onde a democracia já leva mais anos de estrada. Não acredito que, em locais onde a malta é civilizada há mais tempo, os políticos andem em feiras a gritar 'toda a ciganada a votar no CDS', a insultarem-se, a lançarem suspeitas, a avacalharem a conversa ou a prometerem amanhãs que cantam mesmo que seja em Caracas. Ou a perguntarem o nome dos cães. Acredito que há maneiras evoluídas de mostrar aos eleitores quais as suas ideias sem ter que poluir o ambiente nem abalar a sanidade mental dos mais incautos.

Ah, é verdade, lembrei-me ainda de mais outra: aquela tal do Rio que num dia até prendia jornalistas por alimentarem a Justiça de tabacaria e, no dia seguinte, já esquecido do seu ponto de honra, os chamou para lançar a acusação contra um inocente (relembro: até prova em contrário toda a gente é inocente), fazendo o julgamento na praça pública do ministro Azeredo e do Costa. O mesmo Rio que, não tendo a malta toda desatado a apedrejar a mulher do Costa (sim, porque se o ministro sabia, o Costa claro que sabia e, logo, a mulher também tinha que saber), inventou outra: a de que o Centeno deveria receber uma aula do Sarmento, o ministro das finanças que o Rio já nomeou não se sabe bem para quê. Claro que o Centeno, que tem os dedos de testa que faltam ao Alpakas, o mandou dar banho ao cão.

E eu, que não sabia quem era esse tal génio da batata frita, o Joaquim Sarmento, resolvi googlá-lo, para lhe tirar a pinta. E tirei mas não me alongo. Hoje estou em dia bom: a santinha desceu em mim com o regaço a transbordar de caridade. Mas uma coisa eu tenho mesmo que dizer. É que, olhando o dito Quim, achei que o senhor até pode ser bom a dar aulas sobre a contabilidade das laranjas mas uma coisa ele não sabe: que as mangas das camisas do homem não devem ter vinco.

Tirando isso, noves fora nada, alekui-alekuá, xiripitatá-tatá. Urra. Urra.

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Hesitei. Freitas do Amaral merecia estar em melhor companhia aqui no Um Jeito Manso. Ou sozinho, num post apenas a ele dedicado. Mas, tudo sopesado, acho que estará bem aqui. A demonstração pelo absurdo é um método tão bom quanto qualquer outro. De um lado a Cristas, o Rio, a Catarina, o Ventura e etc e, do outro, ele.

Nunca votei em Freitas do Amaral nem sequer, em seu original tempo, alguma vez senti simpatia política pelas suas ideias. Depois, aos poucos fui adoçando a opinião. Fui achando que, independentemente das suas ideias, era um senhor, era uma pessoa respeitadora e digna. E comecei a sentir simpatia. Não propriamente pelas suas ideias que não me pareciam muito definidas mas por ele. Ou fui eu que ganhei maturidade ou tolerância ou foi ele que se chegou ao lado gauche da vida, seja lá o que isso quiser dizer.


Foi-se e eu, ao ouvir a notícia, senti pena. No outro dia, quando ia no carro com a minha mãe, passámos por uma casa que deve ter sido bonita e que está, há muitos anos, abandonada, cada vez mais degradada. Contou-me que era de dois irmãos, ambos sem herdeiros. Foram para uma residência, a casa ficou ao abandono. Agora que morreram ainda mais ao abandono ficou. Assim o CDS, uma casa que, percebi mas tarde, nasceu inteira, digna. Havia o Freitas e o Adelino. Gente inteligente, íntegra. Foi-se um, de uma maneira traumática, depois saiu outro. E o partido nunca mais foi o mesmo. Monteiro, Portas -- e, agora, descambou de vez com a Cristas. Agora que Freitas morreu, acaba a memória do CDS. Ficará ao abandono até que alguém o deite abaixo.

Mas Freitas do Amaral sobreviver-lhe-á -- quer através da obra que deixou, quer através da memória de coragem, dignidade e elevação na política que dele ficou.

Se há um panteão da memória da democracia portuguesa, de uma coisa podemos nós estar certos: Mário Soares está lá de braços abertos para receber o amigo.


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quarta-feira, maio 23, 2018

Júlio Pomar, o homem que sempre gostou de riscos



Conheci o seu trabalho quando recebi uma vez, de presente, uma edição encadernada a pele verde, um livro grande, muito bonito, com umas extraordinárias ilustrações de Júlio Pomar. Foi fascínio á primeira vista.


Depois, encantei-me com as suas pinturas de Graça Lobo. Humor e sensualidade em cores fortes. Ela a falar dele, qualquer coisa de apaixonante. Ela a fazer-se de indignada, aqueles sorrisos bem humorados: 'Cuidado... nem todos os cus eram meus... quer dizer, alguns eram mas aqueles assim mais... com pilinhas... esses não eram meus... ou ménages à trois... cuidado... esses não eram meus'.

E aquela dos falos, ele a rir, divertido, contando do marchand a perguntar para outro: 'Olha lá, tu eras capaz de ter um c... na casa de jantar?'

Depois os bichos. Depois as touradas.

E tudo. Uma tal liberdade, uma tal joie de vivre.

Uma vez fui a uma festa muito bonita. Havia o lançamento de um livro especial e ele era um dos convidados. Muita gente presa às suas palavras. Conversa boa a dele, toda rolando risos e irreverências entre as palavras, ironia, graça.

Não há muito tempo andei pelo seu Atelier-Museu e disso aqui dei conta.

Muitas vezes o trouxe aqui e, certamente, muitas mais hei-de trazer, assim me mantenha eu por aqui. 


Como sempre, saí muito tarde e, como sempre, nada sabia do que se tinha passado à superfície da terra. Foi a minha mãe que, mal me atendeu e, em resposta à minha pergunta habitual ('Então? Tudo bem?'), me disse logo 'Olha, morreu o Júlio Pomar'. Como se fosse um amigo. E eu senti um baque. 'Ah... mas de quê? Estava doente?'. A minha mãe disse: 'Tinha 92 anos. Estava no hospital'. Depois pensei que era irrelevante. Saber a causa da morte para quê? Pena é ter deixado de existir um pintor tão extraordinário. Havia ele, há a Graça Morais, há a Paula Rego. Grandes vivos poucos mais há. Muito poucos. Alguns estão ainda a fazer-se, outros nunca serão nada mais senão o seu efémero nome. Júlio Pomar é enorme, eterno.

Li há não muito um livro sobre ele, uma espécie de entrevista. Luminoso. Gosto de ler as palavras dos pintores. Quando verdadeiros artistas, os pintores são geralmente pessoas modernas. Júlio Pomar foi um moderno. 


Este documentário é imperdível. Gostei muito quando o vi pela primeira vez e gostei muito de agora o rever. Não, acho que agora ainda gostei mais pois revi algumas pessoas de quem já sentia saudades. Gostava muito que o vissem também.

Júlio Pomar -- O risco



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quinta-feira, abril 26, 2018

Mário Soares anda pelo Jardim a partir deste 25 de Abril


Não fui a manifestações, não participei em eventos de qualquer espécie. Acordei cedo convencida que iríamos dedicar o dia a cortar mato mas, afinal, não sou só eu que tenho o corpo despreparado para grandes labutas rurais. O meu marido também anda com um ombro dorido. Ainda por cima, andar ontem à noite a passear com o bebé ao colo, deixou-o ainda pior. Portanto, mudança de planos. 

Fomos cirandar. Depois de almoço rumámos ao restaurado e recém nomeado Jardim Mário Soares que antes chamávamos de Campo Grande. Por lá tinha andado, umas duas horas antes, Marcelo Rebelo de Sousa, Ferro Rodrigues, António Costa, Fernando Medina e membros da família Soares.




Durante os anos de estudo, era frequente andar por estas bandas. Alugávamos bicicletas e andávamos por ali e pela Cidade Universitária. Sempre gostei muito de andar de bicicleta e ali havia como. Era também normal jantarmos na Cantina de Farmácia ou da Cidade Universitária e, de caminho, passarmos pelo jardim do Campo Grande.

A minha filha, com quem estive agora a falar, também ainda se lembra de andarmos de barquinho lá no lago. Diz que se lembra do pai a rabujar. E eu lembro-me porquê. Eles não paravam sossegados, tudo aquilo balouçava, eu ria a bandeiras despregadas, e o meu marido, sozinho, tinha que aguentar o barco.


Os barquinhos ainda cá estão. O jardim agora está mais bonito, mais arranjado. Tem agora elevações que dão graça à paisagem, que protegem do vento e isolam do ambiente urbano. É um oásis no meio da cidade e nem se dá pelas ruas circundantes, cheias de carros.


Tem agora também um outro laguinho e já cá andam meninos a tomar banho e a brincar. Sobre a curiosa escultura que está pousada no topo, transcrevo:
Fonte-escultura, que representa uma caricatura, decorrente do desenho cartoonado, executada, em 1992, por Samuel Torres de Carvalho, mais conhecido por Sam, e traduz uma peça única, metálica, resultante de várias formas que ao serem insufladas se transformaram numa só, à semelhança de um balão habilmente manipulado. Localizada na margem do lago do topo Sul do Jardim do Campo Grande foi inaugurada, em 17 de Setembro de 1993, por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa.
Escultor - Samul Azavey Torres de Carvalho. Data - 1993. Material - Bronze. Estilo - Figurativo.
 Mesmo na direcção da casa de Mário Soares, mais um apontamento: só é vencido quem desiste de lutar.


Fiquei agradavelmente agradada. Muitos casais jovens com crianças, a andar de bicicleta, a patinar, as zonas de parque infantil cheias, muitos jovens, muita gente. Pensei que, durante anos, quando estava num qualquer outro país, ficava sempre admirada porque, lá, as pessoas andavam na rua, desfrutavam os espaços públicos. A primeira vez que passeei em Hyde Park fiquei espantada: gente a apanhar banhos de sol, deitadas na relva, homens em tronco nu, gente a tocar. Cá ninguém ia para os jardins e esplanadas, era gente maioritariamente encafuada, ensimesmada.


Penso que muito do ambiente opressivo de antes do 25 de Abril perdurou nas mentalidades durante muitos anos depois. 

O tempo que passa, o intercâmbio estudantil do Erasmus, as viagens low costs que facilitam o conhecimento de outras culturas e a multidão de turistas que nos últimos anos têm trazido novas práticas, têm ensinado aos autóctones o gosto pelo convívio, pelo contacto com a natureza, a descontração de se fazer o que apetece desde que não se moleste ninguém.


Um pouco mais à frente, li 'Sempre' e pensei: tomara que, para todos, seja 25 de Abril sempre. E que haja a vontade inquebrantável para defender a democracia e a liberdade sempre.


Como já não ia para aquelas bandas há algum tempo, não sei se alguns dos edificados ou apontamentos escultóricos já ali estão há muito ou se são recentes. O que sei é que gostei. Claro que alguns estão grafitados de forma despropositada mas, nisto como em tanta coisa, penso que há ainda um caminho de aprendizagem a percorrer. 

Penso que os poderes públicos, nomeadamente a nível autárquico, têm uma palavra a dizer. O graffiti pode ser uma arte e penso que se for dado espaço e prestado respeito a quem a pratica passará a haver compreensão de que a sua prática indevida pode ser puro vandalismo.


E, estava eu fotografando, isolada do mundo como sempre me acontece quando toda eu convirjo no que estou a observar, quando ouço o meu marido a chamar-me. 'Olha, ali a atravessar a rua, o Eduardo Lourenço'. Estava parado nos semáforos, esperando que abrisse o verde para peões na direcção talvez da Biblioteca Nacional. Enterneci-me. Comemorando o 25 de Abril, o estóico filósofo, 94 anos, ali estava junto ao jardim que relembra Mário Soares. Um país é feito de muita coisa: da sua história, da sua geografia, das suas gentes, da sua memória, dos seus desígnios mas quem consegue a fusão de todos os aspectos e sabe transformá-los na matriz genética do povo são as pessoas da cultura. Deles somos todos eternos devedores.


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Enquanto escrevia este post e escolhia as fotografias para aqui colocar, estive a ver uma entrevista de Vítor Gonçalves a Conceição Matos e Domingos Abrantes. E o que aconteceu foi que, a maior parte do tempo, parei de escrever para ouvir e ver com atenção o impressioante testemunho deste casal que suportou a tortura da PIDE e que sobreviveu, com inteireza e notável dignidade, para o poder contar. A quem não viu e possa fazê-lo, sugiro que use a box e tente ver o programa. É um testemunho absolutamente extraordinário. Toda a gente devia conhecer o que eram as práticas do regime anterior ao 25 de Abril para que não subsistam dúvidas.

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domingo, janeiro 08, 2017

Mário Soares:
o velho leão adormeceu mas a estrela que o habitou continua a brilhar


Aqui há dias li, já nem sei onde, uma coisa que me pareceu bem: que as pessoas são espíritos que transitoriamente se alojam em corpos que esses, sim, são passageiros. Ou seja, entram num corpo, ficam nele até esse corpo sucumbir, ficando, então, livres para se alojarem num qualquer outro.

Sou por natureza, formação e profissão completamente racional.

Contudo, há em mim um espaço disponível para acolher ideias que não entendo ou não tenho como explicar. Admito que possa acontecer que, um qualquer dia, a ciência venha a explicá-las. Assim é com isto da vida, da morte, do sentido do ser. Nada sei sobre o assunto. No entanto, admito como prováveis algumas hipóteses muito pouco evidentes à luz do que hoje sabemos.

Mário Soares. 

Não me parece que o velho combatente tenha morrido. 

Vou tentar falar no passado apenas para que o texto soe coerente face às notícias que dão conta da sua morte. O corpo estava cansado, a mente, que tão vibrante foi durante anos, estava como que saturada. Mas, para todos que o conhecemos, ainda que de longe, está vivo.


Vejo-o na televisão enquanto escrevo. Uma bela entrevista, na RTP 1, conduzida por Fátima Campos Ferreira. E a vida dele transborda, a sua imensa vitalidade, a sua jovialidade, irreverência, a sua tolerância, carisma, inteligência, a sua coragem, a sua capacidade de intuir o que ainda mal tinha começado a desenhar-se no horizonte. 


Há uma intemporalidade na sua capacidade de lutar pela democracia e pela liberdade. Sempre vi Mário Soares na linha da frente -- desde o 25 de Abril (e é sabido que antes disso) até aos últimos dias da sua vida lúcida.
E há o que sempre muito me agradou: uma altivez que o colocava num patamar superior ao das fracas figuras da baixa política.

Ao longo dos muitos anos em que se manteve na ribalta, nunca me senti envergonhada ao vê-lo em acção. 

Nunca o vi rebaixar-se, nunca se colocou numa posição subalterna fosse perante quem fosse. A sua atitute confiante e desprendida, a sua capacidade de lutar como um leão, o seu charme, a sua bonomia e a sua determinação tornaram-no, desde sempre e em qualquer circunstância, uma figura política maior.

Desde o nome, cheio de vogais abertas, até à sua figura física, todo ele era uma figura solar. O seu riso, o seu amplo gesticular, a sua assinatura franca, tudo nele é solar, luminoso, iluminador.

O seu exemplo, as suas imagens, as suas palavras serão sempre recordadas e estou certa que o povo saberá sempre honrar a sua memória, mantendo-a viva, vigilante. Sempre que algum espírito medíocre pretenda atentar contra a liberdade ou a democracia, espero que nos lembremos sempre de Mário Soares e de como, em idênticas circunstâncias, se levantaria para enfrentar os riscos, dando o peito às balas, erguendo a voz, o punho.

Como apontamento pessoal que, para o caso é absolutamente insignificante, recordo o seguinte: embora identificando-me politicamente com as suas causas, dado que não sou militante ou activista política nunca estive em comícios ou manifestações ou o que quer que seja onde ele estivesse presente. Mas lembro-me de, um dia, estar a passar à frente da Biblioteca Nacional e me cruzar com ele, vindo ele da sua casa ali ao pé. Uns passos à frente, voltei-me para trás, para o ver. Estava ele também virado para trás para me olhar. Segui em frente e pensei que era, então, verdade que ele, não obstante ser marido amantíssimo da sua querida mulher, Maria Barroso, companheira incondicional de toda a vida, era um apreciador de mulheres. Quando me lembro dele, essa sua imagem vem-me à ideia. 

Sou amiga de uma pessoa que lhe foi próxima e que sempre me falava dele, contando episódios pessoais que revelavam o seu lado de bon vivant, de bom conversador, o seu mau génio, o seu bom génio, a sua graça, a sua amizade.


E essa imagem de ser humano cordial, polémico, mesmo truculento, divertido, junta-se à de político livre, democrata, corajoso. Soares é fixe sempre foi uma sua imagem de marca. O Bochechas, outra. E qualquer delas mostra o afecto que os portugueses sempre sentiram por ele. E sempre sentirão.






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Como todos os grandes navegadores, Mário Soares não esperou pelo vento de feição e bolinou para encontrar o vento necessário para seguir o seu rumo, sem nunca errar quanto aos pontos cardeais nem tergiversar quanto ao porto de destino.


Quem o diz é António Costa num tocante artigo no DN que termina assim:

Não há ninguém insubstituível? Sei que ninguém substitui Mário Soares no lugar que é seu na história do Portugal democrático.
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Permito-me ainda recomendar a leitura do artigo de António Valdemar no Expresso: Soares, tal e qual. O episódio que envolve Natália Correia é suculento. Mas todo o artigo, de tão pessoal, nos aproxima mais do homem Mário Soares. 



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quarta-feira, novembro 11, 2015

Chegou o tempo da esquerda, um tempo de desafios, riscos e esperança. Aos que agora finalmente se uniram e, num passo inédito, se chegaram à frente e disseram 'Presente!', agradeço que tenham posto fim ao desgoverno PSD e CDS, manifesto o meu apoio no duro caminho que têm pela frente e a minha admiração pela coragem que estão a demonstrar porque os outros vão à sombra dos abrigos e tu vais de mãos dadas com os perigos.



Porque os outros se mascaram mas tu não 
Porque os outros usam a virtude 
Para comprar o que não tem perdão 
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados 
Onde germina calada a podridão. 
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem 
E os seus gestos dão sempre dividendo. 
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos 
E tu vais de mãos dadas com os perigos. 
Porque os outros calculam mas tu não.



Esta é a madrugada que eu esperava 
O dia inicial inteiro e limpo 
Onde emergimos da noite e do silêncio 
E livres habitamos a substância do tempo 


(...)
Portugal,
volta ao mar, a teus navios
Portugal volta ao homem, ao marinheiro,
volve à terra tua, à tua fragrância,
à tua razão livre no vento,
de novo
à luz matutina
do cravo e da espuma.
Mostra-nos teu tesouro,
teus homens, tuas mulheres,
(...)





E se já mostrei rosas juntas com os cravos e uma rosa feliz e multicor, junto também aqui papoilas porque este é um tempo de inclusão em que todos quantos são livres e lutam por um Portugal desenvolvido devem ser chamados a intervir pois todos somos poucos para o tentar recuperar da pobreza e das injustiças sociais para que foi empurrado nos últimos quatro anos.


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Os poemas são de Sophia de Mello Breyner Andresen e, num dia como o de hoje, apetece-me ter aqui Maria Barroso. A gravação não é fantástica mas acho que concordarão comigo que isso é pormenor.

O poema La Lámpara Marina de Pablo Neruda, lido por Tavares Marques, foi dedicado a Álvaro Cunhal (que, justamente, nasceu a 10 de Novembro) e apetece-me tê-lo também aqui.

No penúltimo vídeo, António Costa agradece o papel precursor de Mário Soares - e hoje faço questão de que Mário Soares se junte à festa. E através do link junto também Pacheco Pereira, outra voz que, ao longo dos últimos quatro anos, não se cansou de lutar pela verdade, pela democracia e pela liberdade.
Gostava de ter encontrado algum vídeo com Miguel Portas ou João Semedo ou Francisco Louçã ou Daniel Oliveira ou Catarina Martins em que o registo fosse do género dos que que aqui coloquei mas não encontrei, apenas os vi em intervenções políticas puras e duras. Por isso, fica aqui apenas o registo dessa minha vontade.
Finalmente, Louis Armstrong interpreta La vie en rose -- e é assim que eu hoje quero ver a vida.

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Nota: Esta terça-feira quase não consegui ver televisão mas quero dizer que, do pouco que vi, fragmentos apenas, gostei muito do que ouvi dos discursos de António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. Uma lição de democracia.

Deliberadamente não falo dos esgares e do mau perder de Passos Coelho, das ameaças infantis e anti-democráticas (e anti-patrióticas) de Paulo Portas, das expressões desagradáveis de Montenegro e de todos quantos mostraram que continuam sem perceber nada do que lhes acontece. Agora, por exemplo, mostram que não percebem como funciona a democracia. É pena. Mas porque o tempo deles acabou (tal como está prestes a acabar o tempo de Cavaco), não os quero ter aqui a contaminar esta minha página que quero que seja uma página em que se festeja o dia em que a direita retrógrada, incompetente e desumana foi derrubada.

Quero aqui hoje festejar a esperança, a expectativa de que se reinicie um caminho de construção, de respeito pelos outros. Quero acreditar que Portugal está de novo a caminhar na direcção do futuro.

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Desejo agora que a inteligência e a maturidade que o PS, o PCP, o PEV e o BE demonstraram até chegarem a estes acordos se mantenham ao longo dos próximos 4 anos - que nunca se esqueçam de que o que os une tem que ser sempre mais importante do que aquilo que os separa.

Dia 10 de Novembro de 2015 foi um dia novo. 

Abriu-se uma porta importantíssima. Abriu-se uma porta e não apenas em Portugal: também na Europa. Estou em crer que também na Europa se começarão a sentir os felizes tempos de mudança. 

Há alternativa.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quarta-feira muito feliz.

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quarta-feira, julho 08, 2015

Augusto Santos Silva na despedida ao comentário semanal na TVI: a coragem das palavras abertas contra a cobardia dos actos escusos. A sua explicação (dita com os nervos à flor da pele) na TVI 24, perante um Paulo Magalhães também nervoso. E, na despedida de Maria Barroso. Xácara das Bruxas Dançando


No post abaixo falo de Francisco Seixas da Costa, Ricardo Paes Mamede e Mariana Mortágua: três pessoas inteligentes, convincentes e com as ideias arrumadas. E, como contraponto, refiro o Arnaut, um exemplo acabado do que é um PaF em estado puro, um trauliteiro chapado que só engana quem gostar de ser enganado (que há gente assim, então não?: são os chamados cornos mansos). Vi-os na TVI e, pudesse eu ser conselheira da 'esquerda portuguesa' (e as aspas são intencionais já que, para mal dos pecados dos portugueses, não há essa tal coisa da 'esquerda portuguesa'), a ver se a 'esquerda portuguesa' não dava um memorável baile à coligação dos direitolas canhestros que por aí andam, convencidos que estão para ficar.

Mas, enfim, sobre eles falo no post seguinte. Aqui, agora, continuo pela TVI 24 e com Paulo Magalhães, desta vez na presença de Augusto Santos Silva: os porquês da política. E os porquês dos critérios televisivos.



Os porquês da esperança ou a ironia das circunstâncias da vida. 
Paulo Magalhães e Augusto Santos Silva juntos em livro agora que as televisão os apartou




Foi um Augusto Santos Silva nervoso que nos apareceu nos ecrãs. A voz trémula, denunciava a emoção e uma certa raiva contida. Com aquele seu mocking smile, disse ao que vinha. Tendo visto o seu contrato com a TVI unilateralmente denunciado, fez questão de explicar as suas razões. Fez bem. Foram palavras de coragem como são sempre as suas. E contrastam com o silêncio (cobarde?) da TVI.

E eu, ouvindo-o, percebo a sua perplexidade e desconforto. Devo também dizer que simpatizo com Sérgio Figueiredo e que aqui dele já referi as suas crónicas. Muito, mas mesmo muito, me espantou a sua decisão. Não parece dele. Ficar-lhe-á como uma nódoa incómoda, um acto do qual talvez se venha a envergonhar -- a menos que existam razões ponderosas; mas, nesse caso, seria de homem que as expusesse.

Augusto Santos Silva era a única voz socialista com um espaço de comentário fixo na televisão. Mas não era fixo, era aliás do mais móvel que existia. Aqui em casa não atinávamos com o horário que lhe destinavam. Ultimamente era um horário errático que desrespeitava a paciência dos telespectadores. Fez ele muito bem em protestar.


Disse acima que ele era a única voz socialista porque não consigo incluir António Vitorino nesse grupo. Não suporto aquele António Vitorino: é um habilidoso dos jogos florais, tem uma conversa adiposa, um paleio redondo que gira em torno de lugares comuns e graçolas inconsequentes. Sabendo-o criatura que saltita de administração em administração, de negócio em negócio, vejo-o como uma outra face do arnaut: um é alto e outro é mignon, um é bem parecido e outra é charila, um tem cabelo e outro parece que não -- mas, tirando isso, movem-se nos mesmos espaços. Para mim, se é para aparecer como exemplar socialista, mais valia que não aparecesse.
Adiante. De resto, depois da chazada inicial, Augusto Santos Silva esteve bem - como sempre. Atirou flechas e acertou sempre, mostrou a sua inteligência, a sua ironia, a sua cultura. 

Uma pena que a TVI o tenha tratado assim.

Mas estou certa que a esta hora já algum outro canal estará a contactá-lo e não tarda tê-lo-emos de volta, na maior e em grande estilo.

No final do programa, Augusto Santos Silva proferiu umas palavras de despedida em relação a Maria Barroso. Foi contido mas viu-se que sentia com emoção o que dizia.


Eu não consigo dizer muito nestas alturas, aliás, nem muito nem pouco, não sou dada a despedidas, muito menos em relação a pessoas de quem gosto.


Se Maria Barroso partiu em paz, sem sofrimento, 

já Mário Soares está a sentir tudo e, por isso, 

é também nele que penso com preocupação e muita pena.


Mário Soares é uma força da natureza mas era junto de Maria Barroso, 
essa mulher forte apesar de pequena e de aspecto frágil, que ele se completava


Não vou pôr-me com votos de pesar ou louvor porque tenho grandes dificuldades nesse registo. Limito-me a deixar aqui a voz de Maria Barroso lendo poesia. Nessas alturas, ela agigantava-se e mostrava a mulher de fibra que era e de que tantas evidências deu ao longo de uma vida imensa, intensa, ímpar.


Maria de Jesus Barroso - "Xácara das Bruxas Dançando"

do livro/CD "Geração do Novo Cancioneiro" (2010). Poema de Carlos de Oliveira. Música de Luísa Amaro.



...

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira. 
Sejam felizes e sintam como eternos os momentos mais belos da vossa existência.

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sábado, março 07, 2015

Presidenciais 2016: Em busca do candidato perfeito


Transcrevo o que recebi por mail lamentando não conhecer o autor. Se alguém me souber informar, aqui o referirei. Posso não concordar com uma ou outra observação mas, em nome da isenção e a favor do serviço público de bem informar, aqui me faço eco desta lista comparativa de potenciais candidatos a próximo presidente da República.

A formatação está estranha e, ao copiar, arrastei o fundo branco do mail. As minhas desculpas, pois, pelo look mas, enfim, dá para perceber que é um copy paste e não de minha lavra.


Marcelo Rebelo de Sousa
Description: marcelo-rebelo-de-sousa13546e80_400x225
A favor: Popular e erudito. Audiências televisivas garantidas.
Contra: Oitocentas leituras recomendadas por semana. Exames obrigatórios. Ter Judite de Sousa como chefe da casa civil.

António Guterres
Description: 465887-guterres
A favor: Amigo da Angelina Jolie. Aqueles lábios prometem beijos inesquecíveis (os dele, não os da Angelina).
Contra: Desistir rapidamente quando as coisas se complicam. Facilmente nos trocaria por meia dúzia de sudaneses famintos.

Santana Lopes
Description: santana_lopes_pagina
A favor: É a alegria de qualquer festa.
Contra: Ser o Santana Lopes.


António Vitorino
Description: Antonio_Vitorino_de_l_association_Notre_Europe_-_Institut_Jacques_Delors
A favor: Arruma-se facilmente em qualquer sítio.
Contra: Apreciar tanto o som da própria voz que correríamos o risco de ter comunicações presidenciais diárias de oito horas à boa maneira latino-americana.

Rui Rio
Description: rui_rio


A favor: Alguém que parece não se importar de ser odiado. Terá de ser muito competente para compensar. (Ou não.)
Contra: Instituição de regime presidencialista. Transformar o país inteiro num circuito para corridas de carros antigos. Transferir a capital para o Porto e rebaixar todas as outras cidades do país à categoria de aldeia. Criação da Região Autónoma do Norte (com fronteira meridional em Portalegre).

Marinho e Pinto
Description: Entrevista de João Marcelino para o Gente que Conta com o Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho Pinto
A favor: Ser uma pessoa que diz o que o povo gosta de ouvir.
Contra: Tudo.

Maria de Belém Roseira
Description: 550
A favor: Poderia ser a primeira mulher a ocupar o cargo. 
Contra: Ser possível perdê-la durante ações de rua na campanha eleitoral.

Alberto João Jardim
Description: f8d940848218c8f02ee7af5799c2283515eb57ea
A favor: NÃO!
Contra: NÃONÃONÃONÃONÃONÃO! Por favor…

Mário Soares
Description: mario-soares
A favor: Na sua cabeça, ainda é presidente.
Contra: Faria a campanha toda contra Álvaro Cunhal.


Carvalho da Silva
Description: carvalhosilva-cgtp-04031169632461_400x225
A favor: Possibilidade apelativa de ter um presidente de pulôver e a primeira greve presidencial da história.
Contra: O nome demasiado parecido com Cavaco Silva traria problemas com o voto míope.


Sampaio da Nóvoa
Description: 821930




A favor: Quem?
Contra: A sério. Quem?


Fernando Mendes
Description: Fernando_Mendes_Preco_Certo


A favor: Não se queixaria de não conseguir viver com reforma elevada por conhecer o preço certo de inúmeros bens de consumo.
Contra: Proximidade entre a residência oficial e os Pastéis de Belém.

Bruno de Carvalho
Description: bruno_de_carvalho_4_77313a03_400x225




A favor: Esforço, dedicação, devoção e glória. O estandarte presidencial é a bandeira portuguesa sem o vermelho.
Contra: Comunicados seis vezes por dia no facebook. Cortes de relações e blackouts semanais.

Iannis Varoufakis
Description: Newly appointed Greek Finance Minister Varoufakis attends a hand over ceremony in Athens




A favor: Imagem descontraída. Querer bater o pé a quem manda.
Contra: Ser grego.

Maomé
Description: load-error


A favor: Bons contactos em esferas de decisão superiores.
Contra: Retrato presidencial problemático.

Cavaco Silva
Description: cavaco
A favor: O facto de estar constitucionalmente impedido de se candidatar.
Contra: Os dez anos anteriores.