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terça-feira, janeiro 02, 2024

Dia de Ano Novo -- com as receitas da culinária envolvida
[E ainda três vídeos que não garanto que venham totalmente a propósito]

 



Como geralmente acontece, o Dia de Ano Novo foi vivido cá em casa. Só por isso já é, para mim, um dia feliz e a melhor maneira de começar o ano. E o meu desejo é que seja também um dia feliz para todos os que aqui partilham o dia. 

Claro que, enquanto isso, fui fazendo um esforço para não deixar que a nuvem sombria que paira sobre mim não transparecesse e não ensombrasse também os demais. 

Agora estou com as unhas pintadas de azul claro e, em algumas, há desenhos em cor de rosa, em branco e em dourado. Foi a minha menina que as pintou, de tarde, tal como pintou as da tia. E a tia pintou as dela.

E o meu menino mais novo, sempre reguila e esquivo, hoje estava mais meiguinho, deixou-se abraçar e beijar sem protestar. E todos aceitaram juntar-se na escada para uma fotografia em família que ficou muito bem.

Momentos sempre bons, vividos em harmonia e doçura.

Para não me pôr para aqui com mais votos ou com ladainhas, avanço já para o lado prático da questão.

Para o almoço fiz duas saladas, um rolo de salmão, arroz de carnes e salada de frutas 

Vou contar como fiz.

Para picar:

Queijos, rolinhos de presunto e tostinhas com trufas trazidas pela minha filha, azeitonas.

Para começar:

Salada de salmão

Coloco alface iceberg no fundo (do ponto de vista vitamínico, acho que esta alface é a mais fraca. Mas é do agrado de todos, pelo que aposto nela para todos comerem salada, nomeadamente os miúdos). Era para ter posto abacates mas esqueci-me. Dois queijos mozzarellas frescos desfiados. Salmão fumado. Tempero com azeite, um pouco de sumo de lima e orégãos.

Salada de ovo

Numa tigela de vidro, coloco alface iceberg em baixo. À parte misturo maionese, ketchup e três ovos cozidos, um quarto de cebola branca (doce) migada, umas quantas azeitonas pretas sem caroço migadas. Coloco essa papa sobre a alface e envolvo. Por cima, migo dois ovos cozidos e mais umas quantas azeitonas pretas descaroçadas picadas. Passo um leve fio de azeite e uns quantos orégãos.

Para continuar:

Rolo de salmão

Numa frigideira, fritei, em azeite, uma cebola branca bem picada. Juntei salsa picada. Quando a cebola estava bem mole, juntei uma maçã cortada em cubinhos minúsculos. Temperei com sal. Deixei que quase se desfizessem. Depois juntei duas embalagens de espinafres frescos. Tapei a frigideira e deixei que os espinafres amolecessem. Misturei.

Temperei os lombos de salmão com um pouco de sal, abundante sumo de lima e cebolinho picado. 

Estendi uma folha de papel de ir ao forno. Em cima coloquei um rectângulo de massa folhada fresca. Na parte central da massa, longitudinalmente falando, coloquei a cama de espinafres (e cebola e maçã). Por cima os lombos de salmão temperados. Cobri com abundante, mas ponham abundante nisso, mozzarela ralado. Fechei o rolo, puxando a massa para cobrir o dito recheio. Para dar graça, fiz-lhe suaves golpes em diagonal. Antes tinha batido um ovo inteiro (ia lá desperdiçar a clara...) com o qual pincelei o rolo.

Peguei no papel sobre o qual o rolo tinha sido montado e enfiei-o numa forma de bolo inglês. Ensinou-me isso o meu filho: o rolo fica aconchegado, não se corre o risco de abrir e desmanchar-se.

Por acaso, não fiz um: fiz dois rolos. O outro foi igualzinho só que, por cima, depois de pincelar com ovo, espalhei-lhe em cima sementes variadas, incluindo de abóbora, e ainda orégãos.

Antes tinha posto o forno a aquecer a 200º. Quando lá enfiei as formas com os rolos de salmão baixei para 170º. Não vi o tempo, talvez uns 40 ou 50 minutos, não sei. Sei que a meio quando me pareceu que corria o risco de tostar rapidamente demais, reduzi para uns 150º.

Arroz de carnes

Num panelão coloquei azeite, duas grandes cebolonas picadas, um bom ramo de salsa picada, dois tomates bem maduros cortados aos pedaços, louro, dentes de alho, três grandes cenouras cortadas aos cubinhos, uma mini (sim, mini: cerveja), rojões de porco e moelas bem lavadas e cortadas aos bocadinhos. Passado um bocado juntei coxas de frango do campo ao qual tirei previamente a pele. Apenas para dar um certo leve apontamento de sabor e graça, juntei um niquinho de bacon aos bocadinhos e um outro de chouriço de carne, de boa qualidade, também aos bocadinhos. 

Enquanto cozinhava retirei um pouco de caldo para outro tacho. Aí coloquei carne cortada em strogonoff de novilho dos Açores. Depois de levantar fervura, um ou dois minutos e desliguei. Acho que assim fica mais macia.

Quando as outras carnes estavam macias, desossei as coxas de frango. Juntei água a ferver para ficar quase o dobro da quantidade de caldo relativamente à quantidade de arroz. Quase porque depois ia chegar mais caldo. Ajustei o tempero de sal. Quando levantou fervura, juntei o arroz basmati. Quando estava quase, juntei a carne de novilho e o tal respectivo caldo. Antes que estivesse o caldo todo absorvido, vazei tudo para um tabuleiro de forno.

Enfeitei com tirinhas de bacon e rodelas do tal chouriço. Foi ao forno para acabar de cozinhar, para secar e dourar as carnes enfeitantes da superfície.

Para terminar

Doces

Usei os bolos que sobraram do Natal e que descongelei, um bocado de tarte de amêndoa que a minha nora trouxe e que tinha sobrado da véspera, um doce de limão merengado que comprei e bombons.

Salada de frutas gelatinada

Numa tigela, coloquei duas maçãs cortadas aos cubinhos, quatro nectarinas aos cubinhos, vários bagos de uva sem grainha. Juntei uma embalagem de kefir de morango e umas quantas de gelatina de morango. Tudo sem açúcar. Misturei. Cobri de mirtilos.

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Temo-nos revezado nas visitas à minha mãe. Durante a semana fui eu, no fim de semana, os meus filhos. Quando regressaram, contaram que, apesar de tudo, estava menos queixosa. Menos mal, portanto.

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Saíram de cá, depois do lanche, já era noite, já os meninos tinham brincado, já quase todos tinham jogado a um jogo de cartas (claro que o 'quase todos' não me inclui, não consigo jogar a estas coisas, não tenho paciência para aprender regras). 

Consegui que levassem alguns restos (porque, já se sabe, sempre com medo que falte, faço invariavelmente comida a mais). 

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Quando aqui me sentei adormeci logo. Depois, primeiro que conseguisse energia para escrever isto foi difícil. Durante esse processo, de despertar, estive a vir alguns vídeos, por vezes adormecendo pelo meio, dos quais partilho estes três.

Anderson Cooper on freeing yourself from the burden of grief


The World Ahead 2024: five stories to watch out for


Why the world is going crazy—and how to win back our minds | Jamie Wheal | Big Think


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Nota: No dia de Natal de manhã, andando eu a lamentar não termos enfeitado a casa, o meu marido, madrugador, foi apanhar musgo e, sobre um tabuleiro, montou um presépio feito com presepiozinhos que gosto de coleccionar e com duas figurinhas que eram de quando ele era pequeno. Face à gripe da minha filha, como contei, o Natal foi em casa dela pelo que só hoje puderam ver o presépio feito de vários presépios. Por ter sido iniciativa do meu marido, gostei imenso. Direi mesmo que fiquei sensibilizada. 

A fotografia não ficou famosa, reconheço..., mas a esta hora não me apetece ir fazer outra. Mas acho que dá para ficarem com uma ideia, não dá?

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Desejo-vos um dia feliz.
Saúde. Boa sorte. Paz.

segunda-feira, janeiro 01, 2024

2024
-- Receita de Ano Novo --

 

E já cá estamos, em 2024. Aqui, pelo menos, já chegámos. 

Não sei se o Valupi tem razão ao dizer que 2023 foi um período triunfal para os estúpidos. Não que não tenha sido. Foi. Mas foi mais que isso. Foi, em si, um ano estúpido. Claro que pode dizer-se que são os estúpidos que transformam uma coisa neutra numa coisa estúpida. Mas foram tantas as coisas estúpidas que aconteceram, uma tal sucessão de situações transformadas em situações estúpidas por gente estúpida que, em si, tenho que concluir que 2023 se pôs a jeito para os estúpidos fazerem dele gato-sapato. E não foi só isso, foram mesmo as contingências desagradáveis que viram a luz do dia, negativas, abstrusas, ataques de pouca sorte.

Quando o ano começou toda a gente deve ter desejado que fosse um ano incrível, transbordante de paz e bondade, mas, bem vistas as coisas, muitos dos estúpidos que por aí andam já andavam antes a deixar-nos perceber que iam fazer porcaria. Muitas vezes, não quisemos foi ver. 

Não vou exemplificar pois foram tantas as anormalidades que aconteceram que seria absurdo apontar só uma o duas. Mas, de muitas, como não reconhecer que os seus autores já antes vinham dando mostras de que as suas intenções e o seu comportamento iriam descambar em actos estúpidos, nefastos.

E, mesmo a nível pessoal, tenho que reconhecer que quase tudo o que de negativo me aconteceu, não nasceu em 2023. E algumas coisas poderiam ter sido senão evitadas, pelo menos mitigadas. Há o aspecto da sorte, é certo, e nela muitas vezes não conseguimos influir. Mas em muitas das outras deitamo-nos na cama que fizemos. Não que, se fosse outra a cama, o destino fosse forçosamente diferente. Mas uma coisa é certa: quando tomamos uma opção não podemos pensar que as consequências se ficam por ali. Muitas vezes as consequências arrastam-se por anos.

Estou a escrever e já estava outra vez a pensar na situação da minha mãe e no que estamos a passar: tinha vontade de exemplificar como, em cada momento da vida, a vida não é só o que acontece independentemente da nossa vontade mas também é a forma como o encaramos -- ou sob uma perspectiva fatalista e negativa ou sob uma perspectiva de agradecimento e aceitação, mesmo quando o que nos acontece não é famoso. E isso muda tudo. Mas hoje não quero falar outra vez do mesmo, não quero enfiar-me de novo nesse beco do qual tantas vezes parece que não consigo sair.

Só quero dizer que embora triste por a minha mãe entrar o ano numa cama de hospital e de eu não ter podido desejar-lhe um feliz ano novo, com saúde e alegria, como sempre fiz em todos os anos da minha vida, consegui divertir-me e estar feliz na companhia dos que me são queridos, que estão bem, felizes, bem dispostos. 

A vida continua. 

E bola para a frente. Certo?

E agradecendo ao Nuno que, apesar de ser um chato e que tantas vezes me maça, não deixa, outras vezes, de ser atencioso, partilho convosco um poema que ele me enviou por mail. Aqui, na voz de Marília Gabriela:

RECEITA DE ANO NOVO, Carlos Drummond de Andrade

(...)

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Felicidades