sexta-feira, julho 31, 2015

Quem o feio ama, bonito lhe parece? Então amemos os feios. ON BEAUTY. Sobre a beleza: um chamamento à aceitação das diferenças.


No vídeo que coloquei no post a seguir a este, o entrevistador pede a Nicole Kidman que indique nomes icónicos da moda e ela responde: todas as mulheres fotografadas por Irving Penn, especialmente a sua mulher, Lisa Fonssagrives.


Lisa por Irving


De facto, se há fotógrafo que tenha feito imagens de rara elegância, esse fotógrafo é, sem dúvida, Irving Penn.




Mas nem sempre Irving se focou nas poses bem comportadas ou na beleza tradicional, nem as suas musas icónicas foram sempre inequivocamente perfeitas ou reverentes e obrigadas. Beyond beauty é prova disso ao provocar a nossa perplexidade e, por vezes, as nossas aquietadas consciências. As fotografias dessa série foram feitas entre 1949 e 1950 e, imagine-se, apenas foram expostas depois de 1980. A nudez e a estranheza eram, então, ainda mais inquietantes do que hoje.




É um fotógrafo cuja obra bastante aprecio e, de certa forma, pasmo como um homem nascido em 1917 e vivendo entre meios tão normativos em termos de perfeição, conservou a semente de irreverência, tão visível em tantas das suas fotografias.




Irving inovou de várias formas, muitas delas pela simplificação e despojamento que introduziu nas sessões fotográficas: usava fundos lisos, cinzentos, cenários angulares, modelos posando de cara quase tapada, etc. Vendo agora, à distância, ainda nos admiramos. Todo ele era criatividade, emoção e intuição.




Vários artistas das mais variadas artes posaram para Irving. Picasso foi um deles e, digo eu, deve ter amado as fotografias de Irving. Toda a sua argúcia, vivacidade e sensualidade estão no olhar que o fotógrafo agarrou e que irradia a partir do centro, ocupando (ie, iluminando) quase toda a fotografia.




Mas quero agora focar-me, sobretudo, no que é diferente: os cenários, as poses, os rostos que, mesmo diferentes, proporcionam a quem olha, momentos de fruição e beleza.

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You are my sister

(cantado por essa outra criatura diferente: Antony)



Para falar da beleza ou da fealdade, socorro-me de novo de Agustina, agora com Camilo como personagem in Camilo - Génio e Figura.


Camilo: Feio sou eu, senhora. A fealdade exprime uma malignidade anónima. Em Nápoles, quando se passa por uma pessoa feia como eu, pensa-se logo que vai haver desgraça em casa. Aquele que é feio escolhe as vítimas e dá-lhes um destino apropriado. Um destino terrível.

Vieira de Castro: Acreditas nosso?

Camilo: Acredito. O princípio que cria uma desgraça transmite-se aos outros.

Ana: Julguei que era esse o efeito da beleza. A beleza pode ter sido criada por um mau princípio. 


Camilo: O olhar dos outros descobre-nos a tara que nós cobrimos de talento e que queremos esquecer. Um feio provoca sempre um arrepio, mesmo naqueles que estão mais preparados. Adivinham a responsabilidade do feio, que é o de ser mau.

Ana: Isso comove-me. Vejo que está condenado ao mal.

Camilo: Sim, dona Ana. Condenado ao mal exterior: ao escândalo e à infâmia. Condenado ao mal interior: vergonha, inveja, sofrimento, desespero.


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Preconceitos. 
Outros tempos, os tempos de Camilo - ou talvez não. 

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Um artigo do The New York Times despertou há pouco a minha atenção. É um tema que me é caro: as diferenças, o direito à diferença, o direito à aceitação.

Changing Our Perceptions of Beauty

por  KAREN BARROW

What is beauty?


Christine, with albinism,
photographed by Rick Guidotti
Rick Guidotti, a fashion photographer from New York City, once defined beauty by supermodels, hairstylists, makeup artists and magazine covers, but a chance encounter at a Manhattan bus stop changed his perspective.

Mr. Guidotti saw a 12-year-old girl waiting for a bus with her mother. The girl had white-blond hair, eyebrows and lashes, pale skin and light eyes — the first time he had seen anyone with albinism. “She was gorgeous,” he said.

He searched medical textbooks for more photos of people with albinism, but the only images he found were of youngsters standing up against a wall with black bars over their eyes.

Sarah, 21, is a motocross racer
living with Sturge-Weber syndrome,
a developmental condition that causes
a port-wine stain to appear on the face,
along with possible seizures and vision issues.
Rick Guidotti
Mr. Guidotti then called a support group for people with albinism and made arrangements to photograph another girl with albinism, Christine, who would become the first of the many thousands of people with genetic and developmental conditions he would come to photograph.

“As a fashion photographer, I was always told what was beautiful, but I saw beauty everywhere,” he said.

His work evolved into a not-for-profit organization, Positive Exposure, and is currently featured in a new documentary, “On Beauty.” His aim: to transform perceptions of people living with genetic, physical and behavioral differences, both among the public and health care professionals. “We need to get rid of those black bars,” he said. “It’s not about what you’re treating, it’s who you are treating.


On Beauty: Early Trailer



Todos diferentes, todos iguais. Todos belos apesar de diferentes.

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Relembro que, já abaixo, poderão ver uma beldade respondendo de seguida a 73 perguntas. 
Podem achar que isso não vale nada; mas experimentem a ver se conseguem, 73 respostas de seguida, pimba, pimba, pimba.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa sexta-feira. 
Um dia feliz para todos, com muita sorte, com boas notícias, com muita esperança.

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Como é que uma pessoa tem a resposta na ponta da língua perante uma rajada de 73 perguntas? Não sei. Vejo Nicole Kidman e espanto-me. (A menos que o vídeo resulte de montagens)


É actriz, vive na Austrália, tem 48 anos, dois filhos adoptados (de quando era casada com Tom Cruise) e dois biológicos do actual marido, Keith Urban, e vive numa casa no campo que impõe respeito. É elegante e bonita, rosto de marcas, e mantém a jovialidade apesar da vida agitada que tem. Por acaso, não é que simpatize especialmente com ela - parece-me muito perfeitinha - mas não interessa: é inteligente e bem sucedida e, a julgar pelo que tem feito e obtido na vida, certamente bem mais inteligente do que eu e do que muitos que andam para aí convencidos que têm cabeça.

73 Questions with Nicole Kidman
para a Vogue



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quinta-feira, julho 30, 2015

Ver a lua a fugir por entre as nuvens numa noite nos jardins ao som da Melody Gardot


Depois da uma da manhã, chegada a casa, já mais para lá do que para cá, não é altura para me pôr com grandes efusões ou com reportagens fotográficas feitas com telemóvel.

Passei umas duas ou três fotografias para o computador e não se pode dizer que estejam famosas. Não me apeteceu levar a máquina fotográfica porque, se é para curtir o momento, não é para estar, ao mesmo tempo, a registá-lo. Mas tive pena pois não resisti e os meios eram completamente desadequados.




Tirando isso: os jardins do Palácio Marquês de Pombal são muitos bonitos e todo aquele espaço merece ser visitado. 

Chegámos antes das nove e ainda não tinha anoitecido. A frequência do concerto era praticamente toda na base  -- como hei-de dizer? -- do casual-chic, do urban-soft-jazz, do cool-executive, alternative-teacher, ou seja, tudo na boa e com um certo bom ar. Aliás, já quando estávamos a escolher restaurante no centro da cidade, víamos nitidamente quem é que, a seguir, ia curtir o som e o ambiente Melody Gardot.

Mas pode ser impressão minha, pode ser que também por lá houvesse muitos intelectuais-depressivos, jet-set da blogosfera, nerds jururus ou directores de informação de canais televisivos (por acaso, vi lá um desta última espécie mas também encaixa bem nos que acima referi, de malta na boa).

O espaço dedicado ao cool-jazz-fest está apelativo, bem arranjado, e a zona dos comes, bebes e relaxes está bem conseguida. De resto, todo aquele espaço, mesmo sem arranjos especiais, convida ao estar-se por ali, na boa.




Ainda comi um gelado Santini de chocolate e maracujá que durou enquanto dei um passeio pelos outsides do Palácio. E só então depois nos dirigimos à zona do concerto.

As iluminações traziam magia às árvores -- e isto, dito assim, pode soar-vos a gongorismo bacoco. Talvez o seja. Mas a verdade é que as árvores ora azuis ora roxas ora verdes ou encarnadas pareciam árvores encantadas.



O concerto começou com Pierre Aderne, cada vez mais soft, a voz de veludo, o jeitinho sedutor de quem sabe ter uma voz macia como seda.

Não podendo aqui colocar vídeos do próprio concerto, permitam-me que escolha outros, ao acaso.




A sua voz cola-se ao estilo Melody Gardot como um abraço doce, uma carícia longa que ela aceita e que, mal acaba, logo pede mais. Ele fez a primeira parte e acabou com uma canção que dizia que 'ela está quase a chegar'.

E chegou -- depois de um intervalo talvez longo demais (longo demais dada a hora que já era e o dia de semana, que é dia de trabalho para alguns. Mas, enfim, coisa de somenos).

O concerto foi, de facto, sobretudo uma potente afirmação da extraordinária arte performativa de Melody Gardot que passa do registo intimista para o rock possante e daí para o jazz feito por e para loucos para logo, sedutora, no meio de beijos, voltar a prender a assistência com o sussurro da sua voz envolvente.

Com uma banda fantástica, um grupo de rapazes felizes que imprimiram electricidade e alegria à actuação, Melody Gardot esteve como peixe na água: falando em português, deixando-se embalar pelos carinho e reconhecimento da assistência.




Encostei a cabeça no ombro do meu companheiro, ou, melhor, encostei-me toda a ele (a noite estava fresca e eu apenas tinha levado um casaquinho mais fino do que um tule, pelo que, volta e meia me dava o frio), deixei-me estar a olhar a lua que fugia das árvores para se juntar às nuvens. No final, já estava toda a gente de pé a dançar e, aí, fiz o gostinho ao pé e ao corpo: deixei que o som forte da banda de Melody e da sua própria voz tomasse o comando de mim.

E não conto mais nada porque já estou a dormir e esta quinta-feira é outro dia jeitoso. Deixo-vos, antes, com a diva Melody.



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Presumo que as gralhas sejam mais que muitas mas, acreditem, isto já não sou eu a escrever, são os meus dedos descuidados. Assim que possa, reverei o texto para o deixar mais clean. Agora já não consigo fazer mais nada.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quinta-feira muito feliz, com boas notícias, com alegria.

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Fernando Medina, um homem de bem. As suas referências a Sócrates na entrevista que concedeu ao Público e o apoio da Câmara de Lisboa à Fundação Ricardo Espírito Santo são dois exemplos recentes da sua inteireza. Fernando Medina é um socialista dos novos tempos, é o PS no seu melhor.


Gosto muito de Fernando Medina. Há nele um ar cândido e honrado que me inspira confiança. Já quando era Secretário de Estado me agradava a sua actuação. Na Câmara de Lisboa tem sido discreto e a sua competência fá-lo ser respeitado por socialistas e não socialistas.







Quando o vejo na televisão, ouço-o com atenção. A sua conversa não é formatada nem vazia. Com a sua maneira de ser cordata e a segurança com que se exprime, consegue que o ouçam com atenção. Os adversários com quem debate não conseguem sustentar o normal tom arruaceiro com que disfarçam a sua ignorância e visão deformada perante o cavalheirismo e bom conhecimento das matérias de Fernando Medina.




Não tinha lido a sua entrevista no Público mas, ao ler um comentário num post abaixo, fui lê-la e confirma-se: é um homem honrado que ali está. Sabe do que fala e é firme na defesa das suas opiniões.

E, no que se refere ao que diz de Sócrates, está toda a sua inteireza. 


Transcrevo uns excertos dessa entrevista:


Essa celeridade pode conduzir a que a acusação seja feita durante o período de campanha. Isso não pode prejudicar o PS?
Não quero especular sobre isso. A Justiça está a fazer o seu papel, o seu trabalho.
Não considera que terá impacto eleitoral para o PS?
Não vejo porquê.
Sócrates foi primeiro-ministro em nome do PS.
É um processo que está a correr, volto a dizer que não conhecemos a acusação a José Sócrates e a um conjunto de pessoas. 
(...)
Admirar-se-á se vierem a ser presas mais figuras destacadas do passado ou do presente do PS?
Não faço a menor ideia. Não conheço o processo, não faço ideia do que está a ser investigado, não sei o que está em causa. É algo a que não lhe posso responder.
Não se questiona se poderá haver mais pessoas envolvidas?
Posso dizer-lhe com toda a franqueza uma coisa: eu não tenho conhecimento de nenhum facto nem de qualquer comportamento que considere — daquilo que eu vi — indício criminal de nada.
Mesmo quando era membro do Governo, nunca se apercebeu de nada? O senhor foi secretário de Estado dos dois governos Sócrates.
Fui secretário de Estado sempre do ministro Vieira da Silva. Estive quatro anos no Emprego, no Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, com o Emprego e a Formação Profissional, e depois no Ministério da Economia, com a Indústria e os Fundos Comunitários. Tive sempre pastas de grande responsabilidade, com grande impacto do ponto de vista financeiro. O meu testemunho em relação ao ex-primeiro-ministro José Sócrates é de uma relação absolutamente impecável na defesa do interesse público, em todas as áreas em que trabalhei com ele. Faço esse testemunho aqui e faço esse testemunho em qualquer lugar. Não posso dizer mais do que isto, mas também não digo menos do que isto. Trabalhei com ele durante seis anos. Tenho esse testemunho a dar. Foi sempre uma relação impecável, irrepreensível, na defesa do interesse público, a que eu assisti, na relação comigo e em relação às áreas que eu acompanhei.

Assim é Fernando Medina_ parafraseando Sophia, 'inteiro onde os outros se dividem'

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Entretanto, li outra notícia que me fez sentir orgulhosa dele. Transcrevo um excerto:

A Câmara Municipal de Lisboa vai dar, este ano, 150 mil euros à Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva (FRESS), a instituição cultural que até há pouco era apoiada pelo Grupo Espírito Santo (GES) e que, com a queda deste, passou a estar numa delicada situação financeira. A proposta de ajuda à FRESS foi aprovada pelo município na semana passada, apenas com a abstenção dos vereadores do PCP.

Na proposta levada à reunião de câmara, subscrita pelo presidente Fernando Medina e à qual o Observador teve acesso, a autarquia refere-se à FRESS como “um projeto de inquestionável relevância cultural” que foi “inevitavelmente afetado” pela crise do GES.

O protocolo celebrado entre a câmara e a FRESS prevê o pagamento imediato da verba e destina-se principalmente a que a instituição consiga cumprir o programa de atividades previsto até ao fim do ano. 

Em contrapartida, a fundação compromete-se a 13 alíneas, desde descontos no museu para trabalhadores da câmara, cedência de espaços para eventos da autarquia e atividades para crianças da freguesia onde se situa o edifício da fundação. 

No documento não está previsto qualquer apoio financeiro para os próximos anos.

É da competência da Câmara Municipal de Lisboa apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, no apoio a atividades que contribuam de forma significativa para a dinamização cultural da cidade de Lisboa”, lê-se no protocolo.

A fundação engloba várias vertentes, que vão desde um museu onde estão expostas vastas coleções das artes decorativas portuguesas (têxteis, faianças, mobiliário e pintura, entre outras) até às oficinas e escolas de conservação e restauro, onde desde 1953 se aprendem técnicas manuais de construção e manutenção daquelas artes. A FRESS, lê-se na proposta camarária, “não só é essencial para a diversificação da oferta cultural e turística da cidade, como desempenha igualmente um papel também ele único na preservação dos saber-fazer tradicionais”.


Fico satisfeita. A Fundação Ricardo Espírito Santo tem um papel relevante na preservação do património cultural português e nela trabalham pessoas dedicadas, competentes, com saberes únicos. Seria uma pena muito grande que soçobrasse por falta de apoios, 
"Imagine um barco: um barco fantástico, mas que está à deriva. Há uma tempestade enorme, não sabe para onde tem de ir e ninguém lhe diz onde é o porto…”, afirmava em Novembro Conceição Amaral, agora presidente do conselho de administração (e que na altura era diretora do museu), referindo que o futuro da FRESS  era uma incógnita.
Fico, portanto, muito contente por saber que Fernando Medina subscreveu a proposta de apoio levada à reunião da Câmara que vai permitir que o barco prossiga o seu caminho, sabendo que há um porto onde pode aportar em caso de tempestade - pelo menos, para já.

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O PS tem revelado alguma dificuldade em encontrar o seu caminho perante um contexto minado e entre os arruaceiros, mentecaptos celerados e mentirosos da coligação PSD+CDS



Fernando Medina mostra aos socialistas qual o caminho certo: manter a face erguida, defender as suas convicções e os seus princípios, mostrar orgulho nas ideias que defende, ser sério, convincente, firme.

[Podia acrescentar (se estivesse numa de brincadeirinha boba) que, ainda por cima, Fernando Medina é giro todos os dias, tem um sorriso bonito, tem um corpinho bem feito, etc, e que o eleitorado feminino é sensível a esses atributos mas, enfim, não me alongo porque a hora já vai adiantada e hoje não estou nos meus melhores dias. 

Mas uma coisa vos digo: se o PS arranjar mais uns quantos assim (assim como ele e como o João Galamba, por exemplo), bem pode criar uma frente mediática avançada que uma coisa vos garanto: levam tudo à frente. Não haveria mulher que resistisse a um tal 'esquadrão'. Ora é sabido que, em casa, é a mulher que mais influencia as decisões familiares... Os senhores da área de comunicação e imagem do PS, que têm andado tão desinspirados, pensem nisto. ]

E tenho dito.

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Permitam que vos informe que, no post abaixo, falo de um estudo que comprova que existe uma correlação sólida entre a personalidade e a maneira de pensar de uma pessoa e o género de música que prefere.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um dia muito feliz.

E a todos desejo muita sorte e que mantenham a esperança perante qualquer situação da vossa vida, por mais ingrata ou assustadora que pareça.

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quarta-feira, julho 29, 2015

Eu, empática (tipo E), confesso: prefiro, de facto, músicas de tipo soul, blues,soft jazz. Se o meu tipo fosse S, de sistemática, preferiria heavy metal e hard rock.


As conclusões parecem até intuitivas: há uma correlação entre o tipo de personalidade das pessoas e a sua maneira de pensar e a música que preferem. 


A curiosidade é que um estudo científico feito com todos os matadores -- levado a cabo por um conjunto de investigadores de Cambridge, UK (de: Department of Psychology, Autism Research Centre, Department of Psychiatry, The Psychometrics Centre, Department of Psychology, School of Biological Sciences) e Stanford, California, USA (Department of Computer Science, Stanford University) -- que o comprova, sem margem para dúvidas.





Transcrevo:


(...) David Greenberg e os seus colegas da Universidade de Cambridge provaram que é possível deduzir a preferência musical de alguém através do seu estilo de pensamento. Trata-se de um parâmetro psicológico que, segundo a teoria da empatia-sistematização de Simon Baron-Cohen, divide a cognição humana em duas grandes categorias: os que criam empatia, que têm um estilo de pensamento que se foca no estado mental e emocional dos outros, e os são sistemáticos, que analisam e respondem através de regras exteriores que governam vários sistemas, sejam eles políticos, abstratos, naturais ou musicais.

O estudo submeteu 4000 participantes, escolhidos nas redes sociais por psicólogas e sociólogas, a questionários que analisaram o seu estilo cognitivo. Os mesmo voluntários escutaram 50 peças musicais, de 26 géneros e subgéneros diferentes, todos na mesma quantidade, e escreveram notas da audição.

Os resultados são claros: aqueles que mostraram no questionário ter um pensamento Tipo E (empatia) preferiram canções mais melosas, dentro do soul e soft rock, em contraste com os de Tipo S (sistematização) que preferiram músicas mais agressivas e complexas, dentro do género do heavy metal e hard rock.

Mas a questão não se limita a géneros mas sim a características. 

Os de Tipo E mostraram uma tendência para gostarem mais de atributos gentis, acolhedores e sensuais, com atmosferas tristes, melancólicas e com alguma profundidade emocional. 

Os de tipo S escolheram sensações de excitação, rapidez, tensão, com atmosferas animadas e profundidade cerebral, ou seja, complexa. 

Ou seja, segundo o estudo, um apreciador de música clássica de Tipo E preferiu Mozart, com grande intensidade emocional, enquanto o de Tipo S preferiu o complexo pianista húngaro Bartok.

O que é que faz uma grande canção? Greenberg, que além de líder desta investigação e psicólogo doutorado é também um saxofonista apaixonado por jazz, explicou que uma canção que agrade a 'gregos e troianos’ seria aquela que fundisse profundidade cerebral e emocional. Uma delas é “Giant Steps”, de John Coltrane. (...)


O estudo referido é:

Musical Preferences are Linked to Cognitive Styles

by
David M. Greenberg, Simon Baron-Cohen, David J. Stillwell, Michal Kosinski, Peter J. Rentfrow



E do resumo transcrevo o seguinte:

Why do we like the music we do? Research has shown that musical preferences and personality are linked, yet little is known about other influences on preferences such as cognitive styles. 
To address this gap, we investigated how individual differences in musical preferences are explained by the empathizing-systemizing (E-S) theory. (...) 
Those who are type E (bias towards empathizing) preferred music on the Mellow dimension (R&B/soul, adult contemporary, soft rock genres) compared to type S (bias towards systemizing) who preferred music on the Intense dimension (punk, heavy metal, and hard rock). 
Analyses of fine-grained psychological and sonic attributes in the music revealed that type E individuals preferred music that featured low arousal (gentle, warm, and sensual attributes), negative valence (depressing and sad), and emotional depth (poetic, relaxing, and thoughtful), while type S preferred music that featured high arousal (strong, tense, and thrilling), and aspects of positive valence (animated) and cerebral depth (complexity). 
The application of these findings for clinicians, interventions, and those on the autism spectrum (largely type S or extreme type S) are discussed.
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Escolhi uma música que ilustra, justamente, um dos géneros que me agrada e de uma das minhas cantoras preferidas: Melody Gardot, aqui interpretando Lover Undercover.




Melody Gardot, por sinal, actua esta quarta-feira nos jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras, no EDPcooljazz
Conhecida como a "artista acidental", por se ter dedicado à música como forma de terapia, depois de um grave acidente que lhe deixou diversas sequelas, Melody Gardot é uma cantora e compositora de jazz influenciada pelos blues e jazz de Janis Joplin, Miles Davis, Duke Ellington e George Gershwin, entre outros. Mas a música de Melody Gardot distingue-se pela especial ligeireza e suavidade impregnadas nas suas composições, consequência da elevada sensibilidade com que o seu corpo reagiu durante a recuperação, e que marca o tom dos seus espetáculos. 
A cantora norte-americana, nascida em Nova Jérsia, em 1985, é uma apaixonada por Lisboa, e neste regresso aos palcos portugueses, Melody Gardot traz vários temas do seu reportório, entre eles alguns dos temas do seu álbum “The Absence”, editado em 2012, e que inclui as canções "Lisboa" e "Amália", que nada tem que ver com Amália Rodrigues, mas com um pássaro de asas partidas, que um dia pousou ao pé de Melody, em Lisboa.
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Por razão nenhuma especial escolhi para ilustrar o post fotografias de Horia Manolache para a série How Chairs Would Look If They Were People e, claro, descobri-as no Bored Panda.

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terça-feira, julho 28, 2015

Há homens que, perdidos nas maiores contravenções do decoro, mantêm o espírito do desmentido, sobretudo quando estão em causa os anátemas do sexo


No post abaixo já falei do nariz do Portas em aumento galopante e com um par de valentes adenóides em perigosa exposição, já falei do Salgado a vender bolas de berlim na Comporta e, para ter aqui qualquer coisa de profundo, referi também o caso verídico da holandesa que quer casar com o cão.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, com vossa licença, haja contenção que se vai falar de gente grande.






As mulheres têm horror a gente assim. A coisa com que mais embirram é ficar despenteadas. Não se importam de ficar desonradas, mas despenteadas é que nunca. E Camilo era um homem desses, um vendaval, um ciclone do alfabeto, uma barafunda de pretextos para arrepiar os cabelos das famílias na sala de baile.

(...)

Ele era o que todos nós sabemos, um Voltaire à moda do Porto, com mais tripas do que carne do lombo. Eu cá, parece-me bem assim. É um monstro a retalho, o que produz grandes obras.

(...)

Há homens que, perdidos nas maiores contravenções do decoro, mantêm o espírito do desmentido, sobretudo quando estão em causa os anátemas do sexo. Um deles foi Oscar Wilde. Não inspirou ele o seguinte verso: 'De todas as doces paixões, o pudor é a mais adorável'? A pouca vergonha de Camilo estava apoiada em certo culto britânico do cavalheiro, para quem ser insolente é uma honra refinada. Nunca é, na verdade, impudico; mas sim arrogante como forma de valentia.

(...)


Camilo não é um dândi; mas gostava do risco mundano que é escandalizar a norma. É por isso que é punido, e não pelas suas travessias eróticas ou outras.

(...)

Na verdade, não sei o que lhe deu a Camilo para escrever este romance ['A enjeitada'], a não ser o desprezo pela sua actividade face a um público que lhe exigia emoções calculadas, e para quem o melodramático se confunde com o sério. Como hoje ainda acontece em vários quadrantes da sociedade. Basta ver o estilo dos jornais. Quanto às contravenções históricas, acho que devem ser usadas em família e dentro das nossas fronteiras; como quem quebra uma xícara lá em casa ou dá um pontapé ao gato. Mas fazer isso na casa dos outros é má-criação e abuso. Eu espero fazer um romance histórico tão cheio de desacertos e charadas que será uma delícia para os estudiosos revelarem. Além de que errar de propósito nos absolve de errar sem esforço.


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O que acima puderem ler são excertos um pouco ao acaso das primeiras páginas do magnífico Camilo, Génio e figura de Agustina Bessa-Luís, da Casa das Letras.


  • Agustina Bessa-Luís nasceu em Amarante, Vila Meã em 15 de Outubro de 1922.
De toda sua vida,
qual é o instante, o fragmento,
o pontinho de luz que mais vezes
lhe ocorre para dizer
que viver vale a pena?

Ter a capacidade
de amar alguém ou algo na vida.
Ser capaz de pôr nisso todas as forças,
toda a capacidade que,
no fim de contas
é a capacidade para viver.

[LER, Outono 2003]

  • Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de março de 1825 e morreu em São Miguel de Seidea 1 de junho de 1890)
Ris-te?... Se queres ser feliz abdica da inteligência, convence-te, e convence os outras de que és um pária do senso commum, entra nesses camarotes, e diz que a letra do «Barbeiro de Sevilha» é de Voltaire, e a composição do maestro Spinosa; vira-te para a vítima predestinada, e diz-lhe que a música é a voz mística dos anjos confidentes das paixões delirantes, que dos olhos dela deviam partir as inspirações que arrebataram Raphael d'Urbino, que farás autor da «Norma». Se ouvires uma gargalhada insofrida, deixa-os rir; continua; faz-te vítima interessante, acolhe-te à piedade da dama, e fala-me depois...  
Camilo Castelo Branco, in 'Mistérios de Lisboa (1853)' 
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A música é de Nicola Porpora: Alto Giove, de Polifemo numa interpretação de Philippe Jaroussky


Alto Giove, è tua grazia,
è tuo vanto il gran dono
di vita immortale
che il tuo cenno sovrano mi fa.
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As fotografias pertencem ao conjunto A bouquet of burning roses e são uma produção da  agência Ars Thanea e descobri-as, é claro, no Bored Panda.

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Relembro que, para coisas do além (o nariz crescente de Portas, as bolas de Berlim do Salgado e a mulher que quer casar com o cão), é só descer até ao post seguinte.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma terça-feira com boas notícias, sorte, saúde e alegria. 
Be happy.

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A entrevista televisiva de Portas e a evolução do seu apêndice nasal. Salgado e as bolas de Berlim da Comporta. E a mulher que quer casar com o cão.


Leitor amigo enviou-me uma sucessão de fotografias respeitantes a Paulo Portas. Supostamente mostram a sua evolução fisionómica ao longo de uma entrevista recente na televisão.

Afastada que ando destas barrelas cerebrais não sei se o fenómeno aconteceu mesmo ou se há alguma manipulação fotográfica. Estive a olhar com atenção e parecem-me verídicas. Apenas a última me oferece algumas dúvidas. Não sei se aquelas bagos suspeitíssimos serão os adenóides que se esvaíram narinas abaixo ou se houve por ali algum fenómeno de sucção ou qualquer outro fenómeno estranho. Que é uma coisa bizarra, lá isso é. Mas com o vice-irrevogável tudo é possível pelo que já não digo nada.

Não sei qual o afortunado fotógrafo que captou o caso pelo que aqui não posso mencionar os devidos créditos mas, seja quem for, está de parabéns, 
Portas, o nosso irrevogável-vice, é um artista: mal se lhe dá palco, improvisa, histrioniza, supera-se na arte de tudo fazer para agradar ao público, podendo fantasiar-se de velhinha, de pobrezinho, de alentejano, de pescador do arrasto ou, até, de varina rabina. 
E que o apêndice nasalar se alongue à medida que a representação se adensa não é de espantar, é dos livros que isso acontece. Nunca tinha era sido tão objectivamente retratado. Ora vede, meus Caros.

1º minuto de entrevista


10 minutos de entrevista 


20 minutos de entrevista


Fim da entrevista
Vendo com atenção, dado o tamanho, só podem ser os adenóides
(Que outra coisa teria ele no corpo deste bom tamanho? Não vejo o quê. São os adenóides, só pode).


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Outro Leitor também me enviou uma foto, presumo que esta, sim, seja manipulada porque duvido que o pobre Ricardo Salgado possa escapulir-se da sua maison -- tantos os boys de guarda que tem à perna (e nós a pagarmos...) -- para ir vender bolas de Berlim para a Comporta, a ex-praia dos Espíritos. 



Mas aqui a coloco na mesma como alerta para os riscos de perturbação de inquérito por permitirem que não use pulseira electrónica ou que não esteja no chilindró. Até porque, se anda há um ano a fazer o que quer, quem nos garante que já teve tempo de fazer tudo e não é agora que vai destruir provas ou perturbar o inquérito? Quem nos garante que as bolas de berlim não estariam recheadas de obras de arte ou de extractos comprometedores? Sei lá...

Se o super-judge Alex o quis com resmas de boys de guarda à porta, alguma razão deve ter. 
Claro que pode não ter razão nenhuma, ter apenas uma grande pancada naquela cabeça. Ou pode o calor pode ter-lhe fundido os miolos (fundido; eu disse fundido, atenção). Mas admito que faz tudo muito sentido, a malta é que é lerdinha e não alcança os raciocínios do omnipresente e omnisciente super-judge Alex.

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Como este post até aqui só tratou de coisas vulgares, apeteceu-me ter aqui um pequeno apontamento fora da caixa. Procurei e não demorei a dar com uma notícia, essa sim, um bocadinho difícil de acreditar. 



Uma mulher holandesa quer casar com o seu cão. Dominique Lesbirel, de 41 anos, esteve "casada" com um gato, mas depois de Doerack ter morrido a holandesa conheceu Travis, um cão. O casamento será celebrado virtualmente através de um site criado pela própria Dominique.

“O Travis já está comigo há vários anos. Ele estava abandonado e eu salvei-o quando vivia na Grécia. Deixava-lhe comida e água. No começo, ele escondia-se nos arbustos, até que começou a ter coragem para chegar até mim. Um dia ele roubou-me os sapatos e, com isso, roubou o meu coração”, explicou a holandesa, citada pelo "Mirror".

De acordo com o "Mirror", o casamento vai ser celebrado através do site  Mary Your Pet, criado pela holandesa, em 2003. No site, Dominique aprova pedidos de matrimónio solicitados por pessoas que desejam casar com os seus animais de estimação. 


Olha, afinal parece que esta notícia também é verdadeira. Que seca.

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segunda-feira, julho 27, 2015

Haverá o risco de o próximo presidente ser conservador, exibicionista, fanfarrão, podre de rico e, ainda por cima, ter um cabelinho ridículo...?


No post abaixo já escrevi mais uma página do meu diário: um domingo na vida da autora do Um Jeito Manso. Tudo explicadinho, com fotografias da casa desarrumada, das frutas maduras ou a caminho disso, do céu cheio de árvores, com os passinhos todos enunciados, fiz isto, depois aquilo, depois o outro -- um despropósito. Se a alguém interessar tal coisa, já sabem: é descer até ao post a seguir.

Aqui, agora, antes de me ir entregar, por um bocado, ao prazer de ler as palavras de Agustina sobre Camilo, deixo-vos com um assunto que não tem nada a ver, um assunto que, a bem dizer, está do outro lado do oceano.

Eleições presidenciais, é disso que vou tratar -- tema que agita o aquém e o além-mar. E se, por cá, temos exemplares avulsos e para todos os gostos, pelos States há também com cada cromo que só visto.

Sabido que é que a televisão faz escritores, políticos e celebridades instantâneas de todos os quadrantes, é de temer os artistas que se apresentam a votos depois de longas estadias sob os holofotes mediáticos.

É o caso do grande canastrão que dá pelo nome de Donald Trump, candidato a presidente dos EUA.


The Donald Looks Like A Howler Monkey


Born in the USA - where else?



Contudo, depois de umas assustadoras sondagens que o mostravam desaforadamente bem posicionado, eis que foi um pouco longe de mais no seu histrionismo. Aparentemente o Berlusconi americano pode ter começado a cair em desgraça mas, dado o seu poderio económico, nunca se sabe.


Transcrevo do Público 

[Mr. Trump, está despedido, diz o Partido Republicano ao candidato desbocado]



O Partido Republicano em peso está a dizer ao milionário norte-americano Donald Trump que desista de tentar ser o escolhido para se candidatar às eleições presidenciais de 2016 pela direita americana. O que virou o partido contra ele foi ter posto em causa o heroísmo do senador John McCain, prisioneiro de guerra durante cinco anos e meio no Vietname.

Who Wore It Better? Donald Trump Or This Ear Of Corn?


Não foi por ter dito que a maioria dos imigrantes ilegais “são traficantes, assassinos, violadores”. 


Isso, aliás, pode ter sido o que o levou ao topo das preferências dos republicanos, segundo uma sondagem Washington Post/ABC News (WP/ABC) conhecida nesta terça-feira: tem 24% das preferências de voto, quase o dobro do segundo, o governador do estado do Wisconsin, o muito conservador Scott Walker, com 13%. Jeb Bush, irmão do ex-Presidente George W. Bush, surge em terceiro, com 12%.

This Bird Has Donald Trump's hair

Mas sondagens imediatas feitas no fim-de-semana, logo a seguir a Trump ter atacado McCain, mostram-no a descer a pique – o fenómeno do milionário desbocado estará a dar os últimos estertores, dizem os analistas.

A guerra aberta entre o empresário da construção civil e o senador do Arizona deflagrou na semana passada, quando John McCain comentou que as declarações de Donald Trump sobre os imigrantes – que incluíam a intenção de construir um muro para travar as entradas ilegais nos Estados Unidos – “tinham aberto as portas aos malucos”.

This Is What Donald Trump Looks Like

Trump, que não prima pela sensibilidade nem pelo bom gosto, como se pode ver na série The Apprentice, respondeu no sábado. Com um supremo insulto, atacou o estatuto de herói de McCain, que foi prisioneiro de guerra e torturado. 

A Rabbit That Looks Like Donald Trump
(Um coelho, isto...?)

Podia ter sido libertado mais cedo, por ser filho de um almirante, mas recusou-se. “Ele é um herói de guerra porque foi capturado. Eu gosto de pessoas que não são apanhadas, OK?”, disse Trump. 

(...)

O site Huffington Post assumiu que o milionário se tornou num palhaço político: anunciou que passaria a cobrir a sua campanha na secção de entretenimento, e não na política. 

“Se está interessado no que ‘The Donald’ tem a dizer, encontrá-lo-á ao lado das nossas histórias sobre os Kardashians”, escrevem os editores. (...)




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E, entretanto, as piadas sobre o seu ridículo cabelinho multiplicam-se.

O Bored Panda publicou uma paródia intitulada 15+ Things That Look Just Like Donald Trump



 Donald Trump Looks Like A Troll Doll

The public has always enjoyed a laugh at the expense of renowned real-estate mogul Donald Trump's 'interesting' hair styling decisions, and his controversial and outspoken U.S. presidential candidacy has brought his hair to the fore-front (or to the crown, if you will) of American politics. 

These Donald Trump look-alikes show where this billionaire might get the inspiration for his signature look.

Feel free to add your own Donald Trump doppelgangers to the list, and let us know what you think of this presidential hopeful in the comments!


As imagens, entre as quais as que usei para ilustrar este post, mostram bem não apenas o extraordinário penteado mas, também, a pinta do estarola. É que era mesmo só o que falta ao mundo: ter à frente dos EUA um palhaço como este maluco do Donald Trump. Então é que estávamos todos bem entregues, ai estávamos, estávamos.

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Relembro que a descrição do meu domingo pode ser vista, tim tim por tim tim, no post abaixo. 
Não sei se vos interessa mas, just in case, aqui fica dito.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.
Saúde e sorte para todos. Dias tranquilos e felizes também para todos.

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A bagunça, a harmonia e a beleza in heaven: retrato de um domingo tranquilo


Domingo tranquilo. Caminhada de manhã junto ao rio, almoço cedinho numa esplanada com larga vista e, logo de seguida, ala moço que se faz tarde para o campo.

Sempre tive o hábito de, antes de sair de casa, a deixar limpa e arrumada. Mas não há hábitos que sempre durem. Hoje, quando, in heaven, abri a porta e cheguei à sala só me apeteceu fechar os olhos e fazer de conta que não estava a ver o lindo panorama que se me deparava.




Mas, se não se importam, vamos com o passarinho.



Dizia eu: uma bagunça total, brinquedos por todo o lado. E, reparo agora vendo a fotografia acima, até uma das almofadas está suja, na volta algum acidente com algum iogurte. 

Pensei: como é possível uma barafunda destas? Mas logo me lembrei. A última vez em que lá tinha estado, tinha sido no dia dos meus anos, a casa cheia, almoço, lanche, meio mundo sempre a comer ou a beber, meio mundo a brincar, gente a entrar e a sair, um reboliço pegado. E, para nos virmos embora, foi aquele festival de sempre, um a querer chichi, outro a querer água, os sapatos de um desaparecidos, o boné de outro sabe-se lá onde, e reunir os pertences, e outro que também quer ir à casa de banho e outro que se esqueceu do carrinho e uns cá fora e outros nem se sabe onde e, no meio daquilo, a preocupação é que todos saiam de casa e que os que entram no carro sejam em igual número. E, no meio daquela logística complicada, há lá tempo de ficar a arrumar a casa...? Nem pensar! - até porque basta que haja uma pessoa dentro de casa para alguém mais ter motivo para lá voltar e lá se ensarilha, de novo, toda manobra de retirada.

Por isso, coração ao alto, fecha-se a porta -- e paciência para a desarrumação que fica para trás.




Hoje até uns sapatos de um deles lá apareceram. Ora, descalços não foram pelo que deve ter sido algum par suplente que ficou esquecido.

Dizia eu que cheguei e fiquei durante um instante em estado de estupor catatónico. Ia com vontade de me estender a ler e deixar-me ir pelo sono; mas como fechar os olhos a tanta desarrumação? Até folhas secas havia no chão. Devem ter entrado quando a porta esteve aberta e por lá ficaram a definhar.

Pois bem... Pensei: se me ponho com arrumações, lavagens e limpezas, nem à noite a casa está em condições, e chego ao fim do dia mais estafada do que no início do fim de semana. Então, mulher corajosa, virei costas à barafunda, peguei no meu livro, deitei-me noutro sofá e passados uns minutos estava a dormir o sono dos justos.

Quando acordei, a bagunça lá estava, quieta. Para não a ver, fui para a rua.

Matagal que deus o dá. Segui o mesmo salvifíco princípio da procrastinação e pensei: faço de conta que nem te vejo, ó mato, e logo trato de ti quando estivermos de férias.




Nasce erva por todo o lado, e eu, que gosto de tudo o que há por aqui, em vez de me pôr a mondar o que nasceu indevidamente, entretenho-me a fotografar.

Vejo os marmelos ainda pequenos, felpudos e dourados, vejo as diferentes tonalidades de verde, o milagre da natureza que renasce, e tudo sempre tão perfeito, tão belo, a um tempo tão efémero e tão perene.




E as amoras. Estava de saia, arranhei-me nas pernas, as silvas estendem as suas guias ariscas por todo o lado, e eu devia pôr umas calças ou desistir das amoras mas juízo não é o meu nome do meio.




Estão docinhas, crocantes, sumarentas. Ao jantar, juntei uma dúzia delas ao iogurte e mais umas sementes e nozes e soube-me que nem ginjas.

As uvas também prometem: é com cada cacho mais jeitoso. A videira trepa pela ameixeira e por outra árvore de que não sei o nome e há cachos pendurados por todo o lado. Não tarda estarão os bagos dourados e doces e, aí, será aquela velha luta que travo com os pássaros, eles a levarem-me sempre a melhor.

Mas não me importo muito: assim tenho-os sempre por lá, cantam, cantam, fazem ninhos, sentem-se em casa. Que comam, pois, as uvas, as ameixas, as maçãs, as nêsperas, os safados -- se, depois, me retribuírem em trinados felizes.. 




Depois fui para o banco de pedra que está num recanto abrigado, onde o sol, entre a sombra do pinheiro, me acaricia a pele. Ao fim da tarde, o sol está brando, a aragem sopra muito ao de leve, e eu ali estive a ler o meu livro, encantada, olhando o céu, as grandes árvores -- que, em tempos, plantámos e que regámos com carinho até que vingassem e se tornassem independentes dos nossos cuidados -- e ouvindo os pássaros. Pensei: este é um momento de pura felicidade.

É preciso tão pouco para eu sentir esta felicidade intensa, breve e intensa.




Depois, sempre com alguma nostalgia da minha parte, viemo-nos embora. Há quem diga que o que é bom pouco basta mas tão pouco a mim custa-me um bocado. Mas é o que é, o tempo não estica.

E, depois, ainda estivemos durante um bom bocado na esplanada de uma gelataria a deliciarmo-nos com um dos melhores gelados de Lisboa. Lambona como sou, bati-me com uma conchanata à maneira. O meu marido gozou comigo, que depois não me admirasse eu por estar tão pouco magrinha. Expliquei-lhe que, com aquilo, já ficava jantada. E, de facto, quase foi: tirando o iogurte e uma peça de fruta já cá em casa, não comi mais nada (pelo que talvez não engorde uns dez quilos à conta das quatro bolas de gelado com molho de morango com que me deliciei).

A seguir, cá em casa, já estive nas arrumações, já estive a fazer comida e a passar a ferro pelo que estou quase a dar a jornada por finalizada.

E aqui chegada, interrogo-me: mas isto que para aqui estive a escrever e estas fotografias terão interesse para alguém? Hoje ao almoço, numa outra mesa, toda a conversa girava em volta do facebook, do que um tinha posto, do que outra tinha dito, e do que o outro tinha comentado, e sei lá que mais, e eu e o meu marido estávamos divertidos com tanta parvoíce. Mas será que não é igual parvoíce eu estar para aqui com esta conversa toda? Na volta, é.

Olhem, meus Caros, se foi uma maçada para vocês lerem este relambório, as minhas desculpas - a sério - por tomar o vosso tempo com coisas que não interessam para nada. Isto é uma espécie de mania diarística, é o que é, mas é como se estivesse a fazer um diário a céu aberto. E isso, vendo bem as coisas, é um hábito meio sem jeito (acho eu).

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