quarta-feira, dezembro 24, 2025

Conversa muito desapropriada para uma véspera de Natal


O tema domina a actualidade internacional, apesar de o que se sabe ainda ser a ponta do iceberg e de grande parte estar truncada. Os textos vêm rasurados, há muitas páginas totalmente pintadas de preto e as fotografias também estão meio encobertas. Contudo, do muito que se sabe, creio não errar se disser que o principal está por saber. 

De facto, do que se vai descobrindo fica sobretudo a estranheza, a perplexidade.  Como é que um rapaz de famílias remediadas, que não conseguiu concluir a licenciatura, conseguiu tornar-se bilionário, arquitectar e manter uma teia internacional na qual enredou os maiores empresários e banqueiros, académicos prestigiados, gente da cultura, da realeza, da política...? Como...?

Ninguém consegue explicar a origem de tanto dinheiro nem de tanta influência e poder. Todos os que com ele mantinham sessões de brainstorming sobre temas como física quântica, biogenética, filosofia, inteligência artificial ou geo-estratégia ficavam impressionados com a profundidade dos seus conhecimentos sobre a matéria e com o genuíno interesse que revelava. Ora, como conseguia aprender tudo isso? Como tinha sequer tempo para isso? E era para seu próprio deleite ou para recolher informação e passá-la a outrem? Financiava fundações e projectos por altruísmo ou porque era um predador? Ou um mercenário?

Movimentava-se entre as suas várias casas, longe umas das outras, todas extraordinárias, tinha aviões, praticava actos sexuais várias vezes por dia, estão identificadas cerca de 1000 mulheres com quem esteve, organizava festas, transacionava favores sexuais para ele e para os amigos, escolhia obras de arte (muitas estranhíssimas), fartava-se de trocar mails com amigos e de tirar fotos com eles... e acredito que conseguia ter tempo para dormir. Mas como...? Dizem que havia câmaras em todos os quartos. Mas não sei se teria tempo para as ver ou se eram apenas um "activo".

Dizem-no o maior chantagista de todos os tempos, dizem-no agente secreto de Israel e da CIA e há quem diga que não se suicidou coisa nenhuma, há quem o diga assassinado e há quem o diga vivo. Um mistério absoluto.

Trump inventa guerras, inventa maluquices em catadupa para ver se distrai a opinião pública. Grandes amigos, compinchas, não tinham segredos um para o outro. A sua cabeça perturbada deve dar pinotes todo o santo dia, temendo o dia em que até os Magas mais burros o apupem e lhe virem as costas. Com um historial de vários casos em que foi acusado de ter tido relações com meninas ou abusado de mulheres, o grandão da pila minúscula não passa de um grunho que deveria estar atrás das grades.

Mas o tema Epstein é também curioso pelo tema da pila. O grande garanhão, o que não passava sem meninas a massajá-lo a toda a hora, meninas sempre novinhas e variáveis, o que não passava sem várias ejaculações diárias, era afinal mais um que tinha uma pila minúscula, minúscula e invulgar, não apenas a diziam muito pequena como a descreviam como parecendo um pequeno ovo ou um limãozinho. 

Em contrapartida tinha uns mamilos grandes e salientes. Não se vêem bem nas fotografias em que está em tronco nu pois, como era muito peludo, disfarçava essa particularidade. 

Não sei se há aqui um padrão, de os homens com pilas minúsculas, para disfarçarem algum trauma que isso lhes provoque, quererem parecer uns fornicadores insaciáveis ou se é pancada ainda mais grossa (no pun intended) e se, quase como uma vingança, tendem a ter comportamentos psicopatas. 

Não sei até se não é de ficar de pé atrás quando se descobre que um fulano tem essa particularidade, não tanto por aquela lendária e nunca devidamente esclarecida questão sobre se o tamanho afinal importa ou não, mas, sobretudo, porque atrás de uma pila minúscula poder estar um estupor de todo o tamanho. Livra...!

Enfim...

Mas que tudo isto -- e agora refiro-me a tudo, t-u-d-o, e não apenas ao detalhe anatómico --, é muito estranho, lá isso é. Parece não haver um prisma por onde a gente olhe para estes estafermos e pense "o tipo, parecendo que não, tem um lado humano, normal...".

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A ver se consigo tempo para, durante o dia escrever uma coisa mais natalícia... 

terça-feira, dezembro 23, 2025

No Almirante, claro

 

Como já referi muitas vezes, nenhum dos candidatos se apresentou, à partida, como meu inequívoco preferido. Aliás, quase todos apareceram como, de caras, não merecedores do meu voto. Portanto, será, para mim, uma votação por exclusão de partes.

Claro que, em primeiro lugar, me preocupo com a primeira volta. E, aqui, claro que não dá para vacilar. O pior, na segunda volta, seria ter que escolher entre um escroque e uma nulidade. Portanto, em Janeiro, na 1ª votação, vou votar naquele que, à partida, do que lhes conheço, me oferece mais garantias de não fazer porcaria.

E chamo a atenção do que a seguir vou dizer pode vir a ter que ser engolido caso aquele em que votarei não passe à segunda volta. Aí, posso ter, de novo, que ir por exclusão de partes.

Mas, concentrando-me na primeira volta:

  • Não votarei em Seguro pois, para mim, o Menino da Lágrima é uma espécie de amiba, uma rolha, um zero.
  • Não votarei em Marques Mendes, esse facilitador, esse chico-esperto, esse videirinho, essa perfeita nulidade.
  • Não votarei em Cotrim. É bonito, é charmoso, é civilizado, veste-se bem, sabe estar. Aprecio a sua boa pinta e seu sentido de humor. Mas não. Para presidente da República, obrigada mas não.
  • Não votarei no Jorge Pinto porque, embora goste da sua atitude e partilhe muitas ideias, me parece que lhe falta vivência para um lugar que requer mundo, experiência, reconhecimento.
  • Não votarei em Catarina Martins embora lhe reconheça boa cabeça, uma visão humanista e moderna. Mas ainda a colo muito ao Bloco, e o Bloco, como se tem visto, para além de traições, inconsequências e descaminhos, agora, na prática desembocou em coisa nenhuma.
  • Não votarei no Antônio Filipe, que é um fofo, pois é PCP da cabeça aos pés e a incapacidade que todos eles têm de renegar utopias comprovadamente falhadas, ao mesmo tempo que não conseguem compreender o que é o novo mundo, coloca-o naquele infeliz caminho descendente que conduz à total irrelevância.
  • Obviamente não votarei em Ventura. E nem vou dizer porquê pois a eleição não é para animador de uma taberna.
  • Sobra o Almirante e, como é evidente, é nele que votarei na primeira volta. E na segunda, claro, se, como desejo, lá chegar.

Intuo que será um bom PR. Gouveia e Melo não é um totó, não é uma galinha descerebrada, não é um medricas, não é um chico-esperto, não é uma vizinha, não é um choramingas, não acredita em amanhãs que cantam, tem maneiras, é educado, não é fofoqueiro nem intriguista, parece-me inteligente, optimista, positivo, e, forçosamente, pelas funções que já desempenhou, razoavelmente culto e bem informado. Acresce que, na situação de instabilidade política interna e, talvez até ainda mais, geo-estratégica a nível global, parece-me o único com estaleca para enfrentar situações potencialmente sensíveis.

Portanto, Almirante, conte com o meu humilde voto. 

segunda-feira, dezembro 22, 2025

Por cá, decorações natalícias. Por lá, as perplexidades de não saber como lidar com um narcisista em acelerado processo de demência

 

Hoje acordei a ouvir movimentações dentro e fora de casa. Ao fim de um bocado, ocorreu-me que estava a ser cumprido um meu pedido: que as bolas gigantes de Natal fossem penduradas nas árvores do jardim, de preferência antes de Natal. Levantei-me e fui espreitar: a porta da rua escancarada, um frio de rachar. Pensei que devia ter vestido alguma coisa. E lá andava ele, com a caixa das bolonas, fio de nylon, a engalanar o jardim para que o Santa Claus não se esqueça de nós. O cão de roda dele, o pelo todo molhado. Fotografei-os.

Fui também espreitar à sala. Ontem eu já tinha trazido para cima a árvore grande mas hoje já tinham vindo mais umas quantas, as pequeninas. Faltam as grinaldas com luzinhas que não sei onde ele as guardou pois no outro dia andou na garagem a fazer arrumações. 

Não tenho paciência para fazer decorações muito rebuscadas ou complexas mas gosto de ter recantos da casa com luzinhas. E nisso existem discordâncias, pois de bom grado deixaria algumas como presença efectiva, ao longo de todo o ano. Várias das minhas arvorezinhas são tão abstractas que bem poderiam passar por simples elementos decorativos, independentes do Natal. 

O meu marido, minimalista, acha que quanto menos melhor e é frequente que a seguir aos Reis, ao levantar-me, dê com a casa e o jardim já inapelavelmente despidos de bolas, árvores e luzes.

Entretanto, a minha cabeça já está nas comidas do repasto e, como sempre, só me apetece inventar e adicionar. O costume é dizerem-me que não devo dispersar-me por várias coisas pois acabo por ter trabalheiras infinitas. Mas é mais forte que eu. Contudo, tenho a restrição do forno. Precisava de ter um forno duas vezes maior ou, então, ter dois. Infelizmente o forno de lenha está com um problema. O revestimento tem estado a desprender-se e não sei a quem recorrer. E não me arrisco a que caiam bocados nos tabuleiros com comida. Claro que os poderia tapar com papel de alumínio, mas sei lá se, às tantas, não cai algum bocado mais estrutural. Além disso, leva muito tempo a ficar quente. Um forno elétrico maior é que era. Mas não cabe. Portanto, tenho que me organizar e auto-limitar.

Mas, enfim, depois logo conto.

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Agora à noite pus-me aqui a ver as notícias e as novidades e voltou a aparece-me a Joanna Coles, desta vez com o Dr. John Gartner a conversarem sobre o comportamento errático, impulsivo, narcisista, destravado, ganancioso, corrupto, mentiroso, a atitude um alcoólico que acha que tudo pode (Susan Viles o disse) que, ainda por cima, evidência um progressivo quadro demencial.

Quem já lidou com alguém que entrou no enevoado corredor da demência sabe que não vale a pena contrariar ou tentar pôr ordem na cabeça deles. É improdutivo, inconsequente.

O drama maior neste caso é tratar-se do homem com mais poder no mundo. Talvez por isso, não deixa de ser extraordinário podermos assistir a esta situação insólita, perigosa e, ao mesmo tempo, caricata.

O declínio mental de Trump está a acelerar: afirma o psicólogo Dr. John Gartner
| Podcast do The Daily Beast

O psicólogo Dr. John Gartner junta-se a Joanna Coles para analisar o mais recente discurso de Donald Trump na Casa Branca e explicar porque é que o seu ritmo frenético, a rígida disciplina com o teleponto e a velocidade vertiginosa alarmam os profissionais de saúde mental. Com base em décadas de experiência clínica, Gartner defende que a hipomania, o narcisismo maligno e a demência progressiva de Trump já não são teorias abstratas, mas padrões visíveis — acelerados, mensuráveis ​​e cada vez mais descontrolados. Examinam porque é que os testes cognitivos repetidos sugerem a monitorização do declínio em vez dos exames de rotina e como as noites sem dormir, as decisões impulsivas e as publicações compulsivas apontam para um líder à beira de um colapso cognitivo.


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Desejo-vos uma bela semana 

domingo, dezembro 21, 2025

À medida que nos aproximamos de um novo ano, quero acreditar que não há mal que sempre dure

 

Os dias andam cinzentos, quase deprimentes. Mas, ao caminhar no campo, vejo como as terras estão cobertas de verde, lindas - é o lado bom que geralmente está sempre presente. 

Dos meus amigos chegam-me notícias boas e outras nem por isso, e nem sempre encontro palavras sinceras para transmitir optimismo. A vida não é uma fita colorida e glamorosa que se vai desenrolando. Por vezes é quebradiça, por vezes tem que ser remendada, por vezes perde a cor, por vezes rompe-se. Mas também há períodos em que as pequenas imperfeições são irrelevantes e em que predomina a harmonia, a felicidade das pequenas coisas.

A nível geral, a questão da paz (ou a ausência dela) é matricial na vida de qualquer povo. Quando se vive sabendo que aqui e ali e, por vezes, bem à porta do nosso espaço comum, há guerra e ameaças latentes de que o mal vai continuar à solta, não podemos ignorar que está em perigo o mundo tranquilo e seguro que desejamos para os nossos. De uma forma ou de outra, isso influencia a nossa vida, nem que seja pela imprevisibilidade que isso provoca na gestão das contas públicas (das quais todos dependemos) ou nas decisões de investimentos a médio e longo prazo. 

E falo desta forma por, felizmente, estar longe dos cenários de guerra. Para quem lá vive, cada dia é uma roleta russa (no pun intended) e tenho uma admiração sem limites por quem sobrevive sem saber por quanto tempo, ou se os seus filhos, pais, irmãos, amigos, estarão vivos no dia seguinte.

E depois há o cancro do populismo que suga para o buraco negro da desinformação, da ignorância, da anulação da esperança em melhores dias todos os broncos, todos os ressabiados, todos os trogloditas 

A segunda vitória de Trump mostra bem a fragilidade da democracia e o tremendo de risco que é o facto de cerca de metade da população ser estúpida. E essa evidência dá força aos estúpidos de todo o mundo. Veja-se a ascensão de Ventura.

Contudo, não nos esqueçamos: não há mal que sempre dure.

Trump está em decomposição e isso pode precipitar o seu fim. Não se sabe o que virá a seguir, mas tenhamos esperança. Pode ser que se mostre de tal forma grotesco que até os seus mais boçais adeptos batam com a cabeça nas paredes, percebendo a porcaria que fizeram ao votarem nele.

Convido-vos a ver e ouvir o sempre interessante podcast The Daily Beast. Está legendado. Muito do que se passa nos Estados Unidos, com consequências em todo o mundo, deveria ser visto tendo em atenção o que se passa dentro da cabeça de Trump.

Assessores de Trump estão secretamente a preparar-se para a sua queda 

| Dentro da mente de Trump

Michael Wolff junta-se a Joanna Coles para abordar a questão que Washington se recusa a enfrentar: o que acontece quando o declínio cognitivo de um presidente é visível, mas sistematicamente racionalizado por aqueles que o rodeiam? Wolff descreve como o círculo íntimo de Trump encobre comportamentos alarmantes como "simplesmente a forma de ser de Trump", mesmo quando os eleitores reconhecem sinais de alerta familiares nas suas próprias famílias. Explica ainda a importância da longa relação de Susie Wiles com Marco Rubio e porque é que a sua influência ainda se manifesta na postura disciplinada e profissional de Trump à medida que este se vai deteriorando. À medida que a grandiosidade de Trump se intensifica — dos discursos inflamados à difamação das instituições nacionais —, Coles questiona porque é que ninguém está disposto a tomar as rédeas do poder e o que significa este silêncio para o país.


Desejo-vos um bom dia de domingo

sábado, dezembro 20, 2025

Dia pré-natalício com três dos meus crescidos e queridíssimos ex-pimentinhas

 

Dia de ida às compras com os meninos. Quando eram pequenos, irrequietos, traquinas, truculentos, brincalhões, referia-me a eles como pimentinhas. Agora já não faz sentido, estão crescidos, enormes, bem comportados, responsáveis, sossegados. 

O mais pequeno não foi, ainda tem colégio e, de resto, não teria paciência para este programa. E um dos guarda-redes (são três) está com uma valente gripe, com febre. Por isso, também não foi. Tem que se pôr bom até ao Natal... (já para não dizer que está proibido de contagiar alguém da família).

Foi o mais crescido, a menina e o seu mano, ambos também já crescidos. De qualquer forma, ocuparam-se também das compras para os não presentes. Gostam de escolher a sua roupa, os rapazes aconselham-se entre si, a menina opina, ajuda, decide, organiza. Já é a opinião deles que prevalece. Sabem o que querem, têm bom gosto, têm bom senso. Sinto gosto em estar no meio daquela dinâmica.

Claro que, no caso dos rapazes, ainda me custa a perceber a estética das calças baggy. 

Mas, como já as há super baggy, quase já acho as primeiras ligeiramente  normais.

Para se perceber o estado da arte a nível da evolução destes meus fofos, cumpre-me ainda reportar que o mais crescido, com o seu próprio dinheiro, foi depois comprar um presente para a namorada. Como a menina-namorada não me lê, posso adiantar que se tratou de um anel. Contudo, disse que não queria que fossemos todos atrás. Percebemos, claro. No entanto, condescendeu a que o primo o acompanhasse. A prima ficou um pouco desconsolada. Eu aproveitei para ir à casa de banho e o meu marido ficou à minha espera. Face a isso, a minha menina resolveu que, assim sendo, ia ter com os rapazes. E foi.

Depois, quando fomos comprar a roupa dela, os rapazes ficaram no sofá cá fora, creio que a jogarem qualquer coisa ou a discutirem futebol, tema que os convoca em permanência, muitas vezes em animadas picardias (um do Sporting e outro do Benfica).

Dali partimos para a segunda parte do programa de festas: uma ida até às almôndegas do IKEA. Claro que nem eu nem o meu meu marido alinhámos na mesma ementa. Almoçámos bem. Eu comi bacalhau com migas, o meu marido pernil, e, para ambos, uma fatia partilhada de cheesecake de mirtilos. Bem bom. As mesas estavam cheias, mas o menino mais crescido sabia da existência de uma sala no piso superior e, portanto, estivemos à larga, na maior. Começo também a gostar desta parte do programa. 

Depois, para o menino doentinho não ficar com pena de não participar no repasto, levámos-lhe um saco de almôndegas congeladas e uma embalagem de molho. Em princípio, a minha filha terá preparado o petisco para o jantar.

Ainda demos uma volta por lá e, a seguir, fomos entregar os meninos e buscar o fofo cãobeludo que tinha ficado na creche dos dogs e que, como sempre, ao ver-nos, fez uma festa entusiasmada, saltando e andando em nossa volta, a dar-nos turrinhas e beijinhos, parecendo mesmo que se ri.

Claro que, depois disto, não tenho grande pachorra para falar das habilidades do Marques Mendes, o facilitador, o espertinho, o optimizador dos seus próprios impostos. Nem tenho disposição para falar do debate do taberneiro com o Cotrim. Aquele taberneiro cansa-me.

Depois, adormeci. 

Agora, antes de me retirar para os meus aposentos, vou ver se os ficheiros libertados do Epstein não estão todos tingidos de preto.

E um bom sábado!

sexta-feira, dezembro 19, 2025

Os 2 videirinhos da vida airada, o reformado escusado, e, para que se aproveite alguma coisa, uns bombeiros com bom coração

 

Tudo o que se sabe do modo como o MP funciona é de estarrecer qualquer um. E o reformado Amadeu, PGR acidental, só vem acentuar o desgoverno do uma organização que deveria ser exemplar.

Não apenas é patente que aquela malta interpreta a lei como se todos pudessem andar à rédea solta, agindo à tripa-forra, como o suposto responsável por manter a ordem naquela casa da Mãe Joana, quando a coisa ganha alguns contornos mais sensíveis, pede escusa.

Escusa?! Escusa como?!

Juro: por esta é que eu jamais esperaria. 

Pelo contrário, contava é que o dito aposentado andasse em cima a ver se estava tudo a correr como deve ser, mostrasse àqueles desmandados que os queria à rédea curta, que exigia que andassem lestos e mostrassem ser rigorosos, sob pena de ter que lhes mostrar quão pesada era a sua mão.

Não senhor, pôs-se ao fresco.

Só não digo que aquele Ministério Público parece mesmo uma bandalheira para não usar palavreado bastamente usado pelo taberneiro.

Mas este aposentado, que acha que fez uma proeza ao presentear o Montenegro com uma averiguação preventiva em vez de um inquérito-crime, é o mesmo menino que convive bem com o facto de o suposto inquérito a Antônio Costa, que apesar de ter feito cair um Governo de maioria absoluta e depois de todos os juízes terem dito que aquilo é uma mão cheia de nada, continua, ao fim de vários anos a manter o caso num malsão e indesculpável banho-maria. Uma vergonha que deveria mandar para casa qualquer PGR, muito mais um aposentado.

Quanto à Spinumviva 2.0, que também dá pelo nome de Ls2Mm, a empresa familiar do sonso Marques Mendes, em tudo, t-u-d-o, idêntica à do Montenegro, só chamo a atenção para o cinismo, a hipocrisia, a sonsice que dá náusea do comentador Marques Mendes que andou na SIC, todos os domingos, meses a fio, a comentar, ao de levezinho, na boazinha, o caso Spinumviva quando ele, ele próprio, estava na mesmíssima condição. O sonso, se fosse homenzinho, ter-nos-ia avisado: "Peço escusa de comentar este caso pois tenho o rabo preso, estou na mesma situação, sou também um videirinho, um chico-esperto."

E os Senhores Jornalistas, em vez de serem papagaios uns dos outros, porque não perguntam ao candidato Marques Mendes: "Porque é que a SIC pagava os seus comentários à sua empresa pessoal em vez de lhe pagar diretamente a si? Para fugir ao IRS?" ou "Como conseguiu fingir tão descaradamente que era isento ao comentar a Spinumviva, quando tinha uma empresa que quase parece réplica uma da outra?" ou "O que é que percebe de gestão para ter sido avençado de empresas em consultoria de gestão?"

Mas, enfim, o Santa Claus está a chegar à cidade e não me apetece cansar mais a minha beleza. Por isso, ponham os cintos porque vou guinar noutra direcção, e é a toda a brida.

Antes que isto pegue fogo, que entrem os bombeiros.

Podem ser os australianos, porque gostam muito de animais.

2026 Australian Firefighters Calendar


Be happy

quinta-feira, dezembro 18, 2025

Spinumviva, Ls2Mm*
-- A palavra ao meu marido --

 

Foi hoje anunciado formalmente que a averiguação ao Luís tinha sido arquivada. Foi notícia requentada. O PGR já o tinha "alegadamente" anunciado, para que não ficássemos surpreendidos. Estava só à espera de uma data propícia para formalizar, e que data melhor do que o Natal?, época de boa vontade em que a malta tem predisposição para enfeites e está mais ocupada com os presentes do que com a política. 

Foi chato, que exatamente hoje, dia em que os sinos do PSD deviam badalar sem descanso, ter saído uma notícia sobre o "Maques" Mendes que mais parece uma notícia sobre a Spinumviva 2.0. Enfim, chatices. 

No entanto, hoje houve algumas surpresas. 

Então não é que, para além da opacidade com que o MP tratou o processo e respectivo arquivamento, viemos a saber -- pelo discurso do Luís -- que o MP não respeita a lei. 

Segundo ele, o MP abriu uma investigação preventiva mas, ainda segundo ele, na prática, fez um inquérito no qual, ainda segundo o Luís, pediu informações que um qualquer juiz de instrução negaria. 

Eh pá, o MP agiu à margem da lei? 

Só que, mais uma vez, o Luís mostra que é um brincalhão. Se é um jurista, sabe que se fosse um inquérito, poderiam ter feito buscas, poderiam apreender tudo o que achassem necessário. Assim, pediram-lhe com gentileza, esperaram que ele escolhesse o que queria entregar e entregou quando quis.  

Portanto, seria de bom tom que não estivesse, como sempre, a gozar com o pagode.

Concluindo, o processo foi de uma opacidade única, o Luís teve um tratamento de favor, só entregou a informação que quis porque a averiguação é não intrusiva e ainda veio criticar o MP.  Como leigo, diria que só acredita que a coisa foi feita com isenção e diligência quem acredita no Pai Natal. Eu por mim já tenho idade para não acreditar em estórias mal contadas**. 

Haverá mais capítulos desta "cena" ou passamos para o Mendes?

* - Atividade da Ls2Mm

A prestação de serviços de consultoria e assessoria geral, designadamente nas áreas da comunicação social, da informação, da publicidade, administrativa, industrial, económica, de formação e de gestão, incluindo, nomeadamente, a recolha e tratamento de informação, a preparação, organização e realização de palestras, cursos, seminários, congressos, discursos, comentários, artigos de revista e de jornal, simpósios e outros, o planeamento e desenvolvimento estratégico e de negócio e os demais atos necessários ou convenientes para a consecução dos serviços incluídos do seu objeto social 

 Morada da Ls2Mm Rua Quinta do Alto, Nº 11 2760-099 Caxias

**- Independentemente da questão criminal, não nos esqueçamos de outras vertentes de análise, nomeadamente a que se refere à questão fiscal (ainda que a sociedade feche os olhos ao auto-alívio fiscal) e a que se refere à ética 

quarta-feira, dezembro 17, 2025

Luís André Montenegro Ventura
-- A palavra ao meu marido --

 

O governo do Luís "levou" a semana passada com uma greve geral (que só um rapaz com a argúcia e a agilidade cognitiva do "Lentão" Amaro conseguia considerar "inexpressiva") e ontem "apanhou" com o chumbo da lei da nacionalidade pelo TC. 

Hoje vi o Luís, com a arrogância que o caracteriza, voltar as costas aos jornalistas desvalorizando uma manifestação contra a proposta para uma nova lei do trabalho. Pelo meio, disse à rapaziada do governo para se "borrifar" para a CGTP relativamente à discussão da lei do trabalho; mas, hoje, num acto próprio da quadra que atravessamos, lá se dignou falar com os "gajos" a pedido dos últimos. 

É comum os comentadores encartados dizerem e redizerem que o Luís quer é conquistar votos ao Chega. A minha opinião é diferente. O Luís e o governo que formou são marcadamente de direita e têm, de facto, em muitas matérias, um pensamento semelhante ao do Chega. O que os diferencia é que o Luís e "sus muchachos" -- e "muchachas", já agora -- têm, ainda, pudor em verbalizar tudo o que lhes vai na cabeça e qual é a sua verdadeira agenda. 

Recordo-me de, quando o governo foi formado, o Pacheco Pereira dizer para estarmos atentos porque havia ministros que eram marcadamente da direita bastante conservadora. A prática tem-no demonstrado. E o Luís, que vai derivando cada vez mais para a direita, ainda conseguirá ultrapassar o Andrézito no desprezo pela Constituição, na afronta aos imigrantes, na desconsideração por tudo o que não é de direita conservadora e na arrogância perante a contestação e a comunicação social. O problema para o Luís é que, sendo cada vez mais parecido com o Andrézito, corre um sério risco de ser cilindrado pelo Andrézito. Como diz o povo, uma desgraça nunca vem só.

Nota 1: A ideologia do governo, que, na política que promove, o leva a privilegiar a população com maiores rendimentos está bem expressa nas estúpidas declarações que hoje foram feitas pelo ministro da educação. Afirmar que a degradação das equipamentos usados pelos estudantes resulta de serem utilizados por estudantes pobres, e relacionar a degradação do SNS e dos hospitais com o facto de serem maioritariamente utilizados pela população com menos recursos é digno de um qualquer Trump doméstico. Mas é também revelador dos preconceitos de classe do ministro. Com estas credenciais bem se percebe quais são as opções do ministro em termos de projetos para a educação. Certamente não será privilegiar os alunos com menos recursos. Bem podem o Anselmo Crespo e o Rui Calafate (e provavelmente outros, só ouvi estes dois) tentar "limpar" o ministro afirmando que está a fazer um bom trabalho porque conseguiu acalmar os professores. Pudera, deu aos professores tudo o que queriam -- não haveriam de estar mais calmos...? 

Já agora a FENPROP, sempre tão crítica de outros ministros e tão "defensora" da qualidade da educação, não tem nada a dizer? É por estas e por outras que eu não tenho nenhum tipo de consideração por este governo. 

Nota 2: Face às longas filas de espera no controlo de passaportes no aeroporto, a ministra da Administração Interna saiu-se com uma espectacular, que vão pensar num plano de contingência para o período de Natal. Será que ainda ninguém a informou que no período de Natal já nós estamos...? Agora é que vai pensar num plano de contingência...? Continuamos, nesta área, com ministrinhas que não fazem a mínima de coisa alguma.

Nota 3: O que terá acontecido durante a reunião da ministra Palma Ramalho com a UGT para, depois de uma greve geral, o secretário-geral vir da reunião a cantar hossanas e hinos de amor? Ou a ministra o pôs a ele a fazer o pino num dedo ou ele a pôs a ela a fazer um flic-flac à rectaguarda. É assunto a seguir.

terça-feira, dezembro 16, 2025

Estas são as palavras do Presidente dos Estados Unidos

 

Penso que é importante analisar o documento de defesa estratégica de Trump e as suas ideias dominantes sobre a Europa bem como todas as negociações em que supostamente envolve os Estados Unidos -- e em que, em vez de diplomatas, Trump envia patos-bravos, um dos quais seu genro, e amigos de Putin -- à luz do que se passa na sua cabeça. 

Ouçamos as suas palavras tal como ele as diz. 

Citação de Trump sem a sua voz ou rosto - Trump sem Trump - A Víbora Parte Um

Não terá de ouvir a voz dele nem ver o rosto dele. Esta é uma leitura das palavras de Trump num discurso que proferiu na Casa Branca, a 14 de dezembro de 2025. Trump falou sobre um médico, um livro e uma cobra venenosa.


Citação de Trump sem a sua voz ou rosto - Trump sem Trump - A Víbora Parte Dois


Citação de Trump sem a sua voz ou rosto - Trump sem Trump - A Víbora Parte Três


De que estão à espera para resolver este embaraço, este perigo?
Receiam que J. D. Vance ainda seja pior?
Caraças.

segunda-feira, dezembro 15, 2025

Sylvia e Ted nas palavras de Frieda, a filha

 

Em tempos vi um filme chamado Mourir d'aimer. Na altura, pensava que não seria possível morrer de amor. E, com o meu lado racional, ainda penso que o amor será o bode expiatório, não a causa directa. Uma depressão não tratada, talvez. Ou um acidente, alguém que, num acto desesperado, quis chamar a atenção mas a quem a coisa correu mal. Acresce que, com o meu lado racional, tendo sempre a pensar que é absurdo alguém subalternizar-se a ponto de que, se a pessoa amada não retribui o seu amor, achar que não vale a pena viver.

Mas, lá está, já a minha mãe, muito dada a ser levada pelas emoções, por vezes me dizia: "Não sei, parece que és demasiado racional...". Ela tirava conclusões a partir de impressões e eu tentava colocá-la no trilho da razão.

Contudo, se há coisa que tenho vindo a aprender é que as algumas das nossas certezas se vão metamorfoseando. Por isso, não posso dizer de certeza absoluta que Sylvia Plath morreu de baixa auto-estima, ciúme exacerbado, depressão profunda ou apenas por sentir que viver sem o seu bem-amado Ted Hughes não fazia sentido. Tinha dois filhos, uma menina de 3 anos e um menino de 1, mas eles não foram suficientes para a prender à vida. Uma história tristíssima.

Tenho também a ideia de que quem vive muito próximo das palavras mais facilmente encontra narrativas em que a dor de perder um amor é de tal forma romantizada que pode justificar toda a espécie de actos extremos. A poesia gosta de mágoas, de desespero, de paixões fatais.

Mas quem sou eu, o que sei eu para opinar sobre um tema tão complexo?

A filha de Sylvia e de Ted entretanto cresceu. E é ela que aqui está, conversando sobre os seus pais, mostrando as suas cartas e objetos que em tempo foram tão íntimos. 

O Amor Extraordinário de Sylvia Plath e Ted Hughes

Neste episódio de Uma Vida Menos Ordinária, Frieda Hughes convida-nos a ir a sua casa para conversarmos sobre as cartas, o amor e o legado duradouro dos seus pais – os gigantes da literatura Sylvia Plath e Ted Hughes. Frieda oferece-nos um olhar íntimo sobre as cartas que Plath escreveu a Hughes logo após o casamento, enquanto estudava em Cambridge, bem como uma incursão no álbum de fotografias da família. Entre estes itens de grande importância histórica, vislumbramos também as alianças de casamento de Ted e Sylvia, receitas de família e o adorado baralho de tarot de Sylvia. Estes artigos e muitos outros foram oferecidos num leilão da Sotheby's de há uns anos, "A sua própria Sylvia: Cartas de Sylvia Plath para Ted Hughes e outros artigos, propriedade de Frieda Hughes"

Desejo-vos uma boa semana

domingo, dezembro 14, 2025

Vidas tranquilas

 

Vão-me chegando notícias de amigos. Na idade platinada tudo é mais lento, quase não há horários a cumprir, consegue-se organizar grande parte da vida de forma a fugir às horas de ponta, aos locais onde o estacionamento é quase impossível. 

Por outro lado, há a vida apressada dos meus filhos, os projectos que os estimulam e desafiam, as muitas reuniões e problemas a que não podem fugir. Acompanho-os, compreendo-os. Eu já estive naquelas situações. Percebo quando estão cansados, stressados. Quando se está em funções assim não dá para virar as costas, há que aguentar firme. E resolver o que for preciso. Orgulho-me deles. Têm fibra. Não desanimam, não capitulam. Vão em frente e querem sempre fazer mais e melhor. E assim é que é, até  porque sabem manter o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar, o que é fundamental.

Não há muito, uma pessoa da minha família contou-me com alguma preocupação que a filha tinha ido fazer uma especialização num país problemático, numa zona altamente problemática, pois queria ser expert em cirurgia de traumatismos como esfaqueamentos. Achei fantástico até porque não me ocorreria nunca tal coisa, mas, sobretudo porque, neste mundo louco em que vivemos, é importante os médicos estejam preparados para tudo. Mas compreendo também a apreensão com que ela viu a filha, que poderia estar 'tranquilamente' a trabalhar naquele que é o maior hospital país, e que, inesperadamente, atravessa o oceano e se vai enfiar no olho do furacão.

E outra conta-me como um dos progenitores está a entrar cada vez mais rapidamente no enevoado mundo da demência. E eu ouço com compreensão solidária e não digo, mas penso, que talvez não seja mau uma pessoa entrar na noite escura sem o sofrimento de se saber num inexorável declínio. E penso que há dois anos estava eu a viver tempos de grande angústia, acabando de saber que a minha mãe estava num estado terminal e não havia nada que eu ou alguém pudéssemos fazer alguma coisa para impedir o que se anunciava a uma velocidade assustadora.

Mas assisto a tudo com a serenidade de quem já atravessou todas as provações. E tento manter-me calma. Nem sempre consigo, mas tento.

Gosto desta fase da minha vida. Gosto de ter tempo para mim. Gosto de ter tempo para realizar tarefas simples, pelas quais ninguém dá nada ou, mesmo, tempo para não fazer nada.

Talvez por isso gosto de ver vídeos assim, tranquilos, como este aqui abaixo.

Escolher uma vida mais lenta
 Reflections of Life

Existe uma riqueza silenciosa que se revela quando nos movemos a um ritmo mais tranquilo. Ao deixarmos de correr, o dia abre-se e a vida deixa de ser sobre esforço e passa a ser sobre sentirmo-nos ancorados no lugar onde já estamos.

Quando o ruído diminui, a nossa consciência transforma-se. Escolher a lentidão não significa isolar-se do mundo, mas sim regressar a ele com uma sensação de conexão mais clara. Lembra-nos que o significado reside muitas vezes nas pausas — aqueles momentos em que nos sentimos parte de algo maior do que o nosso próprio ritmo.

Nestes espaços mais calmos, um sentido mais profundo de pertença começa a criar raízes. Reconectamo-nos connosco mesmos, com os outros e com o mundo que nos rodeia de uma forma que parece constante e verdadeira. Uma vida mais lenta não exige perfeição, apenas a vontade de abrir espaço para o que realmente importa.

Com Antony Osler - https://www.stoepzen.co.za

Filmado em Colesberg, África do Sul.


Que tenham um feliz dia de domingo

sábado, dezembro 13, 2025

Rosalia e as visões de Hildegard von Bingen

 

Ia ouvindo falar dela, mas o facto de meio mundo o fazer bem como o nome fizeram-me pressentir que fosse a Ágata lá do sítio, claro que versão 'antes' (porque Rosalía é uma flor a desabrochar, com metade da idade d'a gata madura). Afinal, convém não esquecer aquela coisa do What's in a name? Rosalía...? 

Mas um dia ouvi-a e deixei-me ficar a ouvir. Talvez houvesse ali uma qualquer coisa. 

Há pouco, o algoritmo, que antecipa os meus gostos e dúvidas, apareceu-me com ela e, ainda por cima, com o selo de qualidade do Bial. E, quando ela falou da freirinha da minha eleição, Hildegard von Bingen, pensei que talvez seja mesmo melhor pôr de lado os preconceitos e ouvi-la com alguma atenção.

Pedro Bial entrevista Rosalía | Conversa com Bial 04/12/2025

O clima da entrevista foi ao mesmo tempo intimista e universal — com toques de espiritualidade, reflexões artísticas e trocas sinceras sobre identidade musical, gênero, cultura e pertencimento. Para quem acompanha a carreira da cantora, o episódio representa uma poderosa declaração artística: Rosalía reafirma sua versatilidade e ambição, abraça referências ao redor do mundo e desafia o que se espera de uma popstar contemporânea.

Em síntese, a edição de 04/12/2025 do “Conversa com Bial” com Rosalía fez jus à sua reputação de programa de fôlego — uma conversa que mistura espetáculo, pensamento e emoção, e que entrega aos espectadores muito mais do que uma simples entrevista: um mergulho na alma de uma artista global em plena reinvenção.


Vou ouvi-la com outros olhos

ROSALÍA - Berghain (Official Video) feat. Björk & Yves Tumor


E votos de um bom fds

sexta-feira, dezembro 12, 2025

Em dia complicado só me faltava mesmo acabar o dia com uma anedota destas

 

O meu dia foi muito complicado, as chatices sucedem-se, tudo coisas que não tenho como controlar e que envolvem outras pessoas que não ajudam, que falam muito, que me esgotam. 

Cheguei ao fim do dia exausta, à beira de me desesperar. Telefonemas consecutivos, nenhum com soluções. E tive que madrugar, quase não dormi. 

Estou esgotada demais para falar do que quer que seja. Mas voltei a ver mais uma delirante actuação de Trump num comício, mostrando que não dá para ser levado a sério, é uma fraude demencial, um entertainer em avançado estado de loucura, sem filtros. Incapaz. O mundo não pode estar dependente duma coisa destas. A Europa tem que ter dignidade e dizer bem alto que aquele homem é uma anedota. 

Como é que chegámos aqui?

Ver para crer.

Jimmy Kimmel vinga-se à grande e não faz ele senão bem.

Trump faz um discurso racista e ofensivo, chama idiota a Jimmy Kimmel e gaba-se da sua saúde.

O In-N-Out decidiu banir o número 67 dos seus restaurantes, o Grubhub divulgou o relatório anual dos artigos de entrega mais pedidos do ano, Trump esteve na Pensilvânia ontem à noite para fazer um discurso sobre a economia, repetiu todos os seus maiores sucessos, desde "moinhos de vento" a "Joe Sonolento", fez vários comentários ofensivos, gozou com pessoas transgénero, chamou Jimmy de idiota e foi à internet queixar-se da sua saúde perfeita, além de David Ellison ter supostamente prometido a Trump "mudanças radicais" na CNN se ele conseguir o contrato e a Netflix não, e Donald canta "Bigly Days of Christmas".

quinta-feira, dezembro 11, 2025

Espelho meu, espelho meu... há alguém mais inteligente do que eu... ?
-- Há. Qualquer polvo.

 

Nada nos polvos é normal... eis porquê

No vasto oceano da evolução, poucas criaturas quebraram as regras com tanta ousadia como o polvo.

Com três corações, sangue azul e um sistema nervoso que desafia todos os padrões biológicos, o polvo redefine o significado de inteligência.

Cada braço pensa por si. Cada ventosa pode sentir o sabor, tocar e decidir. Pode desaparecer à vista de todos, mudar de forma, mudar de cor e textura e até imitar outras espécies — desde peixes-leão venenosos a serpentes marinhas.

Isto não é apenas adaptação. É a rebeldia contra o projecto habitual da natureza.

Neste episódio, mergulhamos a fundo na inteligência alienígena do polvo — explorando como a evolução criou uma mente tão estranha que os cientistas a consideram o mais próximo de encontrar um alienígena na Terra.

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🧠 De escapar de potes selados a resolver puzzles, da camuflagem à consciência — descubra porque é que esta criatura pode ser o maior erro da evolução... ou a sua maior obra-prima.

quarta-feira, dezembro 10, 2025

Debate Gouveia e Melo versus Tozé Seguro -- cá para mim, o sorriso do Almirante derrotou a simpatia violenta do Menino da Lágrima

 

Começo por relembrar que continuo limitada a nível informático, escrevendo num teclado virtual que me faz parecer uma galinha a picar as letras grão a grão.

Tenho sido minimalista no que escrevo pois odeio escrever assim, sem a minha usual liberdade de movimentos. Numa altura em que tenho mil assuntos de que gostaria de falar, forço-me à contenção para evitar ficar, enervadamente, até às tantas da manhã, pico pico sarapico.

Por exemplo, ando inquieta com as cavaladas demenciais de Trump, graves demais (e que podem influenciar os merdinhas europeus, que os há, sempre prontos a porem-se de gatas quando as bestas quadradas ameaçam). Veja-se os hipócritas (ou tontos) que por aí andam a atacar os europeus pela guerra desencadeada pela Rússia. Na Europa não há só democratas, gente boa, amante da liberdade, gente que apoia a inclusão, a diversidade, o desenvolvimento humanista - há por aí muito populista, muito amigo secreto de Putin, muito amigo secreto de Trump. 

Mas, se me ponho a falar disso, canso-me antes de chegar aos debates.

Portanto, debate. Bora lá.

Não sou como os comentadores amestrados, não sou avençada, não sou clubista nem carneira nem galinha decapitada. Penso por mim. 

Dito isto, relembro que não vejo os debates a ver quem produz mais bocas, quem dá mais caneladas, quem aplica o gancho mais certeiro, quem dá a canelada mais hematómica. Nada disso. Não pretendo que em Belém esteja um sarrafeiro.

Nos debates procuro apenas avaliar com quem mais concordo, quem me parece ter uma atitude mais inteligente e digna para a nobre função de Presidente da República.

Portanto, chego ao fim de um debate a gostar mais daquele a quem os avençados se apressam a pôr uma cruz em cima.

De longe, o Almirante pareceu-me o mais maduro, o mais digno, o mais apto para a função, e, ao mesmo tempo, mostrou não ser um totó, um joguete nas mãos dos especialistas em comunicação que aconselham alguns candidatos a entrarem ao ataque, a passar rasteiras, ou a fazerem habilidades de todo o tipo.

Pode por vezes mostrar que ainda não tem o rabo pelado nestas coisas. É natural, não passou a vida a bater bolas, a esgrimir argumentos, a aparar ou a desferir golpes. E isso não é grave. Com o tempo aprenderá melhor a lidar com a realidade partidária. 

Em contrapartida, o Totozé Seguro mantém-se igual a si próprio. Hoje migrou o estilo da abstenção violenta para os debates e apresentou -se agressivo, todo ele ao ataque. Mas, coitado, com aquela carinha de menino da lágrima, alguém acredita que aquele ali os terá no sítio se algum dia precisar de os usar? Eu não acredito. 

Claro que se ele for à segunda volta com o Ventura, acenderei mil velas para que ele se aguente como PR, e, enfastiada, farei o sacrifício de votar nele. E nessa altura lembrar-me-ei que foi mais uma argolada do Pedro Nuno Santos. Por que raio de carga de água foi ele lembrar-me deste bocado de pouca sorte...? Caraças.

De qualquer modo, duvido que lá chegue.

terça-feira, dezembro 09, 2025

Da Europa para Trump

 

Sou portuguesa com orgulho. E sou europeia  por convicção e também  com orgulho -- e espero que os meus filhos, netos, bisnetos, trinetos, tetranetos e por aí adiante vivam sempre em paz e mantenham bem vivo este orgulho e saibam sempre honrar a democracia, a liberdade, o humanismo e todos os sãos e inegociáveis valores europeus.

Por isso, é com repulsa e indignação que assisto à ingerência na política europeia por parte do corrupto e demente Trump e respectiva família, Bannon, J.D.Vance e outros idiotas que tais. 

Daqui vai a minha saudação para essa cambada (que espero que não tarde a que vá de cana).

E, caso seja subtil demais, aqui vai mais uma:


Está claro, Mr. Trump?


segunda-feira, dezembro 08, 2025

Cotrim de Figueiredo e Marques Mendes: um não saiu do bolso do outro
-- o curioso é que eu vi uma coisa e os avençados viram outra

 

Estive a ver o debate com atenção e, ao princípio ao fim, Marques Mendes foi o que se lhe conhece: no que se refere a ideias concretas nem uma. Anos a fio a vender parlapié, especializou-se  em conversinhas da treta, uma no cravo outra na ferradura, nunca uma ideia nova, apenas mastigar a comida que outros antes já mastigaram. Agora arma-se já em presidente para, manhoso, não dar opiniões. Não se chega à frente, não se atravessa em nada. Nada de nada. Um saquinho  de vento. A única que conseguiu tirar da cartola é aquela parvoíce dos Conselhos de Estado. Uma reunião do Conselho para se debater a corrupção. E um jovem no Conselho de Estado. Olha a grande aventura que isso é. 4 Conselho de Estado por ano... 4 vezes por ano, uma grupeta junta-se para bater umas bolas. É essa a grande aposta de Marques Mendes para o seu exercício como PR. Uma mini aposta. Uma nano-aposta. Uma anedota.

Entrou ao ataque, armado em bom, mas, coitado, com um assunto da treta. Alguém para além dos comentadores  quer cá saber daquelas tricas de quem tentou ou deixou de tentar dissuadir o outro a candidatar-se. Por amor da santa, o que é que isso contribui para a felicidade de alguém?

E, no entanto, no fim, do pouco que consegui ter pachorra para ver, todos os comentadores lhe deram uma retumbante vitória. É a célebre bolha em que esta malta vive. Devem achar que, se derem umas notazecas ao Marques Mendes, a malta vai na conversa e vota nele.

Quanto a Cotrim de Figueiredo, continuo a achar que daria um bom Presidente da República. É inteligente, arejado, civilizado, vigoroso, moderno (e bem apessoado - verdade seja dita). E acredito que seria equilibrado, ou seja, que não marcelaria para levar a sua ideologia adiante. Mas há aquilo do voto útil. Se o perigoso Ventura não estivesse na corrida e não houvesse uma percentagem tão grande de burros, ignorantes, estúpidos e ressabiados que votam nele, se calhar, na 1ª volta votava nele. Assim, tenho que pensar bem.

domingo, dezembro 07, 2025

Pior é difícil
-- A palavra ao meu marido --

 

Esta semana foram publicadas pela malta do costume conversas do António Costa transcritas do processo que muitos comentadores, e eu também, consideram que foi um golpe de estado institucional. Não li nem tenciono ler essas escutas, mas quem as leu não viu nas conversas o mais pequeno indício que pudesse levar a investigar o António Costa, antes pelo contrário. 

Percebeu-se, mais uma vez, que se trata de voyeurismo desenfreado, sem limites nem escrúpulos por parte do Ministério Público. Uma vergonhosa desgraça. O PGR, como é hábito, aos costumes disse nada -- é natural, para ele o pessoal não merece esclarecimentos. 

É mais do que tempo de os políticos, a mal ou a bem, custe o que custar, porem o Ministério Público na ordem sob pena de todos ficarmos nas mãos desta cambada. 

Mas este episódio faz-me também pensar no papel que terá tido o PR no processo que culminou no tristemente célebre comunicado da PGR. É certo e sabido que queria tirar o PS do governo e pôr lá o PSD mas, antes de aceitar a demissão do António Costa, não se informou? Não contactou quem devia para tomar uma decisão avisada? Vamos, mais tarde ou mais cedo, perceber o verdadeiro papel do Marcelo no comunicado. Será que não teve nenhum papel no golpe?

Entretanto, está marcada um greve geral para a próxima semana e o Montenegro ontem na AR fez o papel do costume. Acirra os ânimos e arma-se em valentão. Pensa que somos todos parvos e julgamos que são os perigosos esquerdistas que estão por detrás da greve ou que não percebemos que a lei laboral que o governo propõe desequilibra de tal forma as relações de trabalho a favor dos patrões que até ex-ministros do PSD e CDS não concordam com a lei proposta. Espero que a greve tenha êxito, que a ministra vá vender camisolas do Chega e que o governo seja obrigado a recuar.

De facto, estamos perante um enorme radicalismo deste governo que em tudo o que tenta mudar revela uma enorme inclinação à direita, senão mesmo à extrema-direita, com enorme desprezo por quem tem menos poder, nomeadamente, económico. 

A coisa é tão evidente que ontem o novo presidente do INEM ameaçou os trabalhadores de que ou faziam como ele queria ou estavam fora do barco. Há alguns anos, trabalhando eu numa das grandes empresas deste país, numa reunião de chefias, o meu colega que chefiava o maior número de trabalhadores afirmou exatamente a mesma coisa, mas de uma forma mais suave. Disse que o objetivo da empresa era todos tomarmos a carreira de autocarro para Viseu. Se alguém quisesse ir para Odemira podia ir à vontade mas não voltaria a ter lugar na carreira para Viseu. Na verdade, muito pouco tempo depois este valentão foi corrido e a rapaziada que tomou a carreira para Odemira ficou na maior. Vamos ver se não acontece o mesmo ao presidente do INEM, ao Luís, à mocinha da saúde, à matrona do trabalho... .Espero que apanhem o autocarro para a Cochinchina. Boa viagem é que eu desejo.

sábado, dezembro 06, 2025

A fronteira impossível
-- Arte... ou pós arte? Ou arte inumana? Talvez arte ex machina...? --


Gosto de ver pinturas ou vídeos gerados por Inteligência Artificial. Eu própria gosto de transmitir inputs aos algoritmos para que me surpreendam com imagens geradas informaticamente. 

Mas, de todas vezes, sinto aquela perplexidade que vem de não estar bem a perceber qual o caminho que as coisas levam. Ilustradores, designers, criadores de animação...? Continua a haver futuro para quem trabalha nestes domínios? É que, de dia para dia, se constata o incrível progresso dos algoritmos. É verdadeiramente estonteante.

O vídeo abaixo é disso exemplo. A única coisa real é o ficheiro que contém o vídeo que podemos ver -- as pessoas não são pessoas, as coisas não são coisas, a música não foi criada nem interpretada por humanos, etc. Bem, Kelly Boesch, que gizou tudo, é real (digo eu...). 

Por curiosidade é assim que ela se apresenta:

Cinematic AI Art, Animation & Visual Poetry

Bem-vindos ao meu mundo de curtas-metragens surreais com IA, animações oníricas e histórias visuais onde a imaginação, a emoção e a tecnologia se encontram. Crio filmes cinematográficos com IA utilizando imagens generativas, animação por fotogramas-chave e fluxos de trabalho de movimento experimentais para dar vida a ideias estranhas e belas.

Exploro a nova fronteira da criatividade através da produção cinematográfica com IA, arte generativa, design de personagens, narrativa surreal e mundos oníricos digitais. O meu fluxo de trabalho combina geração de imagens por IA, movimento animado, personagens em constante evolução e paisagens sonoras originais para criar filmes que esbatem a linha entre arte e algoritmo.

Lá está... a esbater-se a linha divisória entre arte e algoritmo. É isso, justamente isso.

Mas vejam, por favor, o fantástico vídeo.

Açafrão e Fumo | Vídeo de Dança Surrealista com IA em 4K

Saffron and Smoke. Açafrão e Fumo. Uma festa dançante numa manhã de segunda-feira no mercado das especiarias. Por quê? Não faço ideia 😜 Estava a brincar com os códigos de referência de estilo no #Midjourney ontem à noite e adorei o contraste destas personagens no fundo preto com estas lindas cores suaves. As imagens fizeram-me lembrar algum tipo de mercado internacional, tipo em Marrocos. Assim, criei esta música usando o @suno para acompanhar. Animação feita com #VEO3. Autora: Kelly Boesch AI Art


Enjoy!

sexta-feira, dezembro 05, 2025

Resumo da matéria dada

 

Apeada de computador, obrigada a usar uma coisa com teclado virtual, letra após letra como uma galinha a comer grão a grão, a minha pica esvanece. Gosto de deixar os dados voarem sozinhos. A minha cabeça não alcança a velocidade dos meus dedos e essa é a única maneira que conheço para escrever. A forma  como agora estou, a ter que vigiar se o dedo não fez uma secante à tecla adjacente, condiciona a minha liberdade e, logo, a minha motivação.

Por isso tenho escrito muito menos e, por isso também, tenho evitado os assuntos que puxam pela minha língua, que fazem com que eu solte os cachorros. A tropeçar nas letras deste teclado de faz de conta, toda a  minha verve se sente tolhida.

Mas vou ver se, pelo menos, sintetizo umas e outras.

1. Debate Tozé Seguro e Marques Mendes. Ao fim dos 5 minutos de cada um, adormeci. Não o lamento pois tenho a certeza de que não perdi nada. E, para provar esse axioma (que, por natureza, nem carecia de demonstração), juro-vos que não me lembro de nada do que disseram enquanto estive acordada. Quanto mais não seja, não concebo um presidente da República que tenha cara de menino da lágrima ou de boneco de ventríloquo. Claro que, se acontecer o desastre de um deles ir à 2ª volta com o Ventura, terei que abdicar do meu bom gosto e contarão com o meu voto. Mas, na 1ª, nem pensar.

2. Debate Catarina Martins e Cotrim de Figueiredo. Não vi porque não estava em casa mas tenho pena, talvez tenha dito alguma graça.

3. Escutas a António Costa publicadas pela Sábado. Não li. Não vou ler. Não leio escutas sejam elas quais forem, não alimento o culto pela devassa e pelo voyeurismo mais sinistro,  não me deixo tentar pelo fruto de comportamentos pidescos, não pactuo com atentados ao Estado de Direito, não legitimo nem normalizo a judicialização da política nem o torpe conluio entre o MP e a imprensa sensacionalista.

4. A mãe que raptou a filha-bebé. Em lágrimas, faço minhas as palavras da Mafalda Anjos no Instagram: "mafaldanjos Peço um bocadinho da vossa atenção. Coloquem-se no lugar de uma pobre mulher pobre. Que engravida, tem um bebé. Quando a criança nasce, a mãe não pode trazê-la para casa porque já estava sinalizada. Outro filho já lhe tinha sido retirado, não por maus-tratos ou falta de cuidados ou amor, mas por falta de condições habitacionais. Porque, cito, vivia numa “casa abarracada”. Esta mãe continua todos os dias a ir visitar o seu bebé ao hospital. Não o abandonou algures, não o largou num canto. Quatro meses de visitas diárias, com a avó. Cuida da sua menina, dá-lhe colo, muda-lhe as fraldas. Toma-lhe o peso nos braços, sente-lhe o cheiro. Certo dia, dizem-lhe que o seu bebé vai ser institucionalizado e entregue a uma família de acolhimento. Desespera. Retira-lhe a pulseira e foge com a menina. “Rapta”, dizem os noticiários. Não sabemos ao certo os contornos do que aconteceu no Hospital de Gaia. Mas tudo indica que terá sido mais ou menos isto. Conseguem imaginar-se no lugar desta mãe? A dormir na sua cama, na sua barraca, com as hormonas em ebulição, a chorar por um filho que ama e que não quer perder? Conseguem conjeturar a sua dor, para fazer algo desesperado assim? (...)"

Concordo com a Mafalda Anjos: foi avaliada a viabilidade de atribuírem uma habitação social e algum apoio a esta mãe? É que retirarem a uma mãe um filho querido parece-me um acto de uma violência extrema.

quinta-feira, dezembro 04, 2025

Nudismo... em público...?

 

Em tempo de agasalhos é com nostalgia que penso em como é bom poder estar ao sol, o sol na pele, ninguém por perto a perturbar o nosso pudor. Gosto de estar nua, durmo nua, nado nua, caminho nua, estendo-me nua ao sol -- mas não me imagino a fazê-lo em público. Praticar nudismo nunca fez parte dos meus hábitos. 

Em tempos, a minha Secretária (numa altura em que era incontornável ter uma, mas a quem subverti as funções, atribuindo-lhe outras responsabilidades) aceitou o convite de uma colega e amiga que secretariava outra Direcção, para um dia passado no veleiro do namorado. O namorado era o Director que a amiga secretariava. 

Na segunda-feira seguinte entrou-me no gabinete com ar esgazeado. "Não queira saber... todos nus. Devíamos ser uma dúzia, gente que eu nunca tinha visto... Todos a dizerem para eu tirar o biquini... e eu sentia-me mal de ser a única vestida... Não imagina a minha atrapalhação... E eu, já viu?, que tenho as mamas tão grandes... Parecia que toda gente olhava para elas, só me apetecia tapá-las com as mãos... E, sabe lá..., o doutor também nu, claro. Eu de frente para ele e a fazer uma ginástica para não olhar sabe para onde... E vou-lhe contar... a Nita já me tinha falado... mas ao vivo, não imagina, é uma coisa do outro mundo... um exagero, sabe lá..."

Fartámo-nos de rir, claro. 

Pois eu nunca me vi em tal situação. Na praia, topless só em praias desertas. E aí, claro, dentro de água tirava o resto. Uma maravilhosa sensação  de liberdade. Mas com gente por perto, noblesse oblige, apresento-me sempre compostinha.

A experiência que abaixo partilho é o oposto: as pessoas vencem as suas vergonhas, os seus complexos e mostram-se nuas perante uma plateia, e o curioso é que, uma vez nuas, parecem felizes, dançam, saltam, riem. Há coisas curiosas. E a vida é mais leve se aceitarmos as diferenças uns dos outros -- essa é que é essa.

People Get Naked in Front of a Live Audience | Cut

Nesta poderosa experiência social, seis pessoas despem-se — literal e emocionalmente — partilhando as suas histórias mais profundas sobre imagem corporal, insegurança e autoaceitação perante uma plateia ao vivo.


Dias felizes

quarta-feira, dezembro 03, 2025

Estará a chegar a hora dos bravos de pelotão?

 

Não há muito éramos felizes e não sabíamos. A nossa Europa estava em paz, os Estados Unidos portavam-se amistosamente, a Rússia parecia relativamente contida e a China continuava, pacientemente e sem causar grandes ondas, a expandir-se. 

Até que a Rússia invadiu a Ucrânia, o instável equilíbrio entre a Palestina e Israel quebrou-se irremediavelmente e, para absoluto descrédito da racionalidade humana, um doido varrido, narcisista, corrupto e demente voltou a ganhar as eleições nos Estados Unidos. E o mundo virou um caldeirão em efervescência em que todos os valores que tínhamos por sagrados derretem a uma velocidade que dificilmente conseguimos acompanhar.

As ameaças de guerra sucedem-se -- e têm sorte os que não acompanham as notícias, vivendo na ignorância das ameaças que pairam sobre  a nossa existência. Preocupa-me, em especial, o que virá a ser a vida dos mais jovens. Queremos sempre que os que vêm depois de nós encontrem um mundo melhor e tenham uma vida mais auspiciosa mas eu receio que, se as coisas continuarem por este caminho, venham a ter pela frente tempos de incerteza e inquietação.

Contudo, perante o que parece uma força (do mal) difícil de combater, há quem se levante e, dando o peito às balas, enfrente todas as forças que estão a querer destruir a democracia.

O senador Mark Kelly, ameaçado por Trump e pelos fanáticos do culto MAGA, mostra de que fibra são feitos os heróis. Talvez inspire muita gente e abra a cabeça fechada dos que ainda se reveem nas trapalhices e infâmias de Trump.

Partilho dois vídeos sugestivos.

O senador Mark Kelly comenta a sugestão de Trump para que seja executado e a abertura de uma investigação por parte de Hegseth contra ele

O senador Mark Kelly fala dos ataques de Donald Trump contra si e da sugestão de que fosse executado por um vídeo em que dizia aos soldados que não tinham de obedecer a ordens ilegais, a questão da violência política no nosso país, a abertura de uma investigação contra ele por Pete Hegseth, a estratégia de Trump como forma de destruir democracias e o apoio dos seus colegas republicanos.


O senador Mark Kelly denuncia o 'bullying' do presidente Trump

O senador do Arizona, Mark Kelly, fez declarações na segunda-feira, criticando o presidente Trump pelo seu comportamento "intimidatório". O senador do Arizona foi um dos seis democratas que apareceram num vídeo na semana passada dirigido aos militares, dizendo-lhes que não têm de seguir ordens ilegais. O vídeo gerou uma grande polémica, com o presidente Trump a acusar os deputados de sedição e a afirmar que deveriam sofrer as consequências
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Dias felizes

terça-feira, dezembro 02, 2025

E assim se faz Portugal
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Segundo o Expresso, o dono da herdade onde eram, e provavelmente são, escravizados imigrantes gabava-se de ter na mão quinze GNR, dois PSP e uma Procuradora do MP. Pelos vistos, o patrão fazia as coisas às claras, não tinha medo, tinha as "autoridades" na mão. E a coisa parece funcionar. Terá sido por mero acaso, quiçá, por manifesta falta de tempo, que a Procuradora se esqueceu de transcrever nos autos conversas esclarecedoras dos atos praticados pelos arguidos? Será que o sr. juiz não poderia ter dado algumas horas, talvez um ou dois dias, para a procuradora ir para casa e, sossegadamente, juntar ao processo a transcrição dos autos? Recordo-me que já houve detidos que estiveram uma semana presos antes de serem interrogados pelo juiz de instrução.

Será que estes actos não eram públicos e notórios e, com base nisso, o juiz não poderia ter decretado uma medida diferente para os arguidos? Será que nenhuma autoridade local conhecia esta situação ou consideraria normal que a GNR e a PSP destacassem guardas para vigiar trabalhadores como nas colónias penais dos anos 30 do século passado? Ou será que, como tudo isto se passa num meio relativamente pequeno onde a malta se conhece e o patrão é sempre patrão, estas coisas são tratadas com pesos e medidas próprias -- mas impróprias de uma sociedade democrática, justa e evoluída? 

Eu diria que é este tipo de corrupção, este fechar de olhos, que mina a sociedade portuguesa. 

E o Andrézito, sempre tão disponível para cavalgar ondas mediáticas, não diz nada? Então isto não é corrupção, Andrézito? Ou será que está calado que nem um rato porque quem pratica estes actos segue a cartilha do Andrézito, é aficionado dos tik tok do Andrézito e faz faz parte da sua base eleitoral? Aposto que sim!

A propósito qual a razão para ainda não ser público o nome do dono da herdade ou dos donos das herdades onde estes casos aconteceram e acontecem? Também gostava de conhecer o nome da relapsa Procuradora acima referida, não que esteja a supor que poderá tratar-se da senhora que o dito anónimo patrão se gaba de ter na mão mas já agora seria interessante desfazer possíveis dúvidas. 

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Vamos de mal a pior
-- A palavra ao meu marido --

 

Esta semana tivemos conhecimento de crimes absolutamente abjetos, que demonstram a falta de humanidade e de escrúpulos de quem os praticou. Como se não fossem suficientemente horríveis ainda soubemos na sexta-feira que se levantam fortes suspeitas da actuação de guardas prisionais sobre um recluso, com consequências terríveis. Quando nos entram pela casa dentro notícias de que quem se supõe que cumpre as leis, nomeadamente polícias, bombeiros e guardas prisionais, afinal as viola, demonstrando a maior  desumanidade, ficamos enojados e pensamos que, caso se prove a respectiva culpa, têm que ser exemplarmente punidos. 

É difícil admitir que são acontecimentos fortuitos e não um sinal dos tempos. O Governo, seguindo a cartilha do Chega, não se pronuncia sobre casos que põem em causa os nossos valores e a coesão da nossa sociedade. Quando vemos que os GNR alegadamente envolvidos na escravização dos imigrantes no Alentejo ficaram com a pena menos gravosa após o primeiro interrogatório porque a procuradora não transcreveu as conversas telefónicas ou  que o PGR quer fazer um despacho à medida do Montenegro e do caso Spinunviva para evitar escrutínios, percebemos que se estão a criar condições para que o apuramento da verdade e responsabilização dos culpados não aconteça. Aliás, num caso idêntico que ocorreu recentemente, os responsáveis pela exploração desumana de imigrantes foram absolvidos por falta de provas. 

E, relativamente à escravização dos imigrantes, também deveria ser investigado como é possível que os donos das herdades não soubessem, que as hierarquias não suspeitassem e que a população local não se tivesse apercebido. Será que são votantes do Chega que, embalados pelas cantigas fascizantes do Ventura, acham que isto é o novo normal e que os imigrantes devem ser explorados sem qualquer pingo de humanidade?

A mentira continuada e sem escrúpulos dos populistas propagadas nas redes sociais, populistas que não têm quaisquer escrúpulos e utilizam todos os meios para atingir os seus fins, estão a dar ou já deram cabo da nossa sociedade e dos valores das democracias liberais. 

A democracia não se soube defender destes perigos que põem em causa tudo o que de bom e positivo foi construído nas últimas dezenas de anos. Como é possível que a geração Z, que só acede à informação através das redes sociais, seja cada vez mais reacionária, até na forma como trata as mulheres, e pense que  antigamente se vivia melhor do que se vive hoje? 

É possível porque a geração Z e outras gerações sofrem todos os dias uma lavagem ao cérebro quando acedem às redes, não tendo a democracia sabido defender-se destes perigos porque foi mais democrática do que era exigível e, em vez de se defender, abriu as portas à extrema direita racista, populista e xenófoba. 

Qual a razão de as escolas, nas aulas -- por exemplo, de cidadania -- não apresentarem factos, sem ideologias, relativamente aos tempos da antes do 25 de Abril e de hoje? Comparação da taxa de alfabetização, do acesso à saúde, do acesso à educação, da percentagem de casas com água canalizada e com casa de banho, da taxa de pobreza, ... . 

Existem exemplos mais do que suficientes para qualquer jovem com um mínimo de inteligência perceber que hoje estamos centenas de vezes melhor do que antes do 25 de Abril. 

Maldito algoritmo! Será que algum dia se conseguirá combater eficazmente este flagelo? 

Urge, para bem de todos nós!