Há um problema de infiltrações e entupimentos, não aqui onde estou agora mas num lugar em que somos nós, eu e o meu marido, que temos que responder. Mil vezes penso que não era mau de todo quando tínhamos em quem delegar. Aqui não dá.
Tenho até andado enervada pois não se vê solução que seja boa. Todas são complexas e muito dispendiosas e cada uma pior que a outra. Acordei com mensagens e vídeos do canalizador e só pensava que queria que me tirassem do filme de terror em que me estou a ver metida.
Claro que, quando falo com o meu filho, ele desvaloriza, diz que já não me lembro de quando tinha problemas a sério. Lembro-me. Mas as responsabilidades, por serem a nível da empresa, eram, digamos, colectivas. Ou partilhadas. Aqui somos só nós os dois. As decisões temos que ser nós a tomá-las e os custos temos que ser nós a arcar com eles.
Optimista como sou, de vez em quando pensava que o telefonema ou a mensagem seria a dizer que a origem do problema estava detectada, a resolução seria simples. Mas não. Em crescendo de pioria. E depois uma coisa que me enerva. Uma vez inclinava-se para uma coisa, na vez seguinte já era o contrário. Parece que o raciocínio analítico não funciona muito por ali. E eu, nestas coisas, sou cartesiana, lógica, coerente. Desnorteio-me quando me levam a pensar que a origem do problema é uma e portanto é preciso partir tudo ali e acolá e, meia hora depois, já não é isso, o problema deve estar noutra coisa qualquer e tem que se partir noutro lado completamente diferente.
E foi ao longo de todo o santo dia.
A culminar, já ao fim do dia, veio a indicação dos custos do trabalho do dia, na prática quase todo inconclusivo. Eu estava preparada para que fosse caro e para que não se tivesse andado muito. Só que não se andou praticamente nada e foi para aí quatro vezes mais caro do que o que eu e o meu marido antecipávamos. Um inusitado balúrdio. Usou uma máquina cujo uso implica custos da ordem das muitas centenas de euros. Mas quando disse que a ia usar não avisou. Fiquei, por uns momentos, calada. Incapaz de falar. Não ia insultá-lo, não é a minha maneira de ser, não ia dizer para ir roubar para outro lado. O meu marido tem uma outra reacção. Acha que não é no fim que se discute o valor, se fez e diz que é aquilo, é pagar. Eu torço-me. Não fez orçamento porque não sabia o que ia encontrar, usou uma máquina que não disse que tem custos astronómicos, e no fim é pagar sem protestar? Enfim, fico doente. Protestei, claro. Disse que poderia arranjar outra pessoa, que não levaria a mal. O pior é que não arranjo.
Uma situação que me faz sentir a modos que impotente. O problema tem que ser resolvido, as condicionantes são mais que muitas, não consigo controlar as coisas a ponto de conseguir arranjar alternativas. Tudo coisas que detesto.
E isto foi só o princípio.
Não quero pensar agora, nem ficar a pensar que o ano poderia acabar melhor. E que o próximo ano escusava de começar com isto. Mas já estão coisas combinadas para o início do mês que vem. Por isso, o ano vai mesmo começar com chatices que odeio.
Bem sei que há coisas piores, por exemplo aquela velha máxima de que pelo menos não parti uma perna. Claro. Pode um tsunami avançar sobre uma terra e engolir mil e oitocentas pessoas que se pode sempre dizer que pior era se fosse em época alta, a praia estivesse cheia e tivesse engolido duzentas e oitenta mil. Claro. Bem sei. A gente pode vestir a pele da santinha, da optimista compulsiva, e, por mais chatices que tenha, sorrir e mostrar que até está agradecida por ser aquilo e não um meteorito a cair-nos na cabeça. Mas, caraças, às vezes só apetece mesmo é espingardar.
A minha filha compreende a chatice mas também tenta relativizar, diz que estas coisas acontecem. Pois. Sei de tudo isso. Mas sintonizei-me para ter uma vida zen, na maior tranquilidade, longe de problemas, sem contratempos maçadores e dispendiosos, e agora fico desconfortável, incomodada, parece que me estão a puxar para zonas de desconforto em que não quero estar.
Enfim.
Mas olhem, relevem, ok? Não tem jeito nenhum estar a maçar-vos com problemas de entupimentos, esgotos, canalizações, sifões que deveriam existir e que não existem, caixas de esgotos que ninguém encontra, danos progressivos, fugas de origem desconhecida e sei lá que mais. Amanhã tentarei falar de alguma coisa mais interessantes.
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Desejo-vos uma terça-feira feliz
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