Orgulho excessivo., arrogância, insolência, soberba
Húbris. Com a costumeira ironia assim foi denominado o caso do pretenso roubo de armas de Tancos.
Só que, espanto dos espantos, o primeiro acto desta farsa -- este de que agora se fala e que já colocou em prisão preventiva o Coronel Luís Vieira, Director da Polícia Judiciária Militar, e mais uns quantos -- não se refere ao roubo de armas mas ao seu aparecimento. Ninguém, neste caso, pode queixar-se de déjà-vu.
Só que, espanto dos espantos, o primeiro acto desta farsa -- este de que agora se fala e que já colocou em prisão preventiva o Coronel Luís Vieira, Director da Polícia Judiciária Militar, e mais uns quantos -- não se refere ao roubo de armas mas ao seu aparecimento. Ninguém, neste caso, pode queixar-se de déjà-vu.
E, uma vez mais, apesar de estarmos no estertor do reinado da Santa Mana -- Joana de seu nome prório e Marques Vidal de nome da famíla -- mantêm-se bem vivos os traços dominantes que têm marcado os últimos anos da Justiça em Portugal: os envolvidos antes de serem culpados já o são. Sabemos nomes, percursos profissionais, onde nasceram, como são. Quando chamados a depor, sabemos o que dizem pois, acto contínuo, já os jornais e televisões o anunciam: confessou ter encenado, confessou arrependimento, confessou isto, aquilo e o outro. Mais: os jornais gabam-se, referindo o processo a que tiveram acesso.
Segredo de Justiça...? Está bem, está, isso também já era. Os secretos meandros onde se investiga parecem ser, afinal, os promíscuos quartos da Casa da Mana Joana, esse aparente albergue espanhol onde, pelos vistos, magistrados e demais pessoal convivem em feliz concubinato com jornalistas, 'fontes' e outro tipo de gente 'geralmente bem informada'.
E, segredo de justiça violado, sem delongas, logo nos aparece o usual enxame de avençados da pedrada, pagos a peso de outro para irem para a praça pública arrancar pedras da calçada e arremessá-las contra os que, justa ou injustamente, se vêem a contas com a justiça. É um festim. Políticos, personalidades públicas de toda e espécie e feitio, rogeiros, jornalistas, coronéis, sargentos, no activo ou na reserva, tudo minha gente salta para o palco e pimbas, pedrada que até ferve na cabeça dos suspeitos ou arguidos que, de imediato, vêem o seu bom nome enlameado talvez para toda a vida,
Dito isto.
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Seja como for, face à natureza das suas funções em tempo de paz, há que ter em atenção que, subjacente à actividade diária, há um expectável dolce fare niente que pode conduzir a uma ociosidade e, paredes meias, à impunidade. Para prevenir actos indevidos, haverá que auditar de perto os comportamentos.
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E, de vez quando, lá vem o mesmo: as armas desaparecem dali (como das esquadras, como de camionetas em andamento) e nunca se dá por ela ou, se se dá, rapidamente o caso é esquecido. Desaparecem metralhadoras, pistolas, granadas, munições. Desaparecem sem deixar rasto. Mesmo que sejam quantidades que não podem ser levadas num bolso.
Mas desta vez a coisa teve aparato, a lista de material roubado era digna de filme cómico, as notícias eram estapafúrdias. Falava-se num buraco na rede, falava-se em camião TIR. O Expresso, o grande badalo das fake news, explicou como tinha sido, tudo descrito ao pormenor. Balelas. Como tantas outras vezes com o Expresso, tudo balelas,
Contudo, desde o início, Vasco Lourenço tinha uma outra teoria e não se eximiu a explicá-la: quem, indo sair de funções, tinha que deixar o inventário ao próximo, deve ter ficado perante uma inequação difícil de explicar -- as armas contabilizadas eram muito superiores às armas, de facto, existentes -- e, para se limpar, provavelmente resolveu inventar que tinha havido um roubo.
Contudo, desde o início, Vasco Lourenço tinha uma outra teoria e não se eximiu a explicá-la: quem, indo sair de funções, tinha que deixar o inventário ao próximo, deve ter ficado perante uma inequação difícil de explicar -- as armas contabilizadas eram muito superiores às armas, de facto, existentes -- e, para se limpar, provavelmente resolveu inventar que tinha havido um roubo.
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Falta de inteligência, parolice ou, lá está, excesso de confiança, húbris. No meio desta artolice, a rivalidade entre gangs: gnr, judiciária militar, judiciária civil, polícia. Tudo gente armada que se acha importante e dona do poder.
A ser isto verdade. Não nos esqueçamos: a ser isto verdade.
A ser isto verdade. Não nos esqueçamos: a ser isto verdade.
Um director de uma polícia judiciária preso é obra. Os jornais a dizerem que ele já confessou a encenação, a ser verdade, é obra, Mas estarmos a saber de tudo isto, sem contraditório, sem sabermos a versão deles, também é obra.
Portanto, por toda a esta rocambolesca macacada, acho que é mesmo caso para perguntarmos: quem nos guarda dos Guardas? Quem nos protege da Justiça?
Portanto, por toda a esta rocambolesca macacada, acho que é mesmo caso para perguntarmos: quem nos guarda dos Guardas? Quem nos protege da Justiça?