Tenho andado tão, tão, ocupada e aqui tão absorta a fazer umas cenas que nem dei pelas lindas horas que já são. E esta véspera e este dia não vão ser moleza, já devia era estar na caminha. Nunca mais consigo ser disciplinada. E agora só dei pelas horas porque recebi uma mensagem de boas festas de uma amiga tão noctívaga quanto eu. Estranhei uma mensagem a meio da noite e, quando vi que horas eram, pensei que devia era deixar o post para amanhã. Mas como sou menina trabalhadeira, ciosa das suas responsabilidades, aqui estou. Além disso, fui ver a caixa de correio e tinha imensos mails, alguns de queridíssimos Leitores de quem não tinha notícias há séculos. Não vou conseguir responder nem agora nem esta terça, nem na quarta. Talvez só na quinta, está bem? Não levem a mal, por favor. Mas muiiiiiito obrigada. Terem-se lembrado de mim, toca-me no coração. Juro.
E ainda fui a correr gerar um cartão de boas festas especial para Vossas Senhorias. E para verem como estou despassarada, enganei-me a escrever e pedi para o ChatGPT escrever Natal 2025. Imagine-se. Só quando estava a colocá-lo aqui é que percebi que já ia adiantada de 1 ano. Lá tive que voltar a 'chateá-lo'... E a seguir 'pariu' mais uns quantos mas com as palavras mal escritas.
Só ao fim de não sei quantas tentativas, quando eu já desesperava, é que me apareceu este, aparentemente escorreito. Cá está ele. Aqui da vossa UJM, um cartãozito de boas festas.
Para todos os que por aqui passam o meu agradecimento pela companhia aí desse lado. E o que vos desejo é que estes sejam dias felizes (e os que se seguem também). Haja saúde, alegria, gosto pela vida. E boa sorte.
Em especial para os que não estão muito bem ou a quem a solidão pesa, daqui vai o meu abraço, as minhas palavras. Estamos cá. Vocês aí desse lado e eu aqui.
Um abraço a todos. E, uma vez mais, muito obrigada.
Já nem vale a pena falar no consumismo que se nos entranha até à medula e que nos leva a oferecer coisas mesmo a quem não precisa de nada. Isso é mais do que sabido.
Eu, desde há algum tempo, temo sempre receber coisas desnecessárias. E, ao escrever isto, retomo a ideia de sempre: necessidade, necessidade já não sinto de nada.
Não quer isto dizer que, quando vou a algum lado, não arranje sempre o que comprar. Tudo o que seja bugiganga inútil, desde que com o seu quê de charme, me entusiasma. Mas já penso sempre: onde é que vou meter isto? E já só trago coisecas que quase não ocupam lugar. E roupa, para que vejam, só coisas mais do que funcionais. No outro dia, quando fui às compras com os rapazes, numa das lojas, vi uma blusinha fininha, para mim, preta, boa para vestir sob qualquer casaco, em qualquer situação. Dava-me jeito. Estava em saldos e custou 9,9€. Fiquei feliz e contente.
E comprei no supermercado um tabuleiro de ferro fundido para levar ao forno, pesado para caraças, mas muito bonito, um belo encarnado profundo no exterior. Custou vinte e tal euros, e ainda tem uma grelha separada que vai dar jeito para pôr legumes no fundo e a carne em cima. Pensei cá para mim: olha que belo presente que me estou a oferecer. Vim mesmo contente com a beleza daquele tabuleiro.
De resto, o que gostava mesmo era de ter sempre dias felizes, de viver rodeada de honestidade intectual e moral, de afabilidade, doçura, gestos generosos, sorrisos. Coisas assim. E o que gostaria de poder oferecer a toda a gente era isto mesmo: alegria, motivação, boa disposição, gestos bondosos, esperança em dias melhores.
Mas, para já, boas intenções à parte, aqui fica o pedido de sempre: a quem não souber o que me oferecer e fizer questão de oferecer mesmo qualquer coisa, pode ser isto que aqui abaixo se refere. Nada de crocodilos, elefantes ou rinocerontes. Só mesmo isto: um hipopótamo.
I Want A Hippopotamus For Christmas - Postmodern Jukebox Cover ft. Lauren Tyler Scott
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Peço desculpa mas ando completamente sem tempo para agradecer pessoalmente os vossos comentários e mails. Leio-os, obviamente, e agradeço-os mas ando totalmente absorvida noutras missões.
Hesitei em escrever sobre isto. Nem é o ser chocante. É mesmo a impressão que me faz, uma impressão física. O que sinto é difícil de descrever. Parece que o meu corpo se retrai, se anula.
É que nem é só o tarado do marido que drogava a mulher e aliciava outros homens para abusarem da mulher, é também os homens, 49 homens que acharam aceitável abusarem de uma mulher inconsciente e que alegaram que tinham o consentimento do marido. Estes 49 homens mais 1, o marido, acharam normal servir-se do corpo de uma mulher inconsciente, sentiram prazer nisso e, pelos vistos, não pensaram que estivessem a fazer nada de mal já que era o marido a convidá-los a servirem-se.
Há qualquer coisa de demasiado sórdido, de abaixo de humano, de inqualificável à luz da normalidade. E, pelos vistos, eram homens normais, com vidas normais.
Nem vale a pena pregar a dizer que a sociedade está doente. Se calhar é mesmo assim, se calhar uma parte das pessoas têm em si uns genes de sordidez, de imunda e perversa animalidade e é só é preciso que apareça a oportunidade para que ela se manifeste.
Pelo que aqui se vê, há outros sites do mesmo género. Não haverá um único Pelicot. Se calhar, a coberto de uma normalidade que os protege, há mais pelicots estão entre nós.
Ao não querer um julgamento à porta fechada, ao mostrar o seu rosto ao mundo, Gisele Pelicot teve a coragem de trazer a cobardia e a imundície do marido e dos anormais que a violaram para a luz do dia.
‘We have to wait at least one hour to abuse her’: CNN reveals shocking evidence in mass rape case
In a case that’s horrified France and shocked the world, 49 men are accused of raping Gisele Pelicot after her husband, Dominique Pelicot, allegedly drugged her repeatedly and left her unconscious. The abuse took place over nearly 10 years. CNN has gained exclusive access to a police report containing thousands of messages exchanged by Pelicot and the accused in chatrooms, on Skype and over text, revealing how the alleged crimes could have happened. While the website that Pelicot used to allegedly organize the abuse has been shut down, a CNN investigation has uncovered new forums where rape and sexual abuse are still actively discussed
Poderia ter escrito "O nosso amor" mas não quero apropriar-me de um momento tão especial, num lugar tão belo.
E ele está um gato. Um gato já um pouco usado, dirão as más línguas. Mas há casos em que o uso se traduz numa patine que embeleza as coisas e as pessoas. É o caso. A pinta dele, a forma como se veste, o corte do cabelo... tudo tem tchanam. Até a guitarra às cores condiz com ele e com o lugar.
Ontem, pelo que devem ter percebido, não vi televisão nem li notícias.
Pois bem, eis que hoje, ao conectar-me ao mundo, sou surpreendida com uma imagem infame: não sei quantas pessoas, uma rua inteira, de mãos contra a parede.
Nojo.
Inaceitável.
Uma vergonha.
Acho bem que a polícia ande na rua a impedir o tráfico e o consumo de droga a céu aberto. Acho que isso deveria ser constante. Constante, repito. Mas de forma discreta. E a par com a garantia de que há lugares para que os consumidores de drogas pesadas possam ser encaminhados para salas de chuto e, desejavelmente, tratados e acompanhados.
De resto, todo o policiamento, seja pelo tráfico de droga, seja pelo furto ou ou por outras práticas indevidas deve ser proporcional às necessidades, discreto, digno, humano.
O que as imagens demonstram é o oposto de tudo isso. O que as imagens mostram é inaceitável, é uma violência, é um ultraje.
Por ter autorizado e defendido o que se passou, Montenegro devia ser demitido de imediato. É um perigo para o País. Nas mãos desta criatura -- que parece ser excessivamente propensa a fazer coisas estúpidas, socialmente não aceites e humanamente intoleráveis --, este não é o Portugal bom, ameno, feliz, tolerante, inclusivo que conhecemos e amamos.
Presidente Marcelo, ponho cobro a isto de imediato.
No outro dia doía-me um pé, coisa apenas de um dos lados. Tinha posto umas palmilhas de gel nos sapatos e, como andei no laré durante horas, cá para mim aquele pé estranhou os mimos e deu um ar da sua graça. Por causa dessa dor no pé, passei a andar com ele um bocado de lado. E continuei a fazer a vida normal. Em consequência de andar com o pé de lado, começou a doer-me o peito do pé. Para ver se não forçava o pé, comecei a andar com a perna a modos que esticada, para não fazer trabalhar a articulação do pé. E continuei a fazer a vida normal. Em consequência disso começou a doer-me o joelho. Tentei poupar o joelho até perceber que deveria tomar um anti-inflamatório. Tomei de manhã e deveria tomar ao jantar. Só que, distraída como sou, no fim do jantar, tendo estado na conversa, já não sabia se o tinha tomado ou não. Por via das dúvidas, achei prudente não arriscar e não tomei. Conclusão: no dia seguinte estava pior.
Ontem estive de perna para o ar. Hoje estava melhor pelo que vim cumprir o meu programa que incluiu, de tarde, uma ida às compras com os rapazes num centro comercial. Levei canadianas e estava apalavrado que, se me sentisse a piorar, pedia-se uma cadeira de rodas. Mas, andando lá, achei que não seria necessário.
Contudo agora, ainda em casa alheia, verifico que o exercício da tarde não foi benéfico para o joelho. Ou seja, estou de novo de perna esticada.
Isto para dizer que não sei se isto é da idade, se é porque tenho pouco cuidado e exagero em tudo o que faço (o meu marido aposta nesta), a verdade é que agora, nesta altura festiva, sempre com coisas para fazer, esta lesão não dá jeito nenhum.
Mas é o que é. E todos os males fossem estes. Não digo bola para a frente pois, no estado em que estou, acho melhor deixar os futebóis para melhores dias.
De qualquer maneira, já tenho os presentes para toda a gente. Para toda a gente... menos para o meu marido... Não sei o que há de ser, ele não dá uma única ideia, recusa as opções que me ocorrem. Quando me lamento de que não quero chegar ao dia de Natal e não ter uma única coisa para lhe oferecer, diz: 'Deixa estar, eu não mereço...'. Já estive a ver sugestões na Madame Figaro e também não vejo que nada seja adequado. Se alguém tiver alguma ideia, aceito sugestões.
Grandma Got Run Over By A Reindeer - Postmodern Jukebox ft. Sunny Holiday
O ChatGPT é uma preciosa ajuda em tudo e mais alguma coisa e está cada vez melhor. De vez em quando ainda alucina e a gente, quando desconfia ou se quer certificar, deve cruzar informação. Mas na maioria das coisas é uma coisa espantosa. Conversa como uma pessoa, é um manancial infinito e instantâneo de informação. E gera imagens (embora, neste capítulo ainda tenha uma vontade demasiado própria, desobedecendo frequentemente ao que mandamos) e faz trinta por uma linha. Mas, em geral, é precioso.
Por exemplo, agora testei a funcionalidade de o pôr a servir de motor de busca. Ainda nem tinha reparado que já dava para isso.
Perguntei: Quais os possíveis candidatos presidenciais em Portugal?
Dito pelo ChatGPT:
As eleições presidenciais em Portugal estão previstas para 2026, e diversos nomes têm sido mencionados como potenciais candidatos. Embora as candidaturas oficiais ainda não tenham sido formalizadas, os seguintes indivíduos têm sido destacados:
Candidatos Declarados:
Tim Vieira: Empresário e investidor conhecido pela sua participação no programa de televisão "Shark Tank". Anunciou a sua candidatura a 31 de agosto de 2023.
Joana Amaral Dias: Psicóloga, comentadora política e ex-deputada. Recebeu o apoio do partido ADN para a sua candidatura, anunciada a 18 de dezembro de 2024.
Henrique Gouveia e Melo: Almirante e atual Chefe do Estado-Maior da Armada. Ganhou destaque como coordenador da task force de vacinação contra a COVID-19. É apontado como potencial candidato, com possível anúncio em março de 2025.
Luís Marques Mendes: Ex-líder do PSD e atual comentador político. Admitiu a possibilidade de se candidatar, com uma decisão esperada nos próximos meses.
Paulo Raimundo: Secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) desde 2022. Não descartou a possibilidade de se candidatar às eleições presidenciais.
Pedro Passos Coelho: Ex-primeiro-ministro e ex-líder do PSD. Tem sido apontado em sondagens como um dos preferidos para a presidência, embora não tenha confirmado intenção de candidatura.
António Guterres: Secretário-geral das Nações Unidas e ex-primeiro-ministro. Também mencionado em sondagens como potencial candidato, sem confirmação oficial.
É importante notar que, até ao momento, as candidaturas oficiais ainda não foram formalizadas, e o panorama político poderá evoluir à medida que nos aproximamos das eleições.
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Ou seja, varre a internet e sistematiza a resposta de forma organizada. E cita a fonte.
E não é só o ChatGPT, é tudo o que por aí anda que gera conversas com a voz de pessoas, gera vídeos bastante credíveis com gente que já morreu há que anos e um dia a gente não vai saber o que é verdade ou mentira, o que é certo ou errado. Mas, pensamentos peregrinos à parte, que o tempo não está para isso, achei piada a este vídeo. É pacífico, inócuo. Mas tem graça.
Trump and Peanut the Squirrel SAVE THE DAY
What happens when Donald Trump befriends a squirrel and it all goes nuts? Watch as the president embarks on the greatest rescue mission of all time with the help of his elite raccoon squad and a new ally, Peanut the squirrel. From chess games in the park to high-stakes action sequences, this parody short film takes you on a wild ride filled with strategy sessions over McDonald's fries and epic teamwork. Will they restore peace to the park? You don’t want to miss this one, folks—believe me! 🐿️🍟🔥
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Não vos digo nem vos conto. Ando aqui numa fona que me tem ocupado de sol a sol e para além disso (ou seja, o sol põe-se -- o que não é difícil pois anoitece a meio da tarde -- e continuo até às quinhentas). Forçosamente tem-me faltado tempo para o resto. Tinha resolvido que entre domingo à noite e amanhã à noite ia estar concentrada nisso. Na quinta-feira tenho um programa compacto e, por isso, o que tenho a fazer tem que ser até amanhã. Claro que a seguir às festas ainda é dia, há mais que tempo. Mas eu sou de despachar tudo o que meto na cabeça para depois me atirar ao que se segue.
Mas, afinal, amanhã também já não vou poder estar focada no meu assunto pois o meu filho já arranjou maneira de nos meter em trabalhos. Quando perguntou o que é que nós estávamos a pensar fazer para o almoço de Natal, falei-lhe no que estava a pensar como prato de peixe e como prato de carne. Para o peixe estou a pensar inventar uma coisa, que nunca fiz, que não faço ideia se já alguém fez alguma coisa assim, e para prato de carne algo mais banal. O meu filho disse que para o prato peixe lhe parecia bem mas, para carne, achava que deveríamos fazer uma coisa mais tradicional, a saber, um assado em forno de lenha. Quer eu quer o meu marido, ao pensarmos no produto final, ficámos tentados. Mas agora estamos apreensivos. Primeiro, já vi que a lenha boa para o efeito não pode ser pinheiro que é o que temos cá. Teremos que ir comprar azinho ou carvalho ou oliveira e só espero que não tenhamos que dar a volta ao bilhar grande para descobrir. Também temos que ir ao talho encomendar o que queremos pois não podemos correr o risco de chegar à véspera e o talho não ter. Mas o que nos preocupa é que, desde que para cá viemos, nunca usámos o forno de lenha. Mesmo no campo, onde temos um forno destes, há anos que não usamos. É uma trabalheira: horas para a lenha pegar e aquecer o forno, depois horas para a carne lá cozinhar. Ora quando temos que garantir que por volta da uma ou duas da tarde tem que estar tudo bem cozinhado, a que horas teremos que nos levantar para dar início à faena? Não vou levantar-me às seis da manhã... Teria que ser o meu marido. Mas é violento. O meu filho falou em deixarmos a carne a cozinhar durante a noite. Mas na véspera só cá devemos chegar lá para a uma e tal (ou seja, já no dia 25) e se nos vamos pôr a atear a lenha, teríamos que nos levantar lá para as quatro para colocar os tabuleiros com as carnes. Também não dá. Ou seja, não estou ainda a ver como vou desembrulhar esta.
Mas isto para dizer que amanhã não vou conseguir estar o dia inteiro a estudar e a testar e a tentar aquilo que agora meti na cabeça fazer. Por isso, mal acabe de escrever isto, vou-me atirar de novo.
Não tenho conseguido responder a comentários nem responder a mails pois estes dias estão curtos demais para a dimensão da minha ignorância e da minha inexperiência. Não levem a mal mas isto é mesmo uma enorme falta de tempo.
Por isso, também não vou comentar nada sobre actualidades ou desactualidades. Estou numa de 'me dá igual'. A minha cabeça está noutro lado e só tenho uma, não consigo que ela esteja ali e aqui e acoli ao mesmo tempo.
Por isso, deixo-vos com duas beldades. Uma é loura e oura é morena. Taylor Swift e Dita Von Teese. Da segunda já não falo aqui há algum tempo mas acho-a o máximo. É a rainha do burlesco, género que makes my days.
Drones não identicados a sobrevoar os céus em 8 estados dos States, a Cristina Ferreira a fazer anúncios a tudo e mais alguma coisa, incluindo a jogo e a apostas, as televisões todas a falar do Almirante e das presidenciais quando falta mais de um ano para as eleições e a malta (a malta real, o povo), para já, se está nas tintas para isso, a ministra Ana Paula, que costuma destratar tudo e todos, na televisão com um sorriso afivelado a demonstrar que agora a amestraram para rir, perguntassem-lhe o que perguntassem, para ver se a gente se esquece de como ela é na realidade. Umas atrás de outras.
Um mundo de patas para o ar, um planeta a voar às arrecuas aí pelos universos, um mundo piroso, em que o nonsense parece estar a normalizar-se.
Por isso, com vossa licença, vou voltar para a minha vidinha.
José Simões, o autor do fantástico Der Terrorist, é um certeiro atirador. Não falha um alvo. Está sempre atento e, quando atira, é a matar. Não se perde, não precisa de muitas palavras, não faz rodeios nem se prende com delicadezas: não senhor, vai direito ao ponto.
E tem uma graça suplementar: ilustra o 'tiro' com imagens extraordinárias. Uma vez são imagens insólitas, muitas vezes divertidas, outras desgraçadamente tristes.
A mensagem a que hoje me refiro tem a ver com o Marques Mendes.
Ontem tentei ver o dito Conselheiro de Estado, putativo candidato a menino de Belém, mas o nível de sonsice era tal que que fugi. Está cada vez mais manhoso, sempre com aquele sorriso de coisa fofa, mas sempre a manipular a conversa a favor do Governo. Diga o que disser, a conversa é sempre encaminhada para parecer que as nódoas do Governo são umas águias e que os críticos são mal intencionados. Julga ele que somos todos uns papalvos. Não somos.
Vou tendo notícias dos meus amigos e vou constatando o óbvio. E só não digo o óbvio ululante porque prefiro não me esticar no vocabulário. Vou manter-me comezinha. E não é que goste particularmente de me ver aqui comezinha mas foi o que me ocorreu. E o óbvio que vou constatando é que hoje é um que tem uma coisa, depois é outro de quem andávamos sem saber e que, afinal, teve uma cena e está internado, num outro dia é uma que é operada às cataratas, e depois é alguém que conta que vai começar a fazer tratamentos. E já nem falo na tristeza que é quando a gente se lembra de alguém de quem já não sabe há algum tempo e aparece alguém que diz, com ar compungido que essa pessoa, infelizmente, já cá não está. Pois é. Não vamos todos chegar aos 120 nem vamos todos de viagem no mesmo dia. Haveremos de ir aos poucos. Mas, felizmente, a maioria ainda está na boa. Mas isto de estar na 'boa' é relativo pois a verdade é que quando não dói aqui, dói ali. Claro que há dias em que não dói nada. Ou, então, dói um bocadinho e a gente cagua nisso (calma, comezinha me mantenho: educadamente interpus um u entre o g e o a -- ah, que sopinha de letras mais gira...).
Como hoje andava a doer-me um bocado o pé, o meu filho disse que eu deveria era fazer mais exercício, que cada vez lê em mais sítios que a massa muscular é fundamental. Não tenho ido fazer deep mix pois estou cada vez mais avessa a compromissos e a horários. Mas, se calhar, tenho que fazer mais do que caminhadas. A lida da casa não é suficiente para não perder massa muscular.
E, agora que falo em lida da casa, fico a pensar em que mais é que poderei fazer que me fortaleça os músculos. Uma das coisas que me parece que é boa para os braços é varrer. E com aquela coisa que não é ancinho mas que também não é vassoura, raspo a terra onde a relva seca, e isso requer força. E ando com regadores de água. E gosto de lavar coisas. Mas passar a ferro, que também deve dar músculo, praticamente é coisa que já não se pratica cá em casa. E limpar o pó odeio. Mas isso não deve fazer nada à massa muscular. Andar a lavar casas de banho, o chão, roupa, tudo isso é bom para mim. Mas peçam-me para limpar o pó e fico doente. É que para limpar o pó sou meticulosa, reentrância a reentrância, por baixo, por trás, as pernas das cadeiras, das mesas, as traves. Tudo, coisinha a coisinha. E, por isso, levo horas. E odeio, odeio gastar horas de vida com uma tarefa tão sem graça.
Talvez por isso, quando chego a qualquer lado, uma das coisas em que reparo é se é fácil de limpar. No verão estive na casa de uma amiga onde ainda não tinha ido. Estupidamente em vez de louvar a graça dos objectos, o ambiente acolhedor ou a beleza das pinturas, o que me saiu foi: 'Limpar esta tua casa deve ser uma trabalheira...'. Ela riu-se. Acho que nunca tinha pensado nisso. Respondeu: 'Não sei, é a minha empregada que trata de tudo. Desde que me reformei só lhe peço é que não ande com os tarecos à volta enquanto eu estiver a dormir.'
Por exemplo, ao ver a casa aqui abaixo, sem dúvida uma casa fantástica, ainda por cima principescamente decorada para esta época festiva, o que penso é que é casa em que eu não poderia viver: ou teria que andar lá sempre gente a cirandar e a limpar ou, então, aquilo deveria estar sempre carregadinho de pó.
Mas vejam. E inspirem-se.
Inside Richard E. Grant’s Georgian House at Christmas | Design Notes
Richard E. Grant welcomes us into his London home at Christmas. Filled with an abundance of treasures, Richard’s house sits within a walled garden littered with the dark foliage of evergreen topiary and ivy-clad trees, all providing an atmospheric backdrop for the attractive façade of his Georgian house.
“It looks like something that, I suppose, I have fantasised about living in since I was a little boy,” says the Saltburn actor as he sits in the drawing room of his rectory. Watch the full episode of ‘Design Notes’ as we tour Richard E. Grant’s house in Richmond, which has been given a maximalist boost of lavish Christmas decorations for the festive season.
Os meninos não dão tréguas. Em especial, ela que que é toda líder, toda voluntarista e determinada, logo que chegou anunciou que vinha tratar das decorações de Natal, dentro e fora de casa. Foi ela para a cave e foi de lá trazendo caixas e baús.
E foi buscar o escadote e depois, claro, precisou de ajudantes.
E desencantou pais-natais de que se lembrava de, quando era pequena, ver na nossa outra casa, bonecada de que eu já nem me lembrava.
Mas ela estava feliz pois o rever estes enfeites despertou nela uma certa nostalgia.
E contou a toda a gente, inclusivamente por telefonema, que tinha descoberto os pais-natais da outra casa, e adorou também encontrar as bolas grandes que ultimamente não tinham saído à cena.
E agora há bolas numa árvore, fitas noutras, uma coroa natalícia num portão e um laço no outro. E há de tudo um pouco e a casa está alegre e festiva, com luzinhas que são uma graça.
E para o jantar anunciou que ia fazer cebola caramelizada para pôr por cima dos hambúrgueres e, sozinha, cortou cebola, muniu-se de ingredientes e fez o que eu não sabia que se fazia assim: com manteiga, açúcar mascavado, vinagre balsâmico. E ficou espetacular. E ajudou a rechear os hambúrgueres feitos à mão com queijo da ilha ralado. Isto com o cão a chatear e a ter que ser posto fora da cozinha.
E depois de ter tomado banho, pediu para lhe secar o cabelo, coisa que faço de gosto e que sempre acorda em mim o gosto de ser cabeleireira.
Os rapazes estiveram mais sossegados, a guardarem-se para atacar à hora das refeições.
Agora já dormem pois amanhã dois deles têm programa bem cedo. E ao almoço já cá estão de volta, desta vez também com os pais.
E se agora conto isto é porque esta é a minha realidade, diametralmente oposta à de Jenny Jackson.
Esta mulher já apareceu noutros vídeos desta série e sempre me espanto com a sua franqueza, com a sua incrível humildade e, ao mesmo tempo, orgulho e dignidade. Vive sozinha. Habitou-se a viver sozinha. Gosta de viver assim. Sente-se independente. Mas, ao ficar com muitas dores nas costas, agora que a idade já avançou um pouco mais, sentiu que precisava de ajuda. A forma como ela fala disso, tão sincera, tão espontânea, é tocante.
O vídeo é, em minha opinião um testemunho fantástico, e talvez nos ajude a perceber como podemos ajudar os que estão sozinhos e têm receio de perder a sua independência (ou a sua dignidade) caso peçam ajuda.
Está legendado de origem em português pelo que se vê (e ouve) lindamente.
I OWE you my LIFE
There comes a moment in every life when the weight we carry feels too great to bear alone. In these moments, a choice appears: to keep struggling in silence or to open ourselves to the strength and kindness of others.
This story is about that choice — a journey of discovering the beauty in being vulnerable, and in finding that this simple act can transform not just ourselves but those who stand ready to help.
It’s not easy to let go of the walls we build to protect our independence, but when we do, something remarkable happens. Bonds, delicate yet enduring, can be forged; a quiet, gentle exchange of giving and receiving becomes a shared act of humanity, binding us ever closer to one another and reminding us that we are not alone.
Featuring Jenny Jackson.
Filmed in Hermanus, South Africa.
This is the fifth film that we have made together with Jenny. If you've missed the others, you can see them here:
O meu marido não lê poesia. Não lhe dá para isso. Poucas pessoas daquelas com quem me dou leem poesia. Creio que são pessoas demasiado pragmáticas, talvez habituados a uma vida apressada. Ou talvez não. Talvez não se deem tempo para o silêncio, talvez não se deem oportunidade de se apropriarem das palavras e as ajustarem ao seu corpo, à sua mente, ao seu coração. Quando leem um livro, procuram um enredo ou um ensinamento naquilo que leem. Não lhes apetece ler poucas palavras que, em si, pouco dizem. Não dão tempo a que as palavras se expandam para ocuparem espaço dentro de quem as lê.
Eu também nem sempre estou disponível para a poesia. E também sou muito niquenta. Muito do que se publica como poesia parece-me um disparate, quase uma afronta. Mas muitas vezes o problema é meu.
No outro dia li um livro de um poeta premiado. Fui lendo e ia pensando: 'Caraças? Mas o que é isto...?'. Parecia-me uma coisa vazia, sem sentido, sem beleza, sem apelo.
Há dias voltei ao mesmo livro. E dei-me tempo. Aquelas palavras falaram comigo. Li de outra maneira. Afeiçoei-me aos poemas.
E depois há outro aspecto, a forma como se lê (mesmo que em silêncio).
Quando ouço ler, também muitas vezes não gosto de ouvir. Um tom muito empolado, muito arrastado, muito forçado, a pretender a grandiloquência causam-me enjoo, sou forçada a desligar, não consigo ouvir. Uma pessoa que gosto muito de ouvir é a Helena Bonham Carter. Há entre ela e as palavras que escolhe ler uma simbiose virtuosa. Por exemplo, o poema abaixo. Que maravilha.
Helena Bonham Carter lê Love after Love de Derek Walcott
Mais uma vez estou a ver o Eixo do Mal. Como já deu para perceber, ver as actuações da Clara Ferreira Alves tiram-me do sério. É uma papagaia, fala de cor, empola o que diz para disfarçar a vacuidade do seu conhecimento. Cansa. Irrita. Vê os filmes todos ao contrário. Convenço-me até que não é apenas uma matraca falante e mal informada, que é mesmo pouco ou nada inteligente. E depois como fala sem pensar e sem saber do que fala, tão depressa diz uma coisa como o seu contrário.
O meu marido, de cada vez que ela fala, insurge-se e insulta-a à bruta, sempre a querer fazer zapping. E eu estou quase a fazer-lhe a vontade antes que a sujeita dê cabo da nossa saúde.
Neste momento está o Pedro Marques Lopes, muto bem, racionalmente, a desmontar a cegada que ela para ali esteve a armar. Aliás, está a dar-lhe uma rabecada das valentes. Se ela fosse inteligente (que não é), enfiava-se debaixo da mesa.
Não percebo porque é que a SIC contrata uma criatura como ela: alarmista, desbocada, fútil, mal informada. Praticamente tudo o que diz são tolices, ainda por cima mal fundamentada. Não deviam abrir-lhe um microfone à frente da boca pois dali não vem uma que se aproveite.
E o Luís Pedro Nunes, uma vez mais cavalgou a onda das bocas, e agora está a levar com a fúria não apenas do Pedro Marques Lopes mas também do Daniel Oliveira.
Mas quer o poupas quer a depenada têm uma característica: mal percebem que o que disseram não tem ponta por onde se pegue, ajeitam a conversa. Ela muito mais que ele, claro.
Por isso, para não me focar nem nela nem no vizinho do lado, desloco-me antes para um território mais divertido.
Já no outro dia, a minha filha fotografou o nosso cabeludo mais fofo e enviou-nos a fotografia com um cheeeese como legenda.
E o que engraçado no nosso amicabeludo é que se faz à foto. Pedimos-lhe para se virar para nós e para esperar para o fotografarmos e ele, sempre tão teimoso e temperamental, neste caso aceita e olha para a câmara.
Hoje fomos ao centro comercial com ele. Adora. Mal sai do carro, puxa, puxa, todo feliz. Adora andar no meio da confusão. Mas, então, a graça de se cruzar com um também todo cabeludo mas que devia ser dez vezes mais pequeno que ele, branquinho, e com um casaquinho. O outro virou-se para o meu, todo entusiasmado. O meu virou-se curioso, olhou-o de alto a baixo e, imediatamente, virou-lhe as costas. Um desprezo olímpico. O outro ainda a querer festa e o meu a ignorá-lo em grande estilo.
Mas o que vos convido é a ver o vídeo abaixo onde se podem ver os 10 animais considerados com mais piada, no concurso The Comedy Wildlife Photography Awards.
The 10 funniest animal photos of the year | BBC Global
The Comedy Wildlife Photography Awards crowned the funniest animal photos of the year.
Ainda está em teste e a ser avaliada a sua utilização (em 266 escolas nos Estados Unidos). E o 'tutor', que foi designado por Khanmigo, ainda se engana de vez em quando. Ou seja, não se pode já dizer que isto já está no 'terreno'. Não, está em fase piloto. Mas há uma equipa de técnicos e de professores a monitorizarem todas as situações e a incorporarem no algoritmo as devidas alterações.
Contudo, face ao que se vê, dá para perceber que no prazo de uns dois anos, se calhar até antes disso, se terá atingido o estado da arte que permitirá a sua extensão a todas as escolas e, provavelmente, a todo o mundo (pois acredito que já esteja a ser traduzido para ´muitas línguas).
Não será capaz de substituir apenas (muitos) explicadores: irá alterar radicalmente a forma de ensino. Não digo que substitua os professores mas, certamente, muitos professores não conseguirão acompanhar a pedalada do Khanmigo. Quanto aos encarregados de educação, terá também que ser um salto gigante.
Tal como, quando eu estudei, não havia internet e tudo o que sabíamos tinha que ser obtido nas aulas ou através dos livros (ou sebentas) que tínhamos à nossa disposição e agora já há internet para pesquisar tudo e mais alguma coisa e até parece impossível termos conseguido viver sem motores de busca, GPS, e etc, daqui por algum tempo parecerá impossível ter-se conseguido avançar escorreitamente no ensino sem ferramentas como o Khanmigo.
Apesar de ser de alguma duração (cerca de 13 minutos), sugiro que dispensem atenção pois é um avanço fantástico a que está a assistir-se na forma como se ensina e se aprende.
Meet Khanmigo: The student tutor AI being tested in school districts | 60 Minutes
Khanmigo, an AI-powered online tutor, could change the way teachers work and students learn. Created by Khan Academy, the new technology is being piloted in 266 school districts.
Como hoje, por aqui, está bastante frio, vesti uma camisola fininha mas quente, relativamente comprida, quase túnica, com bolsos, e com uma gola que pode estar dobrada e fazer um simpático e pequeno decote em bico mas que, na rua, em especial quando o sol deixa de agasalhar e o frio aperta, pode subir e, se eu quiser, fica até um capuz baixo. É muito confortável e flexível. É num tom neutro, mais cinzento clarinho que beige, e sinto-me bem com ela.
Agora que aqui me sentei, não me apetecendo mergulhar no déjà vu que é o dia a dia do mundo com as suas contradições, umas arrepiantes, outras assustadoras e outras que, de tão boas, quase parecem que a malta anda in the sky with diamonds, resolvi ir de visita à Madame le Figaro.
Para além do aspecto histórico das indumentárias com golas bem altas associadas à aristocracia, há agora também a elegância associadas à discrição, permitindo encobrir um pouco o rosto (e que pode ser conjugado com uns óculos escuros que, no conjunto, quase garantem o anonimato).
Victoria Beckham porte un manteau ceinturé au col montant tiré de sa propre marque. (Paris, le 13 novembre 2024.) Marc Piasecki / GC Images
Pour les fêtes, on ose le regard œuvre d’art. Plume Creative / Getty Images
Li com atenção o artigo e dali até saltei para outros artigos que contêm tutoriais que ensinam a disfarçar olheiras, papos debaixo dos olhos, rugas e pele baça. Há toda uma longa literatura e talvez milhares de vídeos que ensinam truques e recomendam produtos que tapam, que iluminam, que chamam a atenção para outros pontos, que alongam, que prolongam. Um longo filão.
Ora, depois de ter visto tudo isto, eis que passo para outro artigo em que uma escritora recomenda um livro. Não a conhecia a ela nem conheço o livro (que deve ser interessante). O que chamou a minha atenção foi outra coisa: as olheiras dela.
No mesmo local em que se ensinam truques para que as mulheres tenham um olhar fascinante, aparece esta mulher que parece mal dormida.
E a verdade é que, apesar disso, acho que é um belo olhar, acho que, apesar de despida de disfarces, tem imenso carisma. Para dizer a verdade, quem é BCBG é mais deste género do que quem tem olhares tão maquilhados que não deixam antever a alma de quem os possui.
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Entretanto, está na altura de se falar das ementas das festas, de como arranjar as mesas, de como levar o ambiente acolhedor e luminoso da época festiva à decoração, etc.
Dans les chambres et les salons, vases, pampilles et potiches de Bernardaud sont sublimés par les fleurs et les végétaux choisis par Jean-François Boucher, meilleur ouvrier de France, et responsable de l’atelier floral du château. Franck Juery
Também gosto de ver mesmo que, na prática, quando sou eu a tratar do assunto, havendo por cá um bando de jovens ruidosos, alegres e esfomeados, não se consiga seguir a etiqueta dos momentos bem comportados. E é que às tantas uma pessoa até quase esquece de como é a verdadeira etiqueta.
Nada, claro está, que também não se consiga relembrar:
Découvrons les bonnes manières avec Marie de Tilly
Ia dizer que não sei como é que o Natal degenerou nisto, num festim para os comerciantes e num aparato generalizado, desde as casas às ruas, já para não falar no espírito transformista que desce em nós. Aqui onde vivo já há muitas casas decoradas e iluminadas, pais natais em cima de telhados, estrelas luminosas em cima das árvores do jardim. E até eu, ao ver umas meias de Natal no supermercado, comprei-as e ando com pais-natal, renas e merry christmas brilhantes a forrar-me os pés. E o mais certo é que um dia destes ponha uma bandolete com chifres de rena para não destoar quando cumprimentar a família do lado que, na altura, se apresenta integralmente vestida com camisolas de Natal, iguais.
O tema do que vai ser o almoço festivo do dia de Natal já está em cima da mesa e não reúne consenso.
E, mentalmente, ponho-me a percorrer o que já comprei e o que está em falta pois tenho terror de, na altura da troca de presentes, constatar que me esqueci de alguém. Nunca me aconteceu mas deve ser semelhante a chegar à rua, de saia, e reparar que me esqueci de vestir cuecas. Tal nunca ocorreu mas lembro-me de já ter sonhado com isso e não ter sido nada bom.
E felizmente já não estou a trabalhar senão já andava na roda-vida dos almoços e jantares de Natal. Ainda me lembro da primeira vez em que um dos jantares foi para umas valentes centenas de pessoas, gente que vinha de muitos lados, incluindo de Espanha, e apenas se arranjou um espaço habitualmente usado para casamentos. Eu, de noite, a conduzir sozinha, sem conhecer nada daqueles lugares, passando por estradas sem luz, eu que tenho um sentido de orientação desgraçado, num lugar que não vinha no gps do carro (naquela altura ainda não havia waze)... um stress. Ligava para me ajudarem e perguntavam-me onde é que eu estava mas eu sabia lá eu... Já só me apetecia desistir, mas nem para voltar para trás eu sabia o caminho. Um desespero do caraças. Por fim, lá fui parar. Uma quinta gigante com um parque de estacionamento gigante e eu a tentar perceber onde é que estava a deixar o meu para depois conseguir dar com ele... E juntava-se o útil ao agradável: havia sorteio de cabazes de natal e outros presentes, e havia entrega de medalhas e diplomas e sei lá mais o quê. Aquilo durava, durava, durava, com muitas palmas e muitas fotografias à mistura. Quando chegava a casa, às tantas, ia mais exausta que sei lá o quê. E no dia seguinte lá tinha que me levantar cedo para mais um dia de reuniões e complicações.
Felizmente já me livrei disso... Agora são os meus antigos colegas e nova gente que por lá ande a ter que cumprir com essas maravilhosas tradições.
De qualquer forma, a vida prossegue.
Como está vento, fiz duas máquinas de roupa. Esqueci-me que o vento não é tudo pois, por outro lado, os dias estão curtos e, mal o sol se põe, desce a humidade. Por isso, a primeira leva secou que foi um mimo mas a segunda não. Não faz mal. Agora está num estendal abrigado e amanhã logo acaba de secar.
Para o jantar, comprámos comida nepalesa. Ando um bocado preguiçosa para cozinhar. Nem sei se é preguiça ou se é falta de inspiração. Isto de uma pessoa ter que puxar pela cabeça para não sei quantas refeições por semana é uma seca. De vez em quando, apetece-me comer apenas salada de alface com fruta, queijo fresco, frutos secos, temperada com azeite, orégãos e um pouco de mel. Sempre gostei de comer coisas assim, cruas, frescas. Mas o meu marido não vai nisso. Nesses dias come uma sandwich; mas não é sistema. Por isso, volta e meia compramos comida feita, geralmente sushi ou comida nepalesa. Outras vezes comida grega ou pizzas artesanais em forno de lenha. É fácil e bom.
E agora, enquanto escrevo, vejo nos noticiários o carnaval das presidenciais que são daqui por mais de um ano. Perseguem o Almirante por todo o lado, não largam o homem, massacram-no com perguntas e mais perguntas, e depois avançam os comentadores a criticar o pobre homem dizendo que anda a alimentar este assunto. Por vezes convenço-me de que os jornalistas e os comentadores são completamente burros.
Quanto ao assunto, aqui fica já dito o seguinte: no Marques Mendes não vou votar, no Paulo Portas não vou votar, no António José Seguro não vou votar, no António Vitorino não vou votar. Já os conheço, já sei como são e não me agradam. Não falo no Almirante porque não sei o que pensa, não o conheço.
Acho que o próximo presidente devia ser uma mulher de centro-esquerda. Já aqui o disse: não estou a ver quem seria possível a não ser a Elisa Ferreira. Mas não a conheço bem, não sei se teria perfil para isso. Como executiva e deputada europeia parece ter sido muito capaz.
Mas há mais do que tempo para se pensar nisso.
Quanto à Síria, para já o que nos chega são boas notícias. A libertação de prisioneiros políticos, o regresso dos refugiados, a alegria que se vê nas ruas é um sinal de esperança e um motivo de alegria. Tomara que se aguentem bem e que aquilo não vire bagunça da grossa. Espero que não, espero que a liberdade e a democracia vinguem (mesmo que, para já, uma democracia um bocadinho coxa mas há que dar tempo...).
Para o Presidente Bashar al-Assad é que não terá sido Natal, ao ver-se sem aqueles 40 carrões de luxo que tinha na garagem. Correu para os braços do seu amigo Putin, pois claro, e é bom que por lá se mantenha. Estão bem um para o outro. Cambada.
Seja como for, que entre a Sabrina Carpenter, ho ho ho,
A Nonsense Christmas com Sabrina Carpenter Monologue Song
No outro dia, aqui nesta vossa humilde chafarica, verifiquei um número anómalo de visitantes a reler um post já antigo. Fiquei muito admirada. Quando vi o título, percebi.
Muita gente foi aos motores de busca escrever "éramos felizes e não o sabíamos", expressão que, como sabem, foi usada pelo desbocado Marcelo a propósito dos 8 anos em que trabalhou com António Costa. (Anda a ver se se limpa... mas não se limpa porque não somos desmemoriados nem mentecaptos). Mas, então, os algoritmos mandaram essas pessoas aqui para o Um Jeito Manso.
Nesse post, escrito no fim de Março, eu questionava-me sobre o que estava para vir. A crise Covid era recente, ainda se sabia muito pouco, estávamos todos confinados. Por sorte, temos possibilidade de nos refugiarmos num dos lugares do mundo em que nos sentimos melhor. Estávamos, pois, no campo. Mas trabalhávamos desde manhã muito cedo até às tantas da noite, passávamos os dias inteiros ao telefone ou em frente ao computador e os problemas choviam-nos em cima, em catadupa. Mal tínhamos tempo para almoçar e via-me aflita para conseguir preparar as refeições.
Acresce que nessa altura a minha mãe ainda resistia e dispensar a fisioterapeuta que ia lá a casa e não queria correr o risco de melindrar a senhora que lá ia ajudar com o meu pai pelo que não lhe dizia para se descalçar ou para usar máscara. Achava que era tudo um bocado exagero ou que só acontecia aos outros. Isto enquanto eu acompanhava a aflição de um colega com o pai com uma dor nas costas, depois sem respirar e, por fim, em meia dúzia de dias, a morrer de covid. Contava à minha mãe e ela achava que eram pessoas sem cuidado. Tive que dizer que ia eu telefonar à fisioterapeuta e à outra senhora para ela se encher de coragem e passar a seguir as indicações da DGS.
Os noticiários abriam e fechavam com os números crescentes de casos e de mortes.
Por isso, naquele post eu relembrava os tempos tranquilos pré Covid e interrogava-me sobre o que estaria para vir.
E, também aqui, reli com prazer. Lembrava os tempos em que um grupo de directores, praticamente todos da mesma idade, todos muito irreverentes e bem dispostos, todos amigos uns dos outros, curtiam à grande. Curtíamos no sentido de nos divertirmos à séria. Também trabalhávamos (e, sempre tive essa ideia, trabalhávamos articuladamente e bem) mas era um prazer, uma alegria.
Ao escrever, relembrei alguns episódios que me fazem sempre sorrir. Ainda ontem o meu marido relembrou um episódio, dos mais picantes e salgados a que assisti, e assisti no meu gabinete (que era um ponto de encontro), que me faz rir à grande sempre que dele me lembro. Como o meu marido conhecia bem os dois envolvidos, na altura contei-lhe. E também achou o máximo. Passou para os nossos anais da truculência, da malícia, da malandrice. (Não faz parte do que contei no post referido).
Depois mudei para uma empresa em que eram todos muito betos, na realidade, supé-betos, daqueles que não se acham betos porque acham que os betos são uma classe inferior, nouveau riches, pois eles, pelo contrári,o são sobretudo old money. Mas que, na verdade, são betada da maior, até à medula. Tudo boa gente, educadíssimos, simpatiquíssimos... mas incapazes de uma brejeirice, de um palavrão. Senti-me desterrada. Era só trabalho, trabalho, trabalho... e, caraças, uma seca...