quarta-feira, outubro 01, 2025

Ai Lisboa, Lisboa...

 

Não sei, de fonte segura, há quanto tempo não passeava no Chiado. Lembrei-me de verificar aqui no blog. A última vez em que aqui registei um passeio por lá foi em 2022. Depois dessa data já registei passeios na Avenida da Liberdade, várias vezes em Belém, Parque das Nações, Gulbenkian, Parque Eduardo VII, Avenida da República, etc. E, claro, não registo os lugares que frequento regularmente como é o que caso da Avenida de Roma e adjacências que a isso, muito sinceramente, já não consigo ver motivos para fotografar pois felizmente é um lugar que tem sabido manter-se igual a si próprio. Mas a questão é que não vou falar de Lisboa em geral mas especificamente da zona do Mercado da Ribeira, Cais Sodré, Rua do Alecrim, Chiado, Rua do Carmo, Rossio, Ruas da Baixa. 

Desde tempos imemoriais esta zona sempre foi das que mas gostei em Lisboa e das que mais frequentei. Houve uma altura em que passava por lá diariamente e, mesmo quando a percorria por motivos utilitários, o lado de turista acidental nunca deixou de estar presente. Alfarrabistas, livrarias, moda, pessoas que passam e que tornam o local ideal para fazer fotografia de rua, tudo ali sempre foi muito apelativo para mim.

E se dantes ia bastante assiduamente a verdade é que, nem sei bem porquê, passaram três anos sem me lembrar de lá ir (isto admitindo que a última vez corresponde a quando aqui o documentei).

Ontem acordei a pensar que estava com saudades. Fomos.

E não sei como descrever o que encontrei. Até me fez lembrar aquele sonho que volta e meia tenho em que volto ao meu local de trabalho e mal o reconheço: o espaço diferente, as pessoas todas novas.

Uma quantidade inexplicável de tuk-tuk, uma coisa como não poderia esperar. Grande parte deles estão engrinaldados de flores coloridas, outros parecem carros antigos. Claro que em 2022, na Baixa, já os havia. Mas não era a avalancha que é agora e eram mais simplórios, quase artesanais. Agora é uma estridência colorida, uma coisa que diria mais enquadrada nas Caraíbas ou no México. Mas, sobretudo, a quantidade. 

Claro que se há procura, a oferta adequa-se e, portanto, isso significa que há muito turismo que os procura. Por isso, há que ver a racionalidade económica da coisa. Ando por estas ruas e sinto-me estranha no meio de tantos, tantos, tantos turistas, muitos com aquele stick (agora com um peluche ou outra coisa na ponta) que segura o telemóvel, e de tantos tuk-tuks. Mas é o que é, o dinheiro do turismo é assim que entra.

Mas não é só isso. Praticamente já não há comércio tradicional. Grande parte das lojinhas foi à vida. E não posso dizer mal disso pois se não se aguentavam, se não havia procura que as tornassem viáveis, o que poderiam fazer os donos? Há agora sobretudo as marcas internacionais que estão nos centros comerciais e em todo o lado, Oysho, Ale Hop, Mango, H&M, etc. A Rua do Carmo, então, é uma desolação, a caminho do abandono. Os prédios reconstruídos anularam as lojinhas. Os passeios da Rua do Carmo estão com pouco movimento, a rua parece meio desolada.

E depois os restaurantes da Baixa são todos iguais uns aos outros, iguais aos que se encontram em volta da Marina de Vila Moura e em todos os lados em que o turismo massificado impõe ementas iguais, plastificadas, normalizadas, com as mesmas fotografias dos mesmos pratos. Tínhamos pensado ir àqueles restaurantezinhos beirões das ruas intermédias em que ainda se comia genuína comida portuguesa. Não descobrimos um único. Esplanadas nas ruas, turistas e mais turistas, tudo a comer a mesma coisa, os empregados a dirigirem-se a nós em estrangeiro.

Pensámos depois ir à Pizzaria Lisboa, do Avillez, que apreciávamos. Descobrimos que mudou de sítio, já não é ali ao S. Carlos. Agora está junto com a Taberna e com o Páteo, na Rua Nova do Trindade. Chegámos lá, estava fechada, salvo erro só abre à noite. 

Por essa altura já só nos queríamos pirar de todo este despropósito. 

Voltámos a pé até ao carro que tinha ficado cá em baixo, ao pé da Ribeira, ié Time Out, e rumámos até Belém, um restaurante que é excelente na qualidade da comida, no espaço, na vista, na frequência. Até ficámos ao lado da última ministra da Cultura, um espécime raro e que vem dos tempos em que a civilização era uma coisa concreta. Depois já houve outro, mas era homem. Agora nem homem nem mulher, já não há ministério exclusivo para a Cultura, agora é uma moçoila que tem a cultura tal como tem várias outras coisas e de quem nunca se ouviu que tivesse alguma ideia para o que quer que fosse, provavelmente nem ela sabe bem porque a puseram a tomar conta de coisas que não têm nada a ver umas com as outras. O Montenegro é assim, tem tanta apetência para a Cultura como eu tenho para jogar às cartas.

Claro que, a caminho do restaurante, passámos pela rua dos pastéis de Belém, outra confusão. Tudo o que cheira a típico, está invadido. Bom para o comércio mas, da maneira que é, diria que, a prazo, são tiros nos pés.

Mas, enfim, onde estivemos, estivemos bem, um oásis.

E vim a pensar: como se degradou tanto a qualidade e o ambiente numa das zonas mais nobres de Lisboa? Como foi possível que a Baixa e o Chiado se descaracterizassem desta maneira?

Claro que ainda bem que se têm vindo a reabilitar os prédios devolutos ou a cair de podres. Em tempos, a Baixa, à noite, sem ninguém, chegou a estar aos caídos. E isso também era mau.

Mas estou em crer que, em todo este processo, está a faltar um plano, uma estratégia, uma visão. Provavelmente a Câmara deveria exigir que parte dos edifícios a reabilitar se destinasse a habitação para jovens e para a classe média. Com isso viria mais uma porção de coisas: escolas, pequeno comércio, minimercados, pequenos jardins, pequenos parques infantis. É a habitação para jovens, pequenos apartamentos a renda acessível, e a habitação para classe média, que traz vida aos lugares. É essencial, essencial. Depois também, ok, concordo, licenças para hotéis ou apartamentos de luxo. Mas tudo estaria integrado, haveria lugar para todos, e garantir-se-ia que se mantinha a genuinidade da cidade. Urbanismo, humanismo, qualidade de vida, preparação do futuro -- tudo coisas que parece que desapareceram desta zona de Lisboa.

Não sou saudosista, não sou conservadora, não sou reaccionária. Sou o oposto de tudo isso. Mas hoje vim triste, desgostada com esta parte de Lisboa de que eu tanto gostava e que já mal reconheci. Isto vai pagar-se caro.

Costumava fazer sempre dezenas e dezenas de fotografias. Desta vez nem me apeteceu. Partilho aqui apenas duas. Sempre gostei de fotografar pessoas e montras. Partilho apenas duas montras.

E depois outra coisa: a Avenida 24 de Julho está degradadíssima, muitos prédios num estado desgraçado, a escadaria que vem do Museu de Arte Antiga meio ao abandono, o pequeno jardinzito por baixo a mesma coisa, edifícios devolutos, entaipados. Uma tristeza. Caraças. 

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Desejo-vos um dia feliz

terça-feira, setembro 30, 2025

A falta de sanidade da Saúde e do Marcelo
-- A palavra ao meu marido --

 

Hoje foi publicado um relatório do IGF que confirma que chamar gestão à governação da actual liderança do INEM e à governança do Ministério da Saúde é um equívoco tão grande como confundir alhos com bugalhos, o género humano com o Manuel Germano ou a beira da estrada com a Estrada da Beira. 

Entre outras situações próprias do pior desgoverno, o relatório refere, segundo o noticiário da Antena 1, que os custos do INEM em 2024, face a 2021, aumentaram  45% por cada português e 29% por cada pessoa socorrida. Um enorme aumento como o referido justificar-se-ia, embora pareça difícil de explicar, no caso de ter havido um enorme aumento na qualidade do serviço. O que constatamos foi exatamente o contrário. Na prestação de serviços pelo INEM, o ano passado, as  barracas trágicas, sem comparação com anos anteriores, foram o pão nosso de cada dia. Mais uma quantidade estúpida de dinheiro torrado sem nenhum benefício. 

E o presidente do INEM, que soma barracas a seguir a barracas, e a ministra que tutela o INEM, que só por si é uma autêntica barraca, continuam a assobiar para o lado num coro meio afinado com o Montenegro. 

Até tem que vir "o mais desejado" -- também conhecido por Passos Coelho -- dizer que a saúde está um desastre, que tem que ser gerida e que os gastos com a saúde são incomportáveis. 

Que pouca sorte para o Montenegro & Cia. que até o Passos vem criticar este regabofe. 

O Marcelo mostrando a sua habitual sanidade e perspicácia veio dizer que estava preocupado com a saúde mas não deve estar muito pois diz que só fala depois das autárquicas. O curioso é que exatamente o mesmo Marcelo disse ontem que não dava para fazer leituras nacionais dos resultados das autárquicas. É o Marcelo no seu melhor. A hipocrisia do costume. Como o catalogou Passos Coelho, um catavento

Também não é impossível que este enorme aumento de custos promovido pela ministra e a degradação da qualidade de serviço do SNS não sejam apenas incompetência, sejam também fruto de uma certa estratégia inconfessa do governo, com o  PM na liderança, para passarem a saúde para os privados e darem cabo do SNS. Uma coisa é certa isto não vai lá com valium, têm que ser internados com urgência!

segunda-feira, setembro 29, 2025

Por dentro do Chega -- alguns excertos

 

Por mim nem me ocorreria comprar, mas ofereceram-me o livro de Miguel Carvalho, "Por dentro do Chega, a face oculta da extrema-direita em Portugal". Apesar de não ser o que consideraria primeira prioridade, a verdade é que resolvi dar uma espreitadela. Aliás, se há coisa que me desperta curiosidade é perceber o que leva tanta gente a aderir a um partido em que apenas uma pessoa tem representatividade e em que não se apontam soluções para nada, apenas se diz mal de tudo de forma exacerbada, frequentemente assentando tudo em mentiras e manipulações, e em que muitos do que lá se arregimentam praticam os crimes contra os quais tão inflamadamente se insurgem. Portanto, pensei que talvez encontrasse ali a resposta.

O que abaixo transcrevo não é o melhor pois ainda vou mais ou menos no início. O que tenho estado a fazer é, à medida que vou lendo, ir recortando, para aqui, aquilo que me chama mais a atenção.

Portanto, aqui vai um cheirinho.

Das citações referidas no início: «Dir-vos-ei o que me trouxe à posição que alcancei. Os nossos problemas políticos pareciam complicados. O povo alemão não podia fazer nada com eles [...] Eu, por outro lado, reduzi-os aos termos mais simples. As massas compreenderam isso e seguiram-me.», ADOLF HITLER

Se algo podemos verificar neste tipo de partido é o facto de projetar nos adversários os pecados e vícios que habitualmente comete longe dos holofotes.

A história do Chega é também a de um político forjado no sensacionalismo, com um poderoso microfone, dono de um discurso incendiário e de um partido que o aplaude em apoteose. Atrás do pano, essa mesma força política também se revela um cortejo de traições, intrigas, vendettas e disputas sanguinárias pelo poder, por vezes com relevância criminal.

(André Ventura mostra) trejeitos de profissional da stand-up comedy, de pastor evangélico ou guru das vendas diretas.

Um excerto do filme O Pub The Old Oak, do britânico Ken Loach, devolveu-me o retrato da clientela que André Ventura procura e que eu conhecia, em parte, das minhas andanças pelo país — e o porquê da adesão às suas narrativas. «Todos procuramos um bode expiatório quando estamos na merda», desabafa, a dada altura, a personagem T. J. Ballantine, dono do último pub de uma deprimida e antiga comunidade mineira do Reino Unido, onde, de surpresa, se instalam refugiados sírios. «Nunca olhamos para cima, olhamos sempre para baixo. E culpamos os desgraçados que estão abaixo de nós», continua T. J. «É sempre mais fácil esmurrar-lhes a cara.»

De 2014 até à primavera de 2020, Ventura comentou temas de crime, justiça e futebol na CMTV. Fê-lo em programas com mais de 100 mil espectadores por emissão, onde, por vezes, pouco faltava para espirrar sangue ou alguém levar um cartão vermelho. Com tempo e mestria, Ventura traduziu isso em votos.

(André Ventura) recorria a mentiras de bradar aos céus e meias-verdades viscosas, é certo, mas sem pontapés na gramática e com uma oratória imbatível, acessível às mentes menos reflexivas. Só quando sossegava a faceta de entertainer é que transparecia a megalomania. Vaidoso, procurava adoração e obediência. Não se importava que, de fora, o subestimassem — até preferia. O seu único receio era perder o «brinquedo», o partido através do qual catequizava descontentes, fanáticos, oportunistas e lunáticos em nome daquilo a que o sociólogo polaco Zygmunt Bauman chamou retrotopia: a nostalgia por um passado idealizado, e não vivido, que alastra de mãos dadas com a degradação das condições de vida, a instabilidade e a fragilidade do Estado Social. Tudo campo aberto para o tribalismo e uma guerra de todos contra todos. Parte desse povo via-se refletido no retrovisor de Ventura. «Em todas as democracias liberais», disse a cientista política australiana Karen Stenner, «cerca de um terço da população tem predisposição para o autoritarismo».

(No 2º livro escrito por André Ventura) surgem metáforas sobre um marinheiro num «mar de pecado» e de «um guerreiro na planície conquistada». E, por fim, um «gemido demoníaco» e momentos de «torrente orgásmica» como um «riacho furioso». A juntar a tudo isto, Arafat é gay, tem «lábios grossos» e rodeia-se de homens «de ombros musculados» e seguranças de «corpo robusto e altamente trabalhado».

[e continua...]

domingo, setembro 28, 2025

Ansiedade, bullying, fobias sociais

 

Por vezes receio que pensem que estou a pintar uma versão ficcionada e melhorada de mim. Mas não é, limito-me a dizer as coisas como as penso ou recordo.

Estava a ver o vídeo que aqui partilho, no qual duas pessoas que admiro, uma há mais tempo, o médico Drauzio Varella, e outra mais recentemente, o influencer Felca, e dei por mim a pensar que, felizmente, nunca sofri bullying nem mesmo em miúda, nem me lembro de ir contrariada para a escola. Serei diferente do resto do mundo?

Mas, pensando bem, também não me lembro de saber que algum dos meus colegas o sofreu. Contudo, sabendo-se que quem o sofre muitas vezes o sofre em silêncio, será que eu é que não dei por isso? Ou será que, também sem dar por isso, algumas vez eu o pratiquei?

Do que me lembro sempre gostei de toda a gente, sempre me dei bem com toda a gente, gordos ou magros, altos e baixos, feios e bonitos. Mas também sempre fui distraída, indiferente à intriga, bem disposta, divertida. Sei lá se alguma vez não me desatei a rir por qualquer coisa e se o meu riso não foi entendido por alguém mais sensível como troça? Não sei. 

E lembro-me de uma colega muito doce, muito silenciosa, com um ar sempre vagamente triste. Porque seria? Não me lembro. Sentir-se-ia mal amada pelos colegas? Quando soube que já tinha morrido fiquei muito impressionada, fiquei a pensar que se calhar ela não tinha conhecido a alegria de viver ou que, se calhar, desde sempre ela tinha trazido a morte dentro de si (e, pensando isto, reconheço que não faz muito sentido pois se calhar todos a transportamos dentro de nós, sejamos tristes ou alegres).

E, depois, se calhar não posso pensar nestes assuntos tomando-me a mim por padrão pois nunca me desgostei especialmente com a minha aparência nem me lembro de alguma vez ter sido objecto de troça seja pelo meu aspeto físico seja pela minha maneira de ser. Se calhar fui e apenas não dei por isso. E sei lá se os meus colegas mais magritos ou mais gordinhos (ou magrinhas e gordinhas, porque isto tanto vale para eles como para elas), ou os rapazes que viam os outros a jogar energicamente futebol não tendo eles qualquer jeito ou gosto nisso, ou os que tinham o cabelo mais encaracolado ou os que tinham óculos mais graduados, ou que não conseguiam atinar com alguma matéria ou qualquer outra coisa do género, não se ressentiam quando pensavam que alguém os estava a discriminar ou a gozar.

Por exemplo, havia um rapaz que era por vezes gozado por uma certa particularidade física. Não sei se ele se incomodava com o que diziam. Eu, por exemplo, achava-o o mais sexy de todos, se calhar até por isso mesmo. E era apaixonada por ele. E ele por mim. Se ele se molestava porque o gozavam nunca percebi até porque, para além do mais, ele sabia que isso não impedia que o seu amor por mim fosse retribuído. Mas, se agora o questionasse sobre o assunto, o que será que ele diria? Será que guardou mágoas? Que se sentia revoltado? Envergonhado? Será que aquela irreverência e rebeldia que lhe era tão peculiar resultaria em parte disso?

Hoje estamos todos mais sensibilizados para estes fenómenos. As pessoas já falam mais abertamente das suas ansiedades, dos seus medos, e todos já respeitamos o sofrimento alheio, sofrimento esse que se manifesta das mais variadas maneiras, podendo até ser recalcado ou sublimado.

Quando ouço testemunhos como o do Felca fico a pensar nisto. Quando ele, já com 18 anos, contou aos pais o que se tinha passado nos últimos anos, eles desataram a chorar. Compreendo-os bem. Queremos o bem, a felicidade, o melhor para os nossos filhos. Saber que eles sofreram em silêncio e que não fomos capazes de os ajudar deve ser muito doloroso.

Todo o cuidado é pouco na atenção a prestar aos outros, em especial se forem crianças ou adolescentes. Ter atenção a pequenos sinais, estar muito presente, querer saber, mostrar aos filhos que se está e estará sempre ali para eles é fundamental.

Quando o Felca, que tem milhões de 'seguidores', diz que ainda hoje tem fobias sociais, que ainda tem muitos medos, que, por exemplo, ainda tem dificuldade em ir ao mercado, percebe-se como tantas vezes algumas pessoas têm males profundos, difíceis de desenraizar, que, como ele, cristalizam dentro de si. E percebe-se também como tantas vezes as pessoas que vemos e que julgamos que conhecemos bem podem, afinal, guardar segredos de que jamais desconfiámos.

Felca fala sobre Ansiedade e Bullying com Drauzio Varella


Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, setembro 27, 2025

Cenas pessoais

 

Quando olho para trás admiro-me com a minha indiferença face a possíveis preocupações. Ainda no outro dia, em conversa, recordei que ia sozinha ao dentista ainda era bem miúda. Lembro-me de não apenas ir arranjar dentes como até de tirar um dente. Andava no liceu, não sei em que ano, talvez no actual 9º. Sei que estava a ler 'Por quem os sinos dobram'  e que, por pensar que poderia ficar algum tempo à espera, levei o livro. E recordo isso porque fiquei surpreendida com a surpresa do médico. Uma criança pequena aparece ali sozinha para arrancar um dente e leva consigo um livro que não se esperaria ver nas mãos de alguém daquela idade. E lembro-me de ele também estar surpreendido por eu estar sozinha. A minha mãe dava aulas e logicamente nunca queria faltar. E nem a ela nem a mim ocorreu que pudesse acontecer alguma coisa que requeresse a presença de um adulto. E a verdade é que eu ia sem medo. Nunca fui com medo para o dentista. 

Também ia sem qualquer receio fazer os exames para a inspecção médica que, na altura, era ultra detalhada.

Só comecei a fazer exames ginecológicos regulares ou mamografias razoavelmente tarde. Não me lembrava de tal coisa. Quando tinha algum problema de saúde, por exemplo gripe, ia ao médico de trabalho, nas instalações da empresa, e tudo se resolvia. Mas, uma vez, uma colega da minha idade apanhou um susto com um 'alto' que tinha sentido numa mama, teve que fazer exames, 'aquilo' teve que ser analisado e ela andava atrapalhada e dizia que deveríamos ter cuidado, fazer exames, e espantava-se por eu nunca ter feito nenhum, recomendava que eu não me 'desleixasse'.

Então, acabei por lá ir a um ginecologista (e não ia a um desde que o meu filho tinha nascido) e ele observou-me e prescreveu-me mamografia, eco mamária e eco pélvica. Fui fazer esses exames na maior descontração. Não me ocorreu ter receio ou preocupação.

Por isso, quando o médico que ia fazer a eco mamária se pôs a olhar com muita atenção para as imagens da mamografia que eu tinha acabado de fazer e desatou a fazer-me perguntas que não acabavam, comecei a desconfiar. Depois perguntou se eu não sentia os altos pela palpação... e eu nunca tinha feito palpação. Quando lhe perguntei o que se passava, mostrou-me as imagens e apontou para as bolinhas. Aí assustei-me e acho que até deixei de ouvir. Só voltei a sintonizar-me quando ele, percebendo o meu pânico, me disse: 'Falei em quistos, não em tumores'. 

Tinha entrado na desportiva e saí amedrontada. Na eco pélvica, também tinham aparecido uns quistos.

A partir daí, logicamente tive que passar a vigiar.

Como não estava longe da menopausa, o que se veio a verificar é que os ditos quistos foram desaparecendo. Subsiste um numa das mamas que até já me pregou um susto valente, tendo sido 'picado' (leia-se, objecto de biopsia).

Mas para a biopsia também fui sozinha, apesar de, nesse caso, já nada descontraída. Felizmente, até ver (noc-noc-noc, três vezes na madeira), tudo bem.

Com os joelhos, também sempre fui descontraída. Inflamavam, doíam à brava, e ia trabalhar, conduzia. Cheguei a ir tirar líquido, uma tigela cheia, dores lancinantes, tudo a sangue frio, e sozinha, e ia a conduzir para a clínica e, depois daquilo, voltava a ir a conduzir, sempre com naturalidade, sem me ocorrer que poderia pedir ajuda ou poderia precisar de ser acompanhada. Depois, quando fui objecto de uma polémica artroscopia dupla (polémica porque quase todos os médicos que me viram a posteriori acharam que era escusada, desnecessária e, até, contraproducente) também avancei sem pensar, sem ouvir segunda opinião e sem me ocorrer que intervir nos dois joelhos ao mesmo tempo era capaz de não ser grande ideia. E não foi, não tinha uma perna boa em que me apoiar. Foi dureza.

E quando foi a cena do coração, aquele susto em que pensavam que eu estava a ter um enfarte agudo de miocárdio e me enfiaram numa ambulância e depois na sala de reanimação, também verdadeiramente não me assustei. Pensei que era estranho se calhar estar prestes a morrer e não sentir nada de mais. Mas, no meu íntimo, não sentia pânico, parece que tinha esperança que fosse um equívoco. E, felizmente, era.

E nem falo de quando tive os meus filhos que aí foi a dureza maior: parto induzido, dores e mais dores, dores terríveis durante horas, as crianças sem descerem, depois puxadas a fórceps, e tudo a sangue firo, recusando anestesias e dando indicação que cesariana só em último caso. Mas tudo na maior descontração e, mal acabando o parto, já pronta para outra.

Mas se isto é comigo, já a coisa fia mais fino se há algum problema com filhos e netos. Aí tenho que me controlar muito para não deixar transparecer a minha preocupação. Pode a coisa ser insignificante que eu só descanso quando os sei completamente bem. Quando eram pequenos, ao menor problema, o meu coração sobressaltava-se, aterrorizada que o assunto não fosse debelado, apavorada não fosse a coisa piorar. Uma irracionalidade completa. Salvava-me a calma do meu marido.

Mas agora o mesmo se passa comigo, a mesma preocupação exagerada, em relação a ele. Felizmente tem corrido tudo bem (noc noc noc -- outra vez três vezes na madeira). Mas, no outro dia, aquele jovem médico do SNS, nosso médico de família, sobre um conjunto de sintomas que o meu marido lhe referiu, disse: 'Estou convencido que não é cancro mas só o saberemos se virmos lá por dentro'. Quando o meu marido chegou a casa e me contou fiquei inquieta. Mas escondi, tentei fazer de conta que nem tinha ligado muito. Não quis transmitir preocupação. E, para falar verdade, racionalmente pensei que não, não devia mesmo ser cancro. Mas percebi o ponto de vista dele, pelos sintomas mais valia investigar. Aliás, tinha sido eu a dizer ao meu marido que marcasse consulta. Para além do exame principal, mandou também que se fizessem outros exames, nomeadamente análises. Fiquei numa preocupação, que escondi, até virem os resultados das ditas análises. Mas, felizmente, por aí, tudo bem. Fui ao chatgpt e perguntei se, estando as análises bem, se poderia excluir a hipótese do cancro. Disse que não. Refreei o optimismo que momentaneamente tinha sentido.

Enfim, lá foi fazer o dito exame. Eu estava uma pilha de nervos mas escondi. Nem falei na preocupação aos meus filhos, fiz de conta que era um exame banal. Parece que se falasse nisso estaria a assumir que o pior poderia ser acontecer, e não estava psicologicamente preparada para tal. Curiosamente, foi um dos meus netos, com quem fui a uma consulta por os pais não poderem, a quem eu disse que no dia seguinte o avô ia fazer o exame, que mostrou preocupação e me perguntou: 'Mas é um exame de rotina...?'. Disse-lhe que sim. 

Mas, caraças, estava preocupada.

Pre-ocupada. A mente desnecessariamente 'ocupada' por antecipação.

Felizmente está tudo bem. Respirei de alívio. Fiquei mesmo contente. Acho que nunca estive tão preocupada com alguma coisa minha como fiquei agora com isto.

Pensava nos sustos, nas aflições por que passei com os meus pais. Parece que uma espada estava sempre prestes a abater-se sobre as cabeças deles e isso trazia-me sempre no fio da navalha. Mas o que se passou com eles foi numa idade já mais avançada e parece que uma pessoa está de certa forma conformada com a ideia de que, com a idade, começarão a aparecer os problemas. E, talvez absurdamente, parece que ainda não sinto que eu e o meu marido estejamos na idade em que as maleitas começarão a aparecer. Portanto, pensar na possibilidade de o exame nos trazer uma má notícia e pensar no que poderia vir a seguir, tem-me trazido bem preocupada. Mas fiz questão de não deixar transparecer pois também não queria preocupar mais o meu marido. E, depois, também me lembrava que, nos meus últimos anos de trabalho, a pessoa com quem trabalhei mais directamente teve um cancro, foi operado, fez radioterapia, depois, no exame de controlo, perceberam que tinha voltado e se tinha espalhado, uma situação grave, e foi mais radioterapia, depois mais quimioterapia, e vi bem como passa a haver um pânico latente, um pânico a corroer os dias, e um sofrimento físico e psíquico que torna a vida muito diferente do que era antes.

Mas isto para dizer que agora que descomprimi, parece que me saiu um peso enorme de cima. Uffff. Mil vezes uffff. Uffff, uffff, uffffff.

Só que, na véspera, praticamente não dormi. E, por pouca sorte, ontem também não pois o cãobeludo também tem andado com um problema, uma ferida que infectou, e, de noite, não descansou, inquieto, incomodado, e fez um barulho danado. Ou seja, hoje de tarde é que, finalmente, dormi, e foi a sono solto, e agora, de noite, aqui no sofá, também estive para a dormitar. Acordei para escrever este lençol e agora vou dormir para onde deve ser, para vale de lençóis.

Desejo-vos tudo de bom: saúde, sorte, boa disposição e dias felizes.

sexta-feira, setembro 26, 2025

A mãe da vizinha da minha mãe.
E uma preocupação: como travar um idiota demente antes que se transforme num verdadeiro fascista?

 

A minha mãe tinha uma vizinha cuja mãe, viúva, vivia sozinha longe dela. Era uma senhora cheia de iniciativa, muito dinâmica, empresária (pequena empresária), extrovertida, empreendedora, dona de várias casas (algumas arrendadas) e terrenos, sempre muito produzida e com muitas amigas com quem ia em passeios, a espectáculos, a restaurantes, etc. E, até aqui, tudo bem.

Até que a filha começou a detectar algumas inconsistências nas conversas. Por vezes, por telefone, relatava à filha episódios inesperados ocorridos com amigas, passeios fantásticos que tinham feito, visitas que tinha recebido. Só que a filha, que lhe ligava todos os dias, estranhava. Por fim, começou a ter quase a certeza de que a mãe inventava altas proezas. Isto incomodava-a, achava que estava a descobrir que a mãe começava a revelar uma certa tendência para a mentira.

Até que um dia a senhora partiu uma perna. Foi operada mas a filha achou que ela precisava de algum acompanhamento e que seria mais fácil ter a mãe por perto. Como mora numa moradia que tem um anexo que, na prática, é outra casa, convenceu a mãe a ir viver para lá, pelo menos até se recuperar. A senhora concordou mas numa lógica temporária, não queria perder a sua independência. E lá foi. A vizinha da minha mãe contratou uma funcionária experiente para ir lá cuidar da mãe. E, desta forma, passou a acompanhar a mãe de perto.

A senhora continuava a parecer a imponente senhora de sempre, queria arranjar o cabelo, vestia-se sempre com cuidado, era educada, simpática, bem disposta. Mas cada vez mais apareciam façanhas que a filha desconhecia e que lhe pareciam improváveis. Mas tudo sempre dito com assertividade, com relatos pormenorizados. Se a filha mostrava que duvidava, ficava ofendida, amuava, dizia que assim não podia confiar nela, que nunca mais lhe contava nada. E a filha ficava mesmo na dúvida, às tantas a mãe estava a falar verdade.

A minha mãe, por vezes, ia visitá-la. Dizia que era sempre uma tarde bem passada: que ela era uma conversadora impagável, desinibida, com grande sentido de humor, que contava episódios antigos de namorados, que era um ponto que só visto. Só que, no fim, a filha dizia que parte do que ela tinha contado era, quase de certeza, mentira. 

Contava à minha mãe que tinha falado com a médica e que começava a ficar claro que havia ali um quadro de demência que, embora quem não soubesse nem desconfiasse, parecia que ia progredindo.

Contudo, a minha mãe dizia que não percebia se era a senhora que ficcionava mais do que a conta ou se era a filha que não ficava confortável com a desinibição da mãe e preferia transmitir a ideia de que aquilo não era para ser levado a sério.

Mas um dia a minha mãe confirmou. Estavam a lanchar quando a senhora desatou a contar um episódio engraçadíssimo passado com uma cunhada. A minha mãe contou que tinha chorado a rir com a graça dela, com o insólito da história, imitando a voz e os modos da cunhada. Só que, no meio da narrativa, tinha intercalado o seguinte: 'Ainda há bocado, quando o Luís aqui esteve a almoçar, nos fartámos de rir, a lembrar as macacadas dela.'. Ora o Luís era o marido, falecido há uns anos. A minha mãe ficou passada, sem saber como reagir.

E foi assim que a coisa foi evoluindo até que, por fim, já não dizia mesmo coisa com coisa e já era tudo uma ficção pegada, já sem ponta por onde se pegasse. Depois teve um avc e a degradação física e mental foi inexorável.

Quando se vê Trump a dizer e a fazer disparates atrás de disparates, sem qualquer tino, sem noção do ridículo, penso nela. A diferença é que, ao contrário de Trump, a senhora tinha sido uma empresária bem sucedida, não era parva nenhuma.

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How Trump Just Proved He's an Idiot: Michael Wolff | Inside Trump's Head

Trump chronicler Michael Wolff joins Joanna Coles to examine a week where Trump’s world collides with scandal, faith, and science. From Epstein’s secret photo stash and Kash Patel’s embarrassing congressional testimony, to Trump’s jarring rage at Charlie Kirk’s memorial, Wolff dissects the cracks in MAGA’s political and spiritual future. Erika Kirk’s moving forgiveness speech, Trump’s uninformed vaccine rants, and Sam Nunberg’s blunt “Trump is an idiot” verdict all point to a deeper question: how much longer can Trump’s anger and anti-science rhetoric hold his MAGA movement together?

  • 00:00 - Introduction
  • 01:48 - Fergie Haunted By Her Epstein Relationship
  • 04:10 - Kash Patel Is In Over His Head
  • 06:09 - Photos Of Trump With Girls At Epstein's House
  • 09:05 - Why Charlie Kirk Isn't Actually A Political Figure
  • 13:25 - Erika Kirk Commands Spotlight At Charlie's Memorial
  • 16:30 - Sam Nunberg Calls Trump An Idiot
  • 18:32 - Trump's Wild Autism Comments
  • 20:33 - Why Trump Clings To Autism Issue
  • 27:14 - Lindsey Halligan's Turn As US Attorney
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Desejo-vos uma feliz sexta-feira

quinta-feira, setembro 25, 2025

Uma lição sobre como fazer -- ou o que o Governador Gavin Newsom está a fazer para tentar recuperar a influência dos democratas e derrubar o populismo fascitóide de Trump
-- 3 vídeos rigorosamente a não perder --

 

Por delicadeza, deixamo-nos matar. Pelos nossos santos princípios, não descemos ao nível dos que os não têm. Por orgulho, recusamo-nos a lutar com as torpes armas daqueles para quem tudo serve. Somos assim. Democratas, democratas liberais, empáticos, intelectualmente honestos, sérios. Puros.

Em Portugal, nas últimas legislativas, o PS foi na enxurrada do populismo e passou para terceiro lugar, tendo um partido que não é nada senão um bando de oportunistas dos quais uns tantos são delinquentes, passado para segundo lugar. Todos os demais partidos à esquerda do PS tornaram-se marginais, irrelevantes. O Livre ainda tenta lutar mas ainda não conquistou a massa crítica que lhe permita sequer fazer ondas.

E, no entanto, está à vista de todos a porcaria que é o Chega. Porcaria. O rebotalho da sociedade. E, apesar disso, uma parte significativa dos eleitores votou neles. Sendo certo que objectivamente o Chega não tem nada para oferecer à grande maioria dos seus votantes (segundo um estudo de que ouvi recentemente falar, jovens dos 18 aos 24 e gente desqualificada e de baixos recursos) e, pelo contrário, é um risco para a democracia, qualquer partido com um mínimo de responsabilidade deverá ter como objectivo devolver à população a confiança em valores humanistas, democráticos, inclusivos, abertos ao desenvolvimento e à modernidade. 

O PSD também está numa encruzilhada. Sem a ancoragem ideológica e o historial cultural e de defesa da liberdade e da democracia que o PS, o PSD nasceu e cresceu como um partido de poder, atraindo chico-espertos de todas as proveniências, yuppies, gente ambiciosa (o que não é forçosamente mau, mas que, muitas vezes, ambiciona o sucesso rápido demais e, se possível, recorrendo a optimizações fiscais) e agora, encostado às boxes pelo Chega, anda aos esses, ao pé coxinho, às apalpadelas, parece que sem rumo.

Face a este panorama, o que me parece é que é tempo para que quem tenha convicções democráticas, quem preze a liberdade, o humanismo, o desenvolvimento e a modernidade se chegue à frente e lute com energia. Sem medo.

O que se passa nos Estados Unidos, com Trump e com os MAGA, deveria servir de exemplo para os riscos tremendos que todos corremos. Da democracia ao fascismo, com o apoio do voto popular, é um pequeno passo. Mas se isso é verdade, não é menos verdade que Gavin Newsom também poderá servir de exemplo para a forma criativa, vigorosa e corajosa como se pode lutar. Ele ouve os que estão do outro lado, ele aprende com os métodos dos adversários, ele desbrava caminho, ele enfrenta críticas, ele conhece os mecanismos mentais dos eleitores dos outros, ele percebe os seus anseios e os mecanismos do medo e da crença irracional -- e vai em frente. 

Nos vídeos abaixo, ele explica o que tem feito. Colbert dá-lhe palco e ele, de A a Z, explica o que tem feito. Muito vivamente sugiro que vejam os três. Talvez o último seja o mais emotivo, o mais perturbante,

Tomara que o sigam, tomara que seja bem sucedido, tomara que os Estados Unidos deixem de ser a vergonha que agora são. E tomara que os partidos democráticos dos outros partidos aprendam com ele. 

We Put A Mirror Up To The Absurdity Of Donald Trump - How Gov. Newsom Got Under The President’s Skin

California Governor Gavin Newsom comments on his use of social media to beat the president at his own game, and argues that Democrats as a whole need to go on the offensive now before it’s too late.


“I Fear We Will Not Have An Election In 2028 Unless We Wake Up” - Gov. Gavin Newsom

California Governor Gavin Newsom issues a stark warning about President Trump’s efforts to “rig” the 2026 midterm elections, and what it could mean for 2028

California Will Now Require ICE Agents To Show Their Faces - Gov. Gavin Newsom

California Governor Gavin Newsom explains the state’s new law that bans members of President Trump’s ICE force from concealing their identities while on duty.
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[E que belo pedaço de homem que ele é... não...?]

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Um dia feliz para todos

quarta-feira, setembro 24, 2025

Existem surpresas surpreendentes que surpreendem. Outras nem tanto.
-- A palavra ao meu marido --

 

É raro o dia em que não temos, nas notícias, uma surpresa que, nuns casos, é verdadeiramente surpreendente, noutros só aparentemente. Vejamos o que aconteceu nos últimos dias.

Verdadeiramente surpreendente é o preço da habitação ter subido 17,2% no segundo trimestre deste ano, venderem-se casas que nem pãezinhos e a quantidade de casas vendidas a estrangeiros ter atingido um mínimo. Provavelmente vai ser necessário "inventar" uma nova teoria económica para explicar este paradoxo. No entanto, a surpresa diminui se pensarmos na quantidade de pessoal que ganha muito e paga poucos impostos e nas medidas que o governo criou que, em vez de promoverem o acesso á habitação das pessoas com mais dificuldade, originam o aumento dos preços e só beneficiaram quem tem  mais poder aquisitivo.

Também verdadeiramente surpreendente é uma semana depois do ministro da educação garantir que praticamente não haveria alunos sem professores, ter sido noticiado que 78% das escolas tem falta de professores. A surpresa diminuiu se pensarmos que o ministro não consegue acertar uma e habitualmente efabula sobre a realidade.

Aparentemente surpreendente é o Moedas ter agendado uma reunião importantíssima para aclarar as responsabilidades na tragédia do elevador para depois das autárquicas. Se pensarmos que estamos perante um populista cobarde e sem escrúpulos, este chutar com a barriga já não surpreende. É o modus vivendi do Carlinhos.

E surpreende que o Conselho de Finanças Públicas venha dizer que o custo do rendimento de inserção está descontrolado depois de tudo o que o Luís e a malta que o acompanha disseram sobre este assunto durante o governo anterior? Não, não surpreende. Este governo não tem como objetivo controlar gastos, segue apenas uma política eleitoralista em que vale tudo.

Embora surpreenda o número de partos efetuados em ambulâncias e a falta de capacidade para combater incêndios, se analisarmos com mais cuidado constatamos que também não é surpreendente. Ter responsáveis políticos que não percebem nada das áreas que tutelam é no que dá, em vez de resolverem agravam os problemas.

Surpreendente é a falta de qualidade da malta que governa o País. Não se aproveita um para amostra.

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Vi na televisão as respostas da ministra da saúde na AR e foi confrangedor, quase pungente. Como é possível uma única mulher ter sido ungida com tanta incompetência, tanta falta de capacidade de discernimento e tanto despudor? A questão das urgências de obstetrícia que não fechavam mas que estão fechadas ainda aumentaram mais os desequilíbrios da ministra. Primeiro acusou o Pedro Azevedo de a ter enganado, ele é que era o culpado por haver e afinal não haver obstetras, depois, como ele não deve querer perder o tacho e ela teria dificuldade em encontrar outro figurão para o substituir, parece que fizeram as pazes com ónus para ela própria que assumiu que se enganou (já se enganou tantas vezes que mal faz mais um engano?). A seguir ameaçou a malta do Barreiro com transferência compulsiva para Almada (que o PM corroborou). O pessoal não gostou e lá teve a Aninhas que dar o dito por não dito. Afinal estava a preparar um decreto, corrigindo a oposição que falava em despacho (que disparate, a Aninhas sabe lá despachar o que quer que seja) mas que o mesmo seria negociado e last but not least até haveria uns incentivozitos (leia-se uns dinheiritos adicionais) para os doutores. Aqui, finalmente, esteve bem porque incentivos são música para os ouvidos dos doutores. Receia-se, no entanto, que haja um problemazito de somenos. Afinal, 5 dos 7 obstetras do Barreiro têm mais de 55 anos e já não fazem urgências. Será possível que a ministra se tenha enganado outra vez e se tenha esquecido de verificar este pequeno pormenor?  É mais uma cerejinha em cima do enorme bolo de incompetência da ministra. O costume. 

Para finalizar uma adivinha. Qual foi a ministra que aumentou para 60€ o valor da hora paga aos médicos tarefeiros, desequilibrando ainda mais as contas do SNS e, en passant, causando sérios problemas também aos Privados? Vou dar uma ajuda, o primeiro nome é Ana, o segundo começa por P e o terceiro nome é Martins. Conseguem adivinhar?

O que leva a que grande parte dos representantes dos diferentes países presentes na Assembleia Geral das Nações Unidas não pateie quando Trump diz as alarveiradas do costume, não desate a rir à gargalhada e a bater com os pés quando diz os disparates de alto calibre em que é costumeiro, não o vaie impedindo-o de ser ouvido?

 

Não percebo porque não o fazem. Se o desrespeitarem tal como ele desrespeita toda a gente, se o humilharem como ele humilha toda a gente talvez ele aprenda.

Caso contrário, continuando a apaparicá-lo, a vergarem a espinha e a estimularem-lhe ainda mais aquele ego doente e seboso, estão a alimentar a sua prepotência, o seu autoritarismo desmedido. 

Podia dizer 'depois não se queixem' mas isso não me apraz pois com os desvarios dele não são apenas os actuais líderes, cobardes e subservientes que se lixarão, seremos nós todos que teremos razão para nos queixarmos.

terça-feira, setembro 23, 2025

Mariana Mortágua, ou a irresponsabilidade de acelerar o suicídio do Bloco de Esquerda

 

De cada vez que ouço falar na expedição em que a Mariana Mortágua se meteu, la flotilla, largando o partido do qual é a responsável e a única deputada, mostro-me estupefacta.

Um conjunto de 'maduros' capitaneados por Greta Thunberg meteu-se em barcos a caminho de Gaza para levar mantimentos. Não percebo sequer a lógica desta brincadeira. Certamente gente bem intencionada mas sem noção da realidade. O que levam na flotilla não deve chegar para matar a fome a uma dúzia de pessoas durante uma meia dúzia de meses. No meio da desgraça de toda a ordem e das incomensuráveis carências de que padece a população naquele lugar tão duramente chacinado, que diferença faz o que aquela malta ali leva? 

Dizem-me que nem é pelas latas de feijão que levam, que é mais para chamarem a atenção. Estupidez. Atenção?! Mas Gaza precisa de mais atenção? Não se fala noutra coisa em todo o mundo. O que faz falta é forçar Israel a parar com aquele genocídio. Tudo o resto é conversa. O efeito prático daquela expedição hippie é zero. Bola.

Que a Greta Thunberg ali vá não me admira. Que a Sofia Aparício ali vá também não me espanta. Que Miguel Duarte também lá vá parece-me normal, do que se lhe conhece tem como actividade o ser activista, passe o pleonasmo. Agora Mariana Mortágua....? Líder de um partido político? A única deputada desse partido...? Larga o partido, larga os problemas nacionais, larga os temas da actualidade portuguesa e aí vai ela, activista, kufiya ao pescoço, no veleiro a caminho de Gaza... Há não sei quanto tempo que para ali anda (e ainda não chegaram), numa expedição inútil, lírica, mais coisa de teenagers que não pensam do que de políticos responsáveis.

Supostamente, depois há de ser outro tanto tempo para regressarem. Lá para o Natal talvez esteja de volta. Todos zangados uns com os outros, malta que tem um egozinho grande e pontiagudo. A Greta já se zangou com os do barco português, na volta ensarilhou-se com a Mortágua: fez birra, marimbou-se para a coordenação da flotilla e mudou de barco, já não atinava com a malta do barco português. Qualquer dia é a Aparício que dá de frosques, também de candeias às avessas com os outros. Lindo. Coisa de teenagers, como digo. 

Li que, finalmente, a menina Mortágua decidiu ser substituída na Assembleia da República. Já não era sem tempo. Era um absurdo que, num partido com um único deputado, nem esse deputado lá pusesse os pés.

Só por curiosidade fui ver quem é. 

Andreia Galvão.

Uma jovem licenciada em Ciências da Comunicação, com especialização em Cinema e Televisão, atualmente mestranda em Teatro. Faço ideia a experiência política, a experiência de vida e o conhecimento que tem da sociedade e da economia portuguesa e europeia... 

Se Mariana Mortágua, desde que é líder do BE, tem provocado uma erosão que já levou o partido até à insignificância de um único deputado, com toda esta mais recente estupidez galopante, vai, com certeza, acabar com ele de vez.

Assim vai a esquerda à esquerda do PS. Uma verdadeira desgraça.

segunda-feira, setembro 22, 2025

Just saying

 

Volto a um dos temas que me anda a preocupar por demais: a transição de regime nos Estados Unidos às mãos de um único homem.

Apesar de ser claro para toda a gente com dois dedos de testa que esse homem tem uma mente perturbada, a verdade é que o regime de um grande país como os Estados Unidos soçobrou em pouco tempo e que o resto do mundo assiste passivo e submisso, vergando as costas para agradar a esse narcisista maligno, psicopata, paranico, vingativo, demente, etc.

Este domingo, com as cerimónias fúnebres de Charlie Kirk, ficará na história como um dos marcos dessa perigosa viragem para um regime totalitário, obscurantista, persecutório, em que a bíblia, ou melhor, a sua interpretação desenquadrada e fundamentalista, substitui a Constituição. 

Uma multidão ululante, cega, avidamente transformou em mártir um influencer racista, xenófono, reaccionário, misógino que, não se sabe ainda porquê ou por quem, foi assassinado. Obviamente condeno este homicídio pois sou visceralmente contra o uso de armas e de violência para resolver diferendos ideológicos ou outros. Portanto, acho chocante que alguém faça o que foi feito, assassinando Charlie Kirk.

Mas condenar o seu assassinato não pode levar, de modo algum, à sua transformação num mártir nem ao branqueamento do que ele disse e fez.

Contudo, tudo o que aconteceu naquela tarde -- aquele disparo, um único tiro -- está tão cheio de contradições, de inexplicações e de impossibilidades que fico espantada por tanta gente achar normal uma narrativa que se desfaz a ela própria.

Não ouso alinhar-me com nenhuma das inúmeras teorias que irrompem mas, sem mais comentários, partilho vídeos que aparecem pela mão de ferrenhos MAGA's, amigos do peito de Charlie Kirk, que têm vindo a fazer saber que Charlie KIRK, nos últimos tempos, parecia estar a afastar-se de algumas linhas traçadas por quem parece mexer todos os cordelinhos da política americana. Por exemplo, estava a demarcar-se cada vez mais frontalmente de Netanyahu. Por exemplo, estava também a manifestar-se cada vez mais claramente sobre a possibilidade de Epstein ter sido um activo da Mossad ou da CIA ou sabe-se lá de quem. Por exemplo, estava a exigir cada vez mais abertamente a divulgação integral dos ficheiros Epstein, tema que, obviamente, deixa doido não apenas Trump como todos os envolvidos.

Sendo ele o ponta de lança do MAGA no recrutamento de jovens, o principal responsável em manter viva a chama  pró Trump e pró MAGA na camada universitária e junto dos jovens que vivem nas redes sociais, alguns dos mais ilustres e vocais MAGAs  (Megyn Kelly, Candace Owens e Tucker Carlson, por exemplo) sugerem, embora não o explicitem, que as inúmeras ameaças que Charlie Kirk vinha recebendo poderão ter alguma coisa a ver com o seu fim.

São mundos que me são estranhos, que me assustam, que me metem medo e sobre os quais nada sei. Apenas sei que gostaria que os meus filhos e netos vivessem sempre em democracias sãs, liberais, humanistas, livres, modernas. Gostaria que nunca no meu país se vivesse uma realidade diabólica, demente, disfuncional, distópica como aquela que se vive nos Estados Unidos.

Seria bom que os portugueses e os europeus em geral conhecessem um pouco melhor o que está ali a passar-se. Talvez só assim percebam o risco que é abrir as portas a movimentos populistas, anti-democráticos.

Partilho estes vídeos apenas porque penso que devemos ter um pensamento crítico, informado, que devemos questionar as narrativas que não nos parecem lógicas, que devemos olhar para o que se passa à nossa volta, para o que se passa atrás do que nos é mostrado.

Megyn Kelly Breaks Down the Controversy Surrounding Candace Owens, Ackman, Israel, and Charlie Kirk

Megyn Kelly breaks down the controversy surrounding Israeli Prime Minister Netanyahu’s comments on Charlie Kirk’s legacy, Candace Owens’ remarks about the letter and Kirk's views on Israel, Megyn and Charlie's conversation about Israel last month, and more.


Kirk on Epstein




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Desejo-vos uma boa semana a começar por esta segunda-feira

Que a paz, a democracia, a liberdade e o humanismo nunca nos faltem

domingo, setembro 21, 2025

Narcisista maligno, psicopata, paranoico, sádico e, ainda por cima, demente -- e, no entanto, com acesso aos códigos nucleares.
Assim vai este nosso mundo

 

O que está a passar-se nos Estados Unidos -- em que uma democracia que pensávamos robusta e com mecanismos de defesa e controlo rapidamente soçobrou às mãos de um doido varrido, em que parte da sociedade parece adormecida, passivamente a ser sugada para um regime despótico, em que, por medo, instinto de sobrevivência ou puro oportunismo, outra parte parece adaptar-se bem aos repentes, aos disparates, às conversas erráticas de um presidente que não ouve ninguém, às suas decisões prepotentes e absurdas, ao seu autoritarismo agressivo, aos seus ímpetos vingativos  -- traz-me preocupada.

Ao assistir a isto, constato que as democracias -- regimes assentes na crença da bondade alheia e no respeito pelo outro, mesmo quando o outro é contra a democracia -- são vulneráveis, muito mais frágeis do que eu poderia imaginar. 

E o que assusta ainda mais é que os tiranetes que, por todo o lado, em todos os países, brotam de sob as pedras parecem sentir-se 'empoderados' ao verem estes exemplos em que a maldade impera, impune, vingativa. E, por efeito de mimetismo ou de contágio, vão ganhando cada vez mais força.

Parece haver traços psicológicos comuns entre os diferentes ditadores ou aspirantes a tal, e é normal que assim seja. Uma pessoa mentalmente escorreita, generosa, respeitadora, empática, não consegue mentir sem vergonha, não consegue insultar e humilhar os outros sem ficar com um peso na consciência, não consegue ser vil, cruel para com os mais vulneráveis sem se deitar, à noite, atormentado por remorsos. Apenas os que têm uma 'certa' pancada conseguem ser assim e seguir em frente, sem um pingo de arrependimento, sem um pingo de vergonha, sem um pingo de humildade, sem um pingo de empatia.

Vou partilhar um vídeo muito interessante. É longo mas vê-se de gosto. Está legendado embora, de vez em quando, a legendagem não seja perfeita. 

Tenho vindo a acompanhar os podcasts de Joanna Coles no Daily Beast, nomeadamente o sempre interessante Inside Trump's Head com Michael Wolff. Mas desta vez o convidado de Joanna Coles é outro e é uma pessoa que se exprime de forma didáctica e, ao mesmo tempo, divertida: John Gartner, um reputado psicólogo.

E se é mais ou menos inequívoco, aos olhos de todos, que ter um doido varrido ao comando de um país como os Estados Unidos é um daqueles perigos existenciais contra os quais deveria haver medidas de mitigação, a verdade é que o mais assustador é que verificamos que aparentemente não há. Em situações 'normais', um maluco destes já deveria ter sido afastado e colocado num hospício em que fosse garantido que não faria mal a ninguém. Mas não. O que assistimos é que desde empresários, os mais ricos do mundo, a chefes de outros Estados, todo o mundo o reverencia e bajula. Em vez de se assistir a um movimento colectivo de rejeição, o que vemos é justamente o contrário: todos vão ao beija-mão, todos lhe lambem o rabo.

E eu assisto enojada a isso. Enojada.

This is What Proves Trump’s Dementia: Psychologist | The Daily Beast Podcast

O Dr. John Gartner, antigo professor da Johns Hopkins e co-apresentador do podcast "Shrinking Trump", junta-se a Joanna Coles, da Beast, para apresentar um diagnóstico arrepiante: Donald Trump apresenta sinais de demência, somados a um narcisismo maligno. Com base em décadas de experiência clínica, o Dr. Gartner explica como a linguagem decadente, o andar errático e as anedotas perturbadoras de Trump apontam para uma deterioração cerebral que o torna não só imprevisível, mas também excecionalmente perigoso no cargo. Coles pressiona-o sobre como o narcisismo de Trump se compara com a persona pública do Rei Carlos, se o seu gabinete e família estão a afastar-se da sua volatilidade e o que significa quando um líder com códigos nucleares também apresenta sintomas de mini-derrames e confabulação. Da psicologia de Hitler ao narcisismo benigno de Bill Clinton, este episódio explora a forma como o poder amplifica a paranóia, a crueldade e a decadência — e coloca a questão mais clara de todas: à medida que Trump enfraquece física e mentalmente, ao mesmo tempo que reforça o seu controlo sobre a autoridade, até onde pode ir o trumpismo antes de destruir a América?


E não haverá por aí mais nenhum valentão (ou valentona) que também enquadre o Trumpura Ventosa, aka, André Tuttti Fruti?

 

O Andrézito, como é bom de ver, cobardolas como é, achando que o Isaltino tem um calcanhar de Aquiles, desatou-lhe ao pontapé e à canelada.

E eu pensei que bom, bom, seria se mais figuras públicas publicassem também vídeos a mostrar ao Tutti Fruti que já não engana ninguém, que a malta toda já o topa à légua, que toda a gente já perceber que quer armar-se em Trump dos pequenitos e, que, tal como o seu guru, tem um total desamor em relação à verdade, que gostava mesmo era de poder mandar num regime de liberdade condicionada, à semelhança do que são os EUA manietados pelo alarve cor de laranja. Não seria bom se esse populistazeco de meia tigela, que só se sente bem quando está a tentar minar a democracia, não desse mãos a medir, todos os dias a surgirem vídeos virais a desancá-lo?

E não só: tal como o Isaltino apelou a que se investiguem os financiamentos do Chega, mais figuras públicas deveriam trazer o tema à colação. O grande sacristão da moral e dos bons costumes não apresenta contas porquê? Onde está a transparência que tanto apregoa?

Tudo o que é gente com muitos seguidores e cuja voz é ouvida, porque não fazem vídeos assim, a desmascarar e a desautorizar o pantomineiro do Ventas?

Herman José, Vasco Palmeirim, Nuno Markl, Madalena Abecassis, Jéssica Athaide, Vasco Pereira Coutinho, Tio Jel, Eduardo Madeira, Sincera Mente, Beatriz Gosta, etc... Bora lá fazer vídeos a desbroncar o coisinho?

sábado, setembro 20, 2025

Isaltino enfia o Ventura no bolso cá com uma pinta...!

 

Conheço relativamente bem o município de Oeiras, pelo menos uma parte. E, do que vejo, reconheço que o Isaltino tem sido um bom Presidente de Câmara. Conheço também quem lá viva e que, com toda a naturalidade, votam nele, não querem outro. 

Percebo que os munícipes votem nele. Desde que tenho o Instagram, volta e meia aparece-me ele a divulgar tudo e mais alguma coisa e, por mais polémico ou divertido que seja, não escondo que gosto do que vejo: vê-se que é pessoa que se dedica de corpo e alma a Oeiras, vê-se que conhece e que enaltece tudo, cada canto e esquina, cada rotunda, cada viaduto, cada leitaria, cada restaurante, cada árvore. Não se refugia no gabinete, não é um fosquinhas como o Moedas que tudo o que diz é para se enaltecer a ele próprio, não é um caguinchas que, quando a coisa aperta, se vai esconder debaixo da saia do Montenegro ou do Marcelo. Pelo contrário, se há sarilho, pega nas pernas e põe-se a caminho. Dá o corpo às balas e é isso que se espera de um munícipe.

Bem sei que já foi condenado, mas já cumpriu pena, e, portanto, admitindo que aprendeu a lição, o que posso dizer é que o que lá vai, lá vai.

Mas hoje trago-o aqui pois a minha filha enviou este vídeo para o grupo da família e, em minha opinião, é uma resposta notável ao Ventura. Todos os líderes partidários, todos os jornalistas e todos os que têm alguma influência tratassem assim o André Ventura e a ver se ele ainda andaria a levantar cabelo, a falar grosso e a posicionar-se como o líder da oposição (que, desgraçadamente, de facto é).

Por isso, nunca me imaginaria a dizer isto mas a ocasião a isso me obriga: Ganda Isaltino!

Isaltino de Morais deixa mensagem a André Ventura, aka André Tutti-Frutti, líder do partido Chega

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E queiram deslizar até ao post abaixo em que a tropa avança para mover os obstetras à força

A ministra da saúde, com certeza
-- A palavra ao meu marido --

 

Vi hoje nas notícias que a ministra da saúde, depois de falharem os, pelo menos, cento e cinquenta planos que já fez, decidiu transferir à força os obstetras do hospital do Barreiro para Almada. 

Consta que, antes tomar a decisão, se inscreveu no MAGA e telefonou ao Trump. Consta também que após a conversa telefónica com o Trump, se aconselhou com o Montenegro e já marcou uma reunião com o ministro da defesa para definirem as datas em que os pára-quedistas descerão no hospital do Barreiro e transportarão à força os obstetras para Almada. 

As televisões já têm os direitos preparados. Admite-se que os directos deste happening poderão não acontecer se o Mourinho se deslocar de carro ou o Ventura achar por bem viajar de novo de ambulância. Nesse caso os meios serão alocados para cobrir estes dois importantíssimos acontecimentos.

A ver vamos ...

sexta-feira, setembro 19, 2025

Receita de almôndegas à italiana (e de tostas de almôndegas) com um ou outro toque a la UJM

 

Ando para partilhar a receita das almôndegas mas têm-se metido outros assuntos. Mas, como o prometido é devido, aqui vai.

Devo ter feito cento e tal, e não foram daquelas bolinhas tipo berlinde do ikea. Usei, no conjunto cerca de dois quilos de carne, dividida entre porco, vaca e peito de frango. No talho, escolhi uns pedaços bons, sem gordura, e pedi para picar em conjunto duas vezes. A ideia é que ficasse uma mistura homogénea e o frango amacia a mistura.

Almôndegas à italiana

Comecei por colocar três pãezinhos individuais de molho em leite, talvez meio litro ou quase. Depois de amolecido desfiz com as mãos. Piquei uma cebola grande, uns três ou quatro dentes de alho, um ramo de salsa, seis ovos inteiros, cerca de meio quilo de queijo ralado (usei mozzarella, edam, gouda, cheddar e um italiano de que agora me passou o nome). Temperei com sal. Com as mãos misturei tudo muito bem. Depois, com as mãos, fiz bolinhas que fui colocando num tabuleiro grande, separadas umas das outras. Por cima da primeira camada, coloquei papel vegetal e, por cima, mais uma série delas. Fiz o mesmo com outro tabuleiro. Depois foram para o frigorífico, para as bolinhas enrijarem e não se desfazerem quando fossem confeccionadas.

Nesse ínterim, virei-me para ao molho. Num panelão com azeite no fundo, cortei três cebolas grandes, uns dentes de alho, dois alhos franceses e salsa. Deixei que a cebola alourasse e que tudo estivesse devidamente amolecido. Nessa altura, coloquei uma lata das grandes de tomate pelado e mais uns quatro ou cinco tomates maduros. Juntei cinco cenouras grandonas aos bocados. Temperei com sal. Deixei que fervesse e depois baixei o lume, tapando a panela.

Entretanto, teria decorrido mais de meia hora e tirei as bolas de carne do frigorífico. Tinha, entretanto ao lume, uma frigideira gigante (em termos de diâmetro) com azeite, dentes de alho, folhas de louro e alecrim. Quando estava quente, juntei uma leva de bolinhas que fui virando com cuidado, para selarem em todos os lados. Claro que tive que fazer várias levas delas e a meio ia substituindo os alhos para não esturricarem. Uma canseira, não via a hora de dar a volta a tanta almôndega. À medida que iam ficando seladas, douradas, não as pus logo na panela, ficaram estacionadas noutros tabuleiros.

Essa operação acabada, virei-me para o molho. Juntei uma colher de sopa de açúcar pois apesar da cenoura já cortar alguma acidez, achei que aquele pouquinho de açúcar garantiria que o tomate não se imporia mais do que a conta. Triturei, então, a tomatada que estava na panela até ficar um creme bem homogéneo. Nessa altura, coloquei as almôndegas uma a uma, com cuidadinho. Não as atirei, não fossem desmanchar-se. Ficaram todas mergulhadinhas no molho. Deixei que levantasse fervura e depois baixei. Ficou ao lume cerca de uma hora. 

Entretanto, noutro tacho grande fiz tagliatelle fresco. Não tem nada de mais, é só cozer em água com um pouco de sal. Mas refiro-o porque, no fim, antes de escorrer a água, retirei umas três (ou quatro? -- não me lembro bem) conchas dessa mesma água para misturar no tacho das almôndegas. O molho fica mais cremoso, com uma textura mais interessante e uniformiza melhor o sabor entre as almôndegas e o molho.

No final, deitei um pouco de vinagre de maçã na panela das almôndegas e mexi ao de leve. Acho que torna a comida mais leve e traz benefícios à digestão, é saudável. E realça os sabores, acho eu. E, para perfumar, coloquei umas folhas de manjericão.

Portanto, ao almoço foi isso: massa fresca com almôndegas. Antes disso, tinha servido salada de alface com bolinhas de mozzarella fresca.

Para sobremesa, fruta.

Acontece que, para além do almoço, ao fim do tarde, houve lanche ajantarado.

Então, para 'entrada', cortei melão aos bocados e, por cima de cada um, coloquei salmão fumado, que prendi com um palito. Pelo meio, espalhei bagos de uva branca sem grainha. Fica uma mistura fresca, agradável.

A seguir, voltaram as almôndegas (que já tinha feito em quantidade avantajada, a prever que à tarde poderia dar jeito usá-las)

Tostas de almôndegas

Abri pães individuais (bolinhas da baviera e bolinhas de rio maior) ao meio, ao alto, digamos assim, ou seja, separei cada pão em duas metades. Retirei o miolo a cada um. Sobre cada parte, coloquei uma ou duas almôndegas, ou uma e meia, consoante o tamanho das ditas e mais umas colheradas de molho. Tapei cada uma com uma fatia de queijo (numas usei fatias de queijo flamengo dos Açores e noutras fatias de mozzarella). Polvilhei com orégãos e levei-as, numa grelha, sobre papel vegetal, ao forno previamente aquecido, com calor por cima e por baixo. Claro que o queijo derreteu e que o paozinho tostou. Ficaram mesmo boas.

PS: No fim ainda deu para levarem umas quantas para casa...

Claro que no meio da trabalheira nem me ocorreu fotografar. Mas foi pena, em particular o prato do meu neto mais velho, uma coisa apocalíptica. Quando vi tal exagero, até recomendei que não pusesse tanto logo de início não fosse não estarem as almondegas boas e não gostar. Respondeu que não fazia mal pois estava cheio de fome e, mesmo que não gostasse, comeria na mesma. Mas gostou e comeu tudo e tenho ideia que ainda repetiu. O irmão mais novo também não lhe ficou muito atrás mas esse até tinha uma justificação maior, vinha de um jogo de futebol bem difícil, tinha que repor energias... Jogadores de futebol é assim. E são os quatro rapazes. Portanto, não apenas estão a crescer como têm sempre muita energia para repor. Escusado será dizer que gente com bom apetite é uma alegria para mim. Felizmente são todos. Portanto, cozinhar para bons garfos é uma felicidade redobrada. E ter toda a gente à volta da mesa, a comer, a conversar, a rir, é o melhor de tudo (apesar de nesse dia estar com o torcicolo bem assanhado e, de tarde, até me ter dado, durante um bocado, uma certa pancada de sono inerente ao relaxante muscular que tinha tomado...)

quinta-feira, setembro 18, 2025

Se o Rui Costa fosse PM em vez do Montenegro muita coisa mudaria!
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Devo confirmar que sou do Sporting e que o objetivo deste mail não tem nada a ver com a rivalidade clubística nem com os aspetos desportivos. Quero apenas deixar a minha opinião de que as coisas tenderiam a não piorar se o Rui substituísse o Luís. 

O Rui, depois de, para aí há dois meses, apostar mais uma vez no Lage, após dois resultados menos conseguidos, correu com ele. 

Se o Rui fosse PM e seguisse a mesma politica, já nos tínhamos visto livres dos ministros "nódoa" do governo. À segunda falha, rua que se faz tarde. A ministra da saúde já tinha sido posta na rua há  séculos, as ministras da administração interna tinham estado pouquíssimas semanas no lugar, o rapaz da educação já tinha voltado ao Minho, a "simpática" da habitação já não apareceria sempre ao lado do PM em todas as fotos de família, o Sarmento, depois de tantas cativações e "do crescimento da economia não ter correspondido às ambições do governo" já tinha voltado para a escolinha, o inefável Rangel estava a curto prazo, mais uma má criação e ala que se faz tarde, o ministro da economia também estava a prazo, mais uma incontinência verbal e voltava para casa... e por aí fora. Será que o Rui, caso não continue na atividade atual, ainda se torna coach do Montenegro?

Voltando à ministra da saúde. Esta zaragateira com pouca educação hoje ainda mergulhou mais fundo do que alguma vez tinha mergulhado. Sendo certo que não assume nem uma única responsabilidade pela desgraça que é o SNS e habitualmente culpa os subordinados pelos erros que na realidade são da sua responsabilidade,  hoje veio dizer que as urgências de obstetrícia da margem sul continuavam fechadas porque a equipa que ela nomeou e trabalha com ela a tinha enganado. A ministra não só perdeu a cabeça como perdeu a noção do ridículo. Palpita-me que há um certo Dr. Pedro Azevedo das hostes laranjas recentemente nomeado pela ministra para responsável da ULS de Almada que deve estar com as orelhas a arder. Tanta solidariedade por parte da tutela põe qualquer um vermelho que nem um tomate. Será que com mais este notório desequilíbrio a ministra se mantém no cargo? A talhe de foice, será que os obstetras que iam sair do privado para irem para o hospital de Almada não foram porque não tinham a certeza de poder compor o vencimento com a prestação de serviços no hospital como tarefeiros?

Mudando de assunto. Ouvi uma parte da entrevista da Clara de Sousa ao Gouveia e Melo. A Clarinha foi tão "claravidente" que conseguiu que, num período de tempo significativo da entrevista, o tema fosse o Ventura. Parece que os jornalistas têm uma obsessão com o Ventura e não percebem que é isso que o Ventura quer. Apre! Os jornalistas ensandeceram? Não metam o Ventura em tudo o que fazem, tenham algum discernimento! A Clara não teve e conseguiu transformar a entrevista ao Gouveia e Melo numa entrevista centrada no Ventura!

quarta-feira, setembro 17, 2025

Presunção e água benta cada um toma a que quer - o Montenegro que o diga Caixa de entrada
-- A palavra ao meu marido --

 

Antes de ir para o governo, a rapaziada do PSD, com o Montenegro à cabeça, resolvia os problemas do País num abrir e fechar de olhos. 

Após um longuíssimo abrir e fechar de olhos -- que demorou um ano e meio -- não resolveu nada e, pelo contrário, os problemas mais críticos pioraram. 

  • O que aconteceu na saúde é uma tragédia, com novas notícias desgraçadas a saírem todos os dias (bebés a nascerem em ambulâncias ou no passeio, helicópteros com menos disponibilidade que a exigida, urgências obstétricas fechadas, etc) e hoje a ministra anuncia que vai estudar mais um plano para resolver o problema das urgências fechadas. É preciso ter uma lata do caraças para não se ter ainda demitido. 
  • O que aconteceu com as duas MAI também não dá para acreditar. A falta de coordenação no combate aos incêndios e o desconhecimento total que ambas demonstraram das diferentes valências da administração interna é paradigmático. 
  • Na educação, o governo torrou e voltou a torrar dinheiro com os professores e nada foi resolvido. Veja-se que os alunos continuam sem professores e também não há pessoal auxiliar suficiente nas escolas. 
  • A questão da habitação só piorou com as medidas do governo que fizeram subir bastante os custos da aquisição e do aluguer (parece que a malta jovem que tem isenção do IMT pode comercializar a casa que comprou quando quiser, sem ter que pagar o imposto de que esteve isento, o que pode dar ideias assaz lucrativas a mentes mais criativas). 

Boa! É fartar vilanagem. 

A célebre questão ética que os moços laranja tanto levantavam tornou-se uma desgraça com o caso Spinunviva, com as investigações a que são sujeitos atuais e antigos secretários de estado. 

E hoje mais uma cerejinha para pôr em cima do bolo. Os pseudo atrasos nos PRR, que motivaram tantas críticas do Montenegro & sus muchachos e originaram vários momentos de incontinência verbal por parte do Marcelo, tornaram-se reais e vi hoje na TVI que, por exemplo, existem financiamentos previstos para obras na área da saúde que ainda nem sequer estão em fase de projeto. 

  • Solução do governo: tentar renegociar as datas de conclusão das obras. 
  • Solução do Marcelo: calado que nem um rato. 

Não duvido que a rapaziada do PSD tem jeito para festas e coboiadas, o Pontal, então, foi cá uma arraial de animação, mas o jeito para governar é zero.

terça-feira, setembro 16, 2025

Governo Montenegro: uma cambada de mentirosos ou de incompetentes profundos?
-- A palavra ao meu marido --

 

É difícil compreender que o ministro da educação tenha afirmado e reafirmado um ou dois dias antes do início das aulas que este ano praticamente não haveria alunos sem professores. Azar do costume, afinal haverá pelo menos mais de 90.000 alunos sem professores (o PS fala em mais de 100.000) e as escolas também se queixam de falta de pessoal auxiliar. Só vejo duas hipóteses o ministro da educação é mentiroso ou é profundamente incompetente. 

A ministra da saúde anunciou com pompa e circunstância que tinham contratado 7 ginecologistas para o hospital de Almada e que a partir de agora haveria sempre urgência de obstetrícia e ginecologia abertas na margem sul (alguém deveria investigar quais as condições em que estes médicos foram contratados. Será que vão trabalhar também como tarefeiros para "comporem" o vencimento?). Azar do costume, afinal todas as urgências da margem sul destas especialidades têm estado fechadas. Só vejo duas hipóteses: a ministra da saúde é mentirosa ou é profundamente incompetente.

Hoje foi noticiado que o secretário de estado da agricultura estava a ser investigado por contas "pouco transparentes" de empresas do setor imobiliário em que participou. A história do costume, o Montenegro, a exemplo do que fez no caso Spinunviva, veio dizer que o homem deve continuar no governo. O Montenegro está-se sempre nas tintas para a decência em política.

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Adenda: Hoje vi uma parte do debate das autárquicas de Lisboa. Na parte que vi, o Carlitos Moedinhas virou um "fofinho" embora não pareça ter perdido o gosto de mentir. O costume, qualquer populista que se preze diz o que convém dizer numa determinada altura, tenta portar-se melhorzinho se julga que isso lhe dará votos, mas tem sempre uma péssima relação com a verdade. Carlitos, por esse andar ainda te tornas um Ventura de segunda categoria.

João Ferreira: a julgar pelo debate na SIC, se eu votasse em Lisboa, seria nele que eu votaria

 

É certo que tem aquele pequeno problema de ser do PCP. É sabido que sinto sempre alguma perplexidade quando vejo uma pessoa que parece ser lúcida e racional manter-se no PCP. Provavelmente há questões psicológicas que o justificam mas a mim, que não as conheço, faz-me confusão. 

Contudo, a nível autárquico, o que em minha opinião deve prevalecer é a capacidade de fazer, a visão de ver ao perto e ao longe, a sabedoria para vencer obstáculos, a paciência para ultrapassar as chachadas da pequena política (que a nível autárquica parece tender a ser coisa muito rasa), a energia para se dedicar de corpo e alma ao bem estar dos habitantes ou dos visitantes da cidade. E, do que vi, pareceu-me que o mais estruturado, o mais assertivo e talvez competente, seria o João Ferreira.

Claro que é também o mais bonito e isso, parecendo que não, também conta.

segunda-feira, setembro 15, 2025

Pode uma pessoa ser um perigoso íman, cujo efeito electrizante e perturbador sobrevive à sua morte?

 

Partilho um vídeo de Agosto de 2023 por continuar a ser actual. Nessa altura, tal como antes e tal como depois e, na verdade, tal como agora, Epstein continua a ser um mistério que ninguém consegue deslindar. Jornalistas de todo o lado têm investigado a fundo e a conclusão é sempre a mesma: não conseguem perceber que pessoa era aquela, como se movia por tantos e tão poderosos meios, de onde lhe vinha a fabulosa fortuna, como atraía tantas pessoas que pareciam decentes e que, no entanto, sabendo-o um pedófilo compulsivo já condenado, continuavam a frequentar as suas casas e a manter tão dedicada amizade com ele.

Eric Weinsten está na mesma e conclui que para tal só pode haver uma explicação: acha ele que Jeffrey Epstein era uma construção, um ser forjado, era a pessoa que aparecia mas que, na realidade, atrás dele estaria uma estrutura, provavelmente os serviços secretos. Não é uma dúvida inédita. Que ele seria um agente da CIA ou da Mossad, um agente treinado para agir na base da chantagem -- e que 'agarraria' pelos testículos (pardon my french) tudo o que era gente poderosa, da política aos negócios, passando por cientistas, gente relevante do mundo universitário -- é rumor que circula desde há muito.

Não sei, claro. Se meio mundo que o investiga não consegue agarrar as pontas e ir atrás delas, claro que não era eu que ia saber. 

O que sei é que talvez algumas séries ou filmes que se façam sobre ele venham, através da ficção, revelar-nos algo de mais concreto do que hoje há.

E o que sei também é que, apesar de Epstein ter sido encontrado morto numa cela -- em que toda a gente que conhece o lugar e que o conhecia a ele diz que era impossível ter sido um suicídio e que tais ideias não lhe passavam pela cabeça -- o tema tem tais difusos contornos que continua a marcar o dia a dia da política americana, com muita gente a dizer que grande parte do que Trump faz é para desviar as atenções do tema pois toda a gente, Magas incluídos, querem que os ficheiros do caso sejam divulgados.

Seja como for, aqui fica o registo desta curiosa entrevista. 

[E aqui fica prometido que amanhã contarei como fiz as almôndegas a la italiana que, felizmente, foram consensualmente aprovadas e que não apenas foram servidas ao almoço como, com um ligeiro twist, vieram a ser também parte substancial do lanche ajantarado. Hoje já é tarde, se me ponho a dar a receita completa, deito-me tarde de mais. E agora vou tomar um relaxante muscular. O que tomei ontem, ao deitar, fez-me bem, mas a seguir ao almoço, tive que tomar um ben-u-ron de 1gr. Fiquei melhor enquanto fez efeito mas agora já estou, outra vez, bem apanhada. Portanto, mesmo que estejam para aí a lamber-se por umas almôndegas bem cheias de molho, bem italianadas, terão que esperar por amanhã. Mas guardem um bocadinho de pão para ensoparem no molhinho, ok? Quem vos avisa, vosso amigo é.]

The Night I Realised Epstein Wasn’t Normal - Eric Weinstein


E, já agora, um vídeo muito recente que faz uma resenha corrida de alguns factos e 'achados' relativos a esta personagem misteriosa.

The DISTURBING THINGS Found Jeffrey Epstein's Home


Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda feira.

domingo, setembro 14, 2025

Os grandes amores não morrem nem esmorecem

 

Não ando em grande forma e não sei porquê. Agora é um torcicolo que está a tolher-me completamente. Não consigo mexer o pescoço e até me custa a comer. Poderia atribuir isto a algum esforço ou a algum mau jeito. Mas não sei o quê. De quinta para sexta estive assim, tomei paracetamol e fiquei melhor. Fui ao ginásio pois pareceu-me que os exercícios não buliam com os músculos. Não sei se foi isso ou outra coisa qualquer, piorei. A meio da note tive que me levantar para tomar mais um comprimido. 

Mas, ao longo do dia, a coisa foi azedando e de que maneira.

Não obstante, não me apeteceu estragar o dia e, por isso, não apenas fomos tratar do que tínhamos que tratar, como, estando o dia tão lindo, me lembrei de, a seguir, ir matar saudades a um dos lugares do meu coração, o meu querido, queridíssimo Ginjal.

Claro que antes ainda fui comer um gelado à boa gelataria artesanal que há na ruazinha pedonal que sobe de Cacilhas para dentro de Almada.

Já lá não íamos há uns anos. E que diferença... Aqueles edifícios decadentes que tanto me impressionavam e inspiravam foram demolidos. E ainda bem, já eram um perigo. Essa zona está vedada e segura. E o pavimento está refeito, impecável. 

E montes de gente. Juventude e mais juventude, todas as línguas, diversos perfumes, muitos sorrisos, muitos abraços e beijos, e toda a gente envolta naquela luz tão especial. Apetece-me escrever que é uma luz mágica mas temo que o lugar comum estrague a descrição e não consiga passar o deslumbramento que é o sol a pôr-se sobre Lisboa, tão bela, sobre o rio, poderoso, estrada larga por onde deslizam os veleiros. 

O meu marido tem mais tendência para protestar que eu e acha que já é gente a mais. Não creio. Os lugares belos, desde que respeitados, devem conseguir acolher todos quantos queiram visitá-los.

Matei também as saudades de fazer fotografias, fiz dezenas e dezenas delas. Encantada, saciada.

Claro que agora estou pior. Dores, dores. Tolhida de todo. Já pus pomada, estou com um daqueles sacos de gel que se aquecem no microondas em volta do pescoço e vou ter que tomar outro comprimido. Estou a ver se não vou ao ibuprofeno, mas não sei se o paracetamol vai conseguir dar conta disto. Agora o que eu gostava de perceber é por que raio de carga de água é que fiquei neste estado. Caraças.

Fui ver a gaveta dos medicamentos e descobri um relaxante muscular, a caixa quase intacta. Não sei para que foi, não me lembro minimamente de o ter tomado. Terá sido o meu marido? O que vale é que está dentro do prazo de validade. Vai um destes. Se não me aliviar as dores, a seguir vai um paracetamol. Fico doida com estas gaitas, não tenho pachorra para estar incapacitada.

Mas, enfim, não quero parecer daquelas velhas que só sabem falar de doenças. Por isso, vou, antes, juntar mais uma das muitas fotografias e vou para a cama. O Ginjal e a fotografia são daquelas paixões antigas, eternas. Espero que a beleza deste lugar chegue até vós.

E vou para a cama que este domingo não posso preguiçar na cama, vou fazer um cozinhado demorado para o almoço, uma coisa que nunca fiz. Se ficar bom, depois conto.

Desejo-vos um feliz dia de domingo