Perto da hora de almoço já ouvi na TSF a notícia de destaque de que o material de protecção enviado pelo INEM para o terreno estava defeituoso. Meia hora depois, a repetição da notícia. A meio da tarde ainda a mesma notícia. Provavelmente foi massacre que durou todo o dia. No entanto, do INEM diziam que não tinham recebido nenhuma queixa. Quem se queixou ao Jornal de Notícias e, entretanto, falava à TSF era do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar. Dizia ele que não se tinha queixado porque o sistema para se queixar estava indisponível. Noutra frase já não era bem isso, já era que o computador das ambulâncias, através do qual apresentavam as queixas, se tinha avariado.
Perante isto, o jornalista não foi capaz de lhe perguntar porque é que em vez de se ir queixar para a Comunicação Social, não se queixou antes para o INEM. É que para se comunicar para os jornais também não teve o computador da ambulância. Além do mais, presumo que ele, sindicalista, teria acesso a outros computadores ou telefones que não os da ambulância.
Depois o jornalista também não foi capaz de perguntar se todas as máscaras enviadas pelo INEM estavam sem os elásticos ou se eram só algumas. E, se eram algumas, quantas. É que é bom perceber de que é que se está a falar. Se ao todo foram enviadas, por exemplo, mil máscaras e dez estavam defeituosas, então estaremos a falar de uma percentagem ínfima que não merecia um segundo de conversa.
Agora, no noticiário na televisão, de novo grande destaque para esta notícia. E a situação é a mesma. O INEM não recebeu nenhuma reclamação pelo que não sabe do que se trata e o sindicalista empola o que diz sem que concretize o que quer que seja.
E eu interrogo-me: não há jornalistas com cabeça? Perante a falta de objectividade de um cavalheiro que em vez de se queixar junto de quem pode resolver o assunto, resolve procurar palco, ou se obtém informação concreta ou não se dá a notícia. Para quê estas notícias?
Sem ter ficado minimamente esclarecida em relação que se passou, admito como provável que possa ter acontecido uma de várias situações:
1 - Efectivamente, algumas máscaras vieram com defeito. Nesse caso, há que devolver ao fornecedor e ou ele tem para fornecer em bom estado ou comprar-se-á a outro fornecedor. Nada que não aconteça quando se fazem encomendas de produtos em grandes quantidades e com urgência na entrega. É um problema que se resolve.
2 - As máscaras fornecidas são de outro modelo e as pessoas é que devem prender o 'elástico' à máscara e, portanto, não há problema nenhum.
Em qualquer dos casos, não se percebe a relevância da notícia sem que nada de concreto se saiba.
O que se percebe é que se está na presença de mau sindicalismo e de mau jornalismo.
O que se percebe é que se está na presença de mau sindicalismo e de mau jornalismo.
- Mau jornalismo porque se propala, como notícias, conversas que, não sendo objectivas, são mera maledicência e tentativa de lançar alarme.
- Mau sindicalismo porque, em vez de garantir que os problemas são resolvidos por quem os pode resolver eficazmente, se prefere a para a praça pública lançar a confusão.
Não quererão antes ir à procura de outro emprego?
4 comentários:
eu sou ouvinte da Antena 1.
Percebo (mas é como quem me arranca um dente) que os jornalistas das rádios privadas tenham que satisfazer as agendas dos "donos dist(s)o tudo".
Não se me faz luz que a rádio pública faça deste caso assunto para ouvir em todos os noticiários, repetidamente e, como diz, nunca dar a perceber por que raio é isto noticia para um dia inteiro!
A culpa não será certamente da "estagiária" que noticiou para a redação. Mas não haverá por lá um editor responsável ?
Olá Gata.
Eu, para a música, sempre a Antena 2 e, depois das 19, tenho andado rendida à 3, ou melhor, ao Alvim. Mas, para as notícias ainda não despeguei da TSF mas, francamente, acho que está na altura de me bandear para a 1 para ver como é.
É que, pensando bem, não se percebe é porque é que ainda vou ouvir aqueles alarmes da TSF, sempre a repetirem banalidades de meia em meia hora como se um cataclismo estivesse para acontecer.
E se a Antena 1 mimetizar a TSF viro-me para a RFM... (se é que a RFM tem noticiário...)
Dias felizes para si, Gata!
Olá Anónimo/a,
Pois, presumo que haja edição. Mas aquele estilo pegou-se a eles... Acho que precisam de formação, precisam de voltar a aprender a sobriedade, o saber dar a notícia num registo low profile. O que deve valorizar a notícia deve ser o seu conteúdo, não a forma sobressaltada como ela se anuncia. Digo eu...
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