No outro dia, aqui nesta vossa humilde chafarica, verifiquei um número anómalo de visitantes a reler um post já antigo. Fiquei muito admirada. Quando vi o título, percebi.
Éramos felizes e não o sabíamos...? Voltaremos a sê-lo e ainda não o sabemos...?
Muita gente foi aos motores de busca escrever "éramos felizes e não o sabíamos", expressão que, como sabem, foi usada pelo desbocado Marcelo a propósito dos 8 anos em que trabalhou com António Costa. (Anda a ver se se limpa... mas não se limpa porque não somos desmemoriados nem mentecaptos). Mas, então, os algoritmos mandaram essas pessoas aqui para o Um Jeito Manso.
Nesse post, escrito no fim de Março, eu questionava-me sobre o que estava para vir. A crise Covid era recente, ainda se sabia muito pouco, estávamos todos confinados. Por sorte, temos possibilidade de nos refugiarmos num dos lugares do mundo em que nos sentimos melhor. Estávamos, pois, no campo. Mas trabalhávamos desde manhã muito cedo até às tantas da noite, passávamos os dias inteiros ao telefone ou em frente ao computador e os problemas choviam-nos em cima, em catadupa. Mal tínhamos tempo para almoçar e via-me aflita para conseguir preparar as refeições.
Acresce que nessa altura a minha mãe ainda resistia e dispensar a fisioterapeuta que ia lá a casa e não queria correr o risco de melindrar a senhora que lá ia ajudar com o meu pai pelo que não lhe dizia para se descalçar ou para usar máscara. Achava que era tudo um bocado exagero ou que só acontecia aos outros. Isto enquanto eu acompanhava a aflição de um colega com o pai com uma dor nas costas, depois sem respirar e, por fim, em meia dúzia de dias, a morrer de covid. Contava à minha mãe e ela achava que eram pessoas sem cuidado. Tive que dizer que ia eu telefonar à fisioterapeuta e à outra senhora para ela se encher de coragem e passar a seguir as indicações da DGS.
Os noticiários abriam e fechavam com os números crescentes de casos e de mortes.
Por isso, naquele post eu relembrava os tempos tranquilos pré Covid e interrogava-me sobre o que estaria para vir.
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Entretanto, ontem, de novo, um número grande de visitantes a lerem um outro post antigo, este de 2019.
Com incansável inteligência e alguma ocasional petulância
E, também aqui, reli com prazer. Lembrava os tempos em que um grupo de directores, praticamente todos da mesma idade, todos muito irreverentes e bem dispostos, todos amigos uns dos outros, curtiam à grande. Curtíamos no sentido de nos divertirmos à séria. Também trabalhávamos (e, sempre tive essa ideia, trabalhávamos articuladamente e bem) mas era um prazer, uma alegria.
Ao escrever, relembrei alguns episódios que me fazem sempre sorrir. Ainda ontem o meu marido relembrou um episódio, dos mais picantes e salgados a que assisti, e assisti no meu gabinete (que era um ponto de encontro), que me faz rir à grande sempre que dele me lembro. Como o meu marido conhecia bem os dois envolvidos, na altura contei-lhe. E também achou o máximo. Passou para os nossos anais da truculência, da malícia, da malandrice. (Não faz parte do que contei no post referido).
Depois mudei para uma empresa em que eram todos muito betos, na realidade, supé-betos, daqueles que não se acham betos porque acham que os betos são uma classe inferior, nouveau riches, pois eles, pelo contrári,o são sobretudo old money. Mas que, na verdade, são betada da maior, até à medula. Tudo boa gente, educadíssimos, simpatiquíssimos... mas incapazes de uma brejeirice, de um palavrão. Senti-me desterrada. Era só trabalho, trabalho, trabalho... e, caraças, uma seca...
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Convido-vos, pois, a clicar nos links acima. Por vezes, sabe bem revisitar o passado.
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Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda-feira
Saúde. Esperança. Alegria
2 comentários:
É uma boa onda. Um Jeito Manso fez um blogue que dura há muito, só que não podemos saber até quando durará.
Já dura há 14 anos, imagine. Comecei só para experimentar, queria perceber se seria capaz de fazer um blog. E ainda não me cansei.
Mas a questão que levanta, o de saber até quando durará, é daquelas questões existenciais para as quais não há grande resposta. Dura enquanto durar, até que me canse, até que não tenha nada para dizer. E até pode durar para sempre. Não se diz que uma vez na internet, para sempre na internet...? Posso eu já por cá não andar e ainda o Um Jeito Manso por aí andar, a ser visitado... Nunca se sabe...
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